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Olá,
Antes de iniciarmos nosso estudo da Administração Pública, devemos ter como
ponto de partida o reconhecimento do espaço que o Estado ocupa ao lado dos
demais setores da sociedade.
Para isso, vamos aprender quais são os papeis e pontos de vista do Estado, do
mercado e do bem público não estatal, que são o 1º, o 2º e o 3º setores da
sociedade respectivamente.
Será que seria possível imaginar a vida numa sociedade sem qualquer tipo de
gestão?
Vejamos:
A relação entre o público e privado, em termos de propriedade, no mundo todo
ganhou forte evidência com a falência das monarquias a partir do século XVIII
e o consequente surgimento da organização político-administrativa nacional
conhecida como “Estado Moderno”. Até então, tudo pertencendo ao monarca, a
gestão se dava em razão de seus interesses próprios, sem que houvesse a
identidade do bem comum, ou patrimônio de todos.
O Estado Moderno e suas concepções:
Com a lei, 50% das vagas devem ser preenchidas por alunos que cursaram o
ensino médio em escolas públicas, com reservas para alunos negros, pardos e
indígenas, em percentuais que variam conforme a distribuição dessas etnias no
respectivo estado da federação.
Atuando paralelamente a essa aparente disputa
entre o Estado e o mercado, com muita
competência a sociedade se organizou e
constituiu as Organizações Não
Governamentais (ONGs), também chamada de
3º setor. Nessa classificação, o Estado é o 1º
setor e o mercado o 2º. Passou a existir, assim, o bem público não estatal.
O que são as ONGs?
Regidas pela Lei nº 9.790, de 1999, são entidades da sociedade civil organizada
sem fins lucrativos, com personalidades jurídicas do direito privado que, por
iniciativa autônoma e voluntária de seus membros, organizaram-se para atuar
em espaços públicos desocupados tanto pelo Estado quanto pelo mercado. Uma
das principais características dessas organizações sociais é o desinteresse pelo
lucro. Realizam trabalhos sociais de cunho relevante para a comunidade, na
qualidade de entidades filantrópicas. Os valores que porventura recolham de
sua clientela servem, exclusivamente, para a realimentação da própria
organização.
Devido à natureza filantrópica dessas entidades, que contam com o
reconhecimento do Estado, podem elas se conveniarem com o Poder Público
para, a partir daí, receberem subvenções. A esses valores aplicam-se as
mesmas obrigações dos gastos públicos, posto que se trate de dinheiro público,
como a prestação de contas e a contratação por meio de concorrência pública.
Estado x Mercado
Outra abordagem acerca do dilema Estado x mercado bastante pertinente ao
nosso estudo diz respeito aos motivos que colocam as organizações públicas e
privadas para funcionar.
Que interesses distintos movem a Administração Pública e a organização
privada?
Não é o lucro, ou a competitividade, mas sim a
qualidade dos serviços prestados à sociedade e o
pleno atendimento do cidadão, sinônimos que são
da supremacia do interesse público. Além disso,
enquanto que no mercado a liberdade de gestão é
absoluta, no Estado o gestor deve conduzir-se
conforme a Lei determina. Na área pública, a
liberdade de ação encontra-se estritamente
vinculada à legislação vigente, ou seja, só pode ser feito aquilo que seja
expressamente permitido, sendo tudo o mais tacitamente proibido – Trata-se
do império das Leis. Na atividade pública é o direito público que cuida das
relações.
Há que ser assim, posto que o gestor público lida com o patrimônio comum da
nação. Não presta contas ou se reporta diretamente aos “donos da firma”, mas
sim à coletividade, representada pelos Poderes Constituídos. Nessa situação é o
legislador, representante do povo, por meio das Leis que elabora e que o
Presidente da República sanciona, quem define o que seja, ou não, permitido
fazer.
Fica claro, dessa distinção, que o mercado caminha com passos muito mais
rápidos que o Estado. Comparação injusta é aquela que busca colocar lado a
lado um e outro. É essa diferença de ritmo, imposta pela natureza diversa de
ambos os setores, a responsável pela desigualdade que resulta da mera
comparação que muitos fazem entre Estado e mercado.
Pela distinção de desenvoltura, muitos associam ao mercado, e seus
trabalhadores, a vantagem da eficiência, enquanto que ao Poder Público, e seus
servidores, a pecha da ineficiência. Há que se compreender, e aceitar, que o
processo de mudança e inovação na atividade pública seja bem mais demorado
do que na atividade privada.
Visando propiciar caminhos legislativos para o melhor entrosamento entre o
Estado e o mercado, o Poder Público tem criado e aperfeiçoado legislações que
regulam a interação entre um e outro.
