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Pesquisa e Ação V5 N3: Dezembro de 2019 ISSN 2447-0627

PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO PARA TRABALHOS EM ELETRICIDADE


Luiz Carlos Gomes1, Fabio Xavier de Melo2

RESUMO
A autorização é um processo administrativo através do qual a empresa declara formalmente sua anuência, autorizando cada
trabalhador individualmente a operar e/ou intervir em suas instalações elétricas, por escrito em papel timbrado da empresa com
identificação e assinatura do representante legal da empresa, ou por ele designado, especificando que os trabalhadores
capacitados, qualificados e os profissionais habilitados, que efetuaram mo mínimo os cursos de segurança em eletricidade
previstos na Norma Regulamentadora NR 10 (Segurança das instalações elétricas). Publicada no Diário Oficial da União em
08/12/2004, a NR 10 estabelece um maior controle das autorizações, e de sua abrangência, aos trabalhadores das empresas no
processo de intervenção junto a instalações elétricas e equipamentos, obrigando as empresas a desenvolverem critérios claros
referentes à diferenciação dos profissionais que serão autorizados a intervir em instalações elétricas de cada empresa e as
competências dos profissionais. Os treinamentos obrigatórios e adicionais, o atestado de saúde ocupacional, assim como o
processo de autorização e seus critérios são fatores críticos de sucesso para a efetividade dos controles e uma referência para o
enquadramento. A análise de qualificações, pelo profissional responsável pela autorização, é muito importante, pois existem
diferenças entre as formações, capacitações e abrangências de atuações dos profissionais, por isso, as empresas devem manter
um sistema de autorização bem claro para os trabalhadores. Este artigo apresenta as principais diretrizes que devem ser seguidas
para elaboração de um sistema adequado de autorizações para trabalhos de intervenção em equipamentos e instalações elétricas,
tendo como principal referência a Norma Regulamentadora NR 10.
Palavras-chave: Treinamento, qualificação, autorização, sistemas elétricos, NR 10.

ABSTRACT
The regulatory standard NR 10, Safety of electrical installations, published in the by Diário oficial da União on 08/12/2004,
established more control of the authorizations and its comprehensiveness to the workers of companies specialized in process for
intervention on electrical installations. Therefore it is necessary to establish clear criteria to classify professionals who will be
licensed to perform in industrial electrical installations and the necessary professional competences. The mandatory training and
the additional, the occupational health certificate, as well as the license process and its criteria are critical success factors to the
effectiveness of the controls and a referential to the framework. he analysis of qualifications by the professional responsible for
the authorization is very important because there are differences between the training, qualifications and scope of professional
activities, therefore, companies must maintain a clear authorization system for workers. This article presents the main guidelines
that must be followed to elaborate an adequate system of authorizations for intervention works in electrical equipment and
installations, having as main reference the NR 10.
Keywords: Training, qualification, licensing, electrical systems, NR 10.

INTRODUÇÃO
O texto de atualização da Norma Regulamentadora NR-10 (1) – Segurança em Instalações e Serviços
em Eletricidade, estabelecido pela Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n° 598 de 07/12/2004 foi
publicado no Diário Oficial da União em 08/12/2004.
(1)
A Norma Regulamentadora NR 10 (item 10.1.1) estabelece os requisitos e condições mínimas
objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a

1 Engenheiro de Segurança do Trabalho pela Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU (2019), MBA em Gerenciamento de
Projetos para Engenheiros UNIP (2019) e Pós-Graduação em Especialização em Instalações Elétricas pela Faculdade de
Engenharia de Sorocaba – FACENS (2017). Engenheiro Eletricista pela Engenharia elétrica pela Faculdade de Engenharia
Industrial - FEI  (1987). E-mail: luiz.gomes@am.umicore.com
2 Doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo, Brasil(2017). Professor de pós-graduação em Engenharia
do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, Centro Universitário Brazcubas. E-mail:
fabio.melo@brazcubas.br
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segurança e saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente interajam em


