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SOBRE APEGO
Turma: abril/2019
SUELY APARECIDA DE SOUZA FERNANDES
Apego
A vivência de uma relação íntima, afetiva e contínua da mãe com o seu filho, na
qual ambos encontrem satisfação e prazer, é fundamental para a saúde mental do
bebê e da criança. É nesta relação complexa, rica e compensadora entre mãe e bebê
nos seus primeiros anos de vida, enriquecida de várias maneiras pelas relações com
pais e irmãos, que está à base do desenvolvimento saudável da personalidade da
criança (BOWLBY, 1995).
Estudos evidenciam a importância da interação mãe-bebê para o
desenvolvimento da linguagem, da inteligência, dos aspectos cognitivos e da
sociabilidade da criança, sendo relacionadas estas funções psicológicas com o tipo de
vínculo que se estabeleceu da mãe com o seu filho desde a gestação até a idade
escolar. Do mesmo modo que ocorrem implicações psicológicas e afetivas, o tipo de
interação mãe-bebê pode afetar os aspectos fisiológicos, relacionados com a
diminuição ou o aumento da taxa de crescimento do bebê.
A perspectiva evolucionista afirma que o apego permite ao cérebro imaturo da
criança utilizar as funções maduras dos pais para elaborar seus próprios processos
vitais, sendo assim, o apego aumenta, visivelmente, as chances de sobrevivência
desta criança. Através do mecanismo de apego a criança espelha-se nas respostas de
seus pais aos seus sinais, estas respostas parentais ampliam e reforçam os estados
emocionais positivos da criança e diminui os estados negativos, o que lhe
proporciona segurança. A repetição destas experiências faz com que as codifique na
memória procedural da criança como expectativas que ajudam a sentir-se segura
(KANDEL, 2003).
Isto corrobora com o que psicanalistas discorrem sobre o apego, estes
compreendem a importância da relação mãe-bebê como um dos fatores prioritários
para a explicação do tipo de desenvolvimento e problemáticas associadas às idades
mais avançadas. Por exemplo, de acordo com Bowlby (2002) o mecanismo de apego
é a vinculação existente entre a criança e sua mãe, este por sua vez, permite a criança
explorar o mundo em condições seguras. Da mesma forma, Spitz (1998) considera
que é a relação constituída entre mãe e filho que possibilita a mesma oferecer as
primeiras experiências do bebê.
[...] um bebê está muito longe de ser uma tabula rasa. Pelo contrário, não só ele
está equipado com um certo número de sistemas comportamentais prontos para
serem ativados como cada sistema já está predisposto a ser ativado por
estímulos que se enquadram em uma vasta gama, a ser finalizado por estímulos
que se incluem numa
outra e igualmente vasta gama, e a ser fortalecido ou enfraquecido por
estímulos de ainda outros tipos. Entre esses sistemas já existem alguns que
fornecem as bases para o desenvolvimento ulterior do comportamento de
apego. Tais são, por exemplo, os sistemas primitivos do choro, sucção,
agarramento e orientação do recém-nascido.
Mais do que isso, Bowlby aponta que este vínculo mãe-filho, denominado por
ele de apego, inicia-se já na vida intra-uterina e é uma adaptação fundamental da
espécie humana, sendo uma necessidade básica assim como a satisfação da fome ou
da sede. Ao nascer, este bebê irá manifestar o apego através de comportamentos
como os mencionados acima, de forma que a criança irá buscar uma proximidade
com a figura de apego.
Na concepção de Bowlby, a premissa de que as necessidades fisiológicas são
primárias e as relações de afeto secundárias não se adéquam aos fatos, ele
argumenta que se isto fosse verídico “[...] uma criança de um ano ou dois deveria
prontamente aceitar quem quer que a alimentasse e isso, claramente, não era o
caso”.
Este autor considera ainda que, “sem o mecanismo de apego, a criança se
distanciaria dos adultos ao explorar o mundo, e ficaria exposta a seus perigos. O
apego modula o impulso exploratório, que é seu complemento, permitindo que a
criança explore o mundo em condições seguras”
Estes argumentos propostos por Bowlby derivam da sua Teoria do Apego, que é
baseado na combinação da Psicanálise e da Teoria da Evolução, em que aponta o
vínculo como função adaptativa humana, isto é, trata o sistema de apego como
instintivo.
Por conseguinte, Bowlby acredita que “o instinto é não um determinante cego e
rígido do comportamento; manifesta-se em interação com condições ambientais
particulares e, nesse caso especialmente, em interação com outros seres humanos”.
Desta forma, as estimulações maternas e os comportamentos do bebê como chorar e
sorrir são demonstrações desta interação entre mãe e bebê que decorre do sistema
adaptativo e culminará na formação vincular entre este binômio.
