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Teoria

Prof. Daniel Façanha

Aula: Plano Plurianual e Lei de Diretrizes


Orçamentárias
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Aula - Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Orçamentárias

Sumário
1 – INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO 3
1.1 – NOÇÕES DE CICLO ORÇAMENTÁRIO 4

2 – O PLANO PLURIANUAL - PPA 7


2.1 – ESTRUTURA E ANÁLISE DO PPA 2020-2023 12
2.2 – DA GOVERNANÇA DO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO 18
2.2 – O DECRETO 2.829/1998 19

3 – A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO 20


3.1- OS ANEXOS DA LDO 24
3.2 - PRAZOS DA LDO 28

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 30

Pessoal, agradeço a confiança depositada no nosso trabalho :D. Vamos


caminhar juntos para conquistar a sua tão sonhada vaga no serviço público.
Curso está atualizado com o novo PPA do Governo Federal (2020-2023).

Vamos ao trabalho?

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1 – Instrumentos de planejamento orçamentário


Como vimos anteriormente, o direito financeiro diz respeito à
atividade financeira do Estado. Esta, por sua vez, se constitui na arrecadação
de recursos e na utilização do produto dessa arrecadação em favor da
sociedade, na forma de bens e serviços públicos. Para que o Estado obtenha e
gaste esses recursos, ele deve executar um orçamento: a Lei Orçamentária
Anual (LOA), elaborada e executada com base em algumas normas, tais
como:

LRF = Lei de
Resposabilidade
Lei 4.320/64 Fiscal
(Lei Complementar
101/2000)

CF/88 = arts. Portarias e


165 a 169 Normas Decretos
que
norteiam o
orçamento
público

A CF/88, em seu art. 165, prevê 3 leis orçamentárias, além disso, seu §
5º divide a LOA em 3 orçamentos:

CF/88
art. 165

PPA = Plano
Plurianual LDO = Lei de
Diretrizes LOA = Lei
Orçamentárias Orçamentária
Anual

Orçamento
Orçamento
Orçamento da
de
Fiscal Seguridade
investimentos
Social

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1.1 – Noções de ciclo orçamentário

Esse tema será melhor abordado em aulas posteriores, mas prefiro


deixar aqui uma abordagem mais genérica, para facilitar a sua compreensão.
As atividades do ciclo orçamentário podem ser compreendidas dessa
forma:

1 - elaboração
do projeto de
lei

4-
2-
Acompanham
apreciação,
ento e Ciclo
aprovação,
avaliação da Orçamentário
sanção e
execução
publicação
orçamentária

3 - Execução Exercício financeiro =


da lei 1 ano
orçamentária

Percebe-se, pelo esquema acima, que o exercício financeiro não se


confunde com o ciclo orçamentário, sendo apenas uma de suas etapas. Vamos
ver alguns pormenores de cada etapa acima.

1 – Elaboração do projeto de lei: As diversas unidades orçamentárias


(órgãos e entidades da administração pública) enviam suas propostas de
orçamento ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que
tem a função de apreciá-las e consolidá-las. O Poder Executivo já possui a
previsão de arrecadação de receitas no ano. Com a consolidação das despesas
pelo MPOG, agora possui também a fixação das despesas para executar seus
programas de trabalho. De posse dessas informações, é formado um projeto
de LOA (a PLOA) que o chefe do Poder Executivo de cada ente federativo
(Presidente, Governador ou Prefeito) enviará para apreciação do Poder
Legislativo (Congresso Nacional) em até 4 meses antes do encerramento do
exercício financeiro, ou seja, até 31/08. Sua competência para a iniciativa de
apresentar o PLOA é dita privativa.

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Na realidade, o art. 35 do ADCT (CF/88) obriga apenas o Presidente da


República a enviar o PLOA ao Congresso Nacional em até 31/8.
Governadores e prefeitos podem utilizar outros prazos (legislação local),
mas na prática, a maioria utiliza prazo idêntico ao da União.

Bom saber!

2 – Apreciação, aprovação, sanção e publicação: O PLOA, já no


Congresso Nacional, passa pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos
Públicos e Fiscalização (CMO). É mista porque é composta tanto por
deputados, como por senadores. Já que não temos essa dicotomia nos Estados
e nos Municípios, essa comissão não é mista nesses entes. Qualquer
parlamentar pode propor emendas ao PLOA. O chefe do Poder Executivo
pode enviar mensagem ao Congresso, a fim de modificar a PLOA, mas
somente até iniciar a sua votação. Em ambos os casos (emendas para
parlamentar e mensagem para o chefe do PE), a CMO fica responsável por
emitir um parecer.
O PLOA será votado no plenário do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum, ou seja, de forma conjunta, embora a contagem dos
votos seja feita separadamente (maioria simples). Sua devolução para
sanção ou veto, promulgação e publicação ao Poder Executivo se darão até o
encerramento da sessão legislativa, em 22/12, transformando-se em
LOA para execução orçamentária a partir de 1º de janeiro, até 31/12, no
chamado exercício financeiro.

Vale ressaltar que as emendas (parlamentares) à PLOA somente podem ser

aprovadas caso:

 Sejam compatíveis com o PPA e a LDO;


 Indiquem os recursos de anulação de despesas, exceto: dotações
para pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências
tributárias constitucionais (obrigatórias) para estados, municípios e
DF;
 Corrijam erros ou omissões;
 Sejam relacionadas com dispositivos do texto do projeto (emendas
de redação).

