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CURSO – Delegado da Polícia Civil Nº 43

DATA – 26/04/2017

DISCIPLINA – Direito Administrativo

AULA – 05/12

PROFESSOR – Flávia Campos

MONITOR – Guilherme Augusto

EMENTA:
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
1– Evolução histórica
A – Irresponsabilidade do Estado
B – Responsabilidade Subjetiva/ com Culpa/ Civilista.
C – Responsabilidade por Culpa do Serviço/ da Falta do serviço/ da Faute du Service/ da Culpa Anônima
D – Responsabilidade Objetiva
2 – Fundamentos da responsabilidade civil objetiva
3 – Responde pelo dano de forma objetiva
4 – Dano
5 – Agentes, nessa qualidade
6 – Terceiros
7 – Excludentes de responsabilidade
8 – Responsabilidade Civil por Omissão
9 – Ação de Regresso
10 – Prescrição
11 – Responsabilidade civil por atos judiciais
12 – Responsabilidade civil por atos legislativos
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Lei nº 8.429/92
1 – Quem sofre ato de improbidade administrativa

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Art. 37 §6º da CR/88

Art. 43 do CC

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

...

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

1- Evolução histórica

A – Irresponsabilidade do Estado

Nos período absolutista não tinha o responsabilidade civil do Estado, pois o marca era a
vontade que prevalecia.

B – Responsabilidade Subjetiva/ com Culpa/ Civilista.

Neste ponto começa a se dividir as atuações do Estado em:

 Atos de império – A administração publica se colocava acima do particular, observa-se


uma relação de verticalidade. Não há de se falar à época de responsabilidade civil do
Estado.

 Atos de gestão – A administração atua no mesmo nível do particular, uma relação de


horizontalidade. Só haveria de se falar em responsabilidade civil do estado se o agente
que causou o dano havia agido com dolo ou culpa.

C – Responsabilidade por Culpa do Serviço/ da Falta do serviço/ da Faute du Service/ da


Culpa Anônima

Haverá responsabilidade civil do estado se:

 Serviço não funciona


 Serviço funciona mal
 Serviço funcionou atrasado

Não importa o agente e se o serviço.

D - Responsabilidade Objetiva

Adotamos hoje como regra a responsabilidade civil objetiva, não há necessidade de se


comprovar o dolo ou a culpa. Deve-se comprovar:

CONDUTA DO AGENTE + NEXO + DANO

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Ex. Agente que dirigia viatura atropela A. A, ajuíza ação de reparação de danos contra o
Estado B (responsabilidade objetiva)

Estado B, cobra do agente público por ação de regresso comprovando dolo ou culpa o seu
ressarcimento.

A responsabilidade do agente é subjetiva, de acordo com a CR/88, só responde se


comprovado o dolo ou a culpa).

Há de se falar da responsabilidade civil do estado nas condutas licitas e ilícitas.

Ex. Posto de gasolina e prefeito fecha a rua por interesse publico, mesmo que a conduta
seja licita o comerciante poderá pedir indenização.

A responsabilidade civil do Estado do art. 37, §6º da CR/88 tem fundamento em uma
relação extracontratual.

2 – Fundamentos da responsabilidade civil objetiva

 Princípio da repartição dos encargos – essa responsabilidade serve para que coletividade
divida o prejuízo com aquele que sofreu o dano

 Teoria do Risco Administrativo – quando administração assume a atuação assume também


os riscos. Admite os excludentes de responsabilidade.

Diferente da:

 Teoria do Risco Integral – quando assume a função assume.

A regra adotada no Brasil é a Teoria do Risco Administrativo, mas há três situações que os
autores adotam a teoria do risco integral:

 Dano ambiental – Resp 1.374.342;


 Dano nuclear;
 Atos terroristas em aeronaves brasileiras (Ainda que em ato de terceiro).

3 – Responde pelo dano de forma objetiva:

Pessoas jurídicas de direito público - entes federados, autarquias, fundação pública de


direito público.

Pessoas jurídicas de direito privado prestando serviço público – empresas públicas,


sociedade de economia mista (se ambas prestam serviço público), fundações públicas de direito
privado, concessionárias e permissionárias de serviço público.

Se qualquer uma destas pessoas não tiver condições de arcar com as indenizações, surge
a Responsabilidade Subsidiária da Administração Direta.

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4 – Dano

- Material;

- Estético;

- Moral

Precisa ter duas características:

 Anormal – é o dano que não deriva da vida em sociedade, além do risco social.

 Específico – de uma pessoa ou grupo determinado de pessoas.

5 – Agentes, nessa qualidade

Significa dizer que o agente público deve estar no exercício da função ou a pretexto do
exercício.

Ex. Policial em ato de serviço com arma da corporação atinge transeunte, individuo A
poderá pedir indenização.

Policial de férias atua para evitar assalto e acerta com disparo de arma de fogo com arma
da corporação transeunte alheio a situação.

