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CONSTITUIÇÃO PENAL

CONTRIBUTO PARA A SUA COMPREENSÃO

Hermenegildo Da Silva
(Advogado Estagiário e Docente Universitário)

1
SUMÁRIO

1. RESUMO;
2. INTRODUÇÃO;
3. CONSTITUIÇÃO PENAL;
4. CONCLUSÃO;
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

2
RESUMO
É, de longe, uma verdade inquestionável que o Direito Penal se relaciona
razões que assim seja, desde o facto de ambas serem ramos de Direito
Público por excelência e por terem uma influência política muito
acentuada. Quem os cria é o poder político nas vestes do poder legislativo
em consequência do artigo 105.º e alínea e) do artigo 164.º todos da
Constituição da República de Angola (Adiante CRA). Em termos de
hierarquia kelseniana, a Constituição – que dá corpo ao chamado Direito
Constitucional – aparece acima do Código Penal (Adiante CP) – que, de
igual modo, dá conteúdo ao Direito Penal – por força do artigo 6.º da CRA.
Muito por conta da índole fragmentária do Direito Constitucional, as
normas penais descritas na CRA não são abordadas de forma holística
para não furtar o trabalho do legislador penal neste sentido. Isso,
certamente, implica que as normas penais previstas na CRA sejam,
apenas, espelhos para um manancial de páginas que se pode discorre-las.
A Constituição Penal é um segmento que se ancora à Constituição no seu
todo. É uma parte dela, mas uma parte fulcral para a construção e
consolidação do Estado Democrático e de Direito bem como para um
Direito Penal que se augura mais Democrático, Civilizado, Humano e
Justo.

Palavras-Chave: Constituição, Direito Penal, Constituição Penal.

3
INTRODUÇÃO

Este artigo justifica-se por conta das festividades em alusão a mais


um (1) ano da nossa Constituição. Por ser parte integrante de toda a
sociedade, preferimos dedicar algumas páginas analisando-a, mas aterrar
a nossa abordagem em aspectos penais previstos na nossa Constituição.
Este é, digamos, o nosso contributo para a compreensão da chamada
Constituição Penal.

A Constituição é, em termos legislativos, a espinha dorsal de todo


o ordenamento jurídico angolano. Ela cura de vários aspectos e, aqui de
forma específica ao artigo em análise, dos Direitos, Liberdades e
Garantias Fundamentais ínsito no seu Capítulo II. Hierarquicamente, ela
está no cume em relação a outras leis que, só para deixar bem claro, são
denominadas infraconstitucional, isto é, estão abaixo da Constituição. É
o caso, deveras, do Código Penal.

Platão foi certeiro a afirmar que “a Constituição de um Estado é o


meio com a qual se formam homens; boa, se são bons os cidadãos
formados e má, se maus são os cidadãos formados”1. Concordamos mais
do que menos, na medida em que a Constituição seja o diploma que rege
e/ou infoma a moral social mesmo como se de um reflexo se tratasse.

Preferimos configuará-la como um reflexo devido o seu carácter


fragmentário. É um tecido que permite os outros ramos desenvolverem.
Corremos o risco de afirmar que a própria ideia de cooperação e
complementariedade nasceu da Constituição, pois não é o lugar para
tratar de tudo, deixando para as normas que abaixo de si se situa a sua
análise mais holística.

Neste artigo, vamos nos preocupar com a Constituição Penal – uma


espécie de vinculação das normas penais à axiologia constitucional
democrática – de forma prática, precisa e dogmática.

1
Platone, Menesseno, Dante Allighieri, Roma 2005.
4
CONSTITUIÇÃO PENAL

“Ab initio”, a expressão constituição penal é eminentemente


recente. Aproveitou-se e ganhou forças devido a emanação do Estado
Democrático de Direito. Dos vários méritos que podemos apontar à
Constituição, certamente este é o mais decisivo. A sua consagração é,
permitam-nos a metáfora, um abraço com a modernidade e a civilização.

E, para sublinhar mesmo o grau de importância, o legislador


constituínte começa por tratá-lo 1.º e 2.º da CRA. Isso é um começo
triunfal, embora se diga a título vernáculo que “não é como as coisas
começam, mas como terminam”, mas pensamos que aqui seja diferente,
ou seja, as coisas aqui terminam bem: será?

O timoneiro dos Estados Democráticos de Direito é, dentre vários,


a subordinação do Estado à lei e o princípio da dignidade da pessoa
humana2.

2
Difícil é a tarefa de conceituar dignidade, pessoa e humano. Talvez pelo
facto de ser tão amplo e profundo seus significados. Bem como, pela influência
que podem ter na vida do homem como um todo. Ser digno é ter o mínimo para
se viver bem. O que é diferente de ter o essencial para sobreviver.

A origem etimológica do substantivo dignidade vem do latim, dignitas.


