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DIEGO MARTINS DA CRUZ

LUCÉLEN POPOASKI
VICTOR AUGUSTO DINIZ MOREIRA

AVALIAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO DE


FÂNZERES EM VISTA DA CONTRAÇÃO DAS ZONAS RESIDENCIAIS

Porto
2014
DIEGO MARTINS A CRUZ
LUCÉLEN POPOASKI
VICTOR AUGUSTO DINIZ MOREIRA

AVALIAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO DE


FÂNZERES EM VISTA DA CONTRAÇÃO DAS ZONAS RESIDENCIAIS

Trabalho apresentado à disciplina de


Desenvolvimento e Planeamento do Território, do
curso de Geografia da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto.

Porto
2014
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________ 4

1. REVISÃO DA LITERATURA _________________________________________________________ 4

2. OBJETIVO GERAL_______________________________________________________________ 10

2.2 Objetivos específicos _________________________________________________________ 11

3. ÁREA DE ESTUDO ______________________________________________________________ 11

4. METODOLOGIA ________________________________________________________________ 11

5. RESULTADOS __________________________________________________________________ 12

5.1 Compreensão da realidade do fenómeno de encolhimento de cidades e efeito sprawl no


processo de suburbanização da AMP________________________________________________ 12

5.2 Análises das dinâmicas de ocupação em Fânzeres e suas consequências no planeamento


urbano ________________________________________________________________________ 19

5.3 Análises da aplicabilidade dos documentos legisladores oficiais à realidade socio-económica


em Fânzeres ___________________________________________________________________ 22

5.4 Adequações dos planos e projetos de intervenções á urbanização estratégica ___________ 27

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO ________________________________________ 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________________________ 29


INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca investigar sobre o atual contexto de Fânzeres possibilidades de


uma nova proposta em seu plano de urbanização (PU), priorizando ajustes à realidade
socioeconómica local e procurando estabelecer critérios que sejam coerentes com nosso
levantamento teórico. Para tal é necessário compreender o atual contexto de Fânzeres, sua
representatividade em relação ao concelho de Gondomar e a Área Metropolitana do Porto (AMP1).
Faz-se necessário ressaltar que até 2013 Fânzeres era sede de uma freguesia homónima não mais
existente. No âmbito de uma reforma administrativa nacional várias freguesias do concelho de
Gondomar tiveram alterações passando a compor uniões, sendo Fânzeres sede de uma nova
freguesia, denominada União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova.

Associado ao contexto de Fânzeres iremos analisar o seu atual PU, desde sua formulação as
recentes alterações, e relacionaremos o regulamento e as plantas de zonamento e condicionantes
com as acções promovidas ao desenvolvimento organizado dessa freguesia. Esse estudo servirá de
base para estimarmos uma adequação do PU frente às novas tendências de urbanização estratégica,
ressaltando que o mesmo já possui dez anos desde sua implantação. Como objetivo final iremos
propor novos ajustes ao PU de modo a coordenar o desenvolvimento de Fânzeres adequado à sua
realidade, tendo em vista a contração das zonas residenciais.

A principal motivação para o trabalho refere-se à aplicação de técnicas e de teorias discutidas


e investigadas durante o primeiro semestre do ano de 2014 na Unidade Curricular de
Desenvolvimento e Planeamento do Território, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade
do Porto. Este trabalho nos favorecerá a desenvolver as competências de amadurecimento crítico,
consolidação de uma visão estratégica sobre urbanização, familiarização da linguagem
formal/técnica, utilização de ferramentas SIG e principalmente habilidades de trabalho em grupo.

1. REVISÃO DA LITERATURA

Conforme destacado por DGOTDU (2011) os padrões de ocupação do território continental


português alteraram-se significativamente ao longo do último século. Como recorda COSTA (1993) a
grande mobilidade geográfica da população portuguesa, considerada como uma das mais intensas
dentro da Europa no período de 1960 a 1981, transformou uma sociedade essencialmente rural em
uma sociedade predominantemente urbana, propiciado principalmente pelo êxodo rural, emigração

1 Constituem atualmente a Área Metropolitana do Porto 17 Municípios: Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Oliveira de
Azeméis, Paredes, Porto, Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, São João da Madeira, Trofa, Vale de Cambra, Valongo, Vila
do Conde e Vila Nova de Gaia.
e migração de retorno das ex-colónias que, conjugando-se com o crescimento natural da população,
ajudaram à "desertificação" do interior e ao aumento das assimetrias.

Esta profunda modificação de base económica e cultural e da organização social do país foi
acompanhada por uma acentuada concentração no litoral, tanto em população quanto das principais
atividades industriais e de serviços. Esse movimento de ocupação da faixa litorânea a que
correspondeu um esvaziamento das áreas interiores foi expressivo salvo um pequeno reforço das
principais cidades médias afastadas da costa (DGOTDU, 2011).

Parte expressiva dos países, ditos industrializados, passado o período de grande urbanização,
está vivenciando um processo de contramão. Em países da América do Norte e da Europa um
fenómeno distinto, caracterizado pelo encolhimento das cidades, não somente quanto a população,
mas também serviços e infraestrutura, está se tornado cada vez mais comuns às pequenas e grandes
cidades (GEGNER, 2006). Trata-se de um fenómeno urbano, porém, relativo à descompressão, em
que a densidade populacional nos centros urbanos, antigamente elevada, sofre considerável
redução, consoante a isto decorre um fenómeno de consequente suburbanização extensiva, efeito
denominado de “sprawl2, ou expansão urbana de baixa densidade (...) marcado morfologicamente
pela extensão e pelo carácter difuso que o espaço urbanizado assume para lá do núcleo mais
consolidado” (FERNANDES, 2007).

Muitos podem ser os motivos desse novo fenómeno, GEGNER (2006) atribui o encolhimento
das cidades ao processo de desindustrialização do setor produtivo através de criação e expansão das
multinacionais que buscam implantação de suas indústrias em outras partes do mundo, geralmente
países em desenvolvimento. Já FERNANDES (2007) aponta outro fator de contribuição para o
fenómeno, pautado na diminuição da dimensão das famílias, o qual acarreta num maior número de
alojamentos, portanto, de área construída para um mesmo número de pessoas. Juntamente a isso
áreas menos densas propiciam menores valores pelos lotes e por consequência aumento no
tamanho das residências, principalmente para as parcelas com renda elevada que passam a deter
vastas áreas.

Também possui efeitos ao fenómeno de encolhimento das cidades a mobilidade por veículo
próprio, incentivado pela valorização do sistema viário que torna possível o tempo de deslocamento
se manter o mesmo apesar de aumentar consideravelmente a distância percorrida. Sendo associado
as facilidades de construção diante da ausência de planos de ordenamento ou por incapacidade

2 Embora não haja consenso sobre o conceito de sprawl, uma recolha de definições oriundas de diversos autores permite esboçar algumas
características comumente aceites. O conceito de sprawl está, assim, associado a um crescimento de áreas edificadas sem um equivalente
crescimento demográfico. O crescimento é feito pela disseminação não planeada de manchas edificadas de baixa densidade, sobretudo para
áreas periurbanas e/ou rurais, de forma fragmentada, descontinua ou linear. As áreas de sprawl são geralmente caracterizadas por débeis
redes de equipamentos e de transportes coletivos, favorecendo o uso de transporte individual.
operativa dos instrumentos de planeamento, com um extenso espaço urbanizável sem suporte para
urbanização no período de vigência do plano (FERNANDES, 2007).

