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Resumo: Biomecânica e Anatomia Funcional

Cinesiologia: disciplina que estuda o movimento humano – a biomecânica é uma


subdisciplina que analisa o movimento e suas causas nas estruturas vivas.

Objetivo da biomecânica: analisar o movimento para melhorá-lo e torná-lo mais seguro.


Projetar equipamentos e exercícios neste sentido.

Aplicação: rendimento e performance; segurança e lesões

Disciplinas da cinesiologia: Biomecânica, Psicologia do exercício, Desenvolvimento motor,


aprendizagem motora, pedagogia, psicossocial

Análise quantitativa: medição de variáveis biomecânicas – volumoso cálculo numérico

Análise qualitativa: observação sistemática da qualidade do movimento.

Em termos biomecânicos, o corpo pode ser considerado como um conjunto de elementos


rígidos, designados por segmentos corporais, ligados pelas articulações.

Ramos de análise do movimento: cinética e cinemática

Cinemática: tempo, espaço, velocidade e aceleração (T, E, V, A)


Registo medido em M/s, Km/h) ou Radial, graus.

Cinética: forças que influenciam o movimento, alterações mecânicas internas e externas –


forca de reação do solo, gravidade e inércia. Força muscular: força interna.

Grandezas escalares: tempo, temperatura, volume, massa, trab. da força

Grandezas vetoriais: necessitam direção (setinhas)


Vetor: sentido, direção e módulo (valor absoluto)
Vetoriais: Velocidade, aceleração, força, deslocamento, impulsão, campo elétrico,
magnético, força, peso etc.

Uma direção pode possuir dois sentidos.

Sistema de força: Várias forças atuam sobre um corpo


Força resultante: efeito de um sistema de força

Pressão: Vetor com mesma direção, com sentidos opostos aproximando-se


Tração: Mesma direção, sentidos opostos distanciando-se

Paralelas: vetores na mesma direção


Concorrentes/angulares: ângulos a partir de um mesmo ponto de aplicação

Força: ação capaz de colocar um corpo em movimento, expressa em Kg ou Newtons (N)


Forças externas: provêm de fora do corpo (como a gravidade)
Forças internas: músculos, ligamentos, ossos

Inércia: resistência de um corpo

Gravidade: força exercida pela terra, magnitude média de 9,8 M/s2

Centro de Gravidade (CG): Ponto onde a gravidade parece atuar (ponto de equilíbrio). O
centro de gravidade do corpo humano varia conforme a posição dos segmentos.
Em Posição anatómica fica em torno de 57 55% da altura

Massa: grandeza constante, quantidade da matéria medida em Kg

Peso: Força obtida devido à aceleração da gravidade terrestre. Peso = Massa X Aceleração
da gravidade

Contro de massa: Ponto em que se pode admitir que a massa esteja concentrada. O centro
de massa coincide com o centro de gravidade em campos gravitacionais uniformes
(a Terra).

Equilíbrio: No corpo humano, deve estar acima da base de suporte (os pés)

Leis de Newton
1.a Inércia: Todo corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme, em linha reta,
a menos que seja obrigado a mudar por forças externas. Quanto maior o corpo,
maior a inércia.

2ª. Lei de Newton F=MXA


O corpo com maior massa necessita de maior força para sair da inércia, e vice-versa.
Quando uma força é aplicada num objeto fora do centro de massa, a força
provocará um torque (T) ou Momento de força (M), resultando em rotação.

Braço de momento: distância entre o ponto de aplicação da força e o eixo de rotação. O


torque é maior quanto o braço de força é maior.

Braço de resistência: Distância entre o ponto de apoio até ao ponto de aplicação da


resistência – segmentos do corpo. Peso do segmento e peso da resistência

Braço de potência/braço de força: Distância entre o ponto de apoio até ao ponto de


aplicação da resistência

3ª. lei de Newton – ação e reação


Ação sobre um corpo e reação sobre o outro corpo (murro na parede, ação contra parede,
reação contra a mão). A reação varia conforme a aceleração do corpo.
Energia: capacidade de um corpo produzir trabalho. Grandeza escalar medida em Joules –
unidade da quantidade para mover 1 kg de massa a 1m/s em 1m – pode estar em
forma de calor, química, nuclear, movimento ou posição.

Energia mecânica – provoca alteração de movimento ou posição de objeto. Energia


potencial gravitacional e energia de deformação.