Dentre estas, destacam-se a Lei nº 8.666, de 1993, que institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública, e a Lei nº 11.079, de 2004, que
institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada
no âmbito da administração pública.
Conforme a lei, na contratação de parceria público-privada serão observadas as
seguintes diretrizes:
Vimos, na unidade anterior, a posição que o Estado ocupa ao lado dos demais
setores da sociedade. Agora veremos a evolução histórica da Administração
Pública brasileira, com as diversas tentativas de modernização da máquina,
levadas a efeito a partir da década de 1930, momento histórico a partir do qual
a preocupação com o aperfeiçoamento da Administração tornou-se mais
evidente nos planos de governo.
A primeira tentativa de estruturação da Administração Pública brasileira data da
década de 1930, com o Estado Novo de Getúlio Vargas. Até então, desde a
transferência da corte portuguesa para o Brasil, a Administração era fortemente
marcada pelo predomínio do improviso e raramente voltada ao interesse
público. Era o tempo do coronelismo, numa época em que prevalecia
sobremaneira a prática do patrimonialismo na Administração, que é o uso da
máquina conforme os interesses particulares nada republicanos do
administrador.
A criação do DASP e o modelo burocrático
Pretendendo dar uma solução austera à situação existente, à mão forte Getúlio
Vargas promoveu novo rumo para a máquina administrativa do País. Com a
Constituição de 1937, criou o Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP), que, adotando o modelo burocrático de Max Weber, tão bem sucedido
na Alemanha pré-nazista, representou a primeira reforma do Estado, lançada
por Vargas logo no início de seu período autoritário, que perdurou de 1937 até
1945.
Vargas pretendia industrializar o País, tornando-o liberto do acentuado índice
de importações então existente. Para tanto, considerava necessária a
construção de uma máquina pública ágil, profissionalizada e capaz de dar as
respostas de que se necessitava. Foram de sua criação a Companhia Vale do
Rio Doce (VALE), para a prospecção de minério de ferro, a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), para a produção de aço, a PETROBRAS, para a
exploração do petróleo, dentre outras.
Para Taylor, o funcionário era negligente, desinteressado e sem capacidade
para analisar e estabelecer racionalmente o processo de trabalho que fosse
mais eficiente, necessitando ser orientado, conduzido, fiscalizado. Com a
administração científica ocorreu a divisão de responsabilidades: a administração
ficou com o planejamento e a supervisão, enquanto que o trabalhador
executava a tarefa. Taylor propunha organizar e descrever os cargos e as
tarefas para a racionalização do trabalho. Tal foi o modelo adotado nos
primórdios da Administração Pública do Brasil, perfeitamente adaptável à
burocracia weberiana.
Diretamente vinculado à Presidência da República, coube ao Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP) elaborar o Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis da União, primeiro documento de referência para o servidor
público, que equivaleu ao atual Regime Jurídico Único do Servidor Público Civil
(RJU) – Lei nº 8.112, de 1990.
Ocorre que a Administração pública brasileira, embora carregue consigo fortes
ligações com a racionalidade da administração como ciência social, sofre com a
irracionalidade das relações políticas existentes no País, especialmente as que
regem as relações de governo. Dessa forma, a burocracia não logrou êxito em
afastar de maneira definitiva o patrimonialismo da máquina pública, que
prevalece ativo em intensidade mais discreta até os dias de hoje, apesar dos
planos e reformas administrativas que se sucederam ao longo das décadas. O
modo burocrático, contudo, devido à baixa credibilidade e confiança que se
depositava no servidor público de então, mostrou-se ser a forma mais
adequada para a época.
O DL 200-
67 estabeleceu ampla descentralização executória na Administração Pública,
sendo mantido, contudo, o absoluto controle político, por meio da nomeação de
altos gestores e cadeias inteiras de comando que fossem alinhadas com o
regime.
Decreto-Lei nº 200, de 1967..
Decreto-Lei nº 200, de 1967
...
Art . 182 - Nos casos dos incisos II e III do art. 5º e no do inciso
I do mesmo artigo, quando se tratar de serviços industriais, o
regime de pessoal será o da Consolidação das Leis do Trabalho;
nos demais casos, o regime jurídico do pessoal será fixado pelo
Poder Executivo.
...
O DL 200-67 possibilitou a descentralização que as entidades da administração
indireta necessitavam para atuar em seus nichos de mercado. Senão, o
engessamento em uma máquina gigantesca tornaria inviável qualquer
possibilidade de sucesso.
