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PI PIANO
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O E m 1905, e p r o v a v e l m e n t e p o r v á r i a s d é c a d a s a n t e r i o r e s , h a v i a
W
EH m a i s p i a n o s n o s EUA d o q u e b a n h e i r a s . N a E u r o p a , p o r t o d o
século X I X , a v e n d a de p i a n o s a u m e n t o u e m u m a t a x a m a i o r
d e s p a c h a r a m v e r d a d e i r o s e x é r c i t o s d e p i a n o s p a r a t o d o s os
UM SÍMBOLO ROMÂNTICO
Criado por volta de 1700, quando
desaparecia o tradicional
mestre artesão, o piano
atingiu a maturidade
como u m dos maiores
triunfos comerciais e
tecnológicos da revolu-
ção industrial. Mera-
mente como máquina,
com suas centenas de partes
fabricadas, combinando o
material exótico do ébano
e marfim (no teclado), com
ferro, aço e cobre (nas cordas, e
mais tarde na armação), ele foi u m
objeto de reverência - não menos, u m a
generosa fonte de emprego. Como símbolo da era romântica, ele tinha u m a potên-
cia extraordinária. Possuir u m deles era simplesmente percebido como u m emble-
ma de respeitabilidade. Mas a ascensão do piano foi u m caminho longo e lento.
ORIGENS E DESENVOLVIMENTO
O primeiro piano foi construído em Florença pelo construtor italiano de cravos,
Bartolomeo Cristofori (1655-1731). Devido ao grandiloquente título dado - e
gravicembalo col piano e forte ("grande cravo com fraco e forte"), parece evidente
Curiosamente, na Itália
- o berço do concerto
i n s t r u m e n t a l e da
ópera - a invenção de
Cristofori causou u m
breve interesse e foi
praticamente esque-
cida. Na Alemanha,
em contraste, o piano
era u m a ideia ampla-
mente aceita.
I
finas e era mais silencioso do que
o piano moderno.
S e ç ã o Um: Os I n s t r u m e n t o s 273
Seção n: Os Instrumentos
A Inúmeros artistas devem seu sucesso ao desenvolvimento do piano.
Porém, à medida que o século XVIII passava, a excitação pela solidão deu lugar,
progressivamente, à excitação do exibicionismo. A emoção era celebrada acima da
lógica, canção acima da forma, humanidade acima da doutrina. O que era necessário
para dar voz à cordial humanidade dessa sociedade fortemente baseada na família,
era u m instrumento combinando a sutileza melódica do davicórdio com a potência
e grandiosidade dos maiores cravos.
274
"11"
ALEMÃES m
Próximo a ele, a partir dos anos 1720, estava o chamado pedal surdina, ou una
corda, cujo nome é derivado do italiano (dos dias em que o piano tinha duas e
não três cordas por nota como nos pianos modernos). Com o pé esquerdo, movia-
se o teclado, mecanismo de ação
e martelos, para a direita, de
forma que os martelos atingiam
uma corda a menos que o normal
- u m a no caso àofortepiano (una
corda, literalmente, "uma corda"),
ou duas, no piano de cauda. Assim
como o pedal de sustentação não
é u m pedal de volume, o una
corda não é u m abafador, mas
u m agente de coloração tonal
sutil.
aparição pública (em Viena, 1763), e mesmo assim parece que não impressionou
muito. Somente em 1768, em Dublin, ele foi publicamente desvelado como
instrumento solo. Duas semanas mais tarde, em 2 de junho, ele fez sua estreia
solo na Inglaterra, tocado por Johann Christian Bach (1735-82). Dessa vez tempo,
local e circunstância combinaram-se para acolhê-lo. Em pouco tempo, o piano
tornou-se o instrumento da moda na cidade.
S e ç ã o Um: Os I n s t r u m e n t o s 275
JOHANNES ZUMPE
O Nessa época, Johannes
Zumpe, um antigo
hl aprendiz de Silbermann
o na Alemanha, traba-
EH lhava e vivia em Londres.
Nessa época, o mercado
de teclados de Londres,
em rápida evolução, era
dominado por firmas
como Shudi, Broadwood
e Kirkman, cujos instru-
• O p/ano moderno combina com todos os tipos de música - erudita, pop e jazz
mentos, na venerável
tradição do artesão continental, eram feitos exclusivamente para a aristocracia
endinheirada, com o preço de acordo. Zumpe foi o primeiro a reconhecer o
potencial da classe média emergente, e a começar a fazer e comercializar pianos
por u m preço acessível a ela. Para esse fim, ele simplificou o mecanismo de ação
de Cristofori, que permanecia inalterado por cinco décadas, e adotou a forma
retangular modesta do davicórdio. Seu sucesso foi quase instantâneo e ele
entrou para os livros de história como o pai do piano comercial.
PIANOS DE CAUDA
Pato Existe u m a diferença significativa
O piano médio de concerto hoje mede
entre os pianos do século XVIII e os
2,74 m de comprimento, pesa pianos de cauda atuais. Em meados do
aproximadamente 635 kg e tem mais de século XVIII, sua sonoridade e
7 mil peças móveis. Seu mínimo de 234 construção estavam mais próximas do
cordas de aço, com três cordas por tecla, cravo, do que do piano atual. As cordas
eram menos numerosas e mais finas, a
exceto nas duas oitavas inferiores, onde
armação era de madeira e os martelos,
há duas. Os martelos são cobertos com
cobertos de couro, eram mais leves e
feltro densamente comprimido e a duros. Por muitas décadas, o piano foi
tensão total das cordas está bem acima menos brilhante e menos potente que
das 20 ton/m. os maiores cravos de seu tempo.
PIANOS VERTICAIS
O deslocamento radical das cor-
das, martelos e tampo har-
mónico para produzir u m
piano vertical envolve desa-
fios técnicos consideráveis.