instalações elétricas e serviços com eletricidade.
A norma Regulamentadora NR 10 (1) (item 10.1.2) se aplica às fases de geração,
transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, incluindo as etapas de projeto,
construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer
trabalhos realizados nas suas proximidades.
Muitas empresas mantêm trabalhadores envolvidos com eletricidade que
desconhecem ou subestimam o risco inerente à eletricidade por não possuir qualificação
e capacitação formal, em cursos regulares, conhecimento de segurança, não respeitarem
suas limitações de capacidade, os limites de aproximação conforme níveis de tensão
existentes, seus limites de atuação ou a abrangência de sua autorização.
Para o trabalhador ser autorizado a intervir nas instalações elétricas de uma
empresa é necessária uma análise das suas habilidades e aptidões, da formação ou da
sua capacitação para definição em quais áreas e instalações elétricas poderá atuar e o
enquadramento de suas atribuições e atividades no sistema elétrico de uma empresa.
Este artigo se propõe orientar como efetuar uma avaliação da documentação
comprobatória da profissão ou ocupação, qualificação, habilitação, capacitação,
treinamentos realizados, dentre outros, para emitir uma correta autorização formal,
(1)
conforme NR 10 , liberando o trabalhador para serviços de instalações elétricas na
empresa, informando sua abrangência e identificando os trabalhadores autorizados.

CONCEITOS DE FORMAÇÃO

As iniciativas para a criação de um sistema nacional de certificação profissional


baseada em competências estão a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego, do
Ministério da Educação e Cultura (MEC), da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) e de vários organismos nacionais de formação profissional (Serviço nacional de
aprendizado industrial - SENAI, entre outros).
Os profissionais que atuam na área de eletricidade deverão possuir qualificação,
habilitação, capacitação e autorização para atuar em eletricidade Qualificação, segundo
(1)
o item 10.8.1 da NR-10 , é comprovação de conclusão de curso específico na área
elétrica reconhecido pelo sistema oficial de ensino.
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Tipos de Curso
Cursos específicos de qualificação ou habilitação, na área elétrica, em instituição
reconhecida e autorizada pelo Sistema Oficial de Ensino (Ministério da Educação e
Cultura - MEC).
Nesta categoria se encaixam, além dos profissionais de nível superior e nível
médio, com Profissões regulamentadas, as pessoas que adquiriram conhecimento que
lhes permitiu ter uma ocupação profissional, os eletricistas montadores, eletricistas de
manutenção, e outros.

Sistema Oficial de Ensino


O Sistema Oficial de Ensino classifica os cursos em educação de nível técnico,
tecnologia e superior. Esses cursos são fiscalizados pelo MEC e somente podem ser
oferecidos por instituições credenciadas.
O MEC, Ministério da Educação e Cultura, reconhece (impõe normas de
funcionamento) apenas os cursos de nível fundamental, médio, técnico, tecnológico e
superior (cursos de Graduação.
O MEC prevê a legalidade dos cursos livres e profissionalizantes, porém não
impõe regras para seu funcionamento, portanto o MEC regulamenta os Cursos Livres e
Profissionalizantes

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) (3)


Guia de identificação das ocupações existentes no mercado de trabalho
brasileiro, realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e que reconhece, nomeia e
codifica os títulos e descreve as características das ocupações, para fins classificatórios
junto aos registros administrativos e domiciliares, e onde consta todas as profissões e
ocupações que o Ministério do Trabalho e Emprego reconhece.
A padronização na descrição da ocupação dos profissionais é importante. Esta
ferramenta pode ser consultada através do site do MTE – Ministério do Trabalho e
Emprego.
Os títulos e códigos devem constar na Carteira de Trabalho e Previdência Social
– CTPS, no campo relativo ao contrato de trabalho, dentre outros.
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Formação Inicial e Continuada ou Qualificação Profissional


