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20/09/2019 SEFA - CRE

SETOR CONSULTIVO/ANO: 2002/CONSULTA Nº: 176, de 02 de dezembro de 2002./SÚMULA: ICMS. TINTAS E


VERNIZES. ESTABELECIMENTOS EQUIPARADO A INDUSTRIAL. INDUSTRIALIZAÇÃO TERCEIRIZADA.
CONTRIBUINTE SUBSTITUTO. MICROEMPRESA SIMPLES/PR. ENQUADRAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE./CONSULENTE: NEW BRASILIENSE COMÉRCIO DE TINTAS E VERNIZES LTDA./RELATOR:
AILTON S.DUTRA

RELATOR: AILTON S.DUTRA

A consulente, inscrita no cadastro de contribuintes do ICMS com o “CNAE-


Fiscal 5244-2/03 - Comércio Varejista de material para pintura” expõe que
adquire matéria-prima para fabricação de tintas e vernizes, remetendo
estas para industrialização em outra empresa, recebendo, em retorno, o
produto em estado pronto para comercialização. Aduz também que revende
seus produtos a comerciante e a consumidores finais (contribuintes e não
contribuintes). E que entende ser considerada consumidora final a
indústria que adquire seus produtos e os aplica na produção.
Em decorrência disto, questiona:

1. se está enquadrada como substituta tributária ou se é substituída


pela empresa que lhe industrializou a matéria-prima;

2. em não sendo substituta tributária, se poderia se enquadrar no Regime


das Microempresas - Simples/PR.
RESPOSTA

A questão passa primordialmente pela definição de ser ou não considerada


a consulente como “industrial”. Para tanto, ante o contido no artigo 108
do Código Tributário Nacional, evocamos o conceito dado pelo atual
Regulamento do IPI ( Decreto Federal nº 2.637, de 25 de junho de 1998),
em seu artigo 9º, inciso IV, verbis:

RIPI/98

Art. 9º - Equipara-se a estabelecimento industrial:

(...)

IV – os estabelecimentos comerciais de produtos cuja industrialização haja


sido realizada por outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiro,
mediante a remessa, por eles efetuada, de matérias-primas, produtos
intermediários, embalagens, recipientes, moldes, matrizes ou modelos (Lei
nº 4.502, de 1964, artigo 4º, inciso III ,e Decreto-lei nº 34, de 1966,
artigo 2º, alteração 33ª).

(destaques não originais)

Desta forma, a consulente, ainda que, pelo atual cadastro estadual,


esteja considerada como “comerciante” pelo fisco, estará operando,
concomitantemente, como “equiparada a industrial” por conta destas
remessas para industrialização por terceiros. É de ressaltar, ainda, que
o contrato social de constituição da empresa (Registro n. 41-2-0426512-0
- Protocolo 00/011890-7) determina que seu objetivo mercantil é a
"indústria e comércio de tintas e vernizes".
Feita esta análise, há que se inserir esta ilação naquela dada pelo
dispositivo regulamentar estadual, que determina a responsabilidade
passiva em relação a substituição tributária quanto aos produtos “tintas

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e vernizes”, tratados nos artigos 478 do atual Regulamento do ICMS,


aprovado pelo Decreto nº 5.141, de 12/12/01 –RICMS/01:

RICMS/01:

Art. 478. Ao estabelecimento industrial ou importador é atribuída a


condição de sujeito passivo por substituição, para efeito de retenção e
recolhimento do ICMS relativo às operações subseqüentes, na saída, com
destino a revendedores localizados neste Estado, dos produtos classificados
nas posições, subposições e códigos seguintes da Nomenclatura Brasileira de
Mercadorias/Sistema Harmonizado - NBM/SH (art. 18, IV, da Lei n. 11.580/96;
Convênios ICMS 81/93 e 74/94): (Grifamos)

I - tinta à base de polímero acrílico dispersa em meio aquoso - código


3209.10.0000;

II - tintas e vernizes, à base de polímeros sintéticos ou de polímeros


naturais modificados, dispersos ou dissolvidos em meio aquoso:

a) à base de polímeros acrílicos ou vinílicos - código 3209.10.0000;

b) outros - código 3209.90.0000;

III - tintas e vernizes, à base de polímeros sintéticos ou de polímeros


naturais modificados, dispersos ou dissolvidos em meio não aquoso:

a) à base de poliésteres - código 3208.10.0000;

b) à base de polímeros acrílicos ou vinílicos - código 3208.20.0000;

c) outros - código 3208.90.0000;

IV - outras tintas:

a) à base de óleo - código 3210.00.0101;

b) à base de betume, piche, alcatrão ou semelhante - código 3210.00.0102;

c) qualquer outra - código 3210.00.0199;

V - outros vernizes:

a) à base de betume - código 3210.00.0201;

b) à base de derivados da celulose - código 3210.00.0202;

c) à base de óleo - código 3210.00.0203;

d) à base de resina natural - código 3210.00.0299;

e) qualquer outro - código 3210.00.0299;

VI - preparações concebidas para solver, diluir ou remover tintas e


vernizes - códigos 3807.00.0300, 3810.10.0100 e 3814.00.0000 (Convênios
ICMS 28/95 e 86/95);

VII - ceras, encáusticas, preparações e outros - códigos 3404.90.0199,


3404.90.0200, 3405.20.0000, 3405.30.0000 e 3405.90.0000 (Convênios ICMS
28/95 e 86/95 e 127/95);

VIII - massa de polir - código 3405.30.0000;

IX - xadrez e pós assemelhados, exceto pigmento à base de dióxido de


titânio classificado no código 3206.10.0102 - subposição 2821.10, código
3204.17.0000 e posição 3206 (Convênio ICMS 109/96);

X - piche (pez) - códigos 2706.00.0000, 2715.00.0301, 2715.00.0399 e


2715.00.9900 (Convênio ICMS 28/95);

XI - impermeabilizantes - códigos 2707.91.0000, 2715.00.0100, 2715.00.0200,


2715.00.9900, 3214.90.9900, 3506.99.9900, 3823.40.0100 e 3823.90.9999

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(Convênio ICMS 28/95);

XII - aguarrás - código 3805.10.0100 (Convênios ICMS 28/95 e 86/95);

XIII - secantes preparados - código 3211.00.0000 (Convênio ICMS 28/95);

XIV - preparações catalísticas (catalisadores) - códigos 3815.19.9900 e


3815.90.9900 (Convênio ICMS 28/95);

XV - massas para acabamento, pintura ou vedação (Convênio ICMS 28/95):

a) massa KPO - código 3909.50.9900;

b) massa rápida - código 3214.10.0100;

c) massa acrílica e PVA - código 3214.10.0200;

d) massa de vedação - códigos 3910.00.0400 e 3910.00.9900;

e) massa plástica - código 3214.90.9900;

XVI - corantes - códigos 3204.11.0000, 3204.17.0000, 3206.49.0100,


3206.49.9900 e 3212.90.0000 (Convênio ICMS 28/95).

§ 1º A responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto fica também


atribuída aos estabelecimentos localizados em outras unidades federadas,
inclusive distribuidor, depósito ou atacadista.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica às remessas de mercadorias para


serem utilizadas pelo destinatário em processo de industrialização
(Convênio ICMS 44/95). (Grifamos)

§ 3º Nas saídas de asfalto diluído de petróleo, classificado nos códigos


2715.00.0100 e 2715.00.9900 da NBM/SH, promovidas pela PETROBRAS - Petróleo
Brasileiro S/A, o sujeito passivo por substituição é o estabelecimento
destinatário, relativamente às operações subseqüentes (Convênio ICMS
127/95).

(...)

(Destaques não originais)

Da concatenação destes dispositivos tributários, passamos a responder às


indagações da consulente:
Encontra-se a empresa na situação de “contribuinte substituta tributária”
naquelas operações em que efetue saídas a contribuintes do ICMS deste
Estado, dos produtos citados nos incisos I a XVI do artigo 478 do
RICMS/01, e que irão estes promover a revenda destas mercadorias.
As saídas das mercadorias mencionadas, promovidas para contribuintes que
as utilizem em processo de industrialização, estão excluídas da obrigação
do recolhimento do ICMS por substituição tributária (RICMS/01, art. 478,
§ 2º). À empresa terceirizada não cabe a responsabilidade passiva por
substituição tributária subseqüente, na devolução dos produtos que
industrializou por encomenda da consulente, em decorrência do mesmo
dispositivo já citado. Ressalta-se que tanto a remessa da matéria-prima,
quanto o retorno do produto acabado estão albergados pela suspensão do
ICMS, nos termos dos artigos 272 a 279 do RICMS/01, em relação às
operações internas.
A consulente opera preponderantemente com compradores que utilizam seus
produtos para revenda ou como material intermediário no setor produtivo
ou industrial, conforme atestou a movimentação física e econômica no
período de 10/2001 a 06/2002 (data-inicial refere-se ao início das
atividades da empresa), trago à baila por informação fiscal requerida,

