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ATUALIZAÇÃO

MECANISMOS DO SONO E DA VIGÍLIA

WALTER C . PEREIRA

O estudo dos mecanismos d o sono é u m dos campos da neurofisiologia


q u e mais se desenvolveu nas duas últimas décadas, e m b o r a há muito mais
tempo se venha procurando elucidar o ciclo existente entre o sono e a
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vigília. Deve-se a M a u t h n e r , e m 1890, a p r i m e i r a t e n t a t i v a para l o c a l i z a r
o " c e n t r o " d o sono, supondo-o situado na substância cinzenta periventricular;
a função deste centro seria a de c o n t r o l a r os impulsos que, através dele,
ligariam o tálamo a o c ó r t e x cerebral. Cerca de três décadas depois, v o n
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E c o n o m o , p a r t i n d o de estudos sobre a e n c e f a l i t e l e t á r g i c a , r e v i v e u a teoria
d a existência de centros para o sono e v i g í l i a . S e g u n d o este pesquisador tais
centros e s t a r i a m localizados e m ampla área que se estende desde a r e g i ã o
mesodiencefálica a t é o h i p o t á l a m o e núcleos da base. V o n E c ó n o m o obser-
vou q u e nas v í t i m a s da doença c o m sintomas d e soñolencia ou coma o e x a m e
a n á t o m o - p a t o l ó g i c o m o s t r a v a lesões múltiplas situadas n o h i p o t á l a m o poste-
r i o r e porções vizinhas d o m e s e n c é f a l o ( " c e n t r o da v i g í l i a " ) ; p o r outro lado,
q u a n d o o q u a d r o clínico se c a r a c t e r i z a v a por v i g í l i a patológica, e r a m encon-
t r a d a s lesões n o h i p o t á l a m o a n t e r i o r ("centro do s o n o " ) . Para von Economo
o sono dependeria d e m e c a n i s m o ativo, que poderia a g i r t a n t o sobre o cérebro,
através do t á l a m o ( " s o n o c e r e b r a l " ) , c o m o sobre os centros v e g e t a t i v o s do
tronco cerebral ("sono somático"), conceito este que permitia prever a
possibilidade de dissociação dos dois fenômenos.

Os conceitos modernos sobre os mecanismos do sono decorreram do


a d v e n t o das técnicas neurofisiológicas a t u a l m e n t e e m p r e g a d a s e introduzidas,
a partir d e 1920, p o r H a n s Berger. Essas técnicas p e r m i t i r a m o acesso a
um dos p a r â m e t r o s mais importantes p a r a o estudo funcional do cérebro,
que é a atividade elétrica.

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E m 1933 H e s s observou no gato, c o m electródios implantados crônicamente,
que a estimulação elétrica da massa intermédia do tálamo (nucleus reuniens e
a d j a c ê n c i a s ) , c o m pulsos d e l o n g a d u r a ç ã o e b a i x a f r e q ü ê n c i a , p r o d u z i a s o n o ou
soñolencia. Estes d a d o s e x p e r i m e n t a i s r e v i g o r a v a m a h i p ó t e s e d e v o n E c ó n o m o ,
s e g u n d o a q u a l o sono d e p e n d e r i a d e m e c a n i s m o a t i v o .

Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de


São Paulo: Assistente.
7 , 8
E m 1935 B r e m e r p u b l i c o u seus clássicos a r t i g o s , nos q u a i s d e s c r e v e u a
p r e p a r a ç ã o c é r e b r o i s o l a d o . P a r t i n d o da h i p ó t e s e d e q u e o sono n a t u r a l , a n e s t é -
sico o u p a t o l ó g i c o seria d e c o r r e n t e da d e s a f e r e n t a ç ã o d o t e l e n c é f a l o , e s t e f i s i o l o ¬
g i s t a s e c c i o n o u o t r o n c o c e r e b r a l d o g a t o a o n í v e l da t r a n s i ç ã o p o n t o m e s e n c e f á l i c a ,
v i s a n d o a i n t e r r o m p e r a c o n d u ç ã o c e n t r í p e t a d a m a i o r p a r t e dos i m p u l s o s senso-
riais. A p ó s tal secção o e l e c t r o c o r t i c o g r a m a ( E C o G ) passava a exibir a t i v i d a d e
" i n d i s t i n g u í v e l da que o c é r e b r o d o a n i m a l i n t a c t o a p r e s e n t a sob a n e s t e s i a b a r b i ¬
túrica". B a s e a d o nessa o b s e r v a ç ã o , B r e m e r supôs t e r p r o v a d o sua h i p ó t e s e i n i c i a l
de que a aferência contínua de influxos pelas v i a s sensitivas específicas (únicas
conhecidas até e n t ã o ) bombardearia incessantemente o córtex cerebral, mantendo-o
v í g i l ; o sono seria c a u s a d o p e l a i n t e r r u p ç ã o f i s i o l ó g i c a , f a r m a c o l ó g i c a , p a t o l ó g i c a
o u e x p e r i m e n t a l de t a i s i n f l u x o s c o r t i c í p e t o s t ô n i c o s . D e acordo com Bremer,
p o r t a n t o , o s o n o n ã o d e p e n d e r i a d e m e c a n i s m o a t i v o , m a s s i m p l e s m e n t e da su-
p r e s s ã o dos e s t í m u l o s a l e r t a n t e s s o b r e o c ó r t e x c e r e b r a l .
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E m 1942 M o r i s o n e D e m p s e y e Dempsey e M o r i s o n descobriram que a
e s t i m u l a ç ã o i t e r a t i v a a b a i x a f r e q ü ê n c i a ( 8 a 12 H z ) d e c e r t o s n ú c l e o s t a l â m i c o s
c a u s a v a o a p a r e c i m e n t o , e m v á r i a s r e g i õ e s do c ó r t e x c e r e b r a l , d e p o t e n c i a i s cuja
c a r a c t e r í s t i c a p r i n c i p a l e r a a d e a u m e n t a r e m de a m p l i t u d e c o m a p r o g r e s s ã o dos
estímulos. D e n o m i n a r a m a t a i s p o t e n c i a i s d e "respostas d e r e c r u t a m e n t o " , por
darem a impressão de que um número g r a d a t i v a m e n t e maior de neurônios corticais
ia s e n d o r e c r u t a d o p e l o s e s t í m u l o s . Quando a estimulação era prolongada as
respostas d e r e c r u t a m e n t o , após t e r e m a t i n g i d o a a m p l i t u d e m á x i m a , i a m d e c r e s -
cendo p r o g r e s s i v a m e n t e , a t é se e x t i n g u i r e m p o r c o m p l e t o ("desrecrutamento").
D e a c o r d o c o m M o r i s o n e D e m p s e y o f e n ô m e n o do r e c r u t a m e n t o é p r o d u z i d o p e l a
e s t i m u l a ç ã o dos n ú c l e o s i n t r a l a m i n a r e s , centro-mediano, ventral anterior e pólo
r o s t r a l do n ú c l e o r e t i c u l a r do t á l a m o . E m virtude de tais núcleos não perten-
c e r e m a o s i s t e m a d e p r o j e ç ã o e s p e c í f i c a , estes a u t o r e s c o n c l u í r a m q u e e x i s t i a e n t r e
o t á l a m o e o c ó r t e x c e r e b r a l o u t r o s i s t e m a d e p r o j e ç ã o , que, a o c o n t r á r i o d o
específico, l i g a d o p o n t o p o r p o n t o c o m á r e a s c o r t i c a i s restritas, a p r e s e n t a v a p r o -
jeções corticais difusas. A este sistema secundário d e n o m i n a r a m "não específico"
ou "sistema t a l â m i c o de p r o j e ç ã o difusa", t e n d o c o m o o r i g e m p r i n c i p a l os n ú c l e o s
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intralaminares e mediais do t á l a m o . Dempsey e M o r i s o n n o t a r a m q u e os e s t í -
m u l o s de f r e q ü ê n c i a e l e v a d a n ã o p r o d u z i a m respostas de r e c r u t a m e n t o e b l o q u e a -
v a m os fusos b a r b i t ú r i c o s da p r e p a r a ç ã o . Estes f i s i o l o g i s t a s t a m b é m o b s e r v a r a m
a g r a n d e s e m e l h a n ç a e x i s t e n t e e n t r e os fusos b a r b i t ú r i c o s e a s respostas d e r e c r u -
t a m e n t o , t a n t o e m r e l a ç ã o à c a r a c t e r í s t i c a s e l e c t r o f i s i o l ó g i c a s c o m o no t o c a n t e à
d i s t r i b u i ç ã o no c ó r t e x c e r e b r a l ; a l é m disso, d e s c r e v e r a m o f e n ô m e n o da o c l u s ã o
e n t r e os fusos b a r b i t ú r i c o s e as r e s p o s t a s d e r e c r u t a m e n t o , c o n c l u i n d o q u e a m b o s
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u t i l i z a r i a m as m e s m a s v i a s t á l a m o c o r t i c a i s . J a s p e r , e m 1949, c o n s e g u i u o b t e r
fusos i d ê n t i c o s a o s e s p o n t â n e o s , a p l i c a n d o e s t í m u l o s e l é t r i c o s i s o l a d o s aos n ú c l e o s
d o "sistema r e t i c u l a r t a l â m i c o " ( s i s t e m a t a l â m i c o de p r o j e ç ã o d i f u s a ) . U l t e r i o r -
m e n t e , a m a i o r i a dos p e s q u i s a d o r e s c o n f i r m o u a i d e n t i d a d e d e m e c a n i s m o s e n v o l -
v i d o s na p r o d u ç ã o das respostas d e r e c r u t a m e n t o e dos fusos e s p o n t â n e o s , b a r b i t ú -
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r i c o s e da p r e p a r a ç ã o c é r e b r o i s o l a d o ( B u s e r ) . Estes a c h a d o s v i e r a m r e v i v e r a
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o b s e r v a ç ã o p i o n e i r a d e H e s s , d e m o n s t r a n d o q u e o sono e s t a v a r e l a c i o n a d o c o m a
a t i v i d a d e de e s t r u t u r a s t a l â m i c a s .

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E m 1946 N a u t a chegou e x p e r i m e n t a l m e n t e a conclusões similares às
de v o n E c o n o m o quanto à l o c a l i z a ç ã o das r e g i õ e s encefálicas relacionadas
a o sono e vigília. Este pesquisador, trabalhando c o m o rato, observou que
lesões da área pré-óptica e do h i p o t á l a m o anterior ( " c e n t r o do s o n o " ) pro-
v o c a v a m estado de v i g í l i a p e r m a n e n t e ; os animais c o m estas lesões m o r r i a m
depois de v á r i o s dias de insônia e m completa exaustão. I n v e r s a m e n t e , a
destruição do h i p o t á l a m o posterior e de porções adjacentes do t e g m e n t o me¬
sencefálico ( " c e n t r o da v i g í l i a " ) d e t e r m i n a v a sono profundo e permanente.
Segundo N a u t a , o sono fisiológico seria produzido a t i v a m e n t e por uma a ç ã o
inibidora do c e n t r o do sono sobre o da vigília, sendo p r o v á v e l que o fascí-
culo prosencefálico m e d i a l estivesse i m p l i c a d o na transmissão dos impulsos
que r e g u l a m o r i t m o sono-vigília.

