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ARTIGO ORIGINAL

Cirurgias e intervenções físicas no tratamento


da espasticidade na paralisia cerebral
Surgeries and physical interventions in the treatment of cerebral palsy spasticity

Maria Matilde de Mello Sposito1

RESUMO
"QFTBSEFPUSBUBNFOUPEBFTQBTUJDJEBEFFNQBDJFOUFTDPNQBSBMJTJB FNBJPSFöDJÐODJBEBNPWJNFOUBÎÍPFNHFSBM&TUFBSUJHPEFSFWJTÍP
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ABSTRACT
Although the espasticidade treatment in patients with cerebral palsy is of positioning biomechanics, adequacy and efficiency of movement in
based essentially on cinesioterapia and drugs administrated as chemical general. This review article has the aim to provide alternative forms of
blockades infiltration or orally, there are situations where such aid does drug administration for the control of espasticidade, as baclofen bump
not have the desired effect, either because of the seriousness of the that requires a chirurgical procedure and others indications and surgeries
espasticidade or contra-indications and adverse effects of the botulinum for the control of espasticidade and its consequences as deformities.
toxin. We can also see human musculoskeletal apparatus deformities We will discuss also the indications for physiotherapy procedures and
resulting from constant deforming stimulus of espasticidade and ortheses indications with the indication to reduce spasticity.
amendment biomechanics that it imposes on the member positioning
during the gait, ortostatismo or other rest positions. In this situation,
are indicated surgical procedures which aim at improving the condition Keywords: Muscle Spasticity, Cerebral Palsy, Botulinum Toxin Type A

1 .ÏEJDB'JTJBUSB *OTUJUVUPEF.FEJDJOB'ÓTJDBF3FBCJMJUBÎÍP EP)PTQJUBMEBT$MÓOJDBTEB6OJWFSTJEBEFEF4ÍP1BVMP

DOI: 10.11606/issn.2317-0190.v17i2p84-91

Declaração de Conflito de Interesses


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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA


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Sposito MMM.
ACTA FISIATR. 2010; 17(2): 84 – 91 $JSVSHJBTFJOUFSWFOÎÜFTGÓTJDBTOPUSBUBNFOUPEBFTQBTUJDJEBEFOBQBSBMJTJBDFSFCSBM

Bomba de Baclofeno Intratecal peratividade muscular significativa. O decrés- medicamentosas em 26% em uma série de 77
A Bomba de Baclofeno Intratecal foi descrita por cimo no grau da escala de Ashworth, a partir crianças tratadas com bomba de baclofeno.14
FENN e associados em 1994 e aprovada pelo da instituição do tratamento com bomba, de- Os problemas relacionados com a bomba
FDA para o tratamento da espasticidade em terminará a evolução terapêutica relacionada incluem: necessidade de cirurgia para a im-
1996.1,2 O baclofeno é um agonista do GABA à infusão do “bolus” da medicação. A bomba plantação, alto custo, risco de infecção, risco de
(acido gama aminobutírico) que minimiza os ainda permite a titulação da dose durante o overdose, disfunção da bomba, obstrução ou
efeitos do neurônio motor superior lesado, de- dia, ou seja, horários de maior sintomatologia deslocamento do cateter. Outras complicações
primindo a transmissão dos reflexos monos- ou de maior atividade. incluem: infecção do cateter, perda de líquido
sinápticos e polissinápticos na medula espinal A dose de medicamento a ser administrada cefalorraquidiano, meningite e do risco de le-
mediante a estimulação dos receptores GABAb, dependerá dos efeitos e das reações adversas.8 são da pele no local do implante.2,8,15
sem afetar a transmissão neuromuscular.3,4 A dose típica é de 50 microgramas administra- Além disto, podemos enfrentar dois ti-
A administração de baclofeno intratecal dos em regime de monitoramento, podendo pos de situações: abstinência e overdose de
reduz substancialmente a quantidade de me- variar de 25-100 microgramas/kg/dia em re- medicamento. Sintomas relacionados com a
dicamento quando comparada com as doses gime de infusão contínua, e a dose total diária abstinência incluem: prurido, disforia, irritabi-
orais habituais, aproximadamente 1% destas, pode chegar a 400-600 microgramas.10 A dose lidade, aumento da espasticidade, taquicardia,
sem efeitos colaterais, especialmente letargia.5-7 é ajustada no primeiro ano9 de uso e normal- febre e mudanças na pressão sanguínea.2
Esta diminuição é possível porque a droga é co- mente sofre varação para mais neste período.2 A falta de tratamento destes sintomas pode
locada diretamente junto às conexões sinápticas A vida média do medicamento infundido no evoluir para: severa hipertermia, convulsões,
medulares hiperativas e com isto também se re- líquido cérebro-espinal é de 5 horas.2 rabdomiólise, coagulação intravascular disse-
duzem os efeitos adversos cognitivos, que limi- A utilização da bomba de baclofeno pode minada, alteração do estado mental, agitação
tam a utilização do medicamento,8 tornando o ser associada a outros tipos de tratamento como psicomotora seguida por falência de múltiplos
medicamento proporcionalmente mais potente bloqueios químicos ou cirurgias.13 Normalmen- órgãos e morte.2 O tratamento desta condição
em relação à administração oral e com uma vida te pacientes com espasticidade de membros in- inclui altas doses de baclofeno oral ou infusão
média no líquido cerebroespinal de 5 horas.2 feriores são candidatos a este tratamento, porém por punção lombar e diazepan endovenoso.
Este tipo de administração é realizado por ela tem se mostrado útil também para a espasti- Sintomas relacionados com a overdose in-
meio de uma bomba eletrônica, ligada a um cidade dos membros superiores.6,7 cluem: sedação, náusea, hipotensão, retenção
reservatório subcutâneo, onde o medicamento Para o sucesso do implante é necessário um urinária e fecal, convulsões, depressão respira-
é armazenado, e a um cateter que é colocado estudo prévio da resposta do paciente em po- tória e coma.2 O risco de vida por escape da dro-
no espaço sub-aracnóide em nível medular tencial. Infusão de um “bolus” de medicamento ga (overdose) é uma possibilidade e as famílias
