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TENSÕES EM

EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas MACIÇOS ROCHOSOS
 Introdução
 Definições
 Tensões naturais
– Importância,
– Fatores definidores,
– Estimativa
 Tensões induzidas
 Técnicas de medida de tensão
Tensões em Maciços Rochosos 1
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
Introdução
das Rochas

Um programa de medida de tensões em maciços


rochosos envolve, usualmente, 3 passos:

• A estimativa das tensões naturais;

• A estimativa das tensões induzidas (projeto);

• A medida das tensões durante a construção e


operação da obra, podendo levar a uma revisão
do projeto.

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Geotecnia
Mecânica
Definições
das Rochas

Uma forca (F) qualquer, atuando em um plano de área A,


pode ser dividida em duas componentes: uma normal
(Fn) e uma tangencial (Ft) ao plano. Define-se:

Tensão normal:
Fn
Fn
F   lim A0
A
A Tensão cisalhante:
Ft
Ft   lim A0
A
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O estado de tensão de um ponto pode ser definido,
tomando um cubo elementar, em um sistema de
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Geotecnia
Mecânica
referencia xyz, em cada face deste cubo estará agindo
das Rochas
uma tensão normal e duas cisalhantes. Por equilíbrio de
forças tem-se que as tensões atuantes em faces opostas
são iguais. O estado de tensão no ponto pode ser definido,
de forma matricial, pelo chamado tensor de tensões:

 x  xy  xz 
 
   yx y  yz 
  zy  z 
z
 zx
y

x Por equilíbrio de momentos, pode-se mostrar que


o tensor de tensões é simétrico, sendo necessário
apenas 6 componentes para defini-lo.
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Pode-se mostrar que existe um sistema de referencia
123, onde as tensões cisalhantes são nulas e as tensões
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Geotecnia normais são máximas e mínimas, por convenção
1>2>3.
Mecânica
das Rochas

 1 0 0
 
0 2 0
 0 0  3 

2 Graficamente o estado de tensão


pode ser representado por um
ponto em um sistema 123.

3
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EESC/USP
Geotecnia
3D
Mecânica
das Rochas

Deformação plana
Aproximação 2D (plane strain)

Tensão plana Axissimetria


(plane stress) (axisymmetric)
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Em uma situação 2D, o estado de tensão em um ponto
pode ser representado por:
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Geotecnia
y
xy
Mecânica
das Rochas

 x  xy  x x

 yx  y 
xy
no sistema xy, ou: y

1 0

0  3 

no sistema 13.
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Graficamente o estado de tensão 2D pode ser representado
pelo circulo de Mohr em um plano ,.

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das Rochas

máx
xy

3 x y 1 
-xy
-máx
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EESC/USP
Tensões naturais
Geotecnia
Mecânica
das Rochas
Importância das tensões naturais
• Nas propriedades das rochas
(ex. permeabilidade)
• No desenvolvimento de projetos
– Orientação de túneis
3 3
1 1

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– No “lay-out” das obras
EESC/USP
– Nos desmontes
Geotecnia
Mecânica
das Rochas
3 3
1 1

– Na forma da escavação
3 3
1 1

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Fatores definidores
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas Geralmente são atribuídas, como as principais
elementos definidores das tensões naturais em
maciços rochosos:
– gravidade,
– efeito de Poisson,
– topografia,
– tectonica de placas,
– estruturas geológicas,
– propriedade das rochas,
– heterogeneidades,
– vulcanismo,
– subsidência,
– outros (recristalização, processos deposição/erosão...)
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Em um maciço, homogêneo
EESC/USP
e plano é usual assumir que
Geotecnia
Mecânica
das Rochas
as tensões principais coincidam
com a vertical e horizontal
e tenham como valor:
v   Z
 h  k v

Para regiões não horizontais,


como na proximidade de
um vale, estas hipóteses não
são validas.