Esse processo é também fomentador de um duplo vazio, observável nas maiores cidades
portuguesas, em que juntamente a expansão extensiva do tecido urbano é somado o
despovoamento da “cidade histórica”. Em cidades como Porto, é observável o abandono de muitos
edifícios em áreas centrais caracterizando uma repulsão da “cidade histórica”, designadamente
resultado do elevado custo de manutenção do edificado. Tais vazios trás como resultado a existência
de fragmentos que coloca em causa a eficiência do conjunto, evidenciado quando este processo
ocorre tendo por suporte a prévia dispersão do povoamento, como no caso do Noroeste de Portugal
(FERNANDES, 2007).

Essa tendência à descentralização, principalmente residencial, tem sido verificada na AMP3.


MATOS (2001) cita o caso do concelho de Gondomar, onde está inserida Fânzeres, objeto de estudo,
que possui um dos maiores índices de crescimento da população, porém, sem ser acompanhado de
um crescimento dos serviços e equipamentos urbanos, possuindo um dos piores serviços em termos
da rede de autocarros do Porto (STCP). Sendo assim, seguindo a tendência das principais cidades
europeias também se verifica no Porto o processo de encolhimento das cidades seguidamente
acompanhado do efeito sprawl. Conforme MATOS (2001) descreve, os concelhos periféricos ao Porto
assumiram a partir da segunda metade do século passado, um papel essencial de suporte residencial,
não só da população local, como também daquela que veio do exterior.

Por um lado, a atração exercida por esta área urbana-industrial sobre a população dos
concelhos rurais do Norte e, por outro lado, a ausência de qualquer planeamento urbano que
conseguisse controlar e orientar o crescimento residencial originou uma expansão urbana em
mancha difusa, que foi penetrando as áreas rurais e provocando alterações profundas no padrão
territorial dessas áreas periféricas (MATOS, 2001).

Assim, a expansão demográfica na AMP não foi caracterizada pela conurbação de manchas
urbanas, porém, pelo tradicional crescimento residencial periférico, no qual processa-se através da
expansão dos aglomerados populacionais rurais antigos4 (MATOS, 2001). Tais fenómenos têm
preocupado especialistas, pois podem acarretar efeitos negativos para um ordenamento e

3 Confirma-se, assim, a descentralização residencial, a qual se alarga às freguesias dos concelhos periféricos, destacando-se, particularmente,
um conjunto de freguesias situadas na faixa litoral, quer a Norte, quer a Sul do Douro com as variações mais altas (superiores a 50%). Para
além deste conjunto, encontram-se outras com taxas elevadas, situadas mais no interior, como é o caso de Ermesinde e Alfena (concelho de
Valongo), Vermoím, Maia e Gueifães (concelho da Maia), Rio Tinto, Fânzeres e S. Cosme (concelho de Gondomar)-(MATOS, 2001).
4 Quanto à cidade do Porto, verifica-se um abrandamento progressivo do seu ritmo de crescimento demográfico, sem, no entanto haver uma
aceleração contínua do ritmo de crescimento dos espaços periféricos. (...) Durante este período temporal mantém-se a tendência de
descentralização do crescimento populacional, patente no facto de os valores de todos os concelhos periféricos serem sempre superiores ao
da cidade. Quanto à explicação do incremento populacional registado no Grande Porto, ele deve-se, essencialmente, à imigração. (MATOS,
2001)
planeamento territorial que pretende-se equitativo, eficiente e que atenda as necessidades da
população local.

Como aponta FERREIRA (2008) Gondomar acompanha a tendência da AMP e a tendência


nacional, isto é, ao aumento de uma nova pequena burguesia, ligada a ocupações terciárias, ao
declínio do proletariado industrial e dos trabalhadores agrícolas, em que ao mesmo tem verifica-se
um progressivo envelhecimento da população.

Considerando as freguesias do concelho de Gondomar, FERREIRA (2008) destaca que as


maiores variações demográficas foram constatados em Fânzeres, S. Cosme e Rio Tinto. Assim, a
proximidade da cidade do Porto mostrou-se um fator importante para o aumento populacional em
Gondomar, e analisando a distribuição demográfica entre as freguesias, FERREIRA (2008) evidencia
que essa distribuição da população está directamente relacionada com um conjunto de fatores, dos
quais se destacam:

a descentralização residencial da população da cidade do Porto; a fixação de


populações provenientes de outros concelhos, associado às migrações internas do
país; o menor custo do solo; a configuração da rede de transportes públicos e
infraestruturas rodoviárias, que explica as fortes densidades populacionais das
freguesias melhor servidas em termos de transportes e infraestruturas viárias,
como é o caso de Rio Tinto, S. Cosme, Valbom e Fânzeres; a diferenciação
topográfica do concelho, correspondendo as freguesias mais povoadas e também
mais urbanizadas (Rio Tinto, S. Cosme, Valbom e Fânzeres), ao território menos
acidentado, enquanto que avançando mais para o interior do concelho e em
direcção ao vale do Douro, o acidentado da topografia limitou a distribuição da
população, pelo que é aí que encontramos as freguesias com menores densidades
populacionais, como Lomba, Medas, Melres, Covelo e Foz do Sousa. (FERREIRA,
2008, p.76)

Segundo DGOTDU (2011) o diagnóstico do Programa Nacional da Política de Ordenamento


do Território (PNPOT) aponta as consequências relativas à edificação dispersa, no qual: "originam a
desestruturação dos espaços rurais, agrícolas e florestais; agravam o custo de infraestruturas;
incentivam o abandono da atividade agrícola; aumentam a descontinuidade dos tecidos urbanos;
contribuem para a degradação da paisagem; e; contribuem para o crescimento das periferias e para
o abandono dos núcleos urbanos centrais” (DGOTDU, 2011, p.135).

Conforme DGOTDU (2011) a expansão desordenada das áreas metropolitanas das principais
cidades portuguesas agrava a ocupação dispersa de extensas áreas periurbanas e intersticiais,
fragmentando as redes de infraestrutura urbanas e afetando o potencial ecológico, paisagístico e
produtivo do território. Salienta também o insuficiente desenvolvimento de sistemas que articulem
os espaços urbanos e rurais envolventes, gerando uma forte dispersão geográfica dos equipamentos
terciários mais qualificantes assim como um desajustamento da distribuição territorial das
infraestruturas coletivas e dos serviços de interesse geral face à alteração estrutural das procuras
sociais.

Este processo de suburbanização extensiva proporciona um similar “efeito cascata”


proporcionando ineficiência, privatização, aumento dos custos e em última instância falência. Nesse
processo os planos de urbanização, incapazes de abarcar as novas dinâmicas de crescimento
desordenado permitem aberturas para a terceirização dos principais serviços como: transporte
coletivo, abastecimento e saneamento de água, coleta de lixo. A privatização dos serviços acarreta
aumento dos custos pela menor densidade de utentes por serviços prestados. Por fim, em casos que
a população local não consiga arcar com os novos custos ocasiona-se falências.

FERNANDES (2007) ressalta que esse processo acompanha uma reurbanização seletiva,
valorizadora da cultura urbana ocasionando um processo de gentrificação social em que a
segregação socioespacial vai se tornando cada vez mais nítida5. Defendendo a necessidade de se
articular a intervenção local com o planeamento à escala regional salienta os valores da política dos
três “Rs”: Reduzir, reciclar e reutilizar. “Reduzir o espaço urbanizável (e até o urbanizado, em casos
extremos) reciclar a cidade que temos, tendo em vista a afirmação da modernidade na pré-existência
e reutilizar o que herdamos, conservando quanto se entenda necessário e possível” (FERNANDES,
2007, p.164).

