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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE DIREITO

ALEX DA SILVA PASSOS - Preâmbulo

ALEX DA SILVA PASSOS

São Luís
2020
ALEX DA SILVA PASSOS

ALEX DA SILVA PASSOS - Preâmbulo

Atividade apresentada à disciplina de Direito Processual


Constitucional, do curso de Direito da Universidade
Federal do Maranhão, para obtenção de nota.

Prof.: Dr. José Cláudio Pavão Santana

São Luís
2020
ALEX DA SILVA PASSOS – Preâmbulo
ALEX PASSOS – Tarefa de Processo Constitucional

A Constituição da República Federativa do Brasil traz o seguinte preâmbulo:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1988)

Ao julgar a ADI 2.076, o Supremo Tribunal Federal, firmou o seguinte entendimento:

O preâmbulo, ressai das lições transcritas, não se situa no âmbito do Direito, mas no
domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte. É claro que uma
Constituição que consagra princípios democráticos, liberais, não poderia conter
preâmbulo que proclamasse princípios diversos. Não contém o preâmbulo, portanto,
relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é que o
preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios
inscritos na Carta: princípio do Estado Democrático de Direito, princípio republicano,
princípio dos direitos e garantias, etc. Esses princípios, sim, inscritos na Constituição,
constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a Constituição
do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos, ou não, na
Constituição estadual, incidirão na ordem local. (ADI 2.076, voto do Rel. Min. Carlos
Velloso, julgamento em 15-8-2002, Plenário, DJ de 8-8-2003.)

Resta claro que o preâmbulo da Constituição Federal não tem conteúdo de Direito,
porém o mesmo tem força legal por ser a base para a aplicação do Direito, pois em seu teor há
valores que devem ser observados na interpretação de todo o dispositivo legal.

A ADI 2.076 julgou a não reprodução da expressão “SOB A PROTEÇÃO DE DEUS”


na Constituição Estadual do Acre, sendo votado que sua não utilização não constitui ato
inconstitucional pois o conteúdo de Direito da Constituição Estadual do Acre reproduz as
normas e princípios da Constituição Federal.

Neste sentido, Veras aduz o seguinte:

(...) o preâmbulo é visto como a parte componente do texto constitucional. (...) trata-
se de uma perfusão e elementos basilares do texto constitucional, os quais norteiam e
alimentam toda a constituição. É por se tratar de um norteamento que a sua reprodução
ipsis litres não é de inteira obrigatoriedade, já que o sentido maior estaria em apenas
traçar o ideal da constituição e não em reproduzi-la fidedignamente. (VERAS, 2011)

Ramos traz o seguinte entendimento acerca desta temática:


(...) preâmbulo, por não significar uma norma constitucional propriamente dita, não
poderá prevalecer contra o texto expresso da Constituição Federal. Pode ser usado,
todavia, por traçar diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas, como linhas
interpretativas do texto constitucional. (RAMOS, 2013)

A força normativa do preâmbulo da Constituição é ressaltada nas palavras de Silva


(2001): “os preâmbulos, e, principalmente, o da Constituição Federal de 1988, têm força
normativa na medida em que e quando expressem normas, princípios e valores. São normas
jurídicas exequíveis em si mesmas, são normas de aplicabilidade imediata”.

Ao se analisar o relatório do Rel. Min. Carlos Veloso, há parte do mesmo que aduz a
irrelevância jurídica do preâmbulo, ponto este com o qual discordo, haja vista que o preâmbulo
tem sua relevância justamente por trazer os valores que devem ser observados em todo o texto
constitucional, como relatado acima.

Diante de todo o exposto, a decisão do Supremo diante da ADI 2.076 foi assertiva no
que se refere à não reprodução obrigatória de todo o texto do preâmbulo da Constituição Federal
na Constituição do Estado do Acre. A Constituição pode vir a não conter preâmbulo, haja vista
que este é um ato formal de declaração, político, no sentido de implementar uma norma, e um
marco histórico na soberania nacional. Ressalta-se que presente o preâmbulo em uma
Constituição, este tem sim valor jurídico normativo, haja vista que deve ser considerado na
interpretação normativa.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Texto


constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
16 nov. 2020.

_______. Supremo Tribunal Federal. ADI 2.076, voto do Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento
em 15/08/2002, Plenário, DJ de 08/08/2003.

RAMOS, William Junqueira. Eficácia do preâmbulo constitucional. JUS.com.br, 2013.


Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23637/eficacia-do-preambulo-constitucional>.
Acesso em: 17 nov. 2020.

SILVA, Luciano Nascimento. Natureza jurídica dos preâmbulos constitucionais. Revista de


Estudos Criminais, 2001. Vol. 1, Nº 4, p. 42-54. Disponível em:
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli
_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/SRC%2004_42.pdf>. Acesso em: 17 nov.
2020.

VERAS, Jonas. A força normativa do Preâmbulo constitucional. DireitoNet, 2011.


Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6294/A-forca-normativa-do-
Preambulo-constitucional>. Acesso em: 17 nov. 2020.

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