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Processo Penal III – M2 1

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

 É um recurso, que não é um recurso.

 Fundamentos Base
O cidadão tem direito a uma decisão judicial de qualidade (decision de cualidad), ou
seja, que se tenha qualidade na prestação jurisdicional. Se a decisão não tiver
qualidade, cabe embargos, pois a sentença (decisão judicial) tem que ser clara e
compreensível (Gustavo Badaró).

 Finalidade dos Embargos de Declaração:


Garantir a eficácia da prestação jurisdicional (que a sentença seja a melhor possível) e
a eficácia da garantia das decisões judiciais, ou seja, sendo uma decisão garantista, em
que se tenha direitos e obrigações respeitadas.

 Requisitos Objetivos
o Cabimento: É qualquer ato ato decisório judicial. São as decisões ou sentenças,
pois ambas tem conteúdo decisório, cabendo portanto Embargos de
Declaração. Matérias que são atacas por Embargos de Declaração são:
 Ambiguidade: dizer duas coisas
 Contradição: dizer duas coisas opostas entre si
 Omissão: Não analisa, desrespeitando o direito de petição.
o Tempestividade: impetrar em até 2 dias

 Requisitos Subjetivos
o Legitimidade: Só pode ser oposto por Defesa, MP, e Assistente de acusação, se
admitido.
o Existência de gravame: É a sensação de prejuízo.

 Efeitos dos Embargos de Declaração


o Regressivo: É quando o próprio juiz vai reanalisar a decisão atacada.
o Suspensivo: suspende o andamento até a nova decisão.
o Devolutivo: Não existe em Embargos de Declaração, por isso alguns
doutrinadores dizem que não é um recurso.

 Existência de contradição no Embargos de Declaração


Contraditório são dois entendimentos divergentes. MP e Defesa são partes divergentes
por essência, sendo que o Juiz não é parte. Assim, não pode existir contradição com o
juiz.

EMBARGOS INFRINGENTES

 Fundamentos
A Apelação e a Rese tem tramitação um tanto parecida no tribunal.
1) Inicia-se com distribuição por sorteio, para uma das câmaras (que terão no
mínimo 3 juízes, a depender do Regimento Interno).
2) Sorteia-se (ALEA) o relator, o revisor, o vogal, e mais o procurador de justiça.
Em caso de placar 1 x 2 (onde a defesa tenha tido ao menos um voto de divergência),
ou seja, a favor da defesa seja voto vencido, ocorre a divergência.
Embargos infringentes: voto de divergência é um tipo de recurso. No caso de a votação
ter sido desfavorável, 1 x 2, mesmo desfavorável ela não foi unanime, abrindo a
divergência.

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Assim, o fundamento dos Embargos Infringentes, é a existência de voto vencido e a


necessidade da existência de 1 voto de divergência.
Tem objeto da divergência uma questão de fundo, de mérito, que poderá levar à
absolvição, redução da pena, etc. No caso de questões exclusivamente processuais,
cabe “embargos de nulidade”.

 Requisitos Objetivos
 Cabimento: sob 2 aspectos
 Contra uma decisão não unanime, proferido por Tribunal, no
julgamento de apelação, Rese ou agravo em execução. Não cabe em
caso de Embargos Declaratório, Habeas Corpus, Revisão criminal, etc.
 É um recurso exclusivo da defesa, pois exige uma decisão não unanime
desfavorável ao réu.
 Adequação: deve ser interposto por petição, não se admitindo por termo nos
autos na medida em que as razões já devem acompanhar a interposição.
 Tempestividade: o prazo para interposição é de 10 dias, contados da
publicação do acordão na imprensa oficial. O prazo é único para interposição e
para as razões, devendo ocorrer tudo no mesmo momento.
 Preparo: exigível em caso de APP. Entretanto, não é necessário, bastando
aquele feito na apelação. É matéria tratada pelo Regimento Interno dos
tribunais.

 Requisitos Subjetivos
 Legitimidade: somente a defesa tem legitimidade para opor Embargos
Infringentes.
 Existência de Gravame: seja percebido um prejuízo pela sentença,
relacionado diretamente à existência de um voto divergente favorável a defesa.