O panorama proposto pelo PNPOT aponta algo semelhante ao defender uma polinucleação e
integração territorial numa estrutura hierárquica de centros urbanos municipais; concentração do
edificado em aglomerados urbanos, contrariando as “formas de povoamento disperso ou linear e a
expansão difusa e extensiva dos aglomerados urbanos, privilegiando a reconversão, reestruturação
ou requalificação dos espaços edificados existentes já servidos por infraestruturas e equipamentos,
face a proposta de novas áreas de expansão” (DGOTDU, 2011, p.136).

Tendo em vista as evidências do crescimento desordenado e extensivo de tecido urbano de


baixa densidade em grandes manchas como no contexto da AMP, tem-se procurado cada vez mais,
mitigar os efeitos negativos dessa expansão. Através de políticas de ordenamento e da criação de
instrumentos de gestão territorial procura-se restaurar uma forma urbana mais compacta,
canalizando o desenvolvimento para os núcleos urbanos consolidados e perímetros urbanos,
impondo limites legais ao crescimento (zonamentos) e disciplinando o uso do solo.

5 (...) Nesta cidade, alargada e mais complexa, alguns dos habitantes, com maior poder de compra, maior mobilidade, menos necessidade de
cumprir os horários fixos de um trabalho rotineiro, exercem um zapping que lhes permite a compra em lugares e momentos diferentes, a
refeição de todos os tipos a qualquer hora nos mais diversos locais, outros, (...) com um salário fixo reduzido (ou com o apoio social do
Estado) e com acesso limitado à cidade expandida, ficam amarrados às relações de proximidade física. (Fernandes, 2007.p-167)
Na tentativa de formular critérios de ação preventiva e corretiva para os fenómenos
identificados, DGOTDU (2011) traçaram metodologias estratégicas com atenção às zonas rurais,
sugerindo uma legislação mais rigorosa e criteriosa para estas áreas. Atrelada a problemática central
do controle da dispersão demográfica verifica-se outros fatores adjacentes como exemplo da
especulação imobiliária que também vem sendo fomentada por este processo:

(...) vastíssimas áreas de terrenos expectantes, que no entanto, por estarem em


“perímetros urbanos”, beneficiaram nos últimos anos da instalação de mais
infraestruturas e/ou de melhoramento das que já lá existiam. Resultado: neste
momento existe uma enorme massa de dinheiro público investido em
infraestruturas que não estão devidamente aproveitadas, mas que objetivamente
valorizaram ainda mais inúmeros terrenos onde afinal não se fazem, mas deviam
fazer-se, as novas construções. (...) esses terrenos urbanos expectantes, criados
pela 1ª geração dos PDM, geraram as condições objetivas para que se
generalizassem fenómenos de especulação com o valor do solo. (DGOTDU, 2011,
p.112)

Tais fenómenos têm gerado uma crescente procura dos solos rurais para a construção de
habitação unifamiliar, em alternativa ao solo urbano. Essa procura é intensificada dada ao aumento
da facilidade de deslocações e acessibilidades, sendo que o espaço rústico passa a estar totalmente
disponível para a ocorrência de fenómenos de edificação dispersa descontrolada, aos quais os planos
não respondem de forma adequada.

Em síntese, com a mais recente bateria de leis e planos nacional e regionais, a


expansão das áreas urbanas só deverá ser feita de forma criteriosa e tecnicamente
justificada, combatendo-se a dispersão descontrolada de edificação, o aumento
indiscriminado de perímetros urbanos e favorecendo-se a densificação
(compactação e colmatação) de áreas já urbanizadas, sob pena do agravamento de
custos e ineficiências (energéticos e ambientais) e da desestruturação urbana.
Durante a revisão do PDM, cada município deve definir e aplicar os seus critérios,
sempre convergentes com os estipulados a nível nacional (DL 316/2007 e DR
11/2009) e regional (PROT), com vista à delimitação das diferentes categorias de
solo, nas quais são aplicadas diferentes disciplinas de uso. Caberá às instâncias
regionais (CCDR) a verificação da concordância entre os critérios definidos
superiormente e a sua implementação ao nível dos PMOT e, também, a
monitorização das dinâmicas urbano-rurais. Para tal, os sistemas de monitorização
de nível municipal e regional deverão ser uma realidade num futuro próximo, os
quais terão de ser alimentados com informação geográfica e cartográfica
adequada e atualizada. (DGOTDU, 2011, p.116)

DGOTDU (2011) salientam a necessidade um maior diálogo em torno de um eixo comum


entre todos os autores envolvidos no processo de licitação e regularização de novas residências, na
medida em que todos conferem caráter de excepcionalidade admitidas em lei que facultam e
facilitam cada qual em sua jurisdição a expansão da mancha urbana.

Quanto ao ordenamento do território (OT) em Portugal, suas primeiras legislações surgem na


década de 1930 e seguem o mesmo caráter até a década de 1970, marcada por políticas focadas nas
áreas urbanas, tendo como principais objetivos um planeamento urbanístico para qualidade estética
da edificação e no respectivo conforto, salubridade e segurança (RODRIGUES, 2006).

Após a Revolução de 25 de Abril, RODRIGUES (2006) salienta como surgiram várias políticas
de OT que tiveram vital importância no desenvolvendo do caráter que se consolida hoje, articulado,
coeso e equitativo. Podemos ressaltar algumas políticas como: Lei das Autarquias Locais - DL 79/77,
Plano Diretor Municipal (PDM) - DL 208/82, Lei de Bases do Ambiente - Lei 11/87, Plano Regional de
Ordenamento do Território (PROT) - DL 176A/88, Planos Municipais de Ordenamento do Território
(PMOT) - DL 69/90, Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) - DL 151/95, a Lei de Bases
do Ordenamento do Território e do Urbanismo (LBOTU) - Lei 48/98, marco no que diz respeito ao OT,
e finalmente a Lei de Bases Gerais da Política Pública de Solos de Ordenamento de Território e de
Urbanismo nº 31/14, de 31 de Maio de 2014.

Quanto ao PU de Fânzeres, este foi aprovado pela Câmara Municipal de Gondomar em Abril
de 2004. Desde sua implantação em 2005 sofreu alterações em Setembro de 2005 e em Janeiro de
2008, sendo esta última aprovada com o índice de 34 votos a favor e 5 votos contra (CMG, 2009). A
aprovação do PU de Fânzeres alterou o Plano Diretor Municipal (PDM) de Gondomar, ratificado pela
Resolução do Conselho de Ministros nº 48/95, de 18 de Maio, nomeadamente no que respeita à
delimitação da própria área de intervenção, à redefinição da rede rodoviária proposta na planta de
ordenamento, à criação de um espaço-canal para implantação do metro de superfície e à
reclassificação do uso do solo de espaços não urbanizáveis para urbanizáveis com repercussões na
edificabilidade permitida e, por último, na desafetação de parcelas da Reserva Agrícola Nacional
(CMG, 2009).

O plano de urbanização conta com três documentos diferentes, sendo o regulamento, que tal
como o nome indica agrupa as condições legais que devem ser cumpridas na ocupação do solo
municipal, a planta de zonamento que representa a estrutura territorial e o regime de uso do solo e a
planta de condicionantes que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em vigor que
possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de aproveitamento
(DGOTDU, 2009). Estes três documentos são integrados de forma a sintetizar a proposta de
ordenamento.

2. OBJETIVO GERAL

 Compreender a importância do ajuste dos planos de urbanização à realidade socioeconómica


local, conhecendo as diferentes tipologias de "zonas residenciais" e definir os critérios para sua
atualização.
2.2 Objetivos específicos

 Compreender a realidade do fenómeno de encolhimento de cidades e efeito sprawl no


processo de suburbanização da AMP;
 Analisar as dinâmicas de ocupação em Fânzeres e suas consequências no planeamento
urbano;
 Analisar a aplicabilidade dos documentos legisladores oficiais à realidade socioeconómica em
Fânzeres; e
 Adequar os planos e projetos de intervenções á urbanização estratégica.

3. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo deste trabalho é Fânzeres, é uma


vila portuguesa do concelho de Gondomar, no distrito do
Porto. Conta atualmente com 8,07 km² de área e 23.108
habitantes (2011). Dista 3 Km do centro do município,
comarca e círculo judicial (São Cosme) e 5 km da cidade do
Porto. É limitada a Norte com Baguim do Monte, a
Nascente com Valongo e São Pedro da Cova, a Sul com
São Cosme, e a Poente com Rio Tinto. Ressaltamos que
este trabalho não considerada Fânzeres na totalidade da
nova freguesia União das Freguesias de Fânzeres e São
Pedro da Cova. Foi elevada à categoria de Vila em reunião
plenária da Assembleia da República de 30 de Junho de
19896. Este evento consta do Diário da Assembleia da
República, I Série, n.º 99 de 1 de Julho de 1989, tendo sido publicado como Lei n.º 63/89 de 24 de
Agosto no Diário da República, I Série n.º 194, foi assim reconhecida pelas entidades públicas, a
capacidade das suas gentes, no campo Social, Cultural, Artístico e Laboral.

4. METODOLOGIA

O trabalho foi divido em três grandes fases. Na primeira fase iniciamos com a revisão literária
utilizando textos de teóricos ligados à análise do espaço urbano e instituições ligadas ao

6 Lei n.º 11-A/2013 Diário da República, 1.ª série - N.º 19 - 28 de janeiro de 2013, Lei nº 63/89; Diário da República I série N 194 - 24-8-
1989. População residente, segundo a dimensão dos lugares, população isolada, embarcada, corpo diplomático e sexo, por idade (ano a ano)
(em português) Instituto Nacional de Estatística. Visitado em 12 de Março de 2014. Cópia arquivada em 4 de Dezembro de 2013.
ordenamento do território de regiões que incluem Fânzeres, objeto de estudo do trabalho. Nessa
fase determinamos os objetivos específicos que serviram de base para atingir o objetivo geral.

A essa revisão da literatura juntou-se à investigação dos documentos disponibilizados no


âmbito da Unidade Curricular de Planeamento e Desenvolvimento do Território. Os documentos
investigados são de variados tipos contendo desde dados cartográficos e imagens de satélite de alta
resolução, documentos do PU de Fânzeres, e os dados censitários através do Instituto Nacional de
Estatística (INE). Para complementar a parte de pesquisas visitamos a localidade para investigar as
modificações mais recentes e as observações dos próprios moradores sobre a temática em que
estamos trabalhando.

Na segunda fase foram tratados os dados obtidos na pesquisa utilizando os softwares Arc Gis
e Excel, no qual fizemos cruzamento de dados de forma a formularmos mapas, tabelas e gráficos
para compreensão e contextualização de Fânzeres e as suas dinâmicas de urbanização. Na terceira e
última fase utilizamos os resultados obtidos nos cruzamentos de dados para discussão sobre as
possíveis atualizações no PU de Fânzeres de acordo com seus principais aspectos de urbanização.
Identificamos as diferentes dinâmicas das zonas residências e seguindo às novas tendências de
urbanização estratégica sugerimos atualizações que atendem um desenvolvimento ordenado
adequado à realidade socioeconómica local.

5. RESULTADOS

Após revisão da literatura levantamos quatro principais tópicos de desenvolvimento,


denominados objetivos específicos, a relembrar: compreender a realidade do fenómeno de
encolhimento de cidades e efeito sprawl no processo de suburbanização da AMP; analisar as
dinâmicas de ocupação em Fânzeres e suas consequências no planeamento urbano; analisar a
aplicabilidade dos documentos legisladores oficiais à realidade socioeconómica em Fânzeres; e
adequar os planos e projetos de intervenções á urbanização estratégica.

5.1 Compreensão da realidade do fenómeno de encolhimento de cidades e


efeito sprawl no processo de suburbanização da AMP

Quanto ao crescimento populacional da AMP podemos destacar inicialmente que se


intensificou a partir da segunda metade do século XX. Esse crescimento foi marcado por um visível
espraiamento da população para os conselhos periféricos, conforme constatado na Tabela 1, uma
vez que o município do Porto passa a perder população, registrando ao final do período pesquisado
um saldo negativo de 23,2%, enquanto os demais concelhos e a própria AMP registraram aumentos,
sendo que no mesmo período a AMP teve saldo positivo de 53,9%.
Faz-se necessário ressaltar que apesar de uma constante taxa de crescimento para a AMP e
seus concelhos, a exceção do Porto, no período de 2001 a 2011 todos tiverem redução, sendo que
Gondomar teve um considerável decréscimo da taxa de crescimento de 14,6% para 2,6%. A
compreensão desse fenómeno é de vital importância para um bom planeamento, uma vez que
implica diretamente nos futuros cenários propostos. No período analisado já havia ocorrido uma
redução similar, entre o período de 1981 e 1991. Após essa redução os valores voltaram a aumentar
em 2001, porém, em taxas menores das registradas entre 1960 e 1981.

Tabela 1: Evolução da população dos concelhos pertencentes a AMP.

Fonte: INE.

Percebemos que os concelhos mais afastados do Porto representam os menores valores


populacionais, sendo possível indicativo de baixa influência demográfica sobre Espinho, Póvoa de
Varzim e Vila do Conde. Ao contrário, os concelhos mais próximos como Vila Nova de Gaia,
Matosinhos, Gondomar e Maia, já possuem população muito superior. Quanto à taxa de crescimento
a mesma tendência é verificada, ressaltando que as maiores taxas foram registradas em concelhos
distantes em até 10km do Porto.

Quanto aos valores de Gondomar, ainda relativos a Tabela 1, percebemos que representava
o terceiro maior concelho em população e ao final do período pesquisado manteve seu posto,
obtendo taxa de crescimento de 99%, quase dobrando sua população. Porém, essa taxa final foi
inferior a de outros concelhos como Maia e Valongo, respectivamente 153,4% e 184%, indicando que
possivelmente poderá ser rebaixado à quinta posição no tocante a porcentagem populacional da
AMP.

Na Tabela 2 podemos observar a partir da


densidade dos concelhos da AMP (2011) que
apesar deste grande crescimento populacional
desde 1960, ainda não são registradas grandes
densidades nos concelhos periféricos. Somente
Porto se destaca por ter um contingente superior
a 5 mil habitantes por km², sendo que a média da AMP atinge 1.578,8 hab./km². Importante ressaltar
que a área do concelho de Porto é a segunda menor, somente superior a de Espinho. Gondomar que
praticamente dobrou sua população desde 1960, tendo a terceira maior taxa da AMP, ainda assim,
detém uma densidade de apenas 1.276,8 hab./km², sendo inferior ao da própria AMP. Quanto à
variação populacional de Gondomar e Porto podemos observar na Tabela 3 que considerando o
período entre 2001 e 2011, Gondomar teve crescimento inferior a média e não estando mais
presente na lista dos 10 maiores municípios de Portugal em população no censo de 2011. Porto por
sua vez manteve a posição de quarto município mais populoso, porém, tendo o maior saldo negativo.

Tabela 3: Tabela de população das maiores cidades de Portugal.

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Censos 2011, Portugal, 2012.

Quanto ao crescimento populacional de Gondomar, principalmente na segunda metade do


século passado, podemos observar nos dados no Gráfico 1 que parte expressiva do aumento ocorreu
e ainda ocorre em virtude da imigração, sendo similar ao crescimento natural, a exceção do período
entre 1991 e 2001, no qual o crescimento por imigração de outros concelhos foi muito superior.
Podemos constatar que o crescimento natural de Gondomar teve redução significava do primeiro
censo para os demais, mantendo-se constante nos últimos censos. Porém, mesmo mantendo-se
constante é um possível indicativo de diminuição da dimensão das famílias, uma vez que em valores
absolutos está cada vez mais baixa.

Gráfico 1: Relação do crescimento populacional distribuído em população permanente, crescimento natural e


de imigrantes nos censos de Gondomar no período de 1981 a 2011.
Imigrantes estrangeiros
200000
150000 Imigrantes de outros
100000 concelhos
50000 Crescimento natural
0
1981 1991 2001 2011 População Permanente

Fonte: INE.
Quanto aos imigrantes estrangeiros podemos destacar que a significativa mobilidade,
registrada entre 1960 e 1981, foi proporcionada por migração de retorno das ex-colónias, na qual se
atingiu a expressiva marca de 5.509 pessoas no censo de 1981, contrastante dos últimos registros
inferiores a 1.000 pessoas. Quanto aos imigrantes de outros concelhos do país, faz-se importante
mencionar que no censo de 1981 foram registradas 7.340 pessoas provenientes de outros conselhos
da AMP, mostrando uma forte atração dentro da própria AMP.

Utilizando os cartogramas, visíveis nos Cartogramas 1 a 3, produzidos pela Câmara Municipal


de Gondomar mostrando os fluxos casa-trabalho da população ativa nos sectores: indústria,
administração pública e serviços, percebemos que Gondomar apresenta grandes fluxos pendulares
para Porto nos três cartogramas. Esses dados evidenciam o caráter de suporte de Gondomar frente a
cidade do Porto, podendo ser considerada uma cidade dormitório, no qual as principais atividades
realizadas por seus moradores são efetuadas fora dos limites da cidade. Essa dinâmica implica num
grande fluxo de deslocações entre cidades da AMP marcando horas de pico, principalmente no
amanhecer e no tardar do dia, impactando no uso de serviços e nas redes de infraestrutura.

Fonte: Câmera Municipal de Gondomar

Podemos observar nos cartogramas que o concelho de Valongo, dado a sua distância de
Porto possiu considerável relação com os concelhos vizinhos, Gondomar e Maia. Essa relação entre
concelhos vizinhos também é identificado em outros. Essa observação mostra uma possível
polinucleação dentro da AMP, no qual pelo espraiamento extensivo o concelho central perde
atração, surgindo subpolos. Analisando o movimento pendular de Gondomar, percebemos conforme
dados do INE diariamente entrava em 2001 o proporcional a 5,1% da população desde concelho,
enquanto saía o proporcional a 30,09%. Já em 2011 esses dados alteram-se pouco registrando saída
no proporcional a 29,49% de sua população e a entrada no proporcional a 5,79%. Esses dados
evidenciam uma maior capacidade de atração de Gondomar, sendo capaz de reter mais serviços em
seu concelho, diminuindo a saída e aumentando a entrada, mesmo que pouco.

Analisando as freguesias de Gondomar, observamos na Tabela 4 que as localidades mais


próximas ao concelho do Porto registram os maiores valores populacionais, em atenção a Rio Tinto,
Fânzeres e São Cosme, que juntas ultrapassam 60% da população total do concelho, mostrando uma
tendência similar a evidenciada nos concelhos perífericos à Porto. Fânzeres registrou considerável
crescimento populacional, obtendo ao final do período pesquisado uma taxa positiva de 111,5%,
neste caso, mais que dobrando sua população em 40 anos e representando a maior taxa de
crescimento. Em relação a taxa das demais freguesias, somente São Cosme manteve um valor acima
da taxa do próprio concelho, respectivamente 85,6% e 59,9%.

Tabela 4: Evolução decenal da população das freguesias de Gondomar e atual e proporção.

Fonte: INE.

Quanto à freguesia de Rio Tinto, mais populosa e urbanizada, é importante ressaltar que a
partir de 1995 foi oficialmente dividida, sendo que uma parte considerável de sua população passou
a ser referida a uma nova freguesia, denominada Baguim do Monte. Devido a divisão da freguesia
Rio Tinto a taxa de crescimento entre 1991 e 2001 foi negativa, porém, ainda assim teve grande
crescimento, considerando que seu saldo absoluto foi de menos 2.835 pessoas, sendo que ao ser
desmembrado Rito Tinto perdeu de uma só vez 13.915 pessoas.
Referente a densidade das freguesias de Gondomar, podemos observar conforme Tabela 5
que apenas Rio Tinto apresenta uma densidade superior a 5 mil hab./km 2, semelhante ao Porto,
sendo que Fânzeres representa a terceira freguesia com maior densidade do concelho, atingindo
2859,8 hab./km2.

Conforme CMG (2009), o INE reconhece que


para fins estatísticos e administrativos, as freguesias
devem ser enquadradas em três tipos, dados dois
principais aspectos, a densidade populacional e o
contingente absoluto residente. Esses três tipos
foram definidos em: espaço urbano, espaço
semiurbano e espaço de ocupação
predominantemente rural. Essa definição foi
resultado do cruzamento de critérios morfológicos com os critérios de ordenamento e planeamento.

Considerando que o espaço urbano é caracterizado por apresentar densidade populacional


igual ou superior a 500 hab./km2, integrando um lugar com população residente igual ou superior a 5
mil habitantes, (CMG, 2009), podemos observar que Fânzeres, Jovim, Rio Tinto, São Cosme, São
Pedro da Cova, Valbom e Baguim do Monte eram caracterizadas como urbanas, representando 55%
do total de freguesias do concelho.

As demais freguesias tinham valores acima de 100 hab./km2 e 2 mil habitantes residentes, a
exceção de Covelo, sendo caracterizadas semiurbanas. Covelo que possuía menos de 2 mil habitantes
residentes era a única predominantemente rural. Nessa altura, Gondomar possuía praticamente
metade das freguesias urbanas e metade não urbanas, sendo constatado como moderadamente
urbanizada. Podemos identificar também como Gondomar possui uma clara divisão entre a porção
urbanizada no norte, mais próxima do Porto, e a porção sul semiurbana.

Retornando a Tabela 4 é importante ressaltar que a redução da taxa de crescimento de


Gondomar no período de 1981 a 1991, evidenciado na Tabela 1, foi refletido em suas freguesias. Em
2001 as taxas voltaram a subir para São Cosme e Fânzeres, sendo que para as demais freguesias
ocorreu redução ou pequeno crescimento. Semelhante ao fenómeno identificado anteriormente, em
2011 foi registrado nova redução na taxa de crescimento de praticamente todas as freguesias, a
exceção de Rio Tinto. Fânzeres registrou grande redução da taxa de crescimento, passando de 28,5%
para 4,6%.

No Gráfico 2 mostramos com evidência essa tendência de aumento e redução da taxa de


crescimento dado os valores dos censos de 1970 a 2011. Podemos observar que para Fânzeres,
Gondomar e AMP, as taxas de crescimento da população estavam altas em 1981, tiveram redução
considerável em 1991, voltaram a subir em 2001, porém, em 2011 voltaram a sofrer grande redução,
estando abaixo de 5%.

Gráfico 2: Variação decenal das taxas de crescimento de Fânzeres, Gondomar e AMP.


40

30
Fânzeres
20
Gondomar
10 AMP
0
1981 1991 2001 2011

Fonte: INE.

