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Antes e depois de mim, muitos outros brasileiros, incomparavelmente

melhores e mais lúcidos, chegaram à mesma conclusão e, embora sejamos


minoria, sinto-me feliz e honrado por estar ao lado de Rui Barbosa. Já
ouviu falar nele? Como você nunca lê, eu quase iria sugerir-lhe que
pedisse a algum de seus incontáveis assessores que lhe falasse alguma
coisa sobre a Oração aos Moços... Mas, esqueça... Se você souber o que
ele, em 1922, disse de políticos como você e dos que fazem parte de
sua base de sustentação, terá azia até o final da vida.

Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei
minha convicção de que este País só deixará de ser o que é - uma terra
onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora
é saqueada pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados
eternamente impunes - quando a mentalidade da população e de seus
representantes for profundamente mudada.
Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela
recompensa aos bons, pelo exemplo dos governantes.
E você Lula, teve uma oportunidade única de dar início à mudança
dessa mentalidade, embalado que estava com uma vitória popular que
poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade
moral, se você a tivesse.
Você teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora
moral, esta sim, nunca antes vista nesse País.
Mas não, você preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas
populistas e coronelistas de sempre, da compra de tudo e de todos.
Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos
pessoais seus e de seu grupo, você estava certo: para que se esforçar,
escorado apenas em princípios de decência, se muito mais rápido e
eficiente é comprar o que for necessário, nessa terra onde quase tudo
está à venda?
Eu não o considero inteligente, no nobre sentido da palavra, porque
uma pessoa verdadeiramente inteligente, depois de chegar aonde você
chegou, partindo de onde você partiu, não chafurdaria nesse lamaçal em
que você e sua malta alegremente surfam, nem se entregaria a seu
permanente êxtase de vaidade e autoidolatria.
Mas reconheço em você uma esperteza excepcional: nunca antes nesse
País um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e de seu
bando, as piores qualidades da massa brasileira e de seus
representantes.
Esse é seu legado maior, e de longa duração: o de haver escancarado a
lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin
encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu
diário: "Aqui todos são subornáveis".
Você destruiu as ilusões de quem achava que havíamos evoluído em
nossa mentalidade e matou as esperanças dos que ainda acreditavam
poder ver um Brasil decente antes de morrer.

Você não inventou a corrupção brasileira, mas fez dela um maquiavélico


instrumento de poder, tornando-ageneralizada e fazendo-a permear até
os últimos níveis da Administração.
O Brasil, sob você, vive um quadro que em medicina se chamaria de
septicemia corruptiva.
Peça ao Marco Aurélio para lhe explicar o que é isso.
Você é o sonho de consumo da banda podre desse País, o exemplo que os
funcionários corruptos do Brasil sempre esperaram para poder dar, sem
temores, plena vazão a seus instintos.

Você faz da mentira e da demagogia seu principal veículo de


comunicação com a massa.
A propósito, o que é que você sente, todos os dias, ao olhar-se no
espelho e lembrar-se do que diz nos palanques?
Você sente orgulho em subestimar a inteligência da maioria e ver que
vale a pena?

Você mentiu quando disse haver recebido como herança maldita a


política econômica de seu antecessor, a mesma política que você
manteve integralmente e que fez a economia brasileira prosperar.
Você mentiu ao dizer que não sabia do Mensalão
Mentiu quando disse que seu filho enriqueceu através do trabalho
Mentiu sobre os milhões que a Ong 13, de sua filha, recebeu sem prestar contas
Mentiu ao afastar Dirceu, Palocci, Gushiken e outros cumpanheros
pegos em flagrante
Mente quando, para cada platéia, fala coisas diferentes, escolhidas
sob medida para agradá-las
Mentiu, mente e mentirá em qualquer situação que lhe convenha.

Por falar em Ongs, você comprou a esquerda festiva, aquela que odeia o
trabalho e vive do trabalho de outros, dando-lhe bilhões de reais
através de Ongs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro
público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e
desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos hospitais.

