Você está na página 1de 4

Universidade: Unilicungo

Departamento: De Letras e Humanidade

Cadeira: Metafísica

Estudante: Isabel Benjamin Damião

Noções básicas do ser

O conceito do ser é indefinível dentro do conceito padrão (género, diferença especifica). O ser é
ideia geral. É o género supremo. Limitemo-nos a explicá-lo por termos equivalentes: ser é tudo o
que existe ou pode vir a existir.

Potência e Acto

Aristótele foi quem concebe as noções de potência e acto. O binómio potência-acto, pretende
explicar-nos por que as coisas se transformam umas nas outras. Se aquilo que é pode tornar-se
em outra coisa, é porque algo lhe faltava para poder ser aquilo em que se torna. Este algo que
falta ao ser e lhe dá a possibilidade de ser outro, e o que Aristóteles chama potência (ser-
possível). O que a coisa é presentemente, ou seja aquilo em que se tornou, é o que Aristóteles
chama acto (ser actual). Assim, potência é o ser enquanto determinável e o acto é o ser enquanto
determinado. Os seres transformam-se, recebem novas determinações. A madeira, por exemplo,
torna-se numa mesa, porta, estatua.

Potência

A noção de potência representa, pois, «o poder- ser», intermediário do «ser» e do «não ser». É a
capacidade passiva ou activa de todos os corpos ou coisas tem em si uma capacidade de ser no
futuro um acto.Por ex: a semente tem um conjunto de elementos ou é uma árvore em potência,
no estado passivo. Ela ao germinar no futuro vai ser uma árvore no geral. Todas as coisas finitas
são constituídas de potência em acto. Só o ser subsistente e infinito é o acto puro ou perfeição
plena.
Acto

É tudo aquilo que é a realização, concretização, perfeição, definição. O acto é tudo aquilo que é
perfeição por oposição à potência. Nas coisas materiais a primeira potência é a própria matéria e
o primeiro acto é a forma dizia aristóteles. O conceito ontológico de forma (enteléquia) foi criado
por Aristóteles, em oposição à doutrina das essências, de Platão.

O ser e o devir

O conceito de acto e potência surgiu para resolver o problema do devir. Ora, o lado permanente
das coisas representa o que as coisas são o seu ser. O aspecto mutável representa a
transformação das coisas, o seu devir.

Em outros termos: o ser é a categoria fundamental da permanência, e o devir a categoria


fundamental da mudança. Parménides – responde ao problema de devir da seguinte forma: o
devir é uma pura ilusão dos sentidos, não pode ser uma realidade porque o ser não pode deixar
de ser.

Ente

O Ente é tudo aquilo que existe independentemente de como existe. O Ente é a síntese ou o
“sinolo” entre a essência e a existência. Todo ente é (finito); é entre a existência e essência. Só o
ente infinito (SER) é que, é ser puro, existência pura, acto puro.

O Ente para ser Ente precisa de essência e existência. Ora, refere-se essência o conjunto das
qualidades pelas quais um ser existe e se define. A essência se encontra nos Entes sob três
formas: No ente a partir de si, a essência identifica-se com a existência; Nos entes espirituais
finitos a essência identifica se com a forma; Nos entes materiais a essência é a síntese de matéria
e forma. Existência é a realidade e actualidade da essência.

Diversos tipos de Ente

 Em relação modo de existência o Ente pode ser:


- Ente lógico – ideia, conceito;
- Ente ontológico – as coisas existentes no mundo, os fenómenos.
 Quanto a origem ou proveniência:
- O Ente a partir de si; “Ens a se” – Ente a partir de si, ente incausado;
- O Ente a partir do outro (acidente). “Ens ab alio” – Ente causado por outro, ente
finito.
Graus de ser

O ser não se encontra em todas as coisas no mesmo grau. Eis os principais graus do ser:

O possível-- é o que pode vir a ser. A possibilidade não engloba a existência, mas apenas a
essência ou um conjunto de propriedades que não envolvam contradição. Para que uma coisa
seja verdadeiramente possível, é necessário que não haja contradição nos seus elementos;

O real ou existente – o real é o que existe de facto; já transitou da possibilidade de existir à


própria existência. Há dois graus de realidade: a realidade subjectiva ou pensamento e a
realidade objectiva, independente do pensamento.

A realidade subjectiva envolve uma existência e não apenas uma essência. De facto, quando
penso em prato dou à essência de prato uma realidade mental. O pensamento é, portanto, o
primeiro grau da realidade.

Na realidade objectiva tem vários graus: acidente – seres que existem não em si mesmos, mas
noutro ser. Ex: o tic-tac do relógio ou o prazer que experimentamos; Substâncias – possuem o ser
em maior grau do que os acidentes, que existem nas substâncias;

O necessário – este ser nunca esteve no estado de possibilidade; existiu sempre. É o ser
necessário, o que ocupa o cimo da escala dos seres: o ser que existe por si ou o ser cuja essência
é a própria existência.

Atributos do ser

O ser possuí os seguintes atributos:

Unidade - ser é tudo aquilo que existe ou pode vir a existir. Tudo o que podemos perceber,
imaginar ou conceber, tudo aquilo que existe, em qualquer grau, entra, por este título, no
conceito de ser. Esta noção do ser é perfeitamente una.
Transcendência - O ser, apesar de uno, exprime por si só todos os objectos. A sua extensão não
se esgota ao exprimir uma série de objectos, como por exemplo, acontece com a espécie ou
género que só se podem aplicar aos indivíduos neles contidos e no que eles têm de comum;

O ser, ao contrário, pode referir-se a tudo que existe e abrange não só o que os seres têm de
comum, mas também o que possuem de próprio – é isto que queremos significar com
transcendência do ser.

Analógica – A noção de ser, sendo una e transcendental, não pode ser unívoca; porque não se
aplica a todos os seres do mesmo sentido. Tudo é ser, mas cada ser é ser a seu modo;

Nem equívoca, porque, neste caso, não seria una, porque se tornaria em sentidos diferentes e
todos os seres têm de comum o possuírem a existência em qualquer grau;

É análoga, pois se aplica a todos os objectos que, embora diferentes entre si, têm de comum o
serem alguma coisa.

As categorias do ser

Ao considerarmos, as grandes divisões do ser, verificaremos que ela se aplica a toda imensa
variedade de seres que Aristóteles dividiu em grandes classes chamadas categorias.

Ao erigir a sua tábua de categorias. Aristóteles colocou em primeiro lugar a substância, seguida
de nove acidentes (quantidade, qualidade, relação, acção, paixão, lugar, estado, tempo e habito).
Para Aristóteles substância é o que existe por si exemplo: aquele homem, aquela árvore. E
acidente e o que existe por inerência à substância, exemplo: alta ou baixa, pesado ou leve. Toda
realidade resulta assim de uma síntese de substância e acidentes. A substância corresponde à
parte permanente das coisas. Os acidentes constituem a parte variável. Exemplo: este homem
(substância) já foi novo e hoje é velho (acidentes).

Você também pode gostar