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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA DA

FAMÍLIA DA COMARCA DE XXX/XX

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO – ALIENAÇÃO PARENTAL


Conforme artigo 4º da Lei nº 12.318/2010

XXX, brasileira, divorciada, do lar, portadora do documento de identidade nº xxx, inscrita


no CPF sob o nº xxx, residente e domiciliada na Rua xxx, nº xxx, Loteamento xxx, Bairro
xxx, Município de xxx/xx, CEP xxx, nã o possui endereço eletrô nico, por sua advogada,
regularmente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil/xx, com escritó rio profissional na
Avenida xxx, nº 45, Bairro xxx, em xxx/xx, CEP xxx, onde recebe intimaçõ es, com endereço
eletrô nico: xxx, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos
artigo 227 da Constituiçã o Federal, cumulado com os artigos 1.585 e 1.586 do Có digo Civil,
artigo 2º da Lei 12.318/2010 e demais previsõ es legais, propor a presente
AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS C/C DECLARAÇÃO DE ALIENAÇÃO
PARENTAL E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
Em face de XXX, brasileiro, divorciado, operador industrial, portador do documento de
identidade nº xxx - SSP/xx, inscrito no CPF sob o nº xxx, residente e domiciliado na Rua xxx,
nº xxx, bairro xxx, em xxx/xx, CEP xxx, endereço eletrô nico desconhecido, pelas razõ es de
fato e de direito a seguir expostas:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, tem-se que a Requerente é do lar e se encontra amparada apenas pelo salá rio
maternidade, pago mensalmente pelo INSS, no importe de um salá rio mínimo, ou seja, R$
998,00 (novecentos e noventa e oito reais), conforme extratos bancá rios e carteira de
trabalho que segue anexa.
Dessa forma, a Requerente faze jus ao benefício da justiça gratuita, nos termos da
documentaçã o anexa (CTPS, extrato bancá rio e declaraçã o de hipossuficiência), conforme
disposiçã o do artigo 98 do Có digo de Processo Civil.
II - DA AUDIÊNCIA PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO
Nos termos do art. 319, VII, do atual Có digo de Processo Civil, a Requerente informa que
tem interesse em resolver a lide de forma consensual, pois pretende dirimir o litígio de
forma célere.

