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Inácio Chitsumba

Fontes Normativas

Mestrado em

ISCTAC
Beira
2018
Inácio Chitsumba

Fontes Normativas

Projecto de Dissertaçao entregue


no ---

Docente:

ISCTAC
Beira
2018
Índice

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1
1. Noções do direito......................................................................................................................2
1.2 Fontes de Direito........................................................................................................................4
1.3 Fontes normativas em geral.......................................................................................................6
1.4 As fontes normativas fiscais em especial..................................................................................7
2. Tipologia das fontes do direito....................................................................................................8
2.1 Fontes intencionais (voluntárias)...........................................................................................8
 Lei constitucional; ............................................................................................................9
 Tratados Internacionais;....................................................................................................9
 Leis; ..................................................................................................................................9
 Decretos-lei; .....................................................................................................................9
 Decretos Legislativos Regionais (não aplicável ao caso moçambicano); ........................9
 Regulamentos (Externos: objectivados para os contribuintes).........................................9
2.1.1 Lei Constitucional...........................................................................................................9
2.1.2 Tratados internacionais....................................................................................................9
2.1.3 L E I...............................................................................................................................10
2.1.4 Decreto-lei.....................................................................................................................11
2.1.5 Regulamentos................................................................................................................11
2.2 Fontes Costumeiras..................................................................................................................11
2.3 fontes Jurisprudenciais.....................................................................................................13
Conclusão......................................................................................................................................15
Referencias Bibliográfica..............................................................................................................16
INTRODUÇÃO

O homem não vive isolado como uma ilha no meio do oceano, ele vive junto a outros
indivíduos e assim se comportando, ele vive em sociedade. Com isso, podemos perceber porque
se afirma que “o homem é um ser social”, portanto, a vida em sociedade depende de sua própria
natureza e das suas necessidades e aspirações.

Esta visão é fruto da reflexão em torno do que vindo a ser aflorado na literatura ligada
as Normas Jurídicas onde destacamos a Teoria do Estado Social de J. J. Rousseau segundo a
qual o homem por natureza é bom, mas a sociedade o corrompe e da Teoria Associal de Tomas
Hobbes, ao considerar que o homem é um ser mau por natureza, e que a sociedade lhe torna
bom. Associada a estas duas teorias, encontramos a Teoria Eclética de Jonh Locke, ao referir que
mesmo sendo bom, o homem por natureza pode ser mau na sociedade, e sendo mau por natureza,
a sociedade pode lhe tornar bom.

O homem na sua forma de ser, estar e fazer dentro da sociedade guia-se por regras que
regulam o seu comportamento em vários aspectos ligados a filosofia de vida e as políticas de
uma sociedade. Numa perspectiva didáctica, não podemos pensar numa sociedade, sem antes
pensarmos nos seres humanos que a compõem. De igual modo, não podemos pensar nos homens
em uma sociedade, sem pensar nas normas regem o ser, estar e fazer dentro dela.

Para melhor compreensão o trabalho numa primeira fase conceitua as fontes do direito,
onde se debruça sobre as fontes normativas em geral e fontes normativas e fiscais em especial,
para depois elucidar dobre as tipologias das fontes onde se focalizam as fontes intencionais,
fontes costumeiras e fontes jurisprudenciais.

No final se apresenta a conclusão e as referências bibliográficas usadas para a sua


materialização.

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1. Noções do direito

No dia-a-dia a expressão Direito aparece em várias fases e momentos, ao nos


comunicarmos com as demais pessoas, nos mídias e mesmo no exercício das nossas actividades
profissionais.

Vivendo em uma sociedade, o homem deve pautar por comportamento que seja
adequado a sociedade onde ele esta inserido, para tal existem normas e/ou regras que regem o
comportamento do individuo. Segundo Sousa e Galvão (2000: 9) o “Direito anda associado à
ideia de um conjunto de regras de comportamento social ou de cada dessas regras. A lei é
Direito. O regulamento é Direito. Os estatutos são Direito. Todos eles constituem Direito que
preside à nossa vida em sociedade.”