apropriado,7normalmente na altura de T11- através de uma punção lombar serve de teste te- devem ser instruídas a reconhecerem os sinto-
T12. A bomba é remotamente programável rapêutico,6 apesar deste não ser preditivo. mas, que incluem: fraqueza, fadiga, confusão,
para liberar o medicamento e o reservatório A bomba de baclofeno está contra-indi- hipotonia e letargia. Uma overdose de baclofe-
contém um indicador do nível da droga. Um cada quando temos infecção próxima ao local no devido a um erro de programação da bomba
refil percutâneo normalmente é administrado do implante, alterações mentais, complicações também é uma possibilidade, podendo levar a
a cada 9-12 semanas podendo chegar a 24 se- respiratórias e alergia ao baclofeno oral.13 um excesso de sedação, depressão respiratória e
manas.9 Ocasionalmente também é necessária A presença de convulsões deve ser cui- coma.13 O custo da implantação e manutenção
a troca de bateria da bomba, que tem vida mé- dadosamente avaliada antes da indicação da de uma bomba de baclofeno é alto,1 porém um
dia de 4-7 anos.2,10 bomba,10 uma vez que o uso da bomba pode recente estudo de custo-benefício mostrou que
Os critérios de inclusão para o proto- desencadear quadros convulsivos. em um período de 5 anos, apesar de um aumen-
colo de bomba de baclofeno do Westmead Devido às dimensões da bomba, o seu uso to de custo estimado em US$49.000 (quarenta
Children’s Hospital (Sidney-Austrália) para a em crianças pequenas pode ficar limitado,6 e nove mil dólares ameriacanos) há uma adição
seleção de pacientes infantis são: espasticidade apesar de existirem bombas especiais para im- de 1.2 anos ajustados à qualidade de vida, o que
grave, famílias identificadas com os objetivos plante em crianças com idade inferior a 3 anos é considerado uma boa relação custo-benefício.7
realísticos do tratamento, pacientes com no e peso superior a 15kg.7 Outras drogas como Fentanyl e Clonidine estão
mínimo 15kg de peso corporal,2 que utilizaram Estudos clínicos controlados com bomba sendo testadas nesta via de administração.5
previamente medicação anti-espástica oral e de baclofeno mostram que esta terapia é capaz Em resumo, a terapia com baclofeno in-
que tiveram sucesso no teste de dose -“bolus” de reduzir a hiperatividade muscular e melho- tratecal mostra eficácia, em longo prazo, em
(50-100μg)- antes do implante da bomba.2 Os rar a função por períodos prolongados;9 além pacientes com espasticidade, Induzindo a uma
critérios de exclusão são: pressão intracraniana disto, são descritos: melhora da amplitude de redução da necessidade de intervenções orto-
maior que 20mm de mercúrio.11 movimento, função musculoesquelética e na pédica e favorecendo a reabilitação. Este é um
A bomba de baclofeno, em geral, está indi- velocidade na marcha,2 apesar de que os efei- procedimento reversível que melhora a quali-
cada para pacientes com espasticidade grave, tos sobre a marcha são imprevisíveis. A bomba dade de vida dos pacientes e dos familiares e
com finalidade de reduzir ou prevenir as con- ainda pode reduzir a necessidade de cirurgia que pode reduzir os custos da atenção à saúde
traturas musculares, aumentar o conforto, me- ortopédica nos membros inferiores9 e melho- ao diminuir a necessidade de tratamento das
lhorar o posicionamento e facilitar os cuidados rara a função de membros superiores.7 Albri- seqüelas que a espasticidade grave não tratada
em pacientes não funcionais quando outras ght et al em 2001 mostraram 86% de melhora pode acarretar.4
formas de tratamento falharam.12 O critério na escala de qualidade de vida e 33% de me- Segundo a atualização do Consenso Eu-
para espasticidade grave é o paciente ter grau 3 lhora na velocidade da marcha; complicações ropeu de 2009 para o tratamento da espastici-
ou maior na escala de Ashworth, indicando hi- cirúrgicas ocorreram em 38% e complicações dade em crianças com paralisia cerebral16 em

