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ISSN 1984-9354

ANÁLISE DOS MÉTODOS DE REDUÇÃO DE EMISSÃO DE


CO2 EM UMA INDÚSTRIA DE CIMENTO

Liana Wermelinger de Matos


lianawm4@gmail.com
(LATEC/UFF)

Resumo: Aproximadamente 90% das emissões de CO2 provenientes da fabricação de cimento ocorrem durante a
produção do clínquer, seja na descarbonatação da matéria-prima, seja com a queima de combustíveis no interior do
forno. Os esforços atuais são inúmeros, na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas
à produção de cimento. O presente trabalho analisou os métodos de redução de CO2 com base nos dados das emissões
de CO2 no processo de produção de cimento em uma fábrica de cimento. Foi possível verificar e confirmar que a
emissão de CO2 está diretamente ligada à produção de clínquer. Assim como a utilização de combustíveis fósseis no
forno contribui para o aumento da emissão de CO2. Com isso a produção de cimento com menos porcentagem de
clínquer, utilizando aditivos, contribui para a redução de emissão de CO2 assim como a utilização de biomassa e
resíduos no forno, como combustíveis, reduz também a emissão de CO2, pois estas três alternativas permitem que a
produção e/ou consumo de clínquer sejam otimizados.

Palavras-chaves: Cimento. Clínquer. Emissão de CO2. Efeito estufa.


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1. Introdução
O cimento Portland é o principal tipo de cimento utilizado na construção civil atualmente no
mundo. No Brasil, a produção de cimento Portland atingiu a marca de 51,9 milhões de toneladas,
recorde histórico desde 1970. O cimento Portland é uma mistura de clínquer e aditivos (como gesso,
escória de alto forno, materiais pozolânicos, filer calcário, materiais carbonáticos) (BERNARDO et
al., 2010). O clínquer é o principal componente do cimento, e sua produção consiste na transformação
térmica de uma mistura de calcário e argila, dando origem a uma mistura que forma a base dos vários
tipos de cimento. A produção do clínquer ocorre a temperaturas elevadas, em fornos que alcançam até
1500ºC (SNIC, 2013).
A indústria de cimento é uma fonte de emissão do gás do efeito estufa, dióxido de carbono
(CO2). Cerca de 6% das emissões antropogênicas de CO2 provém da indústria de cimento.
Aproximadamente 50% das emissões de dióxido de carbono na produção de cimento são originadas na
reação química (calcinação ou descarbonatação) de conversão do calcário (CaCO3) para óxido de
cálcio (CaO). (WBCSD, 2012).
Aproximadamente 40% das emissões de CO2 são resultado da combustão de combustíveis
fosseis durante o processo de produção do cimento. O restante provém das emissões do transporte de
matérias-primas (5%) e da queima de combustíveis fosseis requeridos para a produção da eletricidade
consumida pela produção do cimento (5%). De acordo com a base de dados da CSI, que abrange um
terço da produção global de cimento, a média específica de emissões de CO2 atingiu 652 kg/ton de
produto cimenteiro em 2010 (WBCSD, 2012).

O gás carbônico é parte da atmosfera terrestre e forma uma capa ao redor da Terra que auxilia a
manter a temperatura da Terra adequada para a manutenção da vida – inclusive a humana. Esse
processo se chama efeito estufa. Alterações climáticas implicam em mudanças no equilíbrio ambiental
do planeta. Mais especificamente o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera pode
supostamente prejudicar o equilíbrio estabelecido entre oceanos e biosfera que fazem suas trocas de
carbono através da atmosfera. Em concentrações normais, longe de ser prejudicial, o CO2 é fator
primordial sob dois pontos de vista: metabolismo das plantas e equilíbrio climático global (SANTOS e
HELENE, 1990).

