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Escola Oficina de Artes Valdice Teles: ensino coletivo de sanfona e

Orquestra Sanfônica de Aracaju

João Maurício Santana Ramos1 – UNEB

Resumo: O ensino coletivo de instrumentos coloca, em uma mesma sala, vários estudantes
tocando juntos; busca estimular a curiosidade musical nos educandos, a partir do prazer em
extrair sons do instrumento escolhido. Nesta modalidade de ensino, o aprendizado é
potencializado pelo contato direto com outros estudantes, que possibilita a cada um deles
comparar e avaliar seu próprio desempenho. A Escola Oficina de Artes Valdice Teles,
mantida pela Prefeitura de Aracaju – SE, promove o ensino coletivo de sanfona, trabalhando
no repertório baiões, xotes, marchas e choros tradicionais, ensinados por imitação do som;
além das aulas práticas, os estudantes contam com aulas de teoria musical. Outro projeto da
mesma prefeitura é a Orquestra Sanfônica de Aracaju, que, além de ser instrumento de
preservação da cultura nordestina, também é espaço de educação musical, com troca de
conhecimento entre seus integrantes.
Palavras-chave: Ensino coletivo de instrumentos; Sanfona; Acordeom; Orquestra Sanfônica.

1. Introdução
Pretende-se, com esse trabalho, descrever a experiência do ensino coletivo da
sanfona na Escola Oficina de Artes Valdice Teles (EOAVT), em Aracaju – SE, e a
experiência da Orquestra Sanfônica de Aracaju (ORSA) – que se configura como espaço de
educação musical e de preservação da cultura nordestina –, a partir de informações coletadas
mediante entrevistas e observação assistemática de aulas de sanfona e de ensaios da orquestra.
Primeiramente, serão feitas considerações acerca do ensino coletivo de instrumentos, e,
finalmente, apresentar-se-ão constatações relacionadas às aulas de sanfona e à ORSA.

2. O ensino coletivo de instrumentos


Muitos educadores que atuam no ensino de instrumentos em escolas especializadas,
conservatórios e universidades, passaram pelo modelo tutorial de ensino e continuam
reproduzindo-o. Este modelo, onde há o contato individualizado entre professor e aluno,
geralmente atende a poucas pessoas, definidas mediante teste de seleção: privilegiam-se
aquelas mais avançadas nas áreas de teoria musical e repertório, em detrimento de iniciantes
na música. O repertório trabalhado nestes espaços baseia-se na tradição européia, e se dá
grande enfoque na técnica de execução e em quesitos como solfejo, leitura e teoria musical.