A palavra "direito" vem do latim directus, a, um, "que segue regras pré-determinadas ou
um dado preceito", do particípio passado do verbo dirigere. O termo evoluiu em português da
forma "directo" (1277) a "dereyto" (1292) até chegar à grafia actual (documentada no século
XIII).

A inter-relação estabelecida na sociedade e a própria vida em sociedade exige a


formulação de regras e normas de conduta para disciplinar a interacção entre os seres tendo em
vista o alcance do bem comum e a paz e a organização social.

As regras ou normas éticas ou de conduta, podem ser de natureza moral, religiosa e


jurídica. A norma do direito, chamada "norma jurídica", difere das demais, porém, por dirigir-se
à conduta externa do indivíduo, exigindo-lhe que faça ou deixe de fazer algo, objectivamente, e
atribuindo responsabilidades, direitos e obrigações.

Sousa e Galvão (2000:11) consideram o Direito como “um regulador da existência


humana em sociedade”. O Direito constitui, assim, um conjunto de normas de conduta
estabelecidas para regular as relações sociais e garantidas pela intervenção do poder público. É
pois da natureza da norma de direito a existência de uma ameaça pelo seu não cumprimento
(sanção) e a sua imposição por uma autoridade pública (o Estado) com o objectivo de atender ao
interesse geral (o bem comum, a paz e a organização sociais).

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Em relação ao sentido do Direito, Pereira (2001:10) realça três:

 Direito em sentido subjectivo – uma situação jurídica concreta de


vantagem que se traduz na titularidade de poderes ou faculdades de fazer ou não fazer, de
exigir ou de pretender;

 Direito em sentido normativo – o conjunto de princípios e de normas


criadoras ou reveladoras de organizações, funções, faculdades, direitos e deveres.

 Direito em sentido objectivo – que traduz a sua mais ampla expressão,


nesta acepção engloba o complexo normativo e toda a realidade juridicamente relevante,
constituindo um sistema jurídico.

Assim, este autor considera ainda que “Direito é o sistema normativo de conduta social,
coactivamente protegido porque mobilizado à realização da justiça”.

Pode-se depreender como exposto acima que as normas jurídicas têm por objectivo criar
direitos e obrigações para pessoas, quer sejam pessoas naturais ou jurídicas. E associado a este
aspecto, o direito também disciplina as coisas e os animais, com o objectivo de proteger direitos
ou gerar obrigações para pessoas, ainda que, modernamente, o interesse protegido possa ser o de
toda uma colectividade ou, até mesmo, da humanidade abstractamente.

Sousa e Galvão (2000:10) dividem o direito em dois, sendo o direito subjectivo e direito
objectivo. Segundo estes autores, “ao direito como poder de cada qual agir ou exigir um
comportamento de outrem chama-se direito subjectivo. E, ao contrário do direito objectivo,
normalmente escrito com maiúscula, o direito subjectivo é-o com minúscula”. Acrescentam
ainda que, o Direito objectivo cria, modifica e extingue o direito subjectivo.

Este estudo, esta focalizado o Direito considerado Objectivo na perspectiva de Sousa e


Galvão (2000) ou Direito em sentido Objectivo Pereira (2001) uma vez que engloba o complexo
normativo e toda a realidade juridicamente relevante e se reconduz a regras de comportamento
em sociedade.

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1.2 Fontes de Direito

As normas do direito são criadas, modificadas e extintas por meio de certos tipos de
actos, chamados pelos juristas de fontes do direito. A fonte é ao mesmo tempo processo e facto:
processo de criação de normas e facto deste processo (a norma em si). Como já referimos acima,
as fontes do direito são o ponto de partida para a busca da norma. Contem a norma. Assim sendo,
são modos de formação e revelação das normas jurídicas.