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O que acontece se o chefe do Poder Executivo não enviar a PLOA ao


Poder Legislativo? O art. 32 da Lei 4.320/64 estabelece que, nesse caso, o
Poder Legislativo considerará como proposta a LOA vigente. É como se ele
fizesse um “copia e cola”. Além disso, o chefe do Poder Executivo poderá
responder por crime de responsabilidade.
E se agora a culpa for do Poder Legislativo que não devolveu a PLOA
para sanção presidencial? A LDO vem disciplinando que, nesses casos, o Poder
Executivo fica autorizado a gastar uma proporção (X/12) da proposta que
ainda está tramitando.
Outro detalhe importante: os projetos de PPA e de LDO não podem
ser rejeitados pelo Poder Legislativo, pois o art. 35 do ADCT (CF/88) prevê
que tais projetos devem ser devolvidos ao Poder Executivo para sanção. Já o
projeto de LOA pode sim ser rejeitado, de acordo com o art. 166 da CF/88.
A sanção ocorre quando o chefe do Poder Executivo concorda com o
PLOA devolvido pelo Poder Legislativo. Se não concordar, ele poder vetá-lo,
total ou parcialmente, em até 15 dias úteis do recebimento. Se ele nada
disser, ocorre a sanção tácita. A promulgação apenas declara que a lei é
executável, tornando-se obrigatória a partir de sua publicação em meios
oficiais.

Resuminho para a ordem do processo legislativo do orçamento


público:

Discussão em
plenário:
Iniciativa do • emendas Sanção ou veto
chefe do Poder do Chefe do
Executivo • votos Poder Executivo
• redação final
• votação em plenário

Promulgação pelo
Chefe do Poder
Executivo ou Publicação em
Presidente do Diário Oficial
Congresso
(silêncio do Executivo)

3 – Execução Orçamentária e 4 – Acompanhamento e avaliação:


Durante a execução orçamentária há um controle interno de cada poder e
também um controle externo, exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio

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do Tribunal de Contas da União (TCU). Vale ressaltar que a fiscalização


contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, no que concerne
ao controle externo, é sempre exercida pelo Poder Legislativo, com o auxílio
de um Tribunal de Contas (Arts. 70 a 75 da CF/88). Após a execução
orçamentária, o Presidente da República tem até 60 dias após a abertura da
sessão legislativa para prestar contas ao Congresso Nacional, conforme o
art. 84 da CF/88.

Resumo dos prazos da LOA (não estou falando de PPA e LDO):

22/12
• Envio do Projeto • Chefe do Poder
da LOA (PLOA) Executivo poder
• 4 meses p/ • até o vetá-lo, total ou
encerramento do encerramento parcialmente, em
exercício financeiro da sessão até 15 dias úteis
legislativa
do recebimento

31/08 15 dias úteis


para vetar

2 – O Plano Plurianual - PPA

O Plano PluriAnual, a que sempre farei referência como PPA (não é


criação minha, a sigla é assim mesmo), é uma criação da Constituição
Federal de 1988, bem como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO – sigla).
Antes de 1988, havia outros instrumentos orçamentários que pouco se
aproximavam da gestão pública.

Por intermédio desses novos instrumentos (PPA e LDO), passou-se a


valorizar o planejamento estratégico (lembram do orçamento-programa
e do princípio da programação?), com a necessária conexão dos planos de
médio prazo aos planos de curto prazo (orçamento anual – LOA).

Cabe lembrar que, apesar dos dispositivos constitucionais relativos à


matéria orçamentária se referirem à União, eles têm caráter de norma geral
– leis ordinárias e, por isso, devem ser observados por todos os entes
federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

E o que é então esse tal de PPA? Segundo a CF/ 88 art.165:

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“§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma


regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada”.

Essa foi a definição constitucional do PPA, que será dissecada logo a


seguir, mas podemos defini-lo de outra forma? Claro que sim. O site do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) traz a seguinte
definição:

“O PPA apresenta a visão de futuro para o País, macrodesafios e


valores que guiam o comportamento para o conjunto da Administração
Pública Federal. Por meio dele o governo declara e organiza sua atuação, a fim
de elaborar e executar políticas públicas necessárias. O Plano permite
também, que a sociedade tenha um maior controle sobre as ações concluídas
pelo governo”.

Além disso, sabe-se que o PPA condiciona a elaboração de todos os


demais planos no âmbito federal, conforme art. 165 da CF/88:

“§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos


nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano
plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”.

O PPA é um instrumento de planejamento de médio prazo (alguns


autores falam em longo prazo também), para um período de 4 anos,
iniciando-se no segundo ano de mandato do chefe do Poder Executivo que o
elaborou e terminando sua vigência no final do primeiro ano de mandato do
chefe do Poder Executivo subsequente.

E por que é assim? Porque o PPA deve dar uma ideia de continuidade,
evitando-se assim que importantes programas governamentais que iniciaram
com um Presidente sejam descontinuados com a entrada de outro Presidente.
Legal né? O PPA atual é o 2020 – 2023 (Lei 13.971/2019) porque entrou
em vigor no segundo ano do primeiro mandato do Presidente Jair Bolsanaro e
vai até o final do primeiro ano do mandato do seu sucessor. Entenderam a
lógica?

