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Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei
minha convicção de que este País só deixará de ser o que é - uma terra
onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora
é saqueada pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados
eternamente impunes - quando a mentalidade da população e de seus
representantes for profundamente mudada.
Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela
recompensa aos bons, pelo exemplo dos governantes.
E você Lula, teve uma oportunidade única de dar início à mudança
dessa mentalidade, embalado que estava com uma vitória popular que
poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade
moral, se você a tivesse.
Você teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora
moral, esta sim, nunca antes vista nesse País.
Mas não, você preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas
populistas e coronelistas de sempre, da compra de tudo e de todos.
Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos
pessoais seus e de seu grupo, você estava certo: para que se esforçar,
escorado apenas em princípios de decência, se muito mais rápido e
eficiente é comprar o que for necessário, nessa terra onde quase tudo
está à venda?
Eu não o considero inteligente, no nobre sentido da palavra, porque
uma pessoa verdadeiramente inteligente, depois de chegar aonde você
chegou, partindo de onde você partiu, não chafurdaria nesse lamaçal em
que você e sua malta alegremente surfam, nem se entregaria a seu
permanente êxtase de vaidade e autoidolatria.
Mas reconheço em você uma esperteza excepcional: nunca antes nesse
País um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e de seu
bando, as piores qualidades da massa brasileira e de seus
representantes.
Esse é seu legado maior, e de longa duração: o de haver escancarado a
lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin
encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu
diário: "Aqui todos são subornáveis".
Você destruiu as ilusões de quem achava que havíamos evoluído em
nossa mentalidade e matou as esperanças dos que ainda acreditavam
poder ver um Brasil decente antes de morrer.
Por falar em Ongs, você comprou a esquerda festiva, aquela que odeia o
trabalho e vive do trabalho de outros, dando-lhe bilhões de reais
através de Ongs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro
público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e
desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos hospitais.
Você não moveu uma palha, em seis anos de presidência, para modificar
as leis odiosas que protegem criminosos de todos os tipos neste País
sedento de Justiça e encharcado pelas lágrimas dos familiares de
tantas vítimas.
Jamais sua base no Congresso preocupou-se em fechar ao menos as mais
gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados
conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós.
Ao contrário, o Supremo, onde você tem grande influência, por haver
indicado um bom número de Ministros, acaba de julgar que mesmo os
condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que
todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no
Brasil, leva décadas.
Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro
suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros
podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia.
Estivesse o Supremo julgando algo que interessasse a seu grupo ou a
suas inclinações ideológicas, certamente você teria se empenhado de
corpo e alma.
Aliás, Lula, você nunca teve ideais, apenas ambições.
Você jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as
suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas,
sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter
seu ego adulado.
Você pode desdenhar tudo aquilo que aqui foi dito, como desdenha a
todos que não o bajulem.
Afinal, se você não é o maior estadista do planeta, se seu governo
não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade?
É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais,
funcionários públicos, miseráveis, você comprou com dinheiro, bolsas,
cotas, cargos e medidas demagógicas.
Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas
de seu governo, satisfez-se com o pouco mais de dinheiro que passou a
ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi
plantado anteriormente, mas que caiu em seu colo.
Tudo, então, pode se resumir ao dinheiro e grande parte da população
parece estar disposta a ignorar os princípios da honradez e da
honestidade e a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os
abusos e as injustiças que marcam seu governo em troca do prato de
lentilhas da melhoria econômica.