O c o n c e i t o d e B r e m e r de q u e a v i g í l i a e o s o n o d e p e n d e r i a m , e m ú l t i m a a n á -
lise, da c h e g a d a o u n ã o d e i m p u l s o s a l e r t a n t e s a o c ó r t e x c e r e b r a l a t r a v é s das
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v i a s sensoriais e s p e c í f i c a s p r e v a l e c e u a t é 1949, q u a n d o M o r u z z i e M a g o u n demons-
t r a r a m q u e a e s t i m u l a c ã o e l é t r i c a da f o r m a ç ã o r e t i c u l a r m e s e n c e f á l i c a p r o v o c a v a
a t i v a ç ã o d o E C o G d o g a t o sob a n e s t e s i a s u p e r f i c i a l p e l a c l o r a l o s e . E s t e s fisio¬
l o g i s t a s i n t e r p r e t a r a m seus r e s u l t a d o s c o m o s i g n i f i c a t i v o s d e que, na p o r ç ã o c e n t r a l
do mesencéfalo, existiam estruturas capazes de p r o v o c a r alerta ou v i g í l i a . Tal
c o n c l u s ã o se baseou n a h i p ó t e s e de q u e a a t i v i d a d e d e s s i n c r o n i z a d a d o E C o G ( a t i -
v a ç ã o ) r e p r e s e n t a r i a s e m p r e a c o n f i g u r a ç ã o dos e s t a d o s d e a l e r t a o u v i g í l i a . Para
p r o v a r q u e os e f e i t o s da e s t i m u l a c ã o do t e g m e n t o m e s e n c e f á l i c o n ã o e r a m m e d i a d o s
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pelas vias sensitivas especificas, Lindsley, B o w d e n e M a g o u n praticaram lesões
s e l e t i v a s , e m p r e p a r a ç õ e s a g u d a s no g a t o , das p o r ç õ e s l a t e r a i s d o m e s e n c é f a l o , des-
truindo t o t a l m e n t e tais v i a s . O b s e r v a r a m que ainda assim a estimulação da for-
m a ç ã o r e t i c u l a r , s i t u a d a c a u d a l m e n t e a o n í v e l da l e s ã o , c a u s a v a a t i v a ç ã o d o E C o G .
D a m e s m a f o r m a a e l e c t r o c o a g u l a ç ã o da s u b s t â n c i a c i n z e n t a c e n t r a l n ã o i m p e d i a
a a t i v a ç ã o do ECoG, o que somente era verificado quando a f o r m a ç ã o reticular
estava lesada e m níveis rostrais a o ponto e s t i m u l a d o . E m preparações crônicas
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Lindsley, Schreiner e M a g o u n demonstraram que a destruição seletiva da f o r m a -
ção reticular mesencefálica, t a m b é m no gato, determinava estado comatoso ou sono
p r o f u n d o q u e se p r o l o n g a v a d u r a n t e m u i t o s d i a s . A o contrário, a lesão das por-
ções laterais do mesencéfalo, e n v o l v e n d o apenas as v i a s sensitivas específicas, era
perfeitamente compatível com ritmos normais de sono e v i g i l i a . C o m estas obser-
v a ç õ e s f i c o u d e m o n s t r a d o q u e a f o r m a ç ã o r e t i c u l a r d o m e s e n c é f a l o n ã o só a t i v a o
E C o G , m e d i a n t e v i a s ascendentes, c o m o t a m b é m , a t r a v é s d e c o n t i n g e n t e s d e s c e n -
dentes, a t u a s o b r e c e n t r o s m o t o r e s d o t r o n c o c e r e b r a l e da m e d u l a e s p i n a l , d e t e r -
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m i n a n d o os c o m p o r t a m e n t o s d e v i g í l i a e de a l e r t a . F r e n c h e M a g o u n , e m 1952,
o b s e r v a r a m fatos semelhantes e m macacos c o m lesão seletiva de diferentes estru-
turas mesencef álicas.