 Prazo
 Único de 10 dias, para interposição do pedido e das razoes, em um único
momento.

 Efeitos
 Devolutivo: possui o efeito devolutivo propriamente dito, incumbindo ao
órgão jurisdicional superior o julgamento da impugnação, sem possibilidade de
reexame pelo mesmo colegiado.
 Suspensivo: como regra, o réu tem o direito de recorrer em liberdade. Aury
Lopes entende que mesmo com o entendimento do HC 126292 do STF
(possibilidade de execução antecipada da pena após decisão em 2º grau),
existindo a pendencia de embargo infringentes, não ocorre o esgotamento d
jurisdição de 2º grau. Assim, incabível a execução antecipada da pena
enquanto pendente o julgamento dos embargos infringentes.

HABEAS CORPUS – Artigo 647 e ss do CPP

 Manifestacion de personas (+/- 1428)


Ao pé da letra, Habeas Corpus significa “ levar o corpo da pessoa a presença de
autoridade para verificar a legalidade da prisão.
Existem 2 tipos de prisão: as prisões penas, e as prisões cautelares (preventiva em
sentido lato sensu. Essas são as prisões antes do transito em julgado da sentença.
Assim, o Habeas Corpus ocorre somente em caso de prisão cautelar ou preventiva
(stricto sensu).

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Habeas Corpus não é um recurso, e sim uma ação originária.


O Habeas Corpus surgiu na Espanha, no Reino de Aragão, em 1428, através das
Manifestacion de Personas.

 Finalidade da Manifestação
 Possibilitar que o deito fosse do cárcere para a “casa dos manifestados”, ou
seja, era levar o detido do cárcere para liberdade provisória.
 Prevenção de detenções ilegais. A prisão ser prevista na lei, e não na força.

 Habeas Corpus no Brasil


Chegou no Brasil no século 18

 Natureza Jurídica
Ação autônoma de impugnação de natureza mandamental e com status constitucional.
 É uma AÇÃO, não é um recurso.
 É AUTONOMA (governa-se por si mesmo). É uma ação singular, única, não
precisando de mais nada.
 É uma IMPUGNAÇÃO, pois visa contestar, tirar a legitimidade de algo já feito.
 Tem NATUREZA MANDAMENTAL, pois é um mandamento, uma ordem, um
comando (ordem emitida por autoridade – juiz). Busca-se a ordem de Habeas
Corpus ao final do pedido.
 COM STATUS CONSTITUCIONAL, pois é prevista na Constituição Federal, a fim
de garantir que não seja revogado.

 Sem dilação probatória


Não existe na Habeas Corpus, pois se tem a exigência de prova pré-constituída. No
Habeas Corpus não existe audiência ou outra forma probatória, pois a prova tem que
estar pré-constituída no momento de sua impetração. A parte deve apresentar a prova
pronta, no momento em que entrar com o Habeas Corpus.

 Possibilidade de concessão de medida liminar


É uma criação da Jurisprudência. O Habeas Corpus tem um pedido liminar em seu bojo.
Antes de o juiz analisar o mérito, que concede a liberdade ao Paciente. Pode ser
concedida a liminar pelo Relator do Habeas Corpus, sem ouvir o Revisor, o Vogal e
nem a Procuradoria. Concede-se quando existe uma ilegalidade flagrante.

 Base para concessão da liminar


Quando ocorre liminar (que é uma decisão urgente, sem ouvir outras partes)
 Verossimilhança da ilegalidade do ato: aparentemente ocorrendo um ato ilegal.
A verossimilhança de que provavelmente o ato é ilegal.
 Perigo de dano derivado da demanda da proteção jurisdicional: é o único caso
de “periculum in mora”, do dano derivado da demora no tramite processual.

 Procedimentos Cautelares
É a provável concessão da liminar, que é a antecipação da decisão final.

 Objeto do Habeas Corpus


Ius Eundi ultra citroque, ou seja, é o direito de ir e vir, sem qualquer restrição do
Estado. A exceção é o caso de trancamento da ação penal (Colateral Attack).

 Objeto
Cabimento (Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos

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casos de punição disciplinar.). Cabe Habeas Corpus nos caso de sofrer ou na eminencia
de sofrer violência ou coação ilegal no ius eundi, salvo nos casos punição disciplinar.
O Habeas Corpus visa pedir a reforma da decisão ao juiz da causa. Assim, não existe o
contraditório com o juiz (mas o tribunal solicita ao juízo, informações do requerido).
Quem entra com o Habeas Corpus tem que ter a prova pré-constituída de que a coação é
ilegal a prova deve ser feita antecipadamente pela defesa, em favor do paciente.
Inversão do ônus da prova

 Coação Ilegal (Artigo 648)


A definição do que é obtida pelo principio da exclusão. O artigo 648 descreve/prevê o
que é Coação Ilegal.

I – Sem justa causa: quando não houver justa causa. É o mais utilizado no HC
- Sem amparo legal: prisão decretada sem suporte jurídico ou amparo legal.
- Prisão cautelar sem Fumus comissis delicti ou sem periculum libertatis:
 Sem FCD: Necessita da existência de 2 fatores: materialidade certa mais
indícios razoáveis de autoridade. Inexistindo FCD, não tem justa causa e
então cabe Habeas Corpus.
 Sem PL: previsto nos casos de 1) clamor público, 2) risco para instrução
processual [réu que ameaça testemunha], 3) Risco para aplicação da lei
penal [fuga].
- Sem suporte fático (Tatbestand): cabe qualquer alegação de fato.

II – Prazo da prisão:
Direito a ser julgado em um prazo razoável: quando a pessoa estiver preso a mais
tempo do que a lei determina. Só existe um caso previsto (?????). A preventiva do ar-
tigo 312 não tem prazo.
EC45: adotou a doutrina do “não-prazo”
Doutrina dos 4 critérios (TEDH e CADH): a doutrina estabelece 4 critérios, influen-
ciado pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos e pela Comissão Americana de Di-
reitos Humanos.
 Complexidade do caso
 Atividade Processual do imputado: não se pode alegar excesso de prazo,
quando a defesa arrola testemunha em local remoto. Avalia-se se o réu não
dá causa para a demora no processo.
 Conduta da autoridade: conduta do Juiz e delegado de policia. Atraso do
processo por “causa” das autoridades.
 Principio da proporcionalidade: analisa-se a gravidade do crime, para ver se
a prisão está longa demais, ou seja, quanto mais grave o crime, maior será a
demora.

III – Quando quem ordenar a coação não tiver competência


Competência no sentido jurídico (divisão da jurisdição pelo Estado). No Brasil se adota
a competência do locus delicti. Assim, o juiz que decreta a prisão deve estar na
jurisdição para atuar, pois caso contrário é incompetente e cabe Habeas Corpus. A
competência analisada é a judicial, e não a policial (ex.: pode a policia estadual
investigar crime de moeda falsa, pois essa competência é administrativa (que é o
Secretario de Segurança Pública) e executiva (delegado)

IV – Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação


O Habeas Corpus é situacional, pois cessando a condição que permitia a prisão, cessa a
Prisão. Acaba o motivo que permitia a prisão cautelar/preventiva. Ex.: Colheita de
depoimento

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V – Fiança não concedida


Sempre que possível, a fiança é direito subjetivo do réu.

VI – Processo manifestamente nulo


Processo que não transcorre na forma prescrita em lei, é nulo. Forma é garantia.

VII – Extinção da punibilidade

 Espécies de Habeas Corpus


 Liberatório: Previsto noa rt 648, visa por em liberdade o paciente que encontra-
se preso.
 Preventivo (pré-prisão): quando o clientes (paciente), corre risco de ser preso.
Atua efetivamente no momento imediatamente anterior a efetivação da coação
ilegal. É o caso dos Habeas Corpus requeridos por depoentes, contra ato coator
pratica por CPI´s
 Para trancar processo: É a utilização do Habeas Corpus, para o trancamento
de processo, mas em casos excepcionais, em que é facilmente constatável a
ausência das condições de ação.