Além disso, Bowlby descreve que “[...] mesmo que não sejam universais em aves
e mamíferos, vínculos fortes e persistentes entre indivíduos são a regra em numerosas
espécies”. Apesar de tipos de vínculos diferirem entre as espécies, comumente existe
entre os pais e sua prole, e entre adultos de sexos opostos. Este mesmo autor afirma
que “nos mamíferos, incluindo os primatas, o primeiro e mais persistente de todos os
vínculos é geralmente entre a mãe e seu filho pequeno, um vínculo que
freqüentemente persiste até a idade adulta. Assim sendo, Bowlby diz que diante dos
resultados de seus estudos, é possível considerar a existência dos vínculos afetivos
que são formados pelos seres humanos, como sendo intensos e duradouros, quando
comparados com outras espécies conforme explicitado acima.
É desse modo que “em torno do bebê que acaba de nascer tece-se, consciente
e inconscientemente, uma rede de expectativas e desejos: as marcas fundantes da
subjetividade dessa criança, sustentadas nesse vínculo inicial mãe-bebê”
Durante o primeiro ano de vida grande parte dos bebês estabelece um forte
vínculo com seus cuidadores, principalmente com a figura materna. É através da
vivência desta relação entre mãe-filho, sendo esta íntima, afetiva, contínua e
prazerosa para ambos que está a base para o desenvolvimento saudável da
personalidade da criança. Porém, podem ocorrer interferências no processo de
formação vincular entre mãe-filho, como no caso da volta ao trabalho, ida à escola,
etc., o que pode gerar sentimentos de medo e angústia para ambos, colocando em
risco o estabelecimento do vínculo deste binômio mãe-filho.
Esta pesquisa teve como objetivo analisar como as famílias criam seu filhos, a
importância que dão às necessidades deles. A importância do sono na família.
Dados de identificação:
Família 1 (F1)
Família 2 ( F2)
Família 3 (F3)
Família 4 (F4)
Família 5 (F5)
Família 6 (F6)
Família 7 (F7)
Família 8 (F 8)
Família 9 (F9)
Família 10(F10)
Tabela
F9 Com a mãe
F10 Com um parente ( avó, tia ou outro)
4 Como é o aleitamento? F1 Fórmula e aleitamento em livre demanda
F2 Aleitamento materno exclusivo em livre demanda
F3 Fórmula
F4 Fórmula
F5 Outro: Leite integral
F6 Fórmula
F7 Outro: Não há mais
F8 Outro: Leite integral A
F9 Aleitamento materno exclusivo em livre demanda
F10 Fórmula e aleitamento em horários regulares
5 Você é a favor da amamentação prolongada ( acima de 2 anos de F1 Sim e pratico
idade)?
F2 Não
F3 Não
F4 Sim, mas não pratico
F5 Sim, mas não pratico
F6 Sim, mas não pratico
F7 Sim
F8 Outro: Meu mamou até 2 anos
F9 Sim e pratico
F10 Sim, mas não pratico
6 Vocês tem momentos de contato pele a pele? Marque quantas F1 Tomamos banho juntos
Dormimos juntos
F2 Brincamos juntos, somente nós, sem objetos e
brinquedos
F3 Tomamos banho juntos
Brincamos juntos, somente nós, sem objetos e
brinquedos
Dormimos juntos
F7 Brincamos juntos, somente nós, sem objetos e
brinquedos
Dormimos juntos
F9 Utilizamos a amamentação como momento de
conexão
Dormimos juntos
8 Se sua criança dorme com você, o que influenciou essa escolha? Marque F1 É menos cansativo para mim/
quantas opções forem
A criança dorme melhor assim/
Considero importante para nosso vínculo/
Tenho medo de deixá-la dormir sozinha
F2 A criança dorme melhor assim
F3 É natural para mim
É menos cansativo para mim/
A criança precisa disso
A criança dorme melhor assim/
Tenho medo de deixá-la dormir sozinha
F4 Minha criança não dorme comigo
F5 É menos cansativo para mim
F6 É menos cansativo para mim
F7
É natural para mim
F8
Considero importante para nosso vínculo
Outro: Quando era bebezinho, era menos
cansativo, não precisava ir até o quarto só tirar o
peito para fora
É natural para mim
F9
Eu sempre dormi com meus pais
Considero importante para nosso vínculo
Tenho medo de deixá-la dormir sozinha
F10 Minha criança não dorme comigo
9 Se sua criança não dorme com você, explique o motivo da sua escolha F1
F2 Ela dorme quando acorda de madrugada
F3 Ela dorme comigo e somos felizes assim
F4 Manter o conforto e privacidade
F5
F6
F7 Tanto a criança como a mãe precisam de
descanso e assim poder curtir um ao outro
durante o dia. Mas o descanso também é
fundamental.
F8
F9
F10 Quis acostumar desde o nascimento no berço
para não haver mal costume na cama dos pais,
penso também na privacidade do casal.