(4)
As Leis de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação 9.394/1996 e 11.741/2008
regulamenta o ensino profissionalizante no Brasil e mostra que os Cursos Livres e
Profissionalizantes, voltado para estudantes com intenção de ampliar sua qualificação,
passaram a integrar a Educação Profissional.
Os cursos de aprendizagem industrial de nível básico estão vinculados a uma
legislação, destacando a Lei 10.097, de dezembro/2000, e o Decreto 5.598, de
dezembro/2005.
(4)
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação , os cursos
profissionalizantes enquadram-se na categoria “formação inicial e continuada
ou qualificação profissional”, para a qual o aluno não precisa ter concluído o Ensino
Fundamental, Médio ou Superior para fazer um curso livre, visto que o único propósito
do treinamento profissional é o de proporcionar ao aluno conhecimentos que lhe
permitam inserir-se ou se reinserir no mercado de trabalho, ou ainda aperfeiçoar seus
conhecimentos em determinada área.
Esses cursos devem possuir registro no sistema oficial de ensino, porém não são
fiscalizados pelo MEC, portanto não são de nível técnico, tecnólogo ou superior, sendo
de capacitação rápida.
Os Cursos de educação profissional e tecnológico específico em sistema oficial
de ensino podem, segundo a LDB (Lei das Diretrizes Básicas, Capítulo III, art. 39, § 2º)
(4)
, ser divididos em 3 categorias, conforme abaixo:

I. Cursos livres e profissionalizantes

Formação inicial e continuada ou qualificação profissional


Nível Básico voltado para estudantes e pessoas de qualquer nível de instrução,
que buscam uma qualificação mínima aos profissionais de nível básico.
Formação profissional técnica capacitado em escola técnica (Capacitação
Profissional).
Devem possuir registro no sistema oficial de ensino para habilitarem o
profissional como qualificado.
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Não são fiscalizados pelo MEC, portanto não são de nível técnico, tecnólogo ou
superior, sendo de capacitação rápida (pode ser desenvolvido por instituições de ensino
sem autorização prévia das secretarias estaduais de educação). Ex.: SENAI, etc.
São cursos de qualificação de curta duração (cerca de 3 meses, mínima de 160 e
média de 200 horas).
Conferem Certificados de conclusão e de Qualificação Profissional com o nome
do curso ministrado.
Ex.: Eletricista instalador industrial, Eletricista Industrial, Eletricista de
Manutenção, Eletricista de manutenção eletroeletrônica, entre outros.

II. Curso profissional de Graduação Técnica

Educação profissional técnica de nível médio


Nível técnico voltado para estudantes de ensino médio ou pessoas que já
possuam este nível de instrução, visando à formação, habilitação e certificação de
técnicos.
Cursos de nível médio (Graduação Técnica, Graduação Superior).
São fiscalizados pelo MEC e somente podem ser oferecidos por instituições
credenciadas (realizado apenas por instituições de ensino médio, com autorização prévia
das secretarias estaduais de educação). Inclui redes federal, estadual, municipal e
privada. Universidades públicas e privadas.
Cursos com duração média de 18 meses a 2 anos (carga horária entre 800h e
1.200h).
Conferem Diplomas de Técnico de Nível Médio com o nome do curso
ministrado, apenas a quem concluiu o Ensino Médio.
São reconhecidos pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)
Ex.: Técnicos, Tecnólogos, Engenharia, Tecnólogo em Eletrotécnica, Tecnologia em
Instalações Elétricas, Engenharia elétrica, Engenharia eletrônica, Engenharia em
energia, etc.

III. Curso profissional de Graduação Superior e Pós-Graduação


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Educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação de nível


superior.
Nível tecnológico voltado para pessoas que queiram cursar um ensino superior
tecnológico, conferindo ao aluno (a) o diploma tecnológico.
Cursos de nível superior (Graduação Superior).
São fiscalizados pelo MEC e somente podem ser oferecidos por instituições
credenciadas (realizado apenas por instituições de ensino superior, com autorização
prévia das secretarias estaduais da educação).
Conferem Diplomas de Graduação.
Cursos com longa duração que podem ser subdivididos em dois níveis:
Tecnólogo: Média de 30 meses (5 semestres) que conferem um grau superior em
tecnologia também reconhecido pelo CREA.
Ex.: Tecnólogo em Eletrotécnica, Tecnologia em Instalações Elétricas, etc.
Engenharia: Curso com duração de 60 meses (10 semestres) confere o grau
superior em engenharia também reconhecido pelo CREA.
Ex.: Engenharia elétrica, Engenharia eletrônica, Engenharia em energia, etc.