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relação à bomba de baclofeno temos: superior no trato corticospinal e dos circuitos Assim as cirurgias com finalidade funcional de-
Indicação de tratamento – à partir do de interneuronais. ambulatória devem ser realizadas em crianças
um GMFCS de (III), (IV) ou (V). O procedimento operatório envolve uma com GMFCS I e II enquanto que as cirurgias
Objetivo – redução da espasticidade para laminoplastia com deaferentação de raízes com finalidade de alívio da dor são realizadas
alcançar qualidade de vida. A extensão dos entre L2-S2 seguida de estimulação elétrica nos níveis IV e V do GMFCS.23 Sabemos que
efeitos colaterais depende da experiência dos individual das raízes sensoriais. A seleção das crianças com GMFCS V tem 65% de chances
centros onde o procedimento é realizado. raízes a serem seccionadas é baseada na respos- de desenvolveram luxação dos quadris.
Melhora funcional: melhora a habilidade de ta muscular da extremidade inferior à estimu- As cirurgias devem ser realizadas no regime
se levantar, melhora a mobilidade, a tolerân- lação elétrica das mesmas.2,7,19 de “single-event multilevel surgery – SEMLS” ou
cia a órteses. Melhora qualidade de vida: sim- Entre 25% e 50% das raízes dorsais são cor- seja, cirurgia realizada em um único tempo e em
plifica os cuidados, diminui a dor, melhora o tadas, porém, não obstante a detecção e moni- múltiplos níveis; 11,23 envolvendo osteotomias
sono, diminui as doses de sedativos, ganho de toração sofisticadas em mãos experimentadas, derrotativas combinadas com alongamentos e
peso. Profilaxia: contraturas, sub-luxação dos algumas incertezas continuam a existir sobre a transferências tendinosas em quadris, joelhos
quadris e escoliose. quantidade ideal de raízes a serem operadas;11 e tornozelos no mesmo ato operatório. Elas
Princípio – Agonista do neurotransmissor além disto estima-se que em torno de 50% das estão indicadas nas deformidades fixas que im-
inibidor GABA-B: modulação dos circuitos raízes sensoriais ao nível da RDS sejam tam- pliquem em: interrupção do progresso motor,
espinais. Administração intratecal com uma bém seccionadas.2 dor, intolerância ao uso das órteses, ou dificul-
bomba programada via cateter espinal promo- No pós-operatório, a redução da espastici- dades nos cuidados,24 com objetivo de melho-
ve um tratamento efetivo com doses 100-1000 dade geralmente revela uma fraqueza muscu- rar a função prevenir deformidades diminuir a
vezes menor em relação à administração oral lar, assim é necessária uma fisioterapia intensa dor decorrente da luxação ou sub-luxação dos
Limitações e controvérsias – Complica- para estabelecer padrões motores adequados e quadris, prevenir o aparecimento de ulceras de
ções técnicas e infecção. Possível influência programas de fortalecimento.2 pressão, melhorar o posicionamento, melhorar
negativa sobre a escoliose. Uma meta-análise de 2002 sugere que a de- a cosmética e condições de higiene e facilitar o
cisão de se fazer ou não a RDS depende que a uso de órteses.23
Rizotomia Dorsal Seletiva (RDS) comparação entre a pontuação antecipada do O tratamento precoce e agressivo da espas-
A rizotomia dorsal seletiva (RDS) é reservada GMFM (Gross Motor Function Measurement) ticidade através de bloqueios químicos, toxina
a um grupo muito seleto de crianças com di- com a estimada para este procedimento, seja botulínica do tipo A e ou fenol, medicamentos
plegia espástica que tenham uma espasticidade pelo menos 4 pontos percentuais acima da pon- orais, bomba de baclofeno em associação com
significativa de membros inferiores, boa força e tuação estimada para um procedimento não in- meios físicos em programas reabilitacionais e
controle motor seletivo.17 Outros autores reco- vasivo, de modo a justificar os riscos, esforços e uso de órteses e adaptações, tem evitado defor-
mendam ainda que as crianças sejam deambu- tempo envolvidos.19,20 Esta meta-análise sugere midades e postergado as indicações cirúrgicas
ladoras, tenham espasticidade pura, idade entre que RDS pode implicar em ganhos na força, ve- para o final da infância.21,24
3-8 anos, cognição intacta e boa estrutura so- locidade na marcha, auto-cuidados e pontuação Nesta fase, a análise tridimensional da mar-
cial,11,18 além disto, é recomendado que a crian- do GMFM, quando associada à terapia física. cha ajuda a indicação do melhor procedimento
ça possua nível III ou IV do GMFCS (Gross A RDS é seguida de uma redução da espas- cirúrgico. O planejamento é essencial e inclui a
Motor Function Classification System).2 ticidade com uma marcante melhora dos arcos programação reabilitacional multidisciplinar
A RDS está indicada para a redução da es- de movimento articular e da função dinâmica pós-operatória,23 incluindo uso de gesso, ór-
pasticidade e melhora na função deambulatória, da marcha; porém este procedimento não afe- tese, medicação antiespastica oral, bloqueios
além de facilitar os cuidados em quadriplégicos.11 ta o controle seletivo do movimento, o equilí- com toxina botulínica e ou fenol além da cine-
Idealmente a RDS deve ser realizada antes brio ou as deformidades fixas, que podem até sioterapia e estimulação funcional.23
que as contraturas se fixem ou que a criança mesmo piorar após a cirurgia. Devemos lem- As opções cirúrgicas ortopédicas que po-
requeira um extensivo programa para a corre- brar que a espasticidade, parte da síndrome do dem influenciar a espasticidade nos membros
ção das deformidades, dentro do manejo da neurônio motor superior, não é o fator mais inferiores incluem alongamentos das unidades
espasticidade. A RDS requer um programa de importante na determinação do prognóstico músculo-tendinosas e transferências de ten-
reabilitação intensivo e muitas crianças podem da criança com paralisia cerebral; fraqueza e dões. O alívio da tensão na unidade músculo-
ter dificuldades devido a problemas cognitivos perda do controle seletivo do movimento são tendinosa diminui a estimulação dos fusos
e comportamentais. Estudos, controlados e não mais importantes e difíceis de manejar.21 musculares, o que reduz o espasmo muscular
controlados, têm mostrado uma permanente e a espasticidade. 24
redução da espasticidade e melhora na marcha Cirurgias Ortopédicas A redução da espasticidade pós-cirurgia or-
após o procedimento de RDS. Por outro lado, A seleção, os ajustes e os procedimentos nas topédica é usualmente temporária e não pode
existem estudos relacionando a RDS a deformi- cirurgias ortopédicas têm mudado significativa- ser entendida como um procedimento defini-
dades na coluna, nos quadris e pés; 17apesar dis- mente nos últimos anos. As cirurgias nos mem- tivo; ela é reservada mais para o tratamento das
to, complicações como alteração sensorial, dis- bros inferiores devem, atualmente, ser posterga- deformidades ósseas e das contraturas fixas do
função de bexiga e intestinos, e dor lombar são das até a maturação da marcha, o que ocorre por que para o tratamento da espasticidade.24
pouco freqüentes – aproximadamente 10%.2,6,7 volta dos 6-10 anos,6,7 os resultados de cirurgias A intervenção através de cirurgia ortopédica
O raciocínio que justifica fisiologicamente realizadas antes dos 8 anos são pobres devido ao no tratamento da espasticidade é restrita a casos
a realização da RDS é a evidência neurofisio- potencial de crescimento ainda existente.22 selecionados. As indicações cirúrgicas podem in-
lógica de que a espasticidade é o resultado da A introdução do GMFCS e do FIM tiveram cluir: melhora na função, correção de deformida-
diminuição da inibição do neurônio motor grande impacto sobre as indicações cirúrgicas. des, ou ser realizada por razões cosméticas.25

