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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE TECNOLOGIA/SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL/
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÉTODOS NUMÉRICOS
EM ENGENHARIA

TÓPICOS EM MATEMÁTICA AVANÇADA PARA A


ENGENHARIA:
Álgebra Linear, Geometria Analítica, Cálculo e Equações
Diferenciais,
por
Lucas Máximo Alves

CURITIBA – PARANÁ
MARÇO – 2007
LUCAS MÁXIMOALVES

TÓPICOS EM MATEMÁTICA AVANÇADA PARA A


ENGENHARIA:
Álgebra Linear, Geometria Analítica, Cálculo e Equações
Diferenciais,

CURITIBA – PARANÁ
MARÇO – 2007
2
LUCAS MÁXIMOALVES

TÓPICOS EM MATEMÁTICA AVANÇADA PARA A


ENGENHARIA:
Álgebra Linear, Geometria Analítica, Cálculo e Equações
Diferenciais,

Apostila organizada como resultado do estudo das aulas


para obtenção de créditos da Disciplina de TÓPICOS
EM MATEMÁTICA AVANÇADA PARA A
ENGENHARIA do curso de Doutorado do Programa de
Pós-Graduação em Métodos Numéricos do Setor de
Tecnologia/Setor de Ciências Exatas, Departamento de
Engenharia Civil/Departamento de Matemática da
Universidade Federal do Paraná

Orientador: Prof. Dr. Maurício Gobbi

Orientador: Prof. Dr.

CURITIBA – PARANÁ
MARÇO – 2007

3
Dedicatória

Dedico,

4
Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo seu imenso amor e misericórdia revelado nas oportunidades
que a vida me trouxe. Quero também agradecer:
À minha Família pelo apoio emocional e espiritual, ao meu orientador o Prof. Dr.
....., ao meu Co-Orientador o Prof. Dr. .... , a Maristela Bradil pela amizade e dedicação com
que nos atende, aos amigos, ...., .... ...., ......., e toda a galera do CESEC.

5
Epígrafe

“Não é possível provar uma verdade a partir


de uma mentira, mas é possível provar uma
mentira a partir de uma verdade” (citado por
Mauricio Gobbi em Março de 2007)

6
Sumário

Lista de Figuras ........................................................................................................................16


Lista de Tabelas ........................................................................................................................18
Lista de Siglas...........................................................................................................................19
Lista de Símbolos .....................................................................................................................20
Resumo ...................................................................................................................................21
Abstract ...................................................................................................................................22
Capítulo – I ...............................................................................................................................23
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................23
1. 1 – Apresentação do curso.................................................................................................... 23
1. 2 – Introdução a Álgebra e a Teoria de Grupos Algébricos ................................................. 24
Capítulo – II..............................................................................................................................26
SISTEMAS DE EQUAÇÕES ALGÉBRICAS LINEARES...................................................26
2. 1 – Introdução....................................................................................................................... 26
2. 2 – Definição de um Sistema de Equações........................................................................... 27
2. 3 – Exemplos e Aplicações................................................................................................... 28
2. 4 – Exercícios e Problemas................................................................................................... 29
Capítulo – III ............................................................................................................................30
MATRIZES .............................................................................................................................30
3. 1 – Introdução....................................................................................................................... 30
3. 2 – Definição de uma Matriz ................................................................................................ 31
3.2.1 - Matriz Linha.................................................................................................................. 32
3.2.2 - Matriz Coluna................................................................................................................ 32
3.2.3 - Diagonal Principal......................................................................................................... 33
3.2.4 - Diagonal Secundária ..................................................................................................... 33
3. 3 – Espaço Algébrico das Matrizes ...................................................................................... 34
3.3.1– Igualdade de Matrizes.................................................................................................... 34
3. 4 – Operações Simétricas com Matrizes............................................................................... 35
3. 5 – Propriedades das Operações Simétricas com Matrizes .................................................. 36
3. 6 – Definição de Operações Algébricas com Matrizes......................................................... 37
3. 7 – Propriedades do Espaço de Matrizes .............................................................................. 38
3. 8 – Operações Singulares com Matrizes e Invariantes das Matrizes.................................... 40
3.8.1 - Definição ....................................................................................................................... 40
3.8.2 - Invariante 1 – Operação de Traço de uma Matriz......................................................... 40
3.8.3 - Propriedades do Traço de uma Matriz .......................................................................... 40
3.8.4 – Invariante 2 - Determinante de uma Matriz.................................................................. 41
3.8.5 - Propriedades dos Determinantes ................................................................................... 42
3.8.6 – Matriz Inversa............................................................................................................... 43
3. 9 – Tipos de Matrizes ........................................................................................................... 45
3.9.1 – Matriz Simétrica ........................................................................................................... 45
3.9.2 – Matriz Anti-Simétrica................................................................................................... 45
3.9.3 – Matriz Real ................................................................................................................... 45
3.9.4– Matriz Complexa ........................................................................................................... 45
3.9.5 – Matriz Imaginária Pura................................................................................................. 46
3.9.6 – Matriz Hermitiana......................................................................................................... 46
3.9.7 – Matriz Anti-Hermitiana ................................................................................................ 46

7
3.9.8 – Matriz Normal .............................................................................................................. 46
3.9.9 – Matriz Ortogonal .......................................................................................................... 46
3.9.10 – Matriz Unitária ........................................................................................................... 46
3.9.11 – Matriz Identidade........................................................................................................ 47
3.9.12 – Matriz Diagonal.......................................................................................................... 47
3.9.13 – Matriz Adjunta............................................................................................................ 47
3.9.14 – Matriz Transposta ....................................................................................................... 47
3.9.15 – Matriz Elementar ........................................................................................................ 47
3.9.16 – Matriz Complexo Conjugado ..................................................................................... 47
3.9.17 – Matriz Associada ........................................................................................................ 48
3.9.18 – Matriz Idempotente..................................................................................................... 48
3. 10 – Subdivisão das Matrizes em Bloco de Matrizes Menores ............................................ 49
3. 11 – Álgebra dos Comutadores ............................................................................................ 50
3. 12 – Exemplos e Aplicações................................................................................................. 52
3. 13 – Exercícios e Problemas................................................................................................. 53
Capítulo – IV ............................................................................................................................54
ESPAÇO VETORIAL LINEAR .............................................................................................54
4. 1 – Objetivos do Capítulo..................................................................................................... 54
4. 2 – Introdução....................................................................................................................... 54
4. 3 – Definição de Espaço Vetorial ......................................................................................... 56
I) Definição da Operação de Adição de Vetores ...................................................................... 56
II) Definição da Operação Produto Escalar com Vetores......................................................... 57
III) Definição da Operação Produto Interno de Vetores........................................................... 57
IV) Definição da Operação Produto Externo de Vetores ......................................................... 58
V) Definição da Operação Produto Tensorial de Vetores ........................................................ 59
4. 4 – Geradores e Sub-Espaço Vetorial................................................................................... 60
4.4.1 – Geradores...................................................................................................................... 60
4. 5 – Dependência Linear........................................................................................................ 61
4.5.1 – Dependência e Indepedência Linear............................................................................. 61
4.5.2 - Dimensão de um K-espaço vetorial. ............................................................................. 62
4. 6 – Base de um K-espaço Vetorial ....................................................................................... 63
4.6.1 - Corolário – 1 ................................................................................................................. 63
4.6.2 – Mudança de Base.......................................................................................................... 64
4.6.3 – Transformações de Coordenadas.................................................................................. 67
4. 7 – Espaço Euclidiano .......................................................................................................... 69
4.7.1 – Produto Escalar............................................................................................................. 69
4.7.2 – Ortogonalidade ............................................................................................................. 69
Teorema 1.1 .............................................................................................................................70
Prova ...................................................................................................................................70
Teorema 1.2 .............................................................................................................................70
4.7.3 – Desigualdade de Cauchy-Schwartz .............................................................................. 71
4. 8 – Bases Recíprocas ............................................................................................................ 72
4.8.1 – Observação importante ................................................................................................. 73
4. 9 – Bases Ortonormais.......................................................................................................... 75
4. 10 – ................................................................................................................................ 76
4. 11 – Processo de Diagonalização de Gram-Schmidt........................................................... 77
4. 12 – Operadores Lineares .................................................................................................... 80
4.12.1 - Definição ..................................................................................................................... 80

8
4. 13 – Auto-Valores e Auto-Vetores....................................................................................... 89
4. 14 – Exemplos e Aplicações................................................................................................. 96
4. 15 – Exercícios e Problemas................................................................................................. 97
Capítulo – V .............................................................................................................................98
ESPAÇO TENSORIAL LINEAR ...........................................................................................98
5. 1 –Introdução........................................................................................................................ 98
5. 2 – Definição de Tensores .................................................................................................... 99
5.2.1 - Formas Funcionais Lineares.......................................................................................... 99
5. 3 – Cálculo Tensorial de Funções ...................................................................................... 101
5. 4 – Aplicação a Redes-Neurais Matemáticas ..................................................................... 102
5. 5 – Exemplos e Aplicações................................................................................................. 103
5. 6 – Exercícios e Problemas................................................................................................. 104
Capítulo – VI ..........................................................................................................................105
ESPAÇO VETORIAL DE FUNÇÕES .................................................................................105
6. 1 –Introdução...................................................................................................................... 105
6. 2 – Definição de Espaço Vetorial de Funções ou Espaço Funcional Linear ...................... 106
6.2.1 – Equivalência entre o Operador Matricial e o Operador Funcional no Espaço de
Funções .............................................................................................................................. 108
6.2.2 – Notação de Dirac ........................................................................................................ 109
6.2.3 – Propriedades do Espaço de Funções........................................................................... 110
6. 3 –Transformações de Coordenadas................................................................................... 111
6. 4 – Ortogonalidade e Espaço Dual de Funções .................................................................. 112
6. 5 – Operadores Lineares, Matrizes e Transformações Lineares......................................... 113
6.5.1 – Operadores no Espaço de Funções ............................................................................. 113
6.5.2 – Operadores Lineares no Espaço de Funções .............................................................. 116
6.5.3 – Operadores, Auto-vetores e Auto-valores no Espaço de Funções ............................. 117
6.5.4 – Multiplicação de Operadores no Espaço de Funções ................................................. 117
6. 6 – Mudança de Base para funções .................................................................................... 121
6. 7 – Transformação de Funções........................................................................................... 122
6. 8 – Processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt .......................................................... 123
6. 9 – Auto-Funções e Auto-Valores ...................................................................................... 124
6. 10 – Operadores Hermitianos e seus auto-valores ............................................................. 126
6.10.1 - Ortogonalidade das Auto-funções que pertencem a auto-valores diferentes. ........... 128
6. 11 – Espaço das Funções Quadráticas L2 ........................................................................... 129
6. 12 – Serie de Funções Ortogonais ...................................................................................... 130
6. 13 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 131
6. 14 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 132
Capítulo – VII.........................................................................................................................133
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS ..133
7. 1 – Introdução..................................................................................................................... 133
7. 2 – Funções Pares e Ímpares .............................................................................................. 134
7.2.1 - Operações com funções pares e ímpares..................................................................... 135
7.2.2 - Teorema....................................................................................................................... 135
7.2.3 - Integral de funções pares e ímpares: ........................................................................... 136
7. 3 – Funções Periódicas ....................................................................................................... 137
7.3.1 – Teorema de Bloch....................................................................................................... 137
7. 4 – Cálculo em RN .............................................................................................................. 138
7.4.1 - Conectividade.............................................................................................................. 138
7.4.2 - Pontos Limítrofes ........................................................................................................ 138

9
7.4.3 - Derivadas Parciais ....................................................................................................... 138
7.4.4 - Exemplo ...................................................................................................................... 139
7.4.5 – Série de Taylor no RN ................................................................................................. 139
7. 5 – Funções Implícitas........................................................................................................ 141
7.4.1 –Teorema da Função Implicita ...................................................................................... 141
7.4.2 - Caso Multivariado ....................................................................................................... 143
Análogo para n dimensões...................................................................................................... 145
Ex. Sistema de Coordenadas Polares...................................................................................... 147
Solução .............................................................................................................................. 147
7.4.3 – Teorema dos Extremos ............................................................................................... 150
7. 6 – Problemas de Máximo e Mínimo com Vínculo ........................................................... 151
7.5.1 – Método de Lavenberg-Marquardt............................................................................... 151
7.5.2 – Método dos Multiplicadores de Lagrange .................................................................. 152
7.5.3 – Exemplo...................................................................................................................... 154
7. 7 – Regra de Derivação de Leibnitz ................................................................................... 155
7.6.1 - Exemplos..................................................................................................................... 158
7. 8 – Exemplos e Aplicações................................................................................................. 159
7. 9 – Exercícios e Problemas................................................................................................. 160
Capítulo – VIII .......................................................................................................................161
CURVAS SUPERFÍCIES E VOLUMES .............................................................................161
8. 1 - Introdução ..................................................................................................................... 161
8. 2 –Diferenciação de funções escalares ............................................................................... 162
8. 3 – Diferenciação de vetores ou funções vetoriais ............................................................ 163
8.3.1 - Cálculo do Comprimento de Arco  .............................................................................. 164
8.3.2 - Cálculo da variação da Função R ao longo de um comprimento de arco ................. 165
8. 4 – Integral de linha de funções escalares e vetoriais......................................................... 167
8.4.1 – Integral de linha de funções escalares ........................................................................ 167
8.4.2 – Integral de linha de funções vetoriais ......................................................................... 168
8.4.3 - Cálculo do Comprimento de Arco .............................................................................. 171
8.4.4 - Cálculo de Área........................................................................................................... 172
8.4.5 - Cálculo de Volume...................................................................................................... 173
8. 5 – Integral de superfície de funções escalares e vetoriais ................................................. 174
8.5.1 – Integral de superfícies de funções escalares ............................................................... 174
8.5.2 – Integral de superfície de funções vetoriais ................................................................. 175
8.5.3 - Cálculo do Comprimento de Arco .............................................................................. 178
8.5.4 - Cálculo de Área........................................................................................................... 179
8.5.5 - Cálculo de Volume...................................................................................................... 180
8. 6 – Integral de volume de funções escalares e vetoriais..................................................... 181
8.6.1 – Integral de volume de funções escalares .................................................................... 181
8.6.2 – Integral de volume de funções vetoriais ..................................................................... 182
8.6.3 - Cálculo do Comprimento de Arco .............................................................................. 185
8.6.4 - Cálculo de Área........................................................................................................... 186
8.6.5 - Cálculo de Volume...................................................................................................... 187
8. 7 – Exemplos e Aplicações................................................................................................. 188
8. 8 – Exercícios e Problemas................................................................................................. 189
Capítulo – IX ..........................................................................................................................190
TEORIA DO CAMPO ESCALAR E VETORIAL E TENSORIAL DE FUNÇÕES...........190
9. 1 - Introdução ..................................................................................................................... 190
9. 2 - Gradiente de um Campo Escalar e Vetorial .................................................................. 191

10
9.3.1 – Análise e Interpretação do Vetor Gradiente ............................................................... 193
9.3.1 – Derivada Direcional.................................................................................................... 193
9.3.1 - Interpretação do Gradiente .......................................................................................... 195
9.3.1 – Vetor normal a um ponto sobre uma superfície ......................................................... 198
9. 3 - Divergente de um Campo Vetorial e Tensorial............................................................ 200
9.2.1 - Interpretação do Divergente ........................................................................................ 203
9. 4 – Rotacional de um Campo Vetorial e Tensorial ............................................................ 204
9. 5 – Teorema da Divergência ou de Gauss .......................................................................... 205
9.5.1 - Em 1D ......................................................................................................................... 205
9.5.2 - Aplicação..................................................................................................................... 205
9. 6 – Identidades de Green .................................................................................................... 208
9. 7 – Teorema de Stokes........................................................................................................ 209
9. 8 – Teorema de Green ........................................................................................................ 211
9. 9 – Campos Irrotacionais.................................................................................................... 212
9. 10 – Teorema Equivalentes ................................................................................................ 213
9. 11 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 214
9. 12 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 215
Capítulo – X ...........................................................................................................................216
SEQUÊNCIAS, SÉRIES DE FUNÇÕES E SUAS TRANSFORMADAS ..........................216
10. 1 -Introdução .................................................................................................................... 216
10. 2 - Definição de Seqüências, Séries e Transformadas de Funções................................... 217
10. 3 – Seqüência e Sériede e Transformadas de Funções Ortogonais .................................. 218
10.3.1 - Sequência de Funções Ortogonais............................................................................. 218
10.3.2 - Serie de Funções Ortogonais..................................................................................... 219
10.3.3 - Transformada de Funções Ortogonais ...................................................................... 220
10. 4 - Série e Transformada de Potência............................................................................... 221
10. 5 - Série e Transformada de Laplace ................................................................................ 222
10. 6 - Série e Transformada de Gauss................................................................................... 223
10. 7 - Série e Transformada de Fourier................................................................................. 224
10.7.1 - Série de Fourier ......................................................................................................... 224
10.7.2 – Integral de Fourier .................................................................................................... 226
10.7.3 – Transformada de Fourier .......................................................................................... 228
10.7.4 – Propriedades da Transformada de Fourier ............................................................... 231
10. 8 - Exemplos e Aplicações ............................................................................................... 232
10.8.1 - Exemplo – 1 ............................................................................................................. 232
10.8.2 - Exemplo – 2 .............................................................................................................. 233
Solução .............................................................................................................................. 233
10.8.3 - Exemplo – 3 .............................................................................................................. 236
10.8.4 - Exemplo - 4 ............................................................................................................... 238
10. 9 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 241
10. 9 - Exercícios e Problemas ............................................................................................... 242
Capítulo – XI ..........................................................................................................................243
INTRODUÇÃO AS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ............................................................243
11. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 243
11. 2 - Introdução ................................................................................................................... 243
11. 3 – Equações Diferenciais, Definição e Classificação ..................................................... 244
11.3.1 – Definição de Equações Diferenciais......................................................................... 244
11.3.2 – Classificação das Equações Diferenciais.................................................................. 245
11. 4 – Propriedades das Equações Diferenciais .................................................................... 249

