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Frei Sérgio Antônio Görgen ofm

O Futuro
das Sociedades
Democrá cas
Sérgio Antônio Görgen ofm

O Futuro das
Sociedades
Democrá cas

1ª Edição
Candiota - RS - 2019
Sumário

1. Introdução.................................................................................................................................
07
.................................................................................................................................................................

2. Experiências Embrionárias ao Longo da História.........................


08
................................................................................................................................................................

3. As Revoluções Contemporâneas na França e nos Estados


Unidos.............................................................................................................................................12

4. A Jovem Democracia Brasileira.........................................................................


14
.................................................................................................................................................................

5. Um Ambiente Histórico de Crise.....................................................................


.................................................................................................................................................................16

6. Novos Paradigmas para Organizar Sociedades Democrá-


cas....................................................................................................................................................19

7. Tocando em Frente..........................................................................................................
.................................................................................................................................................................25
| Sentado ao final da tarde entre as crianças, o andarilho diverte-se
contando histórias e plantando sementes à margem da estrada. No dia
seguinte, bem cedo, vai par r. Um dos meninos pergunta: “Você vai voltar
aqui algum dia?”. Sorrindo ele responde: “Provavelmente não”. Ao que o
menino insiste: “Então porque está deixando essas sementes, se nunca vai
ver se elas vão brotar ou não?” Olhos nos olhos do menino e mantendo o
sorriso aberto, novamente responde: “Alguém passou por esse caminho
antes de mim e plantou flores que me alegram e fazem a jornada mais
suave. Também plantou frutas das quais posso me alimentar quando tenho
fome. Plantou árvores grandes, que me oferecem sua sombra quando
preciso descansar. Agora, estou apenas fazendo a minha parte”.
Grato pelo ensinamento, o menino lhe abraça com força, antes da
despedida. ‘‘Faça o mesmo por onde andar’’, conclui o andarilho. |

(Marcos Antonio Corbari)

O texto ‘‘O Futuro das Sociedades Democrá cas ‘’ do qual deriva este
ebook foi publicado originalmente na Revista Semestral da Escola Superior
de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF) - Cadernos da Estef - Nº
62-2019/1, que teve como tema ‘‘Democracia e Polí cas Públicas’’.

Frei Sérgio Antônio Görgen ofm


O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

1 - Introdução

Parece haver poucas dúvidas de que os sistemas democrá cos cons-


truídos na civilização ocidental nos úl mos séculos apresenta graves sintomas
de crise, esgotamento, coqueluches autoritárias, espasmos ditatoriais, regres-
sões civilizatórias e novos desafios para sua sobrevivência histórica.
Isto acontece no bojo de uma grave crise civilizatória que envolve cri-
ses de fundo como crise é ca, crise ecológica, crise climá ca e suas crises
manifestas, como crise financeira, crise econômica, crise polí ca, crise dos
estados nacionais, crise nas relações de poder entre as nações, disputas inten-
sas pelos bens comuns da humanidade (chamados pelo capital de “recursos
naturais”), riscos de guerras fratricidas, colapso dos mecanismos internacio-
nais de mediação.
Desentranhar a natureza e as causas profundas destas crises e destas
tentações regressivas e as novas contradições e conflitos que se colocam para
o avanço das democracias e da superação das desigualdades nas sociedades
contemporâneas é o desafio fundante que se coloca para o prolongamento na
história das formas democrá cas de gestão dos estados, do controle da econo-
mia, da garan a da liberdade, do acesso aos meios de sobrevivência, do respe-
ito às diferenças, enfim, das regras básicas que preservam a convivência mini-
mamente civilizada entre os seres humano no mundo.
A pergunta radical que se coloca é a seguinte: a humanidade encontra-
rá seu caminho para viver bem regredindo às formas autoritárias e ditatoriais
do exercício do poder polí co ou radicalizando e ampliando as formas de
par cipação decisórias cole vas, portanto, ampliando e aprofundando as
formas de exercício da democracia?