Energia cinética: transferida pelo deslocamento, pode ser convertida em potencial de


energia ou energia deformativa, quando o objeto colide com outro.

Trabalho mecânico: produto de uma força e deslocamento – quanto maior o deslocamento,


maior o trabalho, medido em Watts (W)

T= f X d

Potência mecânica: produção de trabalho / tempo, medida em Watts (W)


P= Trabalho (W) / tempo (T)

Cadeia cinética: conjunto de corpos rígidos interligados

Cadeia cinética aberta: o segmento distal de uma extremidade se move livremente no


espaço, movimento proximal fixo.

Cadeia cinética fechada: As articulações terminais encontram resistência externa, o que


impede o livre movimento. O movimento é funcional – contração sincronizada de
agonistas e antagonistas – estabilização dinâmica do movimento.

Anatomia funcional

Articulações: efetuam junções entre ossos. Têm como função permitir e inibir o movimento;
transmitir força de um osso a outro.

Tipos:
Sinartroses: fixas (suturas cranianas, sindesmose radiocubial, gonfose periodontal)
Anfiartroses: mobilidade reduzida (disco intervertrebal, sínfise pública)
Diartroses/Sinoviais: grande mobilidade (triaxiais, biaxiais, uniaxiais, não axiais) – tornozelo,
joelho, anca, bacia, coluna e cabeça, omoplata/escápula, ombro / articulação
escapulo-umeral, cotovelo, radiocubial, punho.

Posição Anatómica Descritiva (PAD): Posição bípede, com braços estendidos ao longo do
corpo e palmas das mãos voltadas para a frente. Serve para analisarmos o
movimento.

Plano Sagital: (movimentos retos para frente e para trás do corpo)


Flexão: movimento que aproxima um segmento do segmento ósseo mais próximo;
Extensão: movimento que afasta um segmento do segmento mais próximo

- Máquinas no plano sagital: extensão de pernas, remada baixa, tríceps na roldana,


máquina de glúteos, crunch de abdominais.
-Pesos Livres no Plano sagital: Rosca direta (bíceps), Remada baixa com barra,
desenvolvimento de tríceps, pantorrilha (Carl frases), Lunges (agachamento ao
fundo) fundos com halteres.

Plano Frontal: (movimentos laterais – para os lados, afastando do eixo)


Abdução: Movimento de afastamento da linha do umbigo
Adução: Movimento de aproximação à linha do umbigo
Flexão lateral: Relação de afastamento da linha média à coluna vertebral e à cabeça.
Inversão e eversão: pés
Movimentos especiais: omoplata.

- Máquinas no plano frontal: Puxada dorsal, desenvolvimento de ombros na máquina,


abdutores/adutores c elástico, elevação lateral na roldana, levantamento lateral na
máquina.
- Pesos livres no plano frontal: Agachamentos ao fundo laterais, tríceps testa, polichinelo,
mergulho de tríceps nas barras paralelas, remada alta.

Plano transversal: (movimentos laterais e frontais que rodeiam ou torcem o corpo,


horizontais)
Rotação à direita ou à esquerda (cabeça)
Rotação interna/medial: membros rodam em direção à linha média
Rotação externa/lateral: membros rodam afastando-se da linha média
Pronação e supinação: rotação do antebraço

- Máquinas no plano transversal: Adutores e abdutores (máquina), voadores na máquina,


voadores inversos, voadores nos cabos.
- Pesos livres no plano transversal: flexões no chão, supinos, voadores com halteres.

Materiais – Tecido humano

Tecido conjuntivo: sustenta outros tecidos e órgãos do corpo; espaços entre tecidos
Tecido conjuntivo propriamente dito: revestimento de glândulas, vasos (sanguíneos,
linfáticos e nervos), separação de músculos (fáscias).
Tecido conjuntivo frouxo: não resiste tensões mecânicas por falta de colagénio
Tecido conjuntivo denso: tendões – une músculos aos ossos.
Tecido mucoso: cordão umbilical e poupa dental
Tecido elástico: pénis, ligamentos da laringe, parede de artérias de grande calibre (aorta)
Tecido reticular: órgãos linfoides e hematopiéticos (produtores de células sanguíneas)
Tecido adiposo: células adiposas – adipócitos. Contém lípidos triglicéridos (glicerol e ácidos
gordos). Função de modelação da superfície corporal, reserva de energia e isolante
térmico.
Tecido cartilaginoso: tem consistência mais rígida que os demais conjuntivos. Cartilagem
elástica, Cartilagem fibrosa/fibrocartilagem. Função: dar sustentação, amortecer e
prevenir desgastes dos ossos.
Tecido ósseo: tecido conjuntivo mais rígido, formado principalmente por fosfato de cálcio.
Função: estrutural, proteção (cabeça, tórax e abdómen), produção de sangue
(medula óssea hidatogénica), audição (pequenos ossos do ouvido), contribuir para
o timbre de voz.

