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Processo Metodológico.

1. Apresentação do grupo
A oficina inicia com apresentação dos oficineiros.
Em seguida, é posta a música “Parque Industrial” (Tom Zé, presente no disco Panis Et Circense,
1968) em que os participantes percorrem o espaço livremente para se olharem, se conhecerem.
Devem utilizar o plano baixo e o plano alto (Galego). Ao sinal dos oficineiros, eles param e se
aglutinam com as pessoas próximas.
A partir disso, serão dadas as instruções para que inicie a primeira atividade. Os estudantes devem
conversar entre si para que possam se apresentar para todo o grupo. Esta apresentação deverá ser
orientada pela frase que constará no quadro:
Quem somos e de onde vem as nossas ideias?
A partir da reflexão dessa frase, os estudantes devem ficar em grupos de três compartilhando suas
impressões acerca da frase e relacionando aquilo com suas vidas. A partir do compartilhamento,
eles devem elaborar uma apresentação (objetivação estética) para todo o grupo que expresse uma
síntese da história de vida dos três, aquilo que os identifica, os une. Esse momento servirá para
que os participantes e os oficineiros se conheçam, compartilhem um pouco de suas trajetórias de
ativismo, militância, indignação, consciência social.
Obs: (Os oficineiros darão para os grupos uma linguagem específica que pode exprimir a síntese
daquela história. Exemplos: fotografia humana, escolha de uma canção, um filme, um
personagem, um diálogo – definir e dividir os grupos a partir das linguagens – podem ser
repetidas)
A partir do que foi compartilhado, será dado início à etapa 2.
2. Exposição dos temas teóricos e históricos que articulam a frase utilizada com o contexto dos
acontecimentos do ano de Maio de 1968.

Texto que orienta a exposição oral.


Para compreender o que provocou a indignação da sociedade francesa, e como eles
conformaram aquelas ideias que se manifestara na ocupação das universidades francesas, tendo
iniciado pela ocupação da Universidade de Sorbone em Maio de 68 (foi do dia 03 ao dia 30) e
tendo se espalhado. Um dos nomes citados é Daniel Cohn-Bendit – Dany – le rouge, o ruivo.

vamos à compreensão contexto. Assim, os fatos políticos que ocorreram na França no ano
de 1968 será o fio condutor para uma análise político-econômica dos acontecimentos que se
sucederam ao redor do globo. Estamos elaborando uma análise a partir do eixo hegemônico do
capitalismo, local onde as classes dominantes constituem a tomada de decisão acerca da
organização social da produção do planeta.

Fatos político-econômicos: no ano de 1945, depois do pós-guerra, com a inovação


tecnológica que se deu no campo do aço e da metalurgica, o capitalismo inaugura o que ficou
conhecido como fordismo, marcado pelo consumo massivo de bens seriados, associados à
promessas de bem-estar social, o que permitiu uma melhoria relativa das condições de vida
das classes trabalhadoras. Ao passo em que o capitalismo vivencia sua fase de Bem-Estar Social
nos países do centro europeu, o mundo afora vivencia diferentes processos que ressoam na França:
os movimentos de libertação nacional dos países de 3º mundo, como o da Argélia – colonizada
pela França, MLN das colonias portuguesas (Guiné-Bissau), a guerra do Vietnã (Invasão dos
EUA), a instauração de ditaduras nos países da América Latina e a resistência a eles, a formação
da Cuba comunista, dentre outros.

Resultado do aprofundamento das contradições objetivas – guerra fria, bomba atômica,


capitalismo – comunismo, caracterizado pela desigualdade mundial, e de contradições subjetivas,
presente nos países da Europa – reforço de uma vida cultural consumista, ascenção da Industria
Cultural, ode aos valores reificados da vida uma época de relativa ascenção econômica – somado
aos fatos mundiais agitavam a juventude em razão dos acontecimentos como a morte de Martin
Luther King (nos EUA, em abril de 1968), a guerra do Vietnã (em que os comunistas vencem
os EUA), ou ainda a instituição do cruel Ato Institucional no. 5 (AI-5), que fortaleceu o poder
dos militares brasileiros.

