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HABEAS CORPUS
Art. 5°, LXVIII – Conceder-se á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
ou abuso de poder
NATUREZA:
• Ação constitucional de natureza penal, de procedimento especial que é isenta de
custas (gratuito) conforme o inciso LXXVII, art. 5° da CF, que diz são gratuitas as
ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania.
• Proteção da liberdade de locomoção (direito de ir e vir) que abrange, dentre outras
coisas, o direito de acesso, ingresso e permanência no território nacional, e o direito
de saída deste.
• As ações de habeas corpus não estão adstritas ao pedido ou a causa de pedir. A
ação de habeas corpus trata de direito líquido e certo (aquele que não demanda
dilação probatória para constatar a sua existência. Exige provas pré-constituídas,
que já serão juntadas na petição inicial
ESPÉCIES:
Habeas corpus preventivo: Quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (o indivíduo
está na iminência de ser preso, por exemplo. Nesta situação, poder-se-á obter um SALVO-
CONDUTO para garantir o livre trânsito de ir e vir.
Habeas corpus repressivo: Quando o individuo já teve desrespeitado o seu direito de
locomoção (já foi ilegalmente preso, por exemplo). Nesta situação, poder-se-á obter um
ALVARÁ DE SOLTURA.
Observação: é possível a concessão de medida liminar em habeas corpus, seja ele
preventivo ou repressivo, desde que presentes os pressupostos descritos no texto legal.
LEGITIMIDADE:
Ativa: Qualquer do povo pode impetrar uma ação mandamental de habeas corpus, pois
não requer para isso capacidade postulatória (654, CPP)
Passiva: O habeas corpus será impetrado contra um ato do sujeito coator, que poderá ser
uma autoridade pública, mas também um particular (contra ao agente de um hospital, que
esteja ilegalmente impedindo a saída do paciente, por exemplo.
Observações
• Segundo mandamento do art. 142, parágrafo segundo da Constituição Federal de
1998, “não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”.
Todavia, apesar dessa vedação, o âmbito de abrangência limita-se somente ao
julgamento do mérito dessas punições, então o Poder Judiciário poderá apreciar a
legalidade dessas sanções.
• Não se admite a impetração de habeas corpus em favor de pessoas indeterminadas,
não identificadas pela parte impetrante. Ex: “em favor da coletividade formada por
todas as pessoas que se encontram na situação Y”. (HC 143.704/PR 2017)
DESCABIMENTO
A jurisprudência do STF não admite o cabimento do Habeas Corpus em algumas hipóteses:
• Impugnar decisões do Plenário, de qualquer das Turmas ou de Ministro (decisões
monocráticas) do Supremo Tribunal Federal
• Impugnar determinação de suspensão de direitos políticos
• Impugnar penalidade imposta mediante decisão administrativa de caráter disciplinar,
ou trancar o andamento de correspondente processo administrativo (nessas
hipóteses não está em jogo a liberdade de ir e vir)
• Discutir crime que não enseja pena privativa de liberdade, ou impugnar decisão
condenatória à pena de multa, ou relativa a processo em curso por infração penal a
que a pena pecuniária seja a única cominada
• Impugnar a determinação de quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal, se desta
medida não puder resultar condenação à pena privativa de liberdade;
HABEAS DATA
LEGITIMIDADE:
Ativa: Qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como pessoa jurídica. É uma
ação personalíssima, e somente poderá ser impetrada pelo titular das informações (requer
capacidade postulatória)
Passiva: Entidades governamentais, da administração pública direta ou indireta, bem como
as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de bancos de dados que
contém informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros que não sejam de
uso privativo do órgão ou entidade depositária das informações.
DESCABIMENTO:
O Habeas data não é instrumento adequado para pleitear o acesso a autos de processo
administrativo, tampouco para a obtenção de cópia destes, e também não é instrumento
idôneo para solicitar informações relativas a terceiros, pois sua impetração deve ter por
objetivo assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante.
Observações:
• Na ação Habeas Data, não há necessidade de que o impetrante revele as causas
do requerimento, ou demonstre que as informações são imprescindíveis à defesa de
eventual direito seu, pois o direito de acesso às informações lhe é garantido,
independente de motivação.
• O Habeas Data somente pode ser impetrado diante da negativa da autoridade
administrativa do fornecimento (ou de retificação ou de anotação da contestação ou
explicação) das informações solicitadas. Portanto, para que o interessado tenha
interesse de agir para o fim de impetrar Habeas Data, é imprescindível que tenha
havido o requerimento administrativo e a negativa pela autoridade administrativa de
atende-lo.