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com base nos documentos da empresa. Declaração positiva do contribuinte


informa que suas vendas são destinadas também a indústrias de móveis,
metalúrgicas ou outras indústrias. Desta forma, dentro da nova
conceituação de comércio varejista e atacadista, adotado pela “Comissão
Nacional de Classificação – CONCLA” (órgão colegiado, instituído com o objetivo de estabelecer
e monitorar as normas e a padronização do sistema de classificações usadas no sistema nacional estatístico e nos
,
registros administrativos. Criada pelo Decreto 1264 de 11 de outubro de 1994 e instalada em 25 de abril de 1995)
temos que comerciante atacadista é aquele que promove vendas que seguirão
para uma etapa intermediária de produção ou venda, ou seja, são aqueles
que vendem ou revendem mercadorias para outras empresas que irão
novamente vender estes produtos ou integrá-los em algum ciclo produtivo
ou industrial. Neste sentido já se manifestou este Setor, através da
resposta à Consulta nº 077/2001 (Vide “http:\\www.fazenda.pr.gov.br”,
link “Legislação ON LINE”).
Destacamos a sistemática hoje vigente para a determinar a atividade
principal e a secundária dos estabelecimentos, nos termos da
"Classificação Nacional de Atividades Econômicas - Fiscal - CNAE-
FISCAL", aprovada pela CONCLA. Assim consta o "Manual de Orientação da
Codificação em CNAE - Fiscal" (http://www.ibge.gov.br/concla/, na seção
Subcomissões Técnicas):

3.3 Identidade Econômica da unidade de produção

Corresponde ao código referente à atividade principal do estabelecimento.

Se a unidade produtiva exerce uma única atividade econômica, esta é a sua


atividade principal e, portanto, o código CNAE-Fiscal correspondente é a
identidade econômica do estabelecimento de pessoa jurídica ou da pessoa
física, se for o caso.

No entanto, é bastante comum o exercício de várias atividades econômicas na


mesma unidade produtiva, especialmente nos estabelecimentos de pessoa
jurídica.

Neste caso, é preciso distinguir a atividade principal entre as atividades


desenvolvidas.

Atividade principal: conceitualmente, é a atividade econômica que traz


maior contribuição para a geração de renda (valor adicionado) pela unidade
produtiva; como prática geral, toma-se a receita operacional da atividade
como aproximação do conceito de valor adicionado. Portanto, define-se como
atividade principal a que gera maior receita operacional para o
estabelecimento.

Atividades secundárias: as demais atividades econômicas exercidas na mesma


unidade produtiva, além da principal. O valor adicionado da atividade
secundária deve ser inferior ao que resulta da atividade principal.

As atividades auxiliares, tal como definido anteriormente, exercidas junto


com as atividades econômicas num mesmo estabelecimento, não são levadas em
conta na determinação da atividade principal. As unidades autônomas
dedicadas apenas a atividades auxiliares recebem tratamento especial, que
será visto no item 3.4.

3.4 Identificação da atividade principal - Convenções

3.4.1 Integração Vertical

(...)

3.4.2 Integração horizontal

É o caso dos estabelecimentos que exercem, de forma complementar,


atividades características de segmentos distintos da organização produtiva,
o que torna necessário definir convenções para o limite de cada atividade.

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Se as diversas atividades exercidas no estabelecimento geram receitas
operacionais próprias, deve-se observar a regra geral para determinação da
atividade principal, do item 3.3. Nos demais casos, deve-se considerar as
características de complementaridade entre as diversas atividades. Ou seja,
se um estabelecimento complementa a consecução de sua atividade principal
com o exercício de outra atividade, esta será considerada como fazendo
parte da atividade principal, mesmo que, analisada individualmente, possa
ser considerada como pertencendo a um outro ramo econômico. Por outro
lado, se essa atividade complementar for terceirizada, com a contratação
de uma firma especializada, receberá CNAE-Fiscal diferente, sendo
considerada atividade principal para a firma a qual foi terceirizada,
recebendo a CNAE-Fiscal da atividade em questão.

