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XXV Encontro Nac. de Eng.

de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005

Engenheiros empreendedores: o caso do curso de engenharia de


produção da UFCG

Egidio Luiz Furlanetto (UFCG) elfurlanetto@terra.com.br


Jader Morais Borges (UFCG) jader@dem.ufcg.edu.br
Ivanildo Fernandes Araújo (UFCG) ifaraujo@uol.com.br

Resumo
O objetivo do presente artigo é descrever o Projeto Político Pedagógico (PPP) do Curso de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Campina Grande, o qual foi fruto de
uma decisão estratégica inovadora de conceber um curso de formação de engenheiros
empreendedores. Ao longo do texto merecem destaque seu processo de construção e,
principalmente, as formas como são propostas as diferentes metodologias no sentido de
possibilitar que os futuros engenheiros de produção sejam preparados com as características
inerentes aos indivíduos empreendedores. O Projeto Politico Pedagógico, elaborado de
acordo com as diretrizes curriculares do MEC, atualmente virgentes, para os cursos de
engenharia, estabelece para os futuros egressos do curso o perfil empreendedor de
Engenheiros de Produção, com visão holística de mundo, capazes de ver os problemas da
sociedade com visão mais ampla e, em especial, de aumentar a competitividade de empresas
da região sem, com isso, prejudicar a qualidade de vida das pessoas, em geral, ou as
diretamente envolvidas nos processos produtivos. Trata-se, portanto, do relato de um caso,
mais especificamente, da descrição do proceso de criação do curso, desde a sua primeira
etapa, onde foram identificadas as viabilidades para sua implantação, até sua criação e
implantação propriamente ditas.
Palavras chave: Empreendedorismo, Projeto Político Pedagógico.

1. Introdução
As profundas alterações ocorridas no mundo, em especial a partir dos anos 80 do Século XX,
fizeram com que a economia passasse de um mercado dominado pelo paradigma “fordista-
taylorista”, onde predominava a produtividade, para um mundo sob o paradigma da
“tecnologia da informação”, com características mais voláteis e sutis, desta vez sob o
predomínio da velocidade e da flexibilidade.
Acrescenta-se a isso a abertura de mercado, ocorrida nos anos 90 desse mesmo século, e tem-
se um cenário cada vez mais competitivo, exigindo das empresas novas formas de atuação e
de inserção nos mercados, com a inovação sendo vista como o elemento central e principal
instrumento para enfrentar as condições que se apresentam. Isto é, como o processo de
inovação passou a ser considerado o fator principal para manter-se competitivo e permanecer
no mercado, os empresários foram levados a repensar suas estratégias e a incorporar, em seus
quadros, profissionais com uma visão sistêmica, tanto da empresa como do mercado.
Por outro lado, percebe-se que é cada vez menor a participação do setor público nos sistemas
produtivos, em geral, já que a quase totalidade das economias estão repassando estes ao setor
privado, por ter demonstrado ser mais eficiente e dinâmico. Assim sendo, é fundamental,
também, que os atuais profissionais sejam mais criativos e tenham uma visão
“empreendedora”, portanto, sejam preparados para tal propósito.

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Foi dentro deste contexto de adequação às exigências impostas pela sociedade, que o Centro
de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), após
ouvir seu quadro de profissionais e a sociedade, e levando em consideração as suas
potencialidades, tomou a decisão de propor a criação do curso de Engenharia de Produção,
visto que este profissional é dentro das engenharias o que possui o perfil mais indicado para
enfrentar esta nova realidade. É o chamado engenheiro generalista que pode atuar nas mais
diferentes áreas do conhecimento, uma vez que sua formação, além de contemplar os grandes
temas ligados ao processo produtivo em si (gestão da produção, planejamento e controle da
produção e controle de qualidade) é complementada por temas mais estratégicos (estratégia
das organizações, estratégias de produção, qualidade total e gestão da tecnologia), bem como
questões ligadas à Economia, Direito, Higiene, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente,
incorporando, também, todas as interfaces homem-máquina dos processos produtivos em
geral.
Desta forma, a partir da intenção inicial e pioneira da Direção do CCT da UFCG, criou-se
uma comissão para estudar a viabilidade da criação do curso, a qual concluiu seus trabalhos
emitindo um parecer favorável à criação do curso no âmbito do Centro. Concluída esta etapa,
foi designada uma nova comissão, composta por cinco professores do Centro, desta vez para
elaborar o Projeto Político Pedagógico para o Curso de Engenharia de Produção, os quais
procuraram ouvir os anseios da comunidade e do mercado e levar em consideração as atuais
diretrizes curriculares, emitidas pelo Ministério de Educação para todos os cursos de
engenharia.
Com base nestas discussões a comissão chegou à conclusão que o perfil ideal para o futuro
egresso do curso seria o de engenheiros de produção empreendedor, com visão mais ampla de
mundo, capazes de aumentar a competitividade de empresas da região sem, com isso,
prejudicar a qualidade de vida da comunidade ou das pessoas diretamente envolvidas nos
processos produtivos.
Sendo assim, o presente artigo se propõe a apresentar o caso do Curso de Engenharia de
Produção da UFCG, visto aqui como um curso que visa, acima de tudo, formar “engenheiros
empreendedores”.
Para atingir seus propósitos, o trabalho está assim constituído: além desta introdução ele
apresenta, a seguir, a metodologia empregada no estudo; posteriormente trata do tema
empreededorismo e seu ensino; descreve o caso, procurando relatar o processo de elaboração
do Projeto Político Pedagógico, destacando as diretrizes norteadoras do projeto, ou seja, as
bases filosóficas do projeto e, finalmente, apresenta as conclusões e as referências
bibliográficas.
2. Metodologia
A metodologia empregada foi o estudo de caso. É importante destacar que os próprios autores
deste trabalho participaram da comissão encarregada da elaboração do Projeto Político
Pedagógico. Portanto, trata-se, na verdade, do relato de um caso, onde os protagonistas do
mesmo constituem-se, também, em seus relatores. Desta forma, existe, sim, um viés, mas é
exatamente este que precisa ser deixado claro, ou seja, o produto elaborado – o Projeto
Político Pedagógico do Curso de Engenharia de Produção da UFCG – é fruto dos esforços de
uma comissão que, procurou ouvir a comunidade, mas, também, teve toda a liberdade para
propor e apresentar suas sugestões, uma vez que fora escolhida (e neste caso entende-se que
tinha competências) para tal.

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3. O Ensino do Empreededorismo: Mitos e Realidades


A partir da teoria econômica, com Adam Smith (1776), o desenvolvimento das nações era
basicamente explicado pelas chamadas vantagens comparativas – matéria-prima e mão-de-
obra abundante acrescidos de capital para os investimentos. Entretanto, os avanços do Século
XX mostraram que outras variáveis, provavelmente mais importantes que as anteriores,
devem ser incluídas, ou seja: a tecnologia; os Sistemas Nacionais de Inovação e, em especial,
o empreendedorismo.
Com respeito ao empreededorismo, muito se tem dito e escrito nos últimos tempos,
principalmente no Brasil, entretanto, o tema precisa, ainda, ser melhor explorado pelas nossas
universidades.
Ainda que a capacidade empreendedora seja um conceito de difícil definição, os economistas
reconhecem sua importância, desde a análise do desenvolvimento econômico feita por Joseph
Shumpeter (1961).
Empreendedores são indivíduos com visão, dispostos a arriscar seu próprio dinheiro (avessos
ao risco) e o de outros investidores. Os empreendedores são o motor que combina capital
humano e físico, estimulando o crescimento econômico e o progresso.
Mesmo que algumas culturas encorajem a capacidade empresarial e o espírito empreendedor,
mais do que outras, é preciso resgatar e incentivar a figura do empreendedor que assume
riscos, conforme bem destacado por McClelland (1971).
Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber as
idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em oportunidades de
negócios, motivação para pensar conceitualmente, e a capacidade para ver e antever a
mudança, percebendo-a como uma oportunidade.
Uma das polêmicas discutidas no empreendedorismo é a questão se o mesmo pode ser
ensinado ou não. O empreendedor nasce pronto ou se pode “fabricá-lo”?
Pesquisadores das mais diversas áreas têm tratado o comportamento empreendedor como
passível de ser apreendido.
De acordo com Drucker (1987), a prática de inovar pode ser aprendida, de forma a se ver a
mudança como norma, reagindo-se e explorando-a como sendo uma oportunidade.
Já Filion (1999), enfatiza a questão de aprendizagem do empreendedorismo, pois os
empreendedores são pessoas que precisam continuar a aprender, não somente sobre o que está
acontecendo no seu ambiente, para detectar oportunidades, mas também sobre o que fazem,
para que possam agir e ajustar-se de acordo com a situação. Enquanto continuarem a
aprender, continuarão a cumprir seu papel e a agir de maneira empreendedora. Os
empreendedores vivem um processo de evolução constante. No entanto, o foco principal do
seu processo de aprendizagem é sempre a capacidade de detectar oportunidades, a qual lhes
permite continuar a desempenhar seu papel empreendedor.
Por sua vez, os psicólogos que se dedicam com o processo de aprendizagem não acreditam
que alguém aprende simplesmente porque outra pessoa ensina, ou, mesmo, apenas porque
quer aprender. Eles observam que muitas pessoas a quem se ensina, não querem aprender e,
por isso, não aprendem; observam também que outras pessoas, embora querendo aprender,
não conseguem fazê-lo sem que alguém lhes ensine e observam ainda, que há pessoas que,
embora querendo aprender e tendo quem lhes ensine, assim mesmo não aprendem.

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Por outro lado, nos tempos atuais, o profissional que o mercado mais valoriza é aquele que
possui características empreendedoras tais como: iniciativa, persistência, comprometimento
entre outras habilidades que requerem conhecimentos práticos e soluções criativas.
Portanto, sendo o empreendedor uma pessoa como outra qualquer, cujas características,
habilidades e competências podem ser desenvolvidas, o sucesso e a concretização de seus
objetivos podem, sim, ser alcançados através de treinamentos que enfatizem mudanças
comportamentais, sendo este o pressuposto aqui assumido, ou seja, de que as pessoas podem
ser “preparadas/educadas” no sentido de se tornarem empreendedoras.
Em seu recente relatório “Desencadeando o Empreededorismo: o Poder das Empresas a
Serviço dos Pobres”, elaborado pela Comissão Para o Setor Privado & Desenvolvimento da
ONU (ANPROTEC, 2005), o Secretário Geral Kofi Annan lançou dois grandes desafios:
como desencadear o potencial do setor privado e do empreededorismo em países em
desenvolvimento e, como o setor privado pode ser encorajado no combate a pobreza?
O relatório das Nações Unidas destaca o papel das “pequenas empresas como criadoras de
emprego, representando sementes para a inovação e o empreededorismo” e, segundo as
palavras do próprio Secretário, “o caminho mais rápido e seguro para promover a
qualidade de vida da população é criar condições para que os pequenos negócios floresçam
e se fortaleçam na região, promovendo o desenvolvimento das mesmas”. (ANPROTEC,
2005)
Em outras palavras, a leitura que deve ser feita das palavras do secretário, principalmente
para os que estão envolvidos com a formação dos futuros profissionais das mais diversas
áreas do conhecimento, como as Universidades e os Centros de Formação, é a de que
precisamos disseminar no seio da população em geral, e em especial dos estudantes, o
espírito empreendedor, sendo esta a fonte inspiradora durante a elaboração do Projeto
Político Pedagógico do Curso de Engenharia de Produção da UFCG, tratado a seguir.
4. O Curso de Engenharia de Produção da UFCG
O ensino superior brasileiro tem vivenciado profundas alterações devido às mudanças
tecnológicas no campo das ciências, fazendo com que haja a necessidade de adotar um
modelo flexível que corresponda às necessidades da sociedade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (BRASIL, 1996), trouxe mudanças
radicais no processo de (re)estruturação, acompanhamento e avaliação do Ensino Superior,
viabilizando, nas Instituições de Ensino, o projeto de cursos capazes de formar profissionais
alinhados com os problemas emergentes da sociedade globalizada.
São muitas as novas formas do saber, e são muitos os novos perfis de profissionais
requeridos. De acordo com art.53 – inciso 2 da LDB, compete às Instituições de Ensino, “no
exercício de sua autonomia, fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as
diretrizes gerais pertinentes”. (BRASIL, 1996)
A partir das Diretrizes Curriculares já estabelecidas para os Cursos de Graduação em
Engenharia, publicadas em Março de 2002 (MEC/CNE/CES, 2002), os perfis dos cursos
podem ser definidos com mais liberdade e abrangência, de forma que seus egressos possam se
adaptar mais facilmente às transformações que ocorrem. As diretrizes definiram os princípios,
fundamentos, condições e procedimentos da formação de engenheiros, estabelecidas pela
Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito
nacional da organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos Cursos
de Graduação em Engenharia das Instituições do Sistema de Ensino Superior.