(CESPE - Eco (DPU)/2016) O plano plurianual constitui o


principal instrumento de planejamento de médio prazo no sistema
governamental brasileiro.

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Comentários: Alguns falam em longo prazo, mas, na prática, o PPA é um


instrumento de planejamento de médio prazo – 4 anos.
Resposta: Correta.

2º ano
1º ano mandato 3º ano 4º ano 1º ano
mandato Presidente 1 mandato mandato mandato
Presidente 1 Presidente 1 Presidente 1 Presidente
2

PPA

Vamos esquematizar o que aprendemos até agora sobre a definição


constitucional de PPA?

PPA - Plano
Plurianual

de forma
regionalizada

Diretrizes, D.O.M
objetivos e metas

despesas de capital e programas de duração


outras decorrentes continuada

 Regionalizado – No âmbito federal, geralmente os programas são


distribuídos nas 5 macrorregiões que dividem o país (Norte, Nordeste, Sul,
Sudeste e Centro-oeste). Em âmbito estadual e municipal, normalmente os
PPAs utilizam regiões administrativas ou núcleos de desenvolvimento. Isso
quer dizer que os programas abordados pelo PPA para a região Sul são
diferentes dos programas para a região Nordeste, por exemplo, a depender
das peculiaridades e necessidades de cada uma.

 Diretrizes – Orientações gerais e macro objetivos que indicam o


caminho definido pelo Plano de Governo responsável pela elaboração do PPA.
Exemplo: “melhoria do transporte público no município de São Paulo”.

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 Objetivos – Resultado (alvo a ser atingido), mensurável por um


indicador, descrevendo a finalidade de um programa, com precisão e concisão.
Cada programa incluso no PPA possui objetivos específicos, sem deixar de lado
os objetivos gerais. Exemplo: “aumentar o número de usuários do metrô no
município de São Paulo”. A cada objetivo, são associadas metas, qualitativas e
quantitativas.

 Metas – Conjunto de ações que resultaram nos objetivos propostos, em


relação às diretrizes expressas. Partições dos objetivos. Exemplo: “reduzir o
tempo de espera entre os trens”, “construção de novas estações”.

 Despesas de capital e outras delas decorrentes – A Lei 4.320/64


considera como despesas de capital: investimentos, inversões financeiras e
transferências de capital (recursos transferidos a outros entes para aplicação
em despesas de capital). Ou seja, são despesas que contribuem para a
formação ou a aquisição de um bem de capital. Vejam o art.167 da CF/88:

“§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício


financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual,
ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade”

Infere-se que somente os investimentos que ultrapassem um


exercício financeiro devem constar obrigatoriamente no PPA. E o que
são as despesas delas decorrentes? São os encargos, recursos de operação e
de manutenção decorrentes das despesas de capital, geralmente
investimentos. Exemplo: construir uma escola é despesa de capital, porém os
encargos de contratação de professores e pagamento das contas de luz, água
e telefone são despesas decorrentes das despesas de capital.

 Programas de duração continuada – Programas que serão


executados em mais de um exercício financeiro, de natureza finalística, ou
seja, ligados à prestação de serviços à comunidade (educação, saúde,
segurança, lazer, etc.).

Em síntese, o PPA visa:

1. Orientar a ação governamental, objetivando alcançar o


desenvolvimento econômico e a efetiva promoção do bem-estar social;
2. Orientar o planejamento, obedecendo aos princípios de regionalização
da economia;

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3. Definir diretrizes que nortearão a elaboração dos orçamentos fiscal e


de investimentos, possibilitando a redução das desigualdades regionais e
sociais;
4. Ordenar e disciplinar a execução de despesas com investimentos que
se reverterão em benefícios para a sociedade como um todo.

(CESPE - CGM - João Pessoa - PB/2018) Com relação ao


processo orçamentário brasileiro, julgue o item subsequente.
As diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal para as
despesas relativas aos programas de duração continuada serão fixados no
plano plurianual.
Comentários: Esquema resolve tud, não é mesmo? :D

PPA - Plano
Plurianual

de forma
regionalizada

Diretrizes, D.O.M
objetivos e metas

despesas de capital e programas de duração


outras decorrentes continuada

Resposta: Errada.

No âmbito federal, o projeto de PPA será encaminhado, pelo Poder


Executivo, ao Congresso Nacional, até 4 meses antes do encerramento do
exercício (31/8) e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa (22/12). Esse prazo está disposto no art. 35 do ADCT, pendente
de regulamentação via lei complementar. Lembram quando discutimos o ciclo
orçamentário, na aula 0? É o mesmo prazo da LOA, lembrando que os
demais entes da federação podem instituir legislação própria sobre esses
prazos, embora, na prática, não o façam.

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22/12
• Envio do Projeto • Chefe do Poder
de PPA Executivo poder
• 4 meses p/ • até o vetá-lo, total ou
encerramento do encerramento parcialmente, em
exercício financeiro da sessão até 15 dias úteis
legislativa
do recebimento

31/08 15 dias úteis


para vetar

(CESPE - CGM - João Pessoa - PB/2018) No que se refere


ao processo de planejamento no setor público, julgue o item subsecutivo.
A duração do plano plurianual é de quatro anos: inicia-se no primeiro ano do
mandato presidencial e encerra-se no último ano do mesmo mandato.
Comentários: A vigência do PPA é do 2º ano do mandato do chefe do Poder
Executivo até o final do 1º ano do mandato subsequente. Dessa forma,
abrangendo 2 governos distintos, garante-se a continuidade de suas ações.
Resposta: Errada.