Casos de atividades integradas horizontalmente:

A) Indústria e comércio integrados no mesmo local - Neste caso, prevalece a


indústria, desde que a receita operacional provenha preponderantemente da
venda de produtos de fabricação própria. Caso contrário, deve-se seguir a
regra geral para determinação da atividade principal do item 3.3.
(destaque não original)

Exemplos:

· Estabelecimento padaria

Situações possíveis:

- Comercializa unicamente produtos produzidos no estabelecimento

Atividade principal e única: 1581-4/00 - Fabricação de produtos de padarias

- Comercializa preponderantemente produtos produzidos no estabelecimento e


também revende produtos adquiridos de terceiros (produzidos fora do
estabelecimento)

Atividade principal: 1581-4/00 - Fabricação de produtos de padarias

Atividade secundária: 5221-3/01 - Comércio varejista de produtos de padaria


e de confeitaria

- Comercializa produtos produzidos no próprio estabelecimento, mas sua


receita provém preponderantemente da revenda de produtos adquiridos de
terceiros (produzidos fora do estabelecimento)

Atividade principal: 5221-3/01 - Comércio varejista de produtos de padaria


e de confeitaria

Atividade secundária: 1581-4/00 - Fabricação de produtos de padarias (caso


mais comum das padarias)

Nos termos desta exposição, a consulente tem como atividade principal o


ramo de "indústria", por exercer no mesmo local a industrialização, ainda
que por equiparação, e o comércio (nos termos da alínea "a" do item 3.4.2
já transcrito), prevalecendo, no caso, a situação da indústria bem como
que a receita operacional provenha preponderantemente da venda de
produtos de fabricação própria. E, como secundária, o "comércio
atacadista", este conceituado como aquelas vendas para integrarem um novo
ciclo produtivo.
Nesta linha de entendimento, o registro do contribuinte, junto ao
cadastro de contribuintes do ICMS, deverá ser alterado para a codificação
"2481-3/00 - Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas", indicação
inserta na "CNAE - FISCAL".
Noutra vertente, a consulente, se efetuar saídas a revendedores
paranaenses, dentro do comando dado pelo artigo 478, já transcrito, irá

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operar como substituta tributária, o que a obrigará a efetuar a inscrição


auxiliar no CAD/ICMS, para débito do ICMS relativamente a estas operações
(comando do artigo 103, § 10º do RICMS/01). Em não procedendo às
operações elencadas no citado artigo 478 do RICMS, torna-se desnecessária
a inscrição auxiliar.
Desta forma, dois impeditivos se materializam à incorporação da
consulente no Regime das Microempresas SIMPLES/PR: 1 – ser considerada
como atacadista (vedação dada pelo RICMS/01, artigo 413, inciso IX,
alínea "f" - Grupo 51 "Comércio por atacado") e 2 - ser eleita
contribuinte substituta, nas operações elencadas no caput do artigo 413,
nos termos da vedação dada pelo inciso VIII do mesmo artigo e do mesmo
RICMS (Não poderá optar pelo SIMPLES/PR, o contribuinte: ... VIII - eleito substituto
tributário em relação a operações subseqüentes).

Por derradeiro, encontra-se equivocado o entendimento em relação a


considerar como "consumidores finais" as indústrias que adquirem seu
produto para uso industrial. Tais aquisições, por parte de seus clientes,
são tidas como aquisições de "material intermediário" e não "material de
uso e consumo", fazendo portanto parte do sistema de produção da empresa.
Assim sendo, de conformidade com o contido no art. 591 do RICMS/PR,
aprovado pelo Decreto nº 5.141/01, no que estiver procedendo de forma
diversa à exposta na presente resposta, tem a consulente o prazo de
quinze dias para adequar seu procedimento, bem como providenciar o ajuste
da sua classificação de atividade econômica junto ao cadastro de
contribuintes deste Estado, dentro do mesmo prazo mencionado.

PROTOCOLO: 5.234.538-3

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