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Páscoa: Cristo é apresentado ao crente

Texto Básico: Êxodo 12.1-14; 21-28

Leitura Diária
D Sl 118 – O que vem em nome do Senhor
S Jo 1.29-51 – Eis o cordeiro de Deus
T Lc 4.1-13 – Foi tentado, mas não pecou
Q Hb 9.11-28 – O sacerdote dos bens realizados
Q 1Pe 1.13-25 – Resgatados pelo sangue
S Rm 5.1-11 – Agora temos paz com Deus
S Ap 7.9-17 – Lavados pelo sangue

Introdução

O simples fato de Jesus ter morrido durante a celebração da Páscoa é razão suficiente
para percebemos o quanto o nosso Salvador e sua obra estão associados a essa festa. No
entanto, a relação de nosso Senhor com essa celebração judaica tem elementos muito
mais profundos.

O ritual da Páscoa foi estabelecido de forma a apresentar Jesus e sua obra ao povo de
Deus. É isso que veremos na lição de hoje.

I. A descrição do ritual

A instituição da Páscoa está registrada em Êxodo 12. Após anunciar a última das pragas
contra o Egito, a morte dos primogênitos, o Senhor orientou o povo sobre o modo como
deveriam proceder para serem poupados do juízo que se abateria sobre os egípcios.
Assim, além de celebrar a libertação da escravidão, a Páscoa anuncia simbolicamente o
que é preciso para escapar do juízo divino.

A instituição da Páscoa fez do mês de abibe o primeiro mês do ano no calendário israelita.
Ela é o marco do início de uma nova vida. Na noite do dia 14 desse mês Israel foi libertado
do Egito (Dt 16.1); por isso, nesta data durante todos os anos, Israel deveria celebrar a
Páscoa. No entanto, os preparativos para a festa começavam alguns dias antes.

O primeiro passo era a seleção do cordeiro. Isso deveria acontecer sob um criterioso
exame. No dia 10 do mês, cada família devia escolher um cordeiro ou um cabrito novo e
sem defeito (Êx 12.5), que ficava preso até o dia 14.

O segundo passo era considerar se os membros da família eram suficientes para comer a
refeição toda. Nada poderia sobrar dela no dia seguinte. Por isso, se na casa não houvesse
pessoas suficientes, o vizinho mais próximo devia ser convidado até que se chegasse ao
número suficiente para comer todo o cordeiro (12.4).

Assim, no final da tarde do dia 14, a comunidade se reuniria para sacrificar os  cordeiros.
Depois, voltariam à suas casas para assá-lo e comê-lo, durante aquela noite, juntamente
com pães asmos e ervas amargas (Êx 12.7-10).
Naquela primeira Páscoa, houve uma atividade especial. Cada família levou uma vasilha de
sangue para colocar nos umbrais das portas de suas casas. Esse sinal identificaria diante
de Deus (Êx 12.13), mas também diante dos egípcios, as casas em que estavam os
israelitas fiéis ao Senhor. Era uma corajosa declaração de fé. Por isso, somente aqueles
que se circuncidassem poderiam participar da celebração (Êx 12.43-48).

Em Deuteronômio 16, considerando que o povo em breve se instalaria na terra de Canaã e


que as tribos estariam divididas por toda a terra, foi acrescentada a exigência de que o
sacrifício da Páscoa só poderia ser realizado no lugar que Deus escolhesse para colocar o
seu nome (Dt 16.5-6). Esse lugar seria aquele em que estivesse o santuário divino.
Inicialmente a Páscoa foi celebrada em Gilgal (Js 5.11) e, por fim, em Jerusalém (2Rs
23.21-23; 2Cr 30).

Nos dias de Jesus, algumas tradições foram acrescentadas à celebração da Páscoa. O


exame dos cordeiros não era mais feito pelo pai de família, mas pelos sacerdotes que
ministravam no Templo. Essa necessidade de vistoria levou a maioria a preferir comprar
os animais certificados que eram vendidos no Templo e evitar passar pelo exame dos
sacerdotes que sempre poderiam encontrar alguma imperfeição nos cordeiros vindos de
fora (Encontrei Jesus numa festa em Israel, John Sittema, Cultura Cristã).

O sangue não era levado para as casas, mas derramado na base do altar. Cantavam-se,
então, os salmos 113 a 118, que lembravam os feitos de Deus na saída do Egito e a
promessa da vinda do Messias libertador. Então, as pessoas voltavam para suas casas,
salões alugados ou tendas e, em grupos de dez a vinte adultos, comiam a páscoa que
agora era marcada por quatro taças de vinho denominadas “bênção”, “ira”, “redenção” e
“reino” (John Sittema).

Cada passo desse ritual prescrito para a celebração da Páscoa foi preparado
cuidadosamente para revelar a Israel e a todos os verdadeiros crentes a pessoa e a obra
de Cristo em prol da nossa redenção.

II. Jesus, o cordeiro de Deus

O primeiro passo na celebração da Páscoa era a escolha do cordeiro. No que diz respeito à
nossa redenção, a escolha foi feita pelo próprio Deus(cf. Is 42.1).

Jesus foi precedido por muitos profetas que falavam de sua vinda como o Cordeiro
escolhido e enviado por Deus. João Batista foi o último destes profetas e o seu ministério
preparava as pessoas para a chegada do Messias e apontava para ele, como o “o cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Ao batizar Jesus, João viu o Espírito Santo descer sobre ele em forma de pomba e uma
voz do céu proclamar: “Este é o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mt 3.17).A
mesma voz e as mesmas palavras foram ouvidas no monte da transfiguração (Mt 17.5).
Jesus requereu para si esse testemunho celestial quando discutiu com os fariseus: “O Pai,
que me enviou, testifica de mim” (Jo 8.18).Muitas vezes, Jesus afirmou que estava
cumprindo uma missão que fora dada a ele pelo Pai (Jo 10.18; cf. Hb 5.4-5).
Não há dúvidas de que em toda a humanidade não há ninguém como Jesus. Por
isso, podemos cantar: “Ele é a luz do mundo, a estrela da manhã, dos milhares o escolhido
para mim” (hino 113, do Hinário Novo Cântico).

III. Jesus, o Cordeiro sem defeito

Ser escolhido não era o único requisito para o cordeiro da Páscoa. Segundo a prescrição
mosaica, o cordeiro deveria ser sem defeito. Essa também é uma característica que só
pertence a Jesus.

Quando Gabriel anunciou o nascimento de Jesus, disse que Maria, por meio do Espírito
Santo, daria a luz a um ente santo (Lc 1.35). João Batista confirmou essa condição de
Jesus ao observar que ele não precisava se submeter ao batismo para arrependimento, ao
que Jesus respondeu afirmando a necessidade de cumprir toda a justiça (Mt 3.14-15).
Nesse sentido, Jesus afirmou, no Sermão do Monte, que não veio revogar a lei, mas veio
para cumpri-la (Mt 5.17). Em toda a sua vida, Jesus provou sua perfeita santidade. Tentado
por Satanás, mostrou-se invencível, valendo-se da Palavra de Deus (Lc 4.1-13). Ele “foi
tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15).

Nem Satanás, nem aqueles que estavam a seu serviço puderam encontrar defeitos em
Jesus. Diversas vezes, os evangelhos registram que os líderes judeus tentaram apanhar
Jesus em alguma palavra (Lc 20.20,26), mas sem sucesso. Jesus suportou a dura e
tendenciosa sabatina dos fariseus e saduceus e, com suas respostas, fê-los calar. Após
prenderem Jesus, esses homens trouxeram muitas falsas testemunhas para condenar a
Cristo, mas nada conseguiram. Por fim, condenaram-no à morte por dizer a verdade (Mt
26.59-66).