A iniciativa que se seguiu datou do ano de 1979 e foi lançada pelo último
governo do regime militar. Tratou-se do Programa Nacional de
Desburocratização, criado pelo Decreto-Lei nº 83.740, de 1979, que tinha a
condição de ministério extraordinário, com o intuito de dinamizar e simplificar o
funcionamento da Administração Pública Federal.
Compunham o plano:
A Constituição de 1988
Ainda no início do governo de José Sarney, instalou-se a Assembleia Nacional
Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova Constituição para o País,
promulgada em 1988.
Acerca da Administração Pública, foram as seguintes algumas das inovações
trazidas pela Constituição de 1988:
É certo que a ascensão do município à condição de ente federado acarretou a
principal alteração da estrutura administrativa promovida pela Carta.
A partir de então, deixou de existir a figura do Decreto-Lei, tão empregado para
a propositura das reformas administrativas pelo Executivo sem a participação
do Congresso. Com isso, por meio do novo instituto da Medida Provisória, as
políticas administrativas lançadas pelo Executivo passaram a ser deliberadas
pelo Legislativo. Nesse processo, os projetos de autoria do Presidente da
República são analisados pela Câmara, depois pelo Senado e, finalmente, pela
Câmara novamente, nesse último retorno exclusivamente acerca das
modificações apresentadas pelos senadores. Somente então vai à sanção e
conversão em Lei.
Na época, o governo vislumbrou adotar o modelo do Estado mínimo com contas
públicas saneadas, o que seria condição indispensável para a atração de
investimentos externos, que abriria uma presença brasileira mais competitiva
no cenário estrangeiro.
Com o impeachment, Collor foi sucedido pelo vice, Itamar Franco, que lançou o
bem sucedido Plano Real. Esse sucesso possibilitou ambiente político e
institucional necessários a uma Reforma Administrativa em novos moldes,
proposta no governo seguinte, do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que
teve no ministro Bresser Pereira, da Administração Federal e Reforma do
Estado (MARE), seu principal mentor.
Até o final de seu primeiro mandato, FHC fez aprovar no Congresso duas
emendas constitucionais, promulgadas em 1998, com a finalidade de preparar
o caminho legislativo para a adoção de sua reforma gerencial. Uma delas foi a
Emenda nº 19, que dispôs sobre princípios e normas da Administração Pública,
servidores e agentes públicos. A outra foi a Emenda nº 20, que modificou o
sistema de previdência social do servidor.
A Emenda nº 19:
Já a Emenda nº 20:
As tecnologias da informação
Aspecto merecedor de menção tem sido o emprego de tecnologias da
informação na automação de procedimentos. No Decreto-Lei nº 39.605, de
1956, JK demonstra preocupação com a adoção de um sistema de comunicação
que produza a distribuição rápida dos papéis, maior segurança nas
informações, controle do andamento dos processos e funcionamento mais
dilatado do expediente de protocolo. Isso denuncia a carência dos recursos
tecnológicos à época, atualmente existentes e muito bem empregados pela
Administração.
Prova dessa eficiência tem sido, por exemplo, o processo legislativo eletrônico
das Casas do Congresso, que oferecem ao cidadão o conhecimento amplo e
pontual da elaboração das leis. Outro exemplo de agilidade é a forma com que
o INSS concede benefícios, com agendamento marcado e controle automático
do histórico previdenciário do trabalhador. Outros exemplos são o Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), o SIGA
BRASIL, e as páginas de governo na Internet, com toda sorte de informações e
conhecimentos sistematizados.
Temos, hoje, acentuada preocupação com o desenvolvimento do servidor,
explicitamente expressa nas escolas de governo, dentre as quais se destacam a
Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), do Executivo, e o Instituto
Legislativo Brasileiro (ILB), do Senado Federal, que, em conjunto com o Centro
de Formação da Câmara dos Deputados (CEFOR), têm proporcionado aos
servidores do Senado, da Câmara e de outros órgãos conveniados a
capacitação de que necessitam para o desempenho eficiente de suas funções.
Apesar disso, percebe-se na Administração ainda haver patrimonialismo,
desperdício e casos de corrupção. Quem sabe se houvesse ações mais
eficientes na redução desses desvios, restaria espaço mais amplo para a
implantação de uma máquina administrativa predominantemente eficiente e
orientada à finalidade pública do Estado.
Levadas a efeito, efetivamente, sobressaem-se as restrições previdenciárias
aplicadas aos servidores públicos, para os quais foram dedicadas três emendas
constitucionais (nos 20, 41 e 47). Enquanto isso, uma série de dispositivos
constitucionais importantes permanece sem efeito, aguardando pela aprovação
de leis ordinárias e complementares que lhes proporcionem regulamentação.