11
11.4.1 – Existência e Unicidade das Soluções........................................................................ 249
11.4.2 - Exemplos................................................................................................................... 250
11.4.3 – O Problema de Valor Inicial..................................................................................... 251
11. 5 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 253
11. 6 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 254
Capítulo – XII.........................................................................................................................255
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS LINEARES ...............................................255
12. 1 – Introdução................................................................................................................... 255
12. 2 - Equações Diferenciais Ordinárias Lineares ................................................................ 256
12.2.1 - Exemplos................................................................................................................... 257
12. 3 - Propriedades das Equações Diferenciais Ordinárias Lineares e Homogêneas ........... 258
12.3.1 - Teorema..................................................................................................................... 259
12. 4 - Equações Diferenciais Lineares com Coeficientes Constantes e Variáveis............... 260
12. 5 - Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente Constantes ............................. 261
12.5.1 – Metodologia de Solução das Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente
Constantes .............................................................................................................................. 263
12.5.2 – Solução de algumas das Equações Diferenciais Elementares .................................. 265
12.5.3 – Solução Geral, Solução Particular, Teorema Estratégico......................................... 271
12.5.4 – Equação Diferencial a partir da Solução Geral ........................................................ 272
12.5.5 – Teorema Estratégico ................................................................................................. 274
12. 6 - Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente VariáveisErro! Indicador não
definido.
12.6.1 – Metodologia de Solução das Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente
Variáveis .............................................................................................................................. 308
12. 7 - Problemas que surgem E.D.O. Lineares de 1ª Ordem ................................................ 285
12.7.1 – Problema Geométrico ............................................................................................... 285
12.7.2 – Problema Químico.................................................................................................... 286
12.7.3 – Problemas Físicos ..................................................................................................... 287
12. 8 - Algumas Importantes Equações Diferenciais Ordinárias de 2ª Ordem....................... 290
12.8.1 – O Movimento Harmônico Simples (MHS) .............................................................. 290
Solução .............................................................................................................................. 292
12.8.2 – MHS com Movimento Vertical ................................................................................ 301
12.8.3 – Oscilador Harmônico Forçado ................................................................................. 304
12.8.4 – O Movimento de um Pêndulo Simples..................................................................... 305
12.8.5 – Circuito Elétrico RLC............................................................................................... 306
12. 9 - Método das Funções de Green .................................................................................... 309
12. 10 - Equações de Sturm-Liouville .................................................................................... 310
12.10.1 - Teorema - 1 ............................................................................................................. 311
Prova .............................................................................................................................. 311
Teorema - 2............................................................................................................................. 314
12. 11 - Método de Taylor ...................................................................................................... 315
12.11.1 – Equação Diferencial de Euler ................................................................................. 316
12. 12 - Método de Frobëniüs................................................................................................. 321
12.12.1 - Teorema de Fucks ................................................................................................... 322
12. 13 - Equações, Polinômios e Funções Especiais que são Soluções de Equações
Diferenciais............................................................................................................................. 323
12.13.1 - Função de Hipergeométrica .................................................................................... 323
12.13.2 - Equações, Polinômios e Funções de Lagrange ....................................................... 324
12.13.3 - Equações, Polinômios e Funções de Legendre ....................................................... 325
12.13.4 - Equações, Polinômios e Funções de Laguerre ........................................................ 326

12
12.13.5 - Equações, Polinômios e Funções de Hermite ......................................................... 327
12.13.6 - Equações, Polinômios e Funções de Gauss............................................................. 328
12.13.7 - Equações, Polinômios e Funções de Laplace......................................................... 329
12.13.8 - Equações, Polinômios e Funções de Bessel ............................................................ 330
12.13.9 - Fórmula de Rodrigues para a Função de Bessel ..................................................... 336
12.13.10 - Fórmula Integral para a Função de Bessel ............................................................ 338
12. 14 – Exemplos e Aplicações............................................................................................. 339
12. 15 - Exercícios e Problemas ............................................................................................. 340
Capítulo – XIII .......................................................................................................................341
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS LINEARES.....................341
13. 1 - Introdução ................................................................................................................... 341
13. 2 - Definição de Sistema de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares ........................ 342
13. 3 -Aplicação do Problema de Auto-Valor na Solução de Sistemas de Equações
Diferenciais............................................................................................................................. 343
13.3.1 - O Pêndulo Simples ................................................................................................... 343
13.3.2 - O Modelo de Lotka-Volterra.................................................................................... 348
13.3.3 - O Sistema de Massas e Molas Acopladas ................................................................. 353
13. 4 - Matrizes Simétricas (AT = A)...................................................................................... 356
13.4.1 - Teorema..................................................................................................................... 357
Prova: .............................................................................................................................. 357
13. 5 - Solução de Auto-Valores de Equações Diferenciais Não-Homogêneas..................... 358
13. 6 - Diagonalização ............................................................................................................ 360
13.6.1 - Teorema..................................................................................................................... 361
Prova .............................................................................................................................. 361
13.6.2 – Exemplo: Cinética Química...................................................................................... 363
13.6.3 – Exemplo: Sistema Mecânico .................................................................................... 365
13. 7 - Formas Quadráticas..................................................................................................... 367
13.7.1 – Exemplo:................................................................................................................... 368
13.7.2 – Definição .................................................................................................................. 369
13.7.3 – Teorema .................................................................................................................... 369
13.7.4 – Exemplo – 4 (Flambagem) ....................................................................................... 369
13. 8 – Exemplo e Aplicações ................................................................................................ 371
13. 9 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 372
Capítulo – XIV .......................................................................................................................373
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS....................................................................373
NÃO-LINEARES..................................................................................................................373
14. 1 - Introdução ................................................................................................................... 373
14. 2 - Equações Diferenciais Não-Lineares .......................................................................... 374
14. 3 – Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª Ordem........................................... 375
14.3.1 - Caso - 1 ..................................................................................................................... 375
14.3.2 - Caso - 2 ..................................................................................................................... 376
14.3.3 - Caso - 3 ..................................................................................................................... 377
14.3.4 - Caso – 4..................................................................................................................... 378
14. 4 - Equações Diferenciais Lineares de 2ª Ordem ............................................................. 379
14. 5 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 385
14. 6 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 386
Capítulo – XV.........................................................................................................................387
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ...................................................................387

13
ORDINÁRIAS NÃO-LINEARES ........................................................................................387
15. 1 - Introdução ................................................................................................................... 387
15. 2 - Sistema de Equações Diferenciais Ordinárias Não-Lineares...................................... 388
15. 3 - Exemplos e Aplicações ............................................................................................... 389
15. 4 - Exercícios e Problemas ............................................................................................... 390
Capítulo – XVI .......................................................................................................................391
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS LINEARES ......................................................391
16. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 391
16. 2 - Introdução ................................................................................................................... 391
16. 3 - Equações Diferenciais Parciais ................................................................................... 392
16.3.1 – Comentários sobre o Método da Separação de Variáveis ........................................ 393
Exemplo .............................................................................................................................. 393
16. 4 - Equação de Difusão..................................................................................................... 395
i) Caso 1D .............................................................................................................................. 395
ii) Caso 2D e 3D ..................................................................................................................... 396
Exemplo .............................................................................................................................. 400
Exemplo .............................................................................................................................. 402
16. 5 - Equação de Onda......................................................................................................... 405
i) Caso 1D .............................................................................................................................. 405
Exemplo .............................................................................................................................. 410
ii) Caso 2D e 3D ..................................................................................................................... 412
Solução de D’Alambert .......................................................................................................... 412
16. 6 - Exemplos e Aplicações ............................................................................................... 415
Solução: .............................................................................................................................. 415
Exemplo .............................................................................................................................. 415
16. 6 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 416
Capítulo – XVII......................................................................................................................417
SISTEMA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS LINEARES .............................417
17. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 417
17. 2 - Introdução ................................................................................................................... 417
17. 3 - Sistema de Equações Diferenciais Parciais Lineares .................................................. 418
17. 4 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 419
17. 5 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 420
Capítulo – XVIII.....................................................................................................................421
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS NÃO-LINEARES ............................................421
18. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 421
18. 2 - Introdução ................................................................................................................... 421
18. 3 - Equações Diferenciais Parciais Não-Lineares............................................................. 422
18. 4 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 423
18. 5 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 424
Capítulo – XIX .......................................................................................................................425
SISTEMA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS NÃO-LINEARES ...................425
19. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 425
19. 2 - Introdução ................................................................................................................... 425
19. 3 - Sistema de Equações Diferenciais Parciais Não-Lineares .......................................... 426
19. 4 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 427
19. 5 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 428
Capítulo – XX.........................................................................................................................429

14
TEORIA GERAL DAS DISTRIBUIÇÕES ..........................................................................429
20. 1 - Objetivos do Capítulo ................................................................................................. 429
20. 2 - Introdução ................................................................................................................... 429
20. 3 - Teoria Geral das Distribuições.................................................................................... 430
20. 4 – Exemplos e Aplicações............................................................................................... 431
20. 5 – Exercícios e Problemas............................................................................................... 432
Referências Bibliográficas......................................................................................................433
Apêndices ...............................................................................................................................434
A. 1 – Estudo de Somatórios .................................................................................................. 434
A. 2 – Estudo de Produtórios.................................................................................................. 435
A. 3 – Estudo da Relação entre Somatórios e Produtórios..................................................... 436
Anexos .................................................................................................................................437
An. 1 – Título do seu primeiro Anexo.................................................................................... 437

15
Lista de Figuras

Figura - 4. 1. .............................................................................................................................77
Figura - 4. 2. .............................................................................................................................77
Figura - 4. 3. .............................................................................................................................77
Figura - 4. 4. .............................................................................................................................78
Figura - 4. 5. .............................................................................................................................82
Figura - 4. 6. .............................................................................................................................91
Figura - 7. 1 ............................................................................................................................134
Figura - 7. 2 ............................................................................................................................134
Figura - 7. 3 ............................................................................................................................137
Figura - 7. 4 ............................................................................................................................138
Figura - 7. 5 ............................................................................................................................147
Figura - 8. 1 ............................................................................................................................163
Figura - 9. 1. Região B do volume envolvido por uma superfície S atravessado por um campo
de temperaturas u....................................................................................................................191
Figura - 9. 2. ...........................................................................................................................194
Figura - 9. 3. ...........................................................................................................................195
Figura - 9. 4. ...........................................................................................................................196
Figura - 9. 5. ...........................................................................................................................197
Figura - 9. 6. Superfície z  f  x, y  em um sistema de coordenadas cartesianas. ...............198
Figura - 9. 7. Região B do volume envolvido por uma superfície S atravessado por um campo

de velocidades v . ...................................................................................................................200
Figura - 9. 8. ...........................................................................................................................202
Figura - 9. 9. ...........................................................................................................................202
Figura - 9. 10 ..........................................................................................................................210
Figura - 10. 1 ..........................................................................................................................232
Figura - 10. 2 ..........................................................................................................................233
Figura - 10. 3 ..........................................................................................................................236
Figura - 10. 4 ..........................................................................................................................238
Figura - 10. 5 ..........................................................................................................................238
Figura - 11. 1.Problema de uma viga bi-apoiada e flexionada sobre seu próprio peso. .........245
Figura - 11. 2 ..........................................................................................................................287
Figura - 11. 3. Oscilador Harmônico simples.........................................................................291
Figura - 11. 4 ..........................................................................................................................306
Figura - 11. 5 ............................................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura - 11. 6 ..........................................................................................................................395
Figura - 11. 7 ..........................................................................................................................401
Figura - 11. 8 ..........................................................................................................................402
Figura - 11. 9 ..........................................................................................................................405
Figura - 11. 10 ........................................................................................................................412
Figura - 12. 1. ............................................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura - 12. 2. .........................................................................................................................344
Figura - 12. 3. .........................................................................................................................345
Figura - 12. 4. .........................................................................................................................350
Figura - 12. 5. .........................................................................................................................352

16
Figura - 12. 6. .........................................................................................................................353
Figura - 12. 7. .........................................................................................................................356
Figura - 12. 8. .........................................................................................................................365
Figura - 12. 9. .........................................................................................................................369

17
Lista de Tabelas

18
Lista de Siglas

19
Lista de Símbolos

20
Resumo

21
Abstract

22
23
Capítulo – I
INTRODUÇÃO

1. 1 – Apresentação do curso

A matemática é uma ciência abrangente e pode ser unificada em uma visão


estruturada dependendo de sua utilização em outras áreas da ciência. Os capítulos deste texto
seguem a seqüência mais conveniente para o estudo dos tópicos importantes para um curso de
matemática voltado para aplicações em Física e Engenharia. Ele corresponde a um curso de
Álgebra Linear, Geometria Analítica, Cálculo e Equações Diferenciais para ser utilizado em
Física e em Engenharia de uma forma geral. Ele é resultado das anotações de aulas de várias
disciplinas de matemática como, por exemplo, daquelas de um curso de Bacharelado em
Física, realizado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo durante o
período de 1980 a 1990. Entre outras anotações de aulas, constam também aquelas de um
curso de Pós-Graduação em Métodos Numéricos para a Engenharia, realizado na
Universidade Federal do Paraná durante o período de 2006 a 2009.
O curso de Álgebra Linear envolve vetores, matrizes, tensores e funções. Estas
abordagens são isomorfas e poderiam ser incluídas em uma única Teoria de Grupos
Matemáticos para estudantes mais avançados sobre o assunto, assim como o cálculo também
poderia envolver o estudo geral de Cálculo de Variedades Matemáticas. Por outro lado, nós
apresentamos aqui a cada capítulo o desenvolvimento sistemático de cada parte da álgebra
linear com suas conseqüentes generalizações como um forma de produzir a fixação dos
conceitos a cada vez que eles são reutilizados em uma sistematização matemática mais
abrangente partindo da álgebra e do calculo vetorial até a álgebra e o calculo de tensores.

24
1. 2 – Introdução a Álgebra e a Teoria de Grupos Algébricos

Uma álgebra é definida a partir de uma operação fundamental e de propriedades


básicas concernentes a esta operação dentro de um conjunto previamente estipulado,
conforme mostra-se abaixo:
Usaremos a notação de Dirac para os elementos i, do espaço algébrico que no
nosso caso tanto pode ser vetores como funções.

 :   ket  (vetor ou função) (1. 1)

No caso do ente abstrato chamado ket for um vetor chamaremos de Espaço Vetorial e no caso
de ser uma função chamaremos de Espaço Funcional.
Seja E um conjunto de ket’s e seja K um campo de escalares do espaço algébrico
linear, onde está definida uma operação de adição, ou seja, E é aditivo, isto é, existe uma
operação E x E  E tal que:

 
, E  E    E (1. 2)

Satisfazendo os seguintes axiomas fundamentais:

i)  um elemento simétrico    E /

    0   E (1. 3)

ii) Definição do produto interno do espaço algébrico

( ,  )  E  E      E
T
( ,  )  E  E     ,    E (1. 4)
T
( ,  )  E  E    ,    K

(onde  * é o complexo conjugado de  para vetores formados por números complexos e

no caso particular para números reais temos  *   ) com qualquer um dos elementos de
E.
iii)  um elemento neutro da operação fundamental, 0  E /

    0 e 0    0   E (1. 5)

25
0   e 0   0   E

1
iv)  um elemento inverso  e um elemento unitário, 1  E /

   1  1 e    1  1    E (1. 6)

Diz-se então que E é um K-espaço vetorial em relação a essas operações se as


seguintes condições estiverem satisfeitas em que esteja definida uma operação entre os
elementos de K e os elementos de E (chamada de multiplicação por um escalar)

( ,  )  K  E      E (1. 7)

O espaço vetorial é chamado de complexo ou real dependendo se os escalares são


só números complexos ou só números reais.

26
Capítulo – II
SISTEMAS DE EQUAÇÕES ALGÉBRICAS
LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a origem da problemática de um sistema de equações e
os métodos de solução mais importantes. Veremos suas características principais e
propriedades. Estaremos interessados no final deste texto em utilizar os conhecimentos
adquiridos neste capítulo na resolução de um sistema de equações diferenciais. No final
introduziremos o conceito de matrizes que será a deixa para uma abordagem mais completa
no capítulo seguinte.

2. 1 – Introdução

Um sistema algébrico nasce como uma extensão natural de uma equação algébrica
onde o número de variáveis envolvidas cresce de um para dois, três, etc. Neste sentido nasce
também o conceito intuitivo de matrizes que será visto no capítulo seguinte. A maneira de se
estudar os sistemas algébricos pode ser feito de diversas formas. Pode-se definir inicialmente
o que seja uma matriz de números e inserir este conceito dentro do sistema de equações, ou
pode-se começar com a noção de sistema de equações e extrair o conceito de matriz. Nós
optaremos pela segunda forma por acharmos mais intuitivo e seguro para o aprendizado em
linha ascendente de raciocínio e dificuldade, sem dá pulos nem quedas na linha de raciocínio
lógico.

27
2. 2 – Definição de um Sistema de Equações

Define-se um sistema algébrico de equações como sendo o conjunto de equações


com várias variáveis do tipo:

a11 x1  a12 x2  ....  a1m xm  b1


a21 x1  a 22 x2  ....  a2 m xm  b2
(2. 1)
:
an x1  an 2 x2  ....  anm xm  bn

O qual pode ser colocado na forma de matriz como:

 a11 a12 .. a1m   x1   b1 


a a 22 .. a 2 m   x2  b2 
 21      (2. 2)
 : : : :  :   : 
    
a n1 an 2 .. anm   xm  bn 

28
2. 3 – Exemplos e Aplicações

29
2. 4 – Exercícios e Problemas

30
Capítulo – III
MATRIZES
RESUMO
Neste capítulo veremos a teoria elementar de matrizes, sua aplicação na álgebra
linear e em problemas práticos que envolvem sistemas de equações lineares. Veremos a
propriedades e os tipos de matrizes e os teoremas fundamentais da álgebra das matrizes.

3. 1 – Introdução

O conceito de matriz pode ser extraído de várias formas: a partir de sistemas de


equações ou a partir de uma extensão de vetores sob o ponto de vista do estudo genérico de
tensores. No que diz respeito a este capítulo não interessa muito qual é a sua origem, o que
nos importa é conhecer suas operações e propriedades fundamentais para daí ser utilizados em
estudos posteriores.

31
3. 2 – Definição de uma Matriz

A representação matricial de números ou operações decorre de sistemas


algébricos (múltiplas operações) lineares.
Uma matriz é um conjunto de números, indexados em linhas e colunas e dispostos
em uma tabela retangular da seguinte forma:

 a11 a12 .. a1m 


a a 22 .. a 2 m 
 21 
A=  : : : :  (3. 1)
 
 : : .. : 
a n1 an 2 .. anm  nxm

As matrizes são usadas para representar múltiplas operações lineares da álgebra.


O arranjo horizontal do tipo  ai1 ai 2 .. ain  da matriz A, chamamos de linha

 a1 j 
a 
de A e ao arranjo na vertical como   chamamos de colunas de A. Os elementos aij são os
2j

 : 
 
 anj 
elementos da matriz que ocorrem na i’ésima linha e na j’ésima coluna simultaneamente.
A dimensão da matriz é dada por n x m, onde n é o número de linhas da matriz e
m é o número de colunas.
Quando n = m dizemos que a matriz é quadrada, ou seja:

 a11 a12 .. a1n 


a a 22 .. a 2 n 
Matriz A =  21  (3. 2)
 : : : : 
 
a n1 an 2 .. a nn  nxn

e se n é diferente de m (m  n) dizemos que a matriz é retangular. De um modo geral, uma


matriz genuina A, do tipo n x m, onde os elementos aij   , podem ser representados da

seguinte maneira:

32
 a11 a12 .. a1m 
a a 22 .. a 2 m 
 21 
Matriz A =  : : : :  (3. 3)
 
 : : .. : 
a n1 an 2 .. anm  nxm

A partir desta úlimas duas definições podemos ter:

3.2.1 - Matriz Linha


Chamamos de matriz linha a uma matriz que possui apenas uma única linha.
Neste caso m = 1.

Matriz Linha A = ai1 ai 2 .. ain 1xn (3. 4)

3.2.2 - Matriz Coluna


Chamamos de matriz coluna a uma matriz que possui apenas uma única coluna.
Nest caso n = 1.

 a1 j 
a 
2j
Matriz Coluna A =   (3. 5)
 : 
 
 a nj  nx1

A operação que transforma uma linha “k” qualquer de uma matriz em uma coluna
correspondente ao mesmo índice de linha “k” chama-se “transposição”. Logo a matriz
transposta de A, ou seja, AT é dada por:

 a11 a21 .. an1 


a a22 .. an 2 
A   12
T  (3. 6)
 : : : : 
 
a1n a2 n .. ann  nxn

33
3.2.3 - Diagonal Principal
Chamamos de diagonal principal de uma matriz A qualquer, ao conjunto
ordenado de elementos da matriz A, cujos índices “i”são iguais aos índices “j”, ou seja:

Diagonal Principal de A = a11 a 22 ... a nn  (3. 7)

Onde j = 1, 2, 3, ....n. ou seja:

{aij  A/ i = j = a11 a 22 ... a nn  (3. 8)

Vemos, portanto, que a operação de transposição aplicada a uma matriz A


qualquer não altera os elementos da diagonal principal da matriz transposta em relação a
matriz original. Para a definição de uma diagonal principal a matriz tem de ser quadrada.

3.2.4 - Diagonal Secundária


Chamamos de diagonal secundária ao conjunto ordenado de elementos, cuja soma
dos índices i + j = n + 1, ou seja:

Diagonal Secundária de A = a n1 an 12 an 23 ... a1n  (3. 9)

onde j = 1, 2, 3, ....n.
Para matrizes formadas por números complexos podemos definir uma operação
com matrizes chamada de “conjugação” representada pelo símbolo asterisco (), onde vale a
relação A* = -A para número complexos puros ficando o caso particular A* = A para os
número reais.


complexo conjugado de um número

34
3. 3 – Espaço Algébrico das Matrizes

Definimos o espaço K mn ao espaço de toda matriz do tipo n x m. Seja A uma


matriz qualquer, com elementos do tipo Aij, onde os índices i e j representam as linhas e as
colunas respectivamente, onde se encontra o elemento no arranjo matricial.

3.3.1– Igualdade de Matrizes


Dadas duas matrizes A e B  Kmxn dizemos que A = B se e somente todo
elemento da i’ésima linha e da j’ésima coluna de A for correspondentemente igual ao
elemento da i’ésima linha e da j’ésima coluna de B, ou seja:

A = B  aij = bij (3. 10)

35
3. 4 – Operações Simétricas com Matrizes

Chamamos de operações simétricas em matrizes, as operações cuja inversa é a


própria operação aplicada inicialmente a uma matriz.
Seja A uma matriz qualquer, com elementos do tipo Aij, onde os índices i e j
representam as linhas e as colunas respectivamente, onde se encontra o elemento no arranjo
matricial.
1) Operação de Transposição

AT (Matriz Transposta)  (Aij)T = Aji (3. 11)

2) Operação de Conjugação

A* (Matriz Complexa Conjugada)  (Aij)* = A*iji (3. 12)

Nesta operação troca-se os números imaginários puros dos elementos da matriz de i por  i .
Sendo o complexo conjugado de um número Real igual ao próprio número, a*  a  a  R
3) Operação de Aadjunção

A+ (Matriz Adjunta)  (Aij)+ = A*ji (3. 13)

Esta operação é a operaçào composta pela conjugação e transposição.


Prova-se que:

(AT)* = (A*)T (3. 14)

Da seguinte forma:

((Aij) T)* = (Aji)*= A*ji (3. 15)

((Aij)*)T = (A*ji)T = A*ij (3. 16)

4) Operação de Paridade (ou Reflexão)

A (Matriz Imagem de A) (Aij) = -Aij (3. 17)

5) Operação de Inversão

A-1 (Matriz Inversa de A) (Aij)-1 ≠ A-1ij (3. 18)

A operação de inversão so vale para matrizes não-singulares quadradas. E (Aij)-1 = A-1ij


somente para matrizes diagonais.
36
3. 5 – Propriedades das Operações Simétricas com Matrizes

37
3. 6 – Definição de Operações Algébricas com Matrizes

Sejam A e B duas matrizes pertencente a Kmxn, tal que:


i) Operação de Adição
Sejam duas Matrizes A e B  Knxm, define-se a operação de Adição de Matrizes
como sendo dada por uma matriz S  Knxm tal que:

S = (A + B) = A + B (3. 19)

ou em notação indicial, como:

Sij =  A  B ij  Aij  Bij (3. 20)

ii) Operação de Produto Escalar de Matrizes


Sejam duas Matrizes A e B define-se a operação de Produto Escalar de Matrizes
como:

A.B = (A.B) (3. 21)

ou em notação indicial, como:

Aij .Bij  Ail Blj  (3. 22)

iii) Operação de Produto Diádico de Matrizes


Sejam duas Matrizes A e B define-se um Produto Diádico de Matrizes a operação:

AB = (AB) (3. 23)

ou em notação indicial, como:

 AB ij  Aij Bij   Bij Aij   BAij (3. 24)

iv) Multiplicação por um escalar


Seja uma Matriz A define-se a operação de multiplicação de um escalar,  por
uma Matriz como:

(A) =.A (3. 25)

ou em notação indicial, como:

 . Aij   Aij  (3. 26)

38
3. 7 – Propriedades do Espaço de Matrizes

As operações com matrizes determinam um espaço vetorial linear pois satisfazem


ao conjunto de condições estabelecidas por um espaço vetorial. O espaço de matrizes satisfaz
as seguintes propriedades algébricas, para toda Matriz A,B  Knxm:
i) Comutativa

A+B=B+A (3. 27)

Prova

 A  B ij  Aij  Bij  Bij  Aij  ( B  A)ij (3. 28)

ii) Associativa

A + (B + C) = (A + B) + C (3. 29)

Prova

Aij  B  C ij  Aij  Bij  Cij   A  B ij  Cij (3. 30)

iii)  uma matriz 0  EMatrizes /

A + 0 = A  A  EMatrizes (3. 31)

Prova

 A  0ij  Aij  0  Aij (3. 32)

iv)  uma matriz -A  EMatrizes /

A + (-A) = 0  A  EMatrizes (3. 33)

Prova

Aij  ( A) ij   A  Aij  (0) ij (3. 34)

v) Distribuitiva do escalar

(A + B) = A + B (3. 35)

  A  B ij   Aij  Bij   Aij  Bij (3. 36)

vi) Distribuitiva da Matriz com escalar

39
( + )A = A + A (3. 37)

Prova

   Aij  Aij  Aij (3. 38)

vii) Distribuitiva de Matriz com Matriz

A(B + C) F = ABF + ACF (3. 39)

Prova

Aij B  C ij Fij  Aij Bij  Cij Fij 


(3. 40)
Aij Bij Fij  Cij Fij   Aij Bij Fij  Aij Cij Fij

viii) Associativa do produto de matrizes

(A. B).C = A.(B.C) = A.B.C (3. 41)

Prova

 AB ij Cij   Ail Blk Cij  Ail Blk Ckj  Ail Blk Ckj   Ail BC lj (3. 42)

ix)

(3. 43)

x) Transposição do produto de matrizes

A.B = (B.A)T = B T .AT (3. 44)

Prova


Aij .Bij  Ail Blj   B jl Ali   B ji . A ji  Bij . Aij 
T
(3. 45)

xi) Transposto de multiplicações sucessivas vale:

ABCD...Z = (Z…DCBA)T = Z T ... DT C T AT (3. 46)

40
3. 8 – Operações Singulares com Matrizes e Invariantes das
Matrizes

3.8.1 - Definição
Chamamos de Operações Singulares de matrizes as operações as quais só podem
ser definidas para a representação matricial de quantidades.

3.8.2 - Invariante 1 – Operação de Traço de uma Matriz


O traço de uma matriz é definido como”

n
tr[ A ]nxn   A ii  Aii (3. 47)
i 1

Onde n é a ordem da matriz.

a11  a12 .. a1n 


a a22  .. a2 n 
A  Aij   21  (3. 48)
 : : : : 
 
 a n1 an 2 .. ann 

Com as seguintes propriedades.

3.8.3 - Propriedades do Traço de uma Matriz


i) O traço da soma é igual a soma dos traços

tr[ A  B]  tr[ A]  tr[B] (3. 49)

Prova

tr[ A  B]ij  Aij  Bii  tr[ A ]ij  tr[B]ij (3. 50)

ii) O produto de um escalar pelo traço de uma matriz é igual ao traço da matriz multiplicada
pelo escalar

tr[A  B]  tr[ A]  tr[B] (3. 51)

Prova

41
tr[A  B]ij  Aii  Bii  tr[ A]ij  tr[B]ij (3. 52)

iii) O traço de AB é igual ao traço de BA

tr[ AB]  tr[BA ] (3. 53)

Prova

tr[ AB]ij  Aii Bkk  Bkk Aii  tr[BA ]ij (3. 54)

iv) O traço de uma matriz é igual ao traço da matriz transposta

tr[ A ]  tr[ A ]T (3. 55)

Prova

T
tr[ A ]  Aii   Aii   tr[ A ]T (3. 56)

3.8.4 – Invariante 2 - Determinante de uma Matriz


Definição:
Determinante de uma matriz de ordem n é a soma algébrica de todos os produtos
diferentes obtidos com os n2 elementos de uma matriz quadrada, de modo que cada produto
tenha um elemento de cada linha e de cada coluna, afetado do sinal positivo ou negativo
conforme seus elementos pertencerem a permutação par ou ímpar.
A cada matriz associamos um determinante A ou detA  que é um dos

invariantes de A.
O determinante de uma matriz é definido como:

n
det[A]   a1 j det[ Amenor ]1 j (3. 57)
j 1

Conforme o esquema abaixo:

42
 a11 a12 .. a1n 
 
a a 22 .. a2n  
A  Aij   21  (3. 58)
 : : 
 : 
:

 a n1  an 2 a nn  

usando a própria definição de determinante do menor da matriz A, det[Amenor] iterativamente


para as matrizes menores temos:

n n 1
det[A]   a1 j  a1 j det[ Amenor ]1 j (3. 59)
j 1 j 1

Ou iterando sucessivamente temos:

n n 1 n2 2
det[A ]   a1 j  a1 j  a1 j .... a1 j .a nn (3. 60)
j 1 j 1 j 1 j 1

Se uma matriz é quadrada A é um número qualquer, inclusive zero. Se a matriz é retangular

A é sempre nulo.
Se o determinante da matriz A é nulo ( A =0) a matriz é chamada singular.

Seja uma matriz de n linhas e n colunas. Formando os determinantes de todas as


maneiras possíveis, tomando 1,2, ....,n linhas e colunas da matriz, de todas as maneiras
possíveis, se pelo menos um determinante de ordem r é diferente de zero e se todas os
determinantes de ordem superior são nulos, a matriz é de graduação r. Se a matriz for de
ordem n e singular, r < n. Se Não for singular r = n.

3.8.5 - Propriedades dos Determinantes

i)

det[AB]  det[A ] det[B]  det[BA ] (3. 61)

ii)

43
det[A 1 A ]  det[A 1 ] det[A]  det[I ]  1
1 (3. 62)
det[A 1 ] 
det[A]

iii)

(3. 63)

iv)

(3. 64)

v)

(3. 65)

3.8.6 – Matriz Inversa


Define-se uma Matriz Inversa de A aquela Matriz cujo produto resulta na Matriz
identidade:

A 1 A  I (3. 66)

Onde

1 0 .. 0
0 1 .. 0
I   ij    (3. 67)
: : : :
 
0 0 .. 1

A matriz inversa pode ser calculada a partir da matriz A como sendo:

1
CofatorAij T (3. 68)
A 
det A

onde

CofatorAij  (1) i  j . det[A ]menor (3. 69)

para i = 1, 2, 3,...,n e j = 1, 2, 3...n.

44
 111 a .. a1n 
12
 
 a2 n  
CofatorAij   a21 a22 ..
 (3. 70)
 : : 
 : 
:

 a n1  an 2 a nn  
 

Substituindo (3. 60) em (3. 69) temos:

n 1 n2 2
i j
CofatorAij  (1) .  a1 j  a1 j ....  a1 j .ann (3. 71)
i , j 1 i , j 1 i , j 1

Substituindo (3. 60) e (3. 71) em (3. 68) temos:

n 1 n2 2
i j
(1) .  a j1  a j1....  a j1.a nn
1 i , j 1 i , j 1 i , j 1
A  n n 1 n2 2 (3. 72)
 a1 j  a1 j  a1 j .... a1 j .ann
j 1 j 1 j 1 j 1

Observe que o determinante é a soma de todos os produtos possíveis entre dois elementos da
matriz.

45
3. 9 – Tipos de Matrizes

As matrizes são originárias de problemas matemáticos expressos em termos de


sistema algébrico de equações, ou podem ser surgir a partir da descrição de campos tensoriais.
Dependendo do tipo de problema, este origina a partir do seu sistema de equações uma matriz
característica desse problema, como as matrizes de Markov, por exemplo, cuja soma de suas
linha e colunas e sempre igual a unidade. Propriedades específcas como estas são
responsáveis pela definição de diferentes tipos de matrizes, conforme veremos abaixo:

3.9.1 – Matriz Simétrica


Uma matriz é dita simétrica se:

A  AT (3. 73)

3.9.2 – Matriz Anti-Simétrica


Por outro lado, uma matriz é dita anti-simétrica se:

A  AT (3. 74)

3.9.3 – Matriz Real


Uma matriz é dita ser Real se os números que formam essa matriz forem reais.
Neste caso:

A*  A (3. 75)

3.9.4– Matriz Complexa


Uma matriz é dita ser Complexa se os números que formam essa matriz forem
complexos. Neste caso:

A*  A (3. 76)

46
3.9.5 – Matriz Imaginária Pura
Por outro lado uma Matriz é dita se imaginária pura se:

A*   A (3. 77)

3.9.6 – Matriz Hermitiana


Uma matriz é dita ser Hermitiana se:

AT  A (3. 78)

3.9.7 – Matriz Anti-Hermitiana


Por outro lado, uma matriz é dita ser anti-hemitiana se:

AT   A (3. 79)

3.9.8 – Matriz Normal


Uma matriz é dita ser normal se:

(3. 80)

3.9.9 – Matriz Ortogonal


Uma matriz é dita ser Ortogonal se:

A T  A 1 (3. 81)

3.9.10 – Matriz Unitária


Uma matriz é dita ser unitária se:

A T  A 1 (3. 82)

47
3.9.11 – Matriz Identidade
Uma matriz é dita ser identidade se:

[A]ij   ij (3. 83)

3.9.12 – Matriz Diagonal


Uma matriz é dita ser diagonal se:

A  i ij , i  0 (3. 84)

3.9.13 – Matriz Adjunta


Uma matriz é dita ser adjunta:

A adj  CofatorAij 
T
(3. 85)

3.9.14 – Matriz Transposta


Uma matriz é dita ser transposta:

   A 
A T  Aij
T
ji (3. 86)

3.9.15 – Matriz Elementar


Uma matriz é dita ser Elementar se:

Eij   ik  jk (3. 87)

3.9.16 – Matriz Complexo Conjugado


Uma matriz é dita ser complexo conjugado ser:

(3. 88)

48
3.9.17 – Matriz Associada
Uma matriz é dita ser associada se:

(3. 89)

3.9.18 – Matriz Idempotente


Uma matriz é dita ser idempotente se:

An  A (3. 90)

49
3. 10 – Subdivisão das Matrizes em Bloco de Matrizes Menores

Algumas vezes é necessário subdividir matrizes em submatrizes ou blocos de tal


forma a simplificar cerats relações algébricas de trabalho. Como mpor exemplo se nós
subdivimirmos as matrizes A e B da seguinte forma:

 a11 a12 a13 a14 a15 


 
 a21 a22 a23 a24 a25 
  A11 A12 
A   a31 a32 a33 a34 a35     (3. 91)
 a  A21 A22 
a42 a43 a44 a45 
 41 
 a51 a52 a53 a54 a55 

 b11 b12 b13 b14 b15 


 
 b21 b22 b23 b24 b25 
  B11 B12 
B   b31 b32 b33 b34 b35     (3. 92)
 b  B21 B22 
b42 b43 b44 b45 
 41 
 b51 b52 b53 b54 b55 

Então A e B tem a forma de matrizes blocos 2 x 2 cujos elementos Aij, Bij são eles mesmos
matrizes. Nós podemos facilmente ver que o correto produto AB resulta se as matrizes blocos
são multiplicados de acordo com as regras usuais do produto de matrizes, ou seja:

A A12  B11 B12   A11B11  A12 B21 A11 B12  A12 B22 
AB   11    (3. 93)
 A21 A22  B21 B22   A21B11  A22 B21 A21 B12  A22 B22 

Observe que todos os produtos matriciais na última matriz fazem sentido. Isto será verdade se
a divisão original de colunas na primeira matriz é a mesma que a divisão de linhas da segunda
matriz. Então vemos que a divisão acima não é adequada para trabalhar o produto de BA em
termos do bloco de matrizes 2 x 2. Existe uma subdivisão diferente de B na qual permitirá
trabalhar ambos os produtos AB e BA?.

50
3. 11 – Álgebra dos Comutadores

Define-se como comutador a seguinte operação entre dois quaisquer operadores


lineares A e B.

[ A, B]  AB  BA (3. 94)

com esta notação as seguintes regras elementares são satisfeitas.


1)

[ A, B]  [B, A]  0 (3. 95)

Prova:

2)

[ A, A ]  0 (3. 96)

Prova:

3)

[ A, B  C]  [ A, B]  [ A, C] (3. 97)

Prova:

4)

[ A  B, C]  [ A, C]  [B, C] (3. 98)

Prova:

5)

[ A, BC]  [ A, B]C  B[ A, C] (3. 99)

Prova:

51
6)

[ AB, C]  [ A, C]B  A[B, C] (3. 100)

Prova:

7)

[ A,[B, C]]  [C,[ A, B]]  [B,[C, A]] (3. 101)

Prova:

8)

[[A, B], C]  [[C, A], B]  [[B, C]A] (3. 102)

Prova:

9)

[ A, B n ]  nB n1[ A, B] (3. 103)

Prova:

52
3. 12 – Exemplos e Aplicações

53
3. 13 – Exercícios e Problemas

54
Capítulo – IV
ESPAÇO VETORIAL LINEAR
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição de espaço vetorial linear e suas propriedades,
o conceito de base de vetores, transformação de coordenadas, base recíproca, base
ortonormal, angulos de Euler. Apresentaremos também o problema de auto-valores e auto-
vetores.

4. 1 – Objetivos do Capítulo

4. 2 – Introdução

Um vetor pode ser representado algebricamente por uma matriz linha ou por uma
matriz coluna.
   
  (v1, v2, v3, ....vn, )  v1 v2 ... vn  (4. 1)

Ou

55

 v1 
 
 v 2 
 (4. 2)
:
 
v n 

56
4. 3 – Definição de Espaço Vetorial

Seja E um conjunto de vetores e seja K   um corpo de escalares onde está


definida uma operação de adição:
   
 , w  E  E   w  E
    (4. 3)
( , w)  E  E   T  w  K
 
(onde  * é o complexo conjugado de  para vetores formados por números complexos e no
 
caso particular para números reais temos  *   ) com qualquer um dos elementos de E, e
que esteja definida uma operação entre os elementos de K e os elementos de E (chamada de
multiplicação por um escalar)
 
( , w)  K  E    E (4. 4)

Diz-se então que E é um K-espaço vetorial em relação a essas operações se as


seguintes condições estiverem satisfeitas.

I) Definição da Operação de Adição de Vetores


   
 , w  E  E   w  E (4. 5)

para essa operação estão definidas as seguintes propriedades


I.i) Comutativa
    
  w  w     E (4. 6)

I.ii) Associativa
         
  ( w  u )  (  w)  u  (  u )  w   E (4. 7)

I.iii) Elemento Neutro da adição


 uma vetor 0  E /
   
  0     E (4. 8)

I.iv) Elemento Simétrico



 uma vetor -  E /
   
  ( )  0   E (4. 9)

57
II) Definição da Operação Produto Escalar com Vetores
 
( , w)  K  E    E (4. 10)

para essa operação estão definidas as seguintes propriedades:


II.i) Comutativa do Escalar
 
   (4. 11)

II.ii) Associativa de Escalar com Escalar


  
 (  )      E (4. 12)

II.iii) Elemento Neutro do Escalar


 
1( )   (4. 13)

II.iv) Distribuitiva do Escalar


     
 (  w)    w  , w  E (4. 14)

II.v) Distribuitiva do Vetor com Escalar


   
(   )        E (4. 15)

II.vi) Elemento Nulo do Escalar


 
0( )  0 (4. 16)

III) Definição da Operação Produto Interno de Vetores


   
( , w)  E  E   T  w  K (4. 17)

para essa operação estão definidas as seguintes propriedades


III.i) Comutativa do produto
    
  w  w     E (4. 18)

III.ii) Associativa do Produto de Vetores


   
u ( .w)  u ( w. )  ?? (4. 19)

III.iii) Elemento Neutro do Produto

58

 um vetor 1 1  E /
     
1 .    . 1     E (4. 20)

III.iv) Elemento Inverso


 1
 uma vetor v  E/
  
 . 1  1   E (4. 21)

III.v) Elemento Nulo



 um vetor 0  E /
    
0.  0 e 0.  0   E (4. 22)

III.vi) Transposição do produto de vetores

AB = (BA)T = B T AT (4. 23)

III.vii) Transposto de multiplicações sucessivas vale:

ABCD...Z = (Z…DCBA)T = Z T ... DT C T AT (4. 24)

O espaço vetorial é chamado de complexo ou real dependendo se os escalares são


só números complexos ou só números reais.

IV) Definição da Operação Produto Externo de Vetores


   
 , w  E  E    w W  E (4. 25)

para essa operação estão definidas as seguintes propriedades


IV.i) Anticomutativa
   
  w   w  (4. 26)

IV.ii) Associativa

(4. 27)

IV.iii) Elemento Neutro

(4. 28)

59
IV.iii) Elemento Nulo
  
  0  (4. 29)

V) Definição da Operação Produto Tensorial de Vetores


   
 , w  E  E    w W  E (4. 30)

60
4. 4 – Geradores e Sub-Espaço Vetorial

Aqui, nós iniciaremos uma seqüência de idéias estreitamente relacionadas; tais


como, geradores, dependência linear, base, expansão e dimensão. Os conceitos, as definições
e os teoremas são válidos para qualquer espaço vetorial, mas nossos exemplos ilustrativos são
restritos ao espaço n-dimensional Rn, sendo este o caso de maior interesse nos capítulos 9-12.

4.4.1 – Geradores
Se u1, u2, ..., são vetores em um espaço vetorial S, então a série de todas as
combinações lineares destes vetores, isto é, todos os vetores dado pela seguinte forma:
    
u  1u1   2 u 2   3u3 ....   n u n (4. 31)
   
onde 1 , 2 ,...., n são escalares é chamado de geradores de u1 , u 2 , u3 ...., u n e denotado
   
como geradores de u1 , u 2 , u3 ...., u n .
   
A série u1 , u 2 , u3 ...., u n  é chamada de série geratriz dos geradores

u1 , u2 , u3 ...., un .

61
4. 5 – Dependência Linear

A definição da dependência ou independência linear de uma série de vetores é


essencialmente idêntica a definição de dependência ou independência linear de funções
somente com a palavra “funções” mudada para “vetores”.

4.5.1 – Dependência e Indepedência Linear


Definição:
  
Uma série de vetores v1 , v2 ,...., vn  é dita ser linearmente dependente se no

mínimo um deles puder ser expresso como combinação linear dos outros. Se nenhum dos
vetores puder ser assim expresso, então a série é dita ser linearmente independente.

Teorema (Teste para Dependência/Independência Linear):


Seja E um K-espaço vetorial. Diz-se que uma série finita de vetores,
  
v1 , v2 ,...., vn   E e linearmente dependente (L.D.) sobre K, se e somente se existirem

escalares, 1 , 2 ,...., n  K , não todos nulos, tais que:


    
1v1   2v2   3v3 ....   n vn  0 (4. 32)

Observa-se que essa relação é sempre válida se os ’s para i = 1, 2, 3, ...., n são
todos iguais a zero. Se, nesse caso, todos os ’s são nulos, então diz-se que a série de vetores
é linearmente independente (L.I.).

Prova:

62
4.5.2 - Dimensão de um K-espaço vetorial.
Diz-se que um K-espaço vetorial tem dimensão n se este satisfizer ois pincipios
básicos:
i) Existem uma réplica de n vetores linearmente independentes (principio de
ortogonalidade).
ii) (n +1) vetores do conjunto acima são sempre linearmente dependentes
(princípio de completeza).

63
4. 6 – Base de um K-espaço Vetorial

Qualquer conjunto de n-vetores linearmente independentes entre si satisfazendo as


condições acima forma uma base para o K-espaço vetorial de dimensão n.

4.6.1 - Corolário – 1
Qualquer vetor do espaço pode ser representado como combinação linear dos
vetores da base.
Suponhamos um conjunto de n vetores eˆ1 , eˆ2 ,...., eˆn  E linearmente
independentes formando uma base para o espaço vetorial E de dimensão n. Logo podemos

expressar qualquer vetor v do espaço em termos dos vetores desta base êi

v  x1eˆ1  x2 eˆ2  x3 eˆ3  ....  xn eˆn (4. 33)

Chamamos a n’upla ( x1 , x2 ,....xn ) de coordenadas do vetor v na base êi

v  xi eˆk (4. 34)

Suponhamos ainda outro conjunto de n vetores linearmente independentes


eˆ'1 , eˆ'2 ,...., eˆ'n  E , formando outra base para o espaço vetorial E. Logo, novamente o vetor

v do espaço E também pode ser expresso em termos da base e' ˆ i da seguinte forma:

v  x'1 eˆ'1  x'2 eˆ'2  x'3 eˆ'3 ....  x'n eˆ'n (4. 35)

Novamente a n’upla ( x '1 , x' 2 ,....x ' n ) são as coordenadas do vetor v na base

ˆ j (1)
e'
ˆj
A partir do Corolário – 1 pode-se concluir que também os vetores da base e'

podem ser expressos em termos da base êi .

1
base ou sistema de coordenadas

64
4.6.2 – Mudança de Base
ˆ j expressam-se me termos dos vetores da
De forma geral os vetores da base e'

base êi da seguinte forma:

a) eˆi  eˆ' j

eˆ'1   11eˆ1   21eˆ2   31eˆ3  ....   n1eˆn


eˆ' 2   12 eˆ1   22 eˆ2   23eˆ3  ....   n 2 eˆn
eˆ'3   13eˆ1   23eˆ2   33eˆ3  ....   n 3 eˆn (4. 36)
:
eˆ' n   1n eˆ1   2 n eˆ2   3n eˆ3  ....   nn eˆn

Escrevendo em termos de somatório temos:

n
eˆ' j    kj eˆk
k 1 (4. 37)
j  1,2,3,...n

Os n2 coeficientes  kj formam os elementos da matriz de transformação de


ˆ j ). Normalmente se representa a matriz formada
coordenadas da base ( êi ) para a base ( e'
pelos elementos  kj da seguinte forma:

γ  [ kj ]
(4. 38)
(ver Teoria de Matrizes)

É claro que podemos fazer exatamente o oposto ou seja, expressar os vetores da base
(eˆi ) em termos da base (eˆ' j ) . Portanto,

a) eˆ' j  eˆi

eˆ1  11eˆ'1   21eˆ'2   31eˆ'3 ....   n1eˆ'n


eˆ2  12 eˆ'1   22 eˆ'2   32 eˆ'3 ....   n 2 eˆ'n
eˆ3  13eˆ'1   23eˆ' 2   33eˆ'3 ....   n 3 eˆ'n (4. 39)
:
eˆn  1n eˆ'1   2 n eˆ'2   3n eˆ'3 ....   nn eˆ'n

Escrevendo em termos de somatório temos:

65
n
eˆi    ri eˆ' r
r 1 (4. 40)
i  1,2,3,...n

Novamente os n2 coeficientes  ri formam os elementos da matriz de


ˆ j ) para a base ( êi ). Da mesma forma se representa
transformação de coordenadas da base ( e'

a matriz formada pelos elementos  ri da seguinte forma:

β  [  ri ]
(4. 41)
(ver Teoria de Matrizes a definição de Matriz Inversa)

Para se encontrar a relação entre as matrizes γ e β devemos escrever a expressão


(4. 37) da seguinte forma:

n n
 n 
eˆi    ri eˆ'r    ri    kr eˆk  (4. 42)
r 1 r 1  k 1 

como o  ri não possui índices inclusos na somatória em k, podemos passá-lo para dentro
desta somatório sem alterar o resultado, sem nenhum problema.

n n
 n 
ˆei    ri eˆ'r      ri  kr eˆk  (4. 43)
r 1 r 1  k 1 

Agora podemos trocar a ordem da somatório e então teremos:


n n
 n 
eˆi    ri eˆ'r      ri  kr eˆk (4. 44)
r 1 k 1  r 1 

Vemos que para os valores de êi e êk coincidirem a fim de que a igualdade acima
seja válida é preciso que i seja igual a k logo:

n
 1 se i  k
  ri  kr  0 se i  k (4. 45)
r 1 

que corresponde ao Delta de Kröenecker, com i, k  1,2,3,...., n . Logo

66
n
  ri  kr   ik (4. 46)
r 1

Portanto
n
eˆi    ik eˆk
k 1 (4. 47)
i  1,2,3..., n

67
4.6.3 – Transformações de Coordenadas

Consideraremos agora um vetor v expresso em termos dos vetores de duas bases
eˆi e eˆ ' j da seguinte forma:

a) xi  x ' j

 n
v   xi eˆi (4. 48)
i 1

 n
v   x 'i eˆ 'i (4. 49)
i 1

Substituindo a expressão ( ) em ( ) temos:

 n n
 n 
v   xi eˆi   xi    ri eˆ 'r  (4. 50)
i 1 i 1  r 1 

Como xi não possui índices inclusos na somatória r, podemos passá-lo para dentro
desta somatória sem alterar o resultado final.

 n n
 n 
v   xi eˆi     xi  ri eˆ 'r  (4. 51)
i 1 i 1  r 1 

Agora podemos trocar a ordem da somatórias que não altera o resultado:


 n  n 
v     xi  ri eˆ 'r (4. 52)
r 1  i 1 

Agora comparando o resultado ( ) com ( ) podemos concluir que, fazendo j = r temos:


n
x ' j   xi  ji (4. 53)
i 1

68
b) x ' j  xi

Da mesma forma podemos fazer substituindo a expressão ( ) em ( ):

 n n
 n 
v   x ' j eˆ ' j   x ' j    ki eˆk  (4. 54)
j 1 j 1  r 1 

Como xi não possui índices inclusos na somatória r, podemos passá-lo para dentro
desta somatória sem alterar o resultado final.

 n n n
v   x ' j eˆ ' j   x ' j  kj eˆk (4. 55)
j 1 j 1 k 1

Agora podemos trocar a ordem da somatórias que não altera o resultado:


 n  n 
v     x ' j  kj eˆr (4. 56)
k 1  j 1 

Agora comparando o resultado ( ) com ( ) podemos concluir que, fazendo i = k temos:


n
xi   x ' j  ij (4. 57)
j 1

Comparando ( ) com ( ) e ( ) com ( ) vemos que as coordenadas (ou componentes)


x’j transformam-se diferentemente dos vetores de base eˆ ' j  e da mesma forma vemos que as

coordenadas (ou componentes) xi transformam-se diferentemente dos vetores da base eˆi  .

Componentes que se transformam como x’j ou xi são chamadas de componentes



contravariantes do vetor v em relação aos vetores da base eˆi  e  eˆ ' j  respectivamente.

69
4. 7 – Espaço Euclidiano

Vamos definir aqui importantes noções de produto interno (produto escalar) e de


ortogonalidade

4.7.1 – Produto Escalar


Seja E um espaço vetorial real.
Sejam x, y elementos de E.
Chama-se produto escalar (ou produto interno) de x por y  x, y  , qualquer função

definida em E  E com valores em  satisfazendo as seguintes propriedades:


P1)

 x, y    y , x  (4. 58)

P2)

 x  y, z    x, z    y, z  , x, y, z  E (4. 59)

P3)

  x , y     x, y  ,   , x, y  E (4. 60)

P4)

 x, x   0,  x, x   0 se e somente se x  0 (4. 61)

Uma espaço vetorial real, E, onde está definido um produto escalar é chamado
ëspaço euclidiano real”.

4.7.2 – Ortogonalidade
Definição: Em um espaço euclidiano real, diremos que x é ortogonal a y, em
símbolos, x  y se e somente se

 x, y   0 (4. 62)

Obs:

 x, 0    0, x   0 x (4. 63)

70
Teorema 1.1

Os vetores v1 , v2 ,..., vm tais que:


a)
vi  0, i  1, 2,....m (4. 64)

b)

 v , v   0 para i  j
i j (4. 65)

São linearmente independentes.


Dito de outro modo: os vetores não nulos v1 , v2 ,..., vm , dois a dois ortogonais, são
sempre linearmente independentes.

