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CURSO – Delegado da Polícia Civil Nº 27

DATA – 28/03/2017

DISCIPLINA – Processo Penal

PROFESSOR – Leonardo Barreto Moreira Alves

MONITOR – Guilherme Augusto

Bibliografia:

Informativos STF e STJ

Delegado de Polícia em Ação – Ed. Juspodivm Autores Bruno Taufner Zanotti, Cleopas Isaías Santos;

Manual Renato Brasileiro

Processo Penal, Volume 7 e 8, Sinopse – Ed. Juspodivm

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EMENTA:
I – Inquérito Policial
1 – Noções gerais
2 – Características do Inquérito Policial
a) Procedimento escrito
b) Dispensabilidade
c) Discricionariedade

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d) Curador
e) Indisponibilidade
f) Sigiloso
g) Incomunicabilidade
h) Inexistência de nulidades
i) Inquisitivo
j) Oficiosidade
k) Oficialidade
l) Autoritariedade
3 – Início do inquérito

I – Inquérito Policial

1 – Noções gerais

Inquérito Policial é espécie de investigação criminal conduzida pela polícia judiciária e que
tem como objetivo precípuo a formação da justa causa indispensável ao oferecimento da futura
ação penal.

É apenas uma das formas de se apurar crime, existe também a: CPI, PAD, PIC (MP).

O MP pode investigar crimes, corrente defendida pelo STF e STJ. Art. 144 da CR/88

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o


descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência;
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III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a


competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos


corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.

§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do


Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela


segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,


serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores políciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de
2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades


previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma
da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

O STF entendeu que o inciso IV do §1° do o termo exclusividade não seria delimitativo.

A segunda corrente defendida pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia


somente a PF poderia apurar crimes ligados a União, assim o MP não poderia investigar crime.

Resolução CNMP 13/2006 instrui como se procede um PIC (MP).

A segunda corrente impetrou ADIN contra a Resolução CNMP 13/2006 que ainda não foi
julgado. Só houve controle difuso que seguiu a primeira corrente.
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Este poder de investigação do MP possui alguns limites:

 Limite judicial – toda e qualquer prova que dependa de ordem judicial porque envolve
direito fundamental do cidadão só poderá ser colhida através desta autorização.
Cláusula de Reserva de Jurisdição. Ex. busca e apreensão domiciliar, pois o domicilio
é asilo inviolável;

 Respeito aos direitos fundamentais do investigado – o que vale para o inquérito vale
para o MP. Ex. direito ao silêncio;

 Respeito às prerrogativas funcionais do advogado – Art. 7° do Estatuto da OABI que é


aplicado ao inquérito vale para o PIC do MP.

Polícia Judiciária

Função típica - É órgão do estado com atuação repressiva, ou seja, ele vai atuar após a
ocorrência do crime verificando materialidade e autoria.

Função atípica – Ex. nos aeroportos e fronteiras para inibir crimes

Polícia Administrativa

Função típica - Tem uma função preventiva, atuando antes da ocorrência de um crime
para evitar que ele seja cometido. Ex. PM

Função atípica – Ex. investigação feita pela PM (P2).

PM hoje faz TCO (função atípica) vem ocupando cada vez mais espaço, a justificativa
dada pela própria instituição é o déficit de autoridade policial.

A função atípica não deve ocupar maior espaço que e típica, pois se sim o órgão se
descaracteriza.

O TCO tem que ser defendido na prova de delegado que a PM não pode lavar o
documento, pois é função própria de delegado.

Polícia judiciária

 União – Polícia Federal, Art. 144, §1° da CR/88;


Sua atribuição é expressa.

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Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:

...

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o


descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Inciso I - Crime julgado pela PF é sempre apurado pela PF. Ex. Tráfico Internacional de
drogas.

Nem todo crime apurado pela PF vai a Justiça Federal, atribuição da PF é maior que a
competência da Justiça Federal. Ex. Tráfico interestadual de drogas.

Lei n° 10.446/2002 – Dispões sobre infrações penais de repercussão interestadual.


Destaque o inciso VI da Lei:

o o
Art. Art. 1 Na forma do inciso I do § 1 do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão
interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia
Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança
pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis
dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:

...

IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação


interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em
mais de um Estado da Federação.

 Estados - Polícia Civil possui atribuições. Art. 144, §4° da CR/88


Sua atribuição é residual – apura aquilo que não é: crime da PF, crime militar e indivíduo
que tem prerrogativa de foro.

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Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:

...

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a


competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.

Justa Causa

 Indícios suficientes de autoria;


 Prova da materialidade.

2 – Características do Inquérito Policial

Art. 4° ao 28 do CPP.

a) Procedimento escrito, Art. 9° do CPP.

o
Art. 9 Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Há um rigor formal no inquérito, é um procedimento burocrático, rigoroso, tudo tem que


estar devidamente documentado. Ainda que a prova, diligência seja colhida oralmente tem quer
ser reduzida a termo.

