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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

ENGENHARIA CICLO BÁSICO – EB2P39 / EB3U39 / EB3T39

G137922 _ VICTOR CARLOS DELVECCHIO ROCHA _ EB2P39


F33ABH0 _ LORHAYNE DE ANDRADE SANTOS _ EB2P39
F33EDJ7 _ MAERCIO MACHADO CONCEIÇÃO _ EB2P39
N6914J0 _ VITOR DE SOUZA FLORENTINO _ EB2P39
N669365 _ BEATRIZ KELLER SILVA DOS SANTOS _ EB3U39
N6027E8 _ NICOLI DOMINGUES DE SOUZA _ EB3U39
N640EH3 _ DRIELLE DOS SANTOS ALVES _ EB3T39
N691JD0 _ VINÍCIUS VIEIRA DE MARTINI DOS SANTOS _ EB2P39
G150JB1 _ DAVE MUSTAINE LIMA SILVA _ EB2P39

APS – NOVAS INICIATIVAS DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PARA


REDUÇÃO DA EMISSÃO DE CARBONO

SÃO PAULO
2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................2
OBJETIVO.....................................................................................................................3
1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................4
1.1 - Introdução Teórica ao Tema......................................................................4
1.2 - Emissões de CO2 no Brasil.......................................................................8
1.3 - Reações de conversão de CO2.................................................................9
1.4 - Diretrizes do IPCC para inventários de gases de Efeito Estufa..............10
1.5 - Setor Cimentício.......................................................................................12
1.6 - Metodologias da UNFCCC para projetos de MDL...................................16
1.7 - Setor Cimentício.......................................................................................17
2 - ESTUDO DE CASO...............................................................................................19
2.1 - Cimento Verde o que é?..........................................................................19
2.2 - Onde surgiu?............................................................................................19
2.3 - Quem iniciou aqui no Brasil?...................................................................19
2.4 - Quais os benefícios do seu uso?.............................................................20
2.5 - Quando estará disponível para uso?.......................................................20
2.6 - Já foi aplicado em algum lugar?..............................................................21
2.7 - Há uma lei................................................................................................22
2.8 - Aplicabilidades do cimento verde.............................................................22
2.9 - Processo de produção do cimento (método não sustentável) - Motivo
pela criação do cimento verde.........................................................................23
2.10 - Responsáveis pelos estudos no Brasil..................................................23
3 - CONCLUSÃO........................................................................................................25
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................25
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste no estudo de novas iniciativas da Engenharia de


Produção para a redução da emissão de Carbono. Inicialmente o grupo se reuniu
onde foram realizadas diversas pesquisas e análises sobre o tema.
O dióxido de carbono (CO2) é um gás muito importante para a sobrevivência
humana, porém as excessivas emissões desse gás, resultantes da queima de
combustíveis fósseis, aumentam a concentração de CO2 na atmosfera, modificando
o fenômeno natural do efeito estufa e tornam-se um problema ambiental de grandes
proporções. Essas emissões de dióxido de carbono ainda irão contribuir para esse
efeito por um longo tempo, em virtude do aumento do uso de combustíveis fósseis
nos países desenvolvidos e emergentes. No Brasil, várias atividades são
causadores dos lançamentos de gás carbônico na atmosfera, sendo os maiores
contribuintes os setores de mudanças do uso da terra e energia. Nesse contexto,
fica evidente a necessidade de diminuir os impactos causados pelas altas
concentrações de CO2 no meio ambiente, e uma alternativa para a redução do
dióxido de carbono seria a fabricação do “Cimento Verde”, onde estudos na USP
comprovaram a redução da emissão de CO2 em até 50%.
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OBJETIVO

Esta Atividades Práticas Supervisionadas (APS) tem por finalidade realizar


uma pesquisa sobre as tendências (novas iniciativas) da Engenharia de Produção
para a redução da emissão de carbono.
O objetivo deste trabalho consiste no estudo do desenvolvimento e produção
de um cimento ecológico, chegando a um nível de material que gere menor emissão
de CO2 e consuma menos quantidade de energia para ser produzido. Todos
sabemos que o cimento é um material muito poluente, o ideal é reduzir o máximo o
seu uso na construção, mas muitas vezes é difícil eliminá-lo completamente. A
intenção do cimento verde é amenizar esses efeitos, justamente sendo um material
que não gasta tanta energia e emita quantidades menores de CO2. Basicamente,
qualquer cimento que atinja este objetivo pode ser chamado de cimento verde.
Atualmente, o principal obstáculo da produção do cimento verde é alterar as
suas estruturas químicas, para que o processo de produção gaste menos e seja
menos prejudicial, sem que características básicas como a resistência do material
sejam afetadas.
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1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 - Introdução Teórica ao Tema