• Inexistência de prazo prescricional: A ação de habeas data não está sujeito a um
prazo decadencial ou prescricional.
• Gratuidade da ação: é gratuita a ação do habeas data, não havendo inclusive
honorários advocatícios, mas é exigida a presença de advogado.
MANDADO DE SEGURANÇA
Art. 5°, LXIX: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.
Lei 12.016/2009
LEGITIMIDADE
Ativa: Pessoas físicas (brasileiras ou não, domiciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos
despersonalizados, porém com capacidade processual (chefias do executivo, mesas do
legislativo, por exemplo), universalidade de bens e direitos (espólio, massa falida,
condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares), o Ministério Público, etc.
Passiva: A autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso de poder (autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público)
• Súmula 510, STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência
delegada, contra ela cabe mandado de segurança ou a medida judicial
• Cabe à autoridade coatora a atribuição de prestar informações ao magistrado,
carreando a este elementos e informações que auxiliem na formação da sua
convicção sobre o conflito.
• Além da notificação da autoridade coatora, para que sejam prestadas as
informações, o juiz ordenará também que se dê ciência do feito ao órgão de
representação judicial da pessoa jurídica interessada. (Ex: AGU ou PGM)
PRAZO
• O prazo para impetração de mandado de segurança é decadencial de 120 dias, a
contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado
• Se o ato é de trato sucessivo, o prazo de 120 dias se renova a cada ato
• Súmula 271, STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria
DESCABIMENTO
Não cabe mandado de segurança:
• Do ato a qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de
caução
• Da decisão judicial a qual caiba recurso com efeito suspensivo
• Da decisão judicial transitada em julgado
• Contra lei em tese
• Contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedades de economia mista e de concessionárias de serviços
públicos. Nesses casos, a atuação deles se equipara à atuação de agente privado,
e não de autoridades públicas.
MANDADO DE INJUNÇÃO
• Trata-se de um remédio constitucional colocado à disposição de qualquer pessoa
que se sinta prejudicada pela falta de norma regulamentadora, sem a qual resulte
inviabilizado o exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais. A
preocupação, portanto, é conferir efetiva aplicabilidade e eficácia ao texto
constitucional, para que este não se torne “letra morta” em razão de omissão do
legislador ordinário na sua regulamentação.
• A competência para o julgamento do mandado de injunção é determinada em razão
da pessoa obrigada a elaborar norma regulamentadora, e que permanece inerte.
• O mandado de injunção não é gratuito, e, para sua impetração, é necessária a
assistência de advogado.
• O rito dessa ação mandamental está previsto na lei 13.300/2016.
LEGITIMIDADE
Pode ser impetrado por pessoa natural ou jurídica que se afirmam titulares dos direitos,
das liberdades e das prerrogativas referidas no inciso LXXI, art. 5° da Constituição, mas
para impetrar deve haver capacidade postulatória. O sujeito passivo da ação de
mandado de injunção é o órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma
regulamentadora, que normalmente é o congresso nacional.
DESCABIMENTO
Não cabe Mandado de Injunção:
a) Para discutir a constitucionalidade de norma regulamentadora de direito previsto na
constituição;
b) Diante da falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas
infraconstitucionais;
c) Diante da falta de regulamentação dos efeitos de Medida Provisória não convertida
em lei pelo Congresso Nacional
d) Se a constituição outorga mera faculdade ao legislador para regulamentar direito
previsto em algum de seus dispositivos.
a) pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis;
b) por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados
com a finalidade partidária;
c) por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
d) pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal
AÇÃO POPULAR
Art. 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
• A ação popular visa a defensa de interesse coletivo, e poderá ser usada de modo
preventivo ou repressivo, visando anular ato lesivo ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
• É importante ressaltar que somente o cidadão pode propor ação popular. Cidadão,
para a Constituição Brasileira é a pessoa humana em pleno gozo dos direitos cívicos
e políticos, isto é, que seja eleitor, no gozo da capacidade eleitoral ativa.
• Em tese, também seria possível por equiparação, o português equiparado ao
brasileiro naturalizado propor ação popular, caso houvesse reciprocidade por parte
de Portugal. Entretanto, na prática, nos dias atuais, não há essa possibilidade, em
face da vedação contida na Constituição Portuguesa.
• No polo passivo da ação popular devem figurar:
a) Todas as pessoas jurídicas, públicas ou privadas em nome das quais foi praticado o
ato ou contrato a ser anulado;
b) Todas as autoridades, os funcionários e administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou firmado o contrato a ser
anulado, ou que, por omissos, permitiram a lesão;
c) Todos os beneficiários diretos do ato ou contato ilegal.