III - DOS FATOS


No ano de 2017, a Requerente e o Requerido ingressaram com pedido de divó rcio, através
do processo de nº xxx, autuado na xxª Vara da Família desta Comarca, conforme có pia que
segue anexa.
Nesses autos, restou estipulado e pactuado entre os genitores que a guarda da filha em
comum, xxx, seria exercida de forma unilateral pela Requerente, como bem comprova o
Termo de Guarda e Responsabilidade Definitivo que segue anexo.
Por conta disso, estipulou-se que as visitas do Requerido à infante deveriam ocorrer em
finais de semana alternados, com início no sá bado as 9h e término previsto para domingo
as 18h, conforme demonstra o trecho extraído do processo, vejamos:
(có pia dos termos que estipularam as visitas)
Desse modo, o acordo restou homologado por este Juízo no dia 20 de setembro de 2018 e a
sentença transitou em julgado em 05 de fevereiro de 2019.
Ocorre que, Excelência, em todo esse lapso temporal apó s a separaçã o dos genitores, o
genitor, ora Requerido, buscou a sua filha para as visitas em apenas uma
oportunidade, mais precisamente em 07 de julho de 2018, no aniversário daquela.
Apó s este dia, o Requerido nã o procurou mais a menor, nã o entra em contato e tampouco
vem buscá -la para as visitas.
Destaca-se, desde logo, que não há e nunca houve qualquer impedimento ou
proibição, por parte da Requerente, para que as visitas ocorram. Além disso,
informa-se que a Requerente também não possui contato com o Requerido, não sabe
onde o mesmo reside e não possui o telefone daquele.
No entanto, para sua surpresa, no mês de março de 2019, o Requerido “invadiu” a
residência da Requerente, com reforço policial, a fim de buscar xxx a força, alegando que
nã o estava conseguindo exercer seu direito de visitas, pois a Requerente o estava
impedindo.
Entretanto, diferentemente do que alegou o Requerido, desde a ú ltima visita ocorrida na
casa do genitor, é a que menor nã o está mais querendo visitá -lo, pois alega que a madrasta,
xxx, a maltrata. Ao chegar em casa, xxx relatou a sua genitora, ora Requerente, que A
MADRASTA “CUSPIU” EM SEU PRATO, PUXOU SEUS CABELOS E A INTIMIDOU COM
PALAVRÕES.
Em virtude disso, a Requerente lavrou Boletim de Ocorrência, o qual foi registrado sob o nº
xxx, que segue anexo, onde relatou que o Requerido tentou buscar a menor a força,
valendo-se de reforço policial, mesmo que nã o houvesse necessidade para tanto.
Excelência, por conta dessa atitude descabida e inadmissível, a infante vem apresentando,
desde aquele fatídico dia:
• dificuldades de se relacionar;
• redução no seu desempenho na escola;
• faz suas necessidades fisiológicas na roupa;
• não fica mais sozinha em qualquer ambiente;
• só dorme com luz acesa e na companhia da mãe;
Nã o vendo outra saída, a Requerente solicitou encaminhamento psicoló gico para sua filha
xxx, a fim de tratar os seus traumas.
Conforme “Relató rio Psicoló gico” que segue anexo, a psicó loga xxx, acompanhou xxx em 6
(seis) sessõ es de aproximadamente 60 (sessenta) minutos, em dias alternados. Neste
acompanhamento, restou confirmado os medos que surgiram na menor, por conta
da discussão ocorrida entre os pais, no mês de março do corrente ano.
Ademais, HÁ UM PROCESSO DE MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA DA INFANTE XXX
EM FACE DA MADRASTA, xxx, o qual foi autuado sob o nº xxx e tramita na xxª Vara Crime
desta Comarca.
Em tal processo, conforme decisã o anexa, restou DEFERIDA pelo Magistrado a medida
protetiva de urgência, consignando-se os seguintes termos:
(colar trecho da medida protetiva deferida)
Ressalta-se, ademais, que a decisã o foi proferida em 15 de maio de 2019 e AINDA ESTÁ EM
VIGOR.
Assim, em virtude de todos esses acontecimentos e, ainda, em respeito ao direito de visitas
a ser exercido pelo Requerido, a Requerente pleiteia que as visitas anteriormente
acordadas no processo de divó rcio, em finais de semana alternados, com início no sá bado
as 9h e término previsto para domingo as 18h, SEJAM MODIFICADAS PARA APENAS UM
DIA, AOS SÁBADOS, SEM PERNOITE E NA AUSÊNCIA DA MADRASTA, ante todo o
histórico de alienação parental provocado pelo Requerido e sua atual companheira.

IV – DO DIREITO

IV.1 – Da existência de alienação parental


No caso concreto, há inú meras provas onde a criança externou que vivenciou situaçõ es de
constrangimento e que indicam alienaçã o parental praticada pela madrasta e consentida
pelo Requerido, visto que elas nã o cessaram.
O discurso de xxx é espontâ neo e coerente, reafirmando os conflitos envolvendo as atitudes
da madrasta, onde descreve os comportamentos desagradá veis daquela e desconforto em
decorrência desses episó dios.
Essas ocorrências, Excelência, estã o refletindo, ainda, em sérios problemas que atrapalham
a evoluçã o psicoló gica e emocional da infante, fato este que poderá ser melhor
demonstrado por meio de Estudo Social a ser realizado pelo Juízo.
Por isso, os documentos que acompanham a presente retratam e deixam bem claro o
desconforto vivido pela infante no lar paterno. Assim, certo é que, até melhor averiguaçã o
da realidade vivida pelas partes, deve ser determinada a redução do encargo a fim de
preservar o bem-estar da criança, conforme será requerido a seguir.