Por sentimentos pessoais não há de se falar em responsabilidade civil do estado. Ex. pega
a mulher com outro e atira com arma da corporação acertando o amante.

Informativo 370

Responsabilidade Civil do Estado e Ato Ilícito Praticado fora das Funções Públicas - 2
A Turma concluiu julgamento de recurso extraordinário interposto pelo Estado de São Paulo
contra acórdão do tribunal de justiça daquele Estado que, reconhecendo a existência de
responsabilidade objetiva, condenara o ente federativo a indenizar vítima de disparo de arma
de fogo, pertencente à corporação, utilizada por policial durante período de folga. Alegava-se,
na espécie, ofensa ao art. 37, §6º, da CF, uma vez que o dano fora praticado por policial que
se encontrava fora de suas funções públicas - v. Informativo 362. Considerou-se inexistente o
nexo de causalidade entre o dano sofrido pela recorrida e a conduta de policial militar, já que o
evento danoso não decorrera de ato administrativo, mas de interesse privado movido por
sentimento pessoal do agente que mantinha relacionamento amoroso com a vítima.
Asseverou-se que o art. 37, §6º, da CF exige, para a configuração da responsabilidade objetiva
do Estado, que a ação causadora do dano a terceiro tenha sido praticada por agente público,
nessa qualidade, não podendo o Estado ser responsabilizado senão quando o agente estatal
estiver a exercer seu ofício ou função, ou a proceder como se estivesse a exercê-la. Entendeu-
se, ainda, inadmissível a argüição de culpa, in vigilando ou in eligendo, como pressuposto para
a fixação da responsabilidade objetiva estatal, que tem como requisito a prática de ato
administrativo pelo agente público no exercício da função e o dano sofrido por terceiro. O
relator retificou o voto anterior.
RE 363423/SP, rel. Min. Carlos Britto, 16.11.2004. (RE-363423)

Informativo 421, STF:

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º).


POLICIAL MILITAR, QUE, EM SEU PERÍODO DE FOLGA E EM TRAJES CIVIS, EFETUA

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DISPARO COM ARMA DE FOGO PERTENCENTE À SUA CORPORAÇÃO, CAUSANDO A
MORTE DE PESSOA INOCENTE. RECONHECIMENTO, NA ESPÉCIE, DE QUE O USO E O
PORTE DE ARMA DE FOGO PERTENCENTE À POLÍCIA MILITAR ERAM VEDADOS AOS
SEUS INTEGRANTES NOS PERÍODOS DE FOLGA. CONFIGURAÇÃO, MESMO ASSIM, DA
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. PRECEDENTE (RTJ
170/631). PRETENSÃO DO ESTADO DE QUE SE ACHA AUSENTE, NA ESPÉCIE, O NEXO
DE CAUSALIDADE MATERIAL, NÃO OBSTANTE RECONHECIDO PELO TRIBUNAL "A
QUO", COM APOIO NA APRECIAÇÃO SOBERANA DO CONJUNTO PROBATÓRIO.
INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E FATOS EM SEDE RECURSAL
EXTRAORDINÁRIA. PRECEDENTES ESPECÍFICOS EM TEMA DE RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RE CONHECIDO E IMPROVIDO.

6 – Terceiros

Usuários do serviço e não usuários.

Informativo 557:

Responsabilidade Civil Objetiva e Terceiro Não-Usuário do Serviço 2 – o mérito, salientando


não ter ficado evidenciado, nas instâncias ordinárias, que o acidente fatal que vitimara o ciclista
ocorrera por culpa exclusiva deste ou em razão de força maior, reputou-se comprovado o nexo
de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço
público, e julgou-se tal condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da
pessoa jurídica de direito privado, nos termos do art. 37, § 6º, da CF (“As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”). Asseverou-se que não se poderia
interpretar restritivamente o alcance do art. 37, § 6º, da CF, sobretudo porque a Constituição,
interpretada à luz do princípio da isonomia, não permite que se faça qualquer distinção entre os
chamados “terceiros”, ou seja, entre usuários e não-usuários do serviço público, haja vista que
todos eles, de igual modo, podem sofrer dano em razão da ação administrativa do Estado, seja
ela realizada diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito privado. Observou-se,
ainda, que o entendimento de que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam de
proteção constitucional decorrente da responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito
subjetivo de receber um serviço adequado, contrapor-se-ia à própria natureza do serviço
público, que, por definição, tem caráter geral, estendendo-se, indistintamente, a todos os
cidadãos, beneficiários diretos ou indiretos da ação estatal. Vencido o Min. Marco Aurélio que
dava provimento ao recurso por não vislumbrar o nexo de causalidade entre a atividade
administrativa e o dano em questão. Precedentes citados: RE 262651/SP (DJU de 6.5.2005);
RE 459749/PE (julgamento não concluído em virtude da superveniência de acordo entre as
partes).

