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Sumário

Profª. Carla Barreto

SUMÁRIO (Procedimentos Especiais)


INTRODUÇÃO
1 AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
2 RESTAURAÇÃO DE AUTOS
3 DO PROCESSO ELETRÔNICO NO CPC/15 E A LEI DE INFORMATIZAÇÃO DO
PROCESSO (Lei 11.419/06)

INTRODUÇÃO
Com caráter eminentemente didático, este tópico visa a apresentar as noções básicas sobre
a ideia dos Procedimentos Especiais (Título III do Livro I – Processo de Conhecimento),
desde já, como uma alternativa ao rito do Procedimento comum (Título I do Livro I – Processo
de Conhecimento).
Dessa ideia, pode-se afirmar que, na medida em que o procedimento comum é aquele mais
complexo, composto de todas as etapas tradicionais necessárias e seus respectivos atos e
prazos – postulatória, instrutória, de saneamento e etc. – os procedimentos especiais terão
a alteração de alguma dessas etapas e suas exigências, em face da tutela jurídica visada.
EX: Nas ações possessórias é permitida a decisão liminar – sem oitiva do réu.
Inclusive, ressalte-se que, tamanha é a complexidade e completude do procedimento
COMUM, que naquilo em que nada se falar para os procedimentos especiais, aplica-se
subsidiariamente o comum (Art. 318, parágrafo único).
Considerada essa primeira visão, em seguida vale comentar que o conjunto de
procedimentos especiais é relativamente extenso – compreendendo o texto dos arts. 539 ao
771 – contando com um total de 15 procedimentos diferentes; com a ressalva de que, dentro
da Seção XV – Da jurisdição voluntária, ainda há mais “sub-procedimentos” com certa
relevância.
Já os procedimentos da jurisdição contenciosa propriamente dita são os seguintes (com grifo
naqueles que serão estudados neste bloco):
Considerando, pois, a quantidade de procedimentos, fica evidente a necessidade de um
corte na quantidade de temas que possa ser abordado, de modo que se optou por analisar
os mais recorrentes em concursos públicos.
Finalmente, ainda visando conceder uma orientação o máximo ampla, adverte-se que as
questões que abordem o tema de procedimentos especiais são raras em concursos em geral
– especialmente para cargos administrativos – e que, quando cobradas, muitas ainda
contam com a peculiaridade de cobrar – em cada item – um procedimento distinto.
Logo, a sugestão é a de que, caso se pretenda máxima segurança no domínio do assunto,
caberá ao aluno esgotar a temática mediante leitura da lei. Do contrário, como já comentado,
basta se familiarizar com os procedimentos mais notáveis, que serão aqui estudados.

DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS


Cabe apontar de logo uma mudança da nomenclatura, pois no CPC/73 havia a Ação de
Prestação de contas – que abarcava os que queriam exigir como os que tinham a obrigação
de prestá-las. Ocorre que, como se vê, a nomenclatura atual limitou o propósito da ação,
que de fato visa apenas ao credor que visa do devedor essa prestação.
Nesta ação, o prazo para contestação é igual ao do procedimento comum – de 15 dias. Mas,
uma vez delimitado razões e valores – em que o autor os apresenta detalhadamente suas
razões na inicial e o réu indica os valores – o processo seguirá sob o rito do cumprimento de
sentença, pois uma vez sentenciado o processo, forma-se um título executivo judicial.

DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

OBS: Trata-se do processo de “Cumprimento de Sentença”


OBS: Possibilidade de julgar antecipadamente o mérito – se não houver necessidade
de produção de provas.

DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Uma situação que pode surpreender, mas que é comum na praxe forense, é o
“desaparecimento de um processo” – que costumeiramente se chama de “autos”; como a
coletânea de documentos que o compõem.
Seja por extravio, perda incidental ou por atitude maliciosa, há inúmeras formas de isso
ocorrer. Seja por um advogado que fez carga e não devolveu – ocasião em que ainda se
pode tentar uma “busca e apreensão”; ou por ter havido um furto no fórum; ou algum
desastre; enfim. E, claro, em sendo o caso de uma atitude cujo causador do dano possa ser
identificado, este arca com as custas da ação de restauração e com os honorários do
advogado da outra parte. E saiba que ele está ainda pode ser penal ou civilmente
responsabilizado (Art. 718, CPC/15).
Verificado esse desaparecimento, qualquer das partes, o Ministério Público e até mesmo o
juiz, de ofício – sem que ninguém tenha que solicitar – pode instaurar esse procedimento
de restauração.
Com ele, haverá uma petição inicial declarando em que estado o processo se encontrava ao
tempo do desaparecimento – se estava concluso, aguardando audiência, ou cumprimento
de mandado ou carta precatória, etc.
Além disso, tanto o autor como o réu, devem apresentar o máximo de documentos que
facilitem a restauração, como certidões do cartório ou cópia das peças que tenham (Art. 713,
CPC/15). O prazo de contestação é de 05 (cinco) dias e basicamente servirá para que
sejam apresentadas mais documentos, além dos trazidos com a inicial, além de ser o
momento em que expressa o réu se:
Concorda inteiramente com a restauração: ocasião em que se homologa esse feito
e ele passa a suprir o processo desaparecido;
Concorda parcialmente (ou silencia): o juiz passa a observar o procedimento
comum, em que pode haver ampla defesa, audiência de instrução e todos os outros
trâmites.
Uma vez julgada a ação de “Restauração”, segue-se o processo “de onde se havia parado”,
basicamente. E, se porventura os antigos autos forem encontrados, nestes é que volta a
seguir a ação e se anexa o procedimento de restauração.
ATENÇÃO: Caso o processo tenha desaparecido DEPOIS de realizada a audiência
de instrução, em que as provas já tenham sido produzidas, se for necessário, o juiz
manda repetir a produção.
No caso das testemunhas, se possível elas são novamente ouvidas, e caso não seja
possível ouvir as mesmas, PODEM SER substituídas.
No caso de documentos – como laudo pericial e provas documentais – se houver
cópia, basta que sejam recuperadas. E, caso seja também necessário, o magistrado
pode convocar os serventuários a depor sobre atos que tenham praticado ou
assistido; convocação a que NÃO podem deixar de atender. EX: Oficial de justiça
depõe sobre os termos de uma busca e apreensão; escrivão depõe sobre ter citado
o réu em secretaria, etc.
Arrematando as considerações, seguem os dispositivos legais:
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
DO PROCESSO ELETRÔNICO NO CPC/15 E A LEI DE INFORMATIZAÇÃO DO
PROCESSO (Lei 11.419/06)
O presente tema possui grande repercussão prática e também vem sendo exigido em vários
editais; mas na grande maioria das questões, o conteúdo é cobrado tal qual o texto legal se
apresenta, com pequenas alterações. Ou seja, o estudo de tal tema é, inevitavelmente, a
leitura exaustiva da lei regulamentadora e dos artigos do CPC/15.
A principal fonte do presente tema ainda é a Lei 11.419/06, embora exista também a
Resolução 185/2013 do CNJ regulamentando pormenorizadamente o tema – tendo inclusive
criado o PJe (Processo Judicial Eletrônico) e, atualmente, o CPC/15 disciplina o tema em
seus arts. 193 a 199.
Inclusive, ressalte-se que essa lei não fala apenas do processo eletrônico, como muitos
supõem, mas também da informatização do processo e dos atos de comunicação por meio
eletrônico, expressões que demonstram essa revolução tecnológica que se vem
implementando no Judiciário, desde então.
Tanto é que, no seu primeiro artigo, ela traz alguns conceitos básicos para delimitar sua
aplicabilidade:
No primeiro capítulo cabe destaque para o fato de que tal lei veio para regulamentar TODAS
as relações processuais, sejam elas civis, penais, de juizados especiais e etc (Art. 1º, §1º da
Lei 11.419/06). Bem como se indica que o funcionamento dessa nova sistemática se dará
por assinatura eletrônica, cujo credenciamento presencial junto ao Poder Judiciário é
obrigatório. Em arremate, uma das principais vantagens do processamento eletrônico é que