Prova

Teorema 1.2

71
4.7.3 – Desigualdade de Cauchy-Schwartz

72
4. 8 – Bases Recíprocas

Vamos agora introduzir um conceito básico por meio do qual o problema de


determinar analiticamente os coeficientes (“componentes”) da expansão de um vetor

arbitrário v em termos de uma base ( êi ) tem uma solução simples e elegante. Trata-se do
conceito de base recíproca de uma base dada.
   1  2  3
Duas bases ( e1 , e2 , e3 ) e ( e , e , e ) são recíprocas se:

 
ei .e k   ik (4. 66)

1  
Esta condição implica dizer que e é perpendicular a e2 e a e3 , etc, etc. Além disso, de (4.
66) e da definição de produto escalar segue-se que:

   
ei . e k . cos(ei , e k )  1 (4. 67)

 k
Daí concluímos que cos(ei , e )  0 , i, k = 1,2, 3, ... e que portanto

  
(ei , e k )  (4. 68)
2
1  2  3   
É fácil construir explicitamente a base recíproca ( e , e , e ) da base ( e1 , e2 , e3 ). Com efeito,
1  
como e deve ser perpendicular a e2 e e3 , conclui mos que

  
e 1  me2  e3 (4. 69)

pela definição de produto vetorial. Multiplicando (4. 69) escalarmente por e1 , e usando (4.
66) vem:
    
1  e1  e 1  me1  e2  e3  mv (4. 70)

De onde tiramos

1
m (4. 71)
v

73
  
v  e1  e2  e3 (4. 72)
  
Mas v  0 porque ( e1 , e2 , e3 ) é base. Levando (4. 72) e (4. 71) em (4. 69) obtemos:
 
1 e2  e3
e  (4. 73)
v

Ou
 
1 e2  e3
e    (4. 74)
e1  e2  e3

E de modo análogo temos:


   
 2 e3  e1 e3  e1
e     (4. 75)
v e1  e2  e3

E
   
 3 e1  e2 e1  e2
e     (4. 76)
v e1  e2  e3
1  2  3
Do mesmo modo, a base recíproca de e , e , e é:

   
 e j  ek e j  ek
ei   1  2  3 (4. 77)
v' e e e
Onde i, j, k ~ permutações cíclicas de 1,2,3.
i
Vê-se assim que a relação “recíproca de ...” é simétrica: A afirmação “ (e ) é
  i 
recíproca de ( e j )” implica que “( e j ) é recíproca de (e ) ”. A cada base ( ei ) está associada, e
s
de modo único, a base recíproca (e ) . Elas são simultaneamente utilizadas na definição das
“componentes” de um vetor, como veremos em seguida.

4.8.1 – Observação importante


(i) No caso de bases ortonormais vê-se facilmente que a base coincide com a sua

recíproca: a recíproca de ( iˆ, ˆj , kˆ ) é exatamente ( iˆ, ˆj , kˆ ), ou então:

74
iˆ k  iˆk , k = 1, 2, 3, ... (4. 78)

(ii) Como vv' 1 (Mostre!), então devemos ter simultaneamente

ou v > 0 e v’< 0 (bases orientadas positivamente) (4. 79)

ou v < 0 e v’< 0 (bases orientadas negativamente) (4. 80)

Vejamos agora como o problema de determinação dos coeficientes da expansão


de um vetor numa dada base se resolve utilizando a base recíproca.
    
Seja v um vetor e seja ( e1 , e2 , e3 ) uma base. Representamos v por meio da
seguinte expressão:
    
v  v1e1  v 2 e2  v 3e3   v k ek (4. 81)

75
4. 9 – Bases Ortonormais

Vamos agora estudar as bases ortonormais, que constituem um caso particular das
bases de vetores mas de grande utilidade prática.
Suponhamos que a base escolhida para representar os vetores do espaço seja
ortonormal, isto é, a base ( eˆ1 , eˆ2 ,...., eˆn  E ) satisfaz:

eˆi .eˆ j   ij (4. 82)

Como sabemos, as bases ortonormais são auto-recíprocas, isto é, coincidem com a base
recíproca

76
4. 10 –

ˆk e
Sejam dois sistemas de coordenadas descritos pelos vetores unidades êi e e'
que a relação entre eles seja:

n
eˆi   Aki eˆk (4. 83)
k 1

77
4. 11 – Processo de Diagonalização de Gram-Schmidt
  
Sejam f1 , f 2 ,... f n , n vetores linearmente independentes formando uma base
para um espaço vetorial de dimensão n. Considere que os ângulos formados pelos vetores
entre si são diferentes de 90º graus, ou seja, esta base não é ortogonal.

Figura - 4. 1.


Queremos encontrar os vetores f j  que ortogonalizam esta base, ou seja,

Figura - 4. 2.

 T 
f j  . f i //  0 (4. 84)

Sabemos pela definição de produto escalar de dois vetores que:


T   
f j . f i  f j f i cos (4. 85)

onde  é o ângulo formado pelos vetores. Logo podemos expressar:

Figura - 4. 3.

78

f j  f j // iˆ  f j  ˆj (4. 86)

Ou
  
f j  f j cos iˆ  f j sen  ˆj (4. 87)

Portanto,
 
f j   f j sen  ˆj (4. 88)
 
Mas podemos escrever a projeção do vetor f j na direção de f i da seguinte

forma:
 
f j //  f j cos iˆ (4. 89)

Da equação ( ) temos que


T 

f j // 

f j . fi
 iˆ

(4. 90)
fi

E a direção do versor î é dada por:



f
iˆ  i (4. 91)
fi

Logo
T 

f j // 
f j . fi

 f i
(4. 92)
fi fi

E f j  perpendicular pode ser escrito como

  
f j   f j  f j // (4. 93)

Figura - 4. 4.

79
T 
  
f j . fi 
f j  f j   2 fi

(4. 94)
fi

Realizando esta operação dois a dois para os n vetores da base com i  j teremos a
ortogonalização desejada, chamada de processo de Ortogonalização de Gram-Schimidt
 T 
Mas sabemos que f i
2

 fi . fi  logo podemos escrever a relação geral para o
processo de ortogonalização de Gram-Schimidt da seguinte forma:
T 
  
f j . fi 
f j  f j   T  fi
 (4. 95)

fi . fi 
Para i  j. Escolhendo uma base ortonormal onde:

f1
eˆ1   (4. 96)
f1

Temos que:
T 
 
f j . fi 
eˆ j  f j   T  f i
 (4. 97)

fi . fi 
Para j  2,3....n

80
4. 12 – Operadores Lineares

4.12.1 - Definição
Agora nós consideraremos uma função vetorial linear de um vetor, ou seja,
chamamos de Operador Linear, (2), a toda regra que associa univocamente todo e qualquer
 
vetor  de um Espaço Vetorial E a um outro vetor w também do mesmo espaço vetorial da
seguinte forma linear:
  
  E e  (v )  w  E (4. 98)

Ou ainda sendo
     
u ,  E e  ( u   v )   (u )   (v )  E (4. 99)

Se considerarmos um vetor arbitrário v dado por:

 n 
    i i (4. 100)
i 1

Então, genericamente, a seguinte condição de linearidade será satisfeita:

   n  n 
w   (v )      i i     ( i i ) (4. 101)
 i 1  i 1

Que por sua vez é igual á:

   n  n 
w   (v )      i i     i ( i )
 i 1  i 1
(4. 102)
  n
w   (v )    i wi
i 1

Os operadores lineares possuem ainda as seguintes propriedades:


Seja A e B dois operadores lineares quaisquer de Espaço Vetorial E:
i)
  
(A + B) = A + B (4. 103)

ii)

2
Onde  pode ser também uma função vetorial linear

81
 
(AB) = A(B ) (4. 104)

iii)
 
(A) =(A ) (4. 105)

iv) Em geral AB  BA, mas no caso de serem iguais, dizemos que A e B comutam entre si.
v) O operador nulo e o operador identidade tem significado óbvio, notadamente:
  
0  = 0 e 1 =  (4. 106)

Para todo e qualquer vetor do espaço, E.


vi) Dois operadores A e B são ditos iguais se e somente se
 
A = B (4. 107)

Para todo e qualquer  do Espaço vetorial E.
vii) Se existir um operador tal que:

A.B = 1 (4. 108)

Dizemos que B = A-1, ou seja, que o operador B é o inverso do operador A. Portanto, se:
 
A = w (4. 109)

Então
 
A-1 w =  (4. 110)

Pois
 
A-1A = A-1 w
 
1 = A-1 w (4. 111)
 
A-1 w = 

Operadores os quais não possuem inversos são ditos singulares. Vejamos o


exemplo abaixo:

Considere o espaço tridimensional dos vetores posição  e, um convencional
sistema de coordenadas cartesiano x,y,z conforme mostra a Figura - 4. 5.

82
Figura - 4. 5.

 
Nós definimos o operador projeção Pxy tal que Pxy( ) é a projeção vetor  no

plano xy. O qual possui as mesmas coordenadas x e y do vetor  , mas possui a coordenada z

nula. De fato, o espaço dos vetores Pxy( ) é bidimensional, ou seja, diferente do espaço
 
vetorial dos vetores  . Portanto, fica claro que o operador Pxy( ) não possui um inverso, ou
seja, é singular.

 x 1 0 0   x 
 y  0 1 0   y 
      (4. 112)
 0  P ( v ) 0 0 0 P  z  v
xy xy


Portanto, se qualquer vetor,  , do espaço vetorial E se transforma linearmente

,pela propriedade (ii) e (iii), em outro vetor, w , também do espaço vetorial E, através de um
operador linear  qualquer. Então, os vetores da base também se transformarão linearmente
pelo mesmo operador,  em um outro vetor da base, da seguinte forma:
 
 e j   f j (4. 113)

 
Onde e j e f j  E (Espaço Vetorial). Mas qualquer vetor do espaço pode ser escrito em
 
termos dos vetores da base. Logo, f j pode ser escrito em termos dos ei ’s da seguinte forma:

 n

f j   Aij ei
i 1 (4. 114)
j  1,2,3,...., n

Igualando as expressões (4. 113) e (4. 114) temos:

83
 n

 (e j )   Aij ei
i 1 (4. 115)
j  1,2,3,...., n

Onde os Aij é então a i’ésima componente do vetor f j . E os n2 coeficientes Aij formam os

elementos da matriz do operador linear . Representado da seguinte forma:

 ( )  A  [ Aij ] (4. 116)

Logo
 
f j  Aei (4. 117)

Ou ainda
 
[ f j ]  [ Aij ][ei ] (4. 118)

Portanto, qualquer operador linear pode ser representado por uma matriz de transformação.

Agora se considerarmos um vetor v qualquer (arbitrário), e chamarmos de :
 
 (v )  w (4. 119)
  
Com v e w  E , onde v expresso em termos dos vetores da base vale:

 n 
v   xi ei (4. 120)
i 1

Logo

  n  
 (v )     xi ei   w (4. 121)
 i 1 

Que pelas propriedades (4. 98) e (4. 101) de operadores lineares temos:

 n

 (v )   xi ei  (4. 122)
i 1

Mas
 
 ei   f i (4. 123)

84
Da relação ( ) reesulta:

  n
 n 
w   (v )   xi ei    xi f i (4. 124)
i 1 i 1

Mas da relação ( ) temos que:

 n n

w   xi  Aki ek (4. 125)
i 1 k 1

como as componentes xi não possui índice incluso na somatório em k, logo podemos passá-la
para dentro desta somatória, sem alterar o resultado, logo:

 n n 
w   xi Aki ek (4. 126)
i 1 k 1

Trocando a ordem da somatória, ficamos com:

 n n 
w   xi Aki ek (4. 127)
k 1 i 1


Sabemos que se expressarmos o vetor w em termos dos vetores da base teremos:

 n 
w   y k ek (4. 128)
k 1

comparando ( ) com ( ) concluimos que:

n
y k   xi Aki (4. 129)
i 1

Então podemos descrever as relações acima de outra forma, dizendo que o vetor
  
w está associado com o vetor v por um operador linear A operando em v da seguinte
forma:
 
w  Av (4. 130)

Então os números Aki são os componentes do operador linear A no sistema de



coordenadas ei . Especificamente da relação ( ) vemos que Aij é a i’ésima componente do

vetor Ae j . Analogamente concluímos comparando as relações ( ) e ( ) que:

85
 
[ w]  [ Aij ][v ] (4. 131)

na base ei
Apenas com os vetores, é que os operadores lineares frequentemente têm um
significado físico o qual não depende de um sistema de coordenadas específico, e pode ser
descrito sem referência a um sistema de coordenadas específico.

Para operadores que mudam o vetor v para outro vetor do espaço vetorial, como
é o caso do operador projeção, P, exemplificado anteriormente, a única mudança requerida na
 
análise acima é expressar  (e j ) em termos da base f i no espaço , tal que a relação ( ) fica:

 m 
 (e j )   Aij f i (4. 132)
i 1

 
Então os componentes Aij do operador A refere-se a duas bases e j e f i , e além

do mais está claro que os dois espaços podem ter número diferente de dimensões e, por isso
não existe um operador inverso (A-1)
Voltando novamente a expressão ( ) nós podemos achar a lei de transformação
para as componentes do operador linear, ou seja escrever a matriz de transformação linear em
uma outra base da seguinte forma:
 
w  Av (4. 133)

Mas de ( ) temos que:


 
[ w]  [ Aij ][v ] (4. 134)
 
ou seja, em relação as coordenadas de w e v temos: de ( ) que:

[ y k ]  [ Aki ][ xi ] (4. 135)

mas em relação a um outro sistema de coordenadas temos:

 n 
v   x 'i e 'i (4. 136)
i 1

86
 n 
w   y 'i e 'i (4. 137)
i 1

Mas
 
w   (v ) (4. 138)

Que vale

  n   n 
w     x'i e 'i    x'i (e 'i ) (4. 139)
 i 1  i 1

Pelas propriedades ( ) e ( ) de operadores lineares e da mesma forma:


 
 (e 'i )  f 'i (4. 140)

Mas como novamente os f i ’s podem ser expressos em termos dos vetores desta nova base
temos:

 n

f ' j   A'ki e 'k (4. 141)
k 1

Portanto, igualando ( ) com ( ) temos:

 n

 (e ' j )   A' ki e 'k
k 1 (4. 142)
i  1,2,3,4...n

onde o A’ki é então a k’ésima componente do vetor f i . E os n2 coeficientes A’ki formam os

elementos da matriz do operador linear  na nova base e'i . Representando-se em forma de

matrizes temos:

 ( )  A  [ A'ki ] (4. 143)

onde
 
f 'i  Ae 'k (4. 144)

Ou ainda

87
 
[ f 'i ]  [ A'ki ][e 'k ] (4. 145)

Voltando a expressão ( ) temos:

  n
 n 
w   ( v )   x ' i  ( e ' k )   x ' i f 'i (4. 146)
k 1 k 1

Ou seja

  n  n n

w   (v )   x'i f 'i   x'i  A'ki e 'k (4. 147)
i 1 i 1 k 1

Como os componentes x'i não possui índice incluso na somatória em k podemos passá-lo
para dentro desta somatória em k, sem alterar o resultado, logo:

 n n 
w   x'i A'ki e 'k (4. 148)
i 1 k 1

trocando a ordem das somatórios temos:

 n n 
w   x'i A'ki e 'k (4. 149)
k 1 i 1

comparando agora a expressão ( ) concluímos que:

 n  n n

w   y 'i e 'k    x'i A'ki e ' k (4. 150)
k 1 i 1 k 1

Ou seja

n
y 'i   x'i A'ki (4. 151)
k 1

 
Como os vetores v e w e o operador  não depende do sistema de coordenadas novamente
vale:
 
w  Av (4. 152)

Sendo que os números A’ki são os componentes do operador linear A no sistema de



coordenadas e'i . Especificamente da relação ( ) vemos que A’ki é a k’ésima componente do

vetor Ae 'i . Da mesma forma temos:

88
 
[ w]  [ A'ij ][v ] (4. 153)

na base e'i . Nós sabemos que:
 
[ w]  [ ij ][ w' ] (4. 154)

e
 
[v ]  [ ij ][v ' ] (4. 155)

ou seja

xi  [ ij ][ x' j ] (4. 156)

y k  [ kj ][ y 'k ] (4. 157)

Substituindo em ( ) temos:

[ kj ] y k  [ Aki ][ kj ][ x' j ] (4. 158)

1
Multiplicando ambos os lados por [ ij ] temos:

[ kj ]1[ kj ] y k  [ kj ]1[ Aki ][ kj ][ x' j ] (4. 159)

[1] y k  [ kj ]1[ Aki ][ kj ][ x' j ] (4. 160)

Logo

y k  [ kj ]1[ Aki ][ kj ][ x' j ] (4. 161)

Portanto

[ A'ki ]  [ kj ]1[ Aki ][ kj ] (4. 162)

89
4. 13 – Auto-Valores e Auto-Vetores

Escolhamos um base ortonormal eˆi  para expandir os vetores do espaço E3.

Consideremos um operador linear A definido em E3. A matriz do operador A na base

escolhida é a matriz A, de elementos  A i . Quando um operador linear A   () atua


j

  
sobre um vetor  , o vetor resultante A é em geral é diferente de  . Contudo, podem
 
existir certos vetores (não nulos) para o qual A é apenas  multiplicado por uma
constante, . Isto é:
 
A   (4. 163)

Tal vetor v  0 é chamado de um auto-vetor do operador A , e o número  (real ou

complexo) é chamado de um auto-valor correspondente ao auto-vetor  . O auto-vetor é dito
“pertencer” ao auto-valor. Num dado sistema de coordenadas, a componente i’ésima da
equação (4. 163) é:

n
 Aij x j  xi (4. 164)
j 1

para i = 1,2 ,...n. Ou na notação matricial:

Ax  x (4. 165)

O problema de achar os auto-valores  para o qual o sistema linear de equações


tem uma solução não-trivial é algo muito importante.
Se A é a matriz do operador A

 a11 a12 .. a1n 


a a 22 .. a2 n 
A   21  (4. 166)
 : : : : 
 
a n1 an 2 .. ann  nxn

Podemos montar o sistema de equações da seguinte forma:


Designando por I, como de hábito, a matriz identidade 3 x 3 (que correponde ao
operador identidade I), multiplicamos ambos os lados da equação (4. 165) pela matriz
identidade:

90
AIx  Ix (4. 167)

Ax  Ix  0 (4. 168)

Logo

( A  I ) x  0 (4. 169)

Representando o vetor v por meio de uma matriz coluna temos:

 v1 
  
v  v 2   0 (4. 170)
v 3 
 

A equação ( ) se escreve, usando as matrizes A e I.

 A11   A12 A13   v1 


 1  
 A2 A22   A23  v 2   0 (4. 171)
 A31 A32 A33    v 3 

Esta é uma equação matricial que corresponde a um sistema de 3 equações algébricas lineares


homogêneas para as componentes v , v , v
1 2 3
 do autovetor v . A condição necessária e

suficiente para se determinar os auto-valores  diferentes da solução trivial (isto é v  0 ) é
preciso que o determinante D  da matriz ( A  I ) seja igual a zero. Desta forma

chegamos a equação característica ou equação secular que fornece os valores de .

