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liTOMO V MARÇO DE 1962 - N: 3 !I

Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC


TECELAGEM KUEHNRICH s. A.
ruÇAO ~ TlNTUltAltIA • TECELAGEM - ESTAMPARIA - CONFECÇAO

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ESPECIALIZADA EM:

I Atoalhados -

e adamascadas (Jacquard) -

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Guarniçõe8 para mesa

Cortina! e ariirO§
Xadre-

t. f.pã .

BWMENAtJ - Santa Catarina

Caba Postal N.o 59 - Telefone N.o 134'7

End.. Telegr.: ~1{UEHNRICH" - Estação Itoupava-sMa.

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Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC


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em CADERNOS (
I TOMO VI MARÇO-1962 N.D 3 I
Movimento colonizador na província de
Santa Catarina durante êstes últimos anos
(1828-1860). Fundação de colônias,
sua história.
Por Carlos da COSTA PEREIRA
Tradução do capitulo IX da
obra de Léonce Aubé, La Pro-
vince de Sa,inte-Catherine ou
La Colonisation au Brésil, Im
premerie Fraiçaise de Frédé-
ric Arfvedson, Rio de Janeiro,
1861, ps. 105 a 118.
(Conclusão) circunvizinhanças eram de fertili-
Referindo-nos a Joinville, que é dade muito problemátIca.
a sede da colônia e foi o bêrço, is- Os primeiros colonos, vin~)S ln-
to é, o ponto em que se estabelece- fluenciados pelas narratIvas que
ram os primeiros colonos, dissemos lhes h aviam feito acêrca dêsse solo
em outro capítulo (V) que êsse po- virgem tão rico, em que se fariam
voado fôra instalado à margem do colheitas sem trabalho, ficaram
rio Cachoeira, em terreno baixo _ cruelmente desiludidos à vista dos
Não queremos formular nenhuma resultados pouco compensadores
crítica sôbre êsse local, que, esco- obtidos, e, desencorajados, foram
lhido mais ou menos ao acaso, é procurar meIos de subsistência em
talvez, do ponto-de-vista do futu- trabalhos estranhos, deixando suas
ro, um dos mais favoráveis dentre terras quase sem cultura. Ao mes-
aquêles em que os colonos pode- mo tempo, escreveram para a Eu-
riam fixar-se ; devemos, no entan- ropa contando suas esperanças per-
to, reconhecer que foi êle talvez a didas, e desacreditaram a tal pon-
causa das primeiras dificuldades to a colônia de Dona Francisca,
surgidas, contra as quais se tornou que, ao fim de quatro ou cinéo
necessário lutar durante muitos anos, ela seria inteiramente aban-
anos. donada se o Príncipe de Joiville,
De feito, os terrenos baixos de corajosamente e sem perder a fé no
Joinville, hoje secos, eram, a prin- futuro, não tivesse feito todos os
cípio, úmidos ou, mais acertada- sacrifícios necessários para conti-
mente, alagadiços, e as terras das nuar a obra começada.
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Desde aí, as eoisas mudaram de basta para fazer-se idéia ,de sua
feição, visto que as terras áridas, importância e de seu futuro; mas,
aliás de pouca extensão, eram ape- fàcilmente se compreenderá quan-
nas as dos arredores da vila, e os to a colônia irá aproveitar désse fu-
caminhos já estavam atingindo turo, e o que nos resta dizer de-
terras bem diferentes das primei- monstrará quanto também ela po-
ras, não cedendo em nada às da derá contribuir para essa destina-
colônia de Blumenau, Fôra neces- ção.
sário algum tempo para se tornar A Serra Geral, com efeito, tem
a trazer colonos, pois uma reputa- sido até hoje grande obstáculo à
ção abalada não se repara em um prosperidade de tôda a região si-
dia; mas chegara-se a um resul- tuada a oeste dessa cadeia de mon-
tado seguro, de que davam teste- tanhas, criando sérios embaraços
munho os próprios colonos em suas às comunicações e, por conseguin-
cartas aos parentes, te, provocando o aumento das des-
Ao mesmo tempo, o govêrno do pesas de transporte. Ora, as ter-
Brasil não poupava esforços nem ras da colônia se acham compre-
sacrifícios, no sentido de imprimir endidas precisamente numa zona
maior atividade e desenvolvimento em que o solo se eleva em aclive e
à prosperidade crescente da colô- quase insensível na direção de um
nia, fornecendo fundos para a con- trecho da Serra Geral, onde ela é
servação das estradas e dotando a consideràvelmente menos elevada.
sede de igrejas, escolas, hospitais, Em uma palavra, um exame mínu-
etc., e, finalmente, mandando ini- cioso provou a possibilidade de
ciar a construção da estrada que abrir-se por ali uma estrada carro-
poria a colônia em comunicação çável, sem necessidade de obras de
com o planalto da Província do Pa- arte ou despesas exageradas, e sem
raná. obrigar a longo percurso, pois que,
Não podemos prever e muito me- de Joinville à raiz da Serra, a ex-
nos predizer o futuro reservado à tensão da referida estrada será
colônia de D.a Francisca; mas de- apenas de cêrca de quinze mil bra-
vemos declarar que o local em que ças. Concluída essa estrada, o que,
ela hOje se encontra parece reunir se necessário, se poderá conseguir
tôdas as condições e todos os ele- em um ano, será possível, saindo-
mentos que lhe assegurarão extra- se de manhã da cidade de São
ordinária prosperidade, Frtmcisco, chegar a Joinville ao
O solo, excetuando-se o da vila fim de três a quatro horas de via-
de Joinville e dos arredores, que gem, e alcançar no mesmo dia, an-
poderão ser considerados arrabal- tes do pôr do sol, o alto da Serra
des, - é dos mais férteis, e tudo Geral, e isto não se empregando
o que se cultiva na Província alí outros meios de transporte senão
produz admiràvelmente. Muitas es- aquêles que se encontram por tôda
tradas, largas e bem traçadas, tor- a parte do Brasil - um barco ou
nam os transportes fáceis e bara- uma canoa para o trajeto via flu-
tos, escoando-se os produtos sem vial e um cavalo para o trajeto por
maiores dificuldades para os la- terra.
vradores, que se acham em per- Encontrar-se-á no Brasil outro
manente comunicação com a sede local que ofereça iguais condições?
da colônia, onde essas estradas vão E se considerarmos que, atingido o
terminar. Além disso, Joinville fi- alto da Serra, todos os caminhos
ca situada à margem do rio Ca- logo se abrirão para o interior -
choeira, e até alí sobe a maré, di à- para as Missões ou Corri entes as-
riamente, permitindo que as em- sim como para as Províncias cen-
barcações de quinze a vinte tone- trais do Brasil - qual não poderá
ladas cheguem ao pôrto da vila (' ser o futuro da colônia de Dona
descarreguem mercadorias vindas Francisca, como ponto de partida
de fora ou carreguem os produtos e de chegada, e de São Francisco
da colônia, que podem ser trans- do Sul, com o seu pôrto?
portados para a cidade- ou para I) Sendo nosso propósito referir-
pôrto de São Francisco no espaço nos às colônias somente naquilo
de poucas horas. que possa interessar o presente ou
Não voltaremos a falar sôbre () o futuro da Província, não entrá-
pôrto de São Francisco, pois o que mos em minúcias relativamente a
já dissemos (em capítulo anterior ) colonização em geral, por mais que
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elas viessem atender a curiosidade Ora, essa estrada que devia prl,;-
de alguns leitores, pois, do contrá- ceder a chegada dos colonos, ou,
rio - parece-nos sairíamos do pla- pelo menos, ser o primeiro traba-
no que nos traçámos; assim, ter- lho a executar, não existe ainda
minaremos êste capítulo com algu- hoje, e basta chover alguns dias
mas palavras sôbre a colônia de para ficar interrompida tôda co-
Santa Isabel e sôbre alguns núcleos municação entre a colônia e a baía
agora fundados pelo govêrno perto de Santa Catarina, que, no entan-
de Santa Isabel e nas margens do to, fica apenas a quatro léguas de
Itajaí-Mirim. A colônia de Santa distância.
Isabel foi fundada em 1847, com O futuro dessa colônia repousa
150 alemães, que chegaram a San- inteiramente na estrada de Lajes.
ta Catarina no mais lamentável es- Como atualmente o govêrno está
tado de pobreza, sendo instalados dirigindo para ali novos colonos, e
·pelo govêrno nas proximidades da se, ao mesmo tempo, intressar-se
nascente das águas termais, na pela construção da mencionada es-
estrada de Lajes, mais ou menos a trada, todo o distrito pOderá cres-
quarenta léguas de São José. AI·· cer de importânCia e tornar-se um
guns novos colonos que foram es- dos mais prósperos centros colo-
tabelecer-se no mesmo lugar, nos niais da Província.
anos seguintes, aumentaram a im-
portância da colônia, que, em 1851, Quando julgamos fatos consu-
contava 412 habitantes, elevando-se mados, somos fàcilmente arrasta-
atualmente a 500, devido, exclusi- dos a submetê-los à crítica; e se
vamente, aos nascimentos ali ocor- não resistimos a êsse intento, não
ridos. desejamos, entretanto, que nos
A fertilidade das terras permitiu acusem de injustos. Assim, deve-
à colônia fazer rápidos progressos, mos também dar a conhecer a si-
comprovados, em 1859, por um co- tuação do emigrante europeu que
missário especial do govêrno; po- acaba de desbravar o solo dos Es-
rém as primeiras linhas de seu re- tados-Unidos, copiando para isso
latório eram a mais flagrante cen- algumas linhas da perquirição feita
sura à falsa orientação ,seguida em em 1831, no próprio local, pelo Sr.
quase tôda parte na fundação dês- Alexis de Tocqueville. - "Que fa-
ses estabelecimentos. Recor.hecen- zem, perguntou êle, êsses desven-
do a situação realmente próspera turados quando a Providência os
da colônia, a boa qualidade das castiga com doenças? - Resignam-
terras e, ao mesmo tempo, a mora.- se e esperam melhores tempos. -
lidade e a aptidão dos colonos, o Mas recebem alguma assistência de
comissário i'mperial .acrescentava seus semelhantes? - Quase nenhu-
que os referidos colonos tiveram de ma. - Podem, pelo menos, recor-
lutar contra inúmeras dificuldades, rer aos recursos da medicina? -
estabelecidos, como se achavam, O médico mais próximo freqüente-
em meio da mata virgem e sem te- mente reside a sessenta milhas de
rem ao menos uma picada por on- distância. Como acontece com os
de pudessem transportar os víve- índios, êles morrem ou curam-se,
res e tudo o mais que lhes fôsse segundo a vontade de Deus. - A
necessário. voz da religião alguma vez chega
Entr~tanto, à fôrça de perseve- até êles? - Muito raramente. "Na
rança e de assiduidade, venceram hora presente a miséria é tão gran-
todos os obstáculos e, em 1859, en- de que o emigrante europeu, mui-
contravam-se, em sua maioria, fe- tas vêzes não podendo resistí-Ia,
lizes e satisfeitos, tendo alguns prefere ir fixar-se nas grandes ci-
acumulado pequeno cabedal. dades ou nos distritos que lhes fi-
Se refletirmos nos esforços des- cam próximo.
pendidos dessa maneira, tanto mo-
ral como fisicamente, pelas colonos Em Santa Catarina, o colono en-
recém-chegados, perguntamos co- contra todos os recursos que fal-
mo os resultados não teriam sido tam ao pioneiro dos Estados Uni-
mais satisfatórios se, antes de ins- dos, e o govêrno preocupa-se cada
talar os colonos, houvesse o go- vez m:::.is, nas colônias que se fun-
vêrno mandado abrir uma estrada dam, com as necessidades e com
entre o mar e a sede do futuro es- o confôrto dos colonos que são en-
tabelecimento. caminhados para ali.
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Uma nova colônia, a Teresópolis, mos no seu malôgro, sobretudo se
situada perto de Santa Isabel e co- a puserem em comunicação com a
meçada faz alguns meses, já se baía de Garoupas, da qual não fica
apresenta com tôdas as probabili- muito distante, sendo-lhe êste pôr-
dades de êxito e, sem nenhuma dú- to preferível ao de Itajaí.
vida, contribuirá para apressar a O vale do Itajaí é, atualmente,
abertura da estrada de Lajes, que uma das regiões mais prósperas
terá tão grande importància pata da Província; mas, a nosso ver,
o futuro da Provincia. não tem futuro e encontra-se qua-
Fundou-se na mesma época ou- se no apogeu a que pOderá atingir,
t.ra colônia (Brusque) à margem ao passo que o resto da Província
do Itajaí-Mirim, e o govêrno não ainda não entrou na senda de seu
tem poupado esforços no sentido desenvolvimento, e algumas terras,
de assegura-lhe um futuro prós- hoje a caminho da decadência co-
pero. Se bem que as suas terras mo as de Pôrto Belo, têm diante de
sejam férteis e o clima saudável, si um futuro brilhante e seguro,
cremos que as dificuldades serão desde que as atenções se voltem
ainda maiores que em Teresópolis, para elas e meios suficientes e ade-
reclamando também maiores sacri- quados sejam aplicados no desen-
fícios. Entretanto, não acredita- volvimento de tôda a Província.