 Habeas Corpus como “Collateral Attack”


 Finalidade: outras formas de coação além da prisão. Ex.: intervenção corporal.
Para trancar o processo. Ex.: receber denuncia.
 Neste caso, é utilizado para o trancamento do processo. Não se ataca a
liberdade de ir e vir, pois tem como finalidade impedir outras formas de coação
(no sentido de constrangimento). Exemplos:
 Intervenção corporal: Visa ao acusado, o direito de não fornecer
prova ao Estado, sem sua autorização, que é a retirada forçada de DNA,
através de sangue, suor, etc. A prova pode ser cedida, mas nunca pode
ser retirada de forma obrigatória (ex.: teste de etilometro). É diferente
do caso da prova descartada (ex.: copo contendo saliva).
 Para Trancamento do Processo: Quando ocorrer alguma ação, que
pode ser trancada, por não ter condição de ação. A ação precisa ter
FCD, e nesse caso, não tem justa causa ou suporte fático.

 Habeas Corpus Preventivo


 Pericolo de dagno jurídico, ou seja, perigo de dano jurídico, na iminência de
acontecer. O cabimento é quando o paciente está na iminência de sofre uma
coação no seu IUS EUNDI (dano próximo de acontecer).
Exemplo: CPI´s. A testemunha é obrigada a informar o juízo o que sabe,
durante a audiência, salvo se for contra seu parente, ou quando a informação
adveio pelo exercício da profissão. No caso da CPI, a o perigo de dano jurídico
ocorre quando o depoimento pode prejudicar o próprio depoente (testemunha
que se torna acusado). Neste caso, cabe Habeas Corpus Preventivo, pedindo
salvo conduto, para a testemunha se manter em silêncio, pelo fato de ter sido
convocada na qualidade de testemunha

 Procedimento do Habeas Corpus com liminar (Liberatório)


 Interposição do Habeas Corpus: entra-se com o pedido.
 Distribuição imediata: O Habeas corpus é prevento (preferencial). Quem tem
legitimidade, ou seja, quem poder interpô-lo é o defensor, pelo próprio

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paciente (As regras e formalidades processuais são minimizadas ou


diminuídas) e pelo MP. No caso do MP, tem 2 correntes doutrinarias:
 Majoritária: SIM, pode ser impetrado pelo MP, pois ele é custos legis
(fiscal da lei, zela pela lei)
 Minoritária: Não, porque o MP é parte antagônica (antítese) da defesa
 Relator
 Não concede liminar
 Ao Juiz (relator pede informações para o juízo de 1º grau, o
qual justifica a manutenção da prisão)
 À Procuradoria (para manifestação)
 Ao revisor
 Ao convocado
 Ao relator, para pedir ao presidente da turma, a Data do
Julgamento
 Concede liminar
 Concede liminar (é raro, pois o relator decide por conta
própria, as vezes, pede informações antes, para conceder a
liminar posteriormente, e as vezes, concede a liminar, e pede as
informações depois).
 Soltura imediata (para manifestação)
 À Procuradoria
 Ao revisor
 Ao convocado
 Ao relator, para pedir ao presidente da turma, a Data do
Julgamento, informando que a ação foi saneada.
 Dia do Julgamento
 Anúncio do julgamento (Habeas Corpus tem prioridade absoluta sobre
os demais processos pautados, no caso de réu ainda preso)
 Ao relator (que apresenta o relatório do processo, um resumo ou relato
do pedido).
 Sustentação oral (é facultativa)
 Voto (Se tiver sustentação, o relator só apresenta seu voto, após a
sustentação oral. Se não houver sustentação oral, vota no momento em
que apresenta seu relatório)
 Ao revisor (para voto)
 Ao convocado (para voto)
 Anuncio da Decisão.

 Possíveis resultados:

1º caso Réu preso HC negado (improvido) Continua preso


2º caso Réu preso HC provido É solto
3º caso Réu solto HC provido Continua solto
4º caso Réu solto HC negado (improvido) É preso

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