Informativo 563:

(...) “para a produção dos efeitos supostos na regra é irrelevante se a vítima é usuário do
serviço ou um terceiro em relação a ele. Basta que o dano seja produzido pelo sujeito na
qualidade de prestador do serviço público. Também não se poderia pretender que, tratando-se
de pessoa de Direito Privado, a operatividade do preceito só se daria quando o lesado
houvesse sofrido o dano na condição de usuário do serviço, porque o texto dá tratamento
idêntico às ‘pessoas jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de serviços
públicos’. Assim, qualquer restrição benéfica a estes últimos valeria também para os primeiros,
e ninguém jamais sufragaria tal limitação à responsabilidade do Estado”. (...)

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7 – Excludentes de responsabilidade

 Fato exclusivo da vítima;


Ex. A pula na frente de viatura.

 Fato exclusivo de terceiro;


Ex. B em alta velocidade bate na viatura, ocasionando a batida da viatura no carro da
frente.

 Caso fortuito/Força maior;


Evento da natureza imprevisível e inevitável. Ex. Ocorre terremoto e há danos.

Obs. 1 Morte do preso

De acordo com o STF a administração tem o dever especial de cuidado com o preso em
um presídio (relação de custódia). Há não ser que se comprove a tentativa de evitar o dano, a
responsabilidade civil é objetiva.

Informativo 819 STF.

Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF,
o Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu
recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte
de preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia
mecânica, e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de suicídio, não seria possível
impor-lhe o dever absoluto de guarda da integridade física de pessoa sob sua custódia. O
Colegiado asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a CF/1988, em seu art. 37,
§ 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas
quanto paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão do
Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em
que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o
resultado danoso. Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da
pena de forma humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada
a sua incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de proteção ao detento somente
se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva
estatal. Por essa razão, nas situações em que não seja possível ao Estado agir para evitar a
morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade. Afasta-se, assim, a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se
a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. A morte do detento pode ocorrer
por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, não sendo sempre
possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. Portanto, a
responsabilidade civil estatal fica excluída nas hipóteses em que o Poder Público comprova
causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua
omissão com o resultado danoso. Na espécie, entretanto, o tribunal “a quo” não assentara
haver causa capaz de romper o nexo de causalidade da omissão do Estado-Membro com o
óbito. Correta, portanto, a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal.

Obs. 2 Causas atenuantes

Nas causas atenuantes de responsabilidade a indenização será proporcional a atuação do


agente público.

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Obs.3 Fuga do preso

 Nexo entre a fuga do preso e dano causado: risco criado em determinadas situações a
administração traz mais risco para as pessoas.
Ex. presídio construído próximo a cidade, preso foge e assalta domicilio desta cidade da
região. Neste caso tem responsabilidade civil

Agravo Regimental no RE 573.595.


"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO. ART. 37, 6º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LATROCÍNIO COMETIDO POR
FORAGIDO.
NEXO DE CAUSALIDADE CONFIGURADO.
PRECEDENTE.
1. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da
terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para
caracterizar o nexo de causalidade.
2. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no
artigo 37, 6º, da Constituição do Brasil.
Agravo regimental a que se nega provimento" . (STF, 2ª T., AgRg no RE 573.595-8, Rel. Min.
EROS GRAU, j. 24/06/2008)

 Não tem nexo entre a fuga do preso e o dano causado: após um lapso de 2 anos o preso
que fugiu assaltou em outra região do país.

Ação rescisória 1376 não há de se falar em indenização do Estado

8 – Responsabilidade Civil por Omissão

É possível que haja falta de conduta licita da administração quando ela está obedecendo
ao princípio da legalidade.

Para haver responsabilidade deve comprovar

FALTA DE CONDUTA + NEXO + DANO + DESCUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL DE AGIR

Exemplos:

1- Professora é ameaçada em escola pública, ela comunica à diretora que nada faz. Certo dia o
aluno agride violentamente a professora. Caberá indenização. Recurso especial 1 142 245 DF;

RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ.


REVISAO. FATOS. NAO-CABIMENTO. SÚMULA 07/STJ. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO. OMISSAO. NEXO. INAÇAO DO PODER PÚBLICO. DANO. CULPA. CABIMENTO.