D   det( A  I )  0 (4. 172)

Se a matriz A é n x n, haverá n raízes , não necessariamente todas distintas.


O determinante D  , como função de , é um polinômio de 3º grau,
denominado polinômio característico do operador A, e tem a forma:

D   3  C 2 2  C1  D0  (4. 173)

Onde

91
 1  d  
C     D    1,2 e D0   det A (4. 174)
  !  d    0

A equação D   0 tem, no máximo, 3 raízes. Mas as raízes de D   0 são os valores
para os quais ( ) é valida e portanto para que ( ) ou ( ) seja válida; isto quer dizer que os
autovalores de A são as raízes da equação D   0 . Podemos então afirmar.

i) Os autovalores de A são as raízes do polinômio característico ou da equação

D   det( A  I )  0 (4. 175)

ii) O operador A tem, no máximo, 3 autovalores (que podem ser reais ou complexos).

Uma vez conhecidos os autovaores 1 , 2 , 3 , a equação ( ) fornece os


  
autovetores v1 , v2  , v3 correspondentes. Observe que o sistema ( ) sendo homogêneo, só

obteremos as soluções vi  i  1,2,3 a menos de normalização; isto quer dizer que ( ) dará
 
soluçào única para vi  i  1,2,3 se impusermos que vi   1; i  1,2,3 .

Pode acontecer que existe mais de um autovetor correspondendo ao autovalor ,


neste caso dizemos que o autovalor  é degenerado.
Examinado D   0 dado na equação ( ) observamos que:

lim D    ; lim D    (4. 176)


    

Os limites de ( ) nos permitem concluir que , que é uma função contínua de  por ser um
polinômio, deve se anular pelo menos uma vez.

Figura - 4. 6.

92
Isto quer dizer que:
iii) No espaço de dimensão 3, todo operador linear tem pelo menos um autovalor (o mesmo
resultado vale para todos os espaços de dimensão impar)

Quando D0   det A  0 é positivo, então podemos concluir que D  terá
pelo menos um zero positivo, ou seja:

iv) Quando det A  0 , o operador linear  tem pelo menos um auto-valor positivo.
Vamos agora especializar nosso estado de autovalores e autovetores para o caso
de operadores ortogonais, isto é, operadores cujas matrizes sào ortogonais. Como já sabemos,
os operadores ortogonais conservam a ortonormalidade do vetores eˆ1 , eˆ2 ,...., eˆn  E . Isto
quer dizer que o módulo dos vetores, bem como o produto escalar de 2 vetores são invariantes

por transformações ortogonais. De fato sendo ortogonal, o operador  satisfaz a relação:

Aˆ Aˆ T  1̂ (4. 177)

ou

Aˆ 1  Aˆ T (4. 178)

O que significa, que dada uma base ortonormal qualquer eˆ1 , eˆ2 ,...., eˆn  E , a matriz A do

operador  satisfaz relações idênticas as relações (4. 177) e (4. 178): ou

AA T  1 (4. 179)

ou

A 1  A T (4. 180)

A partir da equação decorre que

 
det AA T  det 1  1 (4. 181)

Mas como

 
det AA T  det A det A T  1   (4. 182)

e como também

93
det A   det A T  (4. 183)

“Um determinante não se altera trocando linhas por colunas”, então comcluimos que:

2
det A   1 (4. 184)

Ou

det A   1 (4. 185)

O caso de det A   1 corresponde ás rotações propriamente ditas “próprias”. Por exemplo,


o determinante da matrizes das equações ( ), ( ), ( ), ( ) e ( ) é sempre igual a +1.
O caso det A = -1 corresponde às rotações ditas “impróprias” ou inversões. Por

   
exemplo a transformação iˆ ˆj kˆ  iˆ ˆj  kˆ é feita por uma matriz ortogonal da seguinte
forma:
Chamando eˆ'1 eˆ' 2 eˆ'3  a nova base, temos:

eˆ'1  1.iˆ  0. ˆj  0.kˆ


eˆ'  0.iˆ  1. ˆj  0.kˆ
2 (4. 186)
eˆ'3  1.iˆ  0. ˆj  1.kˆ

Que implica na seguinte matriz de transformação:

1 0 0 
A  0 1 0  (4. 187)
 
0 0  1

  
Cujo determinante é -1. Não existe nenhuma rotação própria que leve iˆ ˆj kˆ em iˆ ˆj  kˆ 
Seja agora calcular o produto escalar de imagens do operador Â, isto é, calcular o
produto Âu.Âv; representando Âu e Âv como fizemos em ( )
 j
Au  u i  Ai eˆ j
 k
(4. 188)
Av  v i  Ai eˆk

temos:

94
  j m
Au .Av  u i  Ai eˆ j .v k  Ak eˆm
j m
(4. 189)
 u i v k  Ai  Ak eˆ j .eˆm

Usando agora a ortonormalidade da base eˆ1 , eˆ2 , eˆ3 , tal como expressaa em ( ) teremos,
usando também ( ):
  j m
Au.Av  u i v k  Ai  Ak  jm
m m
 u i v k  Ai  Ak
(4. 190)
m m
u v
  
Au.Av  u .v
Em palavras isso quer dizer que o operador ortogonal  conserva o produto escalar de
vetores.
 
A equação ( ) vale também quando u  v . Neste caso teremos:

2 2
Au  v (4. 191)

que quer dizer que o produto ortogonal  conserva o módulo de vetores. Esta propriedade dos
operadores ortogonais acarreta outra de muita importância:
Os autovalores de operadores ortogonais têm módulo 1. De fato, consideremos a
equação de autovalor/autovetor para o operador ortogonal Â:
 
Âu  u (4. 192)

Tomando o módulo de ambos os membros de ( ) e usando, vem


   
Âu  u   . u  u (4. 193)

ou seja:

  1 ou   1 (4. 194)

Então concluimos:
v) Todo autovalor de um operador ortogonal é +1 ou -1.
Isto é bastante intuitivo, porquanto uma rotação própria não muda nem a direção
  
nem o sentido e nem o módulo do versor a do eixo: Âa   a , já uma rotação imprópria

apenas inverte o sentido de a :

95
 
Âa   a (4. 195)

No caso de rotação próprias o determinante de  é +1, e portanto detA>0.


Levando em conta esta observação e conbinando as propriedades ( ) e ( ) Concluimos que:
vi) O auto valor real de todo operador ortogonal, de determinante positivo (“rotação própria”),
é sempre +1.

96
4. 14 – Exemplos e Aplicações

97
4. 15 – Exercícios e Problemas

98
Capítulo – V
ESPAÇO TENSORIAL LINEAR
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição geral de tensores do qual decorrem os
escalares os vetores e as matrizes, como também as suas propriedades e aplicações ao cálculo
de funções.

5. 1 –Introdução

99
5. 2 – Definição de Tensores

Os tensores são uma generalização dos escalares, dos vetores e das matrizes. Eles
são formas funcionais lineares que seguem a regras bem definidas de operações lineares. Eles
podem ser classificados quanto ao sua ordem como tensores de ordem zero, um, dois, etc.

5.2.1 - Formas Funcionais Lineares


Consideremos o espaço vetorial E, de dimensão 3, no qual está definido um
produto escalar (espaço euclidiano). Chama-se funcional em forma linear em E qualquer
aplicação linear do espaço vetorial E no conjunto R dos números reais. Indicaremos os
(1)
funcionais lineares pelo símbolo F () ; assim:

F (1) () : E  R
  (5. 1)
u  F (1) (u ) : numero real

(1)
A linearidade de F () significa:
   
F (1) (u   v )  F (1) (u )   F (1) (v ) (5. 2)

Da equação (5. 2) reduz-se facilmente que:

F (1) (0)  0 (5. 3)

Um exemplo de funcional linear sobre o espaço E é proporcionada pelo produto


 
escalar dos vetores de E com um vetor fixo a . Assim ao vetor a está associado o funcional
(1) 
linear F a ()  a  ( ) tal que:
(1)   
F a (u )  a.u , u  E (5. 4)

(1)
É fácil ver que F a () é linear; com efeito:
(1)        (1) (1) 
Fa (u  v )  a.u   v   a.u   a.v  Fa  Fa (v ) (5. 5)

Por este exemplo fica então demonstrado que a todo vetor a está associado um
funcional linear sobre E, definido por (5. 4). Gostaríamos de saber se a recíproca é verdadeira,
(1) (1)  
isto é, se todo funcional linear F a ( ) é da forma F a ()  a  ( ) para um a

100
  
conveniente. Para isso vamos introduzir uma base ( e1 , e2 , e3 ) em E e fazer uso da linearidade
(1)   
do funcional F a() . Dado um vetor u  E qualquer, ele se representa por u  u i ei , de
 (1)
modo que a imagem de u por F () é dada por:

  
F (1) (u )  F (1) (u i ei )  u i F (1) (ei ) (5. 6)

(1)
Pela equação (5. 6) vê-se claramente que para definir F () é necessário dar os 3 números
(1) 
reais F (ei ) , i  1,2,3... . Introduzimos, então, por definição os 3 números reais
ai , i  1,2,3,... por meio de

F (1) (ei )  ai , i  1,2,3... (5. 7)

Introduzindo-se ( ) em ( ) obtemos:
 
F (1) (u )  F (1) (u i ei )  u i ai (5. 8)

(1)   
O funcional F () fica, então, definido, na base ( e1 , e2 , e3 ) pelos 3 números ai definidos
em ( ). Vamos agora ver o que acontece se mudarmos de base.
    1 j 
Seja então (e '1 , e ' 2 , e '3 ) uma outra base de E, dada por e 'i  [ A ]i e j

 
u  u i e 'i , com u i  [ A 1 ]im u m (5. 9)

101
5. 3 – Cálculo Tensorial de Funções

(5. 10)

102
5. 4 – Aplicação a Redes-Neurais Matemáticas

103
5. 5 – Exemplos e Aplicações

104
5. 6 – Exercícios e Problemas

105
Capítulo – VI
ESPAÇO VETORIAL DE FUNÇÕES
RESUMO
Neste será visto a analogia entre o espaço vetorial linear e o espaço de funções
mais apropriadamente o espaço funcional linear. Veremos as propriedades e aplicações desta
teoria matemática.

6. 1 –Introdução

106
6. 2 – Definição de Espaço Vetorial de Funções ou Espaço
Funcional Linear

Chamamos de espaço algébrico linear de funções, sobre um campo C, a uma série


de elementos 1, 2, 3, .. com uma estrutura algébrica isomorfa ao espaço vetorial.
 
Considerando dois vetores P e Q , onde
 
P  P ( p1 , p2 , p3 ) (6. 1)

E
 
Q  Q(q1 , q 2 , q3 ) (6. 2)
 
P e Q são ortogonais quando
 
P.Q  p1q1  p2 q 2  p3 q3  0 (6. 3)

ou

  3
P.Q   pi qi  0 (6. 4)
i 1

Se os vetores forem n-dimensionais

  n
P.Q   pi qi  0 (6. 5)
i 1

Façamos agora uma analogia, através da correspondência abaixo:


a) ao índice

ix (6. 6)

b) ao somatório

   dx (6. 7)
i

c) às coordenadas

pi (ou qi )  uma função f(x) (ou g(x)). (6. 8)

107
Portanto, a cada vetor pi corresponde uma função f (x ) de modo geral,
complexa. Esta correspondência implica que as operações de um espaço vetorial podem ser
extendidas ao espaço das funções f(x).
Sejam f, g, e h, funções neste espaço. As operações se aplicam ao mesmo:
a) Comutatividade

f gg f (6. 9)

b) Associatividade

( f  g)  h  f  (g  f ) (6. 10)

c) Distribuitividade da soma

(a  g ) f  af  gf (6. 11)

d) Associatividade do produto

(ak ) f  a (kf ) (6. 12)

e) Elemento nulo

0f 0 (6. 13)

f) Elemento Neutro

1f  f (6. 14)

Também, a partir destes postulados podem definido, como em álgebra vetorial:


a) a independência linear das funções
b) produto escalar
c) magnitude de um elemento e distância entre f e g.
Tal espaço de funções complexas obtido por esta analogia é chamado espaço
Hilbert. Neste espaço, a condição de ortogonalidade será, portanto,

 f * ( x, y,...) g ( x, y,...)d  0 (6. 15)

Onde d  dxdy...

108
6.2.1 – Equivalência entre o Operador Matricial e o Operador Funcional no
Espaço de Funções

109
6.2.2 – Notação de Dirac
Usaremos a notação de Dirac para os elementos i, do espaço algébrico que no
nosso caso tanto pode ser vetores como funções.

 :   ket  (vetor ou função) (6. 16)

No caso do ente abstrato chamado ket for um vetor chamaremos de Espaço Vetorial e no caso
de ser uma função chamaremos de Espaço Funcional.
Seja E um conjunto de ket’s e seja C um campo de escalares do espaço algébrico
linear, onde E é aditivo, isto é, existe uma operação E x E  E tal que:

 
,   ExE      E (6. 17)

Satisfazendo os seguintes axiomas fundamentais:

110
6.2.3 – Propriedades do Espaço de Funções
i) Comutativa

f(x) + g(x) = g(x) + f(x) (6. 18)

ii) Associativa

f(x) + (g(x) + h(x)) = (f(x) + g(x)) + h(x) (6. 19)

iii)  uma matriz 0  EMatrizes /

f(x) + 0 = f(x)  f(x)  EFunções (6. 20)

iv)  uma matriz -A  EMatrizes /

f(x) + (-f(x)) = 0  f(x)  EFunções (6. 21)

v) Distribuitiva do escalar

( f(x) + g(x)) =  f(x) + g(x) (6. 22)

vi) Distribuitiva da Matriz com escalar

( + ) f(x) =  f(x) +  f(x) (6. 23)

vii) Distribuitiva de Matriz com Matriz

f(x)[g(x) + h(x)]j(x) = f(x)g(x) j(x) + f(x)h(x) j(x) (6. 24)

viii) Associativa do produto de matrizes

[f(x)g(x)]h(x) = f(x)[g(x) h(x)] = f(x)g(x) h(x) (6. 25)

ix)

(6. 26)

x) Transposição do produto de matrizes

AB = (BA)T = B T AT (6. 27)

xi) Transposto de multiplicações sucessivas vale:

ABCD...Z = (Z…DCBA)T = Z T ... DT C T AT (6. 28)

111
6. 3 –Transformações de Coordenadas

112
6. 4 – Ortogonalidade e Espaço Dual de Funções

Duas funções são ditas ortogonais em um intervalo [a,b] se:

 n ( x)m ( x)dx   nm (6. 29)


a

(6. 30)

113
6. 5 – Operadores Lineares, Matrizes e Transformações Lineares

Os operadores no espaço de funções são a base para o estudo das equações


diferenciais.

6.5.1 – Operadores no Espaço de Funções


Seja uma função  (x) . Submetida a operações matemáticas, ela pode ser
transformada em outra  (x) . As operações abaixo são comuns:
1)

 ( x)  k ( x) (6. 31)

2)

 ( x)  x ( x) (6. 32)

3)

d ( x)
 ( x)  (6. 33)
dx

4)

x
 ( x)    ( x)dx (6. 34)
0

Temos, acima, 1) multiplicação por um número k qualquer, 2) por x, 3)


diferenciação e 4) operação de integração. A classe das operações que transformam uma
função na outra é chamada operador. Nos exemplos acima, o operador é, multiplicação por
um número, diferenciação, integração entre 0 e x, etc.
As operações podem ser indicadas como se segue:

 ( x)  A ( x) (6. 35)

onde A é um operador
O nosso interesse é nos operadores diferenciais do tipo

d d2
A  ao ( x)  a1 ( x)  a2 ( x) 2  ... (6. 36)
dx dx

114
Não se deve confundir o operador com uma equação. O operador acima traduz
uma instrução de como devemos manipular  (x) , o operando. É comum simplificar a
notação e omitir o operando. Assim, a operação sucessiva com o operador A é:

AA (x) ou A 2 ( x) (6. 37)

2
onde AA  A , omitindo  (x) .
Os operadores que nos interessam são lineares, isto é, tais que:

A1 ( x)   2 ( x)   A1 ( x)  A 2 ( x) (6. 38)

Sejam A e B dois operadores lineares. De um modo geral

AB ( x)  BA ( x) (6. 39)

Isto é, os operadores não comutam relativamente a multiplicação.


Exemplo:
Sejam os dois operadores:
i) Multiplicação por x:

A x (6. 40)

ii) Derivada em relação a x:

d
B (6. 41)
dx

Onde

d
ABf ( x)  x f ( x) (6. 42)
dx

d
BAf ( x)  Bxf ( x)  xf ( x)
dx
(6. 43)
d
 f ( x)  x f ( x)
dx

Observe que AB  BA.


Um exemplo de operador não-linear é:
iii) Elevar uma função ao quadrado.
115
A  f (x) 2 (6. 44)

Seja aplicar o operador a

1 ( x)   2 ( x) (6. 45)

Temos:

2 2
A1 ( x)   2 ( x)  1 ( x)  21 ( x) 2 ( x)   2 ( x) (6. 46)

2 2
A1 ( x)  A 2 ( x)  1 ( x)   2 ( x) (6. 47)

Isto é não-linear, porque:

A1 ( x)   2 ( x)   A1 ( x)  A 2 ( x) (6. 48)

Se a multiplicação for do tipo AnAm do próprio operador elevado a potências n e m,

An Am  Am An  0 (6. 49)

isto é, a operação é comutativa.