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EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas

Influencia das heterogeneidades na distribuição de tensões


(GOODMAN, 1989).
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v
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas (a)
Kav

v

(b)
K p v

Tensões necessárias para gerar (a) falhas normais e


(b) falhas inversas (GOODMAN, 1989).
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Estimativa das tensões naturais
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas TENSÃO VERTICAL

Assumir a tensão vertical como sendo:


v   Z
tem-se mostrado uma
boa aproximação. A figura
ao lado apresenta uma
serie de medidas de tensão
em campo. Adotando
=0.027MN/m3 tem-se
um bom ajuste com
os valores medidos.
BROWN & HOEK (1978)
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TENSÃO HORIZONTAL (h = k v)
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica É comum utilizar-se para estimar a tensão horizontal
das Rochas
a expressão teórica da elasticidade linear, onde o k
independe da profundidade
e é dado por k=n/(1-n).

Medidas de tensão
horizontal em campo
mostram que k tende a
ter altos valores a baixas
profundidades e diminui
com a profundidade,
como pode ser observado
na figura ao lado.
BROWN & HOEK (1978)
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EESC/USP
Geotecnia
Tensões induzidas
Mecânica
das Rochas As tensões induzidas são as tensões provocadas por
alguma intervenção no maciço. Assim o estado de
tensão final será composto pelas tensões naturais
somadas as tensões induzidas.

+ =

Tensões Tensões Tensões


naturais induzidas finais
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As tensões induzidas podem ser estimadas através de:
EESC/USP
Geotecnia
Mecânica
das Rochas • Soluções analíticas

• Métodos numéricos
– para meios contínuos:
elementos finitos,
diferenças finitas,
elementos de contorno.

– para meios descontínuos:


DDA (Discontinuous Displacement Analysis),
elementos distintos.

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EESC/USP
Determinação das tensões
Geotecnia
Mecânica
das Rochas por instrumentação
As medidas de tensão em campo apresentam algumas
dificuldades principais, como:
• perturbação do maciço pela instrumentação
• as medidas são muitas vezes indiretas,   E,  
• heterogeneidade do maciço leva a necessidade de
muitas medidas

Os principais métodos de medida de tensão em campo são:


• retirada de blocos
• macaco plano de pequena área (small flat jack)
• métodos de sobre-furacão
• método da ruptura hidráulica
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RETIRADA DE BLOCOS
EESC/USP São colocados pinos em um bloco e medidas as distancias
Geotecnia
Mecânica
das Rochas entre estes pinos. O bloco é retirado e com a variação das
distancias entre pinos pode-se calcular a deformação na
direção do alinhamento dos pinos por: i  li / li

l3 l2

l1
As principais vantagens e desvantagens deste método são:
• fácil medida e barato,
• só mede tensões em paredes expostas, e
• necessita de modelo reologico para determinar as tensões.
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MACACO PLANO DE PEQUENA ÁREA
EESC/USP
(small flat jack)
Geotecnia
Mecânica
O macaco plano e constituído de uma almofada de
das Rochas
metal, dentro da qual pode-se injetar uma pressão
com óleo. Antes da execução do ensaio são cravados
dois pinos a uma distancia conhecida. Uma fenda é
escavada entre os pinos e o macaco colocado nela.

o

do

Macaco Bomba
Plano
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O ensaio é executado aumentado a pressão de óleo. Os
pinos que se aproximaram no período de escavação
EESC/USP voltam a afastar-se. É tomada como tensão normal ao
Geotecnia
Mecânica
das Rochas
macaco o valor de pressão aplicada que leva ao
afastamento inicial.
do

Período de escavação Pressão no macaco c


As principais vantagens e desvantagens deste método são:
• fácil medida e barato,
• não necessita de modelo reológico,
• são necessários 3 medidas para determinar o tensor 2D, e
• só mede tensões em paredes expostas.
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MÉTODOS DE SOBRE-FURACÃO
EESC/USP
Geotecnia
A seqüência geral dos métodos de sobre-furacão é:
Mecânica
das Rochas
a) inicialmente são realizados
dois furos concêntricos
(aprox. 90 e 38mm diam.)