A questão, então, não é o mecanismo natural em si, mas a interferência do homem. O volume
extra de CO2 e de outros gases, como o metano, que aumentou a partir da Revolução Industrial,
engrossou a capa, de forma que a temperatura passou a subir – causando o aquecimento global. Com o

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planeta mais quente é sabido que ocorre um desequilíbrio no sistema climático que tem como
consequência o derretimento do gelo dos polos, elevando o nível médio dos oceanos, tornando-se uma
ameaça para populações costeiras, além das tempestades se tornarem mais frequentes e intensas, assim
como ondas de frio e calor extremos; as populações ficam em situação difícil sofrendo impactos na
produção de alimentos, fornecimento de água e moradia (LOPES, 2010).

Os esforços atuais são inúmeros na tentativa de reduzir as emissões de GEE associadas à


produção de cimento. Como exemplo, temos o World Business Council for Sustainable Development
(WBCSD) que lançou a Cement Sustainability Initiative (CSI), uma iniciativa que reúne as 23 maiores
empresas de cimento do mundo, todas concentradas no objetivo de reduzir a emissão de CO 2 na
produção de cimento (WBCSD, 2012).

A produção de cimentos com adições ao clínquer, com materiais como escórias siderúrgicas,
cinzas volantes, pozolanas artificiais e filer calcário, além de diversificar as aplicações e características
do cimento, permite uma redução significativa das emissões de CO2, que dependerão do tipo de
cimento produzido e do percentual de adição. As adições são matérias-primas que, ao serem
misturadas ao clínquer, possibilitam a produção de diferentes tipos de cimentos Portland. O tipo de
adição e a proporção utilizada diversificam as aplicações e determinam as características específicas do
cimento. Além da redução de CO2, os cimentos com adição são uma solução ambientalmente adequada
para os subprodutos de outros processos produtivos, como escórias siderúrgicas e cinzas de
termoelétricas, contribuindo com a redução de passivos ambientais (CETESB, 2010).

A necessidade de preservação ambiental e a tendência de escassez dos recursos naturais fazem


com que a construção civil passe a adquirir novos conceitos, buscando soluções técnicas que visem a
sustentabilidade de suas atividades (SOUZA et al., 2006). A fabricação de cimento implica num
elevado consumo de energia térmica e elétrica, devido o processo ser realizado em altas temperaturas.
Com as leis ambientais cada vez mais rigorosas, as indústrias cimenteiras buscam alternativas para
amenizar seus impactos no meio ambiente, buscando o enquadramento nos padrões de emissões de
poluentes exigidos. No intuito de diminuir os custos com o consumo de combustível fóssil (fonte não
renovável), a técnica de coprocessamento vem sendo empregada para introduzir combustíveis
alternativos como parte do processo de fabricação (TOSTA et al., 2007). Com isso a demanda por
aterros e incineradores é reduzida, diminuindo os impactos causados por estas tecnologias, como a
contaminação das águas subterrâneas, geração de metano e produção de resíduos perigosos (cinzas

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provenientes dos incineradores). O coprocessamento permite o aproveitamento da energia contida em


diversos resíduos, como pneus, biomassas e resíduos industriais, representando importante papel na
gestão ambiental (CNI, 2012).
O estado do Rio de Janeiro tem uma particularidade, o Instituto Estadual do Ambiente – INEA
possui uma Resolução - n° 43 de 16 de novembro de 2011 - que dispõe sobre a apresentação de
Questionário Declaratório de Gases de Efeito Estufa para Fins de Licenciamento Ambiental no Estado
do Rio de Janeiro, que considera a importância do Estado conhecer a evolução do quantitativo de gases
de efeito estufa emitidos pelas atividades nele exercidas, para elaboração de planos e programas de
mitigação e adaptação às mudanças climáticas; dentre os empreendimentos que têm obrigatoriedade de
enviar anualmente a apresentação de Questionário Declaratório de Emissões de GEE, está a indústria de
produção de cimento (INEA, 2011).

1.2 Objetivos do estudo

1.2.1 Objetivo geral

Esse trabalho teve como objetivo analisar os métodos de redução de CO2, com base nos dados
das emissões de CO2, do processo de produção de cimento em uma fábrica de cimento.

1.2.2 Objetivos específicos

- Analisar as emissões de CO2 de acordo com a produção de clínquer

- Analisar as emissões de CO2 de acordo com a quantidade de utilização de aditivos na


produção de cimento

- Avaliar as emissões de CO2 de acordo com a utilização de combustíveis alternativos e


biomassa no forno de clínquer

- Contribuir com os estudos para otimização dos métodos de redução de emissão de CO2 na
indústria de cimento

2. Metodologia

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O presente trabalho apresentou um estudo analítico-descritivo, por meio da pesquisa de


relatórios contendo dados de emissões anuais de CO2 no processo de produção de cimento e no
consumo de combustíveis alternativos e biomassa no forno de clínquer, no período de 2011 a 2014, em
uma indústria de cimento, que foi denominada neste trabalho como Fábrica de Cimento A.

Os dados foram tabulados em EXCEL (Microsoft Office 2007) e foram obtidos gráficos para a
avaliação dos dados de emissão de CO2 relacionando – os com os dados do processo de produção de
cimento, do ano de 2011 a 2014.

3. Resultados e Discussão
A emissão de CO2 nos anos de 2011 a 2014, na Fábrica de Cimento A, é mostrada na figura 1,
onde no ano de 2012 houve maior emissão de CO2; já nos anos de 2013 e 2014, houve uma redução da
emissão de CO2; esse gráfico demonstra uma melhoria nos processos para otimização de redução da
emissão de CO2, pois mostra crescente redução de emissão de CO2 na Fábrica de Cimento A, ao longo
dos anos citados.

Emissão de CO2

Figura 1: Emissão líquida de CO2 (1000 ton/ano), nos anos de 2011 a 2014.

A figura 2 mostra as emissões de CO2 (kg) líquidas por tonelada de clínquer e por tonelada de
cimento, onde é possível verificar que ocorre uma maior emissão de CO2 na produção de clínquer do

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que na produção de cimento. Em 2012 houve maior emissão de CO2 por tonelada de clínquer e no ano
de 2014, a emissão de CO2 foi menor tanto por tonelada de clínquer quanto por tonelada de cimento.

Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 a 1.000 quilos de CO2 e o
fator médio de emissão de CO2 por tonelada de cimento é de 610 quilos. De acordo com a figura 2, a
média de emissão de CO2/ ton de clínquer foi de 840 kg e de CO2/ ton de cimento foi de 396 kg,
mostrando que a Fábrica de Cimento A já está bem abaixo da média que a literatura mostra. A emissão
de CO2 varia conforme a tecnologia e matéria-prima utilizada na produção (CETESB, 2012).

Emissões de CO2

Figura 2: Emissões líquidas de CO2 (kg) por tonelada de clínquer e por tonelada de cimento, nos anos de 2011a
2014.

Na figura 3, é possível observar que a produção dos cimentos A e B, que são cimentos menos
aditivados, apresentou uma queda ao passar dos anos considerados; já a produção dos cimentos C e D
– cimentos mais aditivados, aumentou com o passar dos anos, sendo que o D se destacou nesse
quesito.
Observando as composições médias (escória e clínquer) de cada tipo de cimento considerado
neste trabalho (figuras 4 e 5), verifica-se, de acordo com a figura 2, onde as emissões de CO2/ton de
cimento decresceram de 2011 a 2014, que com a diminuição da produção dos cimentos A e B -
cimentos menos aditivados, houve também uma redução da emissão de CO2 neste período; ainda
observa-se que os cimentos C e D – cimentos mais aditivados, conforme mostrado na figura 4 -

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tiveram uma produção crescente de 2011 a 2014, o que também colaborou com a redução da emissão
de CO2.