2.1 – Estrutura e análise do PPA 2020-2023

O PPA 2020-2023, Lei 13.971/2019, tem como lema “Planejar,


Priorizar, Alcançar”. De acordo com o Poder Executivo, o Plano foi elaborado
tendo em vista a incorporação de três aspectos:simplifcação – explicitando no
projeto de lei apenas o previsto na Constituição; realismo fiscal – decorrente
do arcabouço legal vigente e do contexto atual de restrição de recursos
públicos; e integração com os planejamentos estratégicos dos ministérios e
com a avaliação de políticas públicas, permitindo efetivar o ciclo orçamentário
no governo federal.

Em relação aos PPA’s anteriores, houve uma alteração estrutural.


Segundo a mensagem do projeto, os objetivos dessa alteração são a
simplificação metodológica, o realismo fiscal, a integração entre planejamento
e avaliação, a visão estratégica e o foco em resultados.

Nesta visão, o PPA apresenta 5 eixos bem como a Estratégia de Defesa


incorporada durantes as discussões para formulação do Projeto do PPA. Assim,

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no âmbito da dimensão estratégica, os 5 Eixos Estratégicos, bem como a


Estratégia de Defesa.

De forma didática, a Nota Técnica Conjunta nº 3/2019 da Consultoria de


Orçamentos, Fiscalização e Controle – SF e da Consultoria de Orçamento e
Fiscalização Financeira da Câmra dos Deputados sintetizam a estrutura do PPA
aprovado para a gestão 2020-2023:

19

Fonte: Senado Federal (adaptado)

a) Eixo Institucional: assegurar que o Estado brasileiro se modernize de


forma contínua, aplicando as melhores técnicas, ferramentas e estratégias
para exercer suas competências e maximizar o impacto da sua atuação na
sociedade. Esse Eixo associa-se, ainda, à formulação de estratégias orientadas
para o combate ao crime organizado e à violência.

b) Eixo Social: promover a formulação, implementação e gestão de políticas


públicas destinadas a elevar o nível de bem-estar da população brasileira,
contribuindo de forma efetiva para:

i) redução de desigualdades sociais;

ii) promoção e acesso à educação de qualidade;

iii) excelência na provisão dos serviços de saúde;

iv) fortalecimento da cidadania e

v) valorização da primeira infância com a proteção necessária à


criança e ao adolescente.

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c) Eixo Ambiental: garantir a sustentabilidade dos recursos naturais,


conciliando o progresso econômico com a preservação do meio ambiente. A
proteção patrimônio ambiental nacional é considerada essencial para
assegurar utilização sustentável de ecossistemas, biodiversidade e florestas,
bem como para viabilizar o desenvolvimento sustentável.

d) Eixo Econômico: zelar pela integridade dos fundamentos da economia


brasileira, com foco no crescimento econômico e na estabilidade fiscal e
monetária. O eixo econômico incentiva o empreendedorismo, o fortalecimento
da produtividade e a construção de soluções conjuntas e integradas entre o
setor público e a iniciativa privada.

e) Eixo de Infraestrutura: com o intuito de destravar os gargalos logísticos


do País e prover as condições essenciais de transporte, energia e mineração,
priorizam-se investimentos públicos de forte impacto regional e local, capazes
de alavancar o desenvolvimento nacional e promover redução das
desigualdades territoriais.

f) Estratégia de Defesa: visa a garantir a soberania nacional por meio da


proteção do território e da preservação do patrimônio nacional, que são
fatores essenciais para assegurar a prevalência da paz e da segurança.

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Segue um esqueminha para visualizar melhor!

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Além disso, com vistas a considerar as três dimensões delineadas pela


Constituição Federal (Diretrizes, objetivos e metas), o modelo do novo PPA
contém uma camada estratégica, que envolve a proposição de vinte diretrizes
(antes o Projeto do PPA previa 13), bem como camada intermediária, definida
como “tática”, que foi estruturada em programas finalísticos, com objetivos e
metas regionalizadas. Além das camadas estratégica e tática, há também a
operacional, compreendendo as ações que instrumentalizam o alcance de tais
objetivos e metas.

A camada operacional está no nível infralegal, isto é, alinha o PPA


ao planejamento global do governo federal (ao planejamento estratégico
individualizado) dos ministérios, assim como se integra à Lei
Orçamentária Anual (LOA) por meio de suas ações.

Além dos finalísticos, existem os programas de gestão, que se referem


às ações administrativas ou organizacionais. Esses programas estão contidos
na camada tática dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), assim
como da Defensoria Pública da União, do Ministério Público da União e das
Empresas Estatais Federais.