Músculo
Excitabilidade: capacidade do músculo de receber um estímulo – por condução nervosa ou
reação a hormonas.
Contrabilidade: capacidade do músculo de encurtar-se com um estímulo. Da contração,
produz-se força.
Tipos de tecido muscular: Liso, cardíaco e esquelético
Liso: de contração involuntária. Presentes nas paredes dos órgãos ocos, músculos internos
dos olhos, vasos sanguíneos, bexiga, útero, trato intestinal. Função: controlar e
impulsionar sangue, urina, bílis etc.
Músculo cardíaco (estriado cardíaco): camada muscular do coração - miocárdio. Controlado
pelo sistema nervoso autónomo e endócrino.
Esquelético (estriado voluntário): 400 músculos, 40 a 45 % da massa corporal do homem e
23 a 25% da mulher. Ligado aos ossos. Possui origem, ventre e inserção
Origem: união do músculo com o osso, feita pelo tendão. Não se desloca.
Ventre: porção contrátil – feito de fibras musculares que se contraem. Pode ter origem
diretamente do osso, sem tendão, em alguns casos.
Fascículos: envolvidos por um tecido conjuntivo chamado Epimísio, agrupados
formam o ventre muscular.
Fibras musculares: compõem os fascículos.
Miofibrilas: compõem as fibras musculares.
Sarcómero: unidades musculares que compõem as miofibrilas.
Actina e miosina: Proteínas que compõem o sarcómero, deslizam para produzir
movimento
Inserção: união do músculo com o osso, também com um tendão. Desloca-se durante o
movimento.

Propriedade dos materiais


Carga de compressão: atua em direção oposta e convergente ao longo de um eixo,
comprime e diminui a estrutura.
Carga de tensão: atua em direções opostas e divergentes ao longo de um eixo, alongando.
Carga de cisalhamento: atua em direções opostas e paralelas em planos diferentes, desliza
a estrutura.
Região elástica e plástica: áreas da curva de carga-deformação. Ao atingir a região plástica,
a estrutura não regressa à forma original, e há risco de rutura (osso ou músculo)
Tensão e deformação: alteração da dimensão de um corpo.

Ângulo de penação: ângulo que ocorre entre os fascículos e o tendão


Músculos bipenados ou multipenados (radiados): apresentam grande capacidade de
produção de força.
Classificação dos múculos: Longitudinal (costureiro), Fusiforme (bicipete braquial), Radiado
(glúteo médio), Unipenado (Tibial posterior), Bipenado (gêmeo), Circular (orbicular
dos olhos).
Miosina ATPase: enzima da miosina responsável por fazer pontes cruzadas, acelerando o
ritmo da contração muscular.
Fibras lentas Tipo I: apresentam mais mitocondreas, grande capacidade oxidativa (fibras
vermelhas). São fibras resistentes à fadiga, porém de reação lenta.
Fibras rápidas Tipo II: atividades de alta intensidade, mas com menos resistência.
Metabolismo anaeróbico (esbranquiçadas) -regeneração rápida de ATP a partir da
fosfocreatina (CP).
Fibras Tipo IIa: predomínio anaeróbio, mas com maior capacidade oxidativa que as IIB
Fibras Tipo IIb: domínio anaeróbio. Facilmente fatigáveis. Grande acumulação de ácido
lático no final do exercício.
Fibras IIc: Capacidade oxidativa superior aos IIa e IIb, mais resistente à fadiga.

Tipos de contração muscular:


Isotónica Excêntrica: Resistência > Força. Ocorre na fase excêntrica dos exercícios de treino
de força.
Isotónica concêntrica: Resistência < Força. Ocorre na fase concêntrica
Isométrica (estática): Resistência = Força. Não há movimento, e o comprimento das fibras
não se alteram. Força contra uma parede.
Contração Isocinética: a carga varia de modo a manter a velocidade de movimento
constante.

Adaptações neuromusculares ao exercício


Hipertrofia: aumento dos constituintes das fibras musculares – contingentes de miofibrila
(actina e miosina). A força de um músculo é proporcional ao seu diâmetro
transversal.
Hiperplasia: aumento do número de fibras musculares.
Condições para ocorrer hipertrofia: Treino específico; genética favorável;
enquadramento hormonal; suporte energético (glúcidos e proteínas)
Remodelação muscular: reparação de tecidos. Após stress, rutura das miofibrilas,
desencadeia-se um processo inflamatório. O corpo reage produzindo anticorpos e
tecido cicatricial conjuntivo. Na recuperação, o tecido é mais espesso, ocorrendo
hipertrofia.
Fadiga muscular: ocorre no sistema nervoso central (falha na passagem de informação
entre neoróneos ou espinal medula). Fadiga psicológica – o músculo mantém a
capacidade, mas o indivíduo tem sensação de incapacidade. No músculo, ocorre ao
nível da fibra muscular – depleção de energia (ATP), faltas de fontes energéticas
(fosfocreatina e glicose) ou acumulação de tóxicos, como lactato.

Efeitos da atividade, inatividade, maturação e envelhecimento nos tecidos


Dor muscular associada à atividade física: ocorre no imediato e no pós-treino. A dor
imediata é provocada por estimulação dos recetores de dor, estimulados por
subprodutos da contração muscular. No pós-treino, ocorre entre 8h e 96h após o
treino, devido à lesões nos tecidos e inflamações.
Destreino: As fibras lentas tendem a manter-se, mas as rápidas apresentam perdas.
Envelhecimento: Declínio na força. Entre os 60 e 80 anos há perdas de 15% por década, e
30% por década após essa idade. O envelhecimento mustular pode ser atrasado
com atividade física.
Coordenação muscular: o motoneurónio controla a ativação muscular.
Motoneurónios lentos: impulsos de forma lenta, com pico de força mais prolongado, apesar
de baixo – associado às fibras lentas.
Motoneurónios rápidos: propagam estímulos de forma rápida, com grandes níveis de força.

Sistema Nervoso:
Sistema Nervoso Central (encéfalo e medula espinhal) e Sistema Nervoso Periférico.
Medula espinhal: nela ocorre a comunicação entre o encéfalo (SNC) e a ação muscular
(SNP)
Segumentos cervical (C), Dorsal ou Torácico (D ou T) e Sagrado (S)

Ações reflexas ocorrem ao nível da medula espinhal


Reflexo Miotático: O músculo se contrai em resposta a uma força de estiramento a uma
velocidade considerada de risco de rotura.
Fuso Neuromuscular: recetor sensorial no ventre muscular, que deteta um estiramento e
envia impulso para a medula espinhal, que faz sinapse direta com o motoneurónio
alfa que inerva o músculo envolvido.
Reflexo Miotático inverso: reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi. Impede a produção
excessiva de tensão no tendão de um músculo em contração.
Órgão tendinoso de Golgi: localizam-se nos tendões, perto da junção cúsculo-tendinosa. O
objetivo é travar uma contração potencialmente perigosa.

SNC - Encéfalo: Composto pelo cérebro, cerebelo e tronco cerebral

Cerebelo: funções de controlo do movimento muscular e tónus. (movimento intencional).


Tronco cerebral: liga a medula espinhal ao cérebro. Controlo de reflexos basais (ritmo
cardíaco, respiração, deglutição, vómito), reflexos visuais, respostas auditivas e
controlo de sono e vigília.

SNP – composto por recetores sensoriais, nervos, gânglios e plexos. Constituído por 12
pares de nervos cranianos (origem no encéfalo) e 31 pares de nervos raquidianos
(origem na medula espinhal).
Divisão motora do sistema nervoso: Sistema nervoso Somático e Sistema Nervoso
autónomo/vegetativo
Sistema nervoso somático: transmite ação do SNC aos músculos esqueléticos.
Sistema nervoso autónomo/vegetativo: controla funções inconscientes – fisiológicas,
batimento cardíaco, pressão arterial, respiração, digestão. Ligado aos músculos
lisos, ao músculo cardíaco e algumas glândulas.
Sistema nervoso simpático: modo de sobrevivência. Há liberação de adrenalina, aumento
da frequência cardíaca.
Sistema nervoso parassimpático: responsável pela estabilização e homeostase do
organismo. Quando o sistema simpático provoca aceleração cardíaca, o
parassimpático ajuda a baixar o ritmo.

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