CONCEITOS SOBRE QUALIFICAÇÃO, HABILITAÇÃO, CAPACITAÇÃO E


AUTORIZAÇÃO
(1)
O processo de qualificação, conforme o item 10.8.1 da NR-10 , se resume
comprovar conclusão de curso especifica na área elétrica reconhecida pelo sistema
oficial de ensino.
Os critérios de profissional “qualificado” e “habilitado” estão bem claros nos
(1)
itens 10.8.1 e 10.8.2 da NR 10 respectivamente, porem a diversidade de cursos na
área de elétrica e das diferenças entre as instalações elétricas sempre causam
dificuldades na elaboração do documento de autorização.
(1)
O processo de “capacitação”, conforme o item 10.8.3 a e b da NR-10 ,
condiciona o trabalhador a receber capacitação sob a responsabilidade de profissional
habilitado e autorizado, e trabalhar sob responsabilidade de profissional habilitado e
autorizado, não sendo necessário que este profissional seja o mesmo que o capacitou.
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ANÁLISE DAS DOCUMENTAÇÕES COMPROBATÓRIAS DA FORMAÇÃO


OU CAPACITAÇÃO PARA O PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO

Comprovação da Qualificação
A comprovação da qualificação se dará através da apresentação de cópia do
diploma ou certificado de qualificação profissional dos cursos ministrados com o nome
da instituição do sistema oficial de ensino ou de cursos livres e profissionalizantes.
No certificado ou diploma deverá constar que o curso ministrado é de
qualificação profissional, conferindo grau de qualificação, e a emenda/portaria que
confirma essa qualificação.
Certificado de conclusão e de qualificação profissional de curso específico na
área elétrica, com o nome do curso ministrado/ da ocupação CBO / MTE, e o nome da
instituição.
Diploma de Técnico de Nível Médio ou Certificado de qualificação profissional
técnica na área elétrica com o nome do curso ministrado / da profissão regulamentada,
carimbo ou selo do MEC, com o nome da instituição.
Diploma de Graduação Tecnológica de graduação na área elétrica com o nome
do curso ministrado / da profissão regulamentada, carimbo ou selo do MEC, com o
nome da instituição.
Caso no certificado ou diploma ministrado não conste que o curso é de
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL o trabalhador será considerado CAPACITADO e
deverá ser entregue a documentação comprobatória de trabalhador capacitado.
Não serão validos os cursos de aperfeiçoamento profissional (de ampliação,
extensão, complementação, atualização ou aprofundamento de competências) por não
serem de qualificação. As instituições conferem somente Certificados de conclusão,
participação ou aperfeiçoamento com o nome do curso/programa.
Ex.: Comandos elétricos (desenvolvimento de competência, Segurança em
instalações em eletricidade NR 10 (aperfeiçoamento profissional, etc.).

Comprovação da Habilitação
(1) (2)
Conforme item 10.8.2 da NR 10 para que as pessoas qualificadas sejam
consideradas profissionais habilitados devem preencher as formalidades de registro nos
respectivos conselhos regionais de fiscalização do exercício profissional. É o conselho
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profissional quem estabelece as atribuições e responsabilidades de cada qualificação em


função dos cursos, cargas horárias e matérias ministradas.
São os conselhos profissionais que habilitam os profissionais com nível médio e
superior (técnicos, tecnólogos e engenheiros).
A regularidade do registro junto ao conselho competente é que resulta na
habilitação.

