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MÓDULO I
SEMINÁRIO III – FONTES DO DIREITO
.1. Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do estudo das fontes do direito
tributário?
após esse sítio do saber humano passar por uma revolução sobre as formas de
fenômeno teve sua gênese no início do século XX, embora, tal marco represente
o saber filosófico, bem como o saber das ciências das humanidades. Essa guinada do
sujeitos e os objetos, situando-os imersos na, e pela linguagem. Sobre esse ponto,
Aurora Tomazini de Carvalho1 expressa o significado dessa revolução filosófica da
seguinte forma:
Desde o Crátilo de PLATÃO, escrito presumivelmente no ano de 388 a.C., a
Filosofia baseava-se na idéia de que o ato de conhecer constituía-se da
relação entre sujeito e objeto e que a linguagem servia como instrumento,
cuja função era expressar a ordem objetiva das coisas. Acreditava-se que por
meio da linguagem o sujeito se conectava ao objeto, porque esta expressava
sua essência. [...] Segundo esta tradição filosófica, existia um mundo ―em si
refletido pelas palavras (filosofia do ser) ou conhecido mediante atos de
consciência e depois fixado e comunicado aos outros por meio da linguagem
(filosofia da consciência). A linguagem, portanto, não era condição do
conhecimento, mas um instrumento de representação da realidade tal qual
ela se apresentava e era conhecida pelo sujeito cognoscente. [...] Em meados
do século passado, houve uma mudança na concepção filosófica do
conhecimento, denominada de giro-lingüístico, cujo termo inicial é marcado
pela obra de LUDWIG WITTGENSTEIN (Tractatus lógico-philosophicus).
Foi quando a então chamada ―filosofia da consciência deu lugar à
―filosofia da linguagem. De acordo com este novo paradigma, a linguagem
deixa de ser apenas instrumento de comunicação de um conhecimento já
realizado e passa a ser condição de possibilidade para constituição do
próprio conhecimento enquanto tal. Não existe mais um mundo ―em si,
independente da linguagem, que seja copiado por ela, nem uma essência nas
coisas para ser descoberta. Só temos o mundo e as coisas na linguagem;
nunca ―em si. Assim, não há uma correspondência entre a linguagem e o
objeto, pois este é criado por ela. A linguagem, nesta concepção, passa a ser o
pressuposto por excelência do conhecimento.
direito e direito positivo. Nesse sentir, o direito simboliza um produto cultural cuja
determinada comunidade. Por sua vez, o direito positivo reflete o conjunto de textos
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CARVALHO, Aurora Tomazini de. Teoria Geral do Direito: o constructivismo lógico-semântico. Tese de
doutorado defendida e apresentada à Pontífica Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, 2009.
fontes do direito, enquanto ciência e conceito filosófico, de fontes do direito positivo
Pois bem, feitas essas considerações iniciais, pode-se dizer que, para
delimitar uma ideologia sobre o que seja fontes do direito é imperioso traças as
primária, pode também ser dada sob novos signos, como, por exemplo, a razão de
Em virtude disso, o direito, enquanto ente abstrato com o seu sentido dado
em seu Ser na, e pela linguagem a cada instante de sua existência, possui como razão
linguagem. Logo, o texto é o veículo que traz o enunciado para ser desenvolvido na,
possível identificar fontes mais específicas do direito posto, como, por exemplo, a
mesmo, ou seja, assim como a vida é fonte da vida, o direito positivo é fonte do
direito, bem como do direito positivo, pois esta permite a coexistência do direito em
Para o direito tributário o estudo das fontes é fundamental, pois, a partir das
fontes, se consegue estabelecer relações entre: (i) as origens formais das normas,
dos textos na, e pela linguagem concebendo as normas que irão dar vida e existência
direito”?
com autoridades de fontes do direito, mas, sim, como operadores que influenciam a
vigente de normas, tais influenciadores podem exercer alterações nos sentidos das
Sobre o fato jurídico tributário, este pode ser interpretado enquanto fonte do
direito, pois é um fenômeno que ocorre no mundo da vida e que afeta a ordem
jurídica, criando uma força de ligação entre tal fato e uma prescrição normativa,
tendo como vetor resultante uma norma, por esse raciocínio, a fato jurídico
tributário, pode ser compreendido como fonte do direito positivo, ou seja, constitui o
.3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito adotado
normas jurídicas.
bem como o contexto de sua existência social, ou seja, são os valores, os padrões
culturais as necessidades de intervenção de algum tipo de ordem para corrigir
tipo de fonte pode ser entendido como os fatos sociais afetos ao campo do direito que
direito são os textos enunciativos dos modos de ler a realidade social sob a ótica
sistema por meio do veículo que cria os textos, ou seja, para este autor, fonte do
textos, enquanto suporte físico das normas, esses ficam condicionados aos
acontecimentos fáticos do mundo da vida que irão ser afetos ao direito e assim
produzir normas. Para o autor, têm-se os seguintes conceitos sobre fontes do direito:
atividade de enunciação).
Por sua vez, fonte da Ciência do Direito é tudo aquilo que venha a servir para a boa
que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua revogação é necessária norma
Sob o viés teórico da teoria das fontes de Paulo de Barros Carvalho, não há
hierarquia entre normas, mas, sim, diferenças entre as competências de cada espécie
preleciona o seguinte:
Neste caso, considerando o critério da fundamentação jurídica, não há
hierarquia entre os veículos. A lei complementar ocupa o mesmo patamar
hierárquico da lei ordinária. Não há, no entanto, a nosso ver, que se falar em
lei “formalmente complementar” e “materialmente ordinária”. A lei,
enquanto veículo introdutor (norma geral e concreta) é complementar. Sua
enunciação-enunciada remete-nos a um procedimento de quorum
qualificado. Embora a Constituição prescreva ser a matéria por ela veiculada
própria de lei ordinária, ela é naquele documento, própria de lei
complementar, não podendo, nestes termos, ser revogada ou alterada por lei
ordinária. Para tanto é preciso à produção de idêntico veículo (lei
complementar).
de leis ordinárias foram recepcionadas como leis complementares. Logo, por causa
competências da lei complementar, pois, para essa finalidade, tais leis são enxergadas
Em síntese, a posição ocupada no sistema jurídico pela norma inserida por lei
complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária, mantém-se nas exigências
fonte do direito.
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CARVALHO, Aurora Tomazini de. Teoria Geral do Direito: o constructivismo lógico-semântico. Tese de
doutorado defendida e apresentada à Pontífica Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, 2009.
.5. Contribuição criada por lei complementar poderia ter sua alíquota majorada por
607.642/RJ)
razão da matéria cuja disciplina lhes seja expressamente destinada pela Constituição
Complementar 84/96 passou a poder ser regulamentada por lei ordinária, razão pela
qual sua revogação pela Lei 9.876/99 não contraria a Constituição da República.
introjetar a norma no sistema de normas válidas. Dessa forma, lei complementar tem
constitucionais de competência.
fontes, o preâmbulo e a exposição de motivos não são fontes em si, mas, constitui
para a norma, enquanto que a exposição de motivos representa o passado que deu
Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operação de
importação em 11/08/05; este fato é fonte material do direito? (c) O ato de ele
fundamental. As fontes materiais, por seu turno, são os fatos sociais inseridos no
texto constitucional.
EC 42/03 todos os fatos sociais inseridos em seu corpo. Lei n. 10.865/04: A lei
ordinária é veículo introdutor de normas. Portanto, é ela a fonte formal. As fontes
(b) sim, uma vez que este fato é previsto na hipótese normativa como capaz
linguagem prescritiva no texto lei, ele possui o condão de criar normas jurídicas.
Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica
instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa
jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos,
bem como, aquela signatária de contratos que impliquem transferência de
tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior.
§ 1º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela
licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de
computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente
tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de 2007).
§ 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da pela Lei
10332, de 19.12.2001).
(...)
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos
geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001.
fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito competente, (viii)
de lei ordinária.
República.
(viii) Preceitos gerais e abstratos: artigo 1º da Lei 10.168/00
passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante dos veículos
10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e
n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação