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¹Trocadilho com o dialeto da comunidade LGBTT oriunda de uma reportagem na qual uma travesti se impõe
para conseguir respeito. O termo bagunça é utilizado pela travesti para categorizar a banalização da figura
travesti nos pontos de prostituição. Dessa forma a utilização do termo intenciona a provocação de um trocadilho
para a reflexão da realidade de marginalização dessa comunidade.
²Graduandas em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Emails:
mariaraquel.k@gmail.com, sarahgomides@outlook.com.
³ Pós-Graduada em Teoria e Prática da formação do Leitor pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS). Professora na Universidade Federal de Goiás (UFG). Email: zanza18@gmail.com.
ABSTRACT: The article proposes the lifting of internal and external information sources
Federal University of Goiás to TTIT community aiming to aid the insertion and remained in
the community in the academic environment and the dissemination of information as a
starting point for further studies and greater debate on diversity in academia.
Research with qualitative approach through the literature search of an exploratory nature
defines the community considering its subjectivities and social stigmas in order to meet the
informational needs of the chosen audience. Proposes raising personal information sources,
bibliographic, legal and institutional. One perceives the need for extension of the debate,
discussion and dissemination of information outside the academic environment that is still the
environment in which the groups and collectives more articulate and argue about gender
diversity. As a result of the investigation it was noted the increase in TITT’s student
enrollments in brazilian universities after the measure of the Ministry of Education (MEC) the
use of the social name in the ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio (National Secondary
Education Examination), the disclosure of the information responsible for deconstruction of
the institutionalized normativity and insert TITT community in a predominantly middle
cisgender.
Keywords: 1. Sources of Information. 2. Information sources for diversity 3. Gender
Diversity 4. Community LGBTT
1 INTRODUÇÃO
Quem nunca escutou "azul para menino e rosa para meninas"? Essa é uma das
categorias mais utilizadas para separar os gêneros antes mesmo que o indivíduo tenha
consciência de qual seja o seu. Nesse sentido a sociedade está estruturada em um modelo
binário, homem ou mulher, onde apenas pessoas cisgêneras, aquelas que se identificam com o
seu sexo biológico, estão dentro do padrão da normatividade binária. Mas porque tão forte é
essa normatividade onde até as cores possuem gêneros?
Na base das relações sociais está o patriarcado, onde a figura masculina é o centro das
relações familiares estabelecendo relações de poder. A supremacia masculina está cristalizada
de forma que atribuem maior valor ao masculino em detrimento do feminino.
Um exemplo da ruptura do padrão normativo familiar patriarcal está no filme “Minha
vida em cor de rosa” (1997), dirigido por Alain Berliner, Ludovic (Georges Du Fresne),
caçula de uma família de composição tradicional enfrenta inúmeros obstáculos para assumir
sua identidade feminina. Para Ludovic tudo se trata de um erro genético quando sua irmã
explica a diferença entre meninos e meninas de forma biológica: meninos XY e meninas XX,
e tudo se resolveria em breve pois Deus consertaria o erro. A família logo procura o "erro" na
formação de Ludovic e apontam a ausência do pai como fator agravante, a falta de uma figura
masculina como referência para a criança seria a causa desse comportamento que tanto
envergonhava a família diante toda a vizinhança e familiares. O pai de Ludovic força a
criança a praticar atividades consolidadas como masculinas, em vão, pois Ludovic não
demonstrou interesse. A família de Ludovic não possui a estrutura necessária pra
compreender suas particularidades, o casamento de seus pais se torna conflituoso e por fim
Ludovic vai morar com a avó. O filme é uma amostra da diversidade dentro da estrutura
normativa e binária patriarcal e como o processo é doloroso.
Dessa forma é necessário entender que além de uma análise semântica a discussão de
conceitos e termos também é responsável para a análise do discurso. A hegemonia do
patriarcado não apenas estabelece a normatividade do padrão cis-hétero, mas também
legitima as relações de poder, inclusive sobre os corpos.
É através do discurso que essas relações de coerência mencionada por Leite (2102)
são consolidadas e podemos notar como a figura da travesti é usada para desqualificar a
identidade da sua representatividade no imaginário social, a associação à marginalização e a
prostituição está presente como se fosse uma realidade imutável pois a desumanização cria a
monstruosidade e a perversão como algo inerente ao ser travesti. A própria etimologia do
termo "travesti" está associada ao disfarce que reforça o estereótipo da mentira, ambiguidade
e incerteza.
A educação deve cumprir seu papel emancipador e tendo em vista a formação não
apenas do caráter ativista que se subdivide de acordo com cada objetivo de determinados
movimentos, a educação deve ir além pois deve gerar a consciência social da importância da
diversidade e como ela está estruturada em diferentes culturas.
Para Ester Sales, primeira mulher em circunstância transexual a concluir uma pós-
graduação strictu sensu no estado de Goías a educação é um caminho de superação do
preconceito, em sua entrevista realizada pelo Jornal UFG diz:
Se a pessoa se abre para aprender, vai se tornando um ser humano melhor, que
respeita mais as diferenças. A convivência transforma as pessoas. É um processo.
Nosso papel é pedagógico. Respeitar o próximo e saber lidar como o outro é
educação. E isso não tem diploma. Isso é humanidade. (JORNAL UFG, Edição 81
p. 4)
Para Ester, a UFG ainda teve um papel libertador além da sua vida acadêmica pois
realizou sua transição física após ter ingressado no projeto TX do Hospital das Clínicas. Ester
relata “Fui mudando as roupas aos poucos, quando fui percebendo que meu corpo também
mudava, de forma muito pedagógica, até ser natural e não causar estranheza.”.
Mesmo que a educação seja uma via para a emancipação e a universidade seja um
lugar de discussão e debate sobre gênero e sexualidade ainda não é um lugar livre das
heranças normativas e patriarcais, é necessário que esse debate não seja exclusivo dos estudos
sociais, toda a comunidade acadêmica deve ter ciência da importância do diálogo, dessa
forma percebemos a importância da divulgação das fontes de informação.
4 FONTES DE INFORMAÇÃO
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), principal causa pelo aumento da inscrição da
comunidade TTIT no exame. Segundo a revista Galileu 408 solicitações ao uso do nome
social foram aprovadas em 2016, aumento significativo comparado a 102 no primeiro ano
que o Ministério da educação (MEC) ofereceu a possibilidade em 2014.
A discussão acerca dos direitos e subjetividades TTIT’s carece de muita informação
mesmo no meio acadêmico, mas sobretudo em espaços externos onde a discussão é
praticamente inexistente. Somente em 2016 a prefeitura de Goiânia realizou a primeira
Conferência Municipal LGBT.
Podemos conceituar fontes de informação como meios utilizados para solucionar a
necessidade dos usuários de resultados para suas indagações sejam ela de qual cunho for.
Fontes são a origem e os resultados para o conhecimento dos usuários em relação as suas
buscas.
Para Cunha (2001), as fontes de informação ou documento podem abranger
manuscritos e publicações impressas, além de objetos, como amostras minerais, obras de arte
ou peças museológicas, podendo ser divididas em três categorias: documentos primários,
documentos secundários e documentos terciários.
indivíduos ligados a empresa seja no presente ou passado, por meio de documentos gerados.
Ainda segundo Campello (2003, p. 37):
5 METODOLOGIA
possível a cristalização das funções institucionais. O levantamento das fontes foram feitas
exclusivamente via web, através de sites específicos, como a página Ser-Tão, site oficial da
Prefeitura de Goiânia e páginas em redes sociais de coletivos e grupos como TransAção e
Trans UFG e Prepara Trans .
Para a seleção das fontes pessoais realizou-se uma pesquisa considerando os
principais nomes envolvidos na temática TITTI em Goiânia e seus envolvimentos em
debates, coletivos e palestras, além da atuação ativa em ações de caráter revolucionário como
a criação do Projeto TX, ou até mesmo de caráter simbólico, tendo Ester Sales como a
primeira estudante transexual a defender mestrado na Universidade Federal de Goiás.
Tabela 1 - Fontes institucionais levantadas para o público TITTI. Fontes úteis para
pessoas que querem inserir no meio acadêmico, já estão no meio acadêmico e/ou precisam de
assistência social e/ou denunciar alguma violência sofrida.
Nome Descrição Contato ou link
Facebook:
Um cursinho popular gratuito que https://www.facebook.com/prepa
Cursi
oferece aulas para pessoas travestis, transexuais ratrans/?fref=ts
nho Prepara
e transgêneras que querem se preparar para o
Trans – Goiás Email:
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
preparatrans@gmail.com
Telefone geral: (62)
O projeto tem duas dimensões:
3269-8200
ambulatorial, na qual o paciente recebe
atendimentos básicos de saúde e Endereço: Primeira
Projet acompanhamento, e o atendimento hospitalar Avenida, s/nº, Bairro: Setor Leste
o TX pré, durante e pós-operatório, quando são Universitário
realizadas diversas cirurgias de correções Goiânia - GO
plásticas para adequação do fenótipo de Email:
nascimento físico ao gênero de identificação da ouvidoria.hcufg@ebserh.gov.br
pessoa transexual.
monografias
Ser-Tão – Dissertações https://www.sertao.ufg.br/p/165-
dissertacoes
Ser-Tão – Teses https://www.sertao.ufg.br/p/164-
teses-de-doutorado
Publicações Ser-Tão – Artigos https://www.sertao.ufg.br/p/4179-
artigos-em-periodicos-academicos
Publicações Ser-Tão – Livros https://www.sertao.ufg.br/p/4332-
publicados/organizados monografias
Publicações Ser-Tão – Capítulos de https://www.sertao.ufg.br/p/4181-
livros capitulos-de-livros
Publicações Ser-Tão – Trabalhos https://www.sertao.ufg.br/p/4182-
completos publicados em eventos trabalhos-completos-publicados-em-eventos
Sistema de Bibliotecas UFG https://sophia.bc.ufg.br/index.html
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Tabela 3 – Fontes de informação pessoais levantadas para o público TITT. Úteis para
conhecimento da vivência e experiência da realidade TITT. São pontes para outras fontes de
informação.
Nome Contato
Ester Sales – Primeira Facebook:
estudante transexual a defender https://www.facebook.com/ester.sales.5
mestrado na Universidade Federal de
Goiás
Mariluza Terra – Telefone: (62) 3281-8080
Coordenadora de equipe do Projeto Email: dramariluza@hotmail.com
TX
Chyntia Barcellos - Facebook:
Advogada de família e sucessões. https://www.facebook.com/chyntiabarcellosadvogada/
Especializada em Direitos LGBT. Email: contato@chyntiabarcellos.com.br
Secretária da Comissão Nacional de
Direito Homoafetivo do IBDFAM
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Tabela 4 – Fontes de informação jurídicas levantadas para o público TITTI. Úteis
para processos e demais procedimentos burocráticos relacionados ao uso do nome social.
Nome Descrição Link
Resoluç Dispõe sobre o uso de https://ddrh.ufg.br/up/123/o/Resol
ão CONSUNI nome social no âmbito da ucao_14_-
n° 14/2014 Universidade Federal de _Uso_do_Nome_Social_na_UFG.pdf
Goiás.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CUNHA, Murilo Bastos da. Para saber mais: fontes de informação em ciência e tecnologia.
Brasília: Briquet de Lemos, 2001.
TORKARNIA, Mariana. Mais de 400 travestis e transexuais usarão nome social no Enem.
Revista Galileu, jul. 2016. Disponível em: <
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2016/07/mais-de-400-travestis-e-
transexuais-usarao-nome-social-no-enem.html> . Acesso em: 10 nov. 2016.