Tem o significado de respeito, consideração, mérito. Garcia (2003) interpreta a
origem da palavra ‘dignidade’ da seguinte maneira: “O substantivo dignitas,
origem etimológica latina da palavra dignidade, significava mérito, prestígio,
consideração, excelência, enfim, qualificava o que era digno e que merecia
respeito ou reverência. (...). Tinha sempre conotação positiva.” (Garcia, 2003, p.
34)

A palavra pessoa como afirma Garcia (2003) também teve sua origem no
latim. Era expressão usada para designar os actores das peças teatrais. Com a
evolução do mundo, todos os actores são identificados como pessoa,
independente de qualquer condição.

Segundo Garcia (2003, p. 34), aorigem etimológica da palavra pessoa vem


da expressão latina personare, que se referia à máscara teatral utilizada para
amplificar a voz dos actores, passando depois a servir para designar a própria
personagem representada. A palavra pessoa acabou por ser incorporada na
linguagem jurídica, designando cada um dos seres da espécie humana. Até que

5
acabou por se fazer a junção das duas palavras, atribuindo-se dignidade à todas
as pessoas, indistintamente. Tal conceito vai além do que podemos identificar,
além do mero português ou do latim aqui mencionados, vai além da filosofia,
além do próprio corpo.
Para Maritain apud Garcia (2003, p. 34): (...) que o homem é uma pessoa,
queremos significar que ele não é somente uma porção de matéria, em elemento
individual na natureza, como um átomo (...). É assim de algum modo um todo, e
não somente uma parte, é em si mesmo um universo, um microssomo, no qual
o grande universo pode ser contido por inteiro graças ao conhecimento, e pelo
amor pode dar-se livremente a seres que são como outras tantas encarnações de
si próprio (...). Asseverar que o homem é pessoa, quer dizer que no fundo do seu
ser é um todo mais do que uma parte, e mais independente que servo.
Já a palavra Princípio vem do latim principium, e num sentido amplo quer
dizer “momento em que alguma coisa tem origem; começo; causa primária;
elemento predominante na constituição de em corpo orgânico; teoria.”
(MIRANDA, 2001, p. 452). É uma palavra polissêmica, ou seja, pode ser entendida
em diversos sentidos. Porém, para o tema ora discutido, buscar-se-á o conceito
de princípio no âmbito jurídico. Picazo apud Paulo Bonavides, (1983, p.1267 -
1268) diz que: “A ideia de princípio, (...) deriva da linguagem da geometria, onde
designa as verdades primeiras‟ (...), exactamente por isso são princípios‟, ou
seja, porque estão ao princípio‟, sendo as premissas de todo um sistema (...).”
Segundo o entendimento de Espíndola (2001, p. 53): Pode-se concluir que
a ideia de princípio ou sua conceituação, seja lá qual for o campo do saber que
se tenha em mente, designa a estruturação de um sistema de ideias,
pensamentos ou normas por uma ideia mestra, por um pensamento chave, por
uma baliza normativa, donde todas as demais ideias, pensamentos ou normas
derivam, se reconduzem e/ou se subordinam. Princípios são direcionadores de
todo o nosso sistema normativo. São as diretrizes das quais não se deve e não
se pode fugir. Seu conceito vai além da faculdade de seguí-lo ou não, pois tornou-
se imperativo no mundo jurídico, e sua obrigatoriedade se faz essencial à
interpretação jurisdicional.
Assim, declara Picazo citado por Bonavides (1983, p.1268): “Declara, (...)
invocando o pensamento do jurista espanhol F. de Castro, que os princípios são
verdades objectivas, nem sempre pertencentes ao mundo do ser, senão do dever-
ser, na qualidade de normas jurídicas, dotadas de vigência, validez e
obrigatoriedade.” E como não é uma tarefa fácil, interpretar e/ou conceituar o
princípio da dignidade da pessoa humana, este deve ser observado como um
todo na medida de sua dimensão.
Para Barcellos (1988, p. 159): Não é necessário, portanto, determinar todo
o conteúdo do princípio, ou todas as suas pretensões, uma vez que o princípio
da dignidade humana contém, de facto, um campo livre para a deliberação
política, mas é possível e desejável apurar esse núcleo mínimo de efeitos
pretendidos, de modo a maximizar sua normatividade. Não há quem possa, com
seriedade intelectual, afirmar, por exemplo, que uma pessoa tem sua dignidade
respeitada se não tiver o que comer ou com o que vestir, se não tiver
oportunidade de ser alfabetizada, se não dispuser de alguma forma de abrigo.