• Como se sabe, não existe direito subjetivo à naturalização, ainda que as condições
estejam plenamente atendidas. Isso porque a concessão da naturalização é um ato
de soberania nacional, discricionário do Chefe do Poder Executivo.
• A Constituição diz que são brasileiros naturalizados:
• Naturalização ordinária: são brasileiros naturalizados os que, na forma da lei,
adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Neste
caso, trata-se de uma forma de nacionalidade ordinária, em que o sujeito preenche
os requisitos previstos na lei: a) capacidade civil, de acordo com a lei brasileira; b)
visto permanente; c) saber ler e escrever em português; d) exercer profissão.
Cumpridos estes requisitos, adquire a nacionalidade brasileira. Se ele for de um país
de língua portuguesa, bastará residir no Brasil por um ano e ter idoneidade moral;
• Naturalização extraordinária: são brasileiros naturalizados os estrangeiros de
qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira. Neste caso, a naturalização será concedida, pois não há
discricionariedade do Chefe do Poder Executivo. Há aqui direito subjetivo, pois o
sujeito reside no país há mais de quinze anos, não tem condenação penal e requereu
a nacionalidade brasileira
Primeiramente, é importante frisar que a lei não pode estabelecer distinções entre os
brasileiros natos e naturalizado, as distinções existentes são aquelas previstas
expressamente na Constituição.
2. Art. 89, VII, CF: Função no Conselho da República. O respectivo inciso reserva 6
vagas a brasileiros natos para compor o Conselho da República
3. Art. 5°, LI, CF: O brasileiro nato não pode ser extraditado
4. Art. 222, CF: O Brasileiro naturalizado há menos de dez anos não pode ser
proprietário de empresa jornalística e de radiofusão sonora de sons e imagens.
Tampouco ser sócio com mais de 30% do capital total e do capital volante e participar
da gestão dessas empresas
PERDA DA NACIONALIDADE
A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas hipóteses expressamente previstas na
Constituição Federal, não podendo o legislador ordinário ampliar tais hipóteses, sob pena
de manifesta inconstitucionalidade. São estas as hipóteses previstas no art. 12, parágrafo
4, CF:
I. Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional.
II. Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira, e imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício dos direitos civis.
EXTRADIÇÃO
Nos termos dos seguintes incisos do art. 5°, CF:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
DIREITOS POLÍTICOS
• Conforme dispõe o art. 14, CF, a soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e nos termos da
lei.
• PLEBISCITO: É convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
• REFERENDO: É convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
• SUFRÁGIO: O direito ao sufrágio é materializado pela capacidade de votar e de ser
votado, representando, pois, a essência dos direitos políticos. O direito ao sufrágio
deve ser visto sob dois aspectos: capacidade eleitoral ativa e passiva.
HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE
RELATIVA
• Art.14, parágrafo 5° O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
• Não se exige a descompatibilização, o chefe do Poder Executivo não precisa se
afastar temporariamente do cargo para se candidatar à reeleição.
• O vice-presidente, governador ou prefeito podem também ser reeleitos para apenas
um período subsequente.
• Não pode aquele que foi titular de dois mandatos consecutivos na chefia do
executivo vir a candidatar-se, no período subsequente ao cargo de vice-chefia do
Executivo.
• Não pode o prefeito que já esteja exercendo o segundo mandato sucessivo
candidatar-se novamente ao cargo de prefeito, ainda que, dessa vez, em município
diferente (Proibição da figura do prefeito itinerante)
• Na hipótese de ocorrer a vacância definitiva do cargo de presidente, governador ou
prefeito, o vice assumirá efetiva e definitivamente o exercício da chefia do executivo,
e somente poderá candidatar-se a um único período subsequente.
• Para concorrerem a outros cargos, Presidente, governadores e prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito
REFLEXA
• Art. 14, §7º, CF: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente
da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito
ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
• Este dispositivo trata da denominada inelegibilidade reflexa, eis que incide sobre
terceiros, alcançando somente o território de jurisdição do titular. Ou seja, a mulher
do prefeito não pode ser candidata a vereadora, mas poderá ser candidata a
governadora do Estado.
• O STF ainda vai dizer que se o governador tiver direito à reeleição, mas não o faz,
deixando para que sua esposa o faça, não haverá óbice a isso, eis que, se ele
mesmo poderia se candidatar, não haveria fraude em relação ao cônjuge, sendo este
elegível.
• Inelegibilidade do militar