Comprovação da Capacitação
A comprovação da capacitação se dará através da apresentação de cópia do
documento comprovando o treinamento de capacitação formal da empresa onde
trabalham, realizada por profissional habilitado e autorizado pela empresa.
Documento de comprovação da capacitação e declaração ou termo de
capacitação, para trabalhadores não qualificados, descrevendo e comprovando que o
capacitado foi instruído formalmente das atividades a serem exercidas, técnicas a serem
aplicadas de trabalho, segurança do trabalho proposto, os limites e abrangência
estabelecidos no processo de capacitação, assinado por profissional legalmente
habilitado da Área Elétrica Autorizado pela prestadora, autorizando o funcionário
capacitado e se responsabilizando pelo mesmo, conforme item 10.8.3 da NR 10 (1) .
Constar os dados do capacitado (Nome, matricula, cargo, etc.) e do profissional
legalmente habilitado (Nome, Formação, Nº do CREA, etc.) que o capacitou.
Documento que comprova quem é o responsável pelos trabalhos do capacitado,
que não necessariamente seja o mesmo que o capacitou.
Constar os dados do capacitado (Nome, matricula, cargo, etc.) e do profissional
legalmente habilitado (Nome, Formação, Nº do CREA, etc.) que o capacitou.
Apresentação da anuência formal autorizando tanto o capacitado e o profissional
Legalmente Habilitado que está capacitando, bem como do responsável pelo capacitado,
que pode ser o mesmo que o capacitou.
Conforme a NBR 14039-2005 (5) item “8.1.6, é vedada ao profissional capacitado
a entrada em salas elétricas sem o acompanhamento de profissional qualificado”. Esta
condição deve estar consignada na autorização. Cabe salientar que o Art. 180 da CLT –
Consolidação das Leis do Trabalho – prega que “Somente profissional qualificado
poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas”.
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Comprovação dos cursos ou treinamento obrigatórios conforme NR 10


O curso básico de segurança em instalações e serviços com eletricidade de 40
horas e reciclagem bianual é obrigatório para todos os trabalhadores que irão intervir
nas instalações elétricas. A validade da autorização de trabalho com eletricidade está
vinculada a validade deste treinamento básico.
O curso complementar de segurança no sistema elétrico de potência (SEP) e em
suas proximidades de 40 horas e reciclagem bianual para os trabalhadores que irão
intervir no sistema elétrico de potência sendo a cabine de medição um exemplo. A
validade da autorização para trabalho com eletricidade está vinculada a validade deste
treinamento para os trabalhadores que intervém no SEP.
(1)
Os cursos, previstos na NR 10 , podem ser ministrados por instituição,
organização ou a própria empresa mediante o concurso de profissionais com curso
específico nas áreas de saber envolvidas nos treinamentos.
É atribuição dos conselhos de classe definir os profissionais "habilitados" a
ensinar nas áreas de saber necessárias aos treinamentos, ou seja, elétrica, segurança no
trabalho e de medicina.
Os certificados dos cursos previstos pela NR 10 devem ser assinados por
profissionais com atribuição e competência de técnico eletrotécnico ou engenheiro
eletricista, eletrónico, do técnico ou engenheiro de segurança, do enfermeiro ou médico,
e de outros profissionais (p. ex. ocupação profissional de bombeiro, para ministrar
combate a incêndio) e de acordo com as suas atribuições profissionais regulados por seu
conselho de classe, que deve constar no certificado.
Nos certificados dos cursos previstos pela NR 10 devem constar o nome da
Empresa Atendida, para se constatar se o profissional, ao mudar de empresa, efetuou a
reciclagem pela nova empresa.

Outras comprovações necessárias (CTPS, ASO, etc.)


Cópia da CTPS ou do contrato de trabalho para comprovação da data de
admissão, do registro da função, profissão ou ocupação e da experiência do empregado.
Currículo profissional, quando aplicável;
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Certificados de outros cursos na área elétrica, eletrotécnica, eletrônica ou de


instrumentação, se solicitado.
Quanto ao atestado de saúde ocupacional (ASO), deve ser realizado pelo médico
do trabalho baseado no programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO –
NR 17), os riscos ocupacionais do trabalhador que deve constar no programa de
prevenção contra riscos ambientais (PPRA – NR 9), no atestado de saúde ocupacional
(ASO) do trabalhador deve constar apto para trabalhos com eletricidade.