1. Não houve pronunciamento do juízo a quo sobre a norma veiculada pelo art. 403 do CC,
razão pela qual é de se inadmitir, neste trecho, o recurso especial, nos termos da Súmula
211/STJ.
2. No presente caso, o acórdão recorrido concluiu pela conduta omissiva do Estado, tendo
em vista que a recorrida, professora da rede distrital de ensino, foi agredida física e
moralmente, por um de seus alunos, dentro do estabelecimento educacional, quando a

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direção da escola, apesar de ciente das ameaças de morte, não diligenciou pelo afastamento
imediato do estudante da sala de aula e pela segurança da professora ameaçada.
3. Destacou-se, à vista de provas colacionadas aos autos, que houve negligência quando da
prestação do serviço público, já que se mostrava razoável, ao tempo dos fatos, um
incremento na segurança dentro do estabelecimento escolar, diante de ameaças perpetradas
pelo aluno, no dia anterior à agressão física.
4. O Tribunal de origem, diante do conjunto fático-probatório constante dos autos,
providenciou a devida fundamentação dos requisitos ensejadores da responsabilidade civil
por omissão do Estado. Neste sentido, não obstante o dano ter sido igualmente causado por
ato de terceiro (aluno), atestou-se nas instâncias ordinárias que existiam meios, a cargo do
Estado, razoáveis e suficientes para impedir a causação do dano, não satisfatoriamente
utilizados.
5. A decisão proferida pelo juízo a quo com base nas provas que lastreiam os autos é
impassível de revisão, no âmbito do recurso especial, nos termos da Súmula 07/ STJ.
6. O Tribunal de origem aplicou de maneira escorreita e fundamentada o regime da
responsabilidade civil, em caso de omissão estatal, já que, uma vez demonstrados onexo
causal entre a inação do Poder Público e o dano configurado, e a culpa na máprestaç ão do
serviço público, surge a obrigação do Estado de reparar o dano.Precedentes.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido.

2- Água do reservatório da cidade com um cadáver em decomposição e toda a população


consome esta água. Informativo 553 STJ;

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM RAZÃO DA


EXISTÊNCIA DE CADÁVER EM DECOMPOSIÇÃO EM RESERVATÓRIO DE ÁGUA. O
consumidor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a existência de cadáver
em avançado estágio de decomposição no reservatório do qual a concessionária de serviço
público extrai a água fornecida à população. De início, fica configurada a responsabilidade
subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do
reservatório de água. Ainda que se alegue que foram observadas todas as medidas cabíveis
para a manutenção da segurança do local, fato é que ele foi invadido, e o reservatório
passível de violação quando nele foi deixado um cadáver humano. Ficou caracterizada,
ademais, a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral, quando a
concessionária não garantiu a qualidade da água distribuída à população, porquanto inegável
que, se o corpo estava em decomposição, a água ficou por determinado período
contaminada. Outrossim, é inegável, diante de tal fato, a ocorrência de afronta à dignidade
da pessoa humana, consistente no asco, angústia, humilhação, impotência da pessoa que
toma ciência que consumiu água contaminada por cadáver em avançado estágio de
decomposição. Sentimentos que não podem ser confundidos com o mero dissabor cotidiano.
Ainda que assim não fosse, há que se reconhecer a ocorrência de dano moral in re ipsa, o
qual dispensa comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da
ocorrência de ato ilegal, uma vez que o resultado danoso é presumido. (AgRg no REsp
1.354.077-SP, Terceira Turma, DJe 22/9/2014 e AgRg no AREsp 163.472-RJ, Segunda
Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
16/12/2014, DJe 19/12/2014.

3- Fazendeiro toma conhecimento que terá suas terras invadidas, pede ajuda ao município,
comunica a polícia e demais órgãos responsáveis pedindo ajuda, não obtendo um grupo de Sem
Terras invade a fazenda e pratica atos ilícitos com os donos da propriedade. O fazendeiro então
pede indenização pela responsabilidade civil por omissão. Recurso extraordinário 283. 989 PR;

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CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6. º, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DANOS CAUSADOS POR TERCEIROS EM IMÓVEL
RURAL. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. INDENIZAÇÃO. ILEGITIMIDADE DE
PARTE. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. Esta Corte já firmou entendimento de que é incabível, na
via extraordinária, alegação de ofensa indireta à Constituição Federal, por má interpretação de
normas processuais, contidas na legislação infraconstitucional. Caracteriza-se a
responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de danos causados, por
invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite no cumprimento de ordem
judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. Recursos extraordinários não
conhecidos.
(STF - RE: 283989 PR, Relator: ILMAR GALVÃO, Data de Julgamento: 28/05/2002, Primeira
Turma, Data de Publicação: DJ 13-09-2002<span id="jusCitacao"> PP-00085 </span>EMENT
VOL-02082-03<span id="jusCitacao"> PP-00537</span>)

4- Recurso extraordinário 580.252 o preso no presídio em situação degradante enseja a


responsabilidade civil do Estado.

LIMITES ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. EXCESSIVA


POPULAÇÃO CARCERÁRIA. PRESENÇA DA REPERCUSSÃO GERAL. Possui repercussão
geral a questão constitucional atinente à contraposição entre a chamada cláusula da reserva
financeira do possível e a pretensão de obter indenização por dano moral decorrente da
excessiva população carcerária.

Obs. 1 A responsabilidade por omissão é subjetiva pela doutrina, devido ao quarto


elemento.

O STF vem decidindo que a responsabilidade por omissão é objetiva, pois tem que
comprovar somente se descumpriu ou não a lei. E não dolo e culpa.