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Os procedimentos cirúrgicos ortopédicos é indicada em associação com o alongamento


podem ser classificados em quatro categorias do tendão calcâneo. Pela divisão do tendão do
maiores: I- alongamentos músculo tendíneos e músculo tibial posterior, a atividade do tecido
tendinosos, II- transferências de tendões, III- remanescente é reduzida. A outra porção do
osteotomias , IV- artrodeses. tendão é fixada ao Aquiles distal, passada através
Tenotomias são indicadas para liberação da membrana interóssea e conectada ao dorso
de tendões de músculos gravemente espásti- de pé. O aumento do comprimento do tendão
cos; elas podem ser realizadas em pacientes reduzirá a tensão produzida pelo complexo
sem movimentos voluntários; tem resultados gastrocnêmio/sóleo espástico e permitirá a arti-
pobres e são mais indicadas em nível de adu- culação fazer a dorsiflexão. A análise de marcha
tores de coxa. Alongamentos de tendões são após a cirurgia mostra um decréscimo na defor-
realizados para enfraquecer músculos espás- &N"UFOEÍPJOUBDUPDPNNBSDBÎÍPDJSÞSHJDB midade dinâmica hiperativa em eqüino - varo
ticos e posicionar articulações em ângulos o &N#5FOEÍPBMPOHBEPFTVUVSBEP em ambas as fases da marcha: apoio e balanço.26
Figura 1&TRVFNBEF;FUBQMBTUJBEP5FOEÍPF"RVJMFT
mais natural possível. Transferências de ten- Esta técnica, porém, pode acarretar em falha do
dões são empregadas para aqueles músculos procedimento em 10-60% dos casos, onde o
que mantém alguma função residual e podem problema primário se transforma em uma de-
produzir movimentos úteis. Alongamentos e formidade secundária do calcâneo ou em um
transferências tendíneas são muito úteis se es- valgo por hipercorreção.25
tão preservados os movimentos voluntários.25 Outra técnica envolve a divisão e trans-
Estes procedimentos são mais freqüentes nas ferência da metade do tendão posterior para
extremidades inferiores e tendem a melhorar o a tíbia, reinserindo-o no nível do tendão do
desenvolvimento da marcha. fibular curto.
Músculos espásticos não tratados levam a O procedimento da divisão e transferên-
deformidades ósseas e alterações nos mecanis- cia do tendão do tibial anterior está indicado
mos articulares. Nestes casos as osteotomias para a correção da postura em eqüino-varo,
podem, eventualmente, estar indicadas; em para ajudar a reduzir a supinação excessiva
outros casos a fusão articular, artrodese, pode da articulação sub-talar. Neste procedimento,
estar indicada no sentido de colocar as articu- Figura 2 -1SPDFEJNFOUPTPCSFPHBTUSPDOÐNJPTPMFP a porção distal da divisão do tendão do tibial
RVFTPNFOUFBMPOHBBQPSÎÍPNBJTBMUBEPUFOEÍP
lações em posição ótima.23 EPHBTUSPDOÐNJP anterior é tunelizada para os ossos cubóide
e cuneiforme, de modo a criar uma força de
I - Alongamentos músculo eversão. Esta cirurgia é freqüentemente com-
tendíneos e tendinosos binada com o alongamento do tendão de
25
Este procedimento envolve o alongamento das poderá atuar como um antagonista de outro Aquiles.
unidades músculo tendíneas. Um tendão pode músculo espástico do mesmo grupo, reequili- Membros superiores: Os procedimentos
ser alongado por Zetaplastia (Fig.1), ou a nível brando a articulação apesar da espasticidade.23 ortopédicos para as extremidades superiores
da junção músculo tendínea ou ainda através A análise de marcha orienta a priorização são mais controvertidos. A deformidade de
da recessão da fáscia (Fig.2). No alongamento na intervenção com o objetivo de melhorar pa- mão mais típica em pacientes espásticos é o
de tendão existe alguma redução da espastici- râmetros específicos da marcha. Por exemplo, polegar empalmado. Este pode ser classificado
dade pela alteração nos receptores de Golgi e uma análise de marcha pode verificar a respos- 4 tipos:25
nos fusos musculares.23 ta dinâmica da cinemática articular e da ativa- Tipo 1: fraqueza ou paralisia do extensor
Devemos lembrar, por outro lado, que ção muscular no sentido de planejar as opções longo do polegar. O tratamento cirúrgico en-
apesar do tendão estar alongado as fibras mus- de tratamento cirúrgico.26 volve a transferência do palmar longo ou do
culares podem permanecer encurtadas, o que Uma hiperatividade do quadríceps durante tendão do flexor radial do carpo para o extenso
continua sendo deletério para o músculo. As a fase de balanço da marcha, implicando em um longo do polegar.
complicações deste tipo de procedimento são membro rígido, pode indicar a necessidade de Tipo 2: espasticidade ou contração do
normalmente iatrogênicas incluindo excesso de transferência da porção distal do tendão do re- abdutor do polegar, flexor curto do polegar e
alongamento com perda de força muscular.23). to-femoral para a porção médio-posterior do jo- abdutor curto do polegar. A cirurgia de libera-
elho. O reto femoral continuará com a sua natu- ção do músculo tenar e do primeiro interósseo
II - Transferências de Tendões reza espástica, porém nesta nova posição atuará dorsal é preconizada para permitir o movi-
Membros inferiores: Uma análise de marcha e flexionando o joelho. Isto ajudará os músculos mento de pinça.
a avaliação global de uma criança espástica são flexores de joelho e diminuirá o torque interno Tipo 3: fraqueza ou paralisia do abdutor
particularmente importantes quando se discu- produzido pelo quadríceps residual.26 longo do polegar. A cirurgia consiste no repo-
tem as técnicas cirúrgicas de transferência de A deformidade em eqüino do pé é comu- sicionamento do músculo abdutor longo do
tendão. Quando a espasticidade ocorre em um mente vista em indivíduos com paralisia cere- polegar ao redor do flexor radial do carpo e
grupo de músculos, a articulação responderá bral do tipo diplegia espástica. A espasticidade avançar distalmente a sua inserção.
disparando uma flexão através da musculatura do complexo gastrocnêmio/sóleo e tibial poste- Tipo 4: espasticidade ou contratura do
mais ativa. Pela técnica de transferência de ten- rior causa flexão plantar e inversão do tornozelo. flexor longo do polegar. A cirurgia consiste
dão, o cirurgião pode realocar a hiperatividade Para corrigir esta deformidade, a transferência em um alongamento em Z do flexor longo do
isolada de um músculo espástico para onde ele de parte do tendão do músculo tibial posterior polegar próximo ao ligamento transverso do