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

2 - Experiências Embrionárias
ao Longo da História

As experiências de tomar decisões de forma cole va e par cipa va


são tão an gas quanto à existência do homo sapiens na face da terra. Socieda-
des tribais, muito além de inspiração em suas crenças, desenvolveram formas
comunitárias e consensualistas de escolher – e demi r – seus chefes e sacer-
dotes, bem como as formas de exercício do poder entre eles. As formas de
tomadas de decisões entre as várias tradições de povos originários, entre eles,
os indígenas das Américas, se dava mais pela exaus va construção de consen-
sos e convencimentos, com as consultas ao sagrado e às divindades, do que
pelo acirramento de confrontos e conflitos até estabelecer maiorias que
depois imperam sobre os demais.
Já o surgimento dos estados, no decorrer da aventura humana sobre o
planeta, tem muito mais marcas de dominação, ditaduras, crueldade e autori-
tarismo do que qualquer outra forma de exercício do poder ao longo de sua
história. Controle do poder pelas classes ricas controlando o poderio militar a
ela associado, são as principais linhas de história da existência das estruturas
estatais, desde as primi vas até as mais complexas hoje existentes.
A Grécia an ga é da como o berço da democracia. Na verdade, esta
experiência foi mais concreta e palpável na mais importante cidade da Grécia
An ga: Atenas. Foi uma democracia da cidade, das decisões em praça pública.
Assim também eram os debates filosóficos sobre a polí ca, a é ca, o
movimento, a vida. A praça era o palco do debate, da educação cidadã e da
decisão democrá ca, onde a maioria, depois do intenso debate, decidia.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

Na experiência grega, educação cidadã, debate público e decisão


democrá ca estavam intrinsicamente ligados.
A re cência que sempre se põe à experiência grega é que se tratava de
uma sociedade escravocrata e que a maioria da população era escrava, não
reconhecidos como cidadãos. Não desfrutavam de liberdade, nem de colóqui-
os filosóficos, nem de debates polí cos, muito menos, decisões em praça
pública sobre os rumos da cidade nem de seus próprios des nos. Uma demo-
cracia de elites.
Em que pese tudo isto estar fartamente descrito em livros de história e
necessário trazer à reflexão sobre os rumos das democracias contemporâne-
as, não enfraquece a força da experiência democrá ca da sociedade grega de
então e se cons tui, sim, no mito fundador das democracias ocidentais
modernas. Em mesmo tempo histórico, outras sociedades também escravo-
cratas, viviam sob cruéis regimes ditatoriais pouco contribuindo para a evolu-
ção civilizatória da humanidade.
A história judaica relatada no An go Testamento teve alguns períodos
com fortes experiências assembleistas, com destaque para o período dos Juí-
zes ou com Esdras e Neemias no retorno do exílio babilônico. Quando o povo
pediu um Rei, o úl mo dos Juízes, Samuel, alertou para as consequências dos
domínios rânicos em relação aos problemas constantes que provocaria na
vida do povo e na gestão da sociedade. O povo, cego, insis u em ter um rei, e
vieram ranos, e as consequências nos períodos posteriores deram razão a
Samuel.
Embora a experiência Bíblica expresse sempre mediação de leitura da
vontade divina presente, relata experiências marcantes de construção de pro-

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

cessos cole vos, principalmente a noção de POVO, en dade cole va que se


une ao redor de uma revelação divina - que forja leis e faz gestão popular de
territórios - na formação de uma das principais matrizes civilizatórias que
deram base a várias rotas de organização das sociedades humanas.
Uma delas, a experiência cristã. Jesus de Nazaré instaura com seu cír-
culo de discípulos uma experiência ao mesmo tempo, profundamente dialo-
gal, comunitária e igualitária. Uma irmandade onde ninguém sobressaia. “Vo-
cês todos são irmãos”; e “ Os reis ranizam as nações e fazem sen r o peso de
seu poder. Entre vós não seja assim.” O Mestre que lava os pés de seus discípu-
los é a simbologia suprema das novas relações que devem vigorar. Mesmo
quando sinaliza Pedro como “primeiro entre os iguais”, em seguida o adverte
severamente, demonstrando que não está acima da crí ca nem acima dos
acordos cole vos grupais estabelecidos ao redor do Mestre, carregados de
prá cas novas e novos anúncios.
Quando Mestre se ausenta fisicamente, fruto de um assassinato
polí co-religioso por confrontar velhas prá cas de dominação religiosa
interna e dominação imperial externa, o grupo apostólico, apesar da crise
inicial, reorganizou-se para dar prosseguimento ao que entendiam ser o lega-
do do Mestre assassinado. Logo, logo, grave crise de rumos instalou-se no
grupo inicial. Convocam-se em Concílio para resolver divergências, tomar
decisões, construir acordos cole vos que a todos obrigava cumprimento e
congraçar a todos na con nuidade da missão. O Concílio de Jerusalém resta-
belece conexão com as experiências assembleistas do povo de Deus, agora
alicerçadas com a radicalidade fraternal aprendida com Jesus de Nazaré.
Embora muitas vezes solapadas ao longo da história dentro da própria eclesia

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

lá originada, esta tradição democrá co-par cipa va ressuscitou por muitas


vezes e de muitas formas nas experiências cristãs ao longo da história.
Nesta tradição apostólico-conciliar, minoritária e contra hegemônica
na história do cris anismo, chama a atenção a radicalidade franciscana na
forma de organizar a vida entre seus par cipes. Na tradição da Igreja e da Vida
Religiosa até então, em sua esmagadora maioria, o poder interno era exercido
na forma monárquica e vitalícia. Além do bispo, o prior do mosteiro ou conven-
to, uma vez escolhido, seu mandato era até a morte.
O grupo que se organiza a redor de Francisco de Assis inaugura formas
radicais de igualdade e democracia nas tomadas de decisão interna na organi-
zação religiosa em construção. “Todo poder aos Capítulos”, assim poderia se
formular a experiência embrionária e profé ca da democracia franciscana. A
própria expressão “Capítulo”, reunião de todos os frades para tomar decisões
e escolher os mandatários, fez parte da revolução linguís ca inaugurada pela
Ordem Franciscana. Os mandatários passaram a ser chamados de “ministros”,
os que “ministram”, servem, estão a disposição do cole vo; “guardiães”, que
guardam, cuidam. “Prior, superior, chefe”, são expressões não ques onadas,
mas preteridas e não usadas. E o “Capítulo”, com origem e mológica em
“cabeça”, é a Assembleia Geral onde todos opinam, onde as divergências se
expressam, os conflitos latejam, pugna-se pela formação de laços fraternos
apesar dos conflitos e a decisão tomada a todos obriga.
E até hoje, nas tradições franciscanas, ao entrar no Capítulo, “todos os
cargos caem”, a assembleia é soberana, as funções tem prazo fixado e reelei-
ções são limitadas. Onde Francisco e seu grupo se inspiraram, em pleno século
XIII, para criar este po de organização, embora interna, embrionária e profé -

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

ca, com tal radicalidade democrá ca, cercado por culturas e ins tuições
baseadas em seu contrário, é para mim, embora meus parcos conhecimentos
em história franciscana, até hoje, um grande mistério. Tendo a acreditar na
inspiração da experiência apostólico-conciliar dos primeiros cristãos.

3 - As Revoluções Contemporâneas
na França e nos Estados Unidos
Mas sociedades democrá cas em larga escala, com as conformações
de Estados organizados, tendo a democracia como princípio organiza vo
fulcral em suas definições, em seus pactos e contratos sociais, em cláusulas
pétreas estabelecidos em Cons tuições Polí cas, pactuadas a par r de
Assembleias Cons tuintes, só se consolidam tardiamente, quando falamos
em termos de história humana. É a par r das revoluções filosóficas, em grande
parte formuladas a par r de utopias conviviais, propostas por Morus, Campa-
nela, Hegel, Hobbes, Rosseau, Voltaire, Montesquieu, que perscrutam, cada
um a seu modo, cada um com suas ênfases e cada qual com seus destaques, a
proposição de sociedades baseadas em acordos polí cos cole vos, exercidas
em estados territorialmente estruturados. A formatação de Repúblicas, com
Três Poderes exercidos com funções definidas e contrabalanceadas, procuran-
do realizar um sistema ao mesmo tempo, confli vo e harmonizador, tendo na
par cipação popular e na pactuação social – O Contrato Social – a fonte e a
base do poder polí co. Enfim, a par r do final do Século XVIII consolidam-se as
primeiras Democracias Liberais como as conhecemos hoje, ou o Estado Demo-

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

crá co de Direito, como se passou a denominar mais contemporaneamente,


com dois pilares fundamentais: o poder que emana do povo, através do voto
popular e a garan a das liberdades individuais e da liberdade de organização,
garan das pelo Poder Judiciário.
As democracias liberais sob a égide do capitalismo, portanto, são
jovens e recentes se as colocarmos no horizonte histórico das construções
sociais e polí cas geradas nos embates e nas lutas do ser humano na história.
Só para se ter uma ideia, o voto popular, direto e secreto, tem pouco mais de
160 anos na história humana.
As revoluções Francesa e Americana são as primeiras experiências
históricas construídas sob esta forma de organização sócio polí ca. Segue a
experiência Inglesa cuja revolução polí ca preserva a Monarquia, mas limita
seus poderes através de um sistema de Monarquia Cons tucional, cujo poder
polí co é exercido através de um Poder Execu vo derivado de maioria parla-
mentar – parlamentarismo – e Poder Judiciário independente. Dá-se ao
Monarca poder quase decora vo – Chefe de Estado, com pouquíssimas possi-
bilidades de interferência na gestão real do Estado, consagrada à época de sua
consolidação, na frase: “a Rainha reina, mas não governa”.
Para entender o que acontece hoje, concomitantemente com o avan-
ço das democracias em seu formato liberal, cresce o capitalismo como sistema
econômico e com ele, o poder da burguesia industrial, que vai fazendo com
que seus “braços de polvo” advindos do poder econômico se expressem de
maneira cada vez mais avassaladora sobre o Poder Polí co.
A linha do tempo, não sem conflito, vai fazer das democracias liberais,
cada vez mais, democracias de elites e democracia entre elites – predominan-