ARE 655.277

Reconsidero a decisão de fls. 236, restando prejudicado, em consequência, o exame do


recurso interposto a fls. 243/249. Passo, desse modo, a apreciar o agravo deduzido pela parte
ora recorrente contra a decisão que negou trânsito ao apelo extremo por ela interposto. O
recurso extraordinário a que se refere o presente agravo foi interposto contra acórdão, que,
confirmado, em sede de embargos de declaração (fls. 218/225), pelo E. Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, está assim do (fls. 199): “ADMINISTRATIVO. SERVIDOR MILITAR.
REFORMA. LEI 6.880/80. INCAPACIDADE PARA O SERVIÇO MILITAR. INEXISTÊNCIA DE
INCAPACIDADE PERMANENTE PARA TODO E QUALQUER TRABALHO. AUSÊNCIA DE
NULIDADE NO ATO DE DESLIGAMENTO DO EXÉRCITO. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS
COMPROVADOS. PEDIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. 1.
Não pode ser aplicada a hipótese de reforma prevista nos artigos 106, II, e 108 da Lei
6.880/80, ao militar que, embora acidentado em serviço, não foi julgado incapaz definitivamente
para o serviço ativo do Exército. 2. A exclusão do serviço ativo do Exército pode dar-se
mediante desincorporação, se o militar não estável for acometido por moléstia ou sofrer
acidente que o torne definitivamente incapaz para o serviço militar (art. 124 da Lei 6.880/80 c/c
art. 140 do Decreto 57.654/66). 3. Comprovada a ocorrência de dano ao autor, causado em
decorrência de ferimento resultante de acidente sofrido em serviço, que acabou por reduzir sua
capacidade laboral, configura-se a responsabilidade civil objetiva do Estado, cabendo-lhe o
dever de reparação do dano (art. 37, § 6º, da CF/88). 4. O dano estético ficou comprovado
mediante exame clínico realizado pelo perito oficial à fl. 128, de modo que o suplicante faz jus à
indenização respectiva. 5. Apelação e remessa oficial a que se nega provimento. A União, no
apelo extremo em questão, alega a impossibilidade, na espécie, da incidência de
responsabilidade civil objetiva do Estado. Entendo não assistir razão à parte ora recorrente, eis
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que presentes, no caso, todos os pressupostos primários determinadores do reconhecimento
da responsabilidade civil objetiva da entidade estatal ora recorrente. Sabemos que a teoria do
risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros, desde
a Carta Política de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária subjacente à norma de
direito positivo que instituiu, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do
Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, por
ação ou por omissão (CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, tanto no que se refere à ação
quanto no que concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera ocorrência de
lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano pessoal e/ou patrimonial
sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de
demonstração de falta do serviço público, não importando que se trate de comportamento
positivo ou que se cuide de conduta negativa daqueles que atuam em nome do Estado,
consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES MEIRELLES, “Direito Administrativo
Brasileiro, p. 650, 31ª ed., 2005, Malheiros; SERGIO CAVALIERI FILHO, Programa de
Responsabilidade Civil, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, Curso de
Direito Administrativo, p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI, Responsabilidade
Civil do Estado, p. 40, 2ª ed., 1996, Malheiros; TOSHIO MUKAI, Direito Administrativo
Sistematizado, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO BASTOS, Curso de Direito
Administrativo, p. 213, 5ª ed., 2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO, A
Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro, p. 61/62,3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA
NICIDA GARCIA, Responsabilidade do Agente Público, p. 199/200, 2004, Fórum, v.g.),
cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida por ODETE MEDAUAR (Direito Administrativo
Moderno, p. 430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005,RT): Informada pela teoria do risco, a
responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na maioria dos ordenamentos, como
responsabilidade objetiva. Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente, o mau
funcionamento ou falha da Administração. Necessário se torna existir relação de causa e efeito
entre ação ou omissão administrativa e dano sofrido pela vítima. É o chamado nexo causal ou
nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de ressarcimento do dano, o questionamento
do dolo ou culpa do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da conduta, o
questionamento do bom ou mau funcionamento da Administração. Demonstrado o nexo de
causalidade, o Estado deve ressarcir. (grifei) É certo, no entanto, que o princípio da
responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e,
até mesmo, exclusão da própria responsabilidade civil do Estado nas hipóteses excepcionais
configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - ou
evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50 -
RTJ 163/1107- -1109, v.g.). Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da jurisprudência
prevalecente no Supremo Tribunal Federal (RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO,
v.g.), que os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material
entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente
público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público,
que, nessa condição funcional, tenha incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do seu comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a
ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 – RTJ 71/99 – RTJ
91/377 – RTJ 99/1155 – RTJ 131/417). É por isso que a ausência de qualquer dos
pressupostos legitimadores da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta Política
basta para descaracterizar a responsabilidade civil objetiva do Estado, especialmente quando
ocorre circunstância que rompe o nexo de causalidade material entre o comportamento do
agente público e a consumação do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido. As
circunstâncias do presente caso, no entanto, apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente
reconhecidos pelo Tribunal a quo, evidenciam que o nexo de causalidade material restou
plenamente configurado em face do comportamento omissivo do Poder Público. Daí a correta
observação feita pelo E. Tribunal Regional Federal da 1ª Região, constante do acórdão ora
recorrido (fls. 194/195): No caso dos autos, o nexo causal entre a moléstia apresentada pelo

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suplicante e as atividades praticadas durante o serviço militar ficaram devidamente
comprovados, conforme se pode inferir das informações prestadas pelo perito oficial às
fls.129/130, nas respostas aos quesitos do autor: Resposta aos quesitos do autor: 1 Existe
nexo de causalidade entre os males vivenciados pelo autor, com as atividades físicas por ele
desempenhadas durante o serviço militar, atividades essas descritas na peça de ingresso, em
razão do excesso de sobrecarga de exercícios físicos? Explique e justifique as respostas. R.:
Sim, considerando-se os diagnósticos das folhas 62 e 87, e ainda o diagnóstico da perícia. A
explicação está na evolução dos fatos, conforme os dados dos autos e a história do autor. (...)
3 Consta nos autos que o requerente foi submetido a duas intervenções cirúrgicas no joelho
esquerdo. Queira o nobre expert explicar com riqueza de detalhes em que consistiram referidas
cirurgias, principalmente no que se refere à submissão deste à segunda intervenção cirúrgica.
Explique e justifique. R.: Nos autos não encontrei descrição dos atos operatórios. Pela
cronologia dos fatos, a primeira foi para proceder-se à remoção de um cisto sinovial ou de
Baker. A segunda foi decorrente de não ter sido obtida cura com a primeira intervenção. Na
primeira ocorreu limitação de movimentos. Na segunda ocorreu supuração, conforme história e
indícios. Não existe confirmação de exame por imagem (radiografia, ultrassom, tomografia, etc)
que garanta o diagnóstico inicial. Em um dos documentos citados é informado que foi
submetido à remoção do cisto de Baker. Em outro, o relatório reservado da Junta de Inspeção
e Saúde da Guarnição de Juiz de Fora (fl. 87) é informado: Geraldo Weberson Neves
apresenta hérnia muscular recidivante da fossa poplítea esquerda. Se seu diagnóstico final foi
hérnia muscular recidivante, isto significa que o diagnóstico inicial foi também hérnia muscular
primária. Caso contrário, não se justifica a expressão recidivante. Esse fato é importante
porque o cisto de Baker poderia ter origem não traumática. Para a hérnia muscular, não
encontramos etiologia sem algum tipo de traumatismo, ficando justificado o nexo. Desse modo,
estabelecido o nexo entre a conduta estatal e os danos experimentados pelo autor, e
inexistindo culpa concorrente ou exclusiva do autor, é de se reconhecer a obrigação
indenizatória da ré.” Cumpre ressaltar, por tal razão, em face do caráter soberano do
reconhecimento, na espécie, do nexo de causalidade material (que se revela indiscutível, por
isso mesmo, em sede recursal extraordinária), que o Tribunal recorrido, ao proferir a decisão
em causa, interpretou, com absoluta fidelidade, a norma constitucional que consagra, em
nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do Poder Público. Com efeito, o
acórdão ora impugnado nesta sede recursal extraordinária, ao fazer aplicação do preceito
constitucional em referência (CF, art. 37, § 6º), reconheceu, com inteiro acerto, no caso em
exame, a cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à consumação do dano, (2) à
omissão do Poder Público, (3) ao vínculo causal entre o evento danoso e a omissão do Poder
Público e (4) à ausência de qualquer causa excludente de que pudesse eventualmente
decorrer a exoneração da responsabilidade civil da União. Conclui-se, portanto, que a
pretensão recursal deduzida pela União não tem o amparo da própria jurisprudência que o
Supremo Tribunal Federal firmou sobre a matéria ora em exame. Sendo assim, e tendo em
consideração as razões expostas, conheço do presente agravo, para negar seguimento ao
recurso extraordinário, eis que o acórdão recorrido está em harmonia com diretriz
jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (CPC, art. 544, § 4º, II, b, na redação dada
pela Lei nº 12.322/2010). Publique-se. Brasília, 02 de março de 2012. (STF - ARE: 655277 MG,
Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 02/03/2012, Data de Publicação: DJe-
056 DIVULG 16/03/2012 PUBLIC 19/03/2012)

Obs. 2 Limite do possível

Se o dano sofrido é causado em virtude de uma impossibilidade da à administração


impedi-lo (fora do limite do possível) não há que se falar em indenização.

9 – Ação de Regresso

O direito de regresso pode se dar:


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 Administrativamente;

 Judicialmente.

É responsabilidade subjetiva devido ao dolo e culpa.

É obrigação atuação vinculada da administração pública o exercício do direito de regresso


sob pena de ferir a busca pelo interesse público.

De acordo com STF não é possível a ação de indenização diretamente contra o agente
público, devido a Teoria da Dupla Garantia, porque A poderá pedir indenização da administração
de forma objetiva e também para o agente que será cobrado posteriormente ao ocorrido.

Informativos 436 STF

A Turma negou provimento a recurso extraordinário em que se sustentava ofensa ao art. 37, §
6º, da CF, ao argumento de ser cabível o ajuizamento de ação indenizatória diretamente contra
o agente público, sem a responsabilização do Estado. No caso, a recorrente propusera ação de
perdas e danos em face de prefeito, pleiteando o ressarcimento de supostos prejuízos
financeiros decorrentes de decreto de intervenção editado contra hospital e maternidade de
sua propriedade. Esse processo fora declarado extinto, sem julgamento de mérito, por
ilegitimidade passiva do réu, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça local.
RE 327904/SP, rel. Min. Carlos Britto, 15.8.2006. (RE-327904)

Informativos 519 STF

A Turma deu provimento a recurso extraordinário para assentar a carência de ação de


indenização por danos morais ajuizada em desfavor de diretor de universidade federal que,
nessa qualidade, supostamente teria ofendido a honra e a imagem de subordinado. De início,
rejeitou-se a pretendida competência da Justiça Federal (CF, art. 109, I) para julgar o feito.
Asseverou-se que a competência é definida pelas balizas da ação proposta e que, no caso, a
inicial revela que, em momento algum, a universidade federal fora acionada. Enfatizou-se, no
ponto, que o ora recorrido ingressara com ação em face do recorrente, cidadão. Desse modo,
pouco importaria que o ato praticado por este último o tivesse sido considerada certa
qualificação profissional. De outro lado, reputou-se violado o § 6º do art. 37 da CF, haja vista
que a ação por danos causados pelo agente deve ser ajuizada contra a pessoa de direito
público e as pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos, o que, no caso,
evidenciaria a ilegitimidade passiva do recorrente. Concluiu-se que o recorrido não tinha de
formalizar ação contra o recorrente, em razão da qualidade de agente desse último, tendo em
conta que os atos praticados o foram personificando a pessoa jurídica de direito público.
RE 344133/PE, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2008. (RE-344133).

Para o STJ é possível ajuizar em face da pessoa jurídica, em face do agente público ou em
face dos dois.

Informativo 532 STJ.

Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, há de
se conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente, contra o
Estado ou contra ambos. De fato, o art. 37, § 6º, da CF prevê uma garantia para o administrado
de buscar a recomposição dos danos sofridos diretamente da pessoa jurídica, que, em
princípio, é mais solvente que o servidor, independentemente de demonstração de culpa do
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agente público. Nesse particular, a CF simplesmente impõe ônus maior ao Estado decorrente
do risco administrativo. Contudo, não há previsão de que a demanda tenha curso forçado em
face da administração pública, quando o particular livremente dispõe do bônus contraposto;
tampouco há imunidade do agente público de não ser demandado diretamente por seus atos, o
qual, se ficar comprovado dolo ou culpa, responderá de qualquer forma, em regresso, perante
a Administração. Dessa forma, a avaliação quanto ao ajuizamento da ação contra o agente
público ou contra o Estado deve ser decisão do suposto lesado. Se, por um lado, o particular
abre mão do sistema de responsabilidade objetiva do Estado, por outro também não se sujeita
ao regime de precatórios, os quais, como é de cursivo conhecimento, não são rigorosamente
adimplidos em algumas unidades da Federação. Posto isso, o servidor público possui
legitimidade passiva para responder, diretamente, pelo dano gerado por atos praticados no
exercício de sua função pública, sendo que, evidentemente, o dolo ou culpa, a ilicitude ou a
própria existência de dano indenizável são questões meritórias. Precedente citado: REsp
731.746-SE, Quarta Turma, DJe 4/5/2009. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 5/9/2013.

10 – Prescrição

Art. 37, § 5º da CR/88

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.

O prazo de prescrição da ação de indenização é de 5 anos contra a pessoa jurídica,


conforme Decreto 20.910/32 e Lei 9.494/97.

A ação da administração contra o seu agente público para ressarcimento ao erário o prazo é
de 3 anos. Para o STF o ressarcimento ao erário (salvo improbidade administrativa, Art. 37, § 5º
da CR/88) tem prazo de prescrição que é de três anos, conforme Informativo 813 STF.

Ação de ressarcimento e imprescritibilidade: é prescritível a ação de reparação de danos à


Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Esse o entendimento do Plenário, que em conclusão
de julgamento e por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que discutido o
alcance da imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário prevista no § 5º do art.
37 da CF (“§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento”). No caso, o Tribunal de origem considerara prescrita a ação de
ressarcimento de danos materiais promovida com fundamento em acidente de trânsito,
proposta em 2008, por dano ocorrido em 1997 — v. Informativo 767. O Colegiado afirmou não
haver dúvidas de que a parte final do dispositivo constitucional em comento veicularia, sob a
forma da imprescritibilidade, ordem de bloqueio destinada a conter eventuais iniciativas
legislativas displicentes com o patrimônio público. Todavia, não seria adequado embutir na
norma de imprescritibilidade um alcance ilimitado, ou limitado apenas pelo conteúdo material
da pretensão a ser exercida — o ressarcimento — ou pela causa remota que dera origem ao
desfalque no erário — ato ilícito em sentido amplo. De acordo com o sistema constitucional, o
qual reconheceria a prescritibilidade como princípio, se deveria atribuir um sentido estrito aos
ilícitos previstos no § 5º do art. 37 da CF. No caso concreto, a pretensão de ressarcimento
estaria fundamentada em suposto ilícito civil que, embora tivesse causado prejuízo material ao
patrimônio público, não revelaria conduta revestida de grau de reprovabilidade mais
pronunciado, nem se mostraria especialmente atentatória aos princípios constitucionais
aplicáveis à Administração Pública. Por essa razão, não seria admissível reconhecer a regra

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excepcional de imprescritibilidade. Seria necessário aplicar o prazo prescricional comum para
as ações de indenização por responsabilidade civil em que a Fazenda figurasse como autora.
Ao tempo do fato, o prazo prescricional seria de 20 anos de acordo com o CC/1916 (art. 177).
Porém, com o advento do CC/2002, o prazo fora diminuído para três anos. Além disso,
possuiria aplicação imediata, em razão da regra de transição do art. 2.028, que preconiza a
imediata incidência dos prazos prescricionais reduzidos pela nova lei nas hipóteses em que
ainda não houvesse transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no diploma revogado.
A Corte pontuou que a situação em exame não trataria de imprescritibilidade no tocante a
improbidade e tampouco envolveria matéria criminal. Assim, na ausência de contraditório, não
seria possível o pronunciamento do STF sobre tema não ventilado nos autos. Vencido o
Ministro Edson Fachin, que provia o recurso. Entendia que a imprescritibilidade constitucional
deveria ser estendida para as ações de ressarcimento decorrentes de atos ilícitos que
gerassem prejuízo ao erário.
RE 669069/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016. (RE-669069)

Para doutrina o prazo de prescrição de 3 anos é aplicado para o ressarcimento feito pelos
particulares, no entanto o ressarcimento pelo agente público continua imprescritível.

11 – Responsabilidade civil por atos judiciais

Em regra não é possível indenizações por atos judiciais, pois é a manifestação de


Soberania do Estado e também a recorribilidade do ato até o transito em julgado.

As exceções em que se admite a responsabilidade são:

 Erro judiciário art. 5º, LXXV, o erro deve ser substancial e inescusável, com
desconstituição da decisão judicial;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença

 Demora da prestação judicial (desproporcional).

12 – Responsabilidade civil por atos legislativos

Em regra não é possível indenizações por atos legislativos. Em princípio o exercício da


função legislativa é ato geral e abstrato.

A exceção é quando se tem

 Lei de efeitos concretos – determina uma utilidade pública, ex. construção de um


cemitério em frente a um hotel;

 Lei inconstitucional - tem que comprovar que o dano sofrido foi desproporcional

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Art. 37, §4º CR/88


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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

...

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a


perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Quem pratica a improbidade pode sofre: (SPIR)

 Suspensão dos direitos políticos;

 Perda da função publica;

 Indisponibilidade de bens - não é sanção é forma de garantir recursos para pagar o


erário;

 Ressarcimento ao erário.

Pode responder por improbidade administrativa poderá também responder por ação penal
se for considerado crime ou contravenção. Bem como poderá responder um processo
administrativo disciplinar.

Lei nº 8.429/92

1 – Quem sofre ato de improbidade administrativa

Art. 1º Caput:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra
a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na
forma desta lei.

Administração direta, administração indireta, entidades incorporadas ao patrimônio público,


entidades para as quais o erário concorra para mais de 50% do patrimônio ou receita anual.

§ único

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.

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Entidades que recebem benefício, incentivo ou subvenção (3º setor), entidades para as
quais o erário concorra com menos de 50 % do patrimônio ou receita anual.

Nessas entidades para as quais o erário concorra com menos de 50 % do patrimônio a


sanção patrimonial será limitada a participação do erário.

Ex. Pessoa Jurídica de Direito Privado cria Entidade B com capital de 500 mil, a Administra
Pública resolve participar com 100 mil. Funcionário pratica ato de enriquecimento ilícito e
desaparece com 200 mil. É ajuizada uma ação de improbidade administrativa, o máximo de
ressarcimento que poderá ser determinado a 100 mil, devido à participação do erário.

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