ele facilitou o trabalho remoto, ou seja, é possível que se movimente o processo dentro das
vinte e quatro horas que compõem o dia do prazo. E, para tanto, considera-se realizado o
ato no momento do envio de um determinado, com dia e hora, registrados em protocolo
eletrônico (Art. 3º, da lei 11.419/06).
O segundo capítulo, que trata das comunicações, tem em grande parte regras sobre o Diário
de Justiça Eletrônico, que inovou – à época – na publicização de atos judiciais. Cabendo
posteriormente uma leitura atenta do art. 4º da Lei 11.419/06 e seus parágrafos, indica-se
como principais regras o fato de que:
- A publicação eletrônica no DJE substitui qualquer outro meio e publicação oficial,
para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou
vista pessoal.
- Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
- Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado
como data da publicação.
Por fim, o terceiro capítulo, cuidando das etapas de processamento eletrônico, tem como
principais pontos o fato de que é possível o tramite total ou parcial do processo pelas vias
eletrônicas; assim como sua conservação – pode ser em parte num processo físico, como
em processo digital. Essa regra, inclusive, se apresenta no art. 193 do CPC/15.
Em seguida, outro importante ponto é o DEVER do poder judiciário de manter –
gratuitamente, inclusive, segundo o art. 198 do CPC/15 – equipamentos de digitalização e
de acesso à rede mundial de computadores à disposição dos interessados para distribuição
de peças processuais (Art. 10, §3º da Lei 11.419/06).
Arrematando, indica-se a leitura desses 07 artigos do CPC/15 que disciplinam a temática:
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais (Arts. 193 a 199, CPC/15)
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir
que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma
da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos
notariais e de registro.
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso
e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de
julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma
computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e
informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções.
1. 2017. CONSULPLAN. TJ-MG. Outorga de Delegações de Notas e de Registro -
Provimento
Sobre os procedimentos especiais, assinale a única afirmativa correta:
a) O CPC/2015 manteve no Título III do Livro I da Parte Especial as ações de exigir e prestar
contas.
b) A restauração de autos é um procedimento de jurisdição voluntária.
c) O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos procedimentos especiais.
d) O CPC/2015 extinguiu a divisão entre procedimentos especiais de jurisdição contenciosa
e de jurisdição voluntária.

2. 2016. CONSULPLAN. TJ-MG. Titular de Serviços de Notas e de Registros -


Remoção
Relativamente à restauração de autos, assinale a afirmação INCORRETA.
a) Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como
testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido no tramitar dos autos
extraviados.
b) Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que possível pelo
mesmo perito.
c) Não havendo certidão de documentos, deverá ser promovida a sua reconstituição
mediante cópias ou, na falta dessas, pelos meios ordinários de prova.
d) Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juiz,
se necessário, mandará repeti-las; nessa hipótese, serão reinquiridas as mesmas
testemunhas, observando-se que, caso seja impossível por qualquer circunstância, não
poderá ocorrer a sua substituição, salvo em caso de falecimento.

3. 2016. FUNDATEC. Prefeitura de Porto Alegre – RS. Procurador Municipal


Em relação à comunicação eletrônica dos atos processuais, analise as assertivas abaixo:
I. Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede
mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos
órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral.
II. A publicação eletrônica realizada pelo Diário de Justiça eletrônico substitui qualquer outro
meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei,
exigem intimação ou vista pessoal.
III. Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao da disponibilização
da informação no Diário da Justiça eletrônico.
Quais estão corretas?
a) Apenas II.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

1. C 2. D 3. C

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