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carpo para melhorar a posição do polegar. As osteotomias múltiplas de tíbia, fíbula e os- Intervenções Físicas
O desequilíbrio do punho é outro grande sos dos pés podem ser uteis no alinhamento Os objetivos de um programa de treinamen-
problema implicando em perda de até 60% da do tornozelo e dos pés.23 to físico dentro do tratamento da espastici-
função. O punho pode assumir três posições dade são: maximizar a função e minimizar as
anormais: IV - Artrodeses complicações secundárias como contraturas
Contratura em flexão do punho com hipe- Em algumas situações as artrodeses estão in- musculares, deformidades ósseas e espasmos
rextensão de metacarpofalangicas e flexão de dicadas para corrigir e manter o alinhamento musculares dolorosos durante os movimentos
interfâlangicas proximais: esta posição pode articular. A artrodese do quadril é rara porque ativos ou passivos.28,29
ser tratada com a divisão do tendão flexor ra- pode levar a uma dificuldade para sentar e ficar O fundamento do tratamento da espasti-
dial do carpo e transferência para o extensor em pé após a cirurgia. Bons resultados são ob- cidade é a reabilitação. Sem a colaboração da
radial curto. tidos com a artrodese do polegar ao punho e família e um programa de terapia adequado,
Desvio ulnar do carpo: nesta condição os do primeiro metatarsiano ao halux. Artrodeses seja em casa, seja em centros de reabilitação, as
extensores radiais do carpo estão fracos e o ten- ditas extra-articulares do tipo Grice ou Green melhores técnicas terapêuticas freqüentemente
dão do extensor ulnar do carpo está sub-luxado ainda são utilizadas para a estabilização do pé, fracassam.29
sobre o processo estilóide da ulna, fazendo com apesar que a osteotomia com alongamento do Geralmente a fisioterapia e a terapia ocu-
que o extensor ulnar do carpo se comporte calcâneo tem sido mais empregada para a cor- pacional começam cedo em conjunto com um
como um flexor funcional do punho. Esta con- reção do valgo do pé.As artrodeses vertebrais bom programa domiciliar realizado por pais
dição pode ser tratada pela transferência do ten- também são bastante utilizadas em crianças e cuidadores. Somando-se ao programa de
dão do extensor ulnar do carpo para o extensor escolióticas.23 estiramentos, os pais devem orientados a co-
radial curto do carpo. Segundo a atualização do Consenso Euro- locar as crianças em posturas que previnam as
Punho em marcada flexão com contração peu de 2009 para o tratamento da espasticidade deformidades e favoreçam a recuperação, sem
de todos os três músculos flexores do carpo. em crianças com paralisia cerebral16 em relação traumatizar ou dar estímulos nociceptivos que
Nesta condição um alongamento em Z é feito aos tratamentos cirúrgicos ortopédicos temos: estimulariam a espasticidade.30 Um programa
sobre os tendões flexores radial, ulnar e palmar Indicação de tratamento – estabelecido apropriado para posicionamento previne os
longo do carpo. para cada grau de severidade. Intervenção ci- traumas e preserva a estrutura das articulações.28
Devemos notar que os procedimentos orto- rúrgica: quando maior o nível do GMFCS Tão importante quanto essa orientação
pédicos envolvendo as extremidades superiores mais precocemente deve ser considerada acima descrita é o treino dos familiares em re-
não são universalmente aceitos como instru- Objetivo – correção do desalinhamento lação às técnicas para inibir padrões sinérgicos
mento para a melhora funcional dos pacientes. induzido pela espasticidade envolvendo uma que acompanham a hipertonicidade e facilitar
As complexas ações requeridas pelos dedos e ou articulações (multilevel) para prevenir de- padrões normais de movimento. Isto pode aju-
mãos podem ser alteradas significativamente formidades ósseas secundárias. No caso de dar a criança a acompanhar as atividades de
por estes procedimentos. Um excesso de alon- deformidades ósseas irreversíveis: reconstru- vida diária e incorporar as extremidades afeta-
gamento, mesmo que pequeno, sobre os flexo- ção para melhora funcional e facilitação dos das no trabalho, nas brincadeiras e nas ativida-
res de dedos poderá implicar em uma diminui- cuidados diminuindo a possibilidade de lesões des de auto-cuidado.28
ção da força de preensão; assim, a complexidade secundárias. A espasticidade limita a mobilidade. O ma-
das funções da extremidade superior limita o Princípio – a experiência do cirurgião or- nejo do tônus é um dos aspectos abordados na
uso das transferências cirúrgicas sobre o mem- topedista pediátrico é fundamental para a to- compreensão do tratamento global de pacientes
bro.25 Um bom controle voluntário inicial pode mada de decisão da equipe. com paralisia cerebral. O esquema da Figura 3
ser um preditivo para bons resultados cirúrgicos Limitações e controvérsias – irreversibili- mostra as relações entre espasticidade e outros
em membros superiores.27 dade, morbidade, repetição de procedimentos fatores que afetam a mobilidade e independên-
cirúrgicos e falta de evidência científica. cia em pacientes com paralisia cerebral.31
III - Osteotomias
Em algumas crianças que deambulam, anor-
malidades rotacionais (aumento do ângulo
de antiversão do fêmur e torção interna ou
externa da tíbia) podem ocorrer devido a
alteração dos braços de alavanca. Todas as
crianças nascem com um aumento do ângulo
de antiversão do fêmur, mas a deambulação
normal leva a uma natural derrotação. Este
mecanismo pode falhar em uma criança com
paralisia cerebral e onde o alinhamento bio-
mecânico e a marcha podem estar alterados.
Nestes casos as osteotomias podem estar in-
dicadas. Em crianças não deambuladoras, a
luxação dos quadris pode causar alteração da
postura sentada,artrite e dor; nestes casos a
osteotomia pode estar indicada para a redu-
ção da luxação e cobertura da cabeça femural. Figura 3 - 3FMBÎÜFTFOUSFFTQBTUJDJEBEFFPVUSPTGBUPSFTRVFBGFUBNBJOEFQFOEÐODJBFNPCJMJEBEF