Pereira (2001:87) refere que “a expressão “fonte de direito” é passível de diversas


interpretações”, e apresenta os seguintes sentidos:

 Sentido filosófico – significa o fundamento último ou razão da existência do


direito. Assim a fonte mais remota é reconhecida como justiça, a segurança, o poder, o
estado, consoante a corrente filosófico-juridica.

 Sentido histórico e sociológico – aqui, a fonte é o antecedente ou causa jurídica


(sentido histórico estrito) da norma, instituição, ramo ou mesmo sistema jurídico. (…).
E sentido sociológico, fontes de direito são as circunstâncias condicionantes da
produção da norma ou do complexo normativo, condicionantes sociais de diversa
natureza e peso específico.

 Sentido orgânico – são fontes de direito normativo, os órgãos ou entes públicos


com competência normativa: parlamento, governo e ainda diversos órgãos da
Administração Publica com competência normativa.

 Sentido instrumental – a fonte do direito é o local, o meio, a forma material onde


consta positivado o Direito.

 Sentido técnico-jurídico (também dito formal) – no sentido tradicional, fontes de


direito são os modos de formação e revelação do direito normativo.

Em relação a este facto, importa aflorar que, segundo Pereira (2001:88):

“… estamos a considerar fontes do Direito, e não fontes de direitos; caso ampliássemos para este sentido
havia que considerar, tanto, os actos administrativos, como uma classe de factos jurídicos de primeiro
relevo no comércio jurídico (…). O Direito positivo, como é frequente, pode (e deve) apresentar um quadro
hierárquico das fontes legais, mas tal não prejudica o relevo indelével que outras possam ter, pelas suas
próprias natureza e forca jurídica. Sobretudo, porque toda a jurisprudência e a seu modo também a

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doutrina, não apenas ‘revelam’ e aplicam o Direito, como o recriam, num ‘continuum constituendo’:
criação acontece, quer na produção legislativa da norma, quer nos recorrentes ciclos das suas diversas
reelaborações, interpretações e aplicações concretas”.

Portanto, são várias as fontes de Direito, e a base para sua criação se encontra na
sociedade, onde este aparece para reger as relações entre os seres humanos. A ênfase para este
estudo vai para o sentido técnico-jurídico numa perspectiva próxima do sentido tradicional pelo
facto de ter maior sedimentação.

Numa perspectiva histórica, Gilissen (1979:25) considera que a expressão “fonte de


direito” pode ser entendida pelo menos em três sentidos diferentes: fontes históricas do direito,
fontes reais do direito, fontes formais do direito:

a) Fontes históricas do direito – são todos os elementos que contribuíram, ao


longo dos séculos, para a formação do direito positivo actualmente em vigor num país
dado;

b) Fontes reais do direito – são os factores que contribuem para a formação


do direito (…) variam segundo a concepção religiosa ou filosófica dos homens (…) e
também o direito dos períodos anteriores e dos direitos estrangeiros;

c) Fontes formais do direito – são os instrumentos de elaboração do direito


num grupo sociopolítico dado numa época dada; são também os modos ou formas através
das quais as normas do direito positivo se exprimem.

Em termos de local de criacao, as fontes de direito podem ser:

 Nacionais – quando o direito a ser criado, modificado ou extinguido é


nacional;

 Internacional – quando o direito a ser criado, modificado ou extinguido é


internacional;

 Interestadual – quando o direito a ser criado, modificado ou extinguido é


das autarquias locais.

Em relação a classificação das fontes de Direito, Pereira (2001:89) subdivide-as em:


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- Segundo classificação doutrinal:

 Fontes voluntarias ou intencionais (onde constam a lei, jurisprudencia e


doutrina) e fontes não voluntarias (constam os princípios fundamentais e o costume),

- Segundo classificação legal

 Fontes Imediatas (constam os princípios e as leis) e Mediatas (constam os


usos e equidade)

1.3 Fontes normativas em geral

As fontes normativas podem ser compreendidas como a origem de um determinado


direito1. Nessa linha, as fontes do direito constituem duas vertentes para exame do tema:

a) as circunstâncias que foram determinantes para a criação do direito;

b) as disposições normativas que expressam o conteúdo do direito.

Quanto ao primeiro aspecto, temos as fontes materiais, que correspondem aos factos


sociais, econômicos, políticos, culturais, religiosos, biológicos, etc, que provocaram a edição de
uma determinada regra jurídica. Já o segundo aspecto revela as fontes formais, correspondentes
aos dispositivos normativos que revelam a existência de um determinado direito. Como exemplo,
podemos citar a limitação de jornada a 8 horas diárias e 44 horas semanais. As fontes materiais
desse direito correspondem às reivindicações dos trabalhadores por melhores condições de
trabalho, bem como a factores biológicos que apontam a necessidade de limitação da jornada
como forma de preservação da saúde do trabalhador.

Por outro lado, as fontes formais podem ser divididas em autónomas, quando
provenientes dos próprios sujeitos participantes da relação de trabalho, ou heterónimas, quando a
norma jurídica é elaborada por um terceiro, alheio à relação de trabalho. Assim, podemos
apresentar a seguinte classificação:

1
Excerto extraido em https://oab.grancursosonline.com.br/fontes-formais-e-materiais-do-direito-do-trabalho/,
acessado no dia 26/11/2018, pelas 14H53
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a) fontes materiais: fatores econômicos, sociais, políticos, culturais, religiosos,
biológicos, que influenciaram a produção da norma;

b) fonte formal autônoma: contrato de trabalho, regulamento de empresa, acordo


coletivo de trabalho e convenção coletiva de trabalho,

c) fonte formal heterônoma: Constituição Federal, leis, medidas provisórias, tratados


internacionais (em especial as convenções da Organização Internacional do Trabalho), normas
regulamentares e decretos do Ministério do Trabalho e Emprego, sentença normativa
(proveniente do julgamento de dissídio coletivo).

                   Considerado o Direito como um sistema de normas que regulam -esta a  finalidade


essencial, a organização, o funcionamento e a proteção de um determinado Estado e os direitos e
deveres fundamentais de seus jurisdicionados ou, como querem outros, um sistema de normas
destinadas a regular a conduta humana, impende-nos recordar, na oportunidade, certas
características básicas das normas jurídicas, que as distinguem de outros tipos de normas, tais
como sua imperatividade, sua coercibilidade, eis que envolvem a possibilidade de sua
assecuração por determinada forma de sanção imposta pelo aparelhamento coercitivo do Estado,
sua generalidade,  inerente à sua própria natureza e corolário de seu objectivo, posto que criada
através de um processo de generalização e de abstracção, buscando regular relações futuras,
imprevisíveis em sua particularidade, devendo assim prevalecer o elemento genérico.

1.4 As fontes normativas fiscais em especial

Um dos aspectos da soberania do Estado é o do seu poder especial de penetrar nos patrimónios
dos particulares. exigindo-lhes contribuições derivadas e compulsórias.

 Este poder é representado pelo poder de criar tributos, de estabelecer proibições tributárias, isto
é, de emanar normas jurídicas tributárias.

O poder fiscal é inerente ao próprio Estado, que advém de sua soberania política, consistente na
faculdade do estabelecer tributos, de exigir contribuições compulsórias, a fim de poder atender ás

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necessidades públicas. Vulgarmente expressa-se como "Fisco" o poder de exigir tributos do
Estado.

 O Direito Tributário regula principalmente as relações jurídicas entre o "Fisco", como sujeito
activo, e o Contribuinte, ou terceiros, como sujeitos passivos; regula a cobrança e a fiscalização
dos tributos.

Segundo o artigo 7, da Lei n.º 2/20062, de 22 de Março, são fontes normativas dos tributos em
Moçambique as seguintes:

a) a Constituição da República;
b) a lei;
c) o decreto-lei;
d) o decreto;
e) os diplomas ministeriais;
f) o regulamento das autarquias locais;
g) o contracto fiscal, nos termos previstos na legislação tributária;
h) a convenção internacional que vigore na ordem interna, nomeadamente convenções bilaterais
sobre matéria fiscal e aduaneira.

2. Tipologia das fontes do direito

2.1 Fontes intencionais (voluntárias)

Em breves palavras, fonte do direito é o ponto de onde promana o direito, onde tem o
seu nascedouro, a sua origem na vida social para aparecer, com segurança e clareza, no campo da
regulação da conduta humana, sendo inseparável o conceito de fonte da ideia da obrigatoriedade
das normas por ela enunciadas.

 As fontes têm várias classificações possíveis: podem ser voluntárias (ou intencionais) e
involuntárias, materiais ou formais; as formais, por sua vez, podem ser imediatas e mediatas.

Quanto à fontes voluntárias e involuntárias, o critério de distinção recaí sobre a forma e


processo como se exteriorizam essas regras, sendo que temos como fontes voluntárias,

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Com esta Lei estabelecem-se os princípios e normas gerais do ordenamento jurídico tributário moçambicano
aplicáveis a todos os tributos nacionais e autárquicos.
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nomeadamente, as leis, e que resultam de um processo formal legislativo, intencional, tendo em
vista a criação de regras de Direito. 

Segundo SÁ GOMES (1996) Fontes Intencionais ou Voluntárias de Direito Fiscal se apresenta


pela seguinte ordem e a da respectiva hierarquia:

 Lei constitucional;
 Tratados Internacionais;
 Leis;
 Decretos-lei;
 Decretos Legislativos Regionais (não aplicável ao caso moçambicano);
 Regulamentos (Externos: objectivados para os contribuintes).

2.1.1 Lei Constitucional

              Segundo PERREIRA (1962), Entendida a Constituição “como ordenamento total do


Estado, abrangendo, assim, todas aquelas NORMAS cujo conteúdo se refere à matéria
constitucional (e teremos dissensões doutrinárias a respeito da amplitude da conceituação da
matéria constitucional), será ela a única fonte do Direito”. Nesse sentido (MATERIAL), a
Constituição abrangerá quaisquer ordenamentos, formalmente falando, abrangerá a Constituição
em sentido formal, a lei, o costume constitucional e a jurisprudência.

 Em sentido FORMAL, porém, a Constituição é uma LEI, escrita portanto, hierarquicamente
superior às demais leis, que com ela não poderão conflitar, sob pena de nulidade.

SÁ GOMES (1996) advoga que a Lei Constitucional é importante como Fonte de


Direito Fiscal porque define os princípios tributários fundamentais que devem enquadrar o
Sistema Fiscal.

2.1.2 Tratados internacionais

A expressão tratado designa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo direito internacional, quer seja considerado um instrumento técnico, quer em dois ou
mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação panicular (Convenção de
Viena, art 2º, alínea a)).

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O acolhimento dos tratados internacionais como fontes de Direito está condicionado à sua
rectificação e publicação dos referidos acordos, pela Assembleia da República.

Entre as normas internacionais sobre matérias tributárias mais importantes contam-se as


convenções bilaterais realizadas pelo Governo para evitar a dupla tributação e a evasão fiscal.

2.1.3 L E I

                     A Lei é outra fonte de grande importância, especialmente no direito moderno, pela
tendência quase universal de adoção das normas jurídicas legisladas, ou seja, do direito escrito,
em substituição às normas consuetudinárias.

A lei é tida também como acto legislativo, que segundo Sousa e Galvão (2000:46) é um
acto do poder político do Estado que provem do órgão constitucionalmente competente, obedece
a um procedimento constitucionalmente definido e reveste a forma constitucionalmente
qualificada de lei.

Para este autor, associa-se a definição da lei, o facto de ter conteúdo político uma vez
que contem opções ou escolhas colectivas com uma liberdade só limitada pela constituição.
Assim, a lei visa reger as relações entre cidadãos ou entre estes e o poder político.

Para Gilissen (1979:27), “a lei é uma norma ou um conjunto de normas de direito,


relativamente gerais e permanentes, na maior parte dos casos escritas, impostas por aqueles que
exercem o poder num grupo sociopolítico mais ou menos autónomo”.

Assim a lei, pode ser entendida como o conjunto de textos editados pela autoridade
superior (em geral, o poder Legislativo ou a Administração pública), formulados por escrito e
segundo procedimentos específicos. E pode-se incluir neste grupo os regulamentos
administrativos.

2.1.4 Decreto-lei

Decreto-lei3 é um decreto com força de lei, que emana do Poder Executivo, previsto nos
sistemas legislativos de alguns países. Os decretos-leis podem aplicar-se à ordem económica,

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto-lei, acessado no dia 26/11/2018, pelas 14H20
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fiscal, social, territorial e de segurança, com legitimidade efetiva de uma norma administrativa e
poder de lei desde a sua edição, sanção e publicação no diário ou jornal oficial.

O decreto-lei ou similar, por conseguinte, oferece a possibilidade constitucional ao


Poder Executivo de criar normas entretanto convertidas em lei sem a intervenção ou a
autorização prévia do Parlamento.

2.1.5 Regulamentos

Segundo Ibahimo (2002), os regulamentos são “normas jurídicas, dimanadas de órgãos


administrativos, no desempenho da função administrativa”. Excluem-se aqui os regulamentos
internos que sob forma de ofícios, circulares, instruções a administração emite a fim de
esclarecer os seus funcionários dentro do âmbito dos seus serviços, pois estes regulamentos não
são fonte de direito fiscal

2.2 Fontes Costumeiras

Vamos tratar do costume e do uso de forma separada para melhor compreensão. O


costume definida por Gilissen (1979:27) como um “conjunto de usos de natureza jurídica que
adquiriram forca obrigatória num grupo sociopolítico dado, pela repetição de actos públicos e
pacíficos durante um lapso de tempo relativamente longo”, já foi a principal fonte de Direito (até
meados do Século XVIII), no entanto, a sua adesão ao liberalismo voluntarista-positivista
impulsionou o seu afastamento.

Segundo Pereira (2001:91), o costume íntegra necessariamente dois elementos:

 Um objectivo (material, ou corpus) que consiste na prática


duradouramente reiterada duma conduta social consubstanciando uma regra

 Outro, subjectivo (animus): a convicção da opinião comum, que aquela


conduta obedece a uma norma obrigatória segundo a consciência jurídica da comunidade.

Por outro lado, Sousa e Galvão (2000:150), consideram que o costume supõe dos
elementos essenciais. O uso, ou um a pratica social reiterada – o usus. E a convicção da

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obrigatoriedade da conduta que é objecto de repetição ao longo do tempo – a opinião júris vel
necessitatis.

Os usos, consideradas por Pereira (2001:92) como fonte diversa do costume, que
consistem na conduta social repetida duradouramente. Estes são acolhidos como fonte de direito
quando a lei expressamente os admita, por isso são fonte apenas mediata.

O autor refere ainda que, “o mero uso, só por si, não é suficiente para definir o costume.
Pode existir uso, sem que esse uso se juridifique e crie Direito”.

Podemos assim entender que costume é a regra não escrita que se forma pela repetição
reiterada de um comportamento e pela convicção geral de que tal comportamento é obrigatório
(isto é, constitui uma norma do direito) e necessário. O costume é fruto da dinâmica da sociedade
civil.

Isto revela que, além do direito escrito, a lei, existe um outro direito, não escrito,
costumeiro ou consuetudinário, que é fruto das pulsões diárias do grupo e da sociedade, sem
necessidade de intervenção do poder político do Estado. (Sousa e Galvão 2000:149).

