Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2º semestre de 2019
Belo Horizonte - Novembro de 2019
RESUMO
A partir da promulgação da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) em 2012,
o transporte coletivo passou a ser prioridade nas ações de planejamento dos municípios,
com foco em priorização dos sistemas viários. Entretanto, poucos recursos foram
investidos por parte dos municípios, que direcionaram mais investimentos para o tráfego
geral, por meio de infraestruturas que beneficiaram o modo de transporte individual.
Como consequência, em todo o país, as tarifas aumentaram acima da inflação e os tempos
de viagem passaram a ser cada vez maiores devido aos congestionamentos, tornando o
transporte público por ônibus o mais afetado do Brasil. O transporte coletivo apresenta
mais vantagens que o transporte individual em termos de aproveitamento da capacidade
da via, emissão de poluentes, consumo de energia por passageiro e custo de viagem,
sendo, portanto, justificada sua priorização sempre que possível nas vias públicas das
cidades, para atrair novos usuários ao sistema e devolver o espaço nas vias ao transporte
da maioria da população. As medidas de priorização de vias para ônibus podem ser
simples e localizadas em determinados pontos, ou complexas, impondo infraestrutura
específica como Corredores Centrais ou Bus Rapid Transit (BRT). As estruturas habituais
de priorização dos ônibus são as faixas exclusivas e os corredores. As faixas exclusivas,
localizadas à direita das vias, devem possuir proibição de circulação de automóveis. Já os
corredores de ônibus têm infraestrutura mais segregada e podem ter diferentes níveis de
configuração. Não há dúvidas de que os desempenhos operacionais dos ônibus estão
diretamente ligados às características físicas e funcionais de sua operação. Não há um
tipo de priorização de ônibus que possa se confirmar superior aos demais, a questão
consiste em determinar para cada modelo de priorização adotado, a melhor relação entre
investimento e eficiência operacional.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana, Priorização de Transporte Público por ônibus,
Desempenho Operacional.
1
1. INTRODUÇÃO
2
preferência pelo automóvel colocaram as pessoas expostas ao estresse e ansiedade
causados pelos demorados deslocamentos diários (ITDP, 2019).
O transporte coletivo apresenta mais vantagens que o transporte individual em
termos de aproveitamento da capacidade da via, emissão de poluentes, consumo de
energia por passageiro e custo de viagem, sendo, portanto, justificada sua priorização,
sempre que possível, nas vias públicas das grandes cidades (QUADROS JUNIOR, 2011).
Os poderes públicos precisam tomar medidas para atrair novos usuários ao
sistema, e consequentemente aumentar a receita e seu desempenho operacional. A
implantação de sistema de priorização de ônibus pode melhorar expressivamente o
desempenho do transporte público por ônibus (SILVA, 2005). Diante disto, este trabalho
busca analisar as características físicas e funcionalidades das vias exclusivas, a fim de se
compreender as características que são mais apropriadas para um melhor desempenho
operacional dos ônibus coletivos.
3
Gráfico 01 – Percentual de população atendida por sistema prioritário de ônibus
A análise da tabela acima mostra que Porto Alegre se destaca como a capital
com a maior proporção de corredores e faixas de ônibus que é de aproximadamente 4,6%
das vias da cidade. Chama a atenção que nenhuma das capitais brasileiras tem prioridade
4
para o transporte coletivo em mais de 5% das suas vias totais (CALABRIA; ALVES,
2018).
As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre têm as maiores
quantidades de corredores de ônibus, que permitem desempenho dos ônibus próximo aos
modais sobre trilhos, em termos de passageiros transportados. Observa-se ainda que, as
cidades São Paulo, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte se destacam pelo investimento em
faixas de ônibus, as quais não têm a mesma capacidade dos corredores, mas já apresentam
melhorias expressivas no transporte público, propiciando melhor fluidez no transporte
coletivo, seguindo as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (CALABRIA;
ALVES, 2018).
Nos últimos 30 anos, as iniciativas voltadas ao transporte coletivo foram
negligenciadas em decorrência da falta de prioridade e de infraestrutura. Como
consequências, se verificam altas taxas de congestionamentos, redução de passageiros,
aumento de tarifas e desigualdades sociais. Priorizar o ônibus nas vias públicas se
caracteriza então, como potencial para recuperar espaço nas vias e devolvê-los ao
transporte da maioria da população. A partir desta mudança de paradigma, do individual
para o coletivo, rapidamente podem ser percebidos a confiabilidade do sistema, melhoria
na velocidade operacional e nos tempos de viagens e redução de custos operacionais
(NTU, 2013).
Os sistemas de priorização do transporte apresentam necessidades de menores
investimentos quando comparados aos sistemas sobre trilhos, são flexíveis a pequenas
alterações de demandas e utilizam tecnologia veicular, que é altamente consolidada no
país, com parque industrial e experiência acumulada em operação e manutenção
(BRASIL, 2015).
As vias com alta frequência de ônibus e muitos pontos de embarque e
desembarque de passageiros necessitam de soluções que proporcionem prioridade ao
transporte público por ônibus, permitindo operações com maiores frequências e
velocidades comerciais. Estas medidas podem ser simples e localizadas em determinados
pontos, como por exemplo, o reposicionamento de um ponto de parada ou a supressão de
estacionamentos de automóveis. Podem ainda ser complexas, impondo infraestrutura
específica como Corredores Centrais ou Bus Rapid Transit (BRT) (BRASIL, 2015).