Já as Diretrizes Estratégicas foram criadas para nortear a agenda dos


próximos quatro anos, superando os desafios propostos por cada Eixo
Estratégico visto acima. O vínculo entre as Diretrizes e os Eixos Estratégicos
não é rígido, podendo uma mesma Diretriz Estratégica colaborar para mais de
um Eixo Estratégico. As Diretrizes são:

 o aprimoramento da governança, da modernização do Estado e da gestão


pública federal, com eficiência administrativa, transparência da ação estatal,
digitalização de serviços governamentais e promoção da produtividade da
estrutura administrativa do Estado;

 a busca contínua pelo aprimoramento da qualidade do gasto público, por


meio da adoção de indicadores e metas que possibilitem a mensuração da
eficácia das políticas públicas;

 a articulação e a coordenação com os entes federativos, com vistas à


redução das desigualdades regionais, combinados:

a) processos de relacionamento formal, por meio da celebração de


contratos ou convênios, que envolvam a transferência de recursos e
responsabilidades; e

b) mecanismos de monitoramento e avaliação;

 a eficiência da ação do setor público, com a valorização da ciência e


tecnologia e redução da ingerência do Estado na economia;

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 a garantia do equilíbrio das contas públicas, com vistas a reinserir o Brasil


entre os países com grau de investimento;

 a intensificação do combate à corrupção, à violência e ao crime organizado;

 a promoção e defesa dos direitos humanos, com foco no amparo à família;

 o combate à fome, à miséria e às desigualdades sociais;

 a dedicação prioritária à qualidade da educação básica, especialmente a


educação infantil, e à preparação para o mercado de trabalho;

 a ampliação da cobertura e da resolutividade da atenção primária à saúde,


com prioridade na prevenção, e o fortalecimento da integração entre os
serviços de saúde;

 a ênfase na geração de oportunidades e de estímulos à inserção no mercado


de trabalho, com especial atenção ao primeiro emprego;

 a promoção da melhoria da qualidade ambiental, da conservação e do uso


sustentável de recursos naturais, considerados os custos e os benefícios
ambientais;

 o fomento à pesquisa científica e tecnológica, com foco no atendimento à


saúde, inclusive para prevenção e tratamento de doenças raras;

 a ampliação do investimento privado em infraestrutura, orientado pela


associação entre planejamento de longo prazo e redução da insegurança
jurídica;

 a ampliação e a orientação do investimento público, com ênfase no


provimento de infraestrutura e na sua manutenção;

 o desenvolvimento das capacidades e das condições necessárias à promoção


da soberania e dos interesses nacionais, consideradas as vertentes de defesa
nacional, as relações exteriores e a segurança institucional;

 a ênfase no desenvolvimento urbano sustentável, com a utilização do


conceito de cidades inteligentes e o fomento aos negócios de impacto social e
ambiental;
 a simplificação e a progressividade do sistema tributário, a melhoria do
ambiente de negócios, o estímulo à concorrência e a maior abertura da
economia nacional ao comércio exterior, priorizando o apoio às micro e
pequenas empresas e promovendo a proteção da indústria nacional em grau
equivalente àquele praticado pelos países mais industrializados; e

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 o estímulo ao empreendedorismo, por meio da facilitação ao crédito para o


setor produtivo, da concessão de incentivos e benefícios fiscais e da redução
de entraves burocráticos. É claro que não é necessário decorar tudo acima,
mas ter uma ideia geral é interessante.

2.2 – Da Governança do Plano Plurianual da União

Segundo o Decreto Federal nº 9.203/2017, a governança pública é o


conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática
para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de
políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade

A governança estabelecida pelo PPA 2020-2023 visa a alcançar os


objetivos e as metas estabelecidos, sobretudo para a garantia de acesso às
políticas públicas e de sua fruição pela sociedade e busca o aperfeiçoamento
dos:

 mecanismos de implementação e integração de políticas públicas;


 critérios de regionalização de políticas públicas; e
 mecanismos de monitoramento, avaliação e revisão do PPA 2020-2023.

De forma resumida, podemos sintetizar o monitoramento e a avaliação


do PPA conforme esquema a seguir:

PPA 2020 - 2023

• Programas
• Ações orçamentárias ou não vinculadas aos programas
• Portal eletrônico (Publicidade da implementação e
Monitorar acompanhamento)

• Processo de análise das políticas públicas


• De forma sistemática, integrada e institucionalizada
• Objetivo: aprimorar os programas e a qualidade do
Avaliar gasto público

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 Relatório Anual do PPA: O Poder Executivo encaminhará anualmente ao


Congresso Nacional Relatório Anual de Monitoramento do PPA 2020-2023
com o resultado do processo de monitoramento, que conterá:

o Comportamento das variáveis macroeconômicas que embasaram a


elaboração do Plano Plurianual, explicitando as eventuais
discrepâncias verificadas entre os valores previstos e os realizados;

o Situação, por programa finalístico, dos objetivos, das metas e dos


indicadores; e

o Demonstrativo da execução orçamentária e financeira dos


investimentos plurianuais.

Programa
Avaliação macroeconômica e
razões das discrepâncias
Indicadores
Situação
Objetivos
Demonstrativo da Execução
financeira das iniciativas
Metas

2.2 – O Decreto 2.829/1998

Esse Decreto estabelece normas para a elaboração e a execução do PPA


e dos Orçamentos da União. Apesar de se referir ao PPA 2000-2003, ele cita o
Orçamentos (LOA) a partir de 2000. Percebam que, em 1998, já se falava em
Programas, que seriam a “ação finalística orientada para a consecução dos
objetivos estratégicos definidos no PPA”. Entende-se também por ação
finalística, “aquela que proporciona bem ou serviço para atendimento direto a
demandas da sociedade”.

O decreto em questão foi revogado pelo Decreto nº 10.179/2019 e


assim, não será mais tratado em nossas aulas.