IV.2 - Da modificação das visitas


Os artigos 1.589, do Có digo Civil, e 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente, versam que
é direito fundamental da criança e do adolescente ser criado e educado com a sua família,
sendo assegurada a convivência familiar, e que aquele que nã o detém a guarda, poderá
visitá -los e tê-los em sua companhia.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação. (grifei).
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu
desenvolvimento integral. (grifei).

Diante disso, conforme já mencionado anteriormente, no divó rcio das partes ocorrido
através do processo de nº xxx, autuado na xxª Vara da Família desta Comarca, restaram
fixadas as visitas em favor do Requerido, em finais de semana alternados, com início no
sá bado as 9h e término previsto para domingo as 18h, além das datas comemorativas e
férias escolares.
Ocorre que, diante de todos os episódios que vem acontecendo, conforme já relatado,
o direito de visitas do Requerido em relação a menor PRECISA SER MODIFICADO
para o bem-estar psicológico e emocional de xxx.
Além disso, é preciso convencionar as visitas do pai com a filha NA AUSÊNCIA E SEM
QUALQUER ENVOLVIMENTO DA SUA ATUAL COMPANHEIRA, xxx, ante as atitudes
descabidas com a infante, tendo em vista que existe uma medida protetiva de urgência em
vigor, a qual está autuada sob o nº xxx e tramita na xxxª Vara Crime desta Comarca,
conforme anteriormente mencionado e demonstrado.
Ademais, em caso aná logo e recente, assim decidiu o Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE DIREITO DE VISITA C/C DECLARAÇÃO DE ALIENAÇÃO
PARENTAL. DECISÃO QUE ALTEROU O PERÍODO DE VISITA. IRRESIGNAÇÃO DO GENITOR. ALEGADA PRESENÇA DE
VÍCIO, COM FULCRO NO ART. 1.017, INCS. I E II DO CPC/2015. INSUBSISTÊNCIA. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS
EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.017, § 5º, DO MESMO DIPLOMA. PRELIMINAR
AFASTADA. RECOLHIMENTO DO PREPARO RECURSAL. PLEITO DE CONCESSÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
PREJUDICADO. PRÁTICA DE ATO INCOMPATÍVEL. RESTABELECIMENTO DAS VISITAS NOS MOLDES DELINEADOS
ANTERIORMENTE. DESCABIMENTO. RELATÓRIO PSICOLÓGICO, VINCULADO À TERMO CIRCUNSTANCIADO, QUE
INDICA A OCORRÊNCIA DE MAUS-TRATOS POR PARTE DA MADRASTA. ELEMENTOS PROBATÓRIOS QUE
JUSTIFICAM A LIMITAÇÃO TEMPORÁRIA DO DIREITO DE VISITA DO GENITOR. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DO
MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO, EM PARTE, E DESPROVIDO. (TJSC,
Agravo de Instrumento n. 4015917-37.2018.8.24.0900, de Navegantes, rel. Des. Rubens Schulz, Segunda Câmara
de Direito Civil, j. 11-04-2019). (grifei)

Assim, visando o melhor interesse da menor, a Requerente pleiteia pela modificaçã o das
visitas do Requerido a infante xxx, objeto que requer da seguinte forma:
1. Aos finais de semana de forma alternada, ou seja, um final de semana com a
Requerente e outro com o Requerido, devendo o Requerido buscar a menor na
residência da Requerente às 9h do sábado e entregá-la as 18h DO MESMO DIA,
ou seja, sem pernoite;
2. Aos feriados, também de forma alternada, ou seja, um feriado com a Requerente e
outro com o Requerido, devendo o Requerido buscar a menor na residência da
Requerente à s 9h e entregá -la as 18h DO MESMO DIA, ou seja, sem pernoite;
3. No dia dos pais, a menor deverá passar o dia com o Requerido, e este deverá buscar a
menor na residência da Requerente à s 9h e entregará as 18h, DO MESMO DIA, ou seja,
sem pernoite;
4. No Natal e Ano Novo, também de forma alternada, ou seja, no primeiro ano, o natal
será com a Requerente e o ano novo com o Requerido; no ano seguinte, o natal será
com o Requerido e o ano novo com a primeira Requerente. Por isso, NO NATAL, cabe
ao Requerido buscar a menor na residência da Requerente às 9h e entregá-la as
18h DO MESMO DIA, ou seja, sem pernoite. Já no ANO NOVO, cabe ao Requerido
buscar a menor na residência da Requerente as 9h do dia 31/12 e entregá-la as
9h do dia 01/01, sendo que este pernoite deverá ocorrer SEM A PRESENÇA DA
ATUAL COMPANHEIRA DO REQUERIDO.