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A p ó s os trabalhos de M o r u z z i e M a g o u n e de L i n d s l e y e col. tor-
nou-se c l a r o que, c o n t r a r i a m e n t e ao que supunha B r e m e r , a c o n f i g u r a ç ã o
sincronizada do E C o G da p r e p a r a ç ã o c é r e b r o isolado não era causada pela
secção das vias sensoriais específicas, m a s sim pela i n t e r r u p ç ã o do sistema
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r e t i c u l a r a t i v a d o r ascendente. Starzl, T a y l o r e M a g o u n s u g e r i r a m que a
a t i v i d a d e da f o r m a ç ã o reticular era mantida p o r colaterais das v i a s senso-
riais específicas e, m e d i a n t e o sistema r e t i c u l a r ascendente, os impulsos se-
r i a m levados a t é os níveis rostrais do tronco, a t i v a n d o o c ó r t e x cerebral
p r i n c i p a l m e n t e a t r a v é s do sistema t a l â m i c o de p r o j e ç ã o difusa. O u t r a s v i a s
acessórias para a a t i v a ç ã o do c ó r t e x cerebral passam pelo subtálamo e hipo¬
t á l a m o . Os trabalhos de M a g o u n e de sua escola demonstraram, portanto,
que a dessincronização d o E C o G é determinada por u m f l u x o tônico de i m -
pulsos reticulares, havendo um nível c r í t i c o acima do qual o animal se m a n -
t é m e m v i g í l i a e a b a i x o do qual adormece, sendo a a t i v i d a d e dessincronizada
substituída p o r sincronização. O sono, de a c o r d o c o m este conceito, seria
d e v i d o a o mecanismo m e r a m e n t e passivo da ausência de influxos reticulares
ativadores sobre o c ó r t e x c e r e b r a l .
A p a r t i r do trabalho de M o r u z z i e M a g o u n firmou-se o conceito de que
a a t i v i d a d e dessincronizada do E C o G correspondia necessariamente aos esta-
dos de alerta e / o u v i g í l i a e a atividade sincronizada, a o sono fisiológico, p a t o ¬
6 3 5 7 , 5 8
l ó g i c o ou f a r m a c o l ó g i c o . N o entanto, Wikler e Rinaldi e Himwich
mostraram a possibilidade de h a v e r dissociação e n t r e as referidas configura-
ções d o E C o G e os estados comportamentais de v i g í l i a e de sono. Wikler,
t r a b a l h a n d o c o m o cão, observou que a atropina e a n-alilnormorfina, e m -
bora provocassem sincronização d o E C o G s e m e l h a n t e à encontrada no sono,
não a b o l i a m o c o m p o r t a m e n t o de v i g í l i a dos animais, que f i c a v a m a t é exci-
tados, m o r m e n t e c o m a atropina. Rinaldi e Himwich d e s c r e v e r a m os m e s -
mos achados na cobaia atropinizada. T a i s drogas, portanto, pareciam blo-
quear apenas as vias ascendentes da f o r m a ç ã o reticular, impedindo a ativa-
ção cortical, n ã o a t u a n d o sobre o c o n t i n g e n t e descendente, o qual manteria
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o comportamento de alerta. Em 1955 Rimbaud, Passouant e Cadilhac
o b s e r v a r a m , n o g a t o c o m electródios c r ô n i c a m e n t e implantados, surtos p a r o ¬
xísticos de a t i v i d a d e e l é t r i c a neocortical dessincronizada, ocorrendo durante
o sono. Tais surtos se acompanhavam de sincronização da atividade do
hipocampo, eram estáveis, p r o l o n g a v a m - s e p o r v á r i o s minutos e não eram
influenciados por estímulos elétricos d e fraca intensidade aplicados à for-
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mação reticular mesencefálica. Em 1957 Dement e Kleitman também
notaram episódios de a t i v a ç ã o do E C o G durante o sono humano, os quais
coincidiam c o m a ocorrência de m o v i m e n t o s oculares rápidos e de sonhos.
Estes autores consideraram tais episódios c o m o estados i n t e r m e d i á r i o s entre
a v i g í l i a e o sono, classificando-os no e s t á g i o 1. Episódios idênticos foram
1 6
descritos p o r D e m e n t n o g a t o c o m electródios implantados crônicamente;
este pesquisador, e m b o r a tivesse n o t a d o que durante as fases d e sono a t i v a -
do e r a m necessários estímulos conoros m a i s intensos p a r a despertar o animal,
n ã o se decidiu quanto à v e r d a d e i r a profundidade q u e as mesmas represen-
tariam e n t r e os estágios do sono. Estudos ulteriores, feitos principalmente
3 4 5 9
por J o u v e t e p o r Rossi, F a v a l e , H a r á , Giussani e Sacco , demonstraram
que os períodos d e dessincronização do E C o G acompanhados de m o v i m e n t o s
oculares rápidos correspondiam à fase mais profunda d o sono, durante a
qual os animais apresentam abolição total d o t o n o m u s c u l a r e os l i m i a r e s
mais elevados p a r a estímulos a l e r t a n t e s periféricos ou aplicados à f o r m a ç ã o
reticular. O sono dessincronizado, estudado p o r v á r i o s autores, recebeu dife-
rentes d e s i g n a ç õ e s : ativado, rápido, paradoxal, profundo, r o m b e n c e f á l i c o .

3 4 , 3 8
Jouvet , u m dos n e u r o f i s i o l o g i s t a s q u e m a i s se t e m d e d i c a d o a o e s t u d o d o
sono, d i s t i n g u e b a s i c a m e n t e dois e s t á g i o s d e sono, d e s i g n a n d o - o s c o m o l e n t o e r á -
p i d o : o p r i m e i r o , telencefálico, s e r i a o r i g i n a d o n o c ó r t e x c e r e b r a l , c o m i n i b i ç ã o se-
c u n d á r i a da f o r m a ç ã o r e t i c u l a r m e s e n c e f á l i c a ; o sono r á p i d o é c h a m a d o de rom-
bencefálico, sendo a t r i b u í d o à a ç ã o d e u m c e n t r o s i t u a d o na f o r m a ç ã o r e t i c u l a r
da p o n t e ( n ú c l e o r e t i c u l a r c a u d a l da p o n t e ) . A f i m d e e s t u d a r as v i a s a s c e n -
d e n t e s a t r a v é s das q u a i s o c e n t r o p o n t i n o a t i v a r i a o c ó r t e x c e r e b r a l d u r a n t e a
f a s e p a r a d o x a l , J o u v e t p r a t i c o u l e s õ e s p a r c i a i s d e n u m e r o s a s e s t r u t u r a s da p o n t e ,
m e s e n c é f a l o , s u b t á l a m o , h i p o t á l a m o e á r e a s e p t a l , c h e g a n d o à c o n c l u s ã o de q u e a
integridade d o sistema reticular a t i v a d o r ascendente não é necessária para a
o c o r r ê n c i a da f a s e p a r a d o x a l ; n o s a n i m a i s c o m lesões da p o r ç ã o d o r s o l a t e r a l da
formação reticular do mesencéfalo não havia a t i v a ç ã o neocortical durante o alerta,
m a s s i m na f a s e p a r a d o x a l d o s o n o . P e l o c o n t r á r i o , a d e s t r u i ç ã o das e s t r u t u r a s
5 2
constituintes do circuito límbico mesencefálico-prosencefálico ( N a u t a ) , desde a
p o n t e a t é o s e p t u m , p r o v o c a v a a b o l i ç ã o ou r e d u ç ã o a c e n t u a d a da a t i v i d a d e dessin-
c r o n i z a d a n e o c o r t i c a l da f a s e p a r a d o x a l , m a s n ã o a do a l e r t a . A s s i m , J o u v e t c o n -
cluiu q u e as v i a s n e r v o s a s r e s p o n s á v e i s p e l a a t i v a ç ã o d o E C o G d u r a n t e o s o n o
r o m b e n c e f á l i c o p e r t e n c e m , t o t a l ou p a r c i a l m e n t e , a o c o n t i n g e n t e a s c e n d e n t e do
c i r c u i t o l í m b i c o m e s e n c e f á l i c o - p r o s e n c e f á l i c o . E m seus a r t i g o s m a i s r e c e n t e s , J o u ¬
8 7 , 3 8
vet d e s c r e v e c o m p o r m e n o r e s os m e c a n i s m o s h u m o r a i s que, s e g u n d o ele, desen-
c a d e i a m e m a n t ê m as d i s t i n t a s fases d o s o n o : o s i n c r o n i z a d o d e p e n d e da l i b e r a ç ã o
d e s e r o t o n i n a a o n í v e l dos n ú c l e o s da r a f e e o d e s s i n c r o n i z a d o o c o r r e a p ó s a d e g r a -
d a ç ã o da s e r o t o n i n a e p e l a a ç ã o c o n j u n t a d a n o r a d r e n a l i n a e a c e t i l c o l i n a a o n í v e l
do locus ceruleus. E m s u m a , J o u v e t d e f e n d e a tese d e q u e as fases s i n c r o n i z a d a e
d e s s i n c r o n i z a d a d o sono s e j a m d e t e r m i n a d a s p o r dois m e c a n i s m o s a t i v o s i n d e p e n -
dentes, desencadeados e mantidos p o r fatores humorais distintos.

M o r u z z i e a escola d e Pisa, que t a m b é m muito se e m p e n h a m no estudo


d o sono, consideram o t r o n c o cerebral c o m o sede t a n t o de estruturas dessin¬
c r o n i z a d o r a s c o m o sincronizadoras do E C o G , podendo d e t e r m i n a r v i g í l i a ou
sono m e d i a n t e ações recíprocas ou agindo sobre o t á l a m o .

2
Batini, Magni, Palestini, Rossi e Z a n c h e t t i e Batini, Moruzzi, Palestini, Rossi e
3
Zanchetti o b s e r v a r a m n a p r e p a r a ç ã o m e d i o p o n t i n a p r é - t r i g e m i n a l , no g a t o , u m
e s t a d o q u a s e p e r m a n e n t e de a t i v a ç ã o d o E C o G , a c o m p a n h a d o d e c o m p o r t a m e n t o d e
alerta. P e l o c o n t r á r i o , na p r e p a r a ç ã o r o s t r o p o n t i n a o E C o G se t o r n a v a s i n c r o n i -
z a d o e o a n i m a l e x i b i a c o m p o r t a m e n t o d e sono p r o f u n d o . B a s e a d o s nessas v e r i f i -
c a ç õ e s os r e f e r i d o s p e s q u i s a d o r e s c o n c l u í r a m q u e a f o r m a ç ã o r e t i c u l a r da p o r ç ã o
r o s t r a l da p o n t e e r a essencial p a r a a a t i v a ç ã o d o E C o G e p a r a o c o m p o r t a m e n t o
d e alerta. P o r o u t r o l a d o , t a m b é m n o t a r a m q u e na p r e p a r a ç ã o e n c é f a l o i s o l a d o
( s e c ç ã o a o n í v e l de C ) c o m g a s s e r e c t o m i a b i l a t e r a l o E C o G se m a n t i n h a p r e d o m i -
1

n a n t e m e n t e sincronizado e o c o m p o r t a m e n t o do g a t o era de s o n o . T a n t o nesta


p r e p a r a ç ã o c o m o na m e d i o p o n t i n a p r é - t r i g e m i n a l a s i n f o r m a ç õ e s a f e r e n t e s eram
p r a t i c a m e n t e as m e s m a s , p o r q u a n t o , e m a m b a s , as g r a n d e s v i a s a f e r e n t e s e s t a v a m
interrompidas. A ú n i c a d i f e r e n ç a e x i s t e n t e e n t r e as duas p r e p a r a ç õ e s e r a a c o n -
tinuidade da f o r m a ç ã o reticular a t é a parte b a i x a do tronco cerebral, presente
n o e n c é f a l o i s o l a d o e a u s e n t e na m e d i o p o n t i n a p r é - t r i g e m i n a l . P a r a e x p l i c a r as
d i f e r e n ç a s n a c o n f i g u r a ç ã o d o E C o G e n o c o m p o r t a m e n t o d e s t a s p r e p a r a ç õ e s , os
n e u r o f i s i o l o g i s t a s d e P i s a a d m i t i r a m a e x i s t ê n c i a de u m c e n t r o d e s a t i v a d o r ( s i n c r o -
n i z a d o r ) na p a r t e b a i x a d o tronco, capaz de inibir a f o r m a ç ã o reticular a t i v a d o r a
p o n t o m e s e n c e f á l i c a o u d e a t i v a r d i r e t a m e n t e as e s t r u t u r a s s i n c r o n i z a d o r a s do t á l a m o .
4
Batini, Palestini, Rossi e Z a n c h e t t i d e m o n s t r a r a m que a f o r m a ç ã o reticular a t i v a -
d o r a p o n t o m e s e n c e f á l i c a n ã o d e p e n d e de i m p u l s o s a f e r e n t e s p a r a m a n t e r o E C o G
a t i v a d o , uma v e z que e m preparações mediopontinas pré-trigeminais c o m total
d e s a f e r e n t a ç ã o o l f a t i v a e v i s u a l a i n d a p e r s i s t i a a c o n f i g u r a ç ã o e l e c t r o c o r t i c a l des¬
sincronizada. A d m i t i r a m , assim, a e x i s t ê n c i a d e a t i v i d a d e t ô n i c a a u t ó c t o n e n o
4 3
sistema reticular ativador. Magni, Moruzzi, Rossi e Z a n c h e t t i conseguiram pro-
v o c a r dessincronização do E C o G injetando tiopental d i r e t a m e n t e na circulação v e r -
t e b r a l ; m e d i a n t e t é c n i c a a p r o p r i a d a d e l i g a d u r a s , l i m i t a r a m a d i s t r i b u i ç ã o da d r o g a
s e l e t i v a m e n t e à p a r t e b a i x a d o t r o n c o c e r e b r a l , s e m i m p e d i r a c i r c u l a ç ã o nas a r t é -
rias vertebrais e carótidas. I n t e r p r e t a r a m os r e s u l t a d o s o b t i d o s c o m o s i g n i f i c a t i v o s
d a l i b e r a ç ã o da f o r m a ç ã o r e t i c u l a r a t i v a d o r a p o n t o m e s e n c e f á l i c a da i n f l u ê n c i a d e
u m m e c a n i s m o d e s a t i v a d o r s i t u a d o na p o r ç ã o c a u d a l d o t r o n c o , o q u a l seria b l o -
5
q u e a d o pela a ç ã o local do tiobarbitúrico. Berlucchi, Maffei, Moruzzi e S t r a t a ,
resfriando isoladamente o bulbo e a ponte, pela aplicação e l e t i v a de termódios no
a s s o a l h o do 4.° v e n t r í c u l o , o b s e r v a r a m q u e o b l o q u e i o t é r m i c o d a p o n t e p r o d u z i a
sincronização do ECoG, enquanto o do bulbo resultava e m a t i v a ç ã o . Estes auto¬
r e s c o n c l u í r a m q u e a o n í v e l d o b u l b o a a ç ã o t ô n i c a de e s t r u t u r a s s i n c r o n i z a d o r a s ,
a n t a g ô n i c a s a o s i s t e m a r e t i c u l a r a t i v a d o r , p r e v a l e c e sobre a a ç ã o d e s s i n c r o n i z a d o r a .
4 2
Magnes, Moruzzi e P o m p e i a n o provocaram sincronização do ECoG, em preparações
a g u d a s d e e n c é f a l o i s o l a d o n o g a t o , p e l a e s t i m u l a c ã o c o m f r e q ü ê n c i a s de 1 a 16 H z
d a r e g i ã o do t r a t o s o l i t á r i o e d o n ú c l e o r e t i c u l a r v e n t r a l d a p o n t e . Estímulos
c o m f r e q ü ê n c i a s a c i m a d e 30 H z , a p l i c a d o s às m e s m a s r e g i õ e s , p r o d u z i a m c o n s t a n -
2 1
t e m e n t e dessincronização do E C o G . F a v a l e , Loeb, Rossi e S a c c o , estimulando
n u m e r o s o s p o n t o s da f o r m a ç ã o r e t i c u l a r d o m e s e n c é f a l o , p o n t e e b u l b o c o m f r e ¬
q u ê n c i a s de 4 a 12 H z , e m g a t o s c o m e l e c t r ó d i o s c r ô n i c a m e n t e i m p l a n t a d o s , o b s e r -
v a r a m s i n c r o n i z a ç ã o do E C o G e c o m p o r t a m e n t o d e s o n o . E s t e s a u t o r e s d e m o n s t r a -
r a m , assim, q u e as e s t r u t u r a s d e s a t i v a d o r a s n ã o se l o c a l i z a m e x c l u s i v a m e n t e n a
parte baixa da f o r m a ç ã o reticular, mas t a m b é m e m toda a extensão do t r o n c a
cerebral de permeio com estruturas ativadoras. R o s s i , F a v a l e , H a r á , Giussani e
5 9
Sacco v e r i f i c a r a m q u e a e s t i m u l a c ã o da f o r m a ç ã o r e t i c u l a r do t r o n c o c e r e b r a l c o m
f r e q ü ê n c i a s e l e v a d a s , q u a n d o p r a t i c a d a n a s fases p r o f u n d a s d o sono s i n c r o n i z a d o
p o d i a d e s e n c a d e a r u m e p i s ó d i o d e sono d e s s i n c r o n i z a d o , c o n f i r m a n d o , assim, a c h a d o s
54
anteriores de J o u v e t . O mesmo fato foi observado por Paola, Rossi e Zattoni ,
1 0 , 1 1
estimulando várias áreas neocorticais no g a t o . Carli, A r m e n g o l e Z a n c h e t t i
d e m o n s t r a r a m , e m e x p e r i ê n c i a s f e i t a s n o g a t o , q u e n e n h u m dos c o n t i n g e n t e s a s c e n -
d e n t e s o u d e s c e n d e n t e s do c i r c u i t o l í m b i c o m e s e n c e f á l i c o - p r o s e n c e f á l i c o e r a e s s e n c i a l
para a a t i v a ç ã o do ECoG na fase p a r a d o x a l , infirmando, portanto, as o b s e r v a ç õ e s de
2 2
Jouvet. Carli e Z a n c h e t t i , praticando lesões electrolíticas em numerosos pontos
d o t r o n c o c e r e b r a l do g a t o , e m p r e p a r a ç õ e s c r ô n i c a s , c h e g a r a m à c o n c l u s ã o d e q u e
a ú n i c a e s t r u t u r a n e c e s s á r i a p a r a a o c o r r ê n c i a dos e p i s ó d i o s d e s o n o p a r a d o x a l
era o núcleo reticular oral da ponte, divergindo, mais uma v e z , d e J o u v e t .

O conceito da existência de mecanismos sincronizadores na formação


1 3 , 1 4 , 1 5
reticular d o t r o n c o cerebral foi t a m b é m defendido por Cordeau e c o l . .
Estes autores conseguiram dissociar os mecanismos ativadores dos desativa¬
dores m e d i a n t e microinjeções d e adrenalina e d e acetilcolina na formação
1 5
r e t i c u l a r do t r o n c o c e r e b r a l . I n d i v i d u a l i z a r a m , assim, um "sistema adre¬
nérgico", responsável pela ativação do ECoG e pelo comportamento de
alerta, e um "sistema c o l i n é r g i c o " c o m funções opostas. Ambos os efeitos
foram obtidos pela estimulação de grande número de pontos localizados
e m v á r i o s níveis da f o r m a ç ã o reticular, sugerindo que esta estrutura seja
o substrato d e dois sistemas funcionalmente antagônicos mas mesclados espe-
c i a l m e n t e de f o r m a íntima. T a l conclusão n ã o exclui a possibilidade de que
a o r i g e m destes sistemas se situe e m níveis diferentes, sendo o d e s a t i v a d o r
13
mais caudal ( b u l b o p o n t i n o ) e o a t i v a d o r mais rostral (pontomesencefálico) .
6 6 0
Outros pesquisadores, c o m o B o n v a l l e t , D e l l e H i e b e l e Rothballer
d e m o n s t r a r a m a influência de fatores humorais sobre a configuração d o
E C o G , considerando a adrenalina ou noradrenalina c o m o sendo, e m parte,
responsáveis pela dessincronização. S e g u n d o estes autores, tais substâncias
seriam liberadas p e r i f é r i c a m e n t e , e m conseqüência de estímulos variados, e
a t u a r i a m sobre a f o r m a ç ã o r e t i c u l a r mesencefálica, provocando sua a t i v a ç ã o
3 2
e, a t r a v é s dela, a d o E C o G . I n g v a r considera direta a a ç ã o dos f a t o r e s
humorais sobre o cérebro, pois a observou e m preparações d e c ó r t e x c e r e b r a l
5 5 4 6 4 5
isolado. P u r p u r a , Monnier, R o l l e r e G r a b e r e Monnier e H ö s l i verifi-
caram, e m preparações c o m circulação cerebral cruzada, a influência d e f a -
tores humorais liberados pelo animal doador sobre a atividade elétrica c o r t i c a l
do receptor, r e f o r ç a n d o a teoria humoral d o sono.
4 8 , 4 9
E m trabalhos mais recentes, publicados por M o r u z z i e por Z a n -
6 4
c h e t t i , são apresentados novos dados para a c o n f i r m a ç ã o da existência d e
estruturas sincronizadoras no t r o n c o cerebral. Contudo, a maioria das obser-
vações relatadas p o r estes autores condiciona o e f e i t o sincronizador sobre o
E C o G à freqüência baixa da e s t i m u l a ç ã o elétrica, o c o r r e n d o dessincronização
quando esta se e l e v a acima de certos l i m i t e s . K a a d a , T h o m a s , A l n a e s e
3 9
W e s t e r , no entanto, d e m o n s t r a r a m que estímulos elétricos de alta fre¬
quência, aplicados a v á r i o s sítios da f o r m a ç ã o reticular e m toda a e x t e n s ã o
do t r o n c o cerebral, p o d e m p r o v o c a r sincronização do E C o G no g a t o aneste-
siado c o m pentobarbital ou cloralose-uretana. Estas observações m o s t r a m
n ã o h a v e r necessidade estrita de que os estímulos sejam de baixa freqüência
p a r a que o c o r r a sincronização do E C o G , c o m o sugeria a maioria das pes-
quisas anteriores. C o n f i r m a m t a m b é m a presença, na f o r m a ç ã o reticular,
d e mecanismos relacionados especificamente c o m a desativação da a t i v i d a d e
e l é t r i c a cortical.
2 3 , 2 7
Hernández-Peón foi o u t r o neurofisiologista que, j u n t a m e n t e c o m seu
grupo, m u i t o se dedicou a o estudo dos mecanismos do sono. E s t e pesquisa-
d o r observou inicialmente que a estimulação elétrica de v á r i a s r e g i õ e s ence-
fálicas, principalmente da área pré-óptica, c o m pulsos de 1 a 25 H z , que e m
condições normais p r o v o c a v a sono e m gatos c o m electródios c r ô n i c a m e n t e
2 4
implantados, era ineficaz se o animal fosse p r e v i a m e n t e a t r o p i n i z a d o .
P a r t i n d o deste dado, H e r n á n d e z - P e ó n e sua escola p r o c u r a r a m l o c a l i z a r u m
sistema hipnógeno m e d i a n t e a estimulação colinérgica de extensa área, que
foi mapeada m i l í m e t r o por m i l í m e t r o , desde a p o r ç ã o mais rostral d o prosen¬
céfalo a t é a e x t r e m i d a d e caudal do tronco cerebral. P a r a t a n t o e m p r e g a r a m
mais d e u m a centena de gatos c o m cânulas especiais implantadas crônica-
mente, pelas quais introduziam cristais de acetilcolina, eserina ou carbacol;
nesses animais r e g i s t r a v a m o E C o G , os m o v i m e n t o s oculares e a a t i v i d a d e
elétrica do bulbo o l f a t ó r i o e da musculatura c e r v i c a l posterior, a f i m de
a c o m p a n h a r e m as diferentes fases do sono ( H e r n á n d e z - P e ó n , Chaves-Ibarra,
2 8 , 2 9
Morgane e Timo-Iaria ).

A e s t i m u l a ç ã o c o l i n é r g i c a d e g r a n d e n ú m e r o de p o n t o s l o c a l i z a d o s na r e f e r i d a
área permitiu o reconhecimento de uma v i a a n a t ô m i c a b e m circunscrita, a qual
se e s t e n d e d e s d e a p o r ç ã o b a s o l a t e r a l d o p r o s e n c é f a l o , c o m p r e e n d e n d o a r e g i ã o d o
tubérculo olfatório e área pré-óptica superomedial; pelo fascículo prosencefálico
m e d i a l p r o s s e g u e a t r a v é s das r e g i õ e s l a t e r a l e p o s t e r o m e d i a l d o h i p o t á l a m o , p r o ¬
logando-se pela porção v e n t r o m e d i a l do mesencéfalo ( á r e a límbica m e s e n c e f á l i c a )
a t é a t i n g i r o s n ú c l e o s d e B e c h t e r e w e d e G u d d e n na r e g i ã o m e d i a l d o t e g m e n t o
2 8 , 2 9
pontomesencefálico. Hernández-Peón e col. d e m o n s t r a r a m q u e esta v i a é m u l t i s ¬
s i n á p t i c a e de c o n d u ç ã o d e s c e n d e n t e , pois a l a t ê n c i a p a r a a i n d u ç ã o do sono e r a
t a n t o m e n o r q u a n t o m a i s c a u d a l fosse o p o n t o e s t i m u l a d o , v a r i a n d o a q u e l a e n t r e
8 2
os l i m i t e s d e 20 s e 4 m i n . A l é m disso, V e l l u t i e H e r n á n d e z - P e ó n p r o v a r a m que,
a t r o p i n i z a n d o p o n t o s dessa v i a s i t u a d o s c a u d a l m e n t e a o l o c a l e s t i m u l a d o , não
ocorria o sono. A p a r t i r dessas o b s e r v a ç õ e s H e r n á n d e z - P e ó n e seu g r u p o c o n c l u í r a m
que existia um sistema hipnógeno multissináptico originado no prosencéfalo e esten-
d i d o c a u d a l m e n t e a t é a p o r ç ã o i n f e r i o r d o t r o n c o c e r e b r a l , o n d e p o s s i v e l m e n t e se
j u n t a r i a a o c e n t r o s i n c r o n i z a d o r d e s c r i t o p o r M o r u z z i e sua e s c o l a . A l é m dos
p o n t o s h i p n ó g e n o s e n c o n t r a d o s nas á r e a s m e n c i o n a d a s , H e r n á n d e z - P e ó n l o c a l i z o u
o u t r o s n a m e d u l a o b l i n g a , n a s u p e r f í c i e o r b i t á r i a do l o b o f r o n t a l , na l í n g u l a d o
c e r e b e l o , na p a r t e a n t e r i o r d o g i r o c í n g u l o , na r e g i ã o p a r a m e d i a l d o t á l a m o e na
s u b s t â n c i a c i n z e n t a da m e d u l a e s p i n a l . O a c h a d o d e z o n a s h i p n ó g e n a s no b u l b o
e n a m e d u l a espinal a u t o r i z a r a m - n o a p o s t u l a r a e x i s t ê n c i a d e u m c o m p o n e n t e
a s c e n d e n t e no s i s t e m a c o l i n é r g i c o d o s o n o o r i g i n a d o e m n í v e i s m e d u l a r e s , q u e se
u n i r i a a o d e s c e n d e n t e na r e g i ã o d o r s a l da p o n t e .

H e r n á n d e z - P e ó n n ã o admite dualidade de mecanismos para as fases do


sono. P a r a este pesquisador e sua escola, o sono sincronizado seria d e t e r -
m i n a d o pela inibição do sistema r e t i c u l a r a t i v a d o r do m e s e n c é f a l o p e l o sis¬
t e m a colinérgico do sono; a inibição provocada por este sistema t e r i a c a r á t e r
ascendente e, a o invandir os núcleos talâmicos, determinaria o desapareci-
m e n t o dos fusos e ondas lentas corticais, que seriam substituídos pela a t i v i -
dade dessincronizada característica da fase paradoxal.

A situação atual dos conhecimentos sobre os mecanismos do sono eviden-


c i a que este estado fisiológico e n v o l v e grande n ú m e r o de estruturas sediadas
5 3
e m todos os níveis do sistema nervoso. N e e d h a m e D i l a , e m e x c e l e n t e
r e v i s ã o sobre o estudo dos sistemas sincronizadores e dessincronizadores da
a t i v i d a d e e l é t r i c a do neocórtex, c h e g a r a m à conclusão de que estes se loca-
l i z a m no assim c h a m a d o c é r e b r o a n t i g o ( " o l d b r a i n " ) , que compreende toda
a f o r m a ç ã o r e t i c u l a r d o t r o n c o cerebral, sua continuação através do paleo-
t á l a m o e o sistema límbico. H e r n á n d e z - P e ó n e sua escola t a m b é m demons-
t r a r a m a g r a n d e e x t e n s ã o das estruturas e n v o l v i d a s n o sono, localizando-as
p r e c i p u a m e n t e e m sistemas filo e o n t o g e n e t i c a m e n t e p r i m i t i v o s do sistema
nervoso, aos quais se acrescentaram as influências de níveis de aquisição
1
m a i s recente. P a r a A k e r t o substrato a n a t ô m i c o do sono n ã o pode ser
considerado a t u a l m e n t e c o m o u m centro, devendo antes ser encarado c o m o
u m sistema integrado, no qual r e c e p t o r e s periféricos, fatores humorais, vias
ascendentes e descendentes da f o r m a ç ã o reticular, assim c o m o o neo e paleo-
3 1
cortex, i n t e r l i g a m - s e e m circuitos múltiplos. H e s s , no entanto, assevera
que, e m b o r a o sono possua substrato a n a t ô m i c o a m p l a m e n t e distribuído no
sistema nervoso central, a f o r m a ç ã o r e t i c u l a r do t r o n c o cerebral, e especial-
m e n t e a do diencéfalo, pode ser considerada o "centro funcional do sono".

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Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo —


Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP — Brasil.

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