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Primeiro, vamos entender o que é uma língua. Para Marcuschi (2005) a língua é uma
“atividade social, histórica e cognitiva”. Uma língua só existe a partir das interações entre
seus falantes e essas interações se dão através de determinados “modelos” adaptados às mais
são os géneros textuais ou gêneros discursivos; são textos nas formas que encontraremos em
nosso quotidiano, definidos por sua composição usual, suas funções comunicativas, estilo etc.
Quando você fala de um gênero discursivo estará falando de uma carta, de uma entrevista, de
Já a segunda preocupa-se não em classificar um texto por regras, mas sim levando
em consideração a finalidade do texto; o papel dos interlocutores; a situação de
comunicação. São inúmeros os gêneros textuais: Piada, conto, romance, texto de opinião,
carta do leitor, noticia, biografia, seminário, palestras, etc.
Para começarmos o nosso estudo mais aprofundado desta nossa competência devemos
primeiro saber o que é um tipo textual. Equivocadamente no nosso dia-a-dia ao lermos, por
exemplo, uma receita ou um e-mail, dizemos que ambos se constituem em tipos de textos,
quando na verdade estes textos são gêneros textuais com finalidades e estruturas específicas
O tipo textual se constitui de forma mais restrita e mais estável que os gêneros, e classifica-
conto, fábula, romance, novela, etc. Ou seja, a tipologia textual não dá conta da quantidade de
textos existentes dentro das nossas atividades comunicativas, mas nos guia para um tipo de
sequência de base, e assim nos ajuda para a produção textual coerente e coesa. Ainda
utilizando o texto narrativo como exemplo, a sequência de base deste tipo textual tem como
traço central a organização temporal dos fatos. E assim, “ (...) entre as características básicas
dos tipos textuais está o fato de eles serem definidos por seus traços linguísticos
Géneros Textuais
Outro ponto importante no estudo dos gêneros textuais é a sua adequação para as
situações e contextos, pois cada gênero deve ser usado conforme a situação social, que o
tornará adequado para a mesma. Por exemplo, numa reunião de negócio em que alguém
apresenta um conteúdo sério sobre a empresa, não cabe a quem está assistindo contar uma
piada, pois esta atitude seria no mínimo considerada uma falta de educação. Podemos concluir
que não basta apenas saber produzir um gênero textual, mas também saber adequá-lo a um
contexto comunicativo.
Para começarmos a distinção devemos lembrar que a interação social não seria possível sem a
utilização de textos, a produção de gêneros serve para um determinado propósito
comunicativo. Entendemos que, “ (...) texto é uma entidade concreta realizada materialmente
e corporificada em algum gênero textual.” (MARCHUSCHI, 2002).
Neste tópico, é importante esclarecer a diferença entre tipos e géneros textuais, visto
que, há uma confusão em distingui-los, e equívocos acontecem, muitas vezes, pela falta de
clareza entre os dois conceitos.
Os géneros textuais, por sua vez, estão mais próximos do nosso dia-a-dia permeando
nossas vidas quotidianas com cartas pessoais, telefonemas, cardápio e etc., ou seja, os géneros
constituem-se em textos materialmente corporificados, não estão na teoria, circulam dentro de
nossas interações sociais, fazendo parte do nosso quotidiano e servindo a um propósito
comunicativo concreto. Podemos concluir que, tipos textuais, como são restritos a seis
categorias, não dão conta da diversidade de textos produzidos socialmente, e não podem ser
considerados textos, enquanto os géneros textuais estão mais próximos da nossa realidade, se
concretizam no momento em que nos comunicamos com o mundo.
NARRAÇÃO
Ao longo de nossa vida estamos sempre relatando algo que nos aconteceu ou
aconteceu com outros, pois nosso dia-a-dia é feito de acontecimentos que necessitamos
contar/relatar. Seja na forma escrita ou na oralidade, esta é a mais antiga das tipologias, vem
desde os tempos das cavernas quando o homem registrava seus momentos através dos
desenhos nas paredes.
Exemplo:
Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou-me cedo, ansiada como
está, coitadinha e disse: "Sei que você vai ser sempre feliz, minha filhinha, e que nunca se
esquecerá de sua avozinha que lhe quer tanto". As lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e
eu larguei dos braços dela e vim desengasgar-me aqui no meu quarto, chorando escondida.
Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece
de mim e de meus deveres e que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por
tudo, aqui nesta hora, que eu serei um anjo para ela e me dedicarei a esta avozinha tão boa e
que me quer tanto.
Vou agora entrar no quarto para vê-la e já sei o que ela vai dizer: "Já estudou suas
lições? Então vá se deitar, mas antes procure alguma coisa para comer. Vá com Deus".
Helena Morley
DESCRIÇÃO
A intenção deste tipo de texto é que o interlocutor possa criar em sua mente uma
imagem do que está sendo descrito. Podemos utilizar alguns recursos auxiliares da descrição.
São eles:
A-) A enumeração:
Pela enumeração podemos fazer um “retrato do que está sendo descrito, pois dá uma
ideia de ausência de ações dentro do texto.
B-) A comparação:
Quando não conseguimos encontrar palavras que descrevam com exatidão o que
percebemos, podemos utilizar a comparação, pois este processo de comparação faz com que o
leitor associe a imagem do que estamos descrevendo, já que desperta referências no leitor.
Utilizamos comparações do tipo: o objeto tem a cor de..., sua forma é como..., tem um gosto
que lembra..., o cheiro parece com...., etc.
Percebemos que até mesmo utilizando a comparação para poder descrever, estamos
utilizando também os cinco sentidos: Audição, Visão, Olfato, Paladar, Tato como auxílio para
criação desta imagem, proporcionando que o interlocutor visualize em sua mente o objeto, o
local ou a pessoa descrita.
Por exemplo: Se você fosse descrever um momento de lazer com seus amigos numa
praia. O que você perceberia na praia utilizando a sua visão (a cor do mar neste dia, a beleza
das pessoas à sua volta, o colorido das roupas dos banhistas) e a sua audição (os sons
produzidos pelas pessoas ao redor, por você e pelos seus amigos, pelos ambulantes). Não
somente estes dois, você pode utilizar também os outros sentidos para caracterizar o objeto
que você quer descrever.
Pode ser:
É um retrato verbal;
Exemplo:
“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado,
olhos azuis esbugalhados e cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava
sempre com fome. Na rua Himmel, era considerado meio maluco ...”
DISSERTAÇÃO
Podemos dizer que dissertar é falar sobre algo, sobre determinado assunto; é expor; é
debater. Este tipo de texto apresenta a defesa de uma opinião, de um ponto de vista,
predomina a apresentação detalhada de determinados temas e conhecimentos.
Estrutura da dissertação
ARGUMENTATIVA
EXPOSITIVA
Predomínio do uso de argumentos,
Predomínio da exposição,
visando o convencimento, à adesão do
explicação
leitor.
Apresentação do assunto sobre Apresentação do assunto sobre o qual se
Introdução o qual se escreve (Apresentação escreve (apresentação da tese) e do ponto
da tese). de vista assumido em relação a ele.
Exposição das informações e
A fundamentação do ponto de vista e sua
conhecimentos a respeito do
Desenvolvimento defesa com argumentos. (Defende-se a
assunto (é o momento da
tese proposta)
discussão da tese)
Finalização do texto, com o Retomada do ponto de vista para fechar o
Conclusão
encerramento do que foi dito texto de modo mais persuasivo
Exemplo:
O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica por que é contrário à mudança
na maioridade penal.
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o
patrimônio ou por atuarem no tráfico de drogas, e somente 15% estão internados por
atentarem contra a vida. Afirmar que os adolescentes não são punidos ou responsabilizados
é permitir que a mentira, tantas vezes dita, transforme-se em verdade, pois não é o ECA que
provoca a impunidade, mas a falta de ação do Estado. Ao contrário do que muitos pensam,
hoje em dia os adolescentes infratores são punidos com muito mais rigor do que os adultos.
EXPOSIÇÃO
Aqueles textos que nos levam a uma explicação sobre determinado assunto, informa
e esclarece sem a emissão de qualquer opinião a respeito, é um texto expositivo.
Neste tipo de texto são apresentadas informações sobre assuntos e fatos específicos;
expõe ideias; explica; avalia; reflete. Tudo isso sem que haja interferência do autor, sem que
haja sua opinião a respeito. Faz uso de linguagem clara, objetiva e impessoal. A maioria dos
verbos está no presente do indicativo.