116
6.5.2 – Operadores Lineares no Espaço de Funções

117
6.5.3 – Operadores, Auto-vetores e Auto-valores no Espaço de Funções
A um operador podemos associar uma matriz. Seja H um operador Hermitiano
que gera auto-funções,  i (x)

H i ( x)  i ( x) (6. 50)

Suponhamos as auto-funções ortogonais e tomemos outros operadores L e N que


atuam sobre as mesmas variáveis que H. Definamos as matrizes:

Lij    i * ( x)L j ( x)d (6. 51)

N ij    i * ( x)N j ( x)d (6. 52)

As equações que contêm L e N são válidas para as matrizes Lij e Nij interpretadas
matricialmente.
Ex:
1) Soma de operadores

(L  N )  L  N (6. 53)

2)

( L  N ) ij  Lij  N ij (6. 54)

6.5.4 – Multiplicação de Operadores no Espaço de Funções


Seja a multiplicação de operadores

( LN ) ij   i *L( N j )d (6. 55)

Mas

N j   C sis (6. 56)


s

Ou

 i *N j d  s  i *C sjs d  Cij (6. 57)

118
E

(6. 58)

( LN ) ij   i *L( N sjs )d 


s

  N sj  i *Ls d  (6. 59)


s

  Lsj N sj
s

Concluímos que o produto de operadores LN pode ser representado pela matriz


(LN)ij.
Tomemos agora a equação de auto-valores

H   (6. 60)

Sabemos que ao operador H podemos associar uma matriz H ij   i *H j d .


Mostremos que a auto função  pode ser associada a um auto-valor de Hij. O operador H
possui um conjunto completo de auto-funções i de modo que uma função  pode ser escrita
como:

(6. 61)

Onde i são os coeficientes de expansão. Logo

H   (6. 62)

ou

(6. 63)

Ou

 i Hi    ii (6. 64)


i i

Premultiplicando por k* e integrando temos:

119
 i   k Hi d    i   ki d (6. 65)
i i

E tomando os i ortonormais, temos:

 i H ki    i ki (6. 66)
i i

Mas

 H ki  ( H ) k
i
(6. 67)
 i ki   k
i

Isto é:

( H ) k   k (6. 68)

É uma equação matricial onde i são componentes de um auto-vetor. Concluímos que a


equação H   é convertida na equação matricial.

( H ) k   k (6. 69)

Onde os  k são as componentes de um vetor.


Para obter os  i basta observar que e

  k *d  i  i   k * i d  i  i ki (6. 70)

Ou

 k    k *d (6. 71)

Uma conclusão interessante que se obtém e resulta se tomarmos    j isto é,


como auto-função das auto-funções do conjugado associado ao próprio operador H.

H i   j j (6. 72)

Isto é, tomando-se

120
 i   ij (6. 73)

na expansão

(6. 74)

Temos, como acima

 i *H j d   j  i * j d (6. 75)

Ou

H ij   j  ij (6. 76)

Concluindo: quando na equação matricial equivalente a equação de auto-valores H  


se tomarmos como auto-função uma das auto-funções do operador H, a matriz que representa
H é diagonal.

121
6. 6 – Mudança de Base para funções

De forma geral as funções da base  i (x) expressa-se em termos das funções da


base hi (x ) da seguinte forma:

n
 i ( x)   ij h j ( x) (6. 77)
j 1

n
h j ( x)    ji  i ( x) (6. 78)
i 1

Para encontrar a relação entre os coeficientes funcionais ij e ji devemos:

n n
 i ( x)   ij   ji  i ( x) (6. 79)
j 1 i 1

122
6. 7 – Transformação de Funções

123
6. 8 – Processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt

124
6. 9 – Auto-Funções e Auto-Valores

Consideremos um operador A aplicado a uma função  (x) . A (x) é a função


obtida pela transformação e que, geralmente, nada tem de comum com  (x) . Há casos
importante, entretanto, em que A (x ) é múltiplo de  (x) ,

A ( x)  k ( x) (6. 80)

onde k = constante. Neste caso  (x) e chamada de auto-função e k de auto-valor do


operador A.
mx
Exemplo: Tomemos e como auto-função e seja A  d / dx :

d mx
A ( x)  e  me mx (6. 81)
dx

Logo, m = auto valor do operador A  d / dx . No caso geral

A ( x)  k ( x) (6. 82)

É uma equação diferencial que deve ser resolvida. Haverá, evidentemente, um número infinito
de soluções. Deste conjunto somente nos interessam aquelas que satisfazem certas
características físicas, compatíveis com o problema físico que é estudado. Exemplifiquemos:
Seja

d2
A 2 (6. 83)
dx
Logo

d2
A ( x)  2  ( x)  k ( x) (6. 84)
dx
As soluções são

 ( x)  C1e kx
 C2 e  kx
(6. 85)

Estabeleçamos agora a condição de que  (x) nunca pode ser infinita: basta tomar k negativo,
2
por exemplo, k   , onde  é uma constante real. Temos,

125
1 ( x)  C1e ix  C2 e ix (6. 86)

Que são soluções trigonométricas. Se  (0)  0 ,

 ( x)  C sin(x) (6. 87)

 2 3
E se também  (l )  0 , os auto-valores   , , ,... . As auto-funções
l l l
correspondentes são,

 2 3
sin( x), sin( x), sin( x),..., etc (6. 88)
l l l

Os problemas da Mecânica Quântica são similares a estes. Partimos de uma


equação de auto-valores achamos sua solução e os auto-valores, tendo em conta certas
características das soluções (auto-funções).
O exemplo visto mostra ainda que

A ( x)  2 ( x) (6. 89)

Representa

2
A1 ( x)  1 1 ( x) (6. 90)

2
A 2 ( x)  2  2 ( x) (6. 91)

ou

2
A n ( x)  n  n ( x) (6. 92)

A solução do nosso problema resulta em n auto-funções que nos fornecem n auto-


valores. É importante observar que os auto-valores são discretos, 1 , 2 ,..., n e cada auto-
função está associada a um auto-valor. Há, muitas vezes, caso em que um único autovalor está
associado a várias auto-funções, sendo estas, neste caso, linearmente independentes. Um auto-
valor deste tipo é chamado de degenerado.

126
6. 10 – Operadores Hermitianos e seus auto-valores

Já vimos que é necessário que as auto-funções satisfaçam a certas condições de


contorno a fim de que tenhamos soluções com auto-valores discretos.
Seja  (x) uma auto-função. A restrição mais importante que ela deve sofrer, a
fim de representar uma solução fisicamente aceitável é ter um quadrado integrável:



  n ( x) *  n ( x)dx  valor finito (6. 93)




Tomemos  * ( x) porque as funções podem ser complexas. Suponhamos agora


que todas as funções que nos interessam sejam quadraticamente integráveis e tomemos duas

delas u(x) e v(x) e um operador A. Aceitemos que a integral  u * Avdx existe e definamos

A* como operador obtido de A pela transformação i  i . Um operador Hermitiano


quando.

 u ( x) * Av( x)dx   [ A * u ( x)*]vdx (6. 94)

d
Seja por exemplo o operador A 
dx
d d
 u ( x) * v( x)dx   [ u ( x)*]vdx (6. 95)
dx dx
De fato integrando o primeiro membro por partes temos:
d  d
 u ( x) * dx v( x)dx  u * v    v dx u( x) * dx (6. 96)

Mas u* e v* são quadraticamente integráveis e são nulos nos limites. Logo

d d
 u ( x) * dx v( x)dx    [ dx u ( x)*]vdx (6. 97)

d d
Conclusão: A  não é Hermitiano, Entretanto, o operador A  i , como é fácil
dx dx
mostrar é Hermitiano.

d2
Seja agora, o importante operador A  .
dx 2

127
Temos:


d 2 v( x) dv dv du * ( x)
 u ( x) * dx 2 dx  u * dx    dx dx dx 
 
(6. 98)
 du * ( x)  d 2u * ( x)    d 2 u * ( x) 
 v ( x )    2

v( x)dx    dx 2 v( x)dx
 dx    dx    

d2
Conclusão: A  é Hermitiano,
dx 2
Qual o interesse em operadores Hermitianos?
É fácil ver: Seja  uma auto-função e  seu auto valor, onde:

A ( x)   ( x) (6. 99)

O complexo conjugado desta operação é:

A * * ( x)   * * ( x) (6. 100)

Multiplicando a primeira equação à esquerda por  * e a segunda a esquerda por  e


integrando temos:

 * ( x) A ( x)    * ( x) ( x)dx (6. 101)


 A * * ( x) ( x)   *  * ( x) ( x)dx
Se A é um operador Hermitiano, os primeiros membros são iguais. Logo,

 * (6. 102)

Isto é, os auto-valores são reais.


A extensão do resultado acima é imediato para funções de várias variáveis.

   ( x, , y , z ) (6. 103)

Não oferece dificuldade.

128
6.10.1 - Ortogonalidade das Auto-funções que pertencem a auto-valores
diferentes.

129
6. 11 – Espaço das Funções Quadráticas L2

130
6. 12 – Serie de Funções Ortogonais

Seja n (x) numa série de funções linearmente independentes formando uma
base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo podemos
expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das funções da
base, ou seja:

f ( x)  ao  a11 ( x)  a 22 ( x)  ...  a nn ( x)  ... (6. 104)

ou


f ( x)   ak  k ( x) (6. 105)
k  

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
Multiplica-se a série em ( ) por l e integra-se desde zero até infinito,
  

 f ( x)l dx   l  akk dx (6. 106)


  k 

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  

 f ( x)l dx  r
 
ak  lk dx (6. 107)
 

Como as funções l e k são ortogonais exceto para o caso de l = k, temos:


 

 f ( x)l dx   ak  kl (6. 108)


 k  

Logo para l = k temos:


ak   f ( x)l dx (6. 109)


131
6. 13 – Exemplos e Aplicações

132
6. 14 – Exercícios e Problemas

133
Capítulo – VII
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL DE
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de

7. 1 – Introdução

134
7. 2 – Funções Pares e Ímpares

Uma função é dita par se:

f ( x)  f ( x) (7. 1)

Exemplos:

f ( x)  x 2
(7. 2)
g ( x)  cos x

Figura - 7. 1

Uma função é dita ímpar se:

f ( x)   f ( x) (7. 3)

Exemplos:

f ( x)  x 3
(7. 4)
g ( x)  sen x

Figura - 7. 2

135
7.2.1 - Operações com funções pares e ímpares
As operações de multiplicação de funções fornecem:
Uma função é dita par se:

f par ( x).g par ( x)  h par


f ímpar ( x).g ímpar ( x)  h par
(7. 5)
f par ( x).g ímpar ( x)  hímpar
f ímpar ( x).g par ( x)  hímpar

7.2.2 - Teorema
Toda função f(x) pode ser escrita como uma combinação linear de uma função par
e uma fução ímpar.

f ( x)  f par ( x)  f ímpar ( x) (7. 6)

Onde

f ( x )  f (  x)
f par ( x)  (7. 7)
2
E

f ( x)  f (  x )
f ímpar ( x)  (7. 8)
2
Logo

f ( x )  f (  x ) f ( x )  f ( x )
f ( x)   (7. 9)
2 2

136
7.2.3 - Integral de funções pares e ímpares:
Seja as integrais:

A A

 f ( x)dx  2 f ( x)dx se f par (7. 10)


A 0

 f ( x)dx  0 se f ímpar (7. 11)


A

137
7. 3 – Funções Periódicas

Uma função é dita periódica se:

f ( x)  f ( x  nT ) n  Z (7. 12)

Considere a seguinte fução periódica descontínua

Figura - 7. 3

Esta função possui infinitos períodos e o menor período fundamental é 2a.

7.3.1 – Teorema de Bloch

138
7. 4 – Cálculo em RN

Sejam os vetores de coordenadas x   x1 , x2 ,..., xn    N e

y   y1 , y2 ,..., yn    N , define-se uma distância entre os pontos P e Q associados a esses

vetores neste espaço  N como o valor dado por:

d  x, y    xi  yi  xi  yi  (7. 13)

7.4.1 - Conectividade
Dois conjuntos A e B são conexos se ...

Figura - 7. 4

7.4.2 - Pontos Limítrofes

  
x  S é um ponto limítrofe de S se toda vizinhança de x contém pontos y  S

7.4.3 - Derivadas Parciais

Seja uma função f   x1 , x2 ,..., xn    N , cujas derivadas parciais de f existem

f f  2 f 2 f 
, , , , e são contínuas em alguma vizinhança de xo então a função
xi x j xi x j x j xi

composta,

F  t   f  x1  t  , x2  t  ,..., xn  t   (7. 14)

Possui derivada dada por:


139
dF  t  f dxi
 (7. 15)
dt xi dt

Isso é diferente da versão mais comum e incorreta:

df  t  f dxi
 (7. 16)
dt xi dt

7.4.4 - Exemplo

Seja f  x, y, u , v  uma função onde f  x, y, u  x, y  , v  x, y    f  x, y  então:

f f x f y f u f v
   
dx x x y x u x v x
0
(7. 17)
f f f u f v
  
dx x 
u 
xv 
x
 0 ( Não sempre!)

Uma forma mais correta de se escrever seria

F  x, y   f  x, y , u  x , y  , v  x , y   (7. 18)

F f x f y f u f v
   
dx x x y x u x v x
0 (7. 19)
F f f u f v
  
dx x u x v x

7.4.5 – Série de Taylor no RN

Seja f   x1 , x2 ,..., xn    N a expansão em Série de Taylor desta função é dada

por:

140
  f 1 2 f
f  x   f  xo     xi  xoi     xi  xoi   x j  xoj  
i xi 2! i j xi x j
(7. 20)
3 f
  xi  xoi   x j  xoj   xk  xok   ....
i j k xi x j xk

141
7. 5 – Funções Implícitas

Seja a função de duas variáveis f(x,y) = 0 , como o exemplo abaixo da equação de


uma elipse:

x2  4 y2  4  0 (7. 21)

Cujos eixos principais são a  4  2 e b  1  1 , observe que y é uma função implícita


de x.

y   1  ( x / 2) 2 (7. 22)

7.4.1 –Teorema da Função Implicita


Seja f(x,y) = 0 satisfeita no ponto (xo, yo), [f(xo,yo) = 0] e f(x,y) = 0 uma função de
classe C1 (contínua de 1ª derivada contínua) na vizinhança de (xo,yo). Se f / y x 0
o , yo

então f(x,y) = 0 implica na existência de uma função em y = y(x) em uma vizinhança de


(xo,yo) tal que y(xo) = yo.

Ex. 1:

f ( x, y )  x 2  4 y 2  4  0 (7. 23)

Note que ( xo , y o )  (1, 3 / 2) satisfaz:

f ( x, y ) f ( x, y ) 
fx   2x   20 (7. 24)
x x 1,  3/2

f ( x, y ) f ( x, y ) 
fy   8y    4 3  0 (7. 25)
y y 1,  3/2

Logo existe y(x) no ponto ( xo , y o )  (1, 3 / 2) e em sua vizinhança.

Ex. 2:

142
f ( x, y )  ( y  2 x )e y  x 2  1  0 (7. 26)

Note que ( xo , y o )  (1,2) satisfaz:

f ( x, y ) f ( x, y ) 
fx   2e y  2 x  2
  2e  2  0 (7. 27)
x x 1, 2

f ( x, y ) f ( x, y ) 
fy   (1  y  2 x)e y    e 2  0 (7. 28)
y y 1, 2

Logo existe y(x) no ponto ( xo , y o )  (1,2) e em sua vizinhança.


Vamos tentar obter y(x):

f ( x, y )  0 (7. 29)

Em torno de ( xo , y o ) por meio da Série de Taylor de y:

1 1
y ( x)  y ( xo )  y ' ( xo )( x  xo )  y ' ' ( xo )( x  xo ) 2  y ' ' ' ( xo )( x  xo ) 3  ...
2 6 (7. 30)

y ( x)  y o
y ' ( xo )  ?
(7. 31)
y ' ' ( xo )  ?
...
Onde

df ( x, y ( x))
 f x  f y y'  0 (7. 32)
dx
E

 f x ( x, y ( x))
y'  (7. 33)
f y ( x, y ( x))

143
 f x ( x, y ( x))
y' '  (7. 34)
f y ( x, y ( x))

Logo

( y '2)e y  ( y  2 x)e y y '2 x  0 (7. 35)

Então

2  2 xe y
y'  ; y ' '  .... (7. 36)
y  2x  1

Portanto,

y ( x)  2  2,271( x  1)  0,479( x  1) 2  ... (7. 37)

Ex. 3:

y  sen x
(7. 38)
f ( x, y )  y  sen x  0

(Dica: trabalhar com a função inversa)

7.4.2 - Caso Multivariado


Seja a função f ( x, y, u , v )  0 e g ( x, y , u , v)  0 existem u ( x, y ) e v ( x, y ) ??
onde:

f ( x, y, u ( x, y ), v( x, y ))  0
(7. 39)
g ( x, y, u ( x, y ), v( x, y ))  0

Expandindo em Série de Taylor temos:

u ( x, y )  u ( xo , yo )  u x ( xo , yo )( x  xo )  u y ( xo , yo )( y  yo )  ...
(7. 40)
v( x, y )  v( xo , yo )  v x ( xo , yo )( x  xo )  v y ( xo , yo )( y  yo )  ...

144
f
 f x  fuu x  fv vx  0
x
(7. 41)
g
 g x  guu x  gvvx  0
x
E

fuu x  fv vx   f x
(7. 42)
gu u x  gv vx   g x

Logo

 f x fv
 g x gv
ux  (7. 43)
fu gu
fv gv

Idem para v x , u y , v y

fu fx
g gx
vx  u (7. 44)
fu gu
fv gv

fy fv

gy gv
uy  (7. 45)
fu gu
fv gv

fu fy

gu gy
vy  (7. 46)
fu gu
fv gv

145
Análogo para n dimensões.

Sejam as funções f1 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0 ,


f 2 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0 , .... f n ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0 , ou seja:

f1 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0
f 2 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0
(7. 47)
:
f 3 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  0

ou

f i ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u2 ,...un )  0 (7. 48)

ui  ui  x j  (7. 49)

Expandindo em Série de Taylor de ordem 1, temos:

ui
ui  x j   ui  xoj    x j  xoj   ... (7. 50)
x j

Sendo

 
Fi  x j   f i x j , uk  x j   0 (7. 51)

Fi  x j  f i f i uk
  0 (7. 52)
x j x j uk x j

O resultado será:

fi uk f
 i (7. 53)
uk x j x j

fixe j, logo existirão soluções

uk
; k  1,..., n (7. 54)
x j

Se

146
fi
0 (7. 55)
uk

Este é o Jacobiano da transformação das variáveis. Logo a condição de existência das funções
implícitas é:

fi   f1 , f 2 ,..., f n 
 (7. 56)
uk   u1 , u2 ,..., un 

Ou seja:

 f1 f1 f1 


 u ..
u2 un 
 1 
 f 2 f 2 f 2 
 ..
det  u1 u2 un   0 (7. 57)

 : : .. : 
 
 f n f n
..
f n 
 u1 u2 un 

Podemos mostrar que:

  u1 , u2 ,..., un    x1 , x2 ,..., xn 
1 (7. 58)
  x1 , x2 ,..., xn    u1 , u2 ,..., un 

e
 
f1 ( x , u )  0
: (7. 59)
 
fn ( x, u )  0

e
 
u ( x)  0 (7. 60)

Como resolver x em função de x? Desenvolvendo a Série de Taylor localmente


(linearização localmente).

