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Versão 2
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RESUMO
Neste capítulo você vai obter a informação necessária para que seu roteiro
“aconteça”. Vai ver que ele é parte de uma série de documentos necessários tanto
para viabilizar o projeto em concursos, editais e financiamento tanto para orientar a
equipe de criação. Vai saber também porque essa série de documentos é chamada
de “Bíblia”.
1 A JORNADA DE UM ROTEIRO
O medo faz parte da vida, não há nada que possamos fazer, mas o orgulho
e a sensação de dever cumprido têm uma trajetória: a “Bíblia” do projeto.
Chamamos de bíblia, mas poderia se chamar vade mecum, como um livro de direito.
Na bíblia está tudo que é necessário saber sobre um projeto de roteiro.E tudo
começa com uma ideia.
A ideia é o átomo (...) Dizem que a melhor forma de se encontrar uma agulha num
palheiro é sentando-se nele. Se sentir a picada, encontrou a agulha. Nada vem do
nada. E muito menos as ideias, produto de três vertentes: vivéncia, leitura e
imaginação. (REY, 2007, p. 7)
E se uma mulher comum descobrir sem querer que tem super poderes?
Premissa resolvida.
1. 1. 3 Logline, storyline
Uma tímida operadora de telemarketing usa seu super poder para ajudar as
pessoas.
Uma tímida operadora de telemarketing usa seu super poder para ajudar as
pessoas, mas um colega desconfiado e ciumento a persegue.
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Uma tímida operadora de marketing usa seu super poder para ajudar as pessoas,
mas um colega desconfiado e ciumento a persegue. O estresse pode levá-la a
perder o poder quando ela mais precisar.
Temos a logline. Você assistiria a esse filme? Ele despertou sua curiosidade?
Tomara que sim, mas por segurança façamos também uma tagline. Uma só linha,
uma propaganda para despertar o interesse das pessoas.
Quem vê aquela menina tímida nem imagina o que ela é capaz de fazer.
1. 1. 4 Sinopse
Mariana, uma tímida operadora de marketing, descobre por acaso que tem o poder
de falar com objetos. Usando esse poder, ela pede aos reclamantes, como quem
não quer nada, que fiquem perto do produto defeituoso e, usando de uma linguagem
cifrada, conserta os produtos e com isso fica em primeiro lugar em todas as
avaliações feitas entre seus colegas. João, que trabalha na baia ao lado, desconfia
de tanta eficiência e passa a perseguir Mariana, a princípio discretamente e depois
cada vez mais ameaçador.
Até que, um dia, recebe a ligação desesperada de um ladrão adolescente. Ele está
preso dentro de um carro que pretendia roubar, e o ar está acabando. Mariana quer
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chamar a polícia, mas o garoto ameaça se matar. Ele sabe do poder e quer que ela
fale com o carro, mas isso terá que ser feito pessoalmente pois o carro trancado não
ouve por dentro. Mariana terá ir até o estacionamento onde está o carro. Ao tentar
sair disfarçadamente é interceptada por João, que a chantageia. O tempo está
passando.
O segundo ato resumido, só falta falar, mas não muito, do que acontece no
terceiro. Não entregar o final de bandeja, e sim deixar um suspense.
Não tendo outra saída, Mariana revela seu segredo a João, que inesperadamente se
dispõe a ajudá-la. Ao chegar ao estacionamento, uma surpresa os espera: o vidro do
carro está quebrado, o alarme tocando e o garoto sumiu. João também some. O
dono chega, a toma por assaltante e chama a polícia. Agora Mariana terá que provar
sua inocência, encontrar o garoto e descobrir se João está ou não do seu lado. E
terá que usar seu poder de maneira arriscada e perigosa se quiser salvar vidas,
inclusive a sua própria.
A sinopse não tem um número fixo de páginas, pode ter uma só, melhor não
passar de 5 para não virar argumento (veja adiante)
1. 1. 5 Os personagens
Por isso tudo, seu projeto deve ter uma lista dos personagens. Pode ser
chamada de “descrição”, ou de “biografia”. Existe muita literatura sobre como se criar
um personagem, do mais simples ao mais profundo. Para começar, pode-se
preencher uma ficha para cada um. Veja a de Mariana, a moça do super poder:
IDADE 21 anos
“2) GREGGS -- detetive de narcóticos, negra, 25-35, sem muito treino para
investigações sofisticadas mas aprende rápido. Ela é a causa principal, se bem que
não tenha intenção, da vocação para infelicidade de McArdle (o protagonista). Mas
ela pretende segui-lo, pois percebeu sua própria aptidão para o jogo. Uma protegida
do nosso terceiro protagonista, Tenente Daniels, vai sendo mais atraída para a
órbita de McArdle conforme o caso progride. Para tristeza pessoal de McArdle, é
lésbica.”
Figure 0.2 Sonja Sohn (Greggs) e Dominic West (McArdle) em The wire (A escuta), 2002
Fonte: Google 2018
1. 1. 6. Argumento
tempo presente do verbo. O número de páginas varia, mas tende a ter cerca de 10%
do número de páginas do roteiro. Algumas a mais ou a menos não fazem muita
diferença, dependendo do seu poder de concisão. Só não pode se perder em longos
discursos filosóficos e estéticos, porque deve conter única e exclusivamente o que
vamos ver no seu filme. Veja como ficariam os primeiros parágrafos do argumento
da história de Mariana de Souza:
Um dia na vida de Mariana: sai de casa, como sempre um pouco atrasada, pega o
ônibus, desce na estação do metrô, chega no trabalho. João faz a velha piada de
sempre: “Muita balada ontem, princesa?” Mariana faz cara de quem vai matá-lo, ele
ri. Começam o atendimento, marmita no refeitório, sorvete no carrinho da esquina,
passa sem respirar pela fumaça que João emite bem na porta. À noite, na faculdade,
é acordada pelo colega que diz que a aula acabou.
Novo dia, mesma rotina com ligeiras diferenças. É sexta-feira. Responde para João
que não é princesa de lugar nenhum e que se ele continuar com as graças vai
reclamar com a supervisora, ele faz um discurso machista. Mariana volta do almoço
meio estressada, atende um homem com voz de velho maluco reclamando que o
barbeador elétrico que comprou há seis meses parou de funcionar. Um ruído, é o
homem batendo com o barbeador no telefone fixo. Mariana suspira suavemente e
fala que ela entende o que ele passa com o barbeador e que apesar de estar fora da
garantia vai tentar conseguir uma troca, mas que antes precisava de informações.
Pergunta sobre o barbeador como uma gestora de ONG perguntaria para alguém
que reclama do cachorrinho que adotou. O homem para de interrompê-la, faz-se um
silêncio e Mariana ouve o barbeador funcionando.
Na casa do homem com voz de velho vê-se que ele é velho mesmo, sozinho e com
barba muito mal-feita. Quando o barbeador começa a funcionar do nada ele leva um
susto. Olha bem para o aparelho e diz a Mariana que não quer mais trocar.
Mariana vai para um bar com sua amiga Tati e conta a história do barbeador. Um
rapaz boa pinta sentado sozinho na mesa ao lado presta atenção e quando as duas
saem segue Mariana com os olhos, encantado.
Na segunda-feira, Mariana fala com seu novo jeito com uma moça que reclama da
batedeira. Mariana pede para que ela vá para perto do aparelho, e a moça diz que
ela parou de esparramar a massa. João passa atrás de Mariana, vindo do banheiro,
e ouve o fim da conversa.
E por aí vai. O leitor do seu projeto tem que ter uma visão do audiovisual,
diferente da imaginação que se usa quando lemos um livro, por exemplo. Aí cada
um imagina o que quer. As imagens do argumento têm que ser mais explícitas,
porque são suas e não dele.
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1.1. 7 Escaleta
CENA 1. MONTAGEM
Mariana sai de casa com celular na mão, corre para pegar o ônibus, entra na
estação do metrô, chega correndo na porta do trabalho, chega ao seu lugar, deixa-
se cair na cadeira.
CENA 2. TRABALHO
A cara de João aparece por cima da divisória da baia, os dois trocam poucas
palavras, ele chato, ela de saco cheio. Mariana começa o atendimento, a cara de
João some. Elipse de tempo.
CENA 3. MONTAGEM
Mariana tira os fones, come rápido com Tati no refeitório, vai com Tati comprar
sorvete na esquina, as duas prendem a respiração quando voltam e João está
fumando bem na porta. Mariana dorme na carteira da sala de aula, um colega bate
no ombro dela “a aula acabou.”
CENA 4. MONTAGEM UM POUCO MAIS ACELERADA
Mariana sai de casa com celular, pega ônibus, entra na estação do metrô, entra no
trabalho, João vai falar ela faz um gesto com a mão, ele se cala, Mariana e Tati
passam tomando sorvete por João que sopra disfarçadamente a fumaça no sorvete
delas, Mariana entra na faculdade bocejando.
CENA 5. MONTAGEM BEM ACELERADA
Mariana com celular, ônibus, metrô, trabalho, João diz que é sexta-feira e faz
comentário machista, Tati falta, Mariana deixa cair o sorvete, assim que senta
atende um chamado. Voz velha e louca reclama do barbeador. INSERT: mão bate
com barbeador no telefone fixo. Mariana vai apaziguando o velho e fala sobre a
maneira de se tratar um barbeador. Barbeador funciona.
CENA 6. CASA DO VELHO MALUCO
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É a hora de usar tudo o que foi feito antes para escrever o roteiro. Agora só
falta formatar e escrever, mandar para alguém ler e morrer de medo. E se não
gostarem? Mas o medo faz parte da vida, não é? E finais felizes também. Vai que
gostem.
1. 1. 9 Lembretes
REFERÊNCIAS
GLOSSÁRIO
Termo Explicação.
Termo Explicação.