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3 – A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO

Assim como o PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) também é


uma criação da nossa Constituição Federal vigente. É também uma lei
ordinária de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo e tem a
importante função de orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA),
interligando o que está no PPA com o que realmente será executado pela
LOA. Dessa forma:

PPA LDO LOA

Segundo a CF/88, no seu art. 165:

A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento”.

Algumas observações:

 Cuidado. No PPA falávamos em Diretrizes, Objetivos e Metas (DOM). Na


LDO falamos em Metas e Prioridades (MP);
 Metas são partições dos objetivos. As metas fiscais são estabelecidas
na LDO e cumpridas na execução da LOA;
 Prioridades são retiradas do PPA e não são absolutas, tendo em vista
que existem outras despesas prioritárias, como as obrigações constitucionais e
legais;
 Aqui falamos em despesas de capital, como no PPA, abrangendo o
exercício financeiro seguinte;
 A LDO não faz qualquer alteração tributária. Somente uma reflexão
sobre os efeitos de novos tributos, mudança de alíquotas... podem trazer ao
orçamento, uma vez que as receitas tributárias são as principais fontes de
financiamento dos gastos públicos;
 Como exemplos de agências financeiras oficias de fomento, temos o
Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica Federal e outras agências que
fomentam o desenvolvimento do país, por meio de empréstimos e
financiamentos à sociedade.

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(CESPE - Eco (DPU)/2016) A LDO é o instrumento legal e


normatizador que orienta a elaboração e execução do orçamento anual e
dispõe sobre o planejamento governamental de longo prazo.
Comentários: Segundo a CF/88, art. 165: “§ 2º A lei de diretrizes
orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública
federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre
as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento”. No entanto, trata-se de um
instrumento de curto prazo e não de longo prazo.
Resposta: Errada.
Vamos esquematizar as atribuições da LDO, segundo a Constituição
Federal de 1988?

incluindo despesas
metas e prioridades da
de capital para o
administração pública federal exercicio subsequente

Orienta a elaboração da LOA


LDO na
CF/88
Dispõe sobre as alterações na
legislação tributária

Estabelece política de aplicação


das agências financeiras de
fomento

Além das funções constitucionais acima destacadas, a Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF) ampliou sensivelmente o significado e a
importância da LDO ao atribuir-lhe a incumbência de disciplinar outros temas
específicos. Assim, o art. 4 da LRF cita:

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“A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do


art. 165 da Constituição e:

I - Disporá também sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas


hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9o e no
inciso II do § 1o do art. 31;

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos


resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

f) demais condições e exigências para transferências de recursos a


entidades públicas e privadas”.

Algumas observações:

 As alíneas c e d foram vetadas, por isso não as transcrevemos;


 Quando falamos em equilíbrio entre receitas e despesas, lembramos de
um importante princípio orçamentário, o equilíbrio, não?
 Limitação de empenho é a anulação de parcelas de dotações
orçamentárias, que ocorre quando a arrecadação da receita não está
ocorrendo da forma prevista. A LDO pode ressalvar algumas despesas para
limitação de empenho, além das despesas que constituem obrigações
constitucionais e legais do ente.

Vamos agora apresentar um esqueminha para as atribuições da LDO,


segundo o art.4 da LRF:

Equilíbrio entre receitas e


despesas

Ressalvas na LDO
Critérios e forma de e obrigações
limitação de empenho constitucionais /
LDO no legais
art.4 da
LRF controle de custos e
avaliação dos programas

transferências de recursos
a entidades públicas e
privadas

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Além do art. 4, a LRF contém vários outros dispositivos que disciplinam


as atribuições da LDO. São elas:

 Conter autorização para que os municípios contribuam para o custeio


de despesas de competência de outros entes da Federação (art. 62, I);

 Estabelecer exigências para a realização de transferência


voluntária (art. 25, § 1o);

 Estabelecer condições para a destinação de recursos para, direta ou


indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas
jurídicas (art. 26);

 Dispor sobre o impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo


Banco Central do Brasil, o qual serão demonstrados trimestralmente (art.
7o, § 2o);
 Dispor sobre programação financeira e o cronograma de execução
mensal de desembolso estabelecido pelo Poder Executivo até trinta dias
após a publicação dos orçamentos (art. 8o);
 Estabelecer para os Poderes e o Ministério Público critérios de
limitação de empenho e movimentação financeira se verificado, ao final de
um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no
Anexo de Metas Fiscais (art. 9o);

 Ressalvar as despesas que não serão submetidas à limitação de


empenho (art. 9o, § 2o);
 Dispor sobre a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita (art. 14);

 Dispor sobre despesa considerada irrelevante, para efeitos de


geração de despesa (art. 16, § 3o);

 Dispor sobre a inclusão de novos projetos na LOA ou nas leis de


créditos adicionais, após adequadamente atendidos os em andamento e
contempladas as despesas de conservação do patrimônio público (art.
45);

 Excepcionalizar a contratação de hora extra, quando for alcançado


o limite prudencial das despesas com pessoal, o qual é de 95% do limite
previsto na LRF (art. 22, § Único, Inciso V).

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Podemos dar como exemplo a LDO 2020 (Lei nº 13.898/2016). A lei


ordinária tem todas as funções anteriormente estudadas, ela dispõe:

“Art. 1o São estabelecidas, em cumprimento ao disposto no § 2o do art.