Retratos do passado

Uma bela vista da cidade de Blumenau, nos primeiros anos dêste século. Aí ainda
se vê o velho prédio da Prefeitura, o primitivo Hotel Holetz e várias outras
construções que, na época, pOdiam ser relacionadas entre as melhores da cidade
l' que as exigências do progresso estão tratando de demolir para dar lugar a edi-
fícios modernos e monumentais como será, incontestàvelmente, o Grande Hotel
Blumenau que substitui o velho Holetz, de tão gratas e interessantes tradições.
Ae pôrto vê-se acostado o vapor "Blumenau", também um dos meniliráveis pio-
·neiros do nosso engrandecimento econômico.

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Os Tecelões de LODZ na História
de Brusque Ayres GEVAERD
o presente trabalho, foi lido pelo seu autor por ocasião das solenidades co-
memorativas do primeiro centenário do nascimento do Cônsul Carlos Renan,
a 11 de março de 1962, promovidas pela Sociedade Amigos de Brusque.

Desde 1951 que a Sociedade Amigos de Brusque vem se empenhan-


do no sentido de organizar a história de Brusque. Até então, os escri-
tos que nos davam notícias do nosso passado eram muito raros, e, com
o desaparecimento de nossos maiores e mais antigos moradores, ex-
tingue-se a melhor fonte de informações, que é a tradição oral. Feliz-
mente, a recuperação do período colonial foi possível graças à dedica-
ção do historiador catarinense Dr. Oswaldo Rodrigues Cabral que, ba-
seado em documentos originais, nos deu "Brusque, subsídios para a his-
tória de uma Colônia nos tempos do Império". Existe um parêntesis
na sequência histórica, que vai de 1890 a 1900, mais ou menos. A ca-
rência de documentos, a falta de jornais que registrassem os aconteci-
mentos, tem dificultado as pesquisas dos estudiosos para ser melhor
recomposta aquela década. Em 1881, ano da criação do Município a
colonização estava superada. As terras boas totalmente aproveitadas
e um grande número de colonos esperando lotes. Mesmo assim, in-
compreensivelmente, o órgão encarregado da colonização do Vale do
Itajaí, introduzia novas correntes imigratórias localizando-as em ter-
ra;s muito difíceis para o fim desejado. E foi assim que, por volta de
1890, chegavam a Brusque os primeiros colonos de origem Polonesa,
sendo instalados no caminho para Nova Trento, Ribeirão do Ouro, La-
geado do Porto Franco e Guabiruba Alta (localidades depois conheci-
das por Sibéria e Russland). Como era de se esperar esses imigrantes
não se adaptaram às novas terras, por serem montanhosas e de difí-
cil aproveitamento agrícola. Apesar da assistência temporária do Go-
vêrno, as dificuldades não se fizeram esperar. Nas localidades de Si-
béria e Russland declarou-se uma epidemia disentérica que sacrificou
a vida de elevado número de crianças e no Lageado, o tifo, também de
caráter epidêmico, ceifou a vida de muitos membros dessa infeliz colo-
nização. Existem lá, ainda hoje, vestigiosos de um cemitério conhecido
por "Cemitério dos poloneses".
O abandono quase total das terras pelas razões apontadas, iniciou-
se logo, em demanda de Nova Trento e outras regiões. No Ribeirão do
Ouro e Lageado as famílias que ficaram tiveram de adaptar-se ao tra-
balho e costumes dos imigrantes que lá já se encontravam, de origem
italiana.
Finalmente, os originários de Lodz, em pequeno número, procura-
ram aplicar na vila, e da melhor forma possível, adaptando-se aos re-
cursos existentes, a sua verdadeira e natural aptidão profissional. Es-
ses tecelões, segundo registros existentes na Comunidade Evangélica
e arquivo da Sociedade Amigos de Brusque, chegaram no período de
1890 a 1896, e são os seguintes:
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Kal'l Gottlieb Petermann com sua espôsa Berta e 3 filhos menores
Gottlieb Tietzmann e família Julius Haake;
Franz Kreibich e família; Alvin Schaffel;
Wilhem Jakowsky e família; Eduardo Franz;
Gustavo Schloesser com sua espôsa Natália e 3 filhos menores.
Marcineiros locais, entre êles os irmãos Pruner (Bepi e Francis-
co) fabricaram os primeiros teares manuais de madeira, que serviram
para uso particular. A origem da indústria da tecelagem em Brusque
foi, portanto, doméstica.
Discreta e modestamente iniciava-se na então vila de Brusque
uma nova era, que aos pOUC03 ia tomando proporções extraordinárias
lançando as bases da economia brusquense. Nesse modesto ambiente
apareceu Carlos Renaux, cujo conceito já se fazia sentir através de seu
dinamismo e capacidade para amplas realizações. Compreendeu logo
o alcance que a arte dos tecelões de Lodz poderia proporcionar. Ponti-
lhava então na política catarinenseí assinando a carta de 1891, parti-
cipando de episódios da revolução de 1893 e na política municipal. Sem
abandonar a política, da qual realmente gostava, foi de encontro aos
nossos tecelões cujos anseios eram certamente encontrar um guia sob
cuja direção confiariam seus conhecimentos. Nêste modesto trabalho;
colaboração honesta e sincera, destinado a reverenciar a memória dos
que iniciaram a verdadeira riqueza de Brusque, dispensamos a descri-
ção das dificuldades sem conta enfrentadas por Carlos Renaux e seus
colaboradores. Falemos mais um pouco dos tecelões, especialmente
sôbre os primeiros aqui chegados, de 1890 a 1896. É possível que a re-
lação feita não esteja completa, pelas razões já apontadas.
Franz Kreibich e Karl Gottlieb Petermann foram os primeiros
técnicos de Carlos Renaux. Petermann encontrava-se ainda com seus
familiares na Guabiruba Alta quando foi chamado para impulsionar
os primeiros teares, fato que Carlos Renaux desejava coincidisse com
o seu aniversário natalício. Como a conclusão das instalações junto a
reprêsa demorassem, os dois tecelões providenciaram, a título precá-
rio, ' o movimento de alguns teares, no dia 11 de março de 1892.
Ierke, Rutsch, Tietzmann e possivelmente outros possuindo teares
em casa recebiam de Carlos Renaux o material necessário e, com os
seus familiares, fabricavam o tecido, colaborando assim, indiretamen-
te, com a indústria que se iniciava.
Schiiffel Franz e Rutsch são apelidos quase desconhecidos hoje
e tudo faz crer que, por motivos ignorados, se retiraram de Brusque.
Wilhem Jankowsky não colaborou com Carlos Renaux; fornecia
o produto de seu trabalho ao comerciante João Bauer.
Em princípios de 1896 chegava a Brusque Gustavo Schloesser, di-
retamente para a fábrica de tecidos de Carlos Renaux, segundo regis-
tro existente na Sociedade Amigos de Brusque. Acompanhavam-no sua
espôsa Natália e três filhos menores, Hugo, Adolfo e Carlos. Dotado de
extraordinários conhecimentos de sua arte, orientava a fabricação de
teares de madeira, alguns dos quais funcionam ainda hoje. É de justi-
ça salientar que em muitas ocasiões difíceis na nova indústria. prin-
cipalmente no setor técnico, Gustavo Schloesser conseguia contornar.
e resolver as situações. Em 1911, com seus filhos, fundou a Companhia
Industrial Schloesser.
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Rudolfo, filho de Gottlieb Tietzmann, por volta de 1897 montava
sua indústria de malharia e tricotagem, adquirindo inicialmente, os
teares de Wilhem Jankowsky.
Outros tecelões, depois de 1896 aqui chegaram, os quais, junto
com os primeiros transmitiram seus conhecimentos a seus filhos e a
tantos operários que se sucederam na indústria de Brusque.
Em Brusque, dois períodos foram decisivos e verdadeiramente ex-
traordinários em sua existência de 100 anos. O primeiro foi o da ins-
talação da cotônia, verificado a 4 de agosto de 1860 até o finar da pri-
meira administração em 1867. O segundo foi a chegada, de 1890 a 1896,
dos tecelões de Lodz cujos conhecimentos foram aproveitados por Car-
los Renaux, cujo centenário de nascimento hoje se comemora. O ho-
mem que instalou a colônia Itajaí-Brusque, administrando-a honrada-
mente deu-lhe tudo o que um homem digno pode dar de si, especial-
mente carinho e dedicação: Barão Maximiliano de Schnéeburg.
A memória dos homens que modificaram o curso da história de
Brusque, instalando as bases dêste brilhante e fecundo parque indus-
trial têxtil: os humildes poloneses de Lodz, tributamos nesta hora em
que comemoramos o centenário de um grande homem, as respeitosas,
gratas e imorredouras homenagens da população brusquense at.ravés
da Sociedade Amigos de Brusque.

Um benemérito da Colonização Alemã


no Brasil
Foi na residência do senador Chris-o.:
tiano Mathias Sthroeder, em Hambur-
go, que foi contratada com os
de Joinville, a colonização das
seu dote, no norte de Santa Catarina.
Pelo contrato, os príncipes cediam, gra-
tuitamente, ao senador Schroeder, ou
Companhia que organizasse, 8 léguas
quadradas de terras, obrigando-se o
nador a povoá-las e colonizá-las com
emigantes europeus. O contrato foi ra-
tificado em 26 de abril de 1849 e, em
1851, vieram os primeiros imigrantes
alemães que fundaram a atual cidade
de Joinville. A foto à margem é cópia
uma gravura existente no Arquivo do
Senado de Hamburgo (Archiv des Ham- .
burger Senat). Christiano Mathias foi,
além disso, um dos grandes impulsio-
nadores da colonização alemã para o
Brasil empregando, no transporte de co- .::::.;..-=-_~=zn=,,==. __.'CiC._C='·'''';'
lonos para êste lado do Atlântico, navios de propriedade da emprêsa que
dirigiã. (O clichê ao lado foi-nos oferecido pelo nosso colaborador,
sr. Adolfo Schneider, de quem publicamos um trabalho neste mesmo
núm~r9 90S "Cadernos".
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ESTANTE DOS '~CADE'RNOS"
"REGISTRO DE ESTRANGEIROS. 1823 - 1830" - O Arquivo
Nacionàl publicou, em alentado volume de 250 páginas, muito bem im-
pressas em ótimo papel, a relação de todos os estrangeiros entrados no
país de 1823 a 1830. É o segundo da série, tendo o primeiro, aparecido
no ano passado (e de que já demos notícia nesta seção) relacionando
os alienígenas registrados entre 1808 a 1822.
O presente trabalho, como o anterior, foi elaborado sob a direção
do nosso ilustrado e douto amigo, sr. dr. Guilherme Auler, auxiliado pe-
la arquivista Wilma Schaefer Corrêa.
O dr. Auler, na "Introdução", tece interessantes e eruditos cc'"
mentários sôbre alguns dos nomes registrados, como o de Palliére, o
de João Martinho Flach, o dedicado servidor da imperatriz dona Leo-
poldina, o de Boulanger, o artista famoso e o de Rugendas, o incompa-
rável, e vários outros. A "Nota Liminar" está assinada pelo ilustre e
competente dr. Honório Rodrigues, diretor do Arquivo a quem as le-
tras históricas devem já preciosa e douta contribuição.
Uma particu]!.lridade f,nteressant.'e, que colhemosi de um ligeiro
manuseio do trabalho que temos presente: dêle consta, à página 131,
o registro do frei Romão Lapido, espanhol, religioso franciscano, que
veio para o Brasil em 27 de setembro de 1823 e que, segundo anotação,
partiu para Santa Catarina. Êsse franciscano está ligado à história do
povoamento do Vale do Itajaí, pois, pouco após a data da sua entrada
na província, vêmo-Io como auxiliar do frei Pedro de Agote, coadju-
vando-o no pequeno Curato do Santíssimo Sacramento do Itajaí, atual
cidade de Itajaí. criado naquele mesmo ano de 1823.
Essa indicação, para nós, é preciosa. Talvez seja o ponto de par-
tida para outros esclarecimentos a respeito da atuação dêsse e do frei
Pedro nos primórdios do povoamento da zona cujo passado particular-
mente nos interessa.
Agradecemos, efusivamente, ao dI. Auler mais essa gentileza que
teve para conosco, enviando-nos um exemplar do livro em aprêçc com
honrosa dedicatória.

O LINCE
O nosso prezado amigo e colaborador, sr. Luiz José
CC » Stehling tem nos remetido, com regularidade, a re-
vista "O LINCE", revista mensal ilustrada, que se publica em Juiz de Fora, sob a
direção do sr. Jesus de Oliveira e na qual o sr. Stehling, de quando em quando
publica interessantes artigos relativos ao passado juiz-de-forano. O sr. Stehling,
descendente dos primeiros colonos daquele município, empenha-se - e nisso
merece encomiasticos louvores - em destacar a atuação pioneira e atuante dos
fundadores de Juiz de Fora e dos seus descendentes que transformaram, por um
trabalho constante, honesto e árduo, a fazenda primitiva no grande centro co-
mercial e industrial que o próspero município sul-mineiro se orgulha de ser. Ao
sr. Stehling os nossos agradecimentos e ao "O Lince" que, neste, completa 50
anos de publicação, os nossos votos de crescente prosperidade para que conti-
nue a prestar relevantes serviços a Juiz de Fóra e ao Brasil .

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UM PARECER SôBRE A COLôNIA
ANO DE 1852
DE BLUMENAU DO Prof. Dr. Herbert KOCH, de Jena
(Especial para "Bl. em Cadernos")
Na edição de março de 1961, pu- nha para que se compreenda a ra-
blicou "Blumenau em Cadernos" zão do crescimento irreprimivel do
um artigo meu sob o título "Um número de emigrantes naquela
documento ignorado sôbre o co- época:
mêço de Blumenau". 374 .654 emigrantes embarcaram,
Apraz-me, agora, poder apresen- somente nas duas décadas de 1831
tar uma referência, especialmente a 1851, em Bremen, com destino à
significativa, sôbre a colônia de América do Norte. O aumento, de
Blumenau, datada de 1852, escr~ta , ano para ano, verifica-se do se-
portanto, três anos antes da men- guinte quadro:
cionada carta do jovem Hering, de 1833 8 .891
1855. 1835 6.185
Esta publicação, encontrei-a no 1838 9.342
jornal de Jena que, sob o título 1841 9.594
"Folhas do Saale" (Blãtter von der 1843 9.927
Saale") circulava, naquela época, 1845 31.000
três vêzes por semana - às terças, 1846 32.000
quintas e sábados - com quatro a 1847 33.000
oito páginas, formato 21 x 88, sen- 1848 30 .000
ão que a respectiva publicação se 1851 37.795
encontra às páginas 77/78 do nú- Impotentes, enfrentaram os go-
mero 19, edição de 14 de fevereiro vêrnos essa situação. Em parte,
de 1852. apontaram como razão, o cresCl-
l!:sse jornal não contava, apenas, mento vertigínoso da população eu-
leitores entre os então quatro mil ropéia, fato mesmo incontestável,
habitantes daquela cidade, mas segundo esta demonstração:
também entre os das numerosas al- Número de habitantes em milhões
deias circunvizinhas. Jena orgu- 1789 1848
lhava-se de possuir, desde 1558, :1 França 30 35 16,6%
única universidade da Turíngia, Rússia 33 70 112 %
sendo, assim, o jornal lido , natu- Áustria 28 39 40 %
ralmente, também pelos 450 estu- Inglaterra 14 29 16 %
dantes universitários. Prússia 6,5 16 147 %
A importância cultural que, por
esta circunstância, lhe coube, foi 106 189 78 %
razão suficiente para que o jornal Enquanto os aumentos ocorridos
tivesse leitores ainda, se bem que na França e Inglaterra se contra-
em número restrito, por tôda a Tu- balançavam, mais ou menos, o ve-
ríngia e mesmo no "exterior", de- rificado na Áustria, em relação a
nominação que, na época, não su- êsses países, era o três-dôbro e me-
bentendia apenas os pequenos paí- io, tendo sido o aumento, na Rús-
ses da Turíngia e o reino da Saxô- sia, de quase dez vêzes e, de doze
nia, mas também a província prus- vêzes até o ocorrido na Prússia.
siana da Saxônia. O deslocamento da população ru-
Existia, assim, para a soriedade ral para centros industriais, mes-
berlínense, que fez a respectiva pu- mo em pequena escala, resultou na
blicação, a garantia de levar o as- diminuição da produção agríCOla e
sunto ao conhecimento de um vas- conseqüente aIta dos preços dos gê-
to público, o que foi, certamente, o neros, tornando-se compreensível,
principal objetivo. em vista dessa situação, a atra-
Que me sejam permitidas algu- ção que se representou a suposta.
mas palavras de introdução, escla- melhoria de vida nas plagas ame-
recedoras da situação geral da Eu- ricanas, com riquezas descritas co-
ropa e, principalmente, da Alema- mo incalculáveis.

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Outra agravante da situação eco~ vêrno que ousasse contrariar tal
nômica foi a verdadeira febre ar- dispositivo, como não havia parla-
mamentista que ocorria nos países mento dispôsto a pô-lo fora de vi-
europeus, realisável pelos respecti- gôr, com a necessária maioria de
vos govêrnos, apenas através de dois terços . Nem havia ainda par-
continuas majorações da receita lamento, como o "Reichtag" do
tributária; e, finalmente, favoreceu tempo do Hitler, com a ambição de
a tendência emigratória a situação merecer o título de "melhor e mais
política em geral. Após o malôgro bem remunerada sociedade de can-
da revolução de 1848, verificou-se tores", que, reunindo-se, apenas,
acentuada reação da autoridade go- uma vez por mês, cantavam o hino
vernamental, que, em parte, des- da Alemanha a uma só voz e apro-
cambou para a insuportável opres- vavam todos os projetos que fôs-
são da opinião pública. Os parla- sem apresentados, embolsando, pa-
mentares foram mantidos, mas, in- ra tanto, altos honorários. Naquela
felizmente, não era pilhéria quan- época, não haviam ainda sido de-
do se afirmava gradados os parlamentos para tal
"On nous permet d'y dormir farça.
mais on ne nous permet d'y r011- Naturalmente que havia bastan-
fIer" tes conhecedores da situação, que
e muito menos se permitia a enU11- se empenhavam em fazer ccmpre-
ciação de palavras de crítica. ender aos governantes que só se
Em 1852, repetiu-se com dez ca- poderia evitar o êxodo, eliminando
tedráticos de Kiel, o que em 1339 as causas com medidas como: res-
tiveram de suportar os "Sete d~ trição das verbas para armamen-
Oottingen"; em junho, proibiu-se to, criação de novos campos de ati-
a exibição da obra "Wilhelm Tell'", vidade, melhoria salarial e assis-
de Schiller, em Trieste; - em ju- tência social, possibilitando aos ne-
lho foi condenado a vários anos de cessitados a aquisição, pelo menos,
prisão o diretor da escola de Gra- ào mais indispensável.
efe, K:lssel, homem tão destemido Infelizmente, êles pregavam a
e corajoso, quanto convicto livre um auditório de surdos.
pensador - para mencionar ape- Assim os govêrnos se limitaram
nas uns, entre muitos casos C011- a baixar decretos, para evitar as
gêneres. consequências malignas dêste êxo-
Principalmente nos círculos aca- do; ninguém teria o direito de
dêmicos, verificou-se uma atitude emigrar, sem participar a decisão
corajosa em favor de idéias libe- às autoridades, que fariam a devi-
rais, fazendo questão a maior par· da publicação por editais, possibi-
te dos professorml catedráticos que litando a prováveiS credores, a co-
Os seus títulos derivassem do vo- brança legal das dívidas, etc., como
cábulo latino "profiteri" (confessar os sujeitos ao serviço Militar, so
com brio a própria opinião) e nun- após dêsses decretos, como queixas
ca do outro vocábulo "profit" (pro- sôbre a inobservância dos mesmos,
veito), negando-se, assim, a consi- demonstram com nitidez, que não)
derar o ordenado como fator que deram resultado. Quem possuia
os obrigasse a ficar calados. salvo-conduto ou caderneta de pro-
:E; lÓgico que contagiaram, com as fissional ambulante, tinha a ga-
suas opiniões e aspirações, a juven- rantia nas mãos, de encontrar
vtude que lhes gravitava em tôr- meios e caminhos para emigrar.
no. O que adiantava a publicação de
Vez por outra, titulares de altos comerciantes alemães de Lima, ad-
cargos governamentais, externa- vertindo contra tõda e qualquer
ram opinião favorável à conveniên- emigração ao Perú? Quem tomou
cia de interditar a travessia das conhecimento do fato do naufrágio)
fronteiras. Não encontraram, po- do navio "Union", com centenas de
rém, apem:.s resistência ardorosa emigrantes alemães no Canal (Da
na opinião pública, mas também Mancha) ?
bem pouca receptividade nos meios Os jornais traziam notícias co-
governamentais. mo por exemplo: "Em fevereiro
Nas constituições constava, qua- 8presentaram-se em Francfurt 900
se sempre, a cláusula: "É garanti- cidadãos intencionados à p.luigra-
do o direito de estabelecer-se em ção, contra apenas 200 no ano an-
qualquer lugar" r não havia go- terior";
50 -

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"600 habitantes de Schwarzburg e desiludiu a muitos. Mas vamos
- Rudolstadt pretendem emigrar, dar a palavra à referida publica-
igualmente 2.000 de Schleswig cão:
Holstein, 25.000 de Hesse. - 40 so- - "Nos órgãos de imprensa pública
mente da pequena cidade de Re- é fei~a a prop'osta a emigrantes
chIa, na Turingia. alemaes, para contratá-los como
"481 adultos e 445 crianças do operários das fazendas de cinco
1.0 e 2.° distrito administrativo do grandes latifundiários no Brasil,
Grão-ducado de Saxe, no primeiro Nicolau Antônio Nogueira Valle da
semestre de 1852; - em julho em- Gama, Bráz Carneiro Bellens, Dona
barcaram 2.391 em Hamburgo, a Francisca Maria Valle da Gama,
maioria com destino à América do José da Silva Carvalho e Visconde
Norte". de Baependy.
Em Nova Iorque haviam chegado O dinheiro para a passagem se-
em 1850: 212.796 emigrantes; em ria adiantado, moradia posta à dis-
1851: 289.601 emigrantes, só dês- posição na fazenda, como forneci-
tes, 69.885 eram da Alemanha. do, para ser pago a prestações, tu-
Tais cifras encorajavam até aos do de que os emigrantes necessita-
mais tímidos; se tantos milhares rem durante o primeiro ano, co-
se decidiram a dar êste passo, por- mo gêneros alimentícios, roupas etc.
que então éles não haveriam de Isto sôa muito bem, mas o diabo
ir? vem depois.
Está certo que "a maioria dêles" Tudo que os imigrados desta ma-
seguiu para a América do Norte. neira receberem, logicamente terão
Quantos foram os que se dirigiram que pagar, não podendo, enquanto
à América do Sul, as relações, in- a dívida não for liquidada, deixar
felizmente, não deixam transpare- o serviço, devendo pagar juros sô-
cer. bre o restante após 4 anos. Terra
Devem ter sido muitos, entretan- não receberão como propriedade,
to. E que se viram frustrados nas tampouco salário fixo, mas ser-
suas esperanças, esta certeza nos lhes-á entregue o cuidado sôbre al-
dá de maneira incontestável uma guns milhares de cafeeiros. O café
publicação Que a entidade berli- aí colhido, será vendido pelo pro-
nense "Sociedade uara a Centrali- prietário da fazenda, e o lucro lí-
zação da Emigração e Colonização quido, obtido após desconto de des-
Alemã" (Verein zur Centralisation pêsas de transporte, comissão de
deutscher Auswanderung und Ko- venda e desconto pelo uso das má-
loniesation) a 17 de janeiro de .. quinas (para descascar os bagos de
1852 fêz em todos os jornais mais café), seria repartido entre o fa-
importantes da Alemanha, cujo zendeiro e o respectivo colono.
teor segue. Seria emprestada, ainda, ao co-
Ê, entretanto. aconselhável ob- lono, tanta terra quanta êste, no
servar-Se com imparcialidade, to- tempo vago, puder cultivar para o
mando-se em conta as respectivas seu sustento. Mas também do fru-
circunstâncias, as violentas acusa- to dêste eSfôrço, não pOderá o co-
cões nela contidas contra cinco lono vender o que fôr além daqui-
brasileiros. Já os cinquenta minei- lo que êle necessitar para uso do-
ros da Saxônia que, no Século xv::: méstico, e a venda dos produto::;
se dirigiram à Venezuela, viram-se será feita pelo fazendeiro, na mes-
amargamente desiludidos nas suas ma base da do café. Os colonos de-
esperanças, ficando, entretanto, a vem aceitar o compromisso de abs-
pergunta sem resposta, se as suas ter-se de negócios, sem permissão
esperanças não haviam sido exage- do fazendeiro.
radas e, normalmente, irealizáveis. É assim que se pretende explo-
Até que ponto isso se aplica, tam- rar a inexperiência e crendice dos
bém, às mencionadas fazendas bra- imigrantes alemães, não tendo ver-
sileiras, em 1852, da mesma mane- gonha de oferecer-lhes condições
ira não se pode averiguar mais. contratuais, que os tornarão sim-
Que os imigrados no Brasil não en- plesmente escravos. Pois o lucro
contrassem um leito feito de ro- dos colonos será mínimo, sendo que
sas, e que pombos assados não até os fazendeiros brasileiros ga-
viessem voando em direção de nham pouco com a venda da co-
suas bôcas, possivelmente aborreceu lheita do café, tendo a experiência
5l

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demonstrado que o lucro maior é hão se pode classificar de outra
dos intermediários. Sendo o fa- maneira, senão de eccravidão.
zendeiro o encarregado do trans- Mas é justamente esta a inten-
porte, apresentará uma relação de ção dos srs. Fazendeiros que agora
despêsas elevadas, e, com o des- procuram atrair os emigrantes ale-
conto do uso das máquinas, pouco mães. Os escravos estão se tornan-
lucro líquido restará, a ser reparti- do caros, porque a importação da
do com o pobre colono. Africa cessou por completo, tendo
O mesmo acontece com a compra se ~onstatado, ainda, que a popu-
de gêneros, que fica ao cargo do laça0 negra do Brasil não aumen-
fazendeiro . Em relação à produ- ta por si mesmo, sem o esfôrço con-
ção nas horas vagas, são ofereci- tínuo de novas levas. Procura-se,
das ao colono condições piores do assim, um substituto nos imigran-
que aos escravos, aos quais êstes tes alemães.
produtos, em todo mundo, perten- Que os fazendeiros brasileiros
cem integralmente, sendo-lhes per- experimentem tais meios é com-
mitido negociar com os mesmos, preensível, mas que alemães deem
como bem entendem. Ao imigran- a mão a estas negociações com ele-
te alemão nem esta vantagem se mento humano, como infelizmente
pretende dar nas propriedades dos está acontecendo, é verdadeiramen-
"cinco grandes latifundiários do te repelente.
Brasil". A emigração, já por si, é um pas-
so difícil, seguida, na maioria das
l!: fácil fazer-se o cálculo,- que, vêzes, de pesados remorsos. Mas já
nestas condições, será, na maior que está sendo realizada, convém
parte dos casos, impossvel ao imi- abrir os olhos do pobre emigrante
grante liquidar as suas dívidas que, muitas vêzes, é bastante in-
dentro de quatro anos. A passa- gênuo para dar fé a tais "vantajo-
gem do pôrto alemão ao Brasil é, sas e brilhantes" propostas, pre-
no minimo, de 45 táler e, incluídas servando-o do infortúnio certo.
as despesas inevitáveis de bordo Se o emigrante. decididamente
{colchão, louça, etc.>, sairá a 50 está intencionado de abandonar o;'
télers por pessoa. As despesas de sua terra, escolhendo para nova
estabelecimento e gastos em gêne- pátria o Brasil, que 3e dirija, pelo
ros alimentícios, até a primeira co- menos, a empreendimentos de co-
lheita, roupas e outras necessida- lonização, onde êle não será de-
des, será bom não contar com me- gradado à categoria de escravo
nos de 100 tálers. Pois muitas des- mas onde encontre condições d~
tas coisas, já por si, são caras no poder adquirir, com relativa faci-
Brasil, e o fazendeiro, sem dúvida lidade, uma propriedade rural, c
não há de deixar de marcar os pre~ onde se oferecem perspectivas de
ços mais altos por tudo, pois é de um futuro garantido.
seu interesse levantar a soma dos Como tais se pode mencionar a
gastos. Assim teria uma família de Colônia Dona Francisca, (fundada
quatro pessoas, uma dívida de no pela Sociedade de Colonização
mínimo, 600 tálers. Na melhor'das H3I-mburguêsa, em 1849); Colônia
circunstâncias poderia o colono li- Sao Leopoldo, na Província do Rio
quidar nos primeiros quatro anos Grande do Sul; e Colônia de Blu-
100 a 200 tálers, restando a dívida menau, na Província de Santa Ca-
de 400 t~lers. Inicia-se, então, a fa- tarina. Encontrará aí conterrâne-
se dos Juros, sendo a percentagem os da Alemanha, bom acolhimento
habitual aí de 18 a 25 por cento . e independência irrestrita.
A família deveria descontar, as-
sim, 72 a 100 tálers só pelos juros Contra todos os empreendimen-
da dívida, sendo fácil de se calcular tos, onde, como nos cinco latifun-
como a dívida aumentará, se não diários da província do Rio de Ja-
conseguir pagar o previsto. Está, neiro, os imigrantes alemães se-
assim, absolutamente, na mão do riam considerados apenas como
fazendeiro manter essa gente nos substitutos dos escravos vem ad-
vertir decididamente a' Sociedade
seus serviços, conforme lhe con- para Centralização da Emigração
vém, e os imigrantes, desta manei- Alemã.
ra, vão de encontro a uma situação Be:lim, 17 de janeiro de 1852".
que durará para tôda a vida, e que Ate aqui o aviso . O que a nós

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mormente nos interessa é a refe- dades já tivessem sido amainadas.
rência elogiosa às Colônias catari- A referência presente, de 1852, en-
nenses e riograndenses, de Da. tretanto, demonstra, com clareza,
Francisca, Blumenau e São Leopol- que a Colônia Blumenau, desde ,)
do, que, contràriamente às cinco seu início, ao contrário de outro,,>
fazendas, estão sendo apontadas empreendimentos, concedeu "aco-
como empreendimentos de exem- lhida amiga" aos colonos, propor-
plo e modêlo . É o documento, as- cionando-lhes "um futuro garan-
sim, comprovante do relatório do tido".
jovem Hering, que já tivemos opor- Êste reconhecimento, partindo de
tunidade de publicar . Datado do pena tão consciente da sua respon-
ano de 1855, podia se objetar que, sabilidade, merece seja devida-
naquela época, possíveis anormali- mente anotada.
----------*---------
EFEMÉRIDES José Deeke e Luiz Hedler. Foi no-
meado escrivão de paz o sr. Arthur
EM PINGOS Muller. Hansa-Hammonia é hoje
o município de Ibirama .

• A 31 de março de 1822, nasce • A 25 de março de 1927, o Con-


em Windischholzhausen, Alema- selho Municipal de Blumenau cria
nha, o grande sábio Fritz Mueller. o distrito de Taió, desmembrado
do de Bela Aliança .
• A 1.0 de março de 1833, o
Conselho Administrativo da Pro- • A 4 de março de 1929, o su-
víncia, divide o território de San- perintendente Curt Hering nomeia
ta Catarina em duas comarcas: a os seus substitutos eventuais nas
da capital e a do Norte, esta com pessoas d~s srs. Oto Hennings, Ru-
sede em São Francisco do SUl. dolfo Kleme e Adolfo Schmaltz.
Blumenau passou 3t pejrtencer a
esta. • A 2? de março de 1929, o Con-
selho Municipal de Blumenau con-
• A 3 de março de 1842. nasce cede licença ao sr . Curt Hering,
em Hartha, na Saxônia, Alema- s1!-p~rintendente municipal, para
nha, Bruno Ifuring que, com seu vlaJar para a Europa em trata-
irmão Hermann fundou as indús- mento de saúde. Assume o cargo
trias de tecidos, hoje Companhia o seu substituto Otto Hennings .
Hering. Bruno foi um dos gran-
des propugnadores do progressu • A 2 de março de 1934 é cria-
de Blumenau . Era trabalhador. do o distrito de Benedito Novo,
ativo, idealista . desmembrado do de Timbó.
• A 1.0 de março de 1892, o pa-
dre José Maria Jacobs, primeiro • A 9 de março de 1951 che-
Vigário de Blumenau, combalido gam à sede da colônia Dona Fran-
por desgostos e sofrimentos, é ví- cisca os primeiros imigrantes, fun-
tima, durante a celebração da mis- dadores de Joinville.
sa, de uma hemorragia .
• A 6 de março de 1917, o go-
• A 15 de março de 1906, os pa- vêrno requisita a entrega à Admi-
dres Jesuítas iniciam as aulas do nistração da Estrada tie F'erro San-
Ginásio Catarinense, de Florianó- ta Catarina os navios e demais
polis, que substituiu o Liceu Pro- bens móveis da Companhia de Na-
vincial . vegação Fluvial ltajaí-Blumenau
que fazia o transporte de carga~
• A 11 de março de 1912, por e passageiros entre as duas cida-
ato da Câmara Municipal de Blu- des .
menau, foi elevado à categoria de
distrito de paz, o território da Co- • A 4 de março de 1857 as águas
lônia Hansa-Hammonia. Foi ins- do. ri~ Itajaí foram sulcadas, pela
talado a 29 de maio seguinte, ten- pnmelra vez, por um vaso de guer-
do como primeiros juízes de paz ra a vapor o "Dom Pedro" .

i' _ 53

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A Data da Fundação de Joinville Adolfo Bernardo SCHNEIDER
Há diversas gerações Joinville, também chamada a "Cidade das Flôres".
situada na extensa baixada litorânea formada pelas vargens do Rio Cachoeira,
do Rio Cubatão e do Rio Pirai, festeja o seu aniversário no dia 9 de março.
Queriam ou querem alguns autores, entre mortos (como por exemplo OT-
TOKAR DOERFFEL) e vivos, que a data da fundação da "Cidade dos Prínci-
pes" tenha sido outra. Aventam por exemplo o dia 10 de março, quando foram
iniciadas oficialmente as vendas dos lotes de terras na antiga DEUSTCHE PI-
KADE, que depois se chaunaria durante gerações DEUTSCHE STRASSE e que
após à Primeira Grande Guerra Mundial receberia a sua denominação definiti-
va, a saber: Rua VISCONDE DE TAUNAY, lembrando aliás um grande amigo
de Joinville.
FRITZ EBERT, casualmente hcmônimo do primeiro Presidente da Repúbli-
ca de Weimar, seria o feliz proprietário da gleba n.O 1, que forma hoje uma qua-
dra inteira, onde se localizam por exemplo as vastas construções, citadinas, da
Fundição Tupy SI A., da Cia. Wetzel Industrial, da Fundição de Metais de
Wetzel & Cia. Ltda., da Rádio Difusora, do Hotel "Trocadero" e de uma grande
quantidade das' mais finas residências de Joinville.
Outros têm proposto, que a data de fundação seja recuada para maio de
1850, quando, segundo escutámos certa feita, em improviso pronunciado pelo
ilustre Professor CUSTóD[O DE CAMPOS, aquí chegou a "Comisão dos Três",
composta pelos Representantes dos maiores interessados no povoamento das gle-
bas até então desertas da futura Colônia Dona Francisca: o Major VIEIRA, re-
presentando o Govêrno de S. M. Dom Pedro II; o snr. Leoncio AUBÉ, represen-
tando o Príncipe de Joínville; e o Engenheiro GUENTHlER, representando a
Emprêsa de Colonização sediada em Hamburgo.
Temos ocasião de constatar, que sôbre a data de fundação de muitas cida-
des antigas pairam dúvidas, inclusivE; da maior cidade do Brasil, que é São
Paulo . E essas dúvidas são discutidas pelas gerações afora ...

Há pois aquêles, que querem basear-se na vinda da antes referida "Comis-


são dos Três" (em maio de 1850). Há os outros, que querem basear-se na che-
gada da primeira leva de povoadores (de 7 a 9 de março de 1851). E há ainda
os que pensam, que a fundação da cidade deve estar ligada à venda dos pri-
meiros lotes de terras (lO de março de 1851).
Quando possuimos elementos, dignos de fé, para afirmar, que mesmo antes
de AUBÉ construir aqui, em maio de 1850, a sua humilde choça de caboclo, de
paus a prumo e coberta de folhas de palmeira, já havia aquí habitantes de ori-
gem lusa ou castelhana. Informa essa fonte, que cêrca de 1834 foi trucidada aqui
uma família inteira pela bugrada feroz, que de nenhuma maneira queria ad-
mitir "intrusos" em suas terras . ..
Ao festejar a data natalícia de Joinville, costumamos basear-nos na data es-
colhida há gerações e fixada oficialmente por quem de direito e que por esta
razão também deve ser considerada DEFINITIVA, a saber o dia 9 de março de
1851, quando terminou o desembarqu.e da primeira leva de povoadores vindos
de Hamburgo pela bárca "COLóN" e do Rio de Janeiro pelos patachos nacio-
nais "MARRlj:CA" e "GLÓRIA DOS ANJOS".

Não deixa porém de ser bastante interessante historiar com brevidade os


antecedentes imediatos à fundação de Joinville.
Desde que, em maio de 1843, contraíra núpcias com Dona Francisca, Prin-
cesa Imperial do Brasil e que desde pequenina era chamada "a princesa sorri-
dente", era o Príncipe de Joinville dono de vasto latifúndio de 25 léguas quadra-
das, cuja escôlha seria realizada Eóm 1844 por AUBÉ e cujo levantamento topo-
gráfico seria feito em 1845 e 1846 por JERôNIMO COELHO, aliás o Fundador
da Imprensa Catarinense.
Para QS cita<,ios Prncipes, que passaram a residir na Côrte real fr?-pcêsa

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êsse vasto latifúndio, habitado por animais bravios e por seres humanos que,
além de ferozes, se encontravam ainda no primeiro degrau da Civilização, era
um autêntico "DANAER-GESCHENK", como se expressam os alemães. Isto é,
um veradeiro "presente de grego", com franca alusão ao Cavalo de Tróia, que
certamente deve ser considerado o maior presente grego da História.
Existia pois o interêsse, não somente dos citados Príncipes, como do próprio
Imperador Dom Pedro n, em povoar aquelas terras, sendo maior certamente o
interêsse daquêles, porque desejavam auferir algum rendimento daquela sua
propriedade.

Aconteceu que, quando foi composto, em 1848, em Paris, o seu pai, o Rei Luís
Felipe da França, o PrínCipe de Joinville, oficial superior da Armada francês a,
se encontrava, junto com sua jovem espôsa, em visita de cortezia em um dos
portos principais do norte africano . E não pOdendo e mesmo, não desejando,
nessas contingências, voltar o ilustre casal para a França, conturbada pela Re-
volução de Fevereiro, resolveram aproveitar uma oportunidade, que se lhes ofe-
recia, para embarcar diretamente para Hamburgo, num veleiro daquela nacio~
nalidade, onde travarnm conhecimento com o Senador hamburguês CHRIS-
TIAN MATHIAS SCHROEDER, em cuja residência estiveram hospedados.
Foi nesta oportunidade, certamente, em palestras amistosas, à mesa de jan-
tar ou após, fumando talvez um bom charuto "Bresil", que foram acertados os
relógios para fundação de uma Colônia, no Sul do Brasil e que deveria absor-
ver uma parte dos imigrantes, que naquela época abandonavam, em massa, a
Europa Central.

Assinado o Acôrdo particular em 1849, foi destacado no outono (europeu)


daquêle ano o Engenheiro H. GUENTHER, o qual tinha instruções, de dirigir-
se "via Rio de Janeiro" para as referidas terras, deixando tudo preparado, para
o receb~mento da :primeira remessa de povoadores.
No Rio de Janeiro, porém, foi Guenther obrigado a esperar bastante tem-
po pela homologação do referido "Acôrdo Particular" pelas Câmaras do Impé-
rio, fato êste que se realizou apenas em maio de 1850.
Partiu pois Guenther, junto com os citados Representantes do Govêrno Im-
perial e do Príncipe de Joinville e mais algumas pessoas contratadas, para São
l<'rancisco, a cuja jurisdição pertenciam naquela época as terras da futura Co-
lônia Dona Francisca.
Destacado para VER as terras e ESCOLHER o local para o futuro núcleo,
achou Guenther, que o local mais favorável para êsse primeiro núcleo seriam
às margens do Ribeirão Mathias, como logo em seguida seria batisado o curso
d'água, que corta o centro de Joinville. em dire0ão Oeste-Leste .
A missão de Guenther era PREPARAR O TERRENO para o recebimento dn
primeira leva de povoadores, os quais chegariam então a 6 de março de 1851
a São Francisco pela barca "COLóN" (palavra castelhana, que significa "CO-
LOMBO") .
Iniciado o desembarque no dia 7 de março, terminou êste serviço no dia 9
do mesmo mês e tendo sido abertas as vendas das terras, adquiriu o imigrante
FRITZ EBERT no dia 10 o lote N.o1, acima descrito e cujo "Kaufbrief" (Escri-
tura Particular de compra e venda) ainda existe no original.

Terminando esta sinopse da Fundação de Joinville, não é certamente de-


mais, ponderar ainda, que a data escolhida oficialmente há gerações, é o Dia de
Santa Francisca Romana, pelo que deve ser considerada também uma home-
nagem (não sabemos de momento, si póstuma) à nossa "princesa sorridente",
que foi a Princesa Dona Francisca.
A nosso ver, querer mudar ou pelo menos discutir a referida data, que já
se tornou tradicional, seria "soltar corujas em Atênas", o que por certo é de-
sin teressante.
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FIGURAS DO 'PASSADO

ELESBÃO PINTO DA LUZ


É tempo de se fazer justiça à me-
mória de um catarinense que, durante os
conturbados meses que se sucederam à
proclamação da República, foi, em Blu-
menau, um dos baluartes dos ideais que
nortearam o movimento liderado por
Custódio de Melo e Silveira Martins.
As circunstâncias políticas de ordem
local não deram à atuação do então au·
xiliar de justiça, Elesbão Pinto da Luz;
as simpatias do povo blumenauense. 1!:s-
te, liderado por Hercílio Luz, Paula Ra-
mos e outros, e orientado pelo principal
e destemido orgão de imprensa, o "Blu-
menauer Zeitung", era francamente flo-
rianista. Dera à causa do marechal não
apenas apôio platônico. Tomara mes-
mo das armas para enfrentar os maraga-
tos, senhores de todo o Rio Grande do
Sul, que haviam se apossado do govêrno
do Estado, e aí instalado, depois, a admi-
nistração provisória da República.
Elesbão, com Paulo Schwartzer, Engelke, Faust e mais uma meia
dúzia de correligionários viu-se cercado da antipatia geral. Entretanto,
na defesa dos seus ideais, na conduta desassombrada que soube manter,
distinguia-se como um cidadão sincero e corajoso, tendo sofrido as maio-
res perseguições e injustiças, chegando, afinal, a ser covardemente fu-
zilado, enquanto seus chefes e orientadores fugiam para o estrangeiro,
com a derrota da revolucão .
Elesbão Pinto da Lúz nasceu em Destêrro (atual Florianópolis) a
20 de outubro de 1860, na então rua Augusta (hoje João Pinto, em ho-
menagem à memória de seu pai) .
Era filho do comendador João Pinto da Luz, que tivera marcada
atuação no desenvolvimento político e econômico da província, e de
dona Maria Amélia Siqueira. Na casa em que nasceu, está hoje insta-
lado o Clube 12 de agôsto, da capital do Estado. Fêz seus estudos no
Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro .
Aos 18 anos de idade, casou-se com sua prima, Maria José, irmã
do dr. Hercílio Pedro da Luz que veio a ser governador do Estado e o
seu mais ferrenho adversário político .
Após o casamento, Elesbão foi residir na Colônia Brusque, em cuja
administração conseguira emprêgo e onde lhe nasceu a primeira filha.
Com a emancipação do município de Blumenau, criaram-se, ali, alguns
cargos, como os de tabelião e escrivão de orfãos. E, no govêrno do im-
pério, encontrava-se gabinete liberal . Era natural, portanto, que fôs-
sem escolhidos, para o preenchimento dêsses cargos, homens filiados
àquele partido .
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Em Blumenau, porém, havia bem poucos dêsse credo político. E os
que existiam, não estavam em condições de exercer o ofício por lhes
faltarem melhores conhecimentos da língua e das leis do país. Foram
nos, então, buscar em Brusque, onde a direção da colônia era tôda ela
liberal, ao contrário do que sucedia em Blumenau, cujo diretor não
fôra e nem admitira política nos negócios que dissessem respeito à ad-
ministração e à orientação da sua colônia.
Foi assim que Paulo Schwartzer e Elesbão Pinto da Luz transferi-
ram-se para Blumenau; o primeiro para a Agência de Terras e Coloni-
zação e o segundo como serventuário de justiça (escrivão e tabelião
- 1883).
Elesbão, inteligente e vivo, passou logo a arregimentar e a chefiar
os adeptos do partido liberal. Tinha, entretanto, contra êle, o prestígio
e a audácia de seu cunhado Hercílio e a grande, a esmagadora maioria
conservadora da população da vila e do município e da sua imprensa.
Tornou-se, desde logo, pela sua atuação, antipatizado por todos.
Mas foi, principalmente, nos lamentáveis dias da revolução de 1893
que a sua atuação adquiriu relêvo e o seu nome passou a representar,
em todo o Vale do Itajaí, a reação que, no sul do país inteiro, se le-
vantou contra o marechal Floriano Peixoto, então na presidência da
República.
Como chefe federalista de Blumenau, curtiu trabalhos e decepções
sem conta. A simples discordância de pontos-de-vista políticos entre
êle e o seu cunhado Herc.ílio, transformara-se em feroz ~imizade.
Cenas lamentáveis, aconteceram entre os dois próceres, ainda mais que
Elesbão, no cargo de Delegado de Polícia, fôra obrigado a tomar medi-
das ené,'gicas, aJgumas talvez eivadas de paixão partidária, contta
adeptos do chefe "pica-pau" .
A então Vila de Blumenau, pacata e ordeira, viu-se palco de acon-
tecimentos de grande repercussão na imprensa local e nas duas fações
em que a política brasileira dividira o país .
E. embora vítima de injustiças e violências, Elesbão não se apro-
veitou das momentâneas oportunidades em que as circunstâncias o
fizeram árbitro da situação, para exercer, ou permitir o exercício de
vinganças condenáveis.
Assim foi, por exemplo, quando, em dezembro de 1893 e janeiro de
1894, as fôrças revolucionárias do exército sob o comando do general
rebelde Gumercindo Saraíva acamparam em Blumenau, na sua marcha
para o litoral. Os comandantes dos vários corpos que aqui estaciona-
ram, efetuaram várias prisões, entre as quais a do então chefe repu-
blicano de Brusque, o comerciante e industrial Carlos Renaux. Era
intúito dêsses militares fuzilá-los (ou degolá-los, como era da preferên-
cia da soldadesca, tanto da parte dos "maragatos" quanto da dos "pi-
ca-paus") .
Foi Elesbão quem, energicamente, desassombradamente, evitou que
se consumasse êsse crime. (Ver "Blumenau em Cadernos", tomo nl,
pág . 220) .
Com a derrota dos revolucionários, cujos chefes nunca souberam se
entender, foi geral a debandada dêstes . A maioria internou-se no Uru-
guai e na Argentina, como foi o caso de Silveira Martins, dos almirantes
Custódio e Saldanha da Gama; outros ocultaram-se no interior do país,
indo mesmo alguns para a Europa.
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ElelS"b~o não podia abandonar o seu emprêgo e a família. Confiava,
também, em: quê os adversários agissem com "a mesma elévação de vis-
tas e magnanimidade com que, êle próprio atuara, tantas vêzes, a favor
dêles. Infelizmente, assim não sucedeu. prêso em Blumenau, Elesbão
foi remetido para Destêrro, onde já se encontrava, à testa do govêrno
do Estado, como interventor federal, o Coronel Moreira Cesar. Reco-
lhido, como muitos dos seus companheiros de ideal, à fortaleza de Santa
Cruz do Anhato-Mirim, Elesbão foi passado pelas armas no dia 16 de
abril de 1894, deixando a espôsa e filhos em grande pobreza"
Do seu casamento com dona Maria José, Elesbão tivera 12 filhos.
Dê~tes, sete morreram em tenra idade. Dos outros, vivem ainda Alice.
que se conservou solteira, Argentina, viúva do sr. José Manoel de An-
drade, Elesbão e América, também solteiros, todos residentes em Flo-
rianópolis. Ao ser fuzilado, Elesbão contava 33 anos de idade. Em
Blumenau, a família morava na zona suburbana, na propriedade que,
\lltimamente, pertencia a Bernardino Procópio, em Belchior, limites
de Blumenau com o município de Gaspar. Elesbão foi um dos signa-
t.ários do documento de despedida do Dr. Blumenau, por ocasião da
partida dêste para a Alemanha, em 1884. Em 1886 assinou a ata da
instalação da Comarca de Blumenau, tendo sido, nessa ocasião, nomea-
do tabelião do Têrmo.
Pela sua atuação em prol do progresso de Blumenau, cuja vida par-
tidária e autônoma acompanhou desde os seus primórdios, Elesbão me-
rece lugar de destaque entre os blumenauenses do passado.
É tempo de se pôr de lado a lembrança das suas idéias políticas,
para levar em consideração o que êle fêz de bom e de útil ao engran-
decimento da nossa comuna. E, nesse particular, é grande o acêrvo
de serviços que se lhe pode levar a crédito. Lembremo-nos, pois, com
simpatia, neste curto relato, de sua vida tão acidentada e a que pôz
têrmo, tão prematuro, a intolerância política de mistura com ódios par-
tidários incontrolados.
---*---
A São
24 de maio de 1881 foi a Comarca de Lajes desmembrada da de
José para constituír comarca aut6noma. O município de
São Miguel foi desmembrado da comarC"a da capital e anexado ao de
São José.