Segundo Calabria e Alves (2018), as estruturas habituais de priorização dos
ônibus são as faixas exclusivas e os corredores. As faixas exclusivas, localizadas à direita
das vias, devem possuir proibição de circulação de automóveis. Já os corredores de ônibus
5
têm infraestrutura mais segregada e podem ter diferentes níveis de configuração. O
sistema Bus Rapid Transit (BRT), se caracteriza pelo modelo mais ideal para as grandes
cidades e possui infraestrutura mais moderna, com faixa de ultrapassagem, embarque em
nível por plataformas e cobrança de tarifa fora do ônibus.
Nos últimos anos, as faixas exclusivas têm demonstrado seu potencial para
aumentar a qualidade e eficiência do transporte coletivo. Muitas cidades tiveram êxito em
experiências que contribuíram para aumentar a velocidade operacional, a qualidade e a
redução de custos dos serviços ofertados aos cidadãos. Apesar de serem reconhecidos os
benefícios com a implantação de faixa exclusivas, as intervenções físicas e operacionais
têm reduzido durante os anos, em função principalmente do aumento expressivo no uso
do automóvel (NTU, 2013).
As faixas exclusivas são uma combinação de vários elementos simples, que
contribuem para um sistema prioritário e eficiente do transporte público por ônibus. As
especificidades de cada faixa exclusiva implantada são muito heterogêneas e a quantidade
de elementos presentes vai determinar sua sofisticação e eficiência. Conforme as figuras
02, 03 e 04, os principais elementos das faixas exclusivas são (NTU, 2013):
6
Faixa contínua de sinalização horizontal: demarca o espaço na via
destinado à circulação prioritária do ônibus;
Faixa não contínua de sinalização horizontal: sinaliza na via a área na
qual os veículos particulares podem realizar conversões à direita;
Ondulação transversal (tachão): trata-se de um elemento físico de
dimensões reduzidas que têm a função de separar o espaço destinado ao
ônibus e inibir a invasão de outros veículos;
Placas de sinalização vertical: indica a proibição de circulação para
veículos não autorizados;
Radar eletrônico: equipamento eletrônico para fiscalizar por meio da
detecção de presença, a utilização do espaço prioritário aos ônibus por
outros veículos;
Recuo (baia) da parada de ônibus: pequena modificação na via para as
operações de embarque e desembarque de passageiros dos ônibus, sem
interferir no fluxo dos outros ônibus na faixa exclusiva.
7
Figura 04 - Elementos das faixas exclusivas (c)
Esta faixa exclusiva não permite ultrapassagem, conforme figura 05 e por isto, é
recomendável que o embarque e desembarque de passageiros sejam realizados em baias,
que usam recuo das calçadas para parada dos ônibus (NTU, 2013).
8
2.1.1.2 Configuração 2: vias com três faixas de tráfego
9
2.1.1.4 Configuração 4: vias de trânsito rápido
10
itinerários, horários e mapas) e câmeras de monitoramento para identificar veículos não
autorizados nas faixas preferenciais (NTU, 2013).
A implantação de faixa exclusivas para ônibus restringe a circulação para
veículos que não sejam os ônibus, permitindo a estes veículos apenas conversão à direita
para acessos aos imóveis (BRASIL, 2015).
Teoricamente, os sistemas de prioridade para ônibus requerem a supressão de
faixas do tráfego, porém, promove maior equidade no uso do espaço viário, uma vez que
o transporte coletivo tem capacidade de transportar mais pessoas nas vias em comparação
com o transporte individual motorizado (BRASIL, 2015).
11
interfere no corredor para acessar imóveis ou realizar conversões à direita. Nestes casos,
as conversões à esquerda pelos outros veículos devem ser permitidas apenas em casos
excepcionais e controladas por semáforos. Outro benefício é que as calçadas do lado
direito ficam livres de interferências dos pontos de parada e de seus abrigos, melhorando
as condições de circulação dos pedestres (BRASIL, 2015).
Os corredores centrais permitem uma maior priorização ao transporte coletivo e
podem ser segregados fisicamente do fluxo geral de trânsito por meio de canteiros ou
apenas com sinalização horizontal constituída por linha contínua (BRASIL, 2015).
A implantação de corredores centrais requer intervenções na infraestrutura,
como a implantação de estações com plataformas, pavimento rígido nos pontos de parada
e, se possível em toda a extensão do corredor, além de faixas de ultrapassem nos pontos
de parada. Para a implantação deste sistema, podem ser necessários altos investimentos
financeiros, caso sejam necessárias desapropriações (BRASIL, 2015).
Estas vias oferecem melhores circunstâncias para operações com veículos de
maior capacidade para transporte de passageiros e estações no mesmo nível de acesso dos
veículos (PERON, 2015).
12
Acessibilidade universal;
Sistemas de monitoramento e controle operacional;
Racionalização do sistema de transporte alimentador do sistema BRT;
Prioridade semafórica.
13
Os gestores públicos devem levar em consideração que os sistemas BRT, embora
apresentem economia de escala e racionalização da rede, agregam novos custos
operacionais que podem resultar em custos globais (BRASIL, 2015).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
14
BRASIL. Ministério das Cidades; Banco Nacional de Desenvolvimento. Guia TPC –
Orientações para seleção de tecnologias e implementação de projetos de transporte
publico coletivo. Brasília, 2015. Disponível em <
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/14921>. Acesso em 02 de novembro de
2019.
15