O Patrimonialismo
O Modelo Burocrático
Como alternativa a essa forma personalista de gestão surgiu o modelo
burocrático de administração, onde o privilégio deu lugar ao mérito. Trata-se a
burocracia de um modelo administrativo idealizado pelo sociólogo alemão Max
Weber, estando associado a cinco princípios básicos: hierarquia, normatização,
capacitação, especialização e meritocracia.
Nesse modelo, a gestão desatenta e a falta de critério são substituídas pelo
controle extremo, com normas rígidas a serem seguidas. Num Estado de
tamanho limitado, como o liberal, essa forma de gestão surte resultados
eficientes. Exemplo disso foi a adoção do modelo de administração weberiana
na Alemanha, Estado liberal, após a I Guerra Mundial, em uma experiência que
ficou conhecida como República de Weimar. Os resultados foram tão eficientes
em termos de máquina estatal, que tornaram possível àquele país promover a
II Guerra Mundial.
Num Estado social, entretanto, esse formalismo excessivo do poder racional-
legal acaba por obstruir o ritmo e a dinâmica da Administração, que, em meio a
tantas normas e procedimentos, perde agilidade na consecução de suas
políticas públicas. Evitam-se abusos e usos indevidos, como a corrupção, o
nepotismo e a prática patrimonialista, mas perde-se o foco na prestação do
bom serviço público, na agilidade e na qualidade do resultado para a
sociedade.
A palavra “eficiência”, incluída dentre os princípios constitucionais da
Administração pela Emenda nº 19, traduz bem o espírito de uma gestão
gerencial.
A Reforma Administrativa do governo FHC, descrita no Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), de 1995, propôs a adoção de critérios
gerenciais, típicos da administração privada das empresas de mercado, no
contexto da Administração Pública. Nesse sentido, a burocracia paralisante
seria substituída por um modelo gerencial mais livre e autônomo, com
indicadores de desempenho e foco no atendimento das necessidades do cliente-
cidadão.
A grande diferença reside na forma de controle, que passa da área-meio, com
foco nos processos, para a área-fim, com foco nos resultados, aferidos por
intermédio de indicadores de qualidade.
São todas estas questões para as quais o administrador terá que dar resposta
no modelo gerencial.
Outra diferença reside na qualidade e quantidade das regras, que devem ser
flexíveis o suficiente para viabilizar o sucesso da gestão gerencial, em face de
um cenário vivo e pleno de mudanças que a dinâmica nacional a cada dia
apresenta. No modelo de gestão gerencial é mais natural e corriqueira a relação
do Estado com as entidades privadas e as organizações sociais.
São alguns dos princípios da administração pública gerencial:
Vimos até aqui os três modelos básicos de administração pública, que muitas
vezes se misturam ou se alternam, conforme a contingência política e
administrativa de momento.
No final do século XX, o avanço generalizado da presença do Estado,
especialmente no domínio da economia, sofreu forte abalo de ineficiência,
especialmente em face dos exageros do modelo. O acirramento da crise no
modelo do Estado do Bem Estar Social – Welfare State, havido a partir da
década de 70, chegou à década de 1990 provocando, em diversos países,
especialmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, uma tendência ao
movimento de retorno ao liberalismo, com seu Estado mínimo (neoliberalismo),
que, por ser utópico, já houvera fracassado nas décadas de 1930-40.
No Brasil, por exemplo, o Estado possuía companhias aéreas (VASP e VARIG);
possuía fábrica de aviões (EMBRAER); possuía supermercados – Companhia
Brasileira de Alimentos (COBAL); minerava ferro (VALE); produzia aço (CSN);
possuía hotéis (Brasília Palace Hotel e Hotel Nacional, em Brasília); prestava
diretamente serviços de telefonia (TELEBRAS) – todas essas atividades, dentre
outras, típicas da iniciativa privada.
É certo que toda essa presença oficial na vida nacional onerou por demais as
contas públicas, uma vez que o Estado, em nenhum país do mundo, costuma
ser bom gestor de empreendimentos de produção. Isso agravou,
consequentemente, a crise econômica interna, com descontrole fiscal. Daí
resultou redução de crescimento, desemprego e inflação. Era esse o cenário do
início dos anos 1990. A crise do Estado estava levando à desaceleração
econômica dos países, com mergulho na recessão. No Brasil, isso não era
diferente.
A globalização
Objet
A estratégia da reforma do aparelho do Estado foi concebida a partir de três
dimensões: