Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Cruzadas Vistas pelos Árabes, 4ta Edição, Brasiliense, São Paulo, 2007.”
Realizado por: Fabián Tello, para a cadeira de História da Igreja Medieval, leccionada
pelo Professor Doutor Adélio Abreu.
As cruzadas vistas pelos árabes não pode ser considerado um livro de história,
como é reconhecido no prólogo, isto deve-se a que não faz uma análise objetiva, crítica
e aprofundada dos factos históricos. Por tal motivo consideramos o livro como um
ensaio de história, ou como um romance histórico. Outro facto, com o qual
reconhecemos que este livro não pode ser considerado como uma obra de história, está
em que os testemunhos compilados pelo autor não podem ser considerados de nenhuma
forma imparciais.
O livro apresenta às cruzadas desde o seu sentido lato 1, este factor deve-se a que
do ponto de vista árabe não se reconhecem às cruzadas como uma peregrinação mas
como uma simples incursão militar, por parte do ocidente, nas suas terras, com o único
objectivo de conquista-las. A narrativa relata os acontecimentos vividos pelos árabes
durante o período das cruzadas, tendo em vista principalmente os relatos de
historiadores muçulmanos deste período, sem fazer o respectivo confronto com
historiadores ocidentais, nem documentos papais e correspondência ocidental, com o
qual ficariam explicadas muitas dos actos dos cruzados.
1
Guerra movida pela igreja em nome da fé contra os heréticos e cismáticos e contra os inimigos da
igreja e o papado.
2
O qual não pode ser considerado propriamente uma cruzada.
em geral, estavam a fazer uma verdadeira peregrinação, em base ao chamamento do
Papa, e não eram somente homens armados que realizavam esta viagem.3
3
Podemos notar isto na página 70 quando Amin Maalouf diz: “Seu exercito não é nada impressionante.
Alguma centenas de cavaleiros que avançam pesadamente, curvados sob armaduras escaldantes, e
atrás deles uma multidão colorida que reúne mais mulheres e crianças do que verdadeiros
combatentes”
4
O 15 de julho de 1099, os cruzados tomaram Jerusalém.
5
Cf. Maalouf, Amin. As Cruzadas vistas pelos Árabes, 4a Ed, Brasiliense, São Paulo, 2007, pag 51.
6
Guerra Santa: Para o mundo musulmano é uma guerra em favor da sua religião, com a qual o homem
procura a sua salvação.
orientais as quais são Nureddin e o famoso Saladino. Com respeito ao primeiro,
Nureddin, era um homem de grandes virtudes o qual, no livro, é comparado com os
primeiros grandes califas, ressalta na história porque consegue impedir as investidas dos
ocidentais. A morte de Nureddin permite que Saladino se torne Sultão, tanto os
ocidentais como os orientais coincidem em que Saladino era um homem clemente e um
cavalheiro, isto porque respeitava sempre a sua palavra e não permitia mortes vãs. O
aspecto negativo que é ressaltado no livro é que Saladino subiu ao poder através dum
golpe de estado e com a traição à dinastia de Nureddin, que foi seu mestre e com o qual
antes da sua morte já teve muitas discrepâncias. A figura de Saladino é a mais
importante neste período porque consegue recuperar Jerusalém sem ter que batalhar
nenhuma vez.
A sexta e última parte deste livro, conta a história da sétima e da oitava cruzada,
é denominada por Maalouf como “A Expulsão”, esta parte vai desde o ano 1244 até
1291. Nesta parte acentua-se particularmente o enfraquecimento do herdeiros de
Saladino e retrata também o avanço dos mongóis que colocou ao povo muçulmano entre
dois fogos, franj por um lado e mongóis pelo outro. Por último os escravos do Cairo,
conhecidos como mamelucos, através dum golpe de estado ascenderam ao poder e
expulsam tanto mongóis como franj do oriente.
No fim do livro se faz uma referência a que é melhor esquecer algumas partes
desta história, para recuperar as relações entre oriente e o ocidente, mas é de vital
importância o movimento das cruzadas no ocidente pois este permitiu a adopção duma
“cultura orientalista”, isto é, um interesse pela língua, arquitectura, medicina, etc.
Não podemos justificar as acções dos cruzados no oriente, mas também não
podemos acusa-los sem ter em conta as razões que os levaram a cometer muitos actos
de conquista e de assassinato, mas temos que dar uma leitura da história que esteja
conforme ao pensamento da época, tanto religiosa como culturalmente. Amin Maalouf
no seu livro faz uma leitura que se pode considerar boa dos acontecimentos, mas muitas
vezes estão interpretadas de acordo com o pensamento moderno, o que provoca no leitor
um certo choque e leva a pensar que a Igreja enviou assassinos para o oriente, pois está
lido fora do contexto temporal dos acontecimentos.