Mesmo hoje, os melhores ver-
ticais raramente se igualam
em qualidade, versatilidade e
ressonância de u m bom piano
de cauda, mas sua resiliência
é digna de registro.
:OMPOSITORES-PIANISTAS
A partir de 1770, a maioria dos pianos foi projetada e vendida para o mercado
amador, no qual o de mesa e vertical permaneciam os modelos dominantes.
Pianos de cauda sempre foram custosos e hostis a salas pequenas. Sua evolução foi
guiada não pelas exigências do pianista doméstico, mas pelas demandas do grande
virtuoso e da música que ele tocava. Da Renascença até a primeira metade do século
XIX, os grandes virtuoses eram quase tão importantes quanto os compositores - é só
pensar em Bach, Hãndel, Domênico Scarlatti (1685-1757), Mozart, Muzio Clementi
(1752-1832), Beethoven, Johann Hummel (1778-1837), Chopin e Liszt. Dos grandes
compositores-pianistas antes de 1850, apenas Mozart, Hummel e Chopin estavam
contentes em trabalhar com o que tinham. Beethoven e Liszt, acima de todos,
regularmente escreviam e tocavam além do que os instrumentos disponíveis
podiam acomodar - e causavam sérias avarias em muitos pianos no processo.
T Os grandes concertos românticos, incluindo os de Chopin, foram escritos para pianos diferentes dos atuais.
S e ç ã o Um: Os I n s t r u m e n t o s
II» II III
CO Se podemos dizer que
o Hummel e seu professor
A
Clementi representaram
a transição entre o estilo
o clássico e romântico, seus
EH pupilos e colegas mais
jovens - mais notavel-
mente Liszt, Carl Czerny
(1791-1857), Frédéric
Kalkbrenner (1785-1849),
SigismundThalberg (1812-
71) e Henri Herz (1803-88)
- aliaram-se firmemente
com o Romantismo. Eles • Nos anos 1800, carreiras de concertistas estavam abertas, geralmente,
apenas para homens.
não foram de forma algu-
ma os primeiros compositores-pianistas a escrever obras bastante difíceis para o
instrumento, mas na ênfase que davam à bravura, na inovação técnica e na
exibição de virtuosismo, eles eram, em grande medida, o produto de sua época.
• Cordas de piano são de aço; as cordas graves têm um núcleo de aço, envolvido em cobre.
2M ^ Manual I l u s t r a d o dos I n s t r u m e n t o s M u s i c a i s
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virtuoso, quanto a moda de transcrições e arranjos entre amadores, era
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necessária u m a ação na qual u m a nota podia ser tocada em dois níveis O
diferentes da tecla - quer dizer, onde a própria tecla não precisasse erguer-se na PI
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altura m á x i m a para poder golpear novamente. Hl
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Em 1821, Sebastian Erard, em Paris, encontrou a solução - u m a ação combinando pq
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u m golpe poderoso com u m toque flexível leve, permitindo o instrumentista a
regolpear qualquer nota com u m a rapidez além da capacidade do mecanismo
de escape imaginado por Stein. Essa invenção marcou época e forma a base de
virtualmente todos os "duplos escapes" até hoje. Podemos também dizer que ele
forneceu o modelo que serviu de base para toda a técnica de piano moderna.
TIPOS DE PIANOS
Porém, nenhuma apresenta
ção sobre esse i n s t r u -
mento seria completa
sem reconhecer que o
piano, como o cravo, o
davicórdio e o virginal
antes dele, sempre viveu
u m a vida dupla - como
instrumento musical, por
u m lado, e como item de
mobiliário, de outro.
Entre os produtos
expostos na Grande • Diferentes pianistas eram
Exibição de Londres de 1851 atraídos pelo som, ação e
estava: "Pianos expansíveis e resposta de diferentes
Manual I l u s t r a d o dos I n s t r u m e n t o s M u s i c a i s
Manual I l u s t r a d o dos Instrumentos Musicais
"ino é um instrumento crucial no j itos outros géneros musicais complexos ocidentais.
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O O n o m e e m inglês, player piano ( p i a n o tocador), é u m a m á
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EH d e s i g n a ç ã o . De fato, p r e c i s a m e n t e o oposto. N a v e r d a d e , ele é u m
piano "sem tocador" - um
piano automático.
PIANOLA
Dois tipos significativamente diferentes de pianos mecânicos emergiram. Um,
popularmente conhecido como pianola, tinha u m rolo contendo nada além das
notas (ou os equivalentes perfurados) de qualquer peça que fosse, deixando a
"interpretação" totalmente nas mãos do operador. Porém, logo surgiram rolos, com
diretrizes específicas e anónimas de como o tempo ou ritmo de u m a dada peça
deveria ser controlada. Em 1905, essas instruções j á estavam sendo substituída?
por interpretações autorizadas de vários pianistas mundialmente famosos.
Manual I l u s t r a d o dos I n s t r u m e n t o s M u s i c a i s
Manual I l u s t r a d o dos Instrumentos Musicais
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z~ 1904, em Friburgo, Alemanha, Edwin Welte inventou u m aparelho por meio o
zc qual o rolo do piano, devidamente perfurado, poderia gravar execuções dadas A
oj
zc pianistas, com u m grau de fidelidade então sem precedentes. Ele o chamou de
r
A
**ignon e logo convenceu muitos dos maiores pianistas e compositores da época o
r a a gravar nele. Ele podia ser ajustado a qualquer piano e era frequentemente
r W
EH
id cionado a diferentes instrumentos convencionais, de fabricantes como
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S e ç ã o Um: Os I n s t r u m e n t o s 2»5
Seção m: Os I n s t r u m e n t o s