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Contrato social ou Contratualismo indica uma classe de teorias que

tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formarem Estados e


manterem a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as
pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a
fim de obter as vantagens da ordem social. Nesse prisma, o contrato social
seria um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a
autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime
político ou de um governante. O estado de natureza é uma criação hipotética
de cada contratualista que serve para imaginar como seria o aspecto natural da
sociedade, ou seja, a essência do ser humano e como esses se relacionariam
sem regras. Obviamente, toda teoria contratualista precisa iniciar com uma
hipótese para basear a teoria, já que não é possível ter conhecimento empírico
de uma sociedade “pré-social”. Até porque, realmente, isso não existe, já que
assim que um ser humano nasce ele já está inserido em um meio social, sendo
o primeiro contato o meio familiar. A etapa dois seria o momento em que os
indivíduos firmariam um contrato social, ou seja, delimitariam um conjunto de
regras e normas sociais que todos deveriam respeitar e seguir para conviverem
em sociedade. Dependendo de como cada filósofo define o estado de
natureza, as razões que levam os seres humanos a desenvolverem um pacto
social são diferentes. A etapa final é a sociedade como a conhecemos, com um
Estado e suas leis. Da mesma forma, cada filósofo, dependendo de como
desenvolve sua teoria contratualista, terá uma análise diferente da sociedade,
da ordem e das normas sociais.

Nas civilizações antigas, os usos e costumes das cidades regulavam as


relações comerciais, os quais eram verbais e informais. Com o crescimento
dessas civilizações, percebeu-se a necessidade de regular tais relações à
medida que as necessidades socioeconômicas foram ficando cada vez mais
volumosas. O verbo contrahere conduz a contractus, que traz o sentido de
ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de direitos e
obrigações. É o acordo entre duas ou mais partes para um fim qualquer. É o
trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou
obrigações, ou asseguram entre si algum direito. Para Maria Helena Diniz,
“contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem
jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as
partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de
natureza patrimonial”. Com a pós Revolução Industrial, e consequentemente a
evolução do direito e das necessidades humanas, podemos conceituar os
contratos como um negócio jurídico bilateral que gera obrigações para ambas
às partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou não
fazer alguma coisa, verificando assim, a constituição, modificação ou extinção
do vínculo patrimonial, sendo o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que
sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses
que regularam.

O contrato é uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral ou


plurilateral, carecendo, para sua formação, do encontro de vontade das partes.
Os contratos representam uma das mais importantes fontes de obrigações, são
convenções de direito pelas quais alguém pode ser constrangido a dar, fazer
ou não fazer alguma coisa. Sendo o contrato um negócio jurídico, requer para a
sua legitimidade, a observância dos requisitos do artigo 104 do Código Civil:

 Requisitos objetivos:

1. Licitude de seu objeto, que não pode ser oposto à lei, à moral, aos
princípios da ordem pública e aos bons costumes.

2. Probabilidade física ou jurídica do objeto, ou seja, se no período da


constituição do contrato, havia um impedimento para a sua concretização, ter-
se-á a inexecução do contrato com ou sem perdas e danos, de acordo com a
culpa do devedor.

3. Objeto determinado, o contrato deve conter os elementos


indispensáveis para que se possa definir o seu objeto, de modo que a
obrigação do devedor tenha sobre o que recair.

4. Economicidade de seu objeto, que precisa ser possível de


conversão, direta ou indiretamente, em dinheiro.

Requisitos subjetivos:

1. Existência de duas ou mais pessoas.

2. Capacidade das partes contraentes para exercer os atos da vida


civil, as quais não podem configurar-se nos artigos. 3º e 4º do Código Civil, sob
pena da anulabilidade ou nulidade do contrato.

3. Capacidade típica para contratar, ou seja, os contratantes deverão


ter legitimação para executar o negócio jurídico.

4. Concordância das partes acerca da existência e natureza do


contrato, do seu objeto e das cláusulas que o formam.

Os requisitos formais são aqueles referentes à forma do contrato,


porém, não há rigidez a tal requisito, sendo permitido na forma oral ou escrito.
O papel econômico-social do contrato foi reconhecido, recentemente, como o
motivo essencial de sua proteção jurídica. É por conta de sua finalidade
econômico-social que o Direito interfere na relação que seria apenas das
partes, protegendo tal interesse. Todo contrato tem finalidade econômica, que
é, enfim, o motivo de sua existência. Na asseveração de que o contrato exerce
finalidade social, o que se quer expressar, em resumo, é que deve ser
socialmente proveitoso, de modo que haja interesse público na sua proteção.
Por essa razão, existem alguns princípios que são basilares para a construção
e existência de tais contratos.

 A boa-fé é uma interpretação relacionada à intenção e o


comportamento dos agentes nas suas relações jurídicas. O princípio da boa-fé
deve ser entendido em dois sentidos, primeiro referente à divergência entre o
conteúdo literal da linguagem e o intento revelado na declaração de vontade, e
outro sentido concernente à conduta moral do contratante, considerada antes e
depois do contrato firmado. Tal comportamento deve submeter- se a regras de
ética, buscando evitar que uma das partes contraentes oponha obstáculos à
ação da outra na defesa dos direitos emergentes do contrato.  A função
principal do princípio da boa-fé é estabelecer um padrão ético de conduta para
as partes nas relações obrigacionais. O princípio da boa-fé objetiva, atualmente
é o principal norteador do direito civil, pois, tem o poder de modificar e
flexibilizar toda relação contratual, a boa-fé objetiva revela um padrão de
atitudes de honestidade que cada parte espera na realização de um negócio
jurídico, visando cumprir a presunção de justiça e bom senso nas relações
jurídicas, e por fim proporcionando uma segurança. A boa-fé subjetiva está
ligada à proteção de uma das partes que confia no posicionamento da outra,
podemos afirmar que é um estado psicológico a respeito de uma determinada
situação. Trata-se de uma acepção negativa, pois a pessoa pode alegar pela
boa-fé subjetiva que desconhecia características do negócio que poderia torná-
lo inválido, invocando esse desconhecimento a seu favor. Segundo o artigo 113
do Código Civil “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa
fé e os usos e costumes do lugar de sua celebração". Convém lembrar que, a
boa-fé se presume e a má-fé se prova. O princípio da autonomia da vontade
significa dizer que as partes podem acordar livremente, como melhor lhes
convier, mediante acordo das vontades, a disciplina de seus interesses,
provocando efeitos tutelados pela ordem jurídica, abarcando, além da liberdade
de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não contratar, de escolher o
outro contraente e de fixar o conteúdo. Deveres primários e secundários são
gerados em função do princípio da autonomia da vontade e da boa-fé. A
validade do contrato exige: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado
ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. De acordo com o
artigo 104 do Código Civil de 2002, são todos esses os requisitos para que a
vontade manifestada pelas partes possa valer no mundo jurídico. Ademais, a
função social do contrato consiste, assim como já previsto na constituição, o
artigo 421 do Código Civil: “Art. 421: A liberdade de contratar será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato”.

A importância principal não consiste em qualificar um contrato como


típico ou atípico em sua integração e interpretação, mas sim a intenção das
partes, mais vale a finalidade da vontade contratual do que as palavras
expressas.

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