Na atmosfera terrestre encontram-se cerca de 0,03% de dióxido de carbono, que é


um gás extremamente importante para a sobrevivência humana na Terra, pois
contribui na função de manter o planeta aquecido no processo natural chamado
efeito estufa. Entretanto, as demasiadas emissões de CO2 decorrentes da ação
humana, fazem com que a concentração deste gás fique cada vez mais alta na
atmosfera, transformando o efeito em um problema ambiental de proporções muito
prejudiciais ao meio ambiente (GRIMM,1999; OLIVEIRA,2014).
Os Gases de Efeito Estufa (GEE) são os constituintes gasosos, tanto naturais como
antropogênicos, existentes na atmosfera que absorvem e emitem radiação em
comprimentos de onda específicos dentro do espectro da radiação infravermelha
emitida pela superfície da Terra, da atmosfera e das nuvens. Essas propriedades de
absorção e emissão de radiação provocam o efeito estufa, que mantém a atmosfera
aquecida. O vapor de água (H2O), dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O),
metano (CH4) e ozônio (O3) são os principais GEE na atmosfera da Terra (IPCC,
2007a).
Em consequência das atividades humanas, as concentrações atmosféricas globais
de CO2, CH4 e N2O vêm aumentando desde 1750. A concentração de CO2 (GEE
antrópico mais importante, segundo IPCC, 2007a) aumentou de um valor pré-
industrial de cerca de 280 ppm (partes por milhão) para 379 ppm em 2005,
ultrapassando a faixa natural dos últimos 650.000 anos (180 a 300 ppm).
O aumento das concentrações de GEE tem provocado mudanças climáticas, que é
um termo amplamente utilizado (IPCC, 2007a) para referir-se à mudança no estado
do clima que pode ser identificada através de alterações na média ou na
variabilidade das suas propriedades, e que persiste por um longo período de tempo
(décadas ou mais). A mudança climática pode ocorrer devido a processos internos
naturais ou forças externas, ou a mudanças antrópicas persistentes do uso da terra
ou na composição da atmosfera, como, por exemplo, o aumento das temperaturas
médias globais do ar e do oceano. Em consequência dessas mudanças, os
ecossistemas têm sofrido com diversos impactos, como:
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 Aumento do número de lagos glaciais e, consequentemente, do risco de


enchentes;
 Aumento da instabilidade do solo nas zonas de montanha e de gelo e
avalanches de pedras nas regiões montanhosas;
 Mudanças de flora e fauna em algumas regiões da Antártida e do Ártico,
incluindo os biomas do gelo marinho e de predadores de alto nível na cadeia
alimentar;
 Antecipação de eventos relacionados a primavera, como crescimento de
folhas, migração de pássaros e deposição de ovos;
 Deslocamento em direção aos polos e para o alto de certas espécies vegetais
e animais;
 Aumento na frequência e gravidade das inundações e secas, com elevação
do nível global médio do mar;
 Aumento do risco de extinção entre 20-30% das espécies vegetais e animais
(caso o aumento da temperatura global seja superior a 1,5-2,5 ºC).

Dentre as consequências que afetam diretamente a vida de milhões de pessoas


(IPCC, 2007a) estão:

 Aumento da escassez de água e do risco de estresse hídrico;


 Reduções na área apropriada para a agricultura;
 Ameaça para as cidades costeiras com a elevação do nível do mar.

A nível mundial, os maiores potenciais de redução nas emissões de GEE estão


localizados nas indústrias siderúrgicas, de cimento, celulose e papel e no controle de
outros gases que não o monóxido de carbono (CO) assim como no setor residencial
e de edifícios comerciais (IPCC, 2007b). De acordo com o IPCC (2007b), o setor de
edifícios possui o maior potencial econômico de reduções das emissões de GEE, se
forem utilizadas tecnologias e práticas possivelmente disponíveis em 2030, sem
levar em consideração as alternativas não técnicas (relacionadas à subjetividade,
como mudança no estilo de vida) conforme Figura 1.
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Figura 1: Potencial econômico de redução das emissões de GEE. Fonte: IPCC (2007b).

No Brasil, somente para a operação (uso) de edificações são emitidos 47,6% de


todo CO2 gerado pelo consumo de energia elétrica no país (Brasil, 2010b). A
produção de materiais utilizados na construção de edificações resulta em diversos
impactos ambientais, sejam eles diretos ou indiretos, como: alteração de habitat
natural e extração de combustíveis fósseis e minerais (quando da obtenção de
insumos para as indústrias); aumento da temperatura global (quando da emissão de
GEE); acidificação; eutrofização, entre outros. A acidificação está relacionada com a
redução do pH dos solos e águas e a eutrofização com a adição de substâncias
artificiais ou não, através de fertilizantes ou de esgoto, a um sistema de água doce,
ocasionando a perda de oxigênio.
Muitos desses impactos podem ser reduzidos ou postergados caso sejam
implementadas medidas de mitigação juntamente com o conceito de
desenvolvimento sustentável. Esse pode ser definido como o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazerem suas próprias necessidades (WCED, 1987). Assim, os
objetivos de desenvolvimento econômico e social devem ser alcançados mediante a
preservação de todas as características naturais necessárias para a existência de
um meio ambiente equilibrado. Dentre as principais medidas de mitigação estão a
promoção de materiais mais duráveis do que a média atual, e de processos
produtivos menos intensivos energeticamente e menos dependentes de recursos
naturais. Atualmente não é possível identificar a existência de um método que
quantifique de forma integrada o impacto ambiental de materiais utilizados na
construção civil, que auxilie os responsáveis pelo projeto / construção de edificações
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na escolha de material com impacto reduzido e que seja adaptado à realidade


brasileira, tendo em conta as particularidades, por exemplo, da matriz elétrica
nacional em relação a média mundial, conforme Figura 2.

Figura 2: Composição da Matriz Elétrica Brasileira (esq.) e média Mundial (dir.), por energia. Fonte:
Brasil (2010b) e IEA (2010).

