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3ª Regional de Ilhéus, Av.

Canavieiras, 170, Centro

EXCELENTÍSSIMO(A), SENHOR(A), DOUTOR(A), JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ILHÉUS – BA.

PRIORIDADE

Parte autora maior de 60 anos

CREUZA MARIA DOS SANTOS BARBOZA, brasileira, casada, aposentada,


inscrita sob o RG nº 13294706 48 SSP/BA e CPF nº 383.277.245-68, residente e domiciliada nesta
Cidade à Rua São Mateus, 619, Alto do Coqueiro, Malhado, telefone (73)8118-1315, sob o
patrocínio da DEFENSORIA PÚBLICA, por um de seus membros e estagiário que abaixo
subscrevem, constituído independente de instrumento de mandato na forma do art. 128 do Decreto
Lei 80/94, vem, respeitosamente, perante V. Exª, propor:

AÇÃO DE DANO INFECTO CUMULADO COM PEDIDO DEMOLITÓRIO

em face de ILZA VALERIA NASCIMENTO BISPO, brasileira, estado civil e profissão


desconhecidos pela autora, bem como os números de RG e CPF da requerida, com endereço nesta
Cidade à Rua Augusto Lopes Ferreira, nº 51, Alto do Coqueiro, Malhado, pelos motivos de fato e de
direito que ora aduz:

INICIALMENTE, requer os benefícios da assistência judiciária, uma vez que não tem
condições de arcar com as custas e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família, fazendo jus ao disposto na Lei 1.060/50.
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REQUER AINDA, que seja dada PRIORIDADE na tramitação do processo, de


acordo com o artigo 71 da lei nº 10.741/2003, Estatuto do Idoso, uma vez que tem idade
superior a 60 (sessenta) anos.

DOS FATOS

A requerente é proprietária de imóvel localizado à Rua São Mateus, 619, Alto do Coqueiro,
Malhado, onde mora com sua família, conforme cópia do registro de imóvel anexo.
A requerida, vizinha de fundo da requente, promoveu no mês de outubro uma obra, que,
inicialmente, preocupava a autora e seus vizinhos por ter sido implantada em um morro, que fica
atrás dos imóveis destes.
Durante o transcorrer da execução da obra, a autora solicitou da prefeitura providências,
processo nº 11126-13 de 29/10/13, tendo em vista o iminente risco de desabamento que a abra
proporcionara, nesse diapasão a requerente reivindicou o embargo da referida construção.
A Prefeitura Municipal, diante dos fatos, notificou a requerida, (notificação nº 003560 de
15/10/13 por violação aos arts. 120 e 122 da Lei Municipal 1105/74) por esta carecer de prévia
licença para construir, acrescer, modificar ou reparar prédio.
Acontece que, a requerida não regularizou sua situação junto aos órgãos competentes,
contrariando determinação administrativa da prefeitura, e concluiu sua obra.
Foi noticiada, em rede nacional, a incidência de fortes chuvas no final do mês de novembro,
mais precisamente nos dias 27 e 28/11/13, que trouxeram transtornos a boa parte da população
baiana, incluindo a ilheense.
Tratando-se, pois, de uma tragédia anunciada, parte do barranco onde fora promovida a
construção irregular deslizou até os imóveis da requerente e de seus vizinhos, a autora está
atualmente com mais de metro e meio de barro escorado na parede de sua residência.

Isto posto, temendo o desabamento do imóvel da requerida sob sua residência, que fatalmente
vitimaria a si e a seus familiares, não restou à requerente outra alternativa senão a ora postulada, para
ver seu direito respeitado diante das atitudes vis perpetradas pela ré.
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DO DIREITO

O direito de construir, bem como os seus limites, estão claramente expressos nos artigo 1.299
do Código Civil Pátrio, onde afirma que “O proprietário pode levantar em seu terreno as construções
que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.”

Conforme se verifica, a parte ré lesionou flagrantemente o direito, não só da parte autora,


mas também, de toda a coletividade, ao construir sem a licença necessária para tal, bem como
carecer a obra de medidas técnicas acautelatórias para a preservação da incolumidade pública, e
mesmo a autora tendo buscado com uma medida administrativa junto à prefeitura para ver seu
direito líquido e certo atendido, teve seu pleito frustrado novamente pela ré que, em afronta aos
ditames legais, continuou a construir sua obra mesmo com o embargo da prefeitura.

Se não suficiente o supracitado, o artigo 1.280, caput, do mesmo diploma legal afirma que
“O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou
a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano
iminente.”

Isto posto, há clara a ilegalidade cometida pela parte requerida que, aproveitando-se da
avançada idade da requerente, tenta sobrepor seus desejos aos ditames legais aplicáveis à espécie.

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

O artigo 273 do Código de Processo Civil, regula sobre a antecipação da tutela, a saber:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente,


os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.”

Ex Positis, há clara verossimilhança da alegação, uma vez que, conforme demonstram,


as fotos anexas, o imóvel da requerida pode vir a desabar sobre a requerente a qualquer momento, e,
também, há o receio de dano irreparável ou de difícil reparação, já que, a mora na determinação de
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demolição à obra pode provocar uma tragédia com vítimas fatais, haja vista ser a autora e seu
esposo pessoas de idade avançada, e conviverem com outros entes queridos em sua residência.

DO PEDIDO

Com base no exposto, requer de V. Exª:

1. Que seja CONCEDIDA a ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, obrigando a ré a DEMOLIR A


OBRA irregular, por colocar em risco à vida, à saúde e à segurança pública, sob pena de multa diária
de R$ 500,00 (quinhentos reais) pelo seu descumprimento;

2. Que seja CITADA a ré para, querendo, apresentar defesa, no prazo legal, sob pena de
sujeitar-se aos efeitos da revelia.

3. Que seja julgado PROCEDENTE o referente pedido, obrigando a ré, às suas custas, a
demolir sua construção, tomando todas as cautelas necessárias para que não venha gerar maiores
danos à autora, marcando-se prazo para tanto, sob as penalidade da lei, impondo-a ao pagamento de
multa pecuniária por dia de atraso no cumprimento do julgado, no valor já acima requerido.

4. Que seja CONDENADA a ré a pagar as custas e honorários advocatícios em favor da


Defensoria Pública do Estado;

Protesta e de logo REQUER provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas,
especialmente oitivas de testemunhas, consoante artigo 332 do CPC .

Dá-se a causa o valor de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais)

Nestes termos, pede deferimento.

Ilhéus, 13 de dezembro de 2013.


3ª Regional de Ilhéus, Av. Canavieiras, 170, Centro

Cristiane da Silva Barreto Nogueira Lucas Alexandre Pereira


Defensora Pública Estagiário

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