Quanto à esses primeiros resultados podemos perceber que realmente está ocorrendo os
fenómenos de encolhimento de cidade, principalmente no Porto, e o efeito sprawl, no qual apesar
das taxas de crescimento dos concelhos da AMP não ocorre similar adensamento populacional.
Podemos verificar também uma suburbanização extensiva em Gondomar, em que a densidade
demográfica se mostra inferior a da AMP apesar de registrar o terceiro maior crescimento nos
últimos 40 anos, e possuindo ainda localidades com significativa presença do rural.

Podemos destacar que os fatores da incapacidade da cidade do Porto em manter


crescimento populacional estão em sua reduzida área, insuficiente para conter sua dinâmica urbana,
na supervalorização dos seus imóveis e terrenos em comparação aos demais concelhos da AMP e
principalmente aos benefícios proporcionados pelas novas tecnologias de transporte e de redes
capazes de “levar” o urbano para distâncias cada vez maiores. Com isso, Gondomar teve como
principal condicionante para crescimento populacional à proximidade com a cidade do Porto, que
conjugado as facilidades de implantação de novas zonas residenciais dado ao baixo valor do terreno
e fraca regulamentação, assumiu assim um papel essencialmente de suporte ao espraiamento do
tecido urbano do Porto.

A reforma administrativa nacional de 2013 que estabeleceu as uniões de freguesias em


Gondomar e em praticamente toda Portugal, teve como principais objetivos reduzir as autarquias
locais semiurbanas, de modo a aumentar relativamente as freguesias urbanas. Essa alteração foi
estratégica para o ordenamento do território em Gondomar, na medida em que transformou um
concelho de características ainda pouco urbanas para um concelho praticamente urbano, sendo
positiva no sentido de subordinar áreas periurbanas a centros locais, criando assim uma
polinucleação dentro do concelho.
5.2 Análises das dinâmicas de ocupação em Fânzeres e suas consequências no
planeamento urbano

Em uma análise da evolução de ocupação em


Fânzeres, podemos ressaltar uma característica de
espraiamento desconexo. Analisando o Mapa de
densidade populacional de Fânzeres, observamos que
de acordo com a distribuição da população, há três
áreas densas em destaque e zonas desfragmentadas
entre essas, mostrando uma fraca coesão na sua
ocupação. Essas três áreas mais densas estão dispostas
em extremos, sendo que na porção sul há maior
densidade, havendo duas áreas destaque, uma no lado
oeste e outra mais extensa no lado leste. Na porção
norte a ocupação populacional é muito menor,
havendo uma área pequena mais densa no extremo
noroeste.

Analisando o Mapa de evolução do edificado


em Fânzeres ressaltando sua relação com a dinâmica
de edifícios, percebemos que de acordo com a
distribuição de edificações, também há maior
adensamento de edifícios nestes três pontos
identificados anteriormente, mostrando uma
proporcionalidade entre áreas densas em população e
em edificado. Outra observação está na relação entre
a distribuição do edificado e sua evolução temporal,
marcado pelos períodos classificados em: anterior a
1960, correspondente ao que se havia construído
antes dos grandes fluxos migratórios para a região, de
1960 a 1990, correspondente ao período de maior
explosão populacional nas freguesias de Gondomar, e
de 1990 a 2011 que corresponde aos edificados novos.

Quanto da evolução do edificado percebemos que na porção sul há maior proporcionalidade


de edifícios anteriores a 1960, principalmente na zona de conexão entre as áreas densas no lado
leste e oeste, evidenciando uma maior ocupação inicial na porção sudeste de Fânzeres. Percebemos
também que nas áreas densas do lado oeste, tanto a localizada na porção sul quanto na porção
noroeste, registram maior proporcionalidade de edificado construído no período de 1960 a 1990,
como também em uma área no extremo sudeste, evidenciando as zonas de expansão secundárias. Já
o edificado recente, de 1990 a 2011, está menos concentrado que os outros, apresentando vários
focos de novos edifícios, com destaque para áreas no extremo norte e sudoeste, como também no
lado leste, na porção de maior densidade.

Quanto à análise do edificado, percebemos


conforme o Mapa da proporção de edifícios
maioritariamente de uso não residencial, que as áreas de
maior densidade de edificações também são áreas com
predominância de edifícios principalmente não
residenciais, evidenciando o facto de serem áreas
híbridas, unindo os usos residenciais e não residenciais.
Ressaltamos que estas áreas de maior adensamento
populacional e uso híbrido, estão localizadas em
fronteiras com outras freguesias, o que induz sobre uma
maior relação com outras freguesias do que
propriamente com as demais áreas dentro de Fânzeres,
mostrando possivelmente uma grande dependência
desfragmentadora, em que as áreas subjacentes são
mais importantes para cada núcleo desses do que Fânzeres em um modo geral. Observamos também
que a maior parte de Fânzeres está destinada quase exclusivamente ao uso residencial, registrando
que conforme o próprio concelho de Gondomar,
Fânzeres também apresenta uma característica de
território dormitório. Como informação complementar,
mencionamos que Fânzeres possui um valor de
densidade de edificado conforme INE (2011) de 1240,1
N.º/km2, enquanto Gondomar apresenta 557,1 N.º/km2.

Quanto a esse caráter de território dormitório


evidenciamos pelo Mapa do número de empregados em
Fânzeres em referência a porcentagem que trabalha em
Gondomar, que há maior concentração de áreas em que
seus habitantes trabalham no município de residência,
na porção sul e também leste de Fânzeres. Já na porção
oeste, seguindo de norte a sul, essa proporção fica abaixo de 30%. Porém, apesar de apresentar
relativa igualdade entre essas áreas, importante perceber que todas as áreas com maior
porcentagem de residentes que trabalham em Gondomar (cores escuras) apresentam baixo número
absoluto de empregados, em contrapartida as áreas de menos porcentagem (cores claras) já
apresentam grande volume de empregados, mostrando assim a grande dependência dos
empregados de Fânzeres em função das ofertas de trabalhos em outros concelhos.

Quanto a essa dependência de outros


concelhos utilizamos da Tabela 6 para mostrar os
principais meios de transporte utilizados pelos
residentes de Fânzeres que necessitam de se
deslocar cotidianamente para outras localidades,
principalmente por trabalho e estudo. Essa
deslocação faz-se necessário para 13.778
pessoas, que conforme observado utilizam
largamente o automóvel ligeiro como equipamento de transporte, totalizando 7.988 pessoas. Após o
transporte por automóvel ligeiro o autocarro registra o segundo maior valor, atingindo 3.471
pessoas. Importante ressaltar que a soma desses dois meios de transporte já ultrapassa 80% do total
de deslocações.

Importante mencionar também como o número de pessoas que residem próximo ao local de
destino nas deslocações pendulares, representadas principalmente por usuários de bicicletas e
pessoas que vão a pé representa apenas 11%. Outro dado interessante diz respeito ao uso do Metro,
em que representa menos de 3%, com apenas 386 usuários pendulares. Porém, temos que ressaltar
que a linha F do Metro do Porto somente foi ampliada até Fânzeres em 2011, período de referência
do censo. Nesse caso fica evidenciada uma dúvida quanto ao aproveitamento do Metro do Porto
pela maior parte dos residentes de Fânzeres.

Juntamente com a análise dos movimentos


pendulares observamos conforme Tabela 7, os principais
grupos de profissões7 dos empregados de Fânzeres.
Percebemos que a maior parte dos residentes trabalha no
setor de serviços, tendo destaque ao grupo de

7 Conforme INE (2011) os Grandes Grupos de Profissões são: Grupo 1 (Representantes do poder legislativo e de órgãos executivos,
dirigentes, diretores e gestores executivos); Grupo 2 (Especialistas das atividades intelectuais e científicas); Grupo 3 (Técnicos e profissões
de nível intermédio); Grupo 4 (Pessoal administrativo); Grupo 5 (Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e
vendedores); Grupo 6 (Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta); Grupo 7 (Trabalhadores qualificados
da indústria, construção e artífices); Grupo 8 (Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem); Grupo 9 (Trabalhadores
não qualificados); Grupo 0 (Profissões das Forças Armadas).
trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores, sendo seguido pelo
setor secundário com trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices e em terceiro
trabalhadores não qualificados, que atinge a marca de 1.279 pessoas, representando quase 15% do
total de empregados.