6
O Direito Penal tem o condão de se preocupar com os seguintes
binómios: crime-pena e estado de perigosidade social-medidas de
segurança. Chama-se Direito Penal3 ao conjunto das normas jurídicas que
ligam a certos comportamentos humanos – os crimes – determinadas

Nesse mesmo sentido, Barroso (1998, p. 296), entende que: Dignidade da pessoa
humana é uma locução tão vaga, tão metafísica, que embora carregue em si forte
carga espiritual, não tem qualquer valia jurídica. Passar fome, dormir ao relento,
não conseguir emprego são, por certo, situações ofensivas à dignidade humana.
Existe pois, uma grande diferença entre viver e sobreviver.
A Constituição garante dignidade. No entanto, não há como negar a
ineficácia da Magna Carta, diante de algumas situações descritas acima. Difícil
se torna a tarefa de não ser simpatizante de que o artigo 1.º da CRA, dentre
tantos outros, é letra morta. Para Torres apud Barcellos (2000, p.180), “sem o
mínimo necessário à existência cessa a possibilidade de sobrevivência do
homem e desaparecem as condições iniciais da liberdade. A dignidade humana
e as condições materiais não podem retroceder aquém de um mínimo.” Continua
o mesmo autor defendendo o que deve ser o mínimo para a sobrevivência
humana, “os direitos à alimentação, saúde e educação, embora não sejam
originariamente fundamentais, adquirem o status daqueles no que concerne à
parcela mínima sem a qual o homem não sobrevive”. (TORRES apud BARCELLOS,
2000, p.181).
Pode-se analisar, dos textos até então formulados, que o princípio da
dignidade da pessoa humana, é valor supremo de uma constituição. Uma vez,
que a pessoa é o fim e o começo de uma sociedade e do Estado. Tudo o que se
faz é em prol do ser humano. Afirma Garcia (2003, p. 45), “em consequência ao
valor reconhecido a cada pessoa, esta aparece como fundamento e fim da
sociedade e do Estado. (...). Nesta perspectiva, a pessoa é o valor supremo da
democracia, a raiz antropológica constitucionalmente estruturante do Estado de
Direito.”
Importante, no entanto, é lembrar que todos os direitos e garantias,
inclusive os princípios constitucionais, estão vinculados ao princípio da
dignidade da pessoa humana. Assim, há ou têm que haver o mínimo de
dignidade da pessoa na execução de todas as regras e normas constitucionais.
O princípio da dignidade da pessoa humana deve estar contido em todas
as interpretações de todo o texto da Carta Magna. Barcellos (2000) propõe três
categorias de direitos, que estão inseridos na Constituição, com efeitos
necessários de conteúdo mínimo da dignidade humana: a educação
fundamental, a saúde mínima e assistência aos desamparados. Assim sendo, a
Constituição, nos termos do artigo 1.º, traz como princípio fundamental a
dignidade da pessoa humana. Até então, às vezes que foram abordados nas
Constituições anteriores, não estavam sendo tratados como princípio
fundamental, sendo uma grande inovação na Constituição de 2010.
3
Dias, Jorge de Figueiredo, Direito Penal, 2ª Edição, Coimbra Editora, Agosto de
2007 p. 3

7
consequências jurídicas privativas deste ramo de direito, que é a pena
aplicada ao agente do crime que tenha actuado com culpa e, do outro
lado, as medidas de segurança caso o agente esteja desprovido de culpa.
A Constituição estabelece os direitos fundamentais e limita o agir
punitivo do Estado. Por conta disto, tem sido cada vez mais categórico
que a nossa Constituição é garantística.

A Constituição Penal, no leque de vários artigos que tem a


Constituição em geral, começa no Capítulo II, Secção I.

Do artigo 30.º a 34.º da CRA estão apresentados alguns bens


jurídicos4, tais como:

4
Metaforicamente, a vida do direito penal depende dos bens jurídico-
penais. É comummente aceite que o direito penal - direito criminal para um
sector da doutrina - tem como função a salvaguarda dos bens jurídicos do
cidadão na comunidade, como dissemos anteriormente. O acento tónico, daquilo
que se escreveu, é posto à palavra "bem jurídico" que é um valor digno de tutela
constituconal capaz de legitimar a criminalização de um facto e/ou restringir o
agir estatal.
Historicamente, isto nos finais do século XIX, na obra de Franz V. List, foi
teorizada o bem jurídico como um freio/limite ao poder punitivo estatal, ou seja,
só se tem legitimidade para punir e criminalizar, caso se viole um bem jurídico
dotado de dignidade constitucional e penal.
O conceito de bem jurídico-penal é difícil de precisar, "não é a última
verdade escrita numa rocha, não é o terceiro testamento que deve ser seguido
obrigatoriamente", como disse alguém, mas há uma verdade no meio: o bem
jurídico visa estabelecer uma fronteira entre o que legitimamente pode e não
pode ser criminalizado. O que isso quer dizer?
Simples, o legislador ordinário, caso queira criminalizar certa conduta,
pode criminalizá-la desde que seja causadora de danosidade e ofensividade a
uma norma com dignidade constitucional como, por exemplo, a integridade
física nos termos do artigo 31.º da Constituição da República de Angola.
Só para que conste, essa relação entre a ordem axiológica constitucional
e a ordem legal dos bens jurídicos dignos de tutela penal, permite estabelecer a
distinção entre o direito de penal de justiça/primário4 - aqueles contidos no
Código Penal - e o direito penal secundário/extravagante - contidos em leis
avulsas-, ou seja, há uma tendência de o direito penal proteger mais os direitos,
liberdades e garantias pessoais em relação aos direitos económicos e sociais.