Tendo em vista o potencial econômico de redução de emissões no setor de


edificações e com o objetivo de contribuir para a redução de impactos ambientais
provocados pelo aumento de GEE, essa dissertação define método para quantificar
as emissões de CO2 geradas para a construção de uma edificação em razão da
extração de matérias primas, processamento e transporte dos materiais utilizados. O
método elaborado permite que os profissionais brasileiros responsáveis pela
especificação dos materiais a serem utilizados na construção quantifiquem o total
das emissões geradas em consequencia da produção dos materiais de construção,
utilizando fatores de emissão de CO2 brasileiros. Assim é possível também escolher
o material que possui menores emissões de CO2 associadas e implementar ações
de mitigação e a comparações entre edificações, contribuindo para a redução das
emissões de GEE.
No Brasil, diversas atividades são responsáveis pelas emissões de dióxido de
carbono. A principal contribuição é proveniente da mudança do uso da terra, que no
período de 1990 a 2012 foi correspondente a 61% das emissões totais do país. Esse
setor é caracterizado principalmente pela transformação das terras florestais para
agricultura, pastagem e assentamentos. As emissões brasileiras de CO2 são
provenientes de diversas atividades, sendo a maior parte delas oriundas da
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mudança do uso da terra. No período de 1990-2012, foram contabilizadas as


emissões de 28 bilhões de toneladas de CO2-equivalentes nesse setor, o que
equivale a 61% das emissões totais do país. Além deste, destacam-se outros
setores de grande importância como: agropecuária, energia, processos industriais e
resíduos (BRANDÃO et al., 2014).

1.2 - Emissões de CO2 no Brasil

De acordo com Aresta (2010), recentes pesquisas mostram que os combustíveis


fósseis, que atualmente representam 80 - 85% das fontes de energia do mundo irão
continuar a desempenhar este papel, pelo menos a curto e médio prazo.
O setor agropecuário está entre os principais emissores de CO2-equivalente, sendo
responsável por aproximadamente 30% do total das emissões. Este setor se
destaca por apresentar uma atividade produtiva que ocupa a maior área do território
nacional, além de ser de extrema importância na economia brasileira. As emissões
se originam da fermentação entérica dos animais e do manejo dos mesmos, do
cultivo do arroz, da queima de resíduos agrícolas e da fertilização dos solos
agrícolas (BIDERMAN, 2014; PIATTO, VOIVODIC, PINTO, 2013).
Já o setor de Energia abrange o lançamento de CO2-equivalente por queima de
combustíveis fósseis e as emissões fugitivas da indústria de petróleo como gás e
carvão mineral. No ano de 2012, este domínio teve como substanciais fontes de
energia primária empregadas o petróleo (39,2%), a cana de açúcar (15,4%), a
hidráulica (13,8%), gás natural (11,5%) e lenha (9,1%). Todas as outras fontes
representam 11%. Apesar do alto índice do petróleo e gás natural, a matriz
energética do país possui uma extensa participação de fontes renováveis (42,4%)
como a hidráulica (76,9%), biomassa (6,8%) e eólica (0,9%) (FERREIRA et al., 2014;
SANTOS, SOUZA, CRUZ, 2013).
Outro importante emissor de CO2 no país é o Processo Industrial que não vem da
consequência da queima de combustíveis fósseis. As emissões deste setor são
originadas puramente do processo físico e químico dos materiais na produção de
ferro, aço, alumínio, cimento, cal, calcário, dolomita, barrilha e sistemas de
refrigeração e ar condicionado. No período de 1990-2012, foram lançados pelo setor
1,55 bilhões de toneladas de CO2- equivalente ou 3,4% do bruto nacional das
emissões. Nesta fase o setor em questão sofreu um aumento de 65%, passando de
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50,9 para 84 milhões de toneladas de CO2-equivalente. (SANTOS, SOUZA, CRUZ, 2013;


KISHINAMI, WATANABE, BARÃO, 2014).
As emissões de CO2-equivalentes por mudanças do uso da terra são caracterizadas
pela transformação de terras florestais para outras práticas como, por exemplo:
agricultura, pastagens e assentamentos. Outros aspectos contabilizados são a
queima de biomassa e o emprego de calcário em solos agrícolas. Além disso, a
absorção de carbono por intermédio do reflorestamento influência igualmente no
nível líquido de emissões de CO2-equivalente, sendo nesse caso subtraído da
contagem (BRANDÃO et al., 2014, SANTOS, SOUZA, CRUZ, 2013, AVZARADEL et al., 2010).
E no setor de resíduos as emissões de CO2-equivalente são provenientes da
incineração de resíduos sólidos e disposição dos mesmos em aterros e lixões. Além
disso, os tratamentos de efluentes domésticos e industriais também fazem parte das
contribuições desse setor. A Figura 2.6 apresenta a evolução das emissões brutas
de gases de efeito estufa nesses setores (MORGADO, LALOË, SMITH, 2014).

1.3 - Reações de conversão de CO2

Para diminuir as emissões nocivas de CO2 na atmosfera é preciso que seu uso seja
direcionado para fontes renováveis de energia e para o seu emprego como
alternativa de matéria-prima para indústria química. Essa manipulação do gás é
possível porque o dióxido de carbono apresenta características que o faz vantajoso
em seu emprego, pois ele é naturalmente abundante e não inflamável, sendo
considerado seguro e barato. (ARESTA, 2010; AQUINO, 2008; BECKMAN, 2004).
A introdução de novas soluções tecnológicas para o uso de CO2 necessita de uma
vasta pesquisa para identificar as possíveis barreiras, bem como encontrar
resultados que aprimorem desempenho, custo, segurança, aspectos ambientais e a
receptividade do mercado. Um fato importante que merece grande atenção na
utilização do dióxido de carbono como matéria prima é a etapa de captura e
tratamento do gás, já que é preciso separá-lo da corrente do processo emissor. Os
custos implicados na captura, separação, purificação e a energia necessária para a
conversão são os principais desafios no sequestro químico de gás carbônico
Portanto, é crucial que as novas aplicações de CO2 sejam energeticamente mais
vantajosas que as existentes (ARESTA, 2010; AQUINO, 2008).
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Figura 3 - As Possíveis Aplicações de CO2 na Síntese Química. (Adaptado de ARESTA, 2010).

1.4 - Diretrizes do IPCC para inventários de gases de Efeito Estufa

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) é o principal


organismo científico internacional de avaliação das mudanças climáticas, tendo sido
estabelecido e apoiado pela Organização das Nações Unidas para o Ambiente e
pela Organização Meteorológica Mundial (organismos das Nações Unidas). É
constituído por mais de 250 cientistas de vários países e tem o objetivo de fornecer
uma visão científica sobre o estado atual da mudança do clima e das suas
potenciais consequências ambientais e socioeconômicas (IPCC, 2007b).
O relatório "Diretrizes do IPCC para Inventários de Gases de Efeito Estufa" (IPCC,
2006), fornece orientação aos países na compilação de inventários nacionais de
GEE sendo estruturado de maneira que qualquer país seja capaz de produzir
estimativas de emissões e remoções desses gases (IPCC, 2006). O IPCC utiliza
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diversos estudos e publicações para a elaboração de suas diretrizes. Dentre eles


destacam-se os desenvolvidos pela Agência Ambiental Europeia (EEA) e pela
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA), principalmente no
que se refere a fatores de emissões de gases precursores dos GEE e GEE indiretos
como CO, Compostos Orgânicos Voláteis Não Metano (COV-NM), dióxido de
enxofre (SO2) e material particulado.
O relatório é dividido em cinco volumes: Orientação Geral; Energia; Processos
Industriais e Uso de Produtos; Agricultura, Floresta e Outros Usos da Terra; e
Resíduos (IPCC, 2006). Dessa forma, não é possível determinar de forma direta as
emissões resultantes do ciclo de produção de um determinado produto, já que, por
exemplo, a metodologia para calcular as emissões decorrentes do uso de energia no
processo produtivo de determinado material está contabilizada dentro do setor de
“Emissões Estacionárias” enquanto os métodos relativos ao processo de produção
propriamente dito estão dentro do setor “Processos Industriais e Uso de Produtos”.
As orientações do IPCC (2006) geralmente fornecem aconselhamento sobre
métodos de estimação das emissões em três níveis (tiers) de detalhe, sendo o tier 1
o método padrão e o tier 3 o método mais detalhado. Os métodos são compostos
por especificações matemáticas, informações sobre fatores de emissão ou outros
parâmetros para o uso na geração de estimativas. Esses, juntamente com os dados
da atividade, permitem estimar o nível global de emissões líquidas, ou seja, das
emissões por fontes menos as remoções por sumidouros (sumidouro de carbono é
um reservatório natural ou artificial que acumula e/ou armazena alguns compostos
químicos contendo carbono, por tempo indeterminado). Devidamente aplicado, todos
os tiers são destinados a fornecer estimativas não tendenciosas (IPCC, 2006) sendo
a escolha do tier a ser utilizado dependente dos dados disponíveis.
O IPCC (2006) apresenta metodologias para quantificação de emissões de CO2 de
processos de produção relacionados com a construção civil. Dentre eles foram
selecionados e analisados dez setores, nomeadamente:
 Setor de transporte;
 Setor de ferro, aço e coque metalúrgico;
 Setor cimentício;
 Setor de produção de cal;
 Setor cerâmico;
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 Setor vidreiro;
 Setor madeireiro;
 Setor de alumínio;
 Setor de emissões estacionárias;
 Setor de emissões fugitivas.

1.5 - Setor Cimentício

Segundo o IPCC (2006), na fabricação de cimento o CO2 é liberado durante a


produção de clínquer. Trata-se de um produto nodular intermediário, o qual é em
seguida moído juntamente com uma pequena proporção de sulfato de cálcio (gesso,
CaSO4•2H2O ou anidrita, CaSO4), produzindo cimento (tipicamente portland).
Durante a produção de clínquer, o calcário, que é constituído de carbonato de cálcio
(CaCO3), é aquecido (ou calcinado) produzindo cal (CaO) e CO2, conforme
Equação abaixo:

Equação: CaCO3 + calor -> CaO + CO2

O CaO reage com sílica (SiO2), alumina (Al2O3) e óxido de ferro (Fe2O3) existentes
na matéria-prima produzindo o clínquer (composto principalmente de silicatos de
cálcio). A proporção nas matérias-primas de outros carbonatos além do CaCO3 é
geralmente muito pequena, e, se presentes, existem como impurezas do calcário. É
importante que haja uma pequena quantidade de MgO (1%-2%) no processo de
produção de clínquer embora quantidades muito superiores a essas possam
ocasionar problemas no cimento.
O IPCC (2006) apresenta somente metodologias de estimativa de emissões
relacionadas ao processo de produção do cimento e não considera emissões
associadas à energia. O cálculo básico das emissões de indústrias que queimam
carbonatos é semelhante já que se baseiam em massas moleculares e conteúdos
de CO2 das mesmas fórmulas, como apresentado na Tabela 1.
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Tabela 1: Fórmula, massa molecular e conteúdo de CO2 de carbonatos comuns.


Fator de
Carbonato Nome Mineral Massa Molecular
Emissão (t CO2/t
carbonato)
CaCO3 Calcita 100,0869 0,43971
MgCO3 Magnesita 84,3139 0,52197
CaMg(CO3)2 Dolomita 184,4008 0,47732
FeCO3 Siderita 115,8539 0,37987
Ca(Fe,Mg,Mn)(CO3)2 Ankerita 185,0225 - 0,40822 - 0,47572
215,616
MnCO3 Rodocrosita 114,9470 0,38286
Na2CO3 Soda 106,0685 0,41492

Fonte: IPCC (2006).

No tier 1, o cálculo das emissões de CO2 realizado diretamente a partir da produção


de cimento (ou seja, utilizando um fator de emissão padrão para o cimento) não é
consistente com as boas práticas (IPCC, 2006). Na ausência de dados sobre o
consumo de carbonato ou dados de produção de clínquer, dados de produção de
cimento podem ser usados para estimar a produção de clínquer, tendo em conta os
diferentes tipos de cimento produzidos e seus teores de clínquer, incluindo uma
correção para as importações e exportações de clínquer. As emissões de clínquer
exportado devem ser contabilizadas nas estimativas nacionais do país onde o
clínquer é produzido. O fator de emissão do clínquer é então aplicado e as emissões
de CO2 são calculadas de acordo com a Equação abaixo:
3

No tier 1, é uma boa prática (IPCC, 2006) usar um teor de CaO padrão para clínquer
de 65%, assumir que 100% do CaO provem do carbonato de cálcio e incorporar um
fator de correção de 2% para CKD. Assume-se também que uma tonelada de
clínquer contém 0,65 toneladas de CaO. Sabendo-se que CaCO3 é composto por
56,03% de CaO e 43,97% de CO2 por peso, o montante necessário de CaCO3 (X)
para produzir 0,65 toneladas CaO é: X = 0,65/0,5603 = 1,1601 toneladas de CaCO3.
A quantidade de CO2 liberada por calcinação de 1,1601 toneladas de CaCO3 =
1,1601 x 0,4397 = 0,5101 toneladas de CO2. Incorporando uma correção de 2% por
conta do CKD, o fator de emissão padrão para o clínquer (FEclc) é dado pela
Equação abaixo:

Equação: FEclc = 0,51 x 1,02 = 0,52 toneladas de CO2 / tonelada de clínquer

Para o cálculo das emissões totais de CO2 por tonelada de cimento é necessário
conhecer a produção total de cimento de um país. Caso essa produção não possa
ser desagregada por tipo e a produção nacional possua grandes quantidades de
outros tipos de cimento, além de cimento portland, é aceitável (IPCC, 2006) assumir
uma fração de clínquer global de 75%. Se a produção de cimento for essencialmente
de cimento portland, então é boa prática (IPCC, 2006) usar um valor padrão de 95%
de clínquer.

No tier 2, caso os dados detalhados e completos (incluindo o peso e composição)


dos carbonatos consumidos na produção de clínquer não estejam disponíveis ou
caso a abordagem tier 3 seja impraticável, é boa prática (IPCC, 2006) a utilização de
dados nacionais de produção de clínquer e de teor de CaO no clínquer, expressa
como fator de emissão, conforme Equação abaixo.
3

No tier 2, se houverem dados suficientes de cada país sobre o teor de CaO no


clínquer e a quantidade de fontes de CaO de origem não carbonatada, é uma boa
prática (IPCC, 2006) estimar um fator de emissão específico de CO2 para o clínquer.
A definição de um fator de emissão para o clínquer exige, portanto, que seja
conhecido o teor de CaO no clínquer, assim como a fração de CaO que foi derivada
de uma fonte de carbonato de cálcio.
Quanto ao CKD, caso a quantidade de informação seja escassa, é uma boa prática
(IPCC, 2006) utilizar o valor padrão de 1,02 como fator de emissão de correção
(FCckd). No entanto, caso dados estejam disponíveis, o FCckd pode ser calculado
de acordo com a Equação abaixo:

O tier 3 é baseado na coleta de dados desagregados sobre os tipos (composições) e


as quantidades dos carbonatos utilizados para produzir clínquer, bem como seus
fatores de emissão. Inclui um ajuste para subtrair qualquer carbonato que não foi
calcinado no CKD e não voltou para o forno. Se o CKD for totalmente calcinado ou
todo devolvido ao forno, este fator de correção do CKD torna-se zero. O tier 3 só
será prático para indústrias individualmente ou para países que tem acesso a
informações detalhadas dos carbonatos utilizados como matéria prima em suas
indústrias.
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a: As emissões de CO2 a partir de matérias primas não energéticas que contenham


carbono (por exemplo, o carbono em querogênio e em cinzas volantes) pode ser
ignorado (Mk x Yk x FEk = 0) se a sua contribuição de calor for inferior a 5% do total
de calor utilizado (de combustíveis).