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Devemos lembrar que o tratamento com anormal e de reflexos tônicos exaltados; seus Miscelânea de
toxina botulínica abre uma janela terapêuti- princípios terapêuticos de intervenção são ba- intervenções físicas
ca dentro do programa reabilitacional onde a seados na inibição dos reflexos tônicos, através Várias técnicas têm sido utilizadas, ao longo
criança com paralisia cerebral terá um período de posturas inibitórias.25 dos anos, no tratamento da espasticidade. Vi-
de 3-4 meses de relaxamento induzido pelo Bobath em particular acredita que o forta- brações entre 100-200Hz aplicadas sobre os
medicamento. Esta janela terapêutica deve ser lecimento contra-resistência aumenta o tônus tendões de músculos, especialmente sobre
aproveitada ao máximo, no sentido de maxi- dos músculos, o que leva a uma grande obje- antagonistas em membros espásticos, causam
mizar os efeitos da toxina botulínica, e para ção a prática de exercícios de fortalecimento uma sustentada interrupção dos neurônios
isto devemos intensificar os programas de fi- e exercícios com pesos em pacientes com aferentes. Por exemplo, a vibração aplicada
sioterapia e terapia ocupacional neste período. espasticidade muscular. Em crianças com sobre os extensores de punho, resulta em uma
Assegurar ao paciente esta possibilidade é uma paralisia cerebral, o treino com pesos, além contração passiva destes músculos opondo-se
condição fundamental, que deve ser discutida de aumentar a espasticidade, não melhora a a postura habitual de flexão.
com os familiares antes da realização do proce- função porque estes pacientes normalmente A aplicação de frio local e anestésicos tó-
dimento de bloqueio químico.32 têm uma falta de controle muscular seletivo picos resulta em uma diminuição da espastici-
A redução da espasticidade após a injeção nos músculos-alvo. Além disto, apesar da fra- dade por decréscimo na sensibilização dos re-
de toxina botulínica associada a terapia física queza estar presente, ela não necessariamente ceptores sensitivos cutâneos e uma diminuição
cria a possibilidade da aquisição de novos pa- contribui para a disfunção.25 da velocidade de condução nervosa, levando a
drões funcionais;33 além disto, as mudanças Por outro lado, as técnicas de facilitação curtos períodos de aumento de função motora.
biomecânicas induzidas nas funções muscu- proprioceptivas de Kabat e Knott encorajam Por observação clínica, o posicionamento
lares pela toxina botulínica, melhora as con- o treino de músculos fracos contra-resistência dos pacientes também faz diferença no contro-
dições de fortalecimento e alongamento e isto de um terapeuta, com o objetivo de fortalecer le do tônus. O uso de pesos em extremidades
gera a oportunidade de fortalecimento dos grupos de músculos ativos em padrões de mo- superiores, em crianças com paralisia cerebral,
músculos antagonistas aos injetados e assim vimento opostos aos espásticos. Em adoles- está associado a aumento na habilidade de
restaurar o equilíbrio entre eles.30 centes espásticos nota-se que o treinamento abrir a mão e na melhora no padrão de preen-
isocinético resulta em um fortalecimento e são manual. A estimulação magnética craniana
Estiramento passivo melhora nas funções motoras grossas. A fra- e a acupuntura também são descritos para re-
Em pacientes espásticos, observou-se que a re- queza muscular é um dos componentes da sín- dução da espasticidade.25
sistência muscular diminui progressivamente drome do neurônio motor superior e um pro-
na medida em que o seguimento de membro é grama de fortalecimento, englobando vários Equoterapia
mobilizado. Um regime de estiramento diário grupos musculares, pode contribuir para uma Técnica de reabilitação fundamentada na uti-
é parte de qualquer programa de tratamento melhora funcional, na postura e transferências lização de cavalos como meio terapêutico. Ela
integral de pacientes espásticos. convergindo para uma melhora no desempe- tem se mostrado útil no tratamento da espasti-
Uma técnica usada para reduzir a espasti- nho global destes pacientes.7,15,25 cidade de crianças com paralisia cerebral6 por
cidade é o estiramento passivo, onde o múscu- Segundo a atualização do Consenso Euro- melhorar a função motora grossa, tônus, arco
lo é mobilizado através de um arco de movi- peu de 2009 para o tratamento da espasticida- de movimento, alongamento, coordenação e
mento que simula a amplitude de movimento de em crianças com paralisia cerebral16 em re- equilíbrio, reduzindo o grau de comprometi-
normal. Outra técnica é o estiramento passivo lação aos exercícios e terapia funcional temos: mento motor. Além disto, a equoterapia ofe-
usado no tratamento de pacientes com contra- Indicação de tratamento – tratamento rece benefícios potenciais do ponto de vista
turas; esta envolve um alongamento prolonga- concomitante ao tratametno da espasticidade cognitivo, físico e emocional.19
do e sustentado nas posições desejadas até o realizado por terapeuta especializada.
ponto de tolerância máxima de alongamento Objetivo – assistir o desenvolvimento Eletroestimulação
muscular. Estas técnicas reduzem as espastici- motor e evitar o desenvolvimento de deformi- A eletroestimulação tem muitos usos em
dade por mecanismos pouco conhecidos e por dades decorrentes da espasticidade. neuroreabilitação. Ela pode ser usada no diag-
poucas horas.6,7,25 O estiramento passivo tam- Princípio – focar o problema relaciona- nóstico (eletroneuromiografia) e em terapêu-
bém pode ser obtido através do uso de órteses. do ao tratamento dependendo da gravidade tica na redução do tônus ou na forma de ele-
da afecção: definir objetivos, buscar os alvos, troestimulação funcional para a estimulação
Fortalecimento muscular realizar exercícios funcionais, documentar as da contração muscular, quando aplicada sobre
Existem controvérsias a respeito do valor do mudanças. Ativação muscular imediatamente o nervo ou no ponto motor.25 A eletroestimu-
fortalecimento muscular no tratamento da es- após a aplicação de toxina botulínica, estirar lação também pode potencializar os efeitos da
pasticidade. Várias técnicas terapêuticas têm os músculos paréticos não injetados. Buscar aplicação de toxina botulínica.34
sido aventadas, isocinéticas ou através equipa- o equilíbrio muscular entre agonistas ee anta- A eletroestimulação terapêutica tem sido
mentos especiais, uma vez que é sabido que o gonistas em todas as atividades da vida diária utilizada na redução da hipertonicidade grave.
músculo espástico normalmente é fraco. através de objetivos de participação. O trata- O uso mais típico é a aplicação sobre músculos
A técnica “neuro comportamental” foi mento para quando os objetivos são atingidos. antagonistas, onde a estimulação dos padrões
desenvolvida após a observação do compor- Limitações e controvérsias – falta de evi- aferentes resulta na inibição dos músculos ago-
tamento neuro fisiológico em crianças nor- dência científica, o conceito é somente em nistas, com redução do seu tônus por um tem-
mais. Bobath preconiza que as técnicas de parte baseado em fundamentação científica, po que pode variar de 15 minutos a 3 horas,
movimentação normal e correção postural são existem tendências em relação aos métodos em média 1 hora após o procedimento. O uso
impossíveis na presença de um tônus muscular tradicionais e a ideologias. rotineiro de eletroestimulação é responsável