165 da Constituição Federal e na Lei Complementar no 101, de 4 de
maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal, as diretrizes
orçamentárias da União para 2017, compreendendo:

I - as metas e prioridades da administração pública federal;

II - a estrutura e organização dos orçamentos;

III - as diretrizes para a elaboração e execução dos orçamentos


da União;

IV - as disposições para as transferências;

V - as disposições relativas à dívida pública federal;

VI - as disposições relativas às despesas com pessoal e


encargos sociais e benefícios aos servidores, empregados e
seus dependentes;

VII - a política de aplicação dos recursos das agências financeiras


oficiais de fomento;

VIII - as disposições sobre alterações na legislação e sua


adequação orçamentária;

IX - as disposições sobre a fiscalização pelo Poder


Legislativo e sobre as obras e os serviços com indícios de
irregularidades graves;

X - as disposições sobre transparência; e

XI - as disposições finais”

Percebam que a Lei inclui dispositivos sobre: fiscalização do Poder


Legislativo sobre as obras e serviços com indícios de irregularidade grave,
sobre transparência e sobre despesas com servidores e empregados públicos.
E isso vem sendo repetindo ao longo dos anos... Ultimamente poucas
mudanças ocorrem de um ano para outro com relevância para concursos
públicos.

3.1- Os anexos da LDO

Vistas as principais atribuições da LDO perante a CF/88 e a LRF,


veremos agora que a LDO deverá ser acompanhada dos Anexo de Metas
Fiscais, do Anexo de Riscos Fiscais e ainda um Anexo Específico.

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O Anexo de Metas Fiscais (AMF), conforme o art.4˚§2˚da LRF,


tratará dos seguintes assuntos:

 Metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas,


despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
exercício a que se referirem e para os dois seguintes;
 Avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
 Demonstrativo das metas anuais, com memória e metodologia de
cálculo, que justifique os resultados pretendidos, comparando-as com os três
exercícios anteriores e evidenciando a consistência delas com os objetivos da
política econômica nacional;
 Evolução do patrimônio líquido, dos últimos três exercícios, destacando
as origens e as aplicações de recursos obtidos com alienação (venda) de
ativos - privatizações;
 Avaliação da situação financeira a atuarial dos regimes geral de
previdência social e próprio de servidores públicos e do Fundo de Amparo ao
Trabalhador, além de outros fundos públicos e programas estatais de natureza
atuarial;
 Demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e
da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

receitas

depesas

Metas anuais para 2 exercícios resultado nominal


seguintes

resultado primário
Anexo de Metas Fiscais (AMF)

avaliação das metas do ano


anterior montante da dívida
pública
comparação das metas anuais
com os 3 exercícios anteriores

regime geral de
patrimônio líquido os 3 últimos previdência social
exercícios
regime próprio dos
servidores públicos
avaliação da situação finaceira e
atuarial
fundo de amparo ao
trabalhador (FAT)
renúncias de receitas e expansão
das despesas obrigatórias outros fundos e
continuadas programas

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Apenas para que vocês não fiquem se perguntando o que é resultado


primário e resultado nominal, vou tentar esclarecer aqui, de forma bem
simples:

Resultado primário Resultado nominal

• Total de recursos economizados • Define se o ente precisa recorrer a


para o pagamento dos juros da dívida novos financiamentos ou não
• Receitas não financeiras - • Indica se a economia de recursos
despesas não financeiras primários é suficiente para cobrir as
despesas financeiras também
• Receitas e despesas não finaceiras
são as não relacionadas a juros • Receitas não financeiras +
receita de juros - despesas não
financeiras - despesa de juros

Já o Anexo de Riscos Fiscais (ARF), tratado no art.4˚§3˚da LRF,


avalia os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Existem dois riscos fiscais, o orçamentário e o risco da dívida. O primeiro
está relacionado à possibilidade de as receitas e as despesas projetadas na
elaboração do PLOA não se confirmarem durante o exercício financeiro. O
segundo está diretamente relacionado às flutuações de variáveis
macroeconômicas, tais como taxa básica de juros, variação cambial e inflação.

Os riscos da dívida são os riscos derivados da dívida pública da União,


que está associada ao pagamento de juros. Dessa forma, em situações em
que é grande a probabilidade de, no ano vindouro, ocorrerem alterações
positivas nas taxas de juros, este aumento de despesa deverá estar previsto
no Anexo de Riscos Fiscais.
Os passivos contingentes podem ser definidos como dívidas cuja
existência dependa de fatores imprevisíveis, como os processos judiciais em
curso e dívidas em processo de reconhecimento. Os precatórios não se
enquadram no conceito de Risco Fiscal por se tratarem de passivos efetivos e
não de passivos contingentes (são dívidas já reconhecidas).
É importante ressaltar que riscos repetitivos deixam de ser riscos,
devendo ser tratadas no âmbito do planejamento, ou seja, devem ser
incluídas como ações na LDO e na LOA do ente federativo. Por exemplo, se a
ocorrência de catástrofes naturais ou de epidemias tem sazonalidade
conhecida, as ações para mitigar seus efeitos, assim como as despesas
decorrentes, devem ser previstas na LDO e na LOA do ente federativo afetado,
e não ser tratada como risco fiscal no Anexo de Riscos Fiscais.

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Anexo de Riscos Fiscais (ARF)

Risco orçamentário Risco da dívida

variação
receitas despesas taxa de juros inflação
cambial

O Anexo específico, constante também na LDO, é tratado no


art.4˚§3˚da LRF. A LDO deverá conter, em anexo específico, os objetivos
das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as
projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de
inflação, para o exercício subsequente.