IV.3 – Da tutela de urgência antecipada


De acordo com o atual Có digo de Processo Civil, em seu art. 300:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1ºPara a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade
dos efeitos da decisão. (grifei).

No presente caso, a intenção da primeira Requerente, no que concerne a uma tutela


de urgência antecipada, diz respeito à MODIFICAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS, desde
logo.
Vê-se, entã o, que os requisitos necessá rios para a concessã o da tutela de urgência
antecipada sã o presentes no caso em questã o.
No que tange ao requisito da probabilidade do direito, está visivelmente estampado nos
autos, haja vista que tal possibilidade existe junto à jurisprudência e artigos de lei. Além
disso, caso Vossa Excelência entenda necessário, em momento anterior à análise do
pleito antecipatório, tal fato poderá ser comprovado através de ESTUDO SOCIAL, a
ser realizado com urgência pelo Juízo.
Por sua vez, o perigo de dano consiste na situaçã o da POSSÍVEL DEMORA NA
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL POSTULADA, situação, esta, que prejudicaria ainda mais
o desenvolvimento da menor, tendo em vista as articulações provocadas pela
madrasta e consentidas pelo Requerido, além de existir uma medida protetiva de
urgência em vigor, uma vez que, em caso de concessã o da antecipaçã o dos efeitos da
tutela, os direitos da criança poderã o ser da melhor forma resguardados e amparados.
Com isso, pleiteia a Requerente que, seja concedida a tutela de urgência antecipada,
em caráter liminar, para que seja deferida, desde logo, A MODIFICAÇÃO DO DIREITO
DE VISITAS do Requerido em relação a menor, as quais deverão ocorrer em sábados
alternados, entre as 9h e às 18h, devendo este buscar e devolver a infante na
residência da genitora no mesmo dia, ou seja, sem pernoite, ALÉM DE PROIBIR
QUALQUER CONTATO COM A MADRASTA, em virtude da existência de uma medida
protetiva de urgência em vigor, em face daquela.

V – DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) O recebimento e o processamento da presente demanda, com a autuaçã o e registro dos
autos;
b) O deferimento da tutela de urgência pleiteada, em caráter liminar, para que,
desde logo, seja procedida A MODIFICAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS do Requerido
em relação a menor, as quais deverão ocorrer em sábados alternados, entre as 9h e
às 18h, devendo buscar e devolver a infante na residência da genitora no mesmo dia,
ou seja, sem pernoite, ALÉM DE PROIBIR QUALQUER CONTATO COM A MADRASTA
,em virtude da existência de uma medida protetiva de urgência em vigor, em face
daquela;
c) Ao final, seja a presente açã o julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para:
• modificar e regulamentar o direito de visitas do Requerido em relaçã o a menor,
conforme descrito no item IV.1 desta inicial;
• confirmar, em definitivo, a tutela de urgência antecipada pleiteada, nos termos já
expostos;
d) A intimaçã o do Requerido para comparecimento em audiência de conciliaçã o a ser
designada por este Juízo;
e) A citaçã o do Requerido, para, querendo, contestar a presente açã o no prazo legal;
f) A realização de Estudo Social, pelo Juízo, na residência da Requerente e do
Requerido;
g) A condenaçã o do Requerido ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios;
h) Seja deferido o benefício da Justiça Gratuita a Requerente;
i) A intimaçã o do Ministério Pú blico para acompanhar o feito;
j) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidas, inclusive a oitiva da
infante e depoimento pessoal do Requerido;

Dá -se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Local, data
OAB/XXX

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