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ciente em relação a esta técnica é fundamental. As órteses são mais utilizadas para ex-
Finalmente a eletroestimulação transcutânea tremidades inferiores, especialmente pelas
(TENS) é uma ferramenta possível para o tra- necessidades requeridas na marcha. As pri-
tamento da espasticidade e no fortalecimento meiras órteses suropodálicas eram feitas de
de antagonista e agonistas fracos.15,25 materiais rígidos, com o tornozelo fixo. A
orientação mais moderna é que elas sejam
Órteses confeccionadas com materiais leves e que
Órteses incluem todos os aparatos aplicados atendam as necessidades individuais dos pa-
externamente aos membros que corrigem cientes de acordo com as características da
posturas anormais causadas pela força da gra- marcha.25 As órteses dinâmicas de membros
Figura 4 - »SUFTF&MÏUSJDB'VODJPOBM4JTUFNB'&4
DPNQBMNJMIBTFOTPSB vidade ou por padrões espáticos.15 Existem inferiores melhoram a função durante a mar-
muitas razões para o uso de órteses. Eles po- cha, por permitir alguma mobilidade aos dor-
dem ser usados simplesmente para compen- siflexores de tornozelo durante as diferentes
sar as paresias de um seguimento de membro, fases da marcha normal.15,28
pelo decréscimo nas contraturas, e aumento na mas podem também prevenir deformidades AFO (ankle-foot ortheses) que tenham rea-
atividade motora de músculos agonistas, além secundárias a contraturas, e reduzir a dor. Es- ção ao solo são preferíveis aos aparatos fixos na
de reduzir o tônus de músculos antagonistas, truturalmente as órteses podem controlar a abordagem da postura em eqüino dos pés, além
apesar das respostas serem de curta duração. instabilidade das articulações; biomecanica- de facilitar a mudança da posição sentada para
A eletroestimulação também pode ser uti- mente, elas podem alterar a carga do membro em pé em crianças na fase pré deambulatória.7
lizada de modo funcional e dinâmico auxilian- para atingir o momento de velocidade, abaixo Segundo a atualização do Consenso Eu-
do no fortalecimento muscular e na aquisição do limiar que precisa ser alcançado, antes que ropeu de 2009 para o tratamento da espastici-
de praxias funcionais (ex. estimulação da dor- a atividade do reflexo de estiramento apareça dade em crianças com paralisia cerebral16 em
siflexão durante a marcha através de uma órte- nos músculos antagonistas.25 relação às órteses temos:
se elétrica funcional – Fig.4). O equipamento As talas têm formas e objetivos múltiplos. Indicação de tratamento – depende dos
apresentado na Figura 4 consiste de um siste- Elas podem ser desenhadas para posiciona- padrões nacionais, interdisciplinaridade, co-
ma de estimulação da musculatura dorsiflexora mento ativo ou passivo, para inibição de pa- operação contínua com cirurgião ortopedista
e uma palmilha com um interruptor, que pos- drões reflexos, ou para produzir pressão em infantil e ortético infantil
sibilita a identificação do momento do ciclo áreas específicas dos músculos ou dos tendões, Objetivo – melhorar a função e participa-
da marcha em que o membro se encontra. Ela podendo ser estáticas ou dinâmicas. Em mem- ção, prevenção e/ou redução de contraturas
realiza a estimulação dos dorsiflexores duran- bros superiores, especialmente na para a região musculares (deformidades musculares e ósse-
te a fase de oscilação do membro, permitindo de punho e dedos, podem ter apoio palmar ou as), diminuir a incidência de cirurgias.
uma passagem mais fácil do mesmo adiante do dorsal. Os de apoio palmar são utilizados para Princípio – Extremidades: melhora fun-
tronco, e desliga-se no momento do toque de posicionamento e devem ser observados no cional, manutenção o otimização das reservas
calcâneo, possibilitando o relaxamento desse sentido de não produzirem um aumento da funcionais. Tronco: estabilização e suporte
grupo muscular. espasticidade flexora.15,25 para o tronco.
As órteses estáticas são freqüentemente Limitações e controvérsias – falta de evi-
Biofeedback efetivas na manutenção do comprimento da dência científica, aderência, sem padronização
Outra forma de estimulação que tem sido uti- musculatura envolvida, quando um músculo é internacional, variabilidade de conceitos entre
lizada por mais de 20 anos. Este tipo de esti- passivamente estirado e no processo de alon- diferentes centros de reabilitação no mesmo país.
mulação consiste na ampliação da atividade gamento acontece uma diminuição da sensibi-
elétrica dos músculos espásticos por sistemas lização do reflexo de estiramento, com redução Gessos
eletrônicos, transformando-os em sinais sono- da espasticidade.15,28 Os gessos plásticos podem ser considera-
ros ou visuais, o que facilita ao paciente a com- A musculatura forçada em um alongamen- dos uma extensão das talas de extremidades.
preensão dos resultados de medidas de con- to passivo irá sofrer alterações anatômicas e A base teórica para o uso de gesso, no trata-
tração ou de relaxamento efetuadas durante a fisiológicas, como por exemplo, pela adição de mento da espasticidade, repousa na resposta
sessão terapêutica. Esta técnica permite uma sarcômeros às fibras musculares e estiramento inibitória autogênica das fibras aferentes Ib
ampliação da percepção corporal, que resulta dos elementos do tecido conectivo. A redução a partir dos órgãos tendíneos de Golgi. Por
em melhor controle da movimentação. da espasticidade induzida pelo uso de talas exemplo, toda vez que o gesso inibir a contra-
Os aspectos positivos demonstrados com pode se estender por até 3 horas depois da sua ção flexora espástica de uma região, ele poderá
esta técnica incluem melhora na imagem cor- remoção, permitindo a utilização do membro diminuir o tônus flexor desta região. Outra te-
poral; os pacientes, através desta técnica, são afetado em atividades funcionais.28 oria é que o calor e o peso do gesso também
capazes de prever como seria a contração de Órteses dinâmicas são utilizados para me- contribuem para a redução do tônus, entretan-
músculos inativos, o que melhora o treinamen- lhorar os aspectos biomecânicos, além de auxi- to temos que ter cuidado com a possibilidade
to muscular e proporciona um melhor envolvi- liar na estabilização da postura permitindo um de comprometimento neurovascular neste
mento no programa de reabilitação. Este tipo controle funcional do movimento.28 Este tipo procedimento.25 Os gessos em pacientes es-
de treino, realizado do modo regular, pode de órtese, para punho e mão, permite liberda- pásticos promovem um estiramento muscular
diminuir a espasticidade e ocasionalmente os de assistida à articulação. Normalmente as ór- constante e prolongado podendo também ser
espasmos musculares.25 Por outro lado o en- teses dinâmicas combinam aspectos palmares progressivo, logo útil em pacientes com grande
volvimento e a compreensão por parte do pa- e dorsais das talas em geral. componente estático da espasticidade.15

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O gesso tem sido utilizado extensivamen- cializadas, através do manejo do tônus, manu- 18. Gormley ME Jr. Treatment of neuromuscular and
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nalmente as extremidades tratadas.28 Gessos tervenção com bases científicas. O diagnóstico tions. Eur J Neurol. 2006 ;13 (Suppl 4):20-6.
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seriados, com troca a cada 7-10 dias e repe- mais acurado e novas abordagens preventivas and research trends in lower extremity management
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de contraturas de partes moles, resultantes da cionais também tem um grande potencial para 24. Gormley ME Jr, Krach LE, Piccini L. Spasticity ma-
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