b) dentro do furo interno é


colocado um instrumento
de leitura.

c) em torno do instrumento
é realizado uma sobre-furacão.
d) uma amostra é retirada para
determinação da reologia em
laboratório.
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Os métodos utilizam diferentes instrumentos para
medir deslocamentos ou deformação durante a
EESC/USP
Geotecnia sobre-furacão. Os instrumentos mais utilizados são:
Mecânica
das Rochas
• USBM - mede deslocamentos radiais,
• Célula triaxial de Leeman - mede deformações
através de strain gages,
• Célula biaxial de Leeman - variação da anterior,
• Cilindro sensível - mede deformações através
de strain gages.
As tensões são determinadas através de relações teóricas.

As principais vantagens e desvantagens deste método são:


• realiza medidas no interior do maciço,
• menor perturbação nas tensões pela instrumentação,
• custo alto e exige mão de obra qualificada.

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MÉTODO DA RUPTURA HIDRÁULICA
EESC/USP O ensaio de ruptura hidráulica é realizado em um furo,
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Mecânica
das Rochas onde são colocados obturadores e entre estes é aplicado
uma pressão hidráulica.

3

Obturador
1
Aplicação
Admite-se que a horizontal seja da pressão
um plano de tensões principais.
Obturador
Espera-se que no ensaio ocorra
um fraturamento paralelo a tensão
principal maior horizontal.
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EESC/USP
A figura abaixo representa um resultado típico do
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Mecânica
ensaio. Analisando este gráfico pode-se obter a
resistência a tração (t), 1 e 3. Sendo que:
das Rochas

 t  Pc1 - Pc2  3  Ps

1  3 3 - Pc2

Pc1
Pc2

Ps

Tempo
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A orientação da fratura pode ser levantada através de
Geotecnia
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filmagem ou de um obturador de impressão.
das Rochas

As principais vantagens e desvantagens deste método são:


• não existe limitação de profundidade,
• não existe perturbação no estado de tensão,
• as tensões são medidas diretamente,
• não existe uma medida 3D das tensões,
• custo elevado,
• necessita uma relação adequada entre as tensões.

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Exercícios
1) Um maciço rochoso foi carregado verticalmente de 0 a 30 MPa
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Geotecnia
(v=0 a 30 MPa). Durante o carregamento não houve deformação
Mecânica
das Rochas horizontal (h=0) e o coeficiente de Poisson igual a 0,4. Em seguida
houve um descarregamento de 15MPa e o coeficiente de Poisson
passou a 0,3. Trace a curva h versus v durante o processo. Que
fenômenos naturais poderiam explicar este histórico de tensões?

2) No fundo de uma escavação executou-se uma série de 3 ensaios


com a técnica do macaco plano de pequena área. As direções dos
ensaios e os resultados obtidos estão indicados abaixo. Pedem-se:
direção e magnitude das tensões principais e a tensão cisalhante nos
planos ensaiados.
Ea Eb Ec
N N N
o 60o
60

Pa=1,2MPa Pb=2,8MPa Pc=4MPa

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Bibliografia
EESC/USP
Geotecnia
BROWN, E.T. & HOEK, E. (1978) Trends in relationship
Mecânica
das Rochas between measured in-situ stress and depth. Int. J.
Rock Mech. Min. Sci. & Geomech. Abstr., v.15,
p.211-215.
GOODMAN, R.E. (1989) Introduction to rock mechanics.
2nd ed.Willey, New York. 562p.
HOEK, E.; KAISER, P.K.; BAWDEN, W.F. (1995)
Suport of undeground excavation in hard rock.
Balkema, Rotterdam. 215p.
ISRM (1987) Suggested methods for rock stress determination
Int. J. Rock Mech. Min. Sci. & Geomech. Abstr.,
v.24, p.53-73.
ROCHA, M. (1981) Mecânica das rochas. LNEC, Lisboa.
445p.

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