Anexo
específico

Objetivos Metas de
de políticas inflação

Monetária Creditícia Cambial

(FCC / SEMEF Manaus genharia Civil/ Assistente


Técnico de Tecnologia da Informação da Fazenda Municipal -
Programador / 2019) Entre os elementos que devem, obrigatoriamente,
constar da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, insere-se o Anexo de Riscos
Fiscais,
a) no qual é demonstrada a estimativa e compensação da renúncia de receita
e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
b) que representa a evolução do patrimônio líquido do ente, nos últimos três
exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a
alienação de ativos.

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c) onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de


afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso
se concretizem.
d) que contempla as metas anuais, em valores correntes e constantes,
relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da
dívida pública.
e) fixando o limite máximo de endividamento do ente e os limites globais e
prudencial de gastos com pessoal e custeio para o exercício seguinte.
Comentários: Trata-se de uma questão simples para quem o dominio
completo do conteúdo dos anexos de metas fiscais e dos riscos fiscais que
estão presentes na lei de diretrizes orçamentárias. Se não vejamos cada
alternativa:
a) Errada. Está contido no Anexo de Metas Fiscais.
b) Errada. Está contido no Anexo de Metas Fiscais.
c) Correta. Pertence ao Anexo de Riscos Fiscais.
d) Errada. Está contido no Anexo de Metas Fiscais.
e) Errada. Está disciplina na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Resposta: Letra C.

3.2 - Prazos da LDO

No âmbito federal, o projeto de LDO será encaminhado, pelo Poder


Executivo, ao Congresso Nacional, até Oito meses e meio antes do
encerramento do exercício (15/4) e devolvido para sanção até o
encerramento da primeiro período da sessão legislativa (17/7). Esse prazo
está disposto no art. 35 do ADCT, pendente de regulamentação via lei
complementar. LDO, como podem ver, tem prazo diferente do PPA e da LOA
(que têm prazos iguais).
Mesmo sendo encaminhada anualmente, sua vigência é superior a um
exercício, ou seja, vai desde sua aprovação até o final do exercício seguinte.
Embora durante 6 meses de cada ano haja vigência simultânea de duas LDOs,
elas não incidem sobre a mesma LOA. Cada LDO diz respeito a uma LOA.

De acordo com o art. 57 §2˚da CF/88: “A sessão


legislativa não será interrompida sem a aprovação do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias”. Isso significa
que há um trancamento de pauta até que a LDO seja
aprovada. Dessa forma, acredita-se que a LDO não pode
ser rejeitada pelo Congresso Nacional.

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(CESPE - ANATEL/Engenharia Civil/2014) O projeto da


Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é enviado anualmente pelo presidente
da República ao Congresso Nacional, que não pode iniciar seu recesso antes
de concluir a votação da LDO.
Comentários: O enunciado da questão está de acordo com o art. 57 §2˚da
CF/88: “A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias”. Isso significa que há um
trancamento de pauta até que a LDO seja aprovada. Dessa forma, acredita-se
que a LDO não pode ser rejeitada pelo Congresso Nacional.
Resposta: Correta.

17/07
• Envio do Projeto • Chefe do Poder
de LDO • até o Executivo poder
• 8 meses e meio p/ encerramento do vetá-lo, total ou
encerramento do primeiro período parcialmente, em
exercício financeiro da sessão até 15 dias úteis
legislativa do recebimento
15/04 15 dias úteis
para vetar

Vamos parar por aqui com a teoria. Agora vá fazer as questões


disponibilizadas.

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Referencial Bibliográfico
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.

BRASIL. Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998. Estabelece normas


para a elaboração e execução do Plano Plurianual e dos Orçamentos da União,
e dá outras providências. Brasília, DF.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece


normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 13.971, de 27 de dezembro de 2019. Institui o Plano


Plurianual da União para o período de 2020 a 2023.

BRASIL. Lei nº 13.898, de 11 de Novembro de 2019. Dispõe sobre as


diretrizes para a elaboração e a execução da Lei Orçamentária de 2020 e dá
outras providências.

BRASIL. Nota Técnica Conjunta nº 03/2019. Consultoria de Orçamentos,


Fiscalização e Controle – SF e da Consultoria de Orçamento e Fiscalização
Financeira da Câmra dos Deputados Disponível no site do senado.

BRASIL.. Instrumentos de Planejamento Federal e Desenvolvimento


Regional. Ministério do Planejamento. Seminário de Desenvolvimento
Regional no Planejamento Governamental. 2018. Disponível no site do do
ministério do planejamento.

FURTADO, Fabio. Administração Financeira e Orçamentária para


Concursos. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2009.

GIACOMONI, James. Orçamento Público. 17.ed. São Paulo: Editora Atlas,


2017.

JUND, Sergio. Administração, Orçamento e Contabilidade pública: teoria


e questões. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006.

MATIAS-PEREIRA, José. Finanças Públicas: A Política Orçamentária no


Brasil. 4.ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.

PALUDO, Augustinho. Orçamento Público, AFO e LRF: teoria e questões.


7ª.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2017.

PONTES LIMA, Edilberto Carlos. Curso de Finanças Públicas: Uma


abordagem contemporânea. 1.ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015.

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