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

do as elites econômicas e suas formas de construir hegemonia cultural e ideo-


lógica sobre toda a sociedade. Portanto, democracias limitadas, com massas
humanas excluídas dos pontos de acesso aos fatores reais de poder. Porém,
acirrando cada vez mais contradições viscerais: a liberdade de organização, as
liberdades individuais, o direito ao voto e a emanação do poder do povo com
as necessidades do poder econômico da burguesia exercer seu domínio sobre
a sociedade como um todo.

4 - A Jovem Democracia Brasileira


No Brasil, isto tudo, só chega muito tardiamente. Até 1930, o voto era
censitário: só pessoas com posses elevadas podiam votar. O voto era declara-
tório: o eleitor chegava na urna e declarava o voto, o presidente da urna anota-
va e depois prolatava o que bem entendia. Pobre não votava. Mulher, mesmo
rica, não votava. Analfabeto, mesmo rico, não votava. É com Getúlio Vargas, a
par r dos anos 30 do século XX, que se introduzem na legislação, estes direi-
tos, depois de grandes lutas operárias e de lutas heroicas, entre elas a Coluna
Prestes, que atravessou o país pregando democracia, reforma agrária, jus ça e
industrialização.
Embora no período Getulista se vesse legislado sobre tudo isto, em
seus 15 anos do primeiro governo, pouco se fez em termos de construção de
democracia efe va.
Cito isto só para demonstrar do pequeno tempo histórico de nossa
história democrá ca em solo brasileiro. No Brasil, voto livre, universal, direto e

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

secreto, tem menos que 80 anos. O voto do analfabeto, num país de milhões
de analfabe zados, só foi consagrado na Cons tuição de 1988. Uma democra-
cia com milhões excluídos da cidadania é sempre uma democracia de “pé que-
brado”, uma democracia limitada.
Assim mesmo, estas jovens democracias, limitadas e eli stas, sob
regime capitalista, liberais e controladas, estão em crise e parecem não mais
se coadunar com a nova fase da economia capitalista com seus fluxos de capi-
tais à nível global. E as democracias vivem em severas crises ameaçadas por
fleumas autoritárias e fascistas, com a promoção midiá ca de sua desmorali-
zação.
Vivemos tempos sombrios onde regressões democrá cas estão
postas na ordem do dia.
Da mesma forma, forças populares propugnam por mais democracia,
por radicalização da democracia, por formas diretas – e não apenas represen-
ta vas – de exercício do poder popular na tomada de decisões no âmbito do
estado, por democracia econômica real com distribuição de riqueza e renda,
por um estado efe vo na redução das desigualdades em todos os âmbitos,
pelo uso dos bens comuns das nações em bene cios de todos e não de uma
pequena classe privilegiada.
Estas disputas e estas lutas estão apenas começando.
Algumas perguntas a serem feitas são: é possível a convivência entre
democracia polí ca de massas e ditadura econômica controlada por minori-
as? É possível exercício real da democracia par cipa va com níveis indecoro-
sos de injus ças e desigualdades sociais? São possíveis estados democrá cos
sem sociedades democrá cas? Como construir sistemas educacionais e infor-
ma vos que promovam cultura de par cipação e decisão democrá ca?

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

5 – Um Ambiente Histórico de Crise

Os sinais de crise no sistema de representação polí ca no Brasil (e no


mundo) não é de agora, mas os sinais se tornaram mais agudos nos úl mos
anos. Crise num sistema de representação é quando os representados não
mais se sentem representados por seus representantes formais e deixam de
acreditar no próprio sistema de representação, isto é, que através daquele
sistema de escolha de representantes, sabem antecipadamente que seus anse-
ios e necessidades não estarão sendo minimamente atendidos.
Os dois principais instrumentos de acesso ao sistema de representa-
ção hoje no Brasil são os par dos polí cos – e por consequência, o voto – e os
grandes meios de comunicação de massa, estes, através da projeção de
nomes, ideias, pessoas e ins tuições e da manipulação constante das informa-
ções. No úl mo período histórico as mídias sociais também passaram a cum-
prir um papel decisivo neste quesito.
Os par dos são o meio legal e organiza vo. Os Meios de Comunicação
de Massa e as Mídias Sociais são o meio de acesso à consciência cole va dos
eleitores, garan ndo que um personagem torne-se conhecido, tenha boa
reputação pública e seja projetado publicamente como representante legí -
mo da massa popular. Isto pode se dar a nível local (vereador, prefeito), regio-
nal (deputado), estadual (governador/senador) ou nacional (presidência da
república).
Para que um sistema polí co entre em crise é necessário um abalo de
confiança simultâneo nos dois meios de acesso ao sistema. A descrença nos
par dos é cada vez maior. A influência dos MCS ainda é grande, porém, à

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

medida do enfraquecimento dos par dos, obrigam-se a expor-se cada vez


mais a cada eleição, aparecendo como verdadeiros par dos polí cos, entran-
do também em processo de desgaste. As mídias sociais estão suprindo,
momentaneamente, este vácuo no cenário polí co brasileiro. Porém, se
conseguirá perdurar ou mesmo, converter-se em alterna va geral, é uma
pergunta que só o tempo responderá. Minha opinião é que, os meios de comu-
nicação – incluindo os convencionais e as novas mídias – não são o fenômeno
de base. Este está no seio da sociedade e ali, a crise é estrutural e não se resol-
verá sem alteração profunda nas formas de organização e na repactuação das
relações sociais e polí cas, de uma reformulação geral do sistema de repre-
sentação, através de um novo pacto selado numa Assembleia Nacional Cons -
tuinte, que penso dever ser, livre, soberana e exclusiva.
Os sistemas de representação polí ca são cons tuídos de malhas
complexas de relações de poder. Estas malhas de uma estrutura de poder são
grandes, complexas, emaranhadas e intera vas. Podem atravessar grandes
tempos históricos, mudando sem mudar, modernizando-se sem alterar os
donos do poder. Mas não são eternas e, como toda obra humana, pela ação
humana, podem ser alteradas. E com uma dialé ca implacável: quanto mais
fortes e complexas as malhas de uma estrutura de poder, mais forte e comple-
xo deve ser o movimento revolucionário que se disponha a subs tuí-las.
A malha mais importante de uma estrutura de poder nas sociedades
modernas é o sistema de representação polí ca, base essencial da composi-
ção do poder sobre a estrutura do Estado. Ele é fundamental para manter em
pé as outras malhas: estrutura de classes, a exploração econômica, a exclusão
social, os privilégios da elite, a concentração do capital, o controle do poder

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

econômico com a adesão, sem revoltas, ou, pelo menos, com a apa a, dos
pobres e explorados. Da mesma forma o sistema de produção de bens cultura-
is é uma das malhas que produz incessantemente ideias e interpretações que
jus ficam, alimentam, protegem e sustentam a estrutura socioeconômica.
No Brasil, o sistema de representação polí ca – estrutura do Estado
Brasileiro com três poderes (Execu vo, Legisla vo e Judiciário) e suas três
instâncias (União, Estados e Municípios) – começa a emi r sinais externos de
um processo lento de deterioração.
Estamos próximos da erupção de uma crise sistêmica? Di cil dizer. A
população ainda acredita em soluções dentro do sistema, embora os instru-
mentos de manipulação estejam sendo u lizados – poder policial-judicial e
meios de comunicação – no limite do esgarçamento. Qualquer sistema de
representação, para manter-se em pé, precisa de um grau mínimo de iden fi-
cação entre representantes e representados. Precisa de apoio popular e sus-
tentação na sociedade. Isto é rela vamente fácil quando o grau de exigência
cidadã e o nível de informações básicas da população são, ambos, rela va-
mente baixos. No Brasil dos úl mos anos, os índices de par cipação e exigên-
cia cidadã, bem como o nível de informações, apesar dos pesares e a passos
lentos, tem crescido significa vamente.
Isto pode levar, num primeiro momento, a um nível maior de tenta -
vas de manipulações massivas, através das várias mídias. Mas os graus eleva-
dos de desilusões quanto a efe vidade dos instrumentos de representação à
disposição e aos agentes que se apresentam, logo em seguida se manifestam
novamente e as crises se sucedem. Num segundo momento, a massa popular
passará a ser mais e mais exigente em relação tanto à qualidade das informa-

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

ções disponíveis, à efe vidade dos instrumentos e à qualidade dos agentes


polí cos. Quando os níveis de exigência popular colocarem em risco os pilares
do sistema e ameaçarem os privilégios dos que dele se beneficiam, poderão se
desenrolar tenta vas de retrocesso e repressão, de um lado, e pressões por
avanços democrá cos e sociais por outro. São os momentos em que os confli-
tos se agudizam e as crises se instalam.
E, para complexificar ainda mais as equações polí cas, vivemos um
período histórico em que as megas corporações econômicas, hegemonizadas
pelo capital financeiro, se sobrepõe às decisões democrá cas das sociedades,
com controle e manipulação férrea das mídias.

6 – Novos Paradigmas para Organizar


Sociedades Democrá cas
No âmbito dos Movimentos Populares do campo e da cidade, no Bra-
sil, que se manifestam e se organizam na Frente Brasil Popular, trava-se inten-
so debate, nos úl mos anos, sobre o “Brasil que Queremos”. Trata-se de for-
mular, no calor da luta social, um “Projeto Popular para o Brasil”. Neste contex-
to, formularam alguns eixos paradigmá cos para um Projeto de Nação, que
reproduzo a seguir.
“A construção de uma sociedade sustentável exige superar as desi-
gualdades econômicas, polí cas e sociais e incorporar a cidadania na forma de
par cipação popular no exercício da democracia, bem como o respeito às
diferenças culturais e a consolidação de valores é cos de respeito à vida em
suas múl plas expressões.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

Os paradigmas que elegemos como norteadores para construção do


projeto são: Vida boa para todas e todos; Bens comuns; Igualdade e diversi-
dade; Democracia, par cipação eaAutonomia; Soberania e desenvolvimen-
to; Afirmação dos valores humanistas.

a. Vida boa para todos


Essa afirmação nos leva às reflexões de nossos irmãos andinos sobre o
bem viver ou, como afirmam várias economistas feministas, sobre uma vida
que vale a pena ser vivida. Isso se vincula à garan a do exercício de um conjun-
to de direitos, mas também, uma outra forma de organizar a produção, a
reprodução e o consumo.
Para tanto, é necessário inverter o modelo de produção centrado no
lucro, que leva a acumulação de riqueza por poucos e a miséria de milhões. As
perguntas a serem respondidas são o que, como, para que e para quem produ-
zir? Como organizar a reprodução não como algo exclusivo das mulheres, mas
que esteja no centro do modelo econômico que coloque a sustentabilidade da
vida como central?
É fundamental atuar para estabelecer um processo de transição para o
novo modelo. A transição coloca urgências em relação a regular e limitar o
extra vismo e ampliar a desmercan lização da vida. Isso implica em realizar-
mos rapidamente mudanças na produção como, por exemplo, transporte cole-
vo em subs tuição ao individual, agroecologia ao invés agricultura industrial,
mudar a durabilidade dos produtos contrapondo à estratégia da obsolência
programada, polí cas para o cuidado e reorganização de espaços que promo-
vam ações cole vas e comunitárias, e promover a cultura da suficiência.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

Uma vida boa para todos e todas, possibilitará que possamos aceder a
todos os bene cios construídos pela humanidade e em consequência, o
desenvolvimento de um conjunto de potencialidades, cria vidade, relações
prazerosas e de sa sfação das necessidades.

b. Bens Comuns
São aqueles que uma comunidade ou uma população compar lham e
que têm acesso e que não são propriedade privada de alguns. A natureza,
como o ar e a água; a cultura, como a linguagem, os conhecimentos tradiciona-
is e o patrimônio histórico; e a própria comunidade em que nos inserimos, seja
o espaço local, seja a internet, são bens comuns e, em conjunto sustentam a
vida humana.
Ao contrário do que afirma o ideário capitalista, os bens comuns têm
mais valor quanto mais abundantes são. Seu valor não é medido de forma
financeira, mas pelos bene cios que produz; e sua preservação não depende
do retorno financeiro, e sim do compromisso comum de longo prazo.
Há uma urgência em reconectar as esferas da produção, da reprodu-
ção e do consumo separadas pelo capitalismo. Essa reconexão é que nos pro-
piciará as transformações necessárias em nosso co diano para atuar em
termos de recuperação e produção dos bens comuns.

c. Igualdade e Diversidade
O modelo capitalista funciona com base em coextensividade entre a
exploração de classe, a opressão patriarcal, o racismo e a discriminação da
sexualidade negando sua livre expressão.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

A igualdade como a superação da exploração, dominação e opressão


deve ser o motor que engendra novas relações sociais onde poderá florescer a
diversidade. Ao não ter mais relações baseadas na mercan lização das pesso-
as e da vida, a solidariedade será o fio condutor e garan rá a construção de
prá cas que respeitem a autonomia e a liberdade de todas e todos.
Atualmente em todos os indicadores relacionados ao patriarcado, ao
racismo e à opressão da sexualidade, o Brasil está sempre entre os países em
que mais se cometem violações. É o genocídio da juventude negra, dos povos
indígenas, o feminicídio, o estupro e a violência patriarcal co diana, o assassi-
nato da população LGBT, a não representações polí ca dessa população. Uma
profunda desigualdade econômica entre negros, índios e brancos, entre
mulheres e homens, índices alarmantes de tráfico de pessoas, em par cular
mulheres, pros tuição, abuso sexual de crianças e adolescentes. E outros
inúmeros dados poderiam ser citados.
As profundas e enraizadas hierarquias na sociedade brasileira exigem
um compromisso prioritário com o desmantelamento desses sistemas de
opressão e que não passa apenas por uma afirmação genérica da questão de
classe. Mas é necessário considerar essa imbricação e coextensividade das
relações sociais.