INJUNÇÃO
Os textos injuntivos estão presentes em nossa vida nas mais variadas situações, como
por exemplo quando adquirimos um aparelho eletrónico e temos que verificar manual de
instruções para o funcionamento, ou quando vamos fazer um bolo utilizando uma receita, ou
ainda quando lemos a bula de um remédio ou a receita médica que nos foi prescrita. Os textos
injuntivos são aqueles textos que nos orientam, nos ditam normas, nos instruem.
Como são textos que expressão ordem, normas, instruções tem como característica
principal a utilização de verbos no imperativo. Pode ser classificado de duas formas:
Exemplo:
BOLO DE CENOURA
Ingredientes
Massa
3 unidades de cenoura picadas
3 unidades de ovo
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
1/2 xícara (chá) de leite
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina
Como fazer
Massa
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acrescente aos poucos a farinha.
Leve para assar em uma forma untada.
Depois de assado cubra com a cobertura.
Cobertura
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e deixe ferver até engrossar.
1. TIPO NARRATIVO:
Contos, contos de fadas, fábula, lenda, crónica, ficção científica, novela, biografia,
anedota etc.
A marca fundamental do Texto Narrativo é a existência de um enredo, do qual se
desenvolvem as ações das personagens, marcadas pelo tempo e pelo espaço.
2. TIPO DESCRITIVO:
O Texto Descritivo expõe apreciações e observações, de modo que indica aspectos,
características, detalhes singulares e pormenores, seja de um objeto, lugar, pessoa ou fato.
Dessa maneira, alguns recursos linguísticos relevantes na estruturação dos textos
descritivos são: a utilização de adjetivos, verbos de ligações, metáforas e comparações.
3. TEXTO DISSERTATIVO
O Texto Dissertativo busca defender uma ideia e, logo, é baseado na argumentação e
no desenvolvimento de um tema.
4. TIPO EXPOSITIVO:
Conferências, seminários, resenhas, relatório científico, comunicação oral, entrevista
de especialista, exposição oral etc.
5. TIPO ARGUMENTATIVO:
Ponto de vista, carta de leitor, carta de solicitação, carta de reclamação, artigo de
opinião, crônica argumentativa, editorial, debate regrado, editorial, ensaio, assembleia,
discurso de defesa, discurso de acusação etc.
6. TIPO INJUNTIVO
Instruções de uso, instruções de montagem, receitas, regulamentos, regras de jogo,
propaganda, bula de remédio, fatura de água, luz, telefone etc.
Texto
A comunicação faz-se por meio de texto (orais ou escritos), produzidos por um ou
por vários emissores (a que também se pode chamar autores, sobretudo quando se trata de
textos literários).
Os textos são produzidos em determinado contexto social (Ex.: jornalístico,
académico-cientifico, literário), em situações concretas e com determinadas intencionalidade
comunicativas (ex.: informar, explicar, expressar uma opinião ou um sentimento, convencer).
Trata-se de unidades comunicativas globais, isto é, de unidade com sentido completo
(funcionando como um todo com princípio, meio e fim), e que são organizadas logicamente e
construídas de acordo com as regras de determinado modelo (género de texto). Possuem uma
estrutura própria, que depende do género de texto.
Texto Narrativo
CATEGORIAS DA NARRATIVA
Relevo Central
Secundária
1. Acção Delimitação Fechada (solucionada até ao
pormenor)
Aberta (acção não solucionada, isto
é, não se conhece o
desfecho)
Organização Encadeamento (estabelece entre as
Das sequências acções uma relação de causa / efeito)
narrativas Alternância (várias sequências
narrativas vão-se alternando entre si
e só posteriormente mostram
pertencer à mesma história
Encaixe (introdução de uma acção
noutra)
Relevo Central (Protagonista / Antagonista)
Secundária (intervém sem ter papel
2. Personagens de destaque)
Figurante (figura decorativa; não
intervém na acção)
Tipo (representa um grupo social.)
Caracterização Directa (feita pelo narrador, pela
própria personagem acerca de si
própria, ou por outras personagens);
Indirecta (deduções feitas pelo leitor
acerca da personagem, a partir de
atitudes ou acções da personagem).
3. ESPAÇO Físico O lugar onde decorre a acção.
Existências condicionadas pelo estado
emocional das personagens. (Ex: um
Psicológico acidente pode tornar-se um espaço
psicológico de medo e angústia).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA