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SUSTENTABILIDADE NA
CONSTRUÇÃO CIVIL: UTILIZAÇÃO DO
RESÍDUO DE POLIESTIRENO
EXPANDIDO COMO MATERIAL NÃO
CONVENCIONAL
Maria Betania Gama Santos (UFCG)
betaniagama@uaep.ufcg.edu.br
Ivanildo Fernandes Araujo (UFCG)
ivanildo@uaep.ufcg.edu.br
Mabel Simone A.B. Guardia (UFRN)
mabelsimone@yahoo.com.br
Sandra Sereide Ferreira da Silva (UFCG)
sandrasereide@yahoo.com.br
Antônio Farias Leal (UFCG)
antonio@deag.ufcg.edu.br
1. Introdução
A busca do desenvolvimento sustentável tem sido tema de diversas pesquisas e estudos, para
Beni (2006) o desenvolvimento sustentável está relacionado ao comprometimento com a
continuidade dos processos naturais para as próximas gerações. Para Hall (2001) existem
quatro características de uma comunidade sustentável, a segurança econômica, que está
relacionada a variedade de empresas, treinamento e organizações socialmente responsáveis, a
integridade ecológica, que se refere a adoção de sistemas naturais, a qualidade de vida, sendo
este o senso de integração, onde o fornecimento de bens e serviços não comprometem as
gerações futuras e por fim, o poder e responsabilidade, de comunidades com oportunidades
iguais.
O reaproveitamento do poliestireno expandido, EPS, ou isopor, como material de construção
auxilia na redução de problemas causados por seu acúmulo. Grande quantidade de isopor
pode ser facilmente encontrada em aterros ou lixões. A origem do descarte é bem variada,
pois, sua utilização se aplica desde pequenos empreendimentos de festas infantis, os quais
utilizam estes materiais nas mais diversas formas, até as mais variadas aplicações em
embalagens industriais, bem como, em artigos de consumo doméstico e industrial, sendo
utilizado até mesmo na agricultura, como condicionador de solo.
A reciclagem ou reaproveitamento de materiais pode colaborar com o meio ambiente, pois
evita acúmulo de produtos em aterros sanitários, além de minimizar custos com a produção de
novos produtos.
Os resíduos e armazenamentos inadequados no meio ambiente podem acarretar graves
problemas, por ocupar muito espaço e obstruir canais dos rios, podem causar enchentes, além
disso, o período de decomposição deste produto é bem longo, cerca de 150 anos.
No Brasil o Isopor tem consumo altíssimo, de acordo com (MEDEIROS et al., 2006) esse
consumo variou de 9 mil toneladas em 1992 para 36,5 mil no ano de 2004, ocasionando um
aumento de quase 300% em sua utilização.
A construção civil passou a fazer uso do material, que por sua vez não compromete a
segurança da construção, chegando a reduzir em até 20% o custo de fundação da obra
(BURGOS, 2006).
A necessidade de uma arquitetura e construção sustentáveis tem fomentado a investigação de
produtos alternativos, baseados em materiais resultantes do aproveitamento de resíduos
industriais renováveis.
Diante deste cenário, nesta pesquisa se propõe o desenvolvimento de novos materiais e
compósitos utilizando resíduos de poliestireno expandido, EPS, ou isopor, material com
inerentes propriedades térmicas e acústicas, e sua utilização na construção civil.
2. Objetivos
Desenvolver um novo material, um compósito, utilizando resíduos de poliestireno expandido,
EPS, bem como, verificar uma possível utilização desse material alternativo para ser usado
em blocos de cimento para alvenaria de vedação, em substituição parcial ao agregado natural
presente nos blocos, que deverão atender às especificações técnicas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) quando submetidos a ensaios experimentais para
determinação de resistência à compressão.
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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
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Uma vez confeccionados, os corpos de prova foram desenformados com 72 horas. Tomando
como base o estudo de Medeiros et al. (2006), o processo de secagem foi realizado no
laboratório LaCRA em condições ambientais para os corpos e com um tempo de cura de 28
dias.
5. Resultados e Discussões
Os ensaios de resistência à compressão foram efetuados após decorrerem 28 dias da data de
moldagem. Os blocos foram submetidos ao ensaio de compressão, executado segundo NBR-
7184. A prensa para o rompimento dos blocos foi do tipo hidráulica da marca SOLOTEST
Indústria Brasileira, utilizando as instalações do laboratório de Engenharia Química e Civil,
do Centro de Ciência e Tecnologia da UFCG.
Com o propósito de verificar as propriedades mecânicas dos corpos, foram obtidos os
seguintes resultados para os traços 1, 2 e 3, conforme pode ser visto na tabela 01.
Pode-se observar que foi obtido um resultado mais satisfatório, ou seja, um maior valor
médio de resistência à compressão nos corpos de prova no traço 01, onde foi usado um
percentual de 18% de resíduo de EPS.
Tensão média para o Traço 1 Tensão média para o Traço 2 Tensão média para o Traço 3
(18% de resíduo de EPS) (28% de resíduo de EPS) (44% de resíduo de EPS)
Tabela 01 – Descrição dos valores obtidos no ensaio resistência à compressão simples média em MPa
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O Estudo de Klein et al, (2004) mostrou que é ideal analisar diversos traços de concreto leve
prevalecendo o que apresentar a inclusão de esferas de isopor acompanhado de aditivos
modificadores da tensão superficial do isopor e superfluidificante, segundo os autores o fator
água/cimento abaixo de 0,5 contribui para melhorar a resistência do concreto e diminuir a sua
porosidade.
6. Conclusões
A produção de elementos construtivos confeccionados a partir de concreto leve, utilizando
resíduos de EPS, é relativamente simples, o que não trará grandes dificuldades para a
fabricação em larga escala.
Esses blocos trarão benefícios para construção civil, visto que o custo e o tempo de execução
das construções serão reduzidos, além de diminuir os problemas ambientais causados pelo
destinação final de reiduos de EPS, que sendo um material de demorado tempo de
decomposição e de alto custo de reciclagem, poderá contribuir para as ações de
desenvolvimento sustentável.
No ensaio de granulometria a retenção percentual do resíduo de EPS, utilizado neste
experimento foi de 30% na peneira de 2,8 mm, de 34% na peneira de 2,3 mm, e foi de 32% e
na peneira de 1,3 mm.
Foi obtido um resultado mais satisfatório, ou seja, um maior valor médio de resistência à
compressão nos corpos de prova no traço 01, onde foi usado um percentual de 18% de resíduo
de EPS.
A utilização dos corpos de prova, utilizando resíduos de isopor, serviu para avaliar tanto o
traço, quanto à avaliação da resistência do bloco, a ser usado em processos construtivos.
Contudo, novas proporções de EPS, e o próprio resíduo triturado e caracterizado
adequadamente, devem ser testados para diminuir ainda mais o peso do bloco e permitir a
manipulação do mesmo, como também a realização de aprofundamento no que tange ao
conforto térmico e acústico.
7. Referências
AGUIAR, E.C.C.; SILVÉRIO, C. D. V.; PEREIRA, L.A. & KANNING, R.C. A tecnologia do concreto
aliada ao meio ambiente: CEFET-PR – Disponível em: http://www.cefetpr.br/deptos/dacoc/isopet/ Acesso em:
setembro, 2008.
ALVIM, R. C. Compósitos de Cimento Leve Reforçados com Fibras Vegetais. Ilhéus – BA, Universidade
Estadual de Santa Cruz, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – ensaio de compressão de
corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7219: Agregados – Determinação do teor
de materiais pulverulentos. Rio de Janeiro, 1987.
BENI, M. Política e planejamento sustentável. São Paulo: Aleph, 2006.
BURGOS, R. Construção civil adere ao uso do isopor. Portal do arquiteto, 2006.
HALL, C. M. Planejamento: políticas, processos e relacionamentos. São Paulo: Contexto, 2001.
KLEIN, D. L.; KLEIN, G. M. B. & LIMA, R. C. A. Sistemas construtivos inovadores: procedimentos de
avaliação. 2º Seminário de Patologia das edificações: novos materiais e tecnologias emergentes, 2004.
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MEDEIROS, K. F.; BORJA, E.V.; SILVA, G.G. & BEZERRA,;M.C.M. Análise das propriedades físico-
mecânicas em blocos de cimento, com adição de isopor, sem função estrutural. I Congresso de Pesquisa e
Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica Natal-RN - 2006.
NUNES, G. F.; ALVIM, R. C. & ALVIM, R. A. A. Uso de concreto leve para a produção de elemento
estrutural na região cacaueira. XIII Seminário de Iniciação Científica e 9a Semana de Pesquisa e Pós-
Graduação da UESC Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, 2007.
SOUZA, L.; BERNARDES, H. & SALLES, F. Modelo físico reduzido para estudo de reação álcali-agregado
em construção de barragens. Workshop Concreto: durabilidade, qualidade e novas tecnologias. 2006.