1.6 - Metodologias da UNFCCC para projetos de MDL

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations


Framework Convention on Climate Change, UNFCCC, 2010c) é um tratado
internacional que entrou em vigor em 21 de março de 1994 e pode ser definido como
um esforço intergovernamental para enfrentar o desafio colocado pelas alterações
climáticas, possuindo adesão quase mundial. Ela reconhece que o sistema climático
é um recurso compartilhado, cuja estabilidade pode ser afetada por emissões de
GEE. Seu objetivo é conseguir a estabilização das concentrações de GEE na
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atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema
climático.
Para estabilizar as emissões, foi assinado o Protocolo de Quioto. É um acordo
internacional ligado à UNFCCC cujo principal objetivo é obrigar que 37 países
industrializados reduzam suas emissões de GEE em 5% face aos níveis de 1990,
entre 2008 e 2012. Os países devem alcanças esse objetivo, majoritariamente,
através de medidas nacionais, ou através de três mecanismos baseados no
mercado: comércio de emissões (ou mercado de carbono); Implementação
Conjunta; e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O MDL permite que os projetos de redução de emissões nos países em
desenvolvimento ganhem Redução Certificada de Emissões (RCEs), que equivalem,
cada uma, a uma tonelada de CO2. Essas RCEs podem ser vendidas e utilizadas
pelos países industrializados para cumprir uma parte de suas metas de redução de
emissões sob o Protocolo de Quioto. (UNFCCC, 2010c).
Um projeto de MDL deve permitir reduções de emissões que sejam adicionais ao
que teria ocorrido normalmente caso não tivessem sido implementados. Os projetos
devem qualificar-se através de um processo que envolve a utilização de metodologia
para determinar as emissões que serão reduzidas através do cálculo da quantidade
de gases que são emitidos atualmente (cenário referência) menos a quantidade de
gases que se prevê que serão emitidos depois que o projeto for colocado em prática
(UNFCCC, 2010c). Ou seja, é possível utilizando as metodologias é possível
quantificar as emissões geradas em partes de determinados processos produtivos.
Dessa forma, são analisadas aqui algumas metodologias para projetos de MDL em
áreas ligadas a construção civil, como o setor cimentício, de ferro e aço, de cal
hidráulica, cerâmico e de energia.

1.7 - Setor Cimentício

A UNFCCC propõe quatro metodologias para o setor cimentício:


 Metodologia Aprovada AM0024 (UNFCCC, 2008a): apresenta metodologia
para cálculo da redução de emissões de GEE através da recuperação do
calor dos resíduos e utilização para geração de energia em fábricas de
cimento;
3

 Metodologia Aprovada e Consolidada ACM0003 (UNFCCC, 2009a):


apresenta metodologia para cálculo da redução de emissões por meio da
substituição parcial de combustíveis fósseis por combustíveis alternativos ou
menos carbono intensivos na fabricação de cimento;
 Metodologia Aprovada e Consolidada ACM0005 (UNFCCC, 2009b):
apresenta metodologia para o cálculo da redução de emissões provenientes
da diminuição da porcentagem de clínquer na produção de cimento;
 Metodologia Aprovada e Consolidada ACM0015 (UNFCCC, 2010a):
apresenta metodologia para o cálculo da redução de emissões provenientes
da utilização de matérias-primas alternativas que não contêm carbonatos para
a produção de clínquer.

A Metodologia Aprovada e Consolidada ACM0015 (UNFCCC, 2010a) é a mais


abrangente de todas e calcula as emissões de acordo com as equações a seguir:
3

2 - ESTUDO DE CASO

2.1 - Cimento Verde o que é?

Trata-se de um produto feito a partir de resíduos de demolição e de construção.


Para que o cimento verde seja fabricado, é preciso empregar técnicas de moagem
de maneira específica, desidratando a matéria-prima e processando outros
elementos químicos.
O resultado dessa mistura dá origem ao chamado cimento ecológico. O nome se dá
porque em sua composição são aplicados materiais reutilizados.

2.2 - Onde surgiu?

O KIT, sigla para Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, está entre os


principais centros de pesquisa sobre consumo de energia de toda a Europa. Em um
simpósio feito na França em 2017, o instituto anunciou o seu projeto de cimento
verde para o mundo, com um método que substitui o clínquer do cimento por
hidrosilicatos de cálcio. Com isso, a ideia é reduzir o consumo de energia em até
50%.
De acordo com o próprio instituto, caso todas as fábricas do mundo adotem a
produção do produto, meio bilhão de toneladas de CO2 deixaria de ser emitido na
atmosfera a cada ano. A previsão, porém, é que isso só venha a acontecer depois
de 2050 — visto que ainda há testes a serem realizados.

2.3 - Quem iniciou aqui no Brasil?

O cimento verde está se tornando realidade no Brasil. Em 2013 tudo começou,


através da parceria entre o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o Proguaru
(Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos S/A) e a InterCement (empresa
especializada na produção de cimento, concreto e agregados).
O mesmo ainda não está pronto para a comercialização em grande escala. Sua
composição, por exemplo, ainda deverá ter alterações. Além disso, precisa
comprovar sua viabilidade econômica. A solução pode até sair mais cara frente à
limitação das fontes de matérias-primas para a produção do cimento Portland.
3

Ainda em fase de testes, ele foi utilizado na pavimentação da rua Miguel Biondi, em
Guarulhos, em setembro deste ano.

2.4 - Quais os benefícios do seu uso?

Hoje o cimento está entre os materiais mais usados no mundo, muito se dá por
conta da sua grande quantidade usada para a produção de concreto, o segundo
material mais usado no mundo, perdendo apenas para a Água.
O processo de fabricação de cimento gera vários subprodutos, incluindo um volume
considerável de gás carbônico. A produção do cimento, por sua vez, não apresenta
a mesma carga, sendo uma ótima alternativa para diminuir a necessidade de
fabricação. Reduzir a demanda por esse material é, também, uma forma de diminuir
essa emissão nas fábricas.
O cimento não é um material de fácil reposição na natureza. Sendo assim,
reaproveitar seus restos em vez de descartá-los é a melhor maneira de diminuir
esse consumo. Como esse cimento é produzido por meio da reciclagem do material
usado em outras obras, seu impacto ambiental é bem menor em comparação com o
cimento tradicional.

2.5 - Quando estará disponível para uso?

De acordo com Stemmermann, o “cimento verde” será realidade a partir de 2050.


“Atualmente, são produzidas cerca de dois bilhões de toneladas de Cimento
Portland por ano, em todo o mundo. Se todas as fábricas do planeta vierem a adotar
a tecnologia que estamos desenvolvendo, meio bilhão de toneladas de dióxido de
carbono deixaria de ser emitido na atmosfera a cada ano. Isso contribuiria
enormemente para a preservação do clima. Mas, obviamente, não estamos falando
de uma transformação a curto prazo. Imaginamos que podemos atingir esse cenário
a partir de 2050 “, diz.
Além do desenvolvimento tecnológico, o centro de pesquisa da Alemanha também
precisa viabilizar economicamente o “cimento verde”. “O caminho para uma
implementação de produção em massa é longo. Certamente, exigirá vários anos de
desenvolvimento extensivo. As etapas passam por testes exaustivos e pelos
processos de certificação, de regulamentação e de normalização. Nossa previsão é
3

de que, no curto prazo, o cimento à base de Celitement® só deverá ser usado para
aplicações especiais e totalmente inovadoras. Superadas todas as barreiras, e com
a produção em grande escala, o material tende a se tornar viável economicamente
para a aplicação na maioria das obras”, prevê o engenheiro químico-chefe do KIT.
Nome do Responsável: Peter Stemmermann, engenheiro químico-chefe do Instituto
de Tecnologia de Karlsruhe (KIT)

2.6 - Já foi aplicado em algum lugar?

Após três meses da entrega do trecho de 211 metros da rua Miguel Biondi, no bairro
Torres Tibagy, Guarulhos, que recebeu o projeto experimental cimento verde,
técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) retornaram ao local nesta
terça-feira, 6 de março de 2019 para realizar as medições no pavimento da via.
O ensaio das deflexões do pavimento tem por objetivo principal aferir o
comportamento dos materiais utilizados na pavimentação. Para realizar o teste foi
utilizado um caminhão de 8 toneladas para simular o tráfego na via.
Após as medições, o IPT deverá apurar os resultados que serão encaminhados à
Proguaru.
Projeto – A Miguel Biondi foi escolhida para receber o projeto experimental que
utiliza resíduos de construção civil em pavimento urbano, mais conhecido como
cimento verde.
O trecho de 211 metros da via foram divididos da seguinte maneira: trecho 1 – brita
reciclada mais cimento verde; trecho 2 – brita graduada mais cimento verde; trecho
3 – brita graduada tratada com cimento; e trecho 4 – brita graduada simples.
O uso da tecnologia é uma parceria entre a Proguaru, IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) e a empresa InterCement. Segundo especialistas, é considerado um
material com ganhos econômicos e ambientais.
A Usina Recicladora da Proguaru serviu como base para a mistura da brita reciclada
e da brita graduada com o cimento verde. Todo o processo foi realizado com o
auxílio de uma autoconcreteira cedida pela empresa Fiori do Brasil.
O desenvolvimento da nova tecnologia conta com recursos na ordem de R$ 5
milhões, oriundos de um fundo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e da InterCement.
3

2.7 - Há uma lei

A legislação impõe práticas mais sustentáveis, como a Lei 12.305/2010 na qual


instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre
seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à
gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis.
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de
atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o
volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos
causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos
produtos, nos termos desta Lei.

2.8 - Aplicabilidades do cimento verde

O uso do cimento verde é indicado para projetos que necessitam de uma menor
resistência mecânica como, por exemplo, vias que apresentam tráfego baixo ou
moderado. O uso do cimento verde pode aumentar a durabilidade da via e, com
isso, gera a diminuição dos custos relacionados com a sua manutenção.
Assim, apesar do cimento verde apresentar bastante durabilidade, resistência e
consistência, o seu uso não é recomendado para estruturas mecânicas mais rígidas.
Outros exemplos da sua usabilidade: uso em pavimentação, calçadas, além da
preparação de artefatos de cimento.
3

2.9 - Processo de produção do cimento (método não sustentável) - Motivo pela


criação do cimento verde

O processo tecnológico de produção de cimento implantado na maioria das


indústrias brasileiras é conhecido como processo via seca e é constituído,
principalmente, das seguintes etapas:
1 - Moagem e homogeneização das matérias-primas (obtenção da farinha crua)
2 - Clinquerização da farinha crua em fornos rotativos (produção do clínquer) e
posterior resfriamento do clínquer
3 - Moagem do clínquer para e adição de gesso para obtenção do cimento
4 - Ensacamento e expedição do produto final
Esse processo exige um alto consumo de energia , seja na forma de energia térmica
(calor), por meio de combustíveis utilizados para aquecer os fornos rotativos para a
produção de clínquer, seja na forma de energia elétrica, consumida em todo o
processo industrial para movimentar máquinas, fazer girar os fornos rotativos e os
moinhos. A maior parte desse consumo, porém, é referente ao gasto de energia
térmica durante a queima dos combustíveis.
Os combustíveis que alimentam os fornos são, na maior parte das vezes, de fontes
não renováveis, como o petróleo e o carvão. Dentre os combustíveis mais utilizados
se destacam alguns sólidos, como o coque do petróleo e a gasolina, e alguns
gasosos, como o gás natural e outros derivados do carvão mineral.
As cimenteiras são responsáveis por cerca de 5% da emissão global de dióxido de
carbono (CO2), de fonte antrópica, liberado anualmente na atmosfera. Estima-se
que, na produção de uma tonelada de clínquer, seja produzida uma tonelada de
CO2, contribuindo em grande parte para o aumento do efeito estufa, segundo
estudo.
No processo de fabricação do cimento também podem ser liberados o óxido de
enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e compostos de chumbo, sendo
todos eles poluentes.

2.10 - Responsáveis pelos estudos no Brasil

Seiiti Suzuki – Engenheiro químico com mestrado pelo IPT (Instituto de Pesquisas
tecnológicas), é gerente de pesquisa e desenvolvimento da InterCement.
3

Valdecir Ângelo Quarcioni – Químico industrial, possui mestrado e doutorado pela


Poli-USP. É chefe do Laboratório de Materiais de Construção Civil do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e professor do curso de
Mestrado Profissional, também do IPT.
3

3 - CONCLUSÃO

O cimento é necessário e utilizado por construções da sociedade, por este


motivo não deve se tornar algo ruim e sim procurar alternativas para que seu
impacto seja reduzido e alternativas mais sustentáveis seja desenvolvidas e
utilizadas.
Há muito tempo a indústria de construção civil tem buscado alternativas para
minimizar estes resíduos gerados pelos resíduos de sua produção.
Atualmente está sendo testado o Cimento Verde que trata-se de um material
produzido com uma fração fina de grãos menores que 0,15 mm de materiais como
cerâmica vermelha e concreto de outras obras e demolições, que tem como o
objetivo reduzir o consumo de matéria prima, emissões de gás carbônico geradas
pelas indústrias de cimento, quantidade de resíduos enviados para os aterros.
Para a sua produção são utilizadas técnicas de desidratação, moagem e
reestruturação química que ajuda a obter todos os objetivos citados inicialmente.
Este material ainda está em fase de testes com diversas fórmulas sendo
criadas e analisadas em uso. Sua aplicação apresenta ótimos resultados e a
expectativa é que este se torne cada vez mais útil e eficaz.
É necessário que estas atitudes sejam tomadas pelas produtoras de materiais
e optem por modelos de cimentos que se baseiam nessas práticas, seja
regulamentada uma legislação sustentável para alterar a situação atual.

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3

GRIMM, A. M. Notas de Aula. Curitiba, 1999. Disponível em:


<http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo

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Inventories Programme. Climate Change 2007: The Physical Science Basis.
Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the
Intergovernmental Panel on Climate Change. Reino Unido e Nova York: Cambridge
University Press, 2007a. 996 p.

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2007: Mitigation


of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Reino Unido e Nova
York: Cambridge University Press, 2007b. 851 p.

BIDERMAN, Rachel. Agropecuária está se tornando a principal fonte de emissões


brasileiras. Julho 2014. Disponível em: <http://envolverde.com.br/ambiente/rachel-
biderman- agropecuaria-esta-se-tornando-principal-fonte-de-emissoes-brasileiras

PIATTO, Marina; VOIVODIC, Maurício; PINTO, G. Luís Fernando. A agropecuária e


as emissões de gases de efeito estufa. Disponível em:
<http://www3.ethos.org.br/cedoc/a-agropecuaria-e-as-emissoes-de-gases-de-efeito-
estufa.

FERREIRA, André Luis; TSAI, S. David; CUNHA, B. Kamyla; CREMER, S. Marcelo.


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Estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Brasília, 2013.
Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0226/226591.pdf
3

KISHINAMI, Roberto; WATANABE, Jr. Shigueo; BARÃO, L. Clauber. Análise da


evolução das emissões de GEE no Brasil (1990-2012): setor industrial. São Paulo,
Agosto 2014. Disponível em:
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BRANDÃO, Jr. Amintas; BARRETO, Paulo; SOUZA, Jr. Carlos; SALES, Márcio;
SILVA, Daniel. Análise da evolução das emissões de GEE no Brasil (1990-2012):
mudanças do uso da terra. São Paulo, Agosto 2014. Disponível em:
<http://www.gvces.com.br/arquivos/305/SEEG_UsoDaTerra.pdf

AVZARADEL, Ana Carolina; SOUZA, G. S. D. Danielly; PIMENTA, D. S. Márcia;


ROCHA, B. Mayra; RODRIGUES, L. V. Ricardo. Inventário Brasileiro de Emissões
Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não
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<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0214/214061.pdf>.

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ARESTA, Michele. Carbon Dioxide as Chemical Feedstock. WILEY-VCH Verlag


GmbH & Co. kGaA, Weinheim p.394. 2010.

AQUINO, S. Aline. Análise de Rotas Alternativas para Sequestro Químico De CO2:


Produção de Metanol, Gás de Síntese e Ácido Acético. Projeto de Final de Curso-
Programa EQ-ANP, Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do
Petróleo e Gás Natural. Rio de Janeiro, 2008.

Sites de Pesquisas sobre o estudo de caso:

https://www.brasilmineral.com.br/noticias/cimento-verde-ser%C3%A1-aplicado-em-
guarulhos
3

https://www.aecweb.com.br/revista/materias/pavimentacao-de-via-em-guarulhos-
inaugura-o-uso-do-cimento-verde/16746
https://proguaru.com.br/tecnicos-do-ipt-analisam-pavimento-que-recebeu-o-cimento-
verde/

https://vivagreen.com.br/greenarq/cimento-verde-saiba-o-que-e-onde-e-como-
utilizar/

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

https://goinggreen.com.br/2020/07/20/cimento-verde-o-que-e-suas-aplicabilidades/

https://blog.regionaltelhas.com.br/cimento-verde-o-que-e-quais-sao-suas-
caracteristicas-e-quando-utiliza-lo/

https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/cimento-verde-voce-ja-ouviu-falar/

https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/pesquisas-sobre-cimento-verde-
avancam-e-miram-2050/

https://www.mega.com.br/blog/cimento-verde-o-que-e-e-como-utilizar-na-obra/

http://www.ipt.br/noticias_interna.php?id_noticia=1286

https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1569-processo-de-
producao-do-cimento-gera-emissoes-e-pode-diminuir-biodiversidade.html

https://tecnomor.com.br/blog/cimento-verde/

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