Em relação as duas fontes já mencionadas, a lei e o costume, Sousa e Galvão


(2000:152) consideram que dois pressupostos são essenciais:

 A relevância do costume na depende do reconhecimento da lei;

 A relevância do costume não depende de uma efectiva aplicação coactiva.

E nesta relação, segundo estes autores, temos:

1. Costume secundum legem – o costume com o mesmo conteúdo que a lei,


onde a conduta devida é adoptada não em função da lei que a impõe, mas do costume de
conteúdo idêntico a essa lei, havendo a convicção da obrigatoriedade do cumprimento do
costume.

2. Costume praeter legem – costume que regula a matéria não prevista pela
lei, isto é, vai para além da lei;

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3. Costume contra legem – costume de conteúdo oposto a lei, ou, que se
opõe a lei.

Os casos mais frequentes os dois últimos, isto é, o praeter e o contra legem. No entanto
é importante frisar que, em qualquer dos casos, a relevância jurídica não depende do facto de ser
acolhido, consagrado ou, sequer, tolerado pela lei.

2.3 fontes Jurisprudenciais

Gilissen (1979:27) considera a Jurisprudência como “um conjunto de normas jurídicas


extraídas das decisões judiciárias. As decisões judiciárias não valem senão entre as pessoas que
são partes no processo; não enunciam normas jurídicas gerais e, mesmo que o façam na sua
motivação, estas normas não tem forca vinculativa erga omnes.”.

É uma decisão dada por um órgão jurisdicional como é o caso do tribunal, isto é,
conjunto de interpretações das normas do direito proferidas pelo poder Judiciário.

Esta ideia é defendida Pereira (2001:92) que considera a jurisprudência como uma
“decisão jurisdicional, e, complexivamente, o conjunto das orientacoes seguidas pelos tribunais
no julgamento de casos concretos”. Refere que, esta, é uma fonte constitucional mas não legal de
normas jurídicas positivas.

Em Moçambique temos a jurisprudência do tribunal, do conselho constitucional e do


tribunal regional. Encontramos:

 Tribunal supremo
 Tribunal regional
 Conselho constitucional
Em termos de hierarquia de baixo para cima temos
1. Tribunal distrital
2. Tribunal provincial
3. Tribunal regional
4. Tribunal supremo

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Há também hierarquia de competências em que os processos julgados na cidade e o
recurso vai directo para o supremo e não só. Recentemente em Moçambique foram introduzidos
os tribunais regionais que vão contribuir na redução do tempo de recurso.

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Conclusão

O direito vigente nos países da Europa influenciou a regência das normas nos países
africanos durante o processo de colonização.

O costume é uma prática normativa aceite por uma determinada sociedade e pode ser
passada de geração por geração, de carácter obrigatório associado a uma convicção desta
obrigatoriedade. Assim podemos considerar o costume como uma forma de ser estar e fazer
dentro de uma sociedade com convicção de sua obrigatoriedade.

A doutrina desempenha um papel preponderante através dos seus reflexos nas funções
legislativas, jurisdicional e administrativa do Estado.

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Referencias Bibliográfica

IBRAHIMO, Ibrahimo. Direito e a Fiscalidade “um contributo para o Direito Fiscal em


Moçambique”. Editora Art C, 2002.

SÁ GOMES, Nuno. Curso de Direito Fiscal. Lisboa, 1980. Vol II

SILVA, Edna da Lucia, Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. rev. atual.
Florianópolis, 2001.

PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira. Estado, regulação social e controle democrático. In:
BRAVO; PEREIRA (org.). Política social e democracia. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro:
UERJ, 2001.

FERREIRA, PINTO- Princípios Gerais do Direito Constitucional Moderno, Edição Saraiva, 1.962, 4a.
edição, 2 vols

GILISSEN, John, Introdução histórica ao direito, Lisboa, Fundação Gulbenkian, 1988 (ed. orig. :
Bruxelles, Bruylant,. 1979).

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