Você não moveu uma palha, em seis anos de presidência, para modificar
as leis odiosas que protegem criminosos de todos os tipos neste País
sedento de Justiça e encharcado pelas lágrimas dos familiares de
tantas vítimas.
Jamais sua base no Congresso preocupou-se em fechar ao menos as mais
gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados
conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós.
Ao contrário, o Supremo, onde você tem grande influência, por haver
indicado um bom número de Ministros, acaba de julgar que mesmo os
condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que
todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no
Brasil, leva décadas.
Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro
suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros
podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia.
Estivesse o Supremo julgando algo que interessasse a seu grupo ou a
suas inclinações ideológicas, certamente você teria se empenhado de
corpo e alma.
Aliás, Lula, você nunca teve ideais, apenas ambições.
Você jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as
suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas,
sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter
seu ego adulado.

Seu desprezo por aquilo que as pessoas honradas consideram Justiça


manifesta-se o tempo todo: quando você celeremente despachou para Cuba
alguns pobres desertores que aqui buscavam a liberdade; quando você
deu asilo a assassinos terroristas da esquerda radical; quando você se
aliou à escória do Congresso, aquela mesma contra quem você vociferava
no passado; quando concedeu aumentos nababescos a categorias de
funcionários públicos já regiamente pagos, às custas dos impostos
arrancados do couro de quem trabalha arduamente e ganha pouco; quando
você aumentou abusivamente as despesas de custeio, sabendo que
pouquíssimo da arrecadação sobraria para os investimentos de que tanto
carece a população; quando você despreza o mérito e privilegia o
compadrio e o populismo; e vai por aí.... Justiça, ora a Justiça, é o
que você pensa...
Você tem dividido a nação, jogando regiões contra regiões, classes
contra classes e raças contra raças, para tirar proveito das
desavenças que fomenta.
Aliás, se você estivesse realmente interessado, como deveria, em dar
aos pobres, negros e outros excluídos as mesmas oportunidades que têm
os filhos dos ricos, teria se empenhado a fundo na melhoria da saúde e
do ensino públicos.
Mas você, no íntimo, despreza o ensino, a educação e a cultura,
porque conseguiu tudo o que queria, mesmo sendo inculto e vulgar. Além
disso, melhorar a educação toma um tempo enorme e dá muito trabalho,
não é mesmo?
E se há coisa que você e o Partido dos Trabalhadores definitivamente
detestam é o trabalho: então, muito mais fácil é o atalho das cotas,
mesmo que elas criem hostilidades entres as cores, que seus critérios
sejam burlados o tempo todo e que filhos de negros milionários possam
valer-se delas.

A Imprensa faz-lhe pouca oposição porque você a calou, manipulando as


verbas publicitárias, pressionando-a economicamente e perseguindo
jornalistas.
O que houve entre o BNDES e as redes de televisão?
O que você mandou fazer a Arnaldo Jabor, a Boris Casoy, a Salete Lemos?
Essa técnica de comprar ou perseguir é muito eficaz. Pablo Escobar
usou-a com muito sucesso na Colômbia, quando dava a seus eventuais
opositores as opções: "O plata, o plomo". Peça ao Marco Aurélio para
traduzir. Ele fala bem o Espanhol.

Você pode desdenhar tudo aquilo que aqui foi dito, como desdenha a
todos que não o bajulem.
Afinal, se você não é o maior estadista do planeta, se seu governo
não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade?
É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais,
funcionários públicos, miseráveis, você comprou com dinheiro, bolsas,
cotas, cargos e medidas demagógicas.
Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas
de seu governo, satisfez-se com o pouco mais de dinheiro que passou a
ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi
plantado anteriormente, mas que caiu em seu colo.
Tudo, então, pode se resumir ao dinheiro e grande parte da população
parece estar disposta a ignorar os princípios da honradez e da
honestidade e a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os
abusos e as injustiças que marcam seu governo em troca do prato de
lentilhas da melhoria econômica.

É esse, em síntese, o triste retrato do Brasil de hoje... E, como se


diz na França, "l´argent n´est tout que dans les siècles où les hommes
ne sont rien".
Você não entendeu, não é mesmo? Então pergunte à Marta. Ela adora
Paris e há um bom tempo estamos sustentando seu gigolô
franco-argentino...

Gilberto Geraldo Garbi

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