8
i) A vida;

ii) A integridade física, moral e intelectual;

iii) A honra;

iv) Privacidade e intimidade.

Esses bens jurídicos cunhamos a nível constitucional dão razão a


certos tipos penais incriminadores – aquelas normas penais que
estabelecem penas aos crimes, medidas de segurança aos estados de
perigosidade social/criminal e as suas agravantes – pertecentes a parte
especial do Código Penal.

O bem jurídico-penal tem o condão de oferecer base/alicerce suficiente à


punibilidade dos comportamentos que ofendem a vida, o corpo, a liberdade, o
património do indivíduo. É, de forma vernácula, o padrão crítico de aferição da
legitimidade da criminalização.
No entender do Professor Jorge De Figueiredo Dias, o bem jurídico "é a
expressão de um interesse, da pessoa ou da comunidade, na manutenção ou
integridade de um certo estado, objecto ou bem em si mesmo socialmente
relevante é por isso juridicamente reconhecido como válido".
Deste conceito, sublinha-se que, ao falar de bem jurídico-penal, tem-se
em conta o seguinte:
i) Um valor ligado à pessoa;
ii) Este valor/interesse deve ser relevante e valioso para a pessoa e
comunidade;
iii) Sendo relevante, é fulcral que tenha tutela constitucional como, por
exemplo, a vida nos termos do artigo 30.º da CRA.
Numa palavra, bem jurídico-penal é o valor axiologicamente
constitucional que visa dar legitimidade punitiva ao Estado, por um lado e,
também, visa limitá-lo, por outro lado. Ou seja, todas as normas incriminadoras
cuja base não seja possível divisar um bem jurídico claramente definido é nula,
por materialmente inconstitucional, e como tal deve ser declarado pelos
tribunais para tanto competentes.
Tudo visto e ponderado, o estudo dos bens jurídico-penais é ponto
essencial de todo o direito penal sendo, para além da necessidade de tutela penal
e da proporcionalidade em sentido amplo, critério fiel para a criminalização de
certo facto.

9
Pois vejamos, em cada tipo penal incriminador, há um bem jurídico
a ser protegido. Bem jurídico sem o qual a sociedade se degrada caso seja
violado. O bem jurídico “vida” está ancorado no tipo penal “homicídio”
previsto no artigo 147.º do CP. A vida humana é tutelada pela
Constituição no artigo 30.º em corolário ao artigo 147.º do CP. Qualquer
tentativa de perigar a vida ou mesmo a sua retirada de forma efectiva,
merecerá uma actuação energética e imediata por parte do Estado
enquanto titular do “ius puniendi”.

As várias integridades depositadas no artigo 31.º da CRA


mereceram, também, um olhar clínico do legislador penal – tornando-as
bens jurídicos – no Capítulo II, Crimes Contra a Integridade Fisica e
Psíquica, especificamente nos artigos 159.º e seguintes do CP. Há uma
cláusula de inviolabilidade do corpo, qualquer lesão que vier a sofrer –
seja ela simples ou grave – reputa o preencher de um tipo penal
incriminador susceptível de reacção criminal.

A honra abrange um número elevado de tipo legal de crime. Hoje,


pouco se legisla sobre a privacidade, sobre a necessidade da intimidade
da vida privada. Estamos muito expostos, alienamos, indirectamente, o
nosso direito à privacidade para se enquadrar em grupos sociais e de
redes sociais. Somos muito autómato, repetitivos. Precisamos declarar
independência e preservar a nossa privacidade.

O Estado, através da injunção legal prevista no artigo 32.º da CRA,


protege e reconhece esse leque incomensurável de direitos. O legislador
penal não ficou, deveras, aquém deste dispositivo legal ao apresentar de
forma tripartida os crimes contra a honra5.

5
Sempre que uma determinada pessoa, de forma livre, deliberada e
consciente adoptar acções que ofendam a honra, o bom nome, a reputação e até
a autoestima de uma terceira pessoa, estará a cometer crimes previstos na
secção II da parte especial nos seus artigos 215º, 214º e 213º todos da Lei º nº
38 / 20 de 11 de Novembro-Código Penal:

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A calúnia
A calúnia é um crime previsto no artigo 215º do Código Penal e consiste
em uma pessoa acusar falsamente outra imputando-lhe a prática de actos
declarados puníveis nos termos da lei penal. Dito de outro modo, o crime de
calúnia ocorre quando uma pessoa é acusada falsamente de cometer um crime.
Esta acusação deve ser feita de forma detalhada e na presença de terceiros. Pois,
a calúnia atinge a honra objectiva (a boa reputação que o indivíduo goza no
grupo social). E dar-se-á por consumado, quando a imputação chega ao
conhecimento de terceira pessoa;

A calúnia é o mais grave dos crimes contra a honra, porque exige que o
agente narre ou descreva pormenorizadamente um facto criminoso concreto e
o atribua a alguém. Ademais, é por este motivo que do ponto de vista de
penalidade a moldura penal aplicável ao crime em estudo vai dos seis (6) meses
aos dois (2) anos de prisão e multa até 260 dias. Ora, é fundamental que a
conduta adoptada pelo agente do crime seja séria ou seja o agente deve estar
munido do animus injuriandi vel diffamandi (isto é a intenção maléfica por
parte do agente de ofender a honra ou manchar a boa reputação que a vítima
goza no grupo social). É fundamental que o agente faça a acusação falsa perante
terceiros e esteja revestido da intenção de manchar a boa fama alheia.

A difamação

A difamação é um tipo ilícito previsto e punível nos termos do artigo 214º


da Lei nº Lei º nº 38 / 20 de 11 de Novembro-Código Penal e tem uma moldura
penal abstrata que vai até um (1) ano de prisão e multa até 120 dias. A difamação
consiste na imputação facto genérico, ofensivo a reputação de outrem.

Ademais, conforme indica o próprio nome difamar significa causar má


fama, beliscar o respeito que a pessoa granjeou perante outros, abalar a sua
reputação. Tal como no crime de calúnia, na difamação pressupõe
necessariamente que o agente da acção criminosa atribua à vítima a realização
ou prática de um determinado facto, que aos olhos do grupo social seja negativo.
Ademais, este crime dá-se por consumado, quando terceira pessoa toma
conhecimento da imputação feita à vítima.

A grande destrinça entre estes dois ilícitos criminais consiste no seguinte:


Na calúnia, o facto imputado à vítima tem de obrigatoriamente ser classificado
como crime; Ao passo que na difamação, a imputação ou a acusação feita contra
a vítima, abrange a generalidade de factos desde que estes sejam ofensivo a
honra alheia; Dito de outra forma, na difamação, a consequência jurídica do
facto pelo qual a vítima vem acusa não poder ser uma pena de prisão, isto é
facto não pode revestir-se de natureza criminal. Para o crime de injúria não é
necessário que o facto imputado seja falso.

O objectivo do legislador ordinário ao classificar a falsidade dos factos


como irrelevantes para a imputação da responsabilidade do agente do crime de
difamação é para que cada um tome responsabilidade dos seus actos e palavras,

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O artigo 33.º da CRA cura da inviolabilidade do domicílio,
salvaguardando, mais uma vez, a intimidade da vida privada. Sem que
haja consentimento do proprietário, salvo nos casos determinados por
lei, ninguém pode entrar, permanecer ou persistir em ficar em casa alheia.
Que assim proceder está a comer o crime de introdução em casa alheia
prevista e punível nos termos do artigo 228.º do CP.

O mundo digital tem os seus méritos e deméritos, especificamente


quando se usa para perpetrar crimes. Há, nos termos do artigo 34.º da
CRA, a inviolabilidade da correspondência e das comunicações. A
comunicação centra-se no emissor e no receptor, expoentes máximos

cuidando da sua própria vida e evitar fazer comentários desonrosos sobre a vida
alheia.5

É fundamental que para a prática deste crime o agente da acção


criminosa, esteja revestido do animus diffamandi (é a vontade e/ou intenção
maléfica por parte do agente em denigrir a honra alheia).

A injúria

É um tipo ilícito, previsto e punível pelo artigo 213º da Lei º nº 38 / 20


de 11 de Novembro-Código Penal e carrega uma moldura penal abstracta que vai
dos seis (6) meses até um (1) ano de prisão e multa até 120 dias. Injuriar alguém
consiste em ofender a sua honra subjectiva ou o seu decoro. Pois, o crime de
injúria, diz respeito à honra subjectiva que é o sentimento que cada individuo
tem sobre os seus próprios atributos físicos, morais e intelectuais. A injuria é
um crime que afecta a autoestima da vítima.

Ora diferente dos outros tipos ilícitos penais que afectam a honra da
pessoa (Calúnia e difamação), no crime de injúria, agente da acção criminosa,
não faz uma narrativa falsa ou imputa factos ilícitos à vítima, há na verdade a
atribuição de uma qualidade negativa à vítima, consiste em ofender a vítima
usando uma expressão desairosa ou insultuosa para se referir à mesma. Assim,
atribuição de uma característica negativa atribuída à vítima para que se
consubstancie no crime de injúria, deve ser ofensiva à sua dignidade ou decoro.

Por outro lado, por tratar-se de um crime que afecta a honra subjectiva, a
sua consumação ocorre quando a ofensa proferida chega ao conhecimento da
vítima.

12
para uma normal e eficaz comunicação. Quem se imiscuir neste ciclo de
comunicação, certamente, estará a violar esse sigilo que se deve presar
nas relações humanas. A pena vai até 18 meses de prisão e 180 dias de
multa quem perturbar e devassar a vida privada de outrem, segundo rege
o artigo 230.º do CP.

Tem sido opinião da doutrina penal mais recente que a Constituição


Penal encontra a sua pujança na SECÇÃO II – Garantia dos Direitos e
Liberdades Fundamentais, precisamente o artigo 56.º e seguintes da CRA.
Um dos ganhos da democracia é atribuição ao pacato cidadão um leque
incomensurável de direitos e liberdades, aplicados “erga omnes”. Mas,
esses direitos e liberdades, dependo da circunstância do caso concreto,
pode ser suspenso e, até mesmo, coartado, desde que os critérios
necessidade6, proporcionalidade7 e razoabilidade8 sejam o crivo do agir
estatal, nos termos dos artigos 57.º, 58.º da CRA. A pena de prisão tem se
mostrado, nos dias que correm, a forma mais eficar de limitar esses
direitos, embora já se fala da “falência” das penas de prisão.

O artigo 59.º reveste-se de especial importância, pois fundamenta a


adopção do Estado Democrático de Direito, que nega a pena de morte bem
como a tortura e penas perpétuas nos termos do artigo 60.º da CRA.

Se quisermos caracterizar, em síntese apertada, o sistema de


reacções criminais do CP vigente, a primeira nota a pôr em destaque
deverá ser a de ter mantido a recusa, já tradicional no nosso ordenamento
jurídico, de consagração da pena de morte e da pena de prisão perpétua.
O que ocorre certamente de um princípio de humanidade, de que hoje
muito se fala em matéria político-criminal e de que o Direito Penal se pode

6
As sanções penais devem ser necessárias, visto que os seus fins não podem ser
prosseguidos por outro ramo do direito.
7
Implica que os meios legais restritivos da liberdade e os fins obtidos devem
situar-se numa justa medida, determinada pela gravidade do mal causado e
censurabilidade do seu autor, tendo aplicabilidade na determinação judicial da
pena aplicável em abstrato.
8
As sanções penais legalmente previstas devem revelar-se adequadas para a
prossecução dos fins visados pela lei.

13
reivindicar pioneiro. Um princípio segundo o qual, na definição complexa
que dele dá Jescheck, “todas as relações humanas, abarcadas pelo Direito
Penal na sua mais lacta acepção, devem ser ordenadas na base da
recíproca comunicação, da responsabilidade comunitária pelo homem que
foi punido, da livre disponibilidade para o auxílio e o cuidado sociais e da
vontade decidida de recuperar o criminoso condenado”.

Os artigos 61.º e 62.º tocam em um tema que nos tem interessado


bastante, que é o Direito Penal Internacional, mas que não é objecto de
nossa análise aqui e agora. O mesmo acontece com os artigos
constitucionais voltados ao Direito Processual Penal que, em momento
próprio, poderemos dedicar algumas páginas, mas deixando aqui duas
notas apenas:

i) Toda a pessoa detida e presa tem um acervo de direitos a serem


respeitados pelos intervenientes processuais, acautelado no artigo 63.º
da CRA;

ii) A violação destes direitos dará lugar a sua competente


responsabilidade criminal por parte do infractor.

Pensamos que o artigo 65.º e 66.º da CRA sejam a verdadeira


Constituição Penal, salvo opinião contrária.

Começamos com o artigo 65.º. O n.º 1 inicia com a


intransmissibilidade e pessoalidade da responsabilidade penal, ou seja, a
responsabilidade penal é pessoal e não se transmite a pessoa do agente.
A pessoalidade, aqui tratada, não se refere apenas a pessoa singular ou
física, mas também a pessoa colectiva ou jurídica nos termos do artigo
9.º do CP9.

9
Todo o direito penal assenta no princípio da culpa – entendamos aqui a
culpa como o juízo de censura que recai ao agente – não sendo por acaso que
Jorge Figueiredo Dias entenda que, na verdade, devia chamar-se direito penal da
culpa.

E o princípio da culpa apresenta uma lógica inegável: a culpa pressupõe


vontade, só o homem tem vontade, logo só o homem comete crime. Ponto! Esta

14
Os números 2, 3 e 4 tratam do princípio da legalidade penal e da
irretroatividade da lei penal.

E, sobre eles, deixam-se as seguintes notas:

1. O princípio da legalidade é o prius e posterius de todo o direito


penal moderno, democrático e civilizado, por isso o legislador

é a regra e, para lapidá-la, surge o brocardo latino “societas delinquire non


potest”, ou seja, as sociedades não cometem crimes por que, a princípio, elas
não têm vontade.

A responsabilidade penal das pessoas colectivas tem duas razões de ser:

i) Razão teórica; no sentido de que ela é uma realidade, esquecendo a


configuração dela como “ficção” conforme nos habituou Mota Pinto
em sede de Teoria Geral do Direito Civil. Esta realidade é capaz de
preencher o tipo objectivo e o tipo subjectivo da norma penal em
alusão ao princípio do “alter-ego”, segundo qual os actos da pessoa
física é como se fossem e são os actos da pessoa colectiva, agi em
nome dela;
ii) Razão prática; é inquestionável o número exacerbado de práticas
criminais perpetradas pelas pessoas colectivas que, de longe,
merecem a intervenção do direito penal.

O artigo 9.º do CP 20 deu uma nova roupagem ao instituto da


responsabilidade penal das pessoas colectivas, responsabilizando-as
criminalmente. Mas, antes da entrada em vigor do Novo Código Penal, já existia
um instrumento que responsabilizada os actos criminosos das pessoas
colectivas. Falo-vos, claro esta, da Lei 3/14, de 10 de fevereiro – Lei Sobre a
Criminalidade das Infracções Subjacentes ao Branqueamento de Capitais. A
excepção da culpa enquanto pressuposto da punição é quando a factisespécie
delituosa é preenchida/cometida por uma pessoa colectiva. Na hierarquia das
leis - isto de seguirmos a "pirâmide hierárquica" aludida por HANS KELSEN - no
cume temos o Código Penal e, depois, outras leis avulsas como esta atinente a
Criminalidade das Infracções Subjacentes ao Branqueamento de Capitais.

a) O objecto é tudo aquilo que incidirá a acção do agente. O objecto, em


sede dos pressupostos da infracção penal, pode bifurcar-se em
material ou jurídico. Objecto material são as coisas ou pessoas sobre
quais incide à acção delituosa. Objecto jurídico são os valores e/ou
relações que a conduta criminosa nega. O objecto jurídico pode ser,
por um lado, imediato, quando se refere aos valores e interesses
jurídicos tutelados pela norma pena, que o comportamento delituoso
viola e, por outro lado, mediato são as relações sociais que os bens
jurídicos e/ou interesses tutelados pela norma penal exprimem.

15
constituinte cunhou-o no artigo 65.º, nº 2 e 3 da Constituição da
República de Angola e o legislador ordinário estatui-o no artigo 1.º do
Código Penal Angolano.

O princípio da legalidade tinha um fundamento jus-político, mas


cuja matriz era de ser garantia do cidadão ante o poder punitivo do
Estado, que agia arbitrariamente. É, de longe, correta a frase lapidar de
Franz von Liszt, em finais do séc. XIX, de que o princípio da legalidade é
a “magna charta do delinquente”. Pois que, ao exigir-se uma lei escrita,
precisa e anterior ao facto, o infractor estava protegido contra
intervenções punitivas arbitrárias.

Como se vê, o princípio da legalidade surge como uma necessidade


por Beccaria, mas a sua formulação latina coube à Feuerbach nos
seguintes termos e condições “nullum crimen, nulla poena sine lege”, ou
seja, não há crime nem pena sem lei. O conteúdo essencial do princípio
da legalidade, segundo Figueiredo Dias, traduz-se em que não pode haver
crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia10, escrita11, estrita12 e
certa13.

O princípio da legalidade apresenta alguns corolários impeditivos:

a) Proibição das normas penais em branco;


b) Proibição da analogia nas normas penais incriminadoras;
c) Proibição de interpretação extensiva.

Entende-se norma penal em branco aquela que contém a sanção


penal e que, quanto ao facto típico, remete, total ou parcialmente, para a
descrição feita por outra norma extrapenal do ordenamento jurídico. No

10
Não há crime sem lei prévia que como tal preveja uma certa conduta como
socialmente nociva e reprovável. O legislador não atribui eficácia retroativa à lei
criminalizadora ou agravante da responsabilidade penal.
11
Significa que a única fonte do direito penal é a lei formal, ou seja, a lei da
Assembleia Nacional.
12
Pressupõe uma vinculação a uma estrita interpretação literal sem margem para
analogia ou interpretação extensiva.
13
É a exigência feita ao legislador penal de que, na criação da lei penal, descreva
o facto punível da forma o mais possível precisa.

16
quadro da estrutura das normas jurídicas, elas estabelecem, apenas, o
preceito secundário e remetem o preceito primário para uma norma
extrapenal, ou seja, dita norma penal em branco.

A analogia consiste na aplicação de uma regra jurídica a um caso


concreto não regulado pela lei através de um argumento de semelhança
substancial com os casos regulados. A analogia é um recurso jurídico
utilizado para preencher lacunas. Em nome do princípio da legalidade, no
direito penal não existem lacunas, logo a aplicação analógica é
dispensável. A dispensabilidade só abrange, convém sermos lúcidos, a
analogia in malam partem – analogia desfavorável ao agente – e não a
analogia in bonam partem – analogia favorável ao agente.

A interpretação extensiva é quando a letra da lei diz menos do que


o legislador quis dizer, logo deve estender-se o sentido e o alcance da lei.
Aqui, estende-se o sentido e alcance da lei para que se case com o seu
espírito. Por ir aquém do que a lei determina, viola, certamente, o
princípio da legalidade, logo é proibida da sua aplicabilidade diante de
normas penais incriminadoras, ou seja, aquelas que estabelecem crimes,
penas, estados de perigosidade social, medidas de segurança e as suas
agravantes.