                                                            
1
  Licenciado em Música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestrando em Educação e
Contemporaneidade pela Universidade do Estado na Bahia (UNEB). Email: ramosjms@hotmail.com. 
Contrapondo-se a este modelo, o ensino coletivo de instrumentos coloca em uma
mesma sala vários aprendizes, cada qual com seu instrumento, tocando juntos. Busca-se o
prazer de extrair sons do instrumento escolhido, que serve como impulso para despertar a
curiosidade musical. O repertório trabalhado é mais diversificado, e as questões teóricas
somente são abordadas depois de vivenciadas na prática. Tourinho (2007, p. 261) afirma que
“o aprendizado se dá pela observação e interação com outras pessoas, a exemplo de como se
aprende a falar, a andar, a comer. [...] A concepção de ensino coletivo será, então, uma
transposição do comportamento inato de observação e imitação para o aprendizado musical”.
Tourinho (2007, p. 261–262, 2008, p. 1-5) apresenta seis princípios básicos aplicados
por educadores que atuam no ensino coletivo de instrumentos:
• Acreditar que todos podem aprender a tocar um instrumento – elimina-se o teste
de seleção, agrupando-se os estudantes por faixa etária, ou por níveis de
desenvolvimento no instrumento.
• Acreditar que todos aprendem com todos – para os estudantes, o educador serve
de modelo, e os colegas são como espelho, onde é possível comparar e avaliar o
próprio desempenho, diminuindo a necessidade de intervenções do educador.
• Planejar e direcionar a aula para o grupo, exigindo do estudante disciplina,
assiduidade e concentração – o estudante que chega atrasado ou falta às aulas
conscientiza-se de que prejudica seu desempenho no grupo.
• Considerar as habilidades individuais no planejamento da aula – as partes, em
músicas com mais de uma voz, podem ser distribuídas conforme o
desenvolvimento de cada um, por exemplo.
• Estimular a autonomia e a decisão dos alunos – pode-se estimular o debate acerca
da escolha da peça a ser estudada, ou das diferentes possibilidades de
interpretação de uma peça, por exemplo.
• Eliminar os horários vagos – se alguns estudantes faltam, o trabalho deve ser
realizado com os presentes, e posteriormente deve-se administrar o progresso dos
faltosos, que talvez precisem sem remanejados para outras turmas, devido ao
desenvolvimento mais lento.
Swanwick (1994, p. 151) afirma que, em um grupo instrumental aprendiz, atividades
importantes são a escuta, o diagnóstico, o debate e a experimentação. A participação em
conjuntos dessa natureza, onde o trabalho analítico é freqüente, traz, como um dos grandes
benefícios, o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, que tendem a se tornar
independentes do educador (ibdem, p. 153).
3. As aulas de sanfona na EOAVT
A EOAVT está ligada à Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes
(Funcaju), unidade da Prefeitura Municipal de Aracaju. Localiza-se no centro da cidade, na
Avenida Pedro Calazans, 737. Fundada em 1984, oferece cursos nas áreas de música, dança,
artes visuais e teatro. A inscrição nos cursos é semestral, e os interessados pagam uma taxa
única de R$ 20,00, dispensada a funcionários municipais e pessoas carentes. O critério para
atendimento, caso a procura pelos cursos seja maior que a oferta de vagas, é a ordem de
inscrição.
As aulas de sanfona acontecem às segundas-feiras, das 15h00min às 19h00min, e às
terças-feiras, das 17h00min às 19h00min. Cerca de 30 alunos estudam o instrumento,
atualmente; o número preciso não pode ser conhecido, devido às eventuais desistências e às
novas inscrições sempre realizadas. Além da aula no instrumento, de caráter prático, os alunos
contam com a aula de teoria musical; ambas possuem duração de uma hora e periodicidade
semanal. Dois educadores revezam-se no ensino da sanfona: Cleston Santos, conhecido por
Tom, autodidata no instrumento, e Luiz Júnior de Almeida.
Os estudantes procuram o curso de sanfona devido ao gosto pelo forró2, mas a
demanda aumentou significativamente após a criação da ORSA. Muitos dos estudantes
revelam o desejo de integrar a orquestra.
As turmas de sanfona possuem até nove alunos, de diversas faixas etárias. As turmas
da segunda-feira são para os “iniciantes”, e as das terças-feiras para os “iniciados”, segundo
Tom. O educador constantemente observa os estudantes e, conforme o desenvolvimento
individual, convida os mais avançados dentre os “iniciantes” a freqüentarem uma turma dos
“iniciados”, para não desacelerar seu aprendizado.
O repertório trabalhado compreende baiões, xotes, marchas e choros tradicionais,
ensinados por imitação do som. Há algum tempo atrás, utilizava-se somente o Método
Mascarenhas3, mas havia grande evasão dos educandos; segundo Tom, muitos afirmavam “ter
medo da partitura”. O educador foi paulatinamente modificando a metodologia, introduzindo
peças de gosto dos estudantes, e o ensino por imitação e cifras. Hoje, o Método Mascarenhas

                                                            
2
Entende-se “forró” enquanto gênero musical que abarca baiões, xotes, xaxados, marchas, concordando com
Quadros Jr. e Volpi (2005, p.127-128).
3
Um dos métodos mais conhecidos no Brasil. Foi escrito na década de 1940, encontra-se na 51ª edição, e possui
linguagem, didática e repertório defasados para os iniciantes no instrumento.
ainda é utilizado, como exercício de técnica, mas somente após um razoável desenvolvimento
teórico dos estudantes.
Notam-se os princípios do ensino coletivo de instrumentos, apresentados
anteriormente, nas aulas de sanfona da EOAVT. Por exemplo, os estudantes observam e
avaliam os progressos individuais; auxiliam-se mutuamente nas dificuldades; compartilham
com os colegas o aprendizado adquirido fora das aulas; alternam-se em tocar melodias,
contracantos e acompanhamentos; o plano de aula feito pelo educador pode ser adaptado, de
acordo com a resposta da turma.
As turmas apresentam-se, junto com estudantes de outros cursos da EOAVT,
semestralmente em teatros da cidade, e eventualmente no projeto “Calçada da Valdice”, em
frente à escola.

4. A Orquestra Sanfônica de Aracaju


O surgimento de orquestras sanfônicas é um fenômeno que tem se intensificado na
região Nordeste. Mediante um rápido levantamento na internet, puderam-se identificar os
seguintes agrupamentos: Orquestra Sanfônica Ronaldo Cunha Lima, criada em 1990, em João
Pessoa – PB; Orquestra Sanfônica de Mossoró – RN, criada em 1999; Orquestra Sanfônica
Potiguar, em Natal – RN, criada em 1999, mantida pela Fundação Municipal de Cultura;
Orquestra Sanfônica de Santa Marta, povoado do município de Corrente – PI, fundada em
2005, mantida pela Fundação Cultural do Piauí; Orquestra Sanfônica do Cariri – PB, criada
em 2006; Orquestra Sanfônica de Oito Baixos, fundada em 2007, em Santa Cruz do
Capibaribe – PE; Frevo Sanfonado Orquestra, criada em 2007, contando com acordeons,
trompetes, trombones, sax, percussão, bateria e vocal, em Timbaúba – PE; Orquestra
Sanfônica de Bezerros – PE; Orquestra Sanfônica do Recife – PE. Também há exemplos
desses conjuntos fora do Nordeste brasileiro, como a Orquestra Sanfônica de São Paulo – SP,
fundada em 1988, e Orquestra Sanfônica de Pato Branco – PR, criada em 2006.
A ORSA foi criada em 2007, por iniciativa da gestão municipal, visando preservar a
cultura popular nordestina e despertar novos sanfoneiros. Sob a regência de Evanilson da
Silva, hoje possui 27 músicos, de diversas faixas etárias, sendo 22 sanfoneiros, quatro
percussionistas e um contrabaixista.
Entre as principais apresentações da ORSA, destacam-se: Forrócaju (anualmente,
desde 2007); 35º Congresso Nacional das Agências de Viagem / Feira das Américas (Rio de
Janeiro – RJ, 2007); I Feira Nacional de Poesia Popular (Olinda – PE, 2007); passagem da
tocha do Pan por Aracaju (2007); I Festival do Nordeste (Brasília – DF, em 2008); Festival
Internacional da Sanfona (Juazeiro – BA, 2009), São João do Pelourinho (Salvador – BA,
2009); programa Altas Horas, na Rede Globo (2010).
Para ingressar na ORSA, o sanfoneiro precisa passar por um teste de seleção. Os
professores da EOAVT trabalham previamente o repertório da orquestra entre os alunos mais
avançados, e aqueles com melhor execução são admitidos na orquestra.
Os integrantes da ORSA são remunerados: recebem por ensaio, e um valor fixo
mensal que cobre até duas apresentações; acima disso, paga-se um cachê por apresentação.
Evanilson destaca a importância desse investimento cultural:

A orquestra veio, de certa forma, resolver o problema de muita gente. Creio


que não só aqui, mas os músicos são mais vinculados a bandas, e tocam
muito pouco durante o ano. Então, a maioria passava muita dificuldade
financeira, por conta de não ter um trabalho contínuo, uma renda fixa.

A orquestra divide-se em três naipes, cada um sob a chefia de um monitor. Dois dos
monitores são os educadores da EOAVT, e o terceiro é Glaubert Messias, que estudou
sanfona com o regente, antes da criação da ORSA.
Os ensaios acontecem na EOAVT, às segundas e quartas-feiras, das 19h00min às
21h40min. Inicialmente, cada naipe reúne-se com seu monitor, e posteriormente reúne-se toda
a orquestra, para a execução da peça em preparação.
A definição do repertório fica a cargo do regente, às vezes com a participação dos
monitores, para posterior aprovação pelo grupo. Integram o repertório músicas tradicionais do
forró, e também choros, bossas-novas, tangos, entre outros gêneros. Os arranjos são feitos
pelo regente, ou em conjunto, pelo regente e pelos monitores. Como a maioria dos
componentes da orquestra não lê música, as partes de cada naipe são gravadas em CD’s, que
são repassados aos sanfoneiros, ou o ensino é feito nos ensaios, por imitação do som, onde o
monitor toca e os integrantes do naipe repetem a sua parte. Entretanto, o regente afirma seu
desejo de que todos os componentes da orquestra venham a conhecer a escrita musical:

A nível de Brasil, mesmo, os sanfoneiros que estudam música são muito


poucos. A maioria não saber ler. E aqui, na escola, a gente está tentando
implementar, dessa forma. Mas é muito demorado, porque a maioria toca há
muito tempo. Tem gente aqui que tem mais de sessenta anos, que tem mais
de quarenta que toca. Mas tem um trabalho lento, que está sendo feito.

Vê-se, portanto, que a ORSA constitui um espaço de educação musical, com ensino
coletivo de instrumento. Segundo o educador Tom, as aulas de sanfona continuam na
orquestra. Pode-se observar, na ORSA, a reprodução do que se observa na transmissão de
conhecimento acerca da sanfona no Nordeste: “basicamente, todo o processo de
aprendizagem é regido apenas pela audição, onde as aproximações e imitação do som tem
sido a mola propulsora do aprendizado” (SILVA, 2009, p. 6).
Um desafio que se apresenta à ORSA é a institucionalização do grupo. Por hora, para
realizar o projeto, a prefeitura repassa os recursos financeiros a uma fundação, que repassa
estes recursos aos músicos. A institucionalização garantiria a perenidade da orquestra,
independentemente da corrente partidária do prefeito que venha a ser eleito. Estudam-se
formas de realizar esta institucionalização, e, a partir daí, realizar concurso público para
contratação dos músicos. Este concurso público revela-se como outro problema, já que,
segundo o regente, seriam encontrados empecilhos na escolaridade e no conhecimento
musical teórico dos atuais integrantes do conjunto.

5. Considerações finais
O ensino coletivo de sanfona na EOAVT corrobora o que afirmam os teóricos,
quanto às possibilidades e benefícios do ensino coletivo de instrumentos. A EOAVT revela-se
como importante espaço de aprendizagem para sanfoneiros, que nela encontram uma
educação musical consistente. Observa-se que uma dificuldade encontrada, pelos educadores,
é a inexistência de métodos contextualizados às expectativas dos aprendizes.
A ORSA, além de ter papel significativo na preservação da cultura popular
nordestina, propicia a troca de conhecimento musical entre seus componentes, configurando-
se como espaço de educação musical, como uma extensão das aulas coletivas de sanfona da
EOAVT. É preciso institucionalizar o grupo, para que este trabalho torne-se permanente.

Referências
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QUADROS JR., Antônio C; VOLP, Catia M. Forró universitário: a tradução do forró


nordestino no sudeste brasileiro. Motriz. Rio Claro, v.11, n.2, p.127-130, mai/ago, 2005.
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SANTOS, Cleston Batista dos. Entrevista concedida em 26 de abril de 2010.

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SILVA, Jaqueline Alves da. Reflexões acerca dos processos de ensino e aprendizagem do
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SWANWICK, Keith. Musical knowledge: intuition, analysis, and music education. London;
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TOURINHO, Cristina. Ensino coletivo de instrumentos musicais na Escola de Música da


UFBA: inovando a tradição, acompanhando o movimento musical do Brasil In: CAJAZEIRA,
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