Coube também a Pilatos ouvir as acusações contra Jesus. Seu veredito confirmou a
perfeição do Senhor: “Não vejo nesse homem crime algum” (Lc 23.4 cf. 24.14-15, 22).

Ainda hoje, muitos tentam apontar falhas e imperfeições de Jesus no intuito de


desacreditá-lo como o Cordeiro sem defeito de Deus. Não querem reconhecer Jesus Cristo
como seu Senhor e Salvador, por isso tentam inutilmente desmerecê-lo.

No entanto, aos olhos do crente, Cristo é e será para sempre o perfeito e santo Filho de
Deus. São bem-aventurados os que não acham nele motivo de tropeço (Mt 11.6). Assim
como fez André ao conhecer o cordeiro de Deus, imediatamente seguimos a Jesus (Jo
1.35-41). Quando olhamos para Jesus e quanto mais o conhecemos, suas perfeições se
tornam mais claras para nós. Ele se torna mais amado e desejado e ficamos convencidos
de que não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos
salvos (At 4.12). Ele é incomparável em sua glória e graça. Sob qualquer escrutínio, diante
de nossos olhos, Jesus se mostra o perfeito Cordeiro de Deus.

Reconheçamos que ele supre, com sobras, a nossa vida e busquemos compartilhá-lo com
nossos parentes, amigos e todos com quem temos contato.
IV. O sangue do Cordeiro

Por fim, temos o sangue do cordeiro, que certamente é a mais utilizada ilustração da
Páscoa acerca de Jesus. Ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, Jesus disse: “Bebei
dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor
de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26.27-28).

Desde então, o sangue do cordeiro pascal, colocado sobre as portas ou derramado na


base do altar, tem sido identificado com o sangue de Cristo, derramado na cruz pelos
nossos pecados. E seus efeitos têm sido apresentados de forma correspondente.

O principal aspecto relacionado com o sangue de Jesus é a redenção (cf. Hb 9.22).


A morte do cordeiro pascal era o único meio de ser poupado da ira de Deus que se abateu
sobre o Egito. As casas cobertas por aquele sangue não receberiam a visita do anjo da
morte. Isso foi uma representação de uma realidade muito mais profunda. Jesus é o único
que nos livra da ira vindoura (1Ts 1.10), aqueles que são cobertos pelo seu sangue têm
seus pecados perdoados (1Jo 1.7; Ap 1.5) e serão apontados como justos no dia do juízo
de Deus (Rm 5.9).

Apocalipse anuncia que os que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro venceram,
são bem-aventurados e receberam o direito de comer da árvore da vida e entrar na
Jerusalém celestial (Ap 12.11; 22.14).

O sangue de Jesus também é relacionado à nossa santificação (cf. Hb 13.12). Ele foi o
preço pago para nos resgatar do fútil procedimento que nos legaram nossos pais (1Pe
1.17-19).

O sangue de Cristo é também a base da responsabilidade dos líderes da igreja(cf. At


20.28). A igreja pertence ao Senhor, ela foi resgatada pelo alto preço do sangue de Cristo
(Ap 5.9). Por isso, todo o cuidado deve ser empregado em seu pastoreio.

Por exemplo, é pecado gravíssimo fazer tropeçar ou entristecer, por qualquer


motivo, alguém por quem Cristo morreu (Rm 14.13,15; 1Co 8.11 cf. Lc 17.1-2).

Conclusão

A ligação de Jesus com a festa da Páscoa vai muito além da data em que sua morte
aconteceu. De muitas formas podemos ver que a Páscoa foi instituída para nos apresentar
Cristo. Cada detalhe do ritual foi cuidadosamente preparado para refletir a perfeição de
Nosso Senhor e para indicar a obra que ele realizou para a nossa redenção.

Um israelita dedicado à comemoração da Páscoa não teria como negar que Jesus Cristo
cumpriu plena e perfeitamente todos os aspectos prescritos para essa celebração e o seu
sangue era infinitamente mais eficaz para a redenção e santificação do povo de Deus.

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