De acordo com a CNI (2012), a produção de cimentos com maiores teores de adições
possibilita a preservação de jazidas minerais, pela redução da utilização de matérias-primas não
renováveis (calcário e argila) e redução no consumo de combustível fóssil pelo menor consumo de
clínquer.

Considerando também as substituições no concreto, material mais utilizado na construção civil,


que tem em sua composição o cimento, o trabalho de ISAIA e GASTALDINI (2004) apresenta estudo
de caso demonstrando que a substituição do cimento pelas adições de cinza volante e escória granulada
de alto forno no concreto, em até 90%, acarretou diminuição de 5% no custo, 58% no consumo de
energia e 81% na emissão de CO2.
O trabalho desenvolvido por PAULA e colaboradores (2009), voltado para a avaliação do
potencial da cinza do bagaço da cana-de-açúcar como material de substituição parcial do cimento em
concretos, objetivou apresentar opção viável para a destinação deste resíduo, além disso, o emprego da
cinza do bagaço da cana-de-açúcar como adição mineral, substituindo parte do cimento em concretos,
contribui para a redução do impacto ambiental desses materiais, em boa parte decorrente da produção
do cimento.

Produção por tipo de cimento

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Figura 3: Tipos de cimentos produzidos nos anos de 2011 a 2014 (1000 ton/ano).

Composição média (2011 - 2014) de escória nos tipos de cimento


Tipos de cimento %
A 31
B 22
C 58
D 39

Figura 4: Composição média de escória (%) nos diferentes tipos de cimentos, do ano de 2011 a 2014.

Composição média (2011 - 2014) de clínquer nos tipos de cimento


Tipos de cimento %
A 55
B 72
C 36
D 47

Figura 5: Composição média de clínquer (%) nos diferentes tipos de cimentos, do ano de 2011 a 2014.

De 2011 a 2014 houve um crescente consumo de biomassa como combustível no forno, como
mostra a figura 6, porém houve redução do consumo de combustíveis alternativos. Levando em
consideração a figura 2, é possível relacionar o maior consumo de biomassa e menor consumo de
carvão em 2014, com a menor emissão de CO2/ ton de clinquer, neste ano; em 2012 houve maior
emissão de CO2/ ton de clinquer, o que podemos também relacionar com o maior consumo de coque
de petróleo e menor consumo de biomassa no forno.

Consumo dos principais tipos de combustíveis no forno de clínquer

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Figura 6: Principais tipos de combustíveis consumidos no forno de clínquer nos anos de 2011 a 2014 (ton/ano).

A figura 7 apresenta o consumo médio (%) dos combustíveis considerados principais,


utilizados no forno de clínquer, quando o assunto é emissão ou redução de CO2. No ano de 2014, onde
houve a menor emissão de CO2 comparada aos outros anos, foi quando a biomassa teve maior
consumo no forno (14,3%), o carvão mineral teve uma das menores porcentagens de consumo (0,2%)
e o coque de petróleo teve consumo de 74,2%. Já no ano de 2012, onde houve a maior emissão de
CO2, os consumos de biomassa foram de 4,4%, carvão mineral 3,6% e coque de petróleo 82,5%,
sendo possível observar mais uma vez que o consumo maior de biomassa e menor de combustíveis
fósseis está associado à redução de emissão de CO2.

Consumo (%) dos principais combustíveis no forno de clínquer

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Figura 7: Consumo médio (%) de biomassa, carvão mineral e coque de petróleo no forno de clínquer, nos anos de
2011 a 2014.

A figura 8 apresenta a Taxa de Substituição Térmica (TSR) média, a qual mede a substituição
de energia não renovável por energia renovável. Em uma visão geral, a TSR cresceu ao longo dos anos
(2011 a 2014), só apresentando uma queda em 2012, que foi o ano onde houve maior emissão de CO 2,
e a maior taxa de TSR foi em 2014, ano que apresentou menor emissão de CO2 conforme mostrado nas
figuras 1 e 2; com isso é possível mostrar que a Fábrica de Cimento A vem apresentando crescente
melhoria nos seus processos para redução da emissão de CO2 ao longo dos anos.
O mercado para obtenção de escória, resíduos industriais e biomassa flutua constantemente, e é
comum a oferta desses produtos ir diminuindo, com isso as empresas são obrigadas a aumentar o
consumo de combustíveis tradicionais não renováveis e o fator clínquer. Este é um grande desafio:
buscar alternativas para melhorar a taxa de substituição térmica, sua eficiência energética e seus
componentes minerais, o que influencia na redução de emissão de CO2 e de custos (HOLCIM, 2011).

Taxa de substituição térmica (TSR)

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Figura 8: Taxa de substituição térmica média (TSR - %), nos anos de 2011 a 2014.

A indústria do cimento no Brasil é referência internacional quando se fala em baixa emissão de


CO2, sendo a Fábrica de Cimento A uma das indústrias que apresenta menores emissões de CO 2, o que
comprova que ela possui práticas eficientes de redução de emissões. A elevada utilização de adições de
escória é fator preponderante na produção de mais cimento com menos clínquer e, consequentemente,
menos emissão de dióxido de carbono. Contudo, se por um lado essa disponibilidade de adições
possibilitou um dos menores níveis de CO2 por tonelada de cimento, por outro representa um grande
desafio para o setor, que é o de manter esses baixos níveis, uma vez que a oferta de adições
dificilmente acompanhará o aumento da demanda por cimento.
Além das adições, outros dois aspectos contribuem para a redução do CO2 no setor, relativos às
emissões oriundas da queima de combustíveis durante o processo. Estes aspectos são a eficiência
energética do parque industrial, resultando em um menor consumo de combustíveis por tonelada
produzida, e a utilização de combustíveis alternativos, com menor fator de emissão de CO2
comparativamente aos combustíveis fósseis tradicionais (CETESB, 2010).

4. Considerações finais

A indústria busca alternativas para aumentar a eco eficiência do processo substituindo parte do
clínquer por escória e cinza volante. O problema é que a indústria do aço e a geração de cinza crescem
menos que a produção de cimento, o que inviabiliza essa estratégia a longo prazo.

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Uma técnica vem sendo desenvolvida pela USP que amplia a produção sem investir na
produção de mais fornos, o que implicaria também em não aumentar o consumo de combustível na
operação. A tecnologia consiste basicamente em aumentar a proporção de filler na fórmula do cimento
Portland. O filler é uma matéria-prima à base de pó de calcário que dispensa tratamento técnico
(calcinação), processo que na fabricação do cimento é responsável por mais de 80% do consumo
energético e 90% das emissões de CO2.
A adoção dessa tecnologia pode ser progressiva, avançando à medida que a indústria ganha
experiência e ajusta seu modelo de negócio, exigindo desenvolvimento de soluções inovadoras,
seguras e de baixo custo, além de uma tecnologia de moagem sofisticada em escala industrial. É
preciso negociar parcerias com as indústrias cimenteiras para aperfeiçoar e transferir o método,
permitindo com isso uma redução de cerca de 40% na emissão de CO2, na indústria de cimento (USP,
2013).

5. Conclusões

- A emissão de CO2 está diretamente relacionada à produção de clínquer.

- A produção de tipos de cimento com maior porcentagem de aditivos contribui para a redução da
emissão de CO2.

- A utilização de biomassa como combustível no forno de clínquer é um método de redução de


emissão de CO2 eficiente, pois permite a redução da utilização de combustíveis fósseis.

- Importante considerar estudos para viabilizar o aumento da utilização de biomassa como combustível
no forno, para permitir a crescente diminuição da utilização de combustíveis fósseis; assim como
considerar estudos para viabilizar a maior produção dos tipos de cimentos com mais porcentagem de
aditivos, considerando estudos comerciais; assim será possível uma crescente redução de emissão de
CO2.

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