d. Democracia, Par cipação e Autonomia


Nosso projeto é recuperar o sen do público, inclusive do Estado.
Queremos um Estado que realmente seja capaz de garan r nossos direitos e
que esteja a serviço da sociedade e do povo, que exerça seu poder e sua gestão
de forma democrá ca, transparente e com par cipação popular. Um Estado

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

comprome do com a autodeterminação dos povos, que respeite a diversida-


de e seja a vo na construção de uma sociedade igualitária.
Isso implica um papel a vo no âmbito internacional que promova a
integração dos povos e que as polí cas entre os países estejam baseadas nos
princípios de solidariedade, de reciprocidade e de redistribuição.
Nesse sen do seguimos com nossa luta pela desmilitarização e ques -
ona o papel do poder econômico em intervenções militares realizadas pelos
Estados, que servem para o controle de territórios ricos em bens naturais.
Entendemos também que há que combater concentração dos meios de comu-
nicação em mãos de poucos grupos econômicos, e afirmamos a urgência de
uma ampla democra zação da comunicação, que passa por garan r a neutra-
lidade e liberdade dos fluxos de informação na infraestrutura das comunica-
ções e de internet, portanto, pelo combate à lógica capitalista da propriedade
intelectual.
A par cipação popular a va e a democra zação do Estado estão
vinculadas a força dos movimentos e organizações populares. Considerando
as múl plas opressões na sociedade brasileira é de fundamental importância
a organização de múl plos sujeitos cole vos em nossa sociedade. Essa
organização que responda a diversidade de problemá cas deve criar sinergia
para a definição de um projeto integral que rompa com as fragmentações e
hierarquizações internas na classe trabalhadora.
Só com uma organização enraizada e que visibilize um conjunto de
setores ocultados pelo silêncio e exclusão é que se garan rá, nas prá cas
concretas, a democra zação da sociedade, a recuperação e construção dos
bens comuns, o enfrentamento das elites e a construção de um posicionamen-
to emancipador e libertário.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

e. Soberania e Desenvolvimento
Soberania Nacional é a garan a de autodeterminação do conjunto do
povo brasileiro para escolher e decidir sobre seu próprio des no. Temos uma
visão de emancipação em que o povo decide os rumos e defende seu território
e seus bens comuns.
Não é possível pensar um projeto para o Brasil sem ter como base fun-
damental da proposta a Soberania Nacional: sobre o território, a garan a
militar de defesa deste território, a autodeterminação polí ca da Nação, as
riquezas naturais, a produção cien fica e tecnológica e a plena governabilida-
de sobre a própria economia. As soberanias energé ca e alimentar são a base
da soberania polí ca e econômica da Nação.
Propor Desenvolvimento como eixo paradigmá co se trata de afirmar
a necessidade de desenvolvimento das forças produ vas em país periférico,
que respeita a sustentabilidade ambiental, e proporcione condições dignas de
vida a todos e todas. Há que se propor um desenvolvimento pluridimensional,
altamente diversificado, robustecendo os setores que possam atender as
necessidades da população e as estratégias da Nação. Um desenvolvimento
que garanta qualidade de vida, inclusive possibilitando que os ganhos tecnoló-
gicos sejam redistribuídos entre todos, a fim de que as pessoas possam ter
tempo para viver todas as dimensões da vida para além do trabalho.

f. Afirmação dos Valores Humanistas


Nunca é demais afirmar a generosidade humana do Projeto que pro-
pomos e seu esforço permanente em afirmar e resgatar os valores humanistas
que orientam a busca da emancipação e da libertação do ser humano das mais

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variadas formas de opressão e alienação. A busca da igualdade, da liberdade,


da solidariedade, do respeito, da pluralidade, da sororidade e fraternidade, da
dignidade, do respeito a todas as formas de vida, da proteção na infância e na
velhice serão valores com força vital permanente a orientar o esforço de cons-
truir um Projeto Popular para o Brasil.”