É nesse contexto que a insatisfação na França cresce. Na França, foi justamente em razão
de uma questão desse tipo que sindicato dos trabalhadores consegue mobilizar uma das maiores
greves da história de luta operária, que, com a adesão do já atuante movimento estudantil e artístico
deflagrou as condições para o assalto às ruas de Paris.

A movimentação política mundial já expressava o descontentamento das populações


subalternas com a organização econômica do capitalismo dirigente que passou a se voltar para as
políticas neoliberais.

O discurso de estado de bem-estar social, de corte desenvolvimentista em que o Estado


aparece aos olhos da população como aquele que prover os bens públicos - passa a ser
sistematicamente atacado e, em seu lugar, recoloca-se a ideologia do Estado Mínimo. Um estado
mínimo é aquele que direciona as políticas econômicas de um país com ênfase no pagamento da
dívida pública, principal mecanismo legal de repasse de riquezas entre as elites dominantes do
globo.

A juventude mundial não ficou alheia a esses ataques, antes o contrário, através de diversos
movimentos constituiu formas organizativas de luta, e, assim, realizaram importantes resistências
durante o processo. Na realidade, foi o protagonismo da juventude que provocou toda a
movimentação política daquela década. O que expressa a importância da organização de juventude
e estudantil no enfrentamento das lutas sociais daquele tempo e do tempo presente.

A contestação social criou movimentos como os hippies, os panteras negras, a luta


feminista e dos direitos civis, que teve destaque em Woodstock, Maio de 68 e a Primavera de
Praga. As linhas comuns giravam em torno da paz, diminuição da desigualdade e pobreza, fim das
guerras e da violência, contra o alistamento obrigatório, etc.

O movimento urbano do Maio de 1968 que conhecemos foi uma articulação entre o
movimento estudantil e os operários em greve que deflagrou as condições subjetivas para que as
ruas fossem tomadas; no Brasil, algo muito semelhante ocorria à época, a marcha por melhoria na
educação realizada pelo Diretório Central dos Estudantes foi atacada, levando a morte do estudante
Edson Luís de Lima Souto, cujo ápice foi a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro;

Sobre a especificidade do Maio de 1968 (preencher conteúdo).

Especificamente o que ocorre na França, é um protesto cultural contra os fundamentos da


civilização industrial/capitalista moderna, seu produtivismo e seu consumismo, e uma associação
singular entre subjetividade, desejo e utopia. A universidade francesa estava sendo questionada
em suas formas, havia uma exigência por uma renovação do pensamento crítico e uma demanda
por incorporar aspectos da subjetividade, da particuaridade e das identidades na compreensão da
luta social (Feminismo, Panteras Negras). Reivindicação de liberdade sexual, uma resposta lúdica
às formas autoritárias do pós-guerra, tanto na militância política, quanto na direita. O movimento
operário e os sindicatos mobilizaram uma greve que paralisou mais de 10 milhões de trabalhadores.

Autores que vivenciaram o Maio de 1968: Henri Lefebvre, Guy Debord e os situacionistas.
Eles se descobriram e se influenciaram mutuamente, num processo de reconhecimento recíproco.
A política do imperialismo francês feria diretamente a ideologia humanista compartilhada na
universidade liberal (Bensaid). Contra a guerra colonial. Segundo Daniel Singer, “Foi uma
rebelião total, colocando em questão, não tal ou tal aspecto da sociedade existente, mas seus
objetivos e meios. Tratava-se de uma revolta mental contra o estado industrial existente, tanto
contra a estrutura capitalista como contra o tipo de sociedade de consumo que ele criou. Isso se
emparelhava com uma repugnância tocante a tudo o que vinha do alto, contra o centralismo, a
autoridade, a ordem hierárquica”

Era o espírito de uma Grande Recusa - da modernização capitalista e do autoritarismo –


define bem o ethos político e cultural de maio de 68 bem como, provavelmente, de seus
equivalentes nos EUA, México (Massacre de Tlatelolco), Itália, Alemanha, Brasil (Passeata dos
100 mil), e outros.

Ao passo em que o capitalismo vivencia sua fase de Bem-Estar Social nos países do centro
europeu, o mundo afora vivencia diferentes processos de recusa a esse sistema. São exemplos os
movimentos de libertação nacional dos países de 3º mundo, como o da Argélia – colonizada pela
França, a guerra do Vietnã (Invasão dos EUA), a instauração de ditaduras nos países da América
Latina e a resistência a eles, a formação da Cuba comunista, dentre outros.

Há, portato, um aspecto de “negatividade”, de revolta contra um sistema econômico, social


e político, considerado como desumano, intolerável, opressor e filistino, que desencadearam atos
de protesto como o incêndio dos carros e a pixação dos muros, esses símbolos desprezados da
mercantilização capitalista e do individualismo possessivo. Crítica do desencantamento, da
inautenticidade e da miséria da vida cotidiana, da desumanização do mundo pela tecnocracia, da
perda de autonomia, enfim, do autoritarismo opressor dos poderes hierárquicos. O capitalismo
submete os indivíduos à “gaiola de aço” da racionalidade instrumental, e da mercantilização do
mundo.

Michel Lowy define assim um aspecto ligado à crítica social, desenvolvida pelo
movimento operário tradicional, que denuncia a exploração dos trabalhadores, a miséria das
classes dominadas, e o egoísmo da oligarquia burguesa que confisca os frutos do progresso; II) a
o romantismo revolucionário, que denuncia, em nome da liberdade, um sistema que produz
alienação e opressão. Um denuncia as mazelasda vida objetiva, o outro atenta para as misérias
subjetivas que daí decorrem.
Na perspectiva da propositiva e da positividade, reivindicavam o surrealismo como
expressão estética, e mobilizaram elementos artísticos e estéticos. Assim, além da dimensão
propriamente organizativa dos atos e das manifestações, artistas, movimentos culturais e militância
lançavam mão de estratégias estéticas buscando ampliar sua capacidade de comunicação com a
sociedade. Ao mesmo tempo em que questionavam a burocratização das formas clássicas de
organização social, inventavam novos modos de agir.

O movimento estudantil e a universidade no Maio de 1968 (Daniel Bensaid)

Os mais conscientes e resolutos entravam nas organizações clandestinas de ajuda a FLN :


Jovem Resistência, Movimento Anticolonialista Francês, Grupo Nizan. se iniciou nos últimos anos
da guerra da Argélia. contra a guerra colonial. “A política do imperialismo francês feria
diretamente a ideologia humanista compartilhada na universidade liberal”. Organizavam, além
disso, um perigoso trabalho de propaganda revolucionária no exército, a difusão de panfletos em
quarteis, a implantação de núcleos militantes nos regimentos, a realização de espetaculares golpes
de mão, como a detenção pela força dos abertos dos comboios de soldados. A atitude do
movimento estudantil frente a Revolução Argelina se achava no centro de todos os debates. Frente
à ameaça fascista, alguns militantes do círculo de história da UEC organizavam na Sorbone
comitês de ação anti-fascistas, filiados na “frente estudantil anti-fascista” cujo objetivo era limpar
o Bairro Latino dos comandos da OAS e da Juene Nación.

Então tomou o nome de FUA. Sua ação foi metódica e eficaz : contando com arquivos
bastante completos, organizava uma batida em regra de todo o Bairro Latino e expulsava das
faculdades os militantes de extrema direita, simpatizantes e gente semelhante. Dona já do terreno,
a FUA realizava intensa agitação em favor da independência da Argélia, com incursões
relâmpagos contra as reuniões favoráveis à OAS, onde quer que se celebrassem. A vitória material
conseguida em algumas semanas sobre os fascistas dava a FUA um prestígio enorme. Rapidamente
esteve em condições de mobilizar dentro de prazos mínimos manifestações por surpresa milhares
de estudantes. No dia da proclamação da independência argelina, seus militantes içaram por cima
da Sorbone a bandeira da FNL.

Crise da UEC [organização estudantil do PCF]. Aposta de ums setor da esquerda que
reivindicava o caminho eleitoral, recusa em apostar na mobilização. Governo de esquerda, apoiado
nos sindicatos. Grupos concentravam a energia às escolas de formação diárias na Sorbonne, com
uma repercussão importante: o grande anfiteatro cheio todos os dias!

As revoltas estudantis no caso brasileiro: a morte de Edson Luiz. Aproximações entre


o Maio de 1968 e as experiências do Brasil Contemporâneo

Edson era do Pará e estava há dois meses no RJ, onde foi estudar. Estudava no Instituto
Cooperativo de Ensino, que funcionava no Calabouço. A área incluía um teatro, uma clínica e um
pequeno comércio, além de sediar a União Metropolitana dos Estudantes (UME). A entidade
administrava o restaurante, custeado pelo Ministério da Educação. Para ganhar um dinheiro extra,
engraxava os sapatos dos colegas mais abastados e limpava o restaurante.

Em 1968, o "Calaba" era visto pelo regime militar como um centro de agitação estudantil,
de onde partiam aguerridas manifestações lideradas pela Frente Unida dos Estudantes do
Calabouço (Fuec). Protestavam especialmente contra a qualidade da comida, ou reivindicavam a
conclusão das obras no local - o primeiro restaurante fora demolido dois anos antes para
intervenções no trânsito. Edson não era activista da luta contra a ditadura, mas lutava pelo
restaurante onde comia, e participava ajudando a colar cartazes e jornais nos murais. No dia 28 de
Março daquele ano, mais uma manifestação era organizada. Por volta das 18h, a tropa da Polícia
Militar chegou.

Cassetetes dispersaram os cerca de 600 estudantes. Eles voltaram, atirando paus e pedras.
A polícia revidou à bala, e um disparo de pistola 45, atribuído ao aspirante Aloisio Raposo, acertou
no coração de Edson Luis. Imediatamente os estudantes cercaram o colega para evitar que a PM o
levasse. Sem camisa, Edson foi carregado. O seu corpo abria espaço para um cortejo que se
formava rumo à Assembleia Legislativa, hoje Câmara de Vereadores, na Cinelândia, centro do
Rio.

A atualidade do Maio de 1968 para a juventude e as lutas contemporâneas. Mas,


parece-me que assistimos, no transcorrer dos últimos anos, à ascensão, à escala planetária, de um
novo e vasto movimento social, com um forte componente anti-capitalista. A mobilização
internacional contra a globalização neoliberal, inspirada pelo princípio que “o mundo não é uma
mercadoria”, que tomou as ruas de Seattle, Praga, Porto Alegre, Genes é – inevitavelmente – muito
diferente dos movimentos dos anos 60. Ela está longe de ser homogênea: enquanto que os
participantes mais moderados ou pragmáticos acreditam, ainda, na possibilidade de regular o
sistema, uma larga secção do “movimento dos movimentos” é, abertamente, anti-capitalista, e em
seus protestos pode-se encontrar, como em 68, uma fusão única entre as críticas romântica e
marxista de ordem capitalista, de suas injustiças sociais e de sua avidez mercantil.

Movimento alter-mundialista. Movimentos identitários. Coletivos. Afrocentramentos.


Partidos Políticos. O que provoca novas experiências e que desperta novas consciências? Como
construir a vontade de mudar o mundo?

3. Quais são os principais modos de agir na universidade? Na cidade? Vcs participam?


Caracterização do movimento estudantil, do movimento de coletivos, levantamento do número de
experiências existentes. Suas principais reivindicações, o que as diferencia, o que as unifica?
Como poderia ser um aproveitamento dessa pulsão dos movimentos que emergem? Que função
cumprem? Noções de individualismo e concorrência. Como lidamos com isso, como buscamos
superar? ATIVIDADE PRÀTICA- Aqui vc conseguia inserir algo?

Resultado: Intervenção Performance: realização + roda de conversa final sobre a experiência;


desenvolvimento de um brevissimo plano de trabalho que poderia ser aplicado a partir dos debates
do mini-curso.
Referências:

LOWY, Michel. O romantismo revolucionário de Maio 68. In: Revue Contretemps 22, mai
2008. Mai 68: un monde en révoltes. Dossier coordonné par Antoine Artous, Jean Ducange,
Lilian Mathieu

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