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Da mesma forma, desta vez internamente, a UFCG tem incentivado a reforma dos cursos de
graduação, solicitando a todos atores envolvidos a elaboração do seu Projeto Político-
Pedagógico. A Resolução do CONSEPE 39/99 (UFCG/CONSEPE, 1999) procurou a
sistematização de Elaboração do Projeto Político-Pedagógico dos cursos de graduação,
entendendo que o Projeto Político-Pedagógico de um determinado Curso de Graduação é um
conjunto de ações sócio-políticas e técnico-pedagógicas relativas à formação profissional que
se destinam a orientar a concretização curricular do referido curso.
Portanto, foi dentro deste contexto que a comissão encarregada da elaboração do PPP do
Curso procurou trabalhar e de início teve que tomar uma decisão que dizia respeito ao ensino
do empreendedorismo, ou seja: entre, somente incluir componentes curriculares (disciplinas)
que tratassem do empreendedorismo, ou incluir o tema (conteúdo) em diversos componentes
curriculares ao longo de toda a estrutura curricular. Para tal, foram analisados alguns
importantes exemplos, como foi o caso da Universidade do Sul de Santa Catarina (REINOSO,
2003).
A decisão tomada foi inovadora para a realidade da UFCG, pois a comissão optou pelas duas
opções acima apresentadas, isto é, por incluir componentes curriculares que tratem da
questão, tais como Empreendedorismo e Gestão da Inovação Tecnológica, como também,
conteúdos que tratem da problemática, distribuídos ao longo de todo o curso. Desta forma,
componentes curriculares que tratam de Economia, Administração e Direito, principalmente,
passaram a ter incluídos em seus programas conteúdos de empreendedorismo, conforme
destacado no Quadro. 1, apresentado a seguir. Convém destacar, também, que todos os
componentes mencionados, totalizando sete (7) componentes, são obrigatórios.
Ao ingressarem no curso, ou seja, a partir do primeiro período letivo e por meio do
componente curricular Introdução à Engenharia de Produção, os alunos são conscientizados
da importância do tema, tomam conhecimento das diretrizes e da filosofia que balizou toda a
elaboração do PPP do Curso, com especial destaque na missão de formar “engenheiros
empreendedores”. Com esta proposta pretende-se mostrar ao estudante, quando do seu
ingressou na universidade, que a filosofia norteadora da criação do curso e da elaboração de
seu Projeto Político Pedagógico, é aquela que procura educar dentro de valores como
autonomia, independência, capacidade para gerar o próprio emprego, de inovar e gerar
riqueza, capacidade de assumir riscos e crescer em ambientes instáveis, porque estes são os
valores sociais que melhor conduzem ao desenvolvimento (DOLABELA, 2004).
Já a partir do segundo período a questão passa a ser vista de maneira mais técnica, tendo em
vista que se encontra inserida nos componentes curriculares de Fundamentos de
Administração (2º período) e de Economia (3º período).
No componente curricular Fundamentos de Administração o aluno começa a ter contato, tanto
em aulas expositivas, como a partir de leituras e visitas, com o conceito de empreendedorismo
e uma gama de fatores e características a este ligado. Já no componente curricular
Fundamentos de Economia, além de procurar entender acerca dos mecanismos essenciais da
organização econômica (princípios, estruturas e dinâmica) dos sistemas econômicos, da
atividade de produção e da atividade empreendedora, o aluno é convidado a analisar o
empresário empreendedor segundo a visão de Schumpeter, considerado como o primeiro
economista a tratar da questão, no início do Século XX.
No quinto e no sexto período a questão é tratada com mais profundidade, tendo em vista que
no quinto período ela é explorada no componente curricular Gestão da Inovação Tecnológica,
atingindo seu ápice, no sexto período, com o componente curricular Empreendedorismo.

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No período seguinte, o sétimo, o componente curricular Administração Estratégica trata do


tema a “estratégia empreendedora” e, com o componente Instituições do Direito para
Engenharia de Produção é vista toda a questão legal para se empreender (abrir um negócio).
É importante, porém, que seja mencionado que o objetivo maior deste tipo de formatação de
curso, ou seja, a forma como o PPP foi “forjado” não implica, necessariamente, que os futuros
egressos do curso se tornem empresários, mas sim, que desenvolvam habilidades
empreendedoras e se tornem cidadãos de sucesso em qualquer atividade que se envolverem.

Componente Curricular: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


Pré-requisito: Não requer Carga Horária: 30 horas Número de Créditos: 02
Departamento Responsável: DEM Período para Cursar: 1º
Ementa: O papel social do engenheiro e as regulamentações profissionais. O Engenheiro Empreendedor. Visão
geral da evolução da organização da produção. Conceituação, histórico e áreas da engenharia de produção.
Organização do curso.

Componente Curricular: FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO


Pré-requisito: Int. Eng. de Produção Carga Horária: 30 horas Número de Créditos: 02
Departamento Responsável: DAC Período para Cursar: 2º
Ementa: As funções da administração. As áreas de atuação executiva. A organização: estrutura, componentes e
processos. Administração do fator humano. Empreendedorismo: conceito e fundamentos.

Componente Curricular: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA


Pré-requisito: FUND. DE ADMINISTRAÇÃO Carga Horária: 30 horas Créditos: 02
Departamento Responsável: DEF Período para Cursar: 3º
Ementa: Mecanismos essenciais da organização econômica (princípios, estruturas e dinâmica). Os sistemas
econômicos. A atividade de produção. A atividade empreendedora: O empresário empreendedor segundo a visão
de Schumpeter.

Componente Curricular: GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


Pré-requisito:ECONOMIA DA PRODUÇÃO Carga Horária: 60 horas Créditos: 04
Departamento Responsável: DAC Período para Cursar: 5º
Ementa: Conhecimento e inovação. O processo de inovação. Sistema de ciência e tecnologia. Políticas de ciência
e tecnologia. Sistemas nacionais de inovação. Gestão da inovação tecnológica. Transferência de tecnologia.

Componente Curricular: Empreendedorismo


Pré-requisito:Gestão da Inov. Tecnol. Carga Horária: 60 horas Créditos: 04
Departamento Responsável: DSC Período para Cursar: 6º
Ementa: Desenvolvimento do perfil empreendedor. Criatividade e inovação tecnológica. Negociação. Marketing
e vendas. Introdução à gestão organizacional. Qualidade de processos e produtos. Introdução ao design de
produtos. Propriedade industrial, Introdução à gestão da produção. Políticas e práticas industriais em mercados
específicos. Prática de empreendedorismo. Projeto de inovação tecnológica.