Em suma, todo o Estado, em geral, e todo o direito penal, em


especial, que se arroga democrático, civilizado, moderno e actuante tem
como alicerce o princípio da legalidade, ou seja, a lei como crivo para que
se possa aplicar penas/medidas de segurança aos crimes/estados de
perigosidade criminal correspondentes. São antagónicos a este princípio
as normas que só apresentam a previsão e remetem a estatuição em outro
preceito extrapenal, a busca de um caso semelhante para preencher o
caso omisso e alargar aquilo que o legislador disse reduzidamente. Tudo
isso para que se possa evitar o arbítrio do judiciário e, consequentemente,
possa servir de meio garantístico dos cidadãos.

2. A regra da aplicação da lei penal no tempo é o princípio da não


retroatividade, irretroatividade ou proibição da retroatividade. Significa

17
que o direito penal, regra geral, não se aplica a factos passados, ou seja,
as normas jurídicas só devem aplicar-se aos factos ocorridos a partir da
sua entrada em vigor e até que sejam revogadas ou substituídas por
outras. É, de longe, uma exigência constitucional e legal de que só seja
punido o facto descrito e declarado passível de pena por lei anterior ao
momento da prática do facto, reza o nº 1, artigo 2.º do CP.

A excepção à regra geral da não retroatividade da lei penal é a


retroatividade da lei quando vier favorecer o criminoso, ou seja, caso a lei
seja mais favorável, então ela pode ser aplicada retroativamente, ou seja,
pode voltar atrás, permitam-nos a tautologia. Tudo isto porque não seria
justo continuar a punir com a severidade da lei antiga, actos que a
consciência moral e social, refletida na nova lei, não merecem punição ou
merecem menor punição nos termos do nº 2, artigo 2.º do CP.

A excepção da excepção leva-nos à regra geral: embora a lei seja


mais favorável ao criminoso, ela não se aplica retroativamente quando
estivermos diante de leis de crise reguladas no nº 4, artigo 2.º do CP. Ora,
as leis de crise podem bifurcar-se em:

a) Leis temporárias; são aquelas editadas pelo legislador para um


período determinado;
b) Leis de emergências; são as que se destinam a vigorar enquanto
durar uma situação de emergência, sem definição prévia do
tempo de vigência.

Justifica-se essa excepção da excepção pelo facto de que, se não


fosse assim, as leis temporárias e/ou de emergência não teriam qualquer
eficácia, pois destinando-se a vigorar em situações de crise, portanto, em
períodos curtos, a grande maioria dos factos praticados durante a sua
vigência acabaria por ser julgada apenas na vigência da nova lei mais
favorável implicando a não aplicabilidade “ad aeternum” das leis de crise
e acabariam por ser inúteis e ineficazes a sua criação.

A exigência jurídico-política de garantia do cidadão frente ao poder


punitivo do Estado, existência conatural ao Estado de Direito e a função

18
preventivo-geral de discussão atribuída à pena determinam, desde finais
do séc. XVIII, a consagração constitucional da proibição da aplicação
retroativa da lei penal desfavorável14.

O nº 5 trata da impossibilidade da dupla punição ou, como


preferem os latinos, do princípio “non bis in idem”, ou seja, sobre o
mesmo facto o agente não pode ser punido duas vezes. Isso coloca-se
mais no caso da aplicação da lei penal no espaço.

O artigo 66.º da CRA apresenta limites garantísticos da aplicação


da pena e medidas de segurança – nota-se que a pena reage à
culpabilidade do agente; ao passo que as medidas de segurança reagem à
perigosidade social/criminal do agente – que não devem ter duração
perpétua nem ilimitada. O artigo 44.º do CP é certeiro, pois a pena nunca
deve ultrapassar os 35 anos, por mais que o crime seja horrendo e nos
arrepie à pele.

14
De Carvalho, Américo Taipa, ob.cit, pág 170.
19
CONCLUSÃO

De tudo quanto se disse, concluímos que temos uma Constituição


Penal boa a nível formal, na medida em que vai de encontro aos novos
ideias e princípios que devam nortear todo o Direito Penal Humano,
Civilizado, Democrático e Justo.

Os aspectos penais previstos na Constituição apresentam-se de


maneira clara e a sua observância na prática é que se espera para a
consolidação do Estado Democrático de Direito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

20
Constituição da República de Angola, Editora Fd-Iuris, 1ª Edição, 2021;

Código Penal Angolano e Código de Processo Penal Angolano, Editora


Fd-Iuris, 2ª Edição, 2022.

DIAS, Jorge Figueiredo, Direito Penal Português: Consequências jurídicas


do crime, Coimbra Editora, 2011.

RODRIGUES, Orlando, Apontamentos de Direito Penal, Escolar Editora,


2013.

TAIPA, Américo, Direito Penal, Coimbra Editora, 2009.

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