7 – Tocando em Frente
O poder econômico da burguesia financeira exercido à nível internaci-
onal, ancorado em novas tecnologias de quarta geração, con nuará a propug-
nar por menos democracia, capturando as estruturas dos Estados nacionais
em função de seus interesses, u lizando todas as formas de manipulação
midiá ca – as novas e as velhas mídias – e se necessário, guerras localizadas –
híbridas e militares – para alcançar seus interesses econômicos.
Por outro lado, tende a crescer as lutas contra todas as formas de desi-
gualdades, por cidadania plena, por direitos básicos à existência e à liberdade,
pelo direito à diversidade, pelo uso comum dos bens comuns, por decisões
par lhadas e democrá cas. Este enfrentamento vai se dar cada vez de forma
mais intensa tanto à nível local como nacional e universal. Poderá ter retroces-
sos democrá cos e civilizatórios cá ou lá, e o Brasil é a candidatura da vez.
Porém, a marcha da humanidade – e do povo brasileiro – nas contradições e
nas lutas, con nuará avançando para formas mais democrá cas, saudáveis,
conviviais, igualitárias, respeitadoras das liberdades e das diversidades. E esta
luta é de todas e todos.

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O FUTURO DAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

Passos concretos?
Na situação e realidade brasileira, sugiro, telegraficamente, algumas
proposições e acentuações, visando alimentar os debates, as lutas e as prá -
cas, nos próximos anos:
- Colocar como centralidade das lutas, a superação das desigualdades
e das injus ças sociais em suas várias formas de expressão. Sem isto, teremos
sempre a impressão de estar “fazendo buracos na água”, ou “enxugando gelo.”
E a desigualdade tem duas filhas legí mas: a violência e a corrupção. É preciso
ir à raiz.
- Radicalizar a democracia. Precisamos de “mais” e não “menos”
democracia. Torna-la algo presente no quo diano, no dia a dia da vida, nas
comunidades, nas ins tuições de base, nos Movimentos Sociais, nas Igrejas,
em todos os ambientes. Educar-se e educar para a democracia, para respeitar
decisões cole vas, para opinar, para construir consensos, para ouvir o outro e
os outros. Construir e lutar por formas de par cipação popular mais efe vas
nas decisões e na gestão do Estado, em suas várias instâncias. Construir e cul -
var uma cultura de debates, de par cipação, de construção cole va de sabe-
res e projetos. A começar pelos Municípios, a primeira escola de democracia –
ou de prá cas pouco democrá cas. Ampliar a par cipação nas estruturas
legisla vas municipais, propor estruturas legisla vas municipais que superem
as limitações e os encalacres das câmaras municipais de vereadores, obsole-
tas, por sinal. Criar instrumentos de democracia par cipa va direta – e não
apenas representa va – em todas as instâncias do Estado. Democra zar o
Poder Judiciário, com instrumentos de democrá cos de escolha e controle
popular e fim da vitaliciedade, com mandatos datados.
- Democra zar a comunicação. O povo tem direito à verdade, ao
contraditório, para bem poder decidir. Amplo acesso aos meios de comunica-

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ção, em todas as formas de mídias. Sacramentar o “direito de antena” – acesso


aos meios midiá cos a todas as correntes de pensamento e opinião, e sacra-
mentar o “direito de arena”, isto, de defender-se quando acusado, com o
mesmo tempo e os mesmos meios no meio de comunicação que acusou.
- Respeito às minorias. Democracia não é apenas o império das maiori-
as, pisoteando as minorias. É o império dos direitos e das garan as individuais
e sociais; é também o império dos limites – contra qualquer forma de opressão
– o império do diálogo e do respeito.
- Fortalecimento das organizações e movimentos populares, comuni-
dades, cole vidades e dos par dos polí cos enquanto representantes de
amplos setores, categorias, classes sociais e correntes de pensamento e opi-
nião. Sem uma sociedade civil forte e organizada – em comunidades, sindica-
tos, movimentos e organizações sociais – a sociedade polí ca tenderá à tenta-
ção do viés autoritário. A cole vidade organizada não é uma simples soma de
individualidades, é espaço e poder para defender interesses cole vos. Da
mesma forma os par dos, onde hoje, no Brasil, as personalidades e as indivi-
dualidades parecem sobressair em relação aos programas e definições cole -
vas. Por isto, o voto em lista, o voto no par do e não no indivíduo, como é hoje,
tenha que ser implementado em período próximo. Da mesma forma, a inci-
dência do poder econômico sobre a liberdade de consciência e o livre exercício
do voto. Mecanismos de controle e de enfrentamento precisam ser criados.
Enfim, muitos desafios, regados à muita esperança.
As Sociedades Democrá cas tem futuro, sim, mais que isto, represen-
tam uma possibilidade de futuro melhor para os seres humanos na terra,
desde que se lute por elas.
Frei Sérgio Antônio Görgen ofm

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Armandinho, de Alexandre Beck.


Publicada no Facebook, em 15 de outubro de 2018.
Disponível em: www.facebook.com/ rasarmandinho/

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Sérgio Antônio Görgen é frei
franciscano, membro da
Ordem dos Frades Menores.

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