PROCESSO PARA AUTORIZAÇÃO E A IDENTIFICAÇÃO


Efetuado após análise das documentações comprobatórias de formação ou
capacitação
Todos os profissionais devem passar por este processo de autorização,
independente de executantes diretos de serviços em eletricidade ou de serviços não
elétricos em proximidade.
Obs.: O Profissional legalmente Habilitado e Autorizado NR 10 (1) pode, se
desejar, efetuar uma entrevista com o profissional candidato a Autorizado, junto com
seu Gestor, para verificação de conhecimento, habilidades e experiência para melhor
definição da abrangência (limites de tensão, intervenção, etc.).
Fica proibido o acesso e a operação / execução de trabalhos / intervenções em
instalações elétricas a qualquer funcionário ou prestador de serviço, independente do
grau hierárquico ou função, que não for capacitado, qualificado, profissional habilitado
e estiver autorizado para tal atividade, através de anuência formal da empresa e Termo
de Capacitação (Anexo V) conforme estabelece a NR-10(1) (2)
, e que não tiver esta
condição anotada em seu registro de trabalho.

Autorização de funcionários
(1)
De acordo com o item 10.8.4 da NR 10 , “são considerados AUTORIZADOS
os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com
anuência formal da empresa”.
Essa autorização deve ser compatível com a descrição do cargo do funcionário
(1)
para evitar desvio de função, atendendo o item 10.8.6 da NR 10 , “os trabalhadores
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autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no


sistema de registro de empregado da empresa”, ou seja, no livro ou fichas de registro
dos empregados.
A autorização é um processo administrativo através do qual a empresa declara
formalmente sua anuência, autorizando cada trabalhador individualmente a operar e/ou
intervir em suas instalações elétricas, por escrito em papel timbrado da empresa com
identificação e assinatura do representante legal da empresa, ou por ele designado,
especificando que os trabalhadores capacitados, qualificados e os profissionais
habilitados, que efetuaram mo mínimo os cursos de segurança em eletricidade previstos
na NR 10(1), está autorizado a realizar atividades de intervenções elétricas e serviços
com eletricidade dentro das dependências da empresa, contendo no mínimo a
identificação do profissional, função, abrangência e a declaração ou carta da
autorização.
Durante o processo de autorização podemos restringir a atuação dos
profissionais não somente pela qualificação, mas também pelo cargo que o profissional
irá desempenhar. Por exemplo, um engenheiro eletricista que irá atuar somente em
projetos de baixa tensão não precisa ser autorizado para instalações de alta tensão.

Autorização de trabalhadores de empresas contratadas


O item 10.13.1 da NR-10 (1), fica explica que a responsabilidade ao cumprimento
da NR-10 (1) “é solidária de ambas as empresas, contratantes e contratados”.
No processo de contratação ou liberação para execução de serviços em sistemas
ou instalações elétricas, o responsável pelo serviço deve informar ao contratado sobre os
riscos a que estão expostos nas instalações elétricas, instruindo a empresa contratada
quanto aos procedimentos, conforme item 10.13.2 da NR-10 (1) Para atendimento
adequado a esta regulamentação, deve descrever os cenários que o contratado vai
intervir, faixa de tensão existente no local, métodos de trabalho, riscos, medidas de
controle e condições impeditivas.

Abrangência da Autorização
A autorização de cada trabalhador capacitado, qualificado e habilitado deve ter
uma abrangência segundo seu conhecimento, treinamento e competência, que consiste
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em informar os serviços (em instalação elétrica, em áreas classificadas, etc.) que o


profissional pode executar, as formas de trabalho como energizado e desenergizado, os
níveis de tensão (Extra Baixa - EBT, Baixa Tensão - BT, Alta Tensão – AT/SEC,
AT/SEP), limitação no valor de tensão de trabalho ao qual o trabalhador é autorizado a
intervir (1kVca, 15 KVca, p. ex.), limites de intervenção ou zonas / distâncias de
segurança interagem (Zona Livre - ZL, Zona Controlada - ZC ou Zona de Risco – ZR,
em proximidade, etc.), na Alta Tensão, no SEP, Área Classificada (EX), etc. Conforme
apresentado na Figura 2.