5.3 Análises da aplicabilidade dos documentos legisladores oficiais à


realidade socio-económica em Fânzeres

Em primeiro momento, com o intuito de imersão contextual, identificamos e caracterizamos


as zonas residenciais do PU de Fânzeres, como da disposição dos elementos e da sua adaptabilidade
à realidade socio-económica local para assim pensarmos em uma possível proposta de atualização do
PU. Avaliando as plantas de zonamento e condicionante vigentes percebemos que se busca conciliar
a disposição das áreas destinadas a habitação com certa continuidade em relação aos tecidos
urbanos antigos, assim como sua ligação com as áreas circunvizinhas, Valongo a oeste, São Pedro da
Cova ao sul e a Rio Tinto a leste.

As zonas residenciais do tipo I são áreas


predominantemente residenciais localizadas em
tecido urbano antigo. São espaços urbanos
constituídos por antigas estruturas rurais e edifícios
de habitação cujas características morfológicas,
arquitetónicas e ambientais se pretende preservar,
mantendo a predominância do uso habitacional e
promovendo a sua reabilitação.

As áreas destinadas a este tipo de aplicação,


com visível exemplo no Mapa das zonas
habitacionais em Fânzeres 1, estão bem identificadas
na planta de zonamento, porém, encontram-se
desconexas, apresentando descontinuidade das suas
vias, notadamente irregulares, mostrando um
caráter geomórfico. A característica preterida no
plano de privilegiar construções que sejam tipicamente antigas também se verifica. Há presença de
muitas áreas verdes sem utilização, marcando zonas de baixa densidade.
As zonas residenciais do tipo II são áreas
predominantemente residenciais destinadas à moradia
unifamiliar. Se caracteriza por espaços urbanos onde
predominam-se a habitação correspondente a
tipologia pouco densa (moradia isolada ou geminada),
sendo igualmente admissível a instalação de outros
tipos e atividades, desde que compatíveis com a
função habitacional. Em Fânzeres as áreas com essa
tipologia são as mais frequentes, com visível exemplo
no Mapa das zonas habitacionais em Fânzeres 2, se
espalhando por todo o território, porém, concentram-
se em sua maior parte na porção sudeste como
também em áreas de expansão urbana. Há presença
de muitas áreas verdes, algumas destas atualmente
ligadas à pequena agricultura.

As zonas residenciais do tipo III são áreas


predominantemente residenciais destinadas a
habitação multifamiliar. Em Fânzeres percebe-se,
com visível exemplo no Mapa das zonas
habitacionais em Fânzeres 3, que as áreas
enquadradas neste perfil estão maioritariamente
ocupadas no tecido urbano mais denso, composto
por edifícios com várias unidades residenciais. Estão
presentes nas cabeceiras das principais vias de
circulação, como também no eixo de expansão oeste
– leste que será melhor detalhado adiante. O traçado
das vias e os loteamentos são bem definidos
evidenciando um caráter ordenado destas
ocupações.

As zonas de utilização mista constituem atualmente localidades, com visível exemplo no


Mapa das zonas habitacionais em Fânzeres 4, ainda pouco utilizadas, apesar de estarem próximas de
áreas densas. São espaços urbanos não consolidados, porém, que se pretende desenvolver como
principal concentração de serviços e comércio elegida para consolidação dos polos de centralidade e
vivência urbana. Essa zona apresenta um caráter mais híbrido na utilização do espaço, podendo
conciliar áreas residenciais, comerciais e ainda
significativas atividades agrícolas. Importante
ressaltar que há isoladamente uma área ocupada em
cruzamento de vias dentro do tecido urbano
consolidado.

No intuito de promover um bom


planeamento de Fânzeres faz-se necessário analisar
para além das zonas habitacionais as demais áreas
demilitadas na planta de zonamento. As áreas
florestais de proteção visam a preservação e a
recuperação de valores paisagísticos, ecológicos,
florísticos e faunísticos. Apenas são admitidas obras
integradas em projetos turísticos ou de valorização
ambiental. A ocorrência em Fânzeres deste tipo de
estabelecimentos é bastante rarefeita, com a
presença de poucas habitações e alguns silos de armazenamento. Já as áreas florestais de produção
condicionada por sua vez são destinas ao uso florestal, não sendo permitida a exploração intensiva
dos solos nem a execução de quaisquer construções, exceto quando destinadas à prevenção e ao
combate a fogos florestais, após aprovação pelas entidades competentes. Está zona representa uma
parte mínima de Fânzeres e se encontra no entorno de uma estação de energia eléctrica, na porção
norte, próxima da Estrada Dom Miguel.

As áreas florestais de produção não condicionada se destinam ao uso florestal, sendo


permitidas plantações ou sementeiras de espécies de rápido crescimento e de todas as outras que se
adaptem às condições edafo-climáticas do meio. Para além das construções destinadas à prevenção
e ao combate a fogos florestais, é também permitida a edificação nas condições de construções de
apoio à atividade florestal, à indústria agro-florestal, a habitação, e equipamentos públicos ou
privados de interesse municipal. Em Fânzeres estas áreas estão localizadas no norte da freguesia.
Apresenta atividades de uso do solo, porém, na maior parte se trata de área verde sem utilização. A
sua maior parte se situa ao lado da zona de construção condicionada e das áreas florestais de
proteção.

As áreas de reserva agrícola nacional (RAN) são fundamentalmente constituídas por


estruturas de produção agrícola e ou florestal e têm por objetivo a proteção dos recursos naturais e
da respectiva produtividade e a salvaguarda dos valores culturais e paisagísticos que lhes são
inerentes. Em Fânzeres tais áreas apresentam atividades agrícolas e loteamentos de uso de solo em
praticamente toda a extensão. Localiza-se principalmente na parte oeste da freguesia, deste norte a
sul. Já as áreas agrícolas não inclusas na RAN são destinadas a uma utilização predominantemente
agrícola, não sendo permitido o seu fraccionamento em parcelas da área inferior à unidade de
cultura legalmente fixada. Grande parte das áreas destinadas a este uso apresentam loteamentos
agrícolas, porém, são muito reduzidas se comparadas as áreas do entorno, referente a RAM.

As zonas de equipamento e áreas verdes de recreio caracterizam-se predominantemente por


apresentar equipamentos coletivos e serviços da administração, podendo ainda incluir áreas de
investigação, tecnologia e formação, de iniciativa pública ou privada, bem como de instalações
complementares às atividades principais, designadamente estacionamento. Em Fânzeres tais áreas
apresentam equipamentos para prática esportiva como quadras, como também por áreas verdes de
recreio com instalação de parques e jardins públicos ou privados vocacionados para o recreio e lazer,
sendo permitida a construção pontual de equipamentos de apoio à sua utilização, salvaguardadas as
áreas de servidão administrativa, com proibição de qualquer tipo de edificação. Apesar da
predominância de áreas verdes em Fânzeres são raras as destinadas à recreação, pois em sua maioria
está voltada a agricultura familiar.

As zonas de proteção ao patrimônio edificado delimitam espaços de possível interesse


paisagístico, arquitetural e histórico, que no caso de Fânzeres está representado pela Casa
Montezello.

As zonas de construção condicionada são espaços caracterizados pela ausência ou debilidade


de infraestruturas urbanas cuja ocupação construtiva não se considera prioritária e fica dependente
da construção ou melhoria das infraestruturas por parte dos promotores e da sua justificação em
função do interesse municipal. A área destinada às zonas de construção condicionada em Fânzeres se
encontra praticamente vazia, com poucas edificações em sua parte norte. Apesar de ser uma zona de
potencial urbanização segundo PU, não aparenta ser uma área preferencial para tal, pois seu
potencial faunístico e florístico demandaria um cuidado especial de preservação.

As zonas para indústria ou armazenagem são áreas que se caracterizam por uma ocupação
preferencial de construções de uso industrial, de armazenagem ou de serviços afetos a esta
atividade. Em Fânzeres, há três áreas demarcadas para esse fim, sendo duas na porção sudoeste as
próxima de tecido áreas com maior densidade e tecido urbano consolidado, diferente de outra área,
localizada a nordeste, que fica próximo de áreas de proteção como também das zonas de destinadas
à ocupações futuras.

Quanto à estruturação de vias, é visível baixa coesão em Fânzeres, apresentando uma rede
desfragmentada de vias locais. Duas vias apresentam estrutura de maior fluxo e de ligação, sendo a
Avenida Conduta e a Estrada Dom Miguel. A Avenida Conduta serve principalmente como ligação
entre as freguesias Rio Tinto e São Cosme, passando em uma pequena porção sudoeste da freguesia
de Fânzeres. Essa avenida possui muitas áreas verdes e corta principalmente a zona mista do plano
de zoneamento, via pela qual se pretende expandir o metro e estabelecer uma área de futuras
habitações e comércios. A Estrada Dom Miguel serve de ligação
entre Baguim do Monte a norte e as demais freguesias a sul de
Fânzeres. Esta via passa em sua porção leste, sendo em grande
parte divisora entre Fânzeres e São Pedro da Cova

Quanto as atualizações do PU de Fânzeres podemos


perceber, conforme exemplo no Mapa de projetos de
atualizações, a criação ou prolongamento de pequenas vias
locais proporcionando às áreas desenvolvidas externamente as
zonas residenciais especificadas na planta de zonamento, uma
quarteirização para futura consolidação de loteamentos
principalmente residenciais. Essas atualizações de loteamentos
estão espalhados por Fânzeres, em pequenas áreas.

Quanto aos projetos de expansão há três projetos


grandes para vias de conexão, identificados na plana de
zonamento como unidades de execução A, B e C. Quanto a
unidade de execução A, única que está consolidada,
corresponde a extensão da Rua Prof. Dr. Anibal Cavaco Silva
até a rotunda de encontro com a Avenida Conduta. Esse novo
eixo, visísvel no Mapa da unidade de execução A, possibilitou a
chegada do metro á
Fânzeres, como também
incorporou uma nova zona
habitacional junto a esse
eixo. A complementação
desse projeto se dá pelo eixo norte - sul na unidade de execução
C, já em desenvolvimento, que prevê a ampliação da Avenida
Conduta, no qual iria consolidar um tecido urbano por toda sua
extensão no território de Fânzeres, conectando áreas de variados
usos e promovendo a ocupação efetiva da zona mista. Por esse
eixo seguirá o projeto de expansão do metro, com trecho visísvel
no Mapa unidade de execução C, o qual provavelmente irá continuar até chegar à Câmara Municipal
de Gondomar, localizada na freguesia de São Cosme.

Juntamente a expansão da Avenida Conduta em


sentido sul, também está em projeto a unidade de execução B,
ainda não iniciado, de expansão no sentido oeste – leste, no
qual prevê a abertura de uma nova via de grande fluxo
conectando a Rua Prof. Dr. Anibal Cavaco Silva, entre as
estações Venda Nova e Fânzeres, até a Estrada Dom Miguel.
Esse novo eixo de desenvolvimento, com trecho visísvel no
Mapa unidade de execução B, passará por áreas pouco densas
e com fraca infraestrutura, porém, com significativo
contingente de empregados. Importante ressaltar que essa
conexão está direcionada a consolidação das zonas de
construção condicionada e indústria e armazenagem, mostrando ter um caráter de preventiva
expansão urbana.

5.4 Adequações dos planos e projetos de intervenções á urbanização


estratégica

Após longo processo analítico das principais condicionantes de urbanização de Fânzeres


percebemos dois principais fatores negativos quanto ao aproveitamento territorial. O primeiro fator
diz respeito a evolução de Fânzeres, o qual promoveu três núcleos relativamente independentes e
desconexos, com fraca infraestrutura e baixa densidade. Já o segundo fator está pautado no caráter
de território dormitório, indicando grande dependência de outras freguesias e principalmente
concelhos. Inicialmente, um fator contribui para o outro, a ponto de que a falta de coesão adveio da
fraca presença de emprego, educação, saúde, centro comercial, dentre outros serviços básicos
oferecidos pela própria Fânzeres.

Conforme as principais tendências identificadas no levantamento teórico juntamente aos


dados analisados sobre o atual contexto de urbanização de Fânzeres consideramos conveniente dar
foco as atualizações pontuais em curto prazo e estruturantes em longo prazo. Sobre os principais
problemas identificados anteriormente, indicamos duas orientações. A primeira, de curto prazo,
focada em um uso mais intenso das zonas residenciais já consolidadas, ainda pouco densas. Nessa
orientação proposmos multlipicar os loteamentos de quarteirização, promovendo maior coesão com
os projetos de expansão de vias e loteamentos de acordo com a necessidade de conexão entre os
três núcleos mais densos. A segunda, de médio a longo prazo, focada na consolidação de áreas
mistas, de uso híbrido, na promoção de maior oferta de empregos e serviços em Fânzeres e
consequentemente uma maior conexão entre seus três núcleos atuais.

Sobre a ótica do uso mais intenso percebemos que há


várias áreas com potencial de ocupação dentro do tecido
urbano já consolidado, normalmente caracterizado por
quarteirões de grande dimensão e áreas interiores ociosas.
Conforme destacamos fragmentos no Mapa dos espaços
ociosos dentro de Fânzeres. Nesse viés consideramos
apropriado dar maior valor a projetos pontuais, destinados a
criação de vias locais que promovessem a subdivisão de
quarteirões e maior
adensamento. De um
modo mais abrangente
e estruturante caberia
os projetos já iniciados dos eixos A e C identificados na planta
de zoneamento. Consideramos que o eixo B deverá ser
utilizado somente se Fânzeres voltar a ter expressivo
crescimento demográfico.

Na realidade atual, o PU de Fânzeres apresenta


propostas que não foram concretizadas como principalmente
a consolidação da zona mista e das unidades de execução B e
C. No Mapa dos projetos e das zonas habitacionais em
Fânzeres destacamos as áreas de maior interesse em
atualização.

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO

A partir do resultado do enquadramento realizado, Fânzeres reflete-se condicionada a


dinâmicas externas circunvizinhas e convenientemente dispersa. Percebemos que a melhor
estratégia a sugerir nesta revisão do PU seria eleger prioridades. Decidimos trabalhar com a
realidade local como tal se apresenta, do que projetada e idealizada para o futuro. Percebemos que
o PU de Fânzeres atende bem ao cenário de crescimento acelerado, porém, consideramos estar
distante do atual contexto local. Assim antefere-se que a melhor estratégia seria a interconexão do
fluxo de pessoas, bens e serviços por meio de uma quarteirização mais eficiente dos seus núcleos, a
regeneração de espaços com potencial habitacional que não são mais aproveitado, juntamente a
promoção da expansão á médio e longo prazo dos eixos desenvolvimentistas previstos na planta de
zonamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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