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HIDRÁULICA I – CAPÍTULO IV Hidrodinâmica

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4 HIDRODINÂMICA
4.1 EQUAÇÃO DE NAVIER – STOKES
As equações de Navier – Stokes, são definidas como as equações gerais do movimento de
um líquido.

De acordo com a 2ª LEI DE NEWTON:


 
 F m  a
Num determinado elemento infinitesimal de, limitado pela superfície ds, temos:


  dV

 e

 
 F  de 
s e
P ds   
dt
 de
1 2
em que:
1 - forças de volume: peso próprio;
2 - forças de contacto num plano tangente a ds: componentes normal e tangencial.

O Teorema de GAUSS por sua vez mostra que:

 

 P ds   div P de
s e

  dv
 F  div P  
dt

P - Tensor de 2a ordem;
Pix Piy Piz dv
  Fi     i
x y z dt

Hipóteses de Navier e Stokes:

a) - As tensões tangenciais são proporcionais à velocidade da deformação angular:


 v v j 
Pij   ij     i  
 x 
 j xi 
b) - As tensões normais (pressões) são proporcionais à velocidade de deformação linear:

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vi
 ii  2
xi
Pii   ii  p(hidrostática)

Por substituição, obtêm-se 3 equações escalares segundo x-x:

P  2u   2u  2 v    2u  2 w  du
  Fx   2 2    2 
        
x x  y xy   z 2 xz 
  dt

 du  P   2u  2u  2u    2u  2u  2u 
  Fx       2  2  2     2  2  2  
 dt  x  x y z   x y z 
  2u  2 v  2 w 
   2   
 x x y xz 

 2u  2 v  2 w   u v w 
      
x xy xz x  x y z 
2

*

* = 0, para líquidos incompressíveis

 du  p
  Fx     2 
 dt  x

O conjunto das equações de Navier-Stokes:


 du  p
  Fx     2 u
 dt  x
 dv  p
  Fy      2 v
 dt  y
 dw  p
  Fz     2 w
 dt  z
Estas equações são difíceis de integrar analiticamente.

 Fx , Fy , Fz  forças de massa

Fx  Fy  0 Fz   g

dv
 forças de inércia
dt

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p
variação de pressão segundo os eixos
xi

 2 vi forças de viscosidad e

Nesta formulação não foram considerados os efeitos da turbulência.

4.2 ESCOAMENTO NO CAMPO DA GRAVIDADE

Forças F derivadas de um potencial 

F  grad

Equações de Navier – Stokes

 

 d v 
  grad    gradp   v
2

 dt 
 

Se o potencial for o da gravidade,


   gz  cte

dv   p 
   2 v    g  grad  z  
dt  g 

 p  1 dv  2
 
grad z     v
 g  g dt g
 
p
z cota piezométrica

Volume e peso :   e
Energia Potencial de Posição z
Energia Potencial de pressão : pe
 e z  pe p
Energia Potencial por unidadede Peso :  z
 e 
Para o líquido Perfeito :   0

 p 1 dv
 grad  z    
  g dt

No líquido real em escoamento permanente:

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  
v dv dv
0  
dt dt dp

 p 1 dv  2
grad  z       v
   g dp 


Quando o líquido está em repouso v 0
 p p
 grad  z    0  z   cte
    

L. H . P .

4.3 TEOREMA DE BERNOULLI PARA LÍQUIDOS PERFEITOS


Partícula ao longo da sua trajectória

 p 1dv
grad  z    
  g dt

v não tem componentes normais à trajectória.