Componente Curricular: ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA


Pré-requisito: EMPREENDEDORISMO Carga Horária: 60 horas Créditos: 04 (quatro)
Departamento Responsável: DAC Período para Cursar: 7º
Ementa: Conceitos de política e estratégia. Formas de planejamento estratégico. O novo ambiente de negócios.
Modelos para mudança. Evolução da administração estratégica. A Estratégia empreendedora. Metodologias de
formulação. Obstáculos à implementação da administração estratégica.

Componente Curricular: INSTITUIÇÕES DO DIREITO P/ENG. PRODUÇÃO


Pré-requisito: Não requer Carga Horária: 60 horas Número de Créditos: 04(quatro)
Departamento Responsável: DAS Período para Cursar: 7º
Ementa: Teoria geral do direito. Relação entre direito e sociedade. Direitos individuais, direitos sociais e a
constituição. Análise e crítica das instituições e instrumentos de aplicação das formas coercíveis do Estado. Os
aspectos legais do empreendedorismo: A abertura de um negócio e a questão legal. A lei de inovação. Marcas e
patentes.

Tabela 1 - Componentes Curriculares com Foco em Empreendedorismo

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Entretanto, a estratégia estabelecida não para por aí, uma vez que foram criadas outras
condições para que, ao longo da vida acadêmica do estudante do Curso de Engenharia de
Produção da UFCG, a sua “veia empreendedora” seja aperfeiçoada.
É dentro desta lógica que a própria Resolução da Câmara Superior de Ensino da UFCG, ao
criar o Curso de Engenharia de Produção estabelece em um de seus artigos, o seguinte: A fim
de estimular atividades de articulação teórico-práticas de caráter optativo, poderão ser consideradas as
participações dos alunos em projetos, empresas juniores, seminários, congressos, bem como a apresentação e
publicação de artigos científicos. (UFCG/CSE, 2005)

A mesma Resolução da Câmara Superior de Ensino, órgão máximo dentro da UFCG a tratar
das questões relacionadas ao ensino de graduação, estabelece que as atividades relacionadas
no parágrafo anterior serão aproveitadas no componente curricular Atividades
Complementares em Engenharia de Produção, onde a cada 60 horas de atividades o aluno terá
direito a dispensar um componente curricular eletivo, até o máximo de dois destes
componentes.
Portanto, o modelo proposto procura romper com o modelo tradicional de ensino o qual não
valoriza os instrumentos de acesso ao conhecimento e à comunicação, fragmentando este
conhecimento, estimulando a memorização e limitando o professor a um mero repassador de
informações.
O modelo de Projeto Político Pedagógico criado procura, por sua vez, valorizar a
participação, onde os alunos possam vivenciar processos participativos de compartilhamento
do processo de ensinar e aprender por meio de uma comunicação mais aberta, motivadora,
confiante e que possibilite escolhas e, que seja centrada no aluno.
Procurando complementar todo um processo e servir de laboratório para os futuros egressos
do curso, o Projeto Político Pedagógico prevê, também, a necessidade da criação de um
espaço que permita que estes egressos exercitem suas “veias empreendedoras”, ou seja de
uma incubadora de empresas, o que já vem sendo articulado no âmbito da Universidade.
5. Conclusões
Por ter uma meta ambiciosa, arrojada, inovadora e por que não dizer empreendedora, o
Projeto Político Pedagógico do Curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de
Campina Grande foi uma construção “dolorosa”. Inúmeras foram as “idas e vindas” entre os
mais diversos departamentos que compõem a UFCG. Por tratar-se de um processo
democrático, onde a participação de toda a comunidade acadêmica envolvida com o curso era
preponderante, os percalços foram muitos.
Embora seja prematura qualquer conclusão, tendo em vista que o curso está somente
iniciando, pois a primeira turma ingressou em 2005, algumas características importantes do
Projeto Político Pedagógico merecem destaque:
- Ter como meta principal preparar engenheiros empreendedores no sentido mais amplo da
palavra, ou seja, não implicando que os futuros egressos do curso se tornem, necessariamente,
empresários, mas sim, que desenvolvam habilidades empreendedoras e se tornem cidadãos de
sucesso em qualquer atividade que se envolverem;
- Apresentar um elenco de sete (7) componentes curriculares com conteúdos específicos de
empreendedorismo e temas afins, todos eles de caráter obrigatório, distribuídos ao longo da
estrutura curricular do curso, iniciando já no primeiro período letivo;

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- Incentivar e premiar, com pontuação e com possibilidade de dispensa de outros


componentes curriculares de caráter eletivo, a participação dos alunos nas empresas juniores,
congresso, programas institucionais como PIBIC, Monitorias e outros;
- Permitir que ao final do curso seus egressos participem de um processo de incubação de
empresas, ou melhor, de suas idéias.
Portanto, ao final deste processo, o qual teve a participação de inúmeras pessoas, chegou-se a
uma proposta que, ao mesmo tempo em que procura seguir as Diretrizes Curriculares já
estabelecidas para os Cursos de Graduação em Engenharia (Resolução CNE/CES 11, de 11 de
Março de 2002), está adaptada ao novo paradigma de educação, o qual propõe uma
metodologia participativa, com o aluno sendo o centro do processo de ensino-aprendizagem,
procurando educar dentro de valores como autonomia, independência, capacidade de assumir
riscos e crescer em ambientes instáveis.
6. Referências Bibliográficas
ANPROTEC. (2004) – Agenda das cidades empreendedoras e inovadoras. Associação nacional das Entidades
Promotoras de Empreendimentos Inovadores. (www.anprotec.org.br)
BRASIL. (1996) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996.
DOLABELA, Fernando. (2004) – Ensino de empreendedorismo na Educação Básica como instrumento do
desenvolvimento local sustentável. A metodologia Pedagógica Empreendedora. ANAIS - XIV Seminário
Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e XII Workshop ANPROTEC. Porto de Galinhas.
DRUCKER, Peter F. (1987) - Inovação e espírito empreendedor (entrepreurship), prática e princípios. São
Paulo: Pioneira.
FILION, Louis Jacques. (1999) – O Empreendedorismo como tema de Estudos Superiores. Escola de Altos
Estudos Comerciais de Montreal.
McCLELLAND, D.C. (1971) – Entrepreneurship and achievement motivation: approaches to the science of
sócio-economic development. Paris: P. Lengyel. UNESCO.
MEC/CNE/CES. (2002) - Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Engenharia. Resolução
CNE/CES 11, de 11 de Março de 2002. Brasília.
REINOSO, Ruben César. (2003) - A formação de empreendedores: análise das disciplinas de empreendedorismo
nas áreas de ciências sociais, administração e tecnologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL,
ANAIS - XIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e XI Workshop
ANPROTEC. 20 a 24 de outubro. Brasília, DF.
SCHUMPETER, Joseph A. (1961) – Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo da Cultura.
UFCG/CONSEPE. (1999) – Resolução nº 39/99 do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão. Dispõe
sobre a sistemática de elaboração e de reformulação do Projeto Político Pedagógico dos Cursos de Graduação da
Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande: UFCG
UFCG. (2005) – Projeto político Pedagógico do Curso de Engenharia de Produção. Universidade Federal de
Campina Grande. Campina Grande.
UFCG/CSE. (2005) – Resolução /2005 da Câmara Superior de Ensino. Dispõe sobre a criação do Curso de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Campina Grande e aprova seu Projeto Político Pedagógico.
Campina Grande: UFCG.

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