A 23 de março de 1881 foi elevado à categoria de Município a fre-


guesia de São Luiz Gonzaga das colônias Itajaí e Príncipe Dom Pe":
dro, com a mesma denominação (lei 920). A sede do município ficou
sendo a vila de São Luiz. O novo município seria instalado logo que
estivesse arranjada a casa para a câmara.

A freguesia
30 de março de 1881 foi elevada à categoria de vila e município, a
de São João de Campos Novos (lei 923) .

A 24 de março de 1928, falece em Indaial o escrivão e Chefe político


Frederico Muller filho de Augusto Muller e sobrinho do sábio Fritz
MuU.er. .

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J~ ______________ ~===- _______________________________

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•• C.&"'E!
C"'RiST.- DEEKE
n~(tWlJl1g~~~ cg ~ 00

DEZEMBRO DE 1961 meiro lugar ao professor Mascare-


1 - Entra em vigor o horário es- nhas Passos, de Florianópolis, o 2.°
pecial de Natal, para o co- ao sr. Hellmuth Th. E. Wagner, de
mércio. As lojas funcionarão das Curitiba e o 3.° lugar ao dr. Walter
8 da manhã às 21 horas. Nos sá- Jorge José, tendo a senhora Nami
bados, das 8 às 18. Deeke oferecido um prêmio de
2 - O prefeito toma providências Menção Honrosa ao sr. Jorge Wel-
para refôrço da iluminação se, expositor de Blumenau, que con-
pública da cidade, em vista das correu com valioso trabalho.
festas natalinas . Providencia a 8 - Entre os 220 inscritos nos
possibilidade das ligações elétricas exames vestibulares para a
para arcos e figuras decorativas, Escola Rio Branco, para ingresso
árvores de natal nas fachadas de na diplomacia, foram aprovados,
casas comerciais e particulares, apenas, 21 candidatos e, entre ês-
etc. tes, o dr. Danilo Mayr, filho de Rio
3 - O bazar organizado anual- do Sul e que é, assim, o primeiro
mente pela Sociedade de Se- elemento do Vale do Itajaí a in-
nhoras Evangélicas, em benefício gressar na Diplomacia brasileira.
da maternidade "Elsbeth Koehler", O dr. Danilo Mayr é um dos bri-
mantida por essa Sociedade, trans- lhantes colaboradores dêste men-
ferida, devido à enchente, para es- sário.
ta data, transcorre animada e com Entre os novos bachareis em di-
resultados satisfatórios. reito, formados êste ano, contam-
11: realizada uma noitada de bai- se os blumenauenses Dr. Martinho
lados e música da Orquestra Sin- Cardoso da Veiga, Emygdio Sada,
fônica do Teatro Carlos Gomes sob Maria Carolina da Silva Amorim,
a regência do maestro Heinz Ge- José Acary Souza . Em medicina
yer e alunos da Escola de Bailados bacharelam-se: Edemar Winckler,
do Conservatório Curt Hering, di- Ivo Olinger e Roberto Buechele, fi-
rigido pela professora D . Inês Pol- lho do ex-gerente do Banco do
ler. Brasil, sr. Hermes Buechele.
6 - Com a retirada do dr. Marci- 9 - Realiza-se a solenidade da
lio da Silva Medeiros da nos- formatura dos professoran-
sa cidade, realiza-se a Assembléia dos da Escola Normal Pedro lI, no
Geral ordinária, para a eleição da Teatro Carlos Gomes. Nesse mes-
nova diretoria da Associação de mo local, a 18, a formatura dos
Amparo aos Menores Desvalidos, contadorandos da Escola Técnica
substitli1ndo o ilu~re desembar- àe Comércio do Colégio Santo An-
gador na diretoria da Sociedade o tônio.
sr. Roberto Baier. Um blumenauense, o dr. Arno
O dr. Marcílio Medeiros foi subs- Pedro Hoeschl, neto dos saudosos
ti tu ido nas funções de juiz de Di- LeopoldO Hoeschl e Pedro C. Fed-
reito da La Vara da Comarca pelo dersen é eleito para a presidência
dr. Aristeu Gouvêa Schieffler, até do Superior Tribunal de Justiça do
agora titular da segunda Vara. Pa- Estado.
ra esta, foi transferido o dr. Ar- 16 - Em ofício dirigido ao Diretor
thur Balsini, juiz de Direito da Co- Regional dos Correios e Te-
marca de Rio do Sul. légrafos, o sr. Prefeito Municipal
8 - Abertura do 1.0 Salão Foto- reinvindica agências postais para
gráfico da ótica Heusi . O os bairros da Velha e do Garcia.
Júri, compôsto da sra. Nami De- 18 - Em vista do flagelo da en-
eke, srs. Hans Baumgarten e Acílio chente que atingiu, especial-
Acácio Nunes Pires, concedeu o pri- mente, os bairros pobres da cidade,
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as festividades de distribuição '-ie ratura agradável, após o ca.lor so-
presentes de Natal, pelas socieda- bremaneira forte que já começara
des beneficientes e de outras ins- no mês de novembro. Os jornais
tituições e de particulares são ex- aparecem em edições especiais.
cepcionalmente generosas neste 30 - Chega a Blumenau o dr. Léo
ano. No Clube Náutico América ti de Almeida Neves, diretor da
promovido pela senhora do sr. Pre- Carteira Agrícola do Banco do
feito Municipal o Natal dos filhos Brasil, acompanhado do dr. Alcides
dos Operários, com mesa de dôces, Abreu, coordenador do Banco de
ao som do Quinteto Catarinense, Desenvolvimento do Estado de San-
com a presença de Papai Noel, que ta Catarina. Depois de uma reuni-
acendeu o "pinheirinho", sendo be- ão com os gerentes das Agências
neficiadas 481 crianças. No Natal do Banco do Brasil, realiza rápidas
oferecido pela Campanha de Soli- visitas a várias indústrias locais .
dariedade Humana, o número de A noite há um banquete, oferecido
beneficiados é enorme, tendo ani- pela Associação Rural e classes
mado a cerimônia a banda de mú- produtoras do Município, no qual
sica do 23 R. I. O Rotary Clube pronuncia a saudação o agrônomo
Blumenau-Norte promove o Natal Klaus Hering, tendo falado, ainda,
dos Filhos dos Bombeiros e, entre o dr. Gentil Teles e, por fim, o ilus-
as muitas outras demonstrações de tre visitante.
altruismo, tomou-se expressiva a Entre os falecimentos ocorridos
cerimônia no Asilo de Velhos, onde DO município durante o mês, con-
aparece o pastor Rolf Duebbers, tam-se o da sra. Helga Hadlich da
com o côro da Igreja Evangélica. Silveira ,da sra. Alzira Schirach
24 e 25 - Os dias consagrados ao Kadletz e da sra. !solina Pereira,
Natal transcorreram da ma- esta vítima de acidente de trânsito.
neira tradicional, sob uma tempe-

*
O próximo número 4, dês te tomo, será dedicado à publicação dos
mapas estatísticos, informações e relatórios do Doutor Blumenau,
referentes ao ano de 1862. Por êsses documentos os nossos leitores
terão uma idéia exada do que era a colônia de Blumenau há cem anos
atrás. Para aquêle número, que em breve será distribuído, pedimos a
atenção dos leitores.
---*---
~ Fundação e orientação de J. Ferreira da Silva
ASSINATURAS:
ASSINATURAS: Por 12 números (1 Tomo) Cr$ 300,00
Número avulso 30,00
Número atrasado 40,00
REDAÇAO E ADMINISTRAÇAO:
Rua Augusto Severo, 822
Caixa postal, 2675
CURITIBA - Paraná
EM BLUMENAU:
Representante: Frederico Kilian
Caixa postal, 425 S
~cc~/~..ccoccccccccoeotB
-60-

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I Fábrica de Chocolate "S ATURNO"
I

i
II
M.E.Kaeser S.~L\.
BLUMENAU - Rua Paulo Zimmennann, 50 - C. Postal, 55
I
Enderêço Telegráfico: "Saturno"
I

I IA ~ UMA TRADlçaO
I
Especialidades: Chocolates - Pralinés
I
Bombons finos e baJaa .;;.. Beijo baiano
I
I Wafles-Filhós Chocolate em pó, ui- I
I
i 1

Produtos que hODram a indústria blumenauense.

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Emprêsa Fôrça e Luz
Santa Catarina S.A.
ALAM.tDA DUQUE DE CAXIAS, N.o 63
BLUMENAU - SANTA CATARINA
CAIXA POSTAL, N.o 2~

ENDElUlço TELEGRAFlCO : FORÇALU

---*---
CONCESSIONARIA dos serviços de fôrça e luz. nos .IDunicípíf"l
Blumenau - Gaspar - Dhota - Itajai - Brusque
Indaial - Timbó - Rodeio - Ibirama - Pre-
sidente Getúlio - Rio do Sul - Taió
Rio do Oeste e Trombudo Central
todos da região do Vale do ltajaí.

PROPRIETARIA das Usinas :


"Salto" - 7.000 KW
"Cedros" - 8 .000 KW
"Diesel" - 3.0·00 KW

EM OONSraUçAO:
, ._---_ ....... -- " ' .- - _ .. _- --_.-

Ulina "PALMEIRAS" - 18.000 KW

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