Há quem entenda (corrente minoritária) que o que vale para a Ação Penal, gravação,
aplicar-se-ia no inquérito. Em um conflito parente dentro de uma mesma lei valeria o artigo próprio
do inquérito, portanto atos do inquérito somente escrito. Art. 405 §1 do CPP.

Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo Juiz e
pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada
pela Lei nº 11.719, de 2008).

o
§ 1 Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e
testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou
técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das
informações . (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

b) Dispensabilidade, Art. 12 do CPP.

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Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.

Existem outras formas de se alcançar a justa causa, não é obrigatório para a instrução do
processo, se ele for instrumento para o MP ele irá acompanhar a denúncia.

c) Discricionariedade, Art. 14 do CPP.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
É procedimento administrativo, atos colhidos no inquérito não são atos processuais,
portanto submetidos à conveniência e oportunidade.

É possível termos o ato vinculado no inquérito que é o exame de corpo delito por força do
artigo 158 do CPP, os se o crime deixar vestígios é obrigatório que se faça o exame.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

d) Curador, Art. 15 do CPP.

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

O artigo 15 Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em
flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. Foi revogado
tacitamente. O menor que o artigo menciona é o menor de 18 anos no CP e menor de 21 anos na
civil, por isso havia a figura do curador para a esfera civil. Válido também para o interrogatório.
Com o código civil de 2002 igualou a idade nas duas esferas em 18 anos não tem mais a figura do
curador, assim houve a revogação expressa do Art. 194 do CPP.

Para acompanhar o incidente de sanidade mental o do acusado, ainda há a figura do


curador, podendo ser até mesmo no inquérito, Art. 26 do CPP.

Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou
por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.

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e) Indisponibilidade, Art. 17 do CPP.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

O inquérito é indisponível para o delegado, ele jamais poderá arquivar o inquérito. Mesmo
que tenha instaurado de ofício. O arquivamento tem que ser requerido pelo MP e homologado
pelo Juiz, o delegado não participa do arquivamento.

Se não há justa causa o delegado deixa de indiciar mesmo assim deve remeter os autos
para debate do MP e Juiz.

f) Sigiloso, Art. 20 do CPP.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou


exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito
contra os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)

Não há acesso público a autos e atos do inquérito, pois não é processo, tem como
finalidade garantir a eficácia a apuração delitiva e resguardar os direitos fundamentais do cidadão.

Exceções:

 Juiz – tem acesso a qualquer tempo, acesso ilimitado;

 Ministério Público - tem acesso a qualquer tempo, acesso ilimitado;

 Advogado – tem acesso limitado, tem a prerrogativa funcional, porém há o


interesse público então deverá haver o equilíbrio. Art. 7°, inciso XIV do Estatuto da
OAB – Lei n° 8.906/94; (Analisar à luz da Lei n° 13.245/16)

Antes da alteração da Lei, o advogado tinha acesso ao inquérito, naquilo que era
permitido, sem procuração.

Art. 7º São direitos do advogado:

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XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos,
em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)

Com a alteração a prerrogativa vale para qualquer investigação, podendo ainda ter acesso
sem a procuração, mas se decretado segredo de justiça, somente com procuração. Conforme
Art. 7°, § 10 do Estatuto da OAB.

Art. 7º São direitos do advogado:

...

§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos
direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

O descumprimento da prerrogativa do advogado implica em responsabilidade criminal.

Súmula Vinculante 14.

“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

Só acessa diligência já praticada e documentada.

A Súmula permite acesso a qualquer investigação criminal, válido também para o PIC do
MP, conforme Art. 7°, § 11 do Estatuto da OAB.

Art. 7º São direitos do advogado:

...

§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia
ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

g) Incomunicabilidade, Art. 21 do CPP.

Artigo revogado, assim a característica também está revogada. O Artigo afirmava que se o
investigado respondesse ao inquérito preso, a autoridade poderia decretar sua

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incomunicabilidade, como uma forma de evitar que ele tivesse algum contato com o público. Para
não obter nenhum tipo de informação que interferisse no inquérito.

Com a promulgação da Constituição em seu Art. 136, §3°, inciso IV da CR/88 – quando se
está estado de defesa, situação excepcional, direitos fundamentais poderão ficar suspensos. E
explicou que ainda que este seja decretado, não poderá ser determinada a incomunicabilidade de
indivíduo preso.

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de


Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em
locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza.
...
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
...
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

Estatuto da OAB Art. 7° inciso III, mesmo se for decretada a incomunicabilidade o


advogado tem prerrogativa de ter acesso ao cliente.

Art. 7º São direitos do advogado:

...
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares,
ainda que considerados incomunicáveis;

Características trazidas pela doutrina:

h) Inexistência de nulidades

“Eventuais vícios no Inquérito Policial não contaminam a futura ação penal”, doutrina
majoritária.

Ex. inquérito instaurado a partir do flagrante foi lavrado o APFD. O Juiz comunicado do
flagrante verifica a sua ilegalidade e relaxa a prisão, é um vício do inquérito. Assim o ato ilegal é
excluído, mais o inquérito continua com todas as suas diligências na busca da justa causa.

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i) Inquisitivo

No inquérito não há contraditório nem ampla defesa, isso decorre da natureza do inquérito,
pois é uma etapa preliminar, são atos administrativos que não podem ser considerados nulos.
Com a reforma do Estatuto do OAB Art. 7°, inciso XXI surgiu duas correntes:

Art. 7º São direitos do advogado:

...
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº
13.245, de 2016)

a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

 1° corrente ainda é minoria. Há quem entenda que a partir da alteração o inquérito deixou
de ser inquisitivo, pois agora o advogado pode além de acompanhar a colheita de provas
como interferir, além de encaminhar razões, quesitos, perguntar;

 2° corrente o inquérito ainda continua sendo inquisitivo. Não é obrigatória a presença do


advogado na colheita de prova no inquérito, pois se fosse, no depoimento o advogado
seria intimado. A prova é colhida no inquérito sem contraditório e ampla defesa, em regra
ela é repetida em juízo. Art. 155 Caput do CPP.

Art. 155. O Juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.

j) Oficiosidade

Dever atribuído ao delegado de instaurar de ofício o Inquérito Policial. Dever atribuído ao


delegado nos crimes de ação penal pública incondicionada. Art. 5° § 4° e 5° do CPP.

o
Art. 5 Nos crimes de ação pública o Inquérito Policial será iniciado:

...

o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.

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o
§ 5 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

k) Oficialidade

O inquérito é presidido por órgão oficial do estado, polícia judiciária. Art. 4° Caput do CPP.

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

l) Autoritariedade

O Inquérito Policial será presido por autoridade pública, delegado (função privativa).

3 - Início do inquérito

Art.5° do CPP

o
Art. 5 Nos crimes de ação pública o Inquérito Policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do


ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

o o
§ 1 O requerimento a que se refere o n II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de


presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

o
§ 2 Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o
chefe de Polícia.

o
§ 3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.

o
§ 5 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

- De ofício;

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- Requisição autoridade competente;

Autoridade competente será: Juiz ou Ministério Público

A grande discussão é a imparcialidade do Juiz, pois esta fase é de colheita de provas, e


qualquer ato que ele praticar o torna prevento.

Requisição é sinônimo de exigência do cumprimento da Lei, quem ordena algo é a Lei. A


comunicação e um fato delitivo, crime (típico, ilícito, culpável).

 1° corrente – O delegado só avalia a tipicidade formal, adequação da conduta ao tipo


penal.

É adota pela maioria da doutrina e com vários julgados do STJ, é a corrente que vem
sendo aplicada.

 2° corrente – Ganha força o entendimento que o delegado é bacharel como o Juiz e o


Promotor, tendo função social. Podendo avaliar a conduta pela tipicidade ilicitude e
culpabilidade, não instaurando o inquérito pela insignificância, não cometeria prevaricação.

Debate sobre o tema:

Dica: Eduardo Luiz Santos Cabette – artigo: Delegado de Polícia e a Análise de


Excludentes na Prisão em Flagrante

- Requerimento do ofendido ou de seu representante legal

I
Art. 7º São direitos do advogado:

I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua
correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação
dada pela Lei nº 11.767, de 2008)

III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem
presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

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IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia,
para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da
OAB;

V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações
e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-
8)

VI - ingressar livremente:

a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;

b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e,
no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus
titulares;

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva
praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele,
e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;

d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva
comparecer, desde que munido de poderes especiais;

VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de
licença;

VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário
previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada;

IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator,
em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido; (Vide
ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7)

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco
ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar
acusação ou censura que lhe forem feitas;

XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de
preceito de lei, regulamento ou regimento;

XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder
Legislativo;

XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de
processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a
obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos;

XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de
2016)

XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente,
ou retirá-los pelos prazos legais;

XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;

XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela;

XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

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XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado
com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre
fato que constitua sigilo profissional;

XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário
designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação
protocolizada em juízo.

XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído
pela Lei nº 13.245, de 2016)

a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que
justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e
só o fizer depois de intimado.

§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer
manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares
perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8)

§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime
inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de
polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à OAB. (Vide
ADIN 1.127-8)

§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o
conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em
que incorrer o infrator.

o
§ 6 Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária
competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão
motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de
representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos
pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham
informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

o o
§ 7 A ressalva constante do § 6 deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo
formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da
inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

o
§ 8 (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

o
§ 9 (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o
inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

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§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos
de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento
de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e
funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o
exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz
competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

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