F2
F3 Não, pois estamos felizes assim
F4 Minha criança não dorme comigo
F5 Sim, pois estou muito cansada e ninguém dorme
bem
F5 Apenas no comportamento
F6 Em ambos, comportamento e desenvolvimento
F7 Em ambos, comportamento e desenvolvimento
F8 Em ambos, comportamento e desenvolvimento
F9 Em ambos, comportamento e desenvolvimento
F10 Em ambos, comportamento e desenvolvimento
14 Como vocês encaram o choro da criança? F1 Acolhe e valida
F2 Acolhe e valida
F3 Acolhe e valida
F4 Acolhe e valida
F5 Repreende (diz para parar de chorar)
F6 Acolhe e valida
F7 Acolhe e valida
F8 Acolhe e valida
F9 Acolhe e valida
F10 Outro: Deixo chorar um pouco e depois atendo
F3 Motivador
F4 Não tenho ideia de como funcona uma consultoria
de sono
Integrativa do Sono Infantil, o que você esperaria? Marque Receber direcionamento para resolver os
problemas de sono da minha criança
Receber incentivo com as minhas próprias
decisões
18 Para você, o que é realmente Criação com Apego? F1 Ser firme e gentil ao mesmo tempo (Disciplina
Positiva)
Marque quantas respostas precisar Usar toque e contato afetivo
Alimentar com amor e respeito
Preparar para a gestação, nascimento e criação
dos filhos
Oferecer cuidados consistentes e amorosos
Garantir um sono seguro, físico e
emocionalmente
36-49 anos
F10 36-49 anos
Discussão dos Dados
Dr. Sears, por se dedicar a falar sobre o assunto e por basear sua prática nisso,
tornou-se o disseminador ocidental da ideia, não seu "criador".
As práticas envolvidas na criação com apego são encontradas em comunidades
antigas e tradicionais, e se baseiam no respeito, na empatia, na conexão e no afeto
como base para uma criação emocionalmente segura.
Muitos pais dão fórmulas para seus bebês, embora em sua maioria aprove o
aleitamento materno acima dos dois anos
A introdução da mamadeira ajuda para que outro possa ficar coma criança já
que a mãe precisa retornar ao trabalho.
Assim como a maioria das entrevistadas responderam:
Meu filho passa o dia com outras pessoas
Muitos pediatras atestam que seria importante a criança estar sob os cuidados
exclusivos de seus pais pelo menos até os 3 anos de idade. Principalmente da mãe.
É muito importante para o desenvolvimento de um vínculo forte, saudável e seguro
com os pais. E, o estabelecimento desse vínculo requer uma presença quase
constante destes na vida da criança. Sobretudo durante os primeiros dois anos de
vida, a criança está quase exclusivamente focada no seu relacionamento com os pais
e, principalmente, com a mãe.
Por vezes, questões profissionais, as mães são obrigadas a deixar seus filhos.
Uma triste realidade de nossa sociedade atual. Realidade essa que pode gerar
insegurança, ansiedade e gerar uma importante mudança na figura de apego dessa
criança. Às vezes fica mais apegada com a babá, com a tia, com a avó.
Mas é muito importante os pais compreenderem que mesmo após um dia de
ausência prolongada, é fundamental que essa relação seja reparada, através de muita
aproximação e conexão.
Apesar de na pesquisa a maioria das mães terem respondido que dormem com
seus filhos, normalmente as pessoas não costumam expor esse comportamento.
Porque sentem vergonha dessa situação. Como se fosse um problema dividir a cama
ou o quarto com eles.
Mas essas respostas ao mesmo tempo, gera um sentimento de alívio, porque
apesar dos olhares e comentários contrários, se a família está feliz, então ela fez a
escolha certa.
Apesar de a Sociedade Brasileira de Pediatria e outros profissionais se
posicionarem contra à cama compartilhada, e sabemos que isso influencia muitos
pais a desistirem, há também muitos benefícios: facilita a amamentação, maior
vigilância dos pais, reforça o vínculo com os pais, trás segurança emocional, melhora
o sono, etc
Sabemos que o bebê sabe dormir desde o ventre. O que acontece é que muitas
crianças precisam de seus pais para se sentir seguros. Principalmente no adormecer.
Seja no bercinho, seja na cama dos pais, é a criança que adormece. Ninguém faz o
outro dormir. O que fazemos é facilitar esse sono. E para a maioria das crianças, um
bom sono, depende da presença dos pais.
Mas, então surge a pergunta: Se sua criança dorme com você, você tem vontade
de mudar isso e por que? Marque quantas respostas necessitar
Desta forma, vê-se que as rotinas familiares que de alguma forma buscam
favorecer o vínculo entre os cuidadores e seus filhos, devem ser preservadas e, na
medida do possível, repensar e reorganizar os outros aspectos que estão de alguma
forma interferindo de forma negativa na promoção deste vínculo, já que este é de
fundamental importância para o desenvolvimento da saúde mental do bebê e da
criança.
Bibliografia