Componente de v segundo a trajectória: v
Eixo da trajectória: s


d v v v s v v v   v 2 
    v   
dt t s t t s t s  2 

  p 1 v   v 2 
 z       
s   g t s  2 g 

 p v2  1 v
 z     
s   2g  g t

Um líquido pode ser considerado perfeito quando:


1 Em repouso;
2 Início do movimento
- Passagem dum reservatório para uma conduta
- Passagem duma albufeira para um descarregador

Peso do Volume e :   g  e

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1 2 1
Energia Cinética : mv  ev 2
2 2
1
  e  v2
2 v2
Energia Cinética por unidade de peso : 
  g e 2g

Energia total / unidade de peso = (Energia potencial + energia cinética) / unidade de peso

v2 p
Carga H  z  
 2g

v
Regime Permanente: 0
t
v2 p
 z   H  cte
 2g
Num LÍQUIDO PERFEITO em REGIME PERMANENTE, a partícula desloca-se ao longo
da sua trajectória sem variação de carga.

p
Cota Piezométrica : z

v2
Carga Cinética :
2g
v2 p
Energia expressa em altura de líquido : z, ,
 2g

4.4 LINHA PIEZOMÉTRICA E LINHA DE ENERGIA

Linha de energia
U2/2g ≥ 0

P/γ
Linha piezométrica

Z trajectória

v2
0
2g
p
, pode ser positivo ou negativo(pressões relativas)

z, pode ser positivo ou negativo;

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Tubo piezométrico ou tubo de PRANDTL (piezómetro)

Pp/γ

ZS P
Zp

Z=0

0

p p  z s  z p 
pp ps
 zp   zs 
 

Tubo de PITOT
Linha de Energia
U2/2g

Pp/γ Linha Piezométrica

ZP P
Trajectória

Z=0

0

2
pP v pQ pS vP2
pP
 zP   P
 zP   zS  zS  zP  
 2g    2g

4.5 TEOREMA DE BERNOULLI PARA LÍQUIDOS REAIS


A aproximação dos líquidos perfeitos é valida de acordo com a experiência:
1 Escoamento permanente partindo do repouso;
2 Escoamentos fortemente acelerados

Carga é constante não só em cada trajectória mas em todos os pontos.

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Fórmula de TORRICELLI

É válida para reservatórios de grandes dimensões com um pequeno orifício de saída na


parede lateral.

S - secção contraída, P  Patm


0 0 0
 
A
pA v 2
p v2
 z A  A  s  zs  s
 2g  2g
H
S – secção
contraída vs  2 g  z A  zS   2 gH
ZA

ZS

Z=0

LÍQUIDOS REAIS – a carga diminui ao longo da trajectória devido ao trabalho das forças
resistentes (viscosidade, turbulência).

Regime turbulento
Equações de Navier-Stokes com velocidades instantâneas v  v  v




p
grad  z    

1 dv  2 1 ' '
  v   ui u x 
g dt  g  x y
 
 ' '
ui u y 
z
   
 ' ' 
ui u z 
 
*
1 componente da turbulência: normalmente muito mais importante que a viscosidade
(em termos de perda de carga). Fenómeno complexo.

Ao longo da trajectória
 p 1 v 1   v 2 
 z        J
s   g t g s  2 

J – perda de carga unitária: diminuição da carga H por unidade de percurso.

 p v2 
  z     J
s   2 g 

Forma discreta:
H 2  H1   JL  H

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4.6 VARIAÇÃO DA COTA PIEZOMÉTRICA


Coordenadas intrínsecas:
s- tangente à trajectória s
n- normal à trajectória
b- perpendicular ao plano de s e n (bi-nominal) b
n
Ao longo da normal n

 p   p 
grad  z    
1 dV
  2 V   ......
   g dt g  x 


 TEOREMA DE BERNOULLI
s

dV
Expressão de dt em coordenadas intrínsecas

dV  v   v 2  v2
     sˆ  nˆ
dt  dt  s  2  r

Não há componente segundo a binomial.


Não há tensões tangenciais nas direcções n̂ e b̂ porque não há escoamento nessas
direcções.
  p 1 v2
 z    
n   g r

  p
 z    0
b  

4.7 VÓRTICES
Vórtice - movimento de um fluído com trajectórias circulares concêntricas.

A - Vórtice de eixo vertical - centros das trajectórias estão numa mesma vertical.
Variação da cota piezométrica com o raio.
Variação da cota piezométrica na vertical.

 p 
  z   0 (distribuição hidrostática de pressões)
z 

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B - Vórtice forçado - força que provoca rotação do líquido mantém-se.

  cte , v r

Posição das partículas invariável em relação ao reservatório:

d  p  1 v2  2 r
 z    
d r   g r g

p 2 r2 p0
z   z0 
 2g 
 p  p  2 r2 p p0
 z s     z 0  0   e 0
     2g ,  
2 r2
 z s  z0  Equação da superfície livre
2g

Pressão num ponto a cota z

h  z0  z

p 2 r2 2 r2  2 r2
  z0  z  h  p h 
 2g 2g 2

r
z Linha de energia

Superfície livre

Z=0

1. A carga H é constante em cada trajectória ( r = cte)

v2  2 r 2
p 2 r2 2 r2
H z   z0   z0 
 2g 2g 2g g

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2. H varia com a trajectória r.

C - Vórtice livre - movimento com trajectórias circulares concêntricas após a cessação da


força que o originou.

H = cte em todos os pontos.

Para tal, tem de ser:


k
v
r
d  p  1 v2 k2
  z    
d r    g r g r3
k2 p v2
 z   cte    cte
 2g r 2 2g
v2 p
 z   H  cte
 2g
Forma da superfície livre
k2
p0  z  H  cte
2g r 2

r  z  H  cte  z 0

k2
 z r   z 0  Hiperbolóide de Revolução
2g r 2

Equação não é válida para r  0 (daria v ).

Ex. Vórtice livre: saída de água por um orifício no fundo de um reservatório com pequena
carga. ( mais movimento vertical para baixo  ).

Efeito da aceleração de Coriolis

No Hemisfério Norte No Hemisfério Sul

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4.8 MOVIMENTOS ROTACIONAIS E IRROTACIONAIS



A rotação é dada pelo vector turbilhão que é igual a 1 / 2 rot V :
i j k
     w v  ˆ u  w ˆ  v u  ˆ
rot V      i     j     k
x y  z   y  z  z x x  y
u v w


Se rot V  0  Movimento irrotacional
Um elemento move-se sem rodar em torno de si próprio.
Viscosidade  gradiente de velocidades.
Vórtice forçado - movimento rotacional.
Líquido real - escoamento rotacional devido a viscosidade.

Casos em que se pode aceitar a hipótese de irrotacionalidade - quando o líquido se comporta


como um líquido perfeito.

- escoamentos que partem do repouso;


- escoamentos rapidamente acelerados.

Movimento irrotacional é conservativo - não há perda de energia.



rot V  0
w v u  w v u
  ,  , 
y z z x x y

Para estas condições se verificarem, basta que:

  
u , v , w
x y z


 V  grad 

 - função (escalar) potencial de velocidades.



Equação da Continuidade: div V 0   2   0 ( Equação de Laplace)

2   0   é uma função harmónica.


  cte  k1  equação da superfície equipotencial

V  grad  é normal às superfícies equipotenciais e o mesmo sucede as linhas de corrente.

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4.9 ESCOAMENTO PLANO


Escoamento plano - movimento irrotacional em que as características do escoamento se
repetem em planos paralelos.

Superfície equipotencial  linhas equipotenciais,  = k1


Função de corrente   as linhas de corrente são  = k2 = cte

u v 
Movimento irrotacional : 
y x 
   
  u  (1)
 x y
u v 
Eq. da continuidade :  
x  y 

Condições de analiticidade da função w:

w z    x, y   i  x, y  , zxi y

w - função analítica de variável complexa.

Linhas equipotenciais ( = cte) perpendiculares as linhas de corrente ( = cte)  REDES


DE FLUXO.

4.10 INÍCIO DE ESCOAMENTO. CAMADA LIMITE


Líquido ideal - não há intersecção com a parede sólida.
Líquido real - camada de líquido junto da parede tem velocidade aproximadamente nula e
aumenta com a distância à parede.

Exemplo: tubo a saída de um grande reservatório.

Escoamento laminar:
a) Líquido parte do repouso, escoamento irrotacional, velocidade uniforme;
b) Líquido em contacto com a parede vai sendo retardado  camada limite;
c) Todo o tubo é ocupado pela camada limite laminar.
h2 u
Para um canal : l1  0.04

Para uma conduta : l 2  3 h 4 Re
Escoamento turbulento - junto à parede as flutuações turbulentas são impedidas  película
laminar.

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