Sistema de Identificação dos Profissionais Autorizados


Conforme item 10.8.5.da NR 10(1) “a empresa deve estabelecer sistema de
identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de
cada trabalhador, conforme o item 10.8.4.”
Sistema de identificação permitindo a qualquer tempo conhecer a formação do
profissional, a Zona de aproximação ou de atuação (distância de segurança) e a
abrangência da autorização do profissional, tais como limites de intervenção (extra
baixa, baixa e alta tensão), trabalhos em Áreas Classificadas, no SEP.
O restante como as formas de trabalho (energizado ou desenergizado), limites de
tensão de trabalho (1kV, 15 kV, 34,5 kV, etc.), devem ser verificados no Anexo III.

A figura 1 demonstra um sistema de identificação e abrangência de autorização


da NR 10, e outras habilitações, através de crachá e cores, onde será preenchido os
campos de sua formação e abrangência.
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Figura 1 – Sistema de Identificação e abrangência de autorização, através de crachá e de cores

Fonte: Idealizado pelo autor

Atuação no sistema elétrico


Somente após o aceite da documentação é que os profissionais capacitados e
autorizados, com anuência formal da empresa que o capacitou, sob responsabilidade e
nas condições/limites estabelecidas de um profissional, da mesma empresa, legalmente
habilitado e autorizado pela capacitação, poderão operar / interagir em nossas
instalações elétricas.
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A figura 2 demonstra o processo para o profissional receber a autorização para


operar / interagir nas instalações elétricas da empresa.

Figura 2 – Diagrama da estrutura para autorização

Fonte: Idealizado pelo autor

CONTROLES DOS TRABALHADORES AUTORIZADOS


Os controles dos trabalhadores autorizados, documento de autorização e outras
documentações comprobatórias devem estar disponíveis no prontuário das instalações
elétricas e sob a responsabilidade da empresa ou por profissional por ela designada
conforme item 12.2.4.d (1).
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A Figura 3 demonstra uma planilha de controle da relação dos profissionais


autorizados armazenada no prontuário.

Figura 3 – Planilha de controle dos profissionais autorizados

Fonte: Idealizado pelo autor

CONCLUSÃO
A análise de qualificações, pelo profissional responsável pela autorização, é
muito importante, pois existem diferenças entre as formações, capacitações e
abrangências de atuações dos profissionais.
As empresas devem manter um sistema de autorização bem claro para os
trabalhadores. A emissão de autorizações para trabalhos com eletricidade deve ser um
processo que possa ser auditado.
Este processo deve passar pelo responsável técnico habilitado das instalações
elétricas, possuir um sistema que permita a identificação dos trabalhadores autorizados e
realizar as atividades (com auxílio do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT) e finalmente manter o processo
descrito e atualizado no prontuário das instalações elétricas.
A empresa que aplicar e possuir meios de controle para o processo de
autorização a trabalhos em eletricidade tem a oportunidade de garantir que somente
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trabalhadores autorizados estarão atuando em suas instalações elétrica e prevenindo


acidentes com eletricidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1)
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, NR 10: Segurança em instalações e
serviços em eletricidade. Acessado em: 11/06/19.
http://www.mtps.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf
(2)
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Manual de auxílio na interpretação e
Aplicação da NR 10 - NR 10 Comentada. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/seg_sau/pubrlicacoes.htm. Acessado em 11/06/19.
(3)
MINISTÉRIO DO TRABALHO - CBO – Classificação Brasileira de Ocupações –
Acessado em 11/05/19: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/informacoesGerais.jsf.
Acessado em 04/05/19.
(4)
LDB – Lei de diretrizes e bases da educação nacional, Brasília. Acessado em:
19/04/19.
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/544283/
lei_de_diretrizes_e_bases_2ed.pdf
(5)
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR 14039 –
Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV – Acessado
https://www.abntcolecao.com.br/normavw.aspx?ID=61391
(6)
JUNIOR, J. R.S. NR-10 Segurança em eletricidade, 1ª Ed – São Paulo: Erica, 2013
(7)
BARROS, B.F. NR-10 Norma regulamentadora de segurança em instalações e
serviços em eletricidade, 3ª Ed – São Paulo: Erica, 2015.

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