147
Ex. Sistema de Coordenadas Polares
Sejam as coordenadas curvilineas

x(r ,  )  r cos 
y (r ,  )  rsen
(7. 61)

Onde
1/ 2
r   x2  y2 
x (7. 62)
  arctan  
 y

Figura - 7. 5

Calcule:

 2T  2T
 0 (7. 63)
x 2 y 2

Em coordenadas polares.

Solução
Fazendo

f1  x, y, r ,    x  r cos   0
(7. 64)
f 2  x, y, r ,    x  rsen  0

Vamos calcular r  r  x, y  ;     x, y  , logo:

f1 f1
r   cos  rsen
 r (7. 65)
f 2 f1  rsen  r cos 
r 

Existe a função se r  0 .

148
dT T x T y
 
dr x r y r
(7. 66)
T T
 cos   sen
x y

dT T x T y
 
d x  y 
(7. 67)
T T
 rsen  r cos 
x y

Logo

Tr sen
T T r cos  r cos  Tr  sen T
Tx     (7. 68)
x cos  sen r
rsen cos 

Tr -cos
T T rsen rsen Tr  cos  T
Ty     (7. 69)
y cos  sen r
rsen cos 

Logo

T T sen T
Tx   cos   (7. 70)
x r r r 

T T cos  T
Ty   sen  (7. 71)
y r r 

Então,

 2T  2T
 0 (7. 72)
x 2 y 2

é o mesmo que:

149
 T  T
 0 (7. 73)
x x y y

então

 T   sen   T sen T 
  cos    cos    (7. 74)
x x  r r r   r r r  

 T   cos     T cos  T 
  sen    sen   (7. 75)
y y  r r    r r  

ou

  T  2   2T  cos  sen   T  cos  sen  T 


   cos   2     
x  x   r  r r    r2   
2 2
(7. 76)
cos  sen   T  sen   T  sen    2T  sen cos   T 
   2   2  2   
r r    r  r  r    r2   

2
  T  2  T  cos  sen   T  sen cos   T 
  =sen   2     
y  y   r  r r    r2   
(7. 77)
cos  sen   T  cos 2  T  cos 2   2T  sen cos   T 
   2   2  2   
r r    r  r  r    r2   

Portanto, a equação de Laplace, fica:

  T    T    2T  1  T 2
 1  T 
 2T     = 2   
 2 2 (7. 78)
y  y  y  y   r  r  r  r   

150
7.4.3 – Teorema dos Extremos

f f f 
Seja f ( x1 , x 2 ,...xn )  0 e   ...   0 em X , f é de classe C2,
x1 x2 xn

na vizinhança de X .
Seja

 f x1x1 f x1 x2 .. f x1xn 
 
 fx x f x2 x2 .. f x2 x1 
A 21 (7. 79)
: : .. : 
 
 f xn x1 f xn x2 .. f xn xn 


Supor det A  0 . Se A é positiva (ou negativa) definida, então X , é um mínimo (ou
máximo) local.

151
7. 6 – Problemas de Máximo e Mínimo com Vínculo

Os problemas de cálculo de máximo e mínimo de funções envolve aplicações a


otimização (função obejetiva não-linear)e achar as funções que maximizam certos funcionais
correspondem a uma parte do cálculo variacional.

7.5.1 – Método de Lavenberg-Marquardt


Sejam as funções

f ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  extremo


g1 ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  c1
(7. 80)
:
g k ( x1 , x2 ,...xn , u1 , u 2 ,...u n )  ck

Para facilitar o estudo vamos fazer para o caso n = 3, k=1, onde:

f ( x, y, z )  extremo
(7. 81)
g ( x, y , z )  c

A diferencial de f é dada por:

f f f
df  dx  dy  dz (7. 82)
x y z

f ( x, y, z ( x, y )  extremo (7. 83)

Logo

f f
df  dx  dy  0 (7. 84)
x y

Ou

df  f x dx  f y dy  f z dz  0 (7. 85)

dg  g x dx  g y dy  g z dz  0 (7. 86)

152
7.5.2 – Método dos Multiplicadores de Lagrange

Para maximizar ou minimar f  x1 , x2 ,.., xn  sem ou com restrições do tipo.

g j  x1 ,..., xn   0 (7. 87)

f
Para j  1,..., m temos que no último caso  0 não vale mais. Embora exista ainda
xi
algum

f
0 (7. 88)
xi

Mas ainda posso dizer com certeza que:

f
df  dxi  0 (7. 89)
xi

E para as restrições g temos que g j  x1 ,..., xn   0 e então posso escrever:

g j
0 (7. 90)
xi

Logo posso postular a existência de uma sequência 1 , 1 ,...n  coeficientes tal
que:

g j
j 0 (7. 91)
xi

Então, redefino a função f escrevendo:

F  x1 ,..., xn , 1 ,..., n   f   j g j (7. 92)

que pode ser uma transformada de Legendre, tal que:

F f g j
  j 0
xi xi xi
(7. 93)
F
 g j  x1 , x2 ,..., xn   0
i

153
logo

 f g j 
   j  dxi  0 (7. 94)
 xi xi 

Para g j  x1 ,..., xn   0 e i  1,..., n , e j  1,..., n .

Fazendo

df  dg  ( f x  g x )dx  ( f y  g y )dy  ( f z  g z )dz  0 (7. 95)

Logo

f x  g x  0
f y  g y  0
(7. 96)
f z  g z  0
g c

Com

f *  ( f  g ) (7. 97)

Minimizar f *  ( x, y , z ,  ) e usar g  c
Usando o resultado acima e o Teorema das Funções Ímplicitas deve ser possível
provar que:

df   j dg j (7. 98)

154
7.5.3 – Exemplo

f  xyz  extremo
(7. 99)
xy  xz  yz  c

Logo

f *  ( f  g )
(7. 100)
f *  xyz   ( xy  xz  yz )

Obtemos quatro equações:

yz   ( y  z )  0
xz   ( x  z )  0
(7. 101)
xy   ( x  y )  0
xy  xz  yz  c

Onde

c  2 ( x  y  z )  0
(7. 102)
x  y  z  c / 2

155
7. 7 – Regra de Derivação de Leibnitz

Como diferenciar uma função cujos extremos da integral dependem do tempo, ou


seja:

b(t )
I (t )   f ( x, t )dA  I (t )  F (a(t ), b(t ), t ) , (7. 103)
a (t )

Vejamos primeiro o caso particular:

b(t )
I (t )   f ( x)dx , (7.104)
a (t )

Logo

d t d
I (t )   f ( x)dx  [ F (t )  F ( a)]  f (t ) , (7.105)
dt a dt

Este corresponde ao teorema fundamental do Teorema Fundamental do Cálculo.


Considere a função I (t ) , onde

I (t )  F (a (t ), b(t ), t ) , (7.106)

Queremos calcular:

b(t )
d d d d
I (t )   f ( x, t )dx  I (t )  F (a (t ), b(t ), t ) , (7.107)
dt dt a (t ) dt dt

Logo

b
F F  F
I(t )  a (t )  b(t )  ,
a b t (7.108)
a
a e b mantidos
cons tan tes

Ou

b
I (t )  F a (t )  F b(t )   f ( x, t )dx ,
a b t a (7.109)
   
a e b mantidos
cons tan tes

156
Calculando

F  b  a
 f ( x, t )dx    f ( x, t )dx 
a a a a b
, (7.110)

  [ F (a (t ), t )  F (b(t ), t )]   f (a, t )
a

F  b  b
 f ( x, t )dx   f ( x, t )dx 
b b a a a
, (7.111)

 [ F (b(t ), t )  F (a (t ), t )]  f (b, t )
b

F  b b
 f ( x, t )dx   f ( x, t )dx 
t a a t a
, (7.112)
b
 
  f ( x, t )dx  [ F (b(t ), t )  F (a(t ), t )]
a
t t

Portanto, I ' (t ) é dado por:

b (t ) b (t )
   b
d   
I ' (t )  f ( x , t ) dA  f ( x , t ) dx 
a (t )  f ( x , t ) dx b(t ) 
dt a(t ) a a(t ) 
  
  b a  , (7.113)
b

 f ( x, t )dx
t a

ou

b (t ) b (t )
d  
I ' (t )   f ( x, t ) dA   f ( x, t )dx  [ F ( a (t ), t )  F (b(t ), t )]a (t )
dt a ( t ) a (t )
t a
  (7.114)
 [ F (b(t ), t )  F (a (t ), t )]b(t )  [ F (b(t ), t )  F ( a (t ), t )]
b t
,

ou

157
b(t ) b(t )
d 
I ' (t )   f ( x, t )dA   f ( x, t )dx  f (b(t ), t )b(t )  f ( a (t ), t ) a (t )
dt a (t ) a (t )
t (7.115)
,

158
7.6.1 - Exemplos

159
7. 8 – Exemplos e Aplicações

160
7. 9 – Exercícios e Problemas

161
Capítulo – VIII
CURVAS SUPERFÍCIES E VOLUMES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de

8. 1 - Introdução

(8. 1)

(8. 2)

162
8. 2 –Diferenciação de funções escalares

163
8. 3 – Diferenciação de vetores ou funções vetoriais

Vamos calcular a derivada de uma função vetorial R , que depende das funções
coordenadas x (t ), y (t ), z (t ) , da seguinte forma:

 
R  R[ x(t ), y (t ), z (t )] (8. 3)

onde

dR 
 R[ x' (t ), y ' (t ), z ' (t )] (8. 4)
dt

ou
  
dR R[t  t ]  R[t ]
 lim (8. 5)
dt t 0 t
conforme mostra a Figura - 8. 1.

Figura - 8. 1

   
dR R dx(t ) ˆ R dy (t ) ˆ R dz (t ) ˆ
 i j k (8. 6)
dt x dt y dt z dt

164
8.3.1 - Cálculo do Comprimento de Arco
O módulo do comprimento de arco ds é dado por:
  
ds  dr  dr .dr (8. 7)

E

dr  dx(t )iˆ  dy (t ) ˆj  dz (t )kˆ (8. 8)

logo

ds  dx(t ).dx(t )iˆ.iˆ  dy(t ).dy (t ) ˆj. ˆj  dz (t ).dz (t )kˆ.kˆ (8. 9)

Ou

ds  dx(t ) 2  dy (t ) 2  dz (t ) 2 (8. 10)

Escrevendo em termos da projeção sobre um dos eixos temos:

2 2
 dy   dz  (8. 11)
ds  1       dx
 dx   dx 

Sendo f ( x )  y ( x ) e g ( x )  z ( x ) temos:

ds  1  f ' ( x) 2  g ' ( x) 2 dx (8. 12)

Portanto a integral do comprimento do arco é:

x
s ( x)   ds  1  f ' ( x) 2  g ' ( x) 2 dx (8. 13)
x0

165

8.3.2 - Cálculo da variação da Função R ao longo de um comprimento de arco

Seja a variação de R dada ao longo se um arco de comprimento s , cujo
módulo desta variação é dada por:
  
S  R  R.R (8. 14)

Tomando o limite temos:


  
dS  dR  dR.dR (8. 15)

Logo
  
 R R R
dR  dx(t )iˆ  dy (t ) ˆj  dz (t )kˆ (8. 16)
x y z

E
  
dR  R.ds (8. 17)

Onde podemos escrever:



dR 
 R.sˆ (8. 18)
ds

Ou notação vetorial:

   dx(t )
  R R R   
dR    dy (t ) (8. 19)
 x y z 
 dz (t ) 

logo
 2  2  2
   R  ˆ ˆ  R  ˆ ˆ  R  ˆˆ
dR.dR   dx(t )  i .i   dy (t )  j. j   dz (t )  k .k (8. 20)
 x   y   z 

Então
 2  2  2
   R   R   R 
dR.dR   dx(t )    dy (t )    dz (t )  (8. 21)
 x   y   z 

Portanto,
166
 2  2  2
 R   R   R 
dS   dx(t )    dy (t )    dz (t )  (8. 22)
 x   y   z 

167
8. 4 – Integral de linha de funções escalares e vetoriais

8.4.1 – Integral de linha de funções escalares


Seja uma função escalar f(x) que varia ao longo de um caminho, cuja integral é
dada por:

I1   f ( x)ds (8. 23)


C

B
Observe a diferença entre esta integral e a integral sob a curva f(x) dada por: I   f ( x)dx .
A

Observe ainda que para f ( x )  1 retornamos a integral do comprimento de arco.

x
s ( x)   ds  1  f ' ( x) 2 dx (8. 24)
x0

Se a função f depender de várias variáveis (x, y, z), por exemplo, temos as seguintes integrais:

I 2   f ( x, y )ds (8. 25)


C

I 3   f ( x, y, z )ds (8. 26)


C

168
8.4.2 – Integral de linha de funções vetoriais

Caso 1D

Considere agora uma função vetorial F que varia ao longo de um caminho, cuja
integral é dada por:
 
I1   F ( x).dR (8. 27)
C


Observe que se a função F depende de da direção iˆ podemos escrever:

F ( x)  F ( x)iˆ (8. 28)

Como R  Riˆ a integral se reduz a:

I1   F ( x).dR (8. 29)


C

que se iguala ao caso escalar visto anteriormente.



Se por outro lado a direção da função vetorial F for ŝ , diferente da direção, r̂ da

função posição R sobre a linha a qual está sendo integrada temos:

I1   F ( x) sˆ.dRrˆ (8. 30)


C

Logo teremos:

I1   F ( x)( sˆ.rˆ)dR   F ( x) cosdR (8. 31)


C C

169
Caso 2D


Se a função F depender de várias variáveis (x, y), por exemplo, temos as
seguintes integrais:
 
I 2   F ( x, y ).dR (8. 32)
C


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y )  Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj (8. 33)

E

R( x, y )  Rx ( x, y )iˆ  R y ( x, y ) ˆj (8. 34)

Teremos:

I 2   [ Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj ].[ dRx ( x, y )iˆ  dR y ( x, y ) ˆj ] (8. 35)


C

Ficamos com duas integrais independentes:

I 2   Fx ( x, y )dRx ( x, y )iˆ.iˆ   Fy ( x, y )dR y ( x, y ) ˆj. ˆj (8. 36)


C C

Ou

I 2 i   Fx ( x, y )dRx ( x, y )
C
(8. 37)
I 2 j   Fy ( x, y )dR y ( x, y )
C

170
Caso 3D

Se a função F depender de várias variáveis (x, y, z), por exemplo, temos as
seguintes integrais:

 
I 3   F ( x, y, z ).dR (8. 38)
C


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y, z )  Fx ( x, y, z )iˆ  Fy ( x, y, z ) ˆj  Fz ( x, y, z )kˆ (8. 39)

E

R( x, y )  Rx ( x, y )iˆ  R y ( x, y ) ˆj  Rz ( x, y )kˆ (8. 40)

Teremos:

I 3   [ Fx ( x, y )iˆ  F y ( x, y ) ˆj  Fz ( x, y )kˆ].[dR x ( x, y )iˆ  dR y ( x, y ) ˆj  dR z ( x, y ) kˆ


C (8. 41)

Ficamos com três integrais independentes:

I 3   Fx ( x, y ) dR x ( x, y )iˆ.iˆ   Fy ( x, y ) dR y ( x, y ) ˆj. ˆj   Fz ( x, y )dR z ( x, y )kˆ.kˆ


C C C (8. 42)

Ou

I 3 i   Fx ( x, y, z )dRx ( x, y, z )
C

I 3 j   Fy ( x, y, z )dR y ( x, y, z ) (8. 43)


C

I 3 k   Fz ( x, y, z )dR y ( x, y, z )
C

171
8.4.3 - Cálculo do Comprimento de Arco


dS  Ru du (8. 44)

172
8.4.4 - Cálculo de Área

 
dA  Ru  Rv dudv (8. 45)

173
8.4.5 - Cálculo de Volume

  
dV  Rw .Ru  Rv dudvdw (8. 46)

174
8. 5 – Integral de superfície de funções escalares e vetoriais

8.5.1 – Integral de superfícies de funções escalares


Seja uma função escalar f(x) que varia ao longo de uma superfície, cuja integral é
dada por:

I1   f ( x)dA (8. 47)


S

xB y B
Observe que esta integral corresponde ao volume sob .......... dada por: I    f ( x)dxdy .
xA y A

Observe ainda que para f ( x, y )  1 retornamos a integral do comprimento de arco.

A( x, y )   dA (8. 48)
S

Se a função f depender de vária variáveis (x, y, z) por exemplo, temos as seguintes integrais:

I 2   f ( x, y )dA (8. 49)


S

I 3   f ( x, y, z )dA (8. 50)


S

175
8.5.2 – Integral de superfície de funções vetoriais

Caso 1D

Considere agora uma função vetorial F que varia ao longo de uma superfície,
cuja integral é dada por:
 
I1   F ( x).dA (8. 51)
S


Observe que se a função F depende de da direção iˆ podemos escrever:

F ( x)  F ( x)iˆ (8. 52)

Como A  Aiˆ a integral se reduz a:

I1   F ( x).dA (8. 53)


S

que se iguala ao caso escalar visto anteriormente.



Se por outro lado a direção da função vetorial F for ŝ , diferente da direção, n̂

da função área A sobre a superfície a qual está sendo integrada temos:

I1   F ( x) sˆ.dArˆ (8. 54)


S

Logo teremos:

I1   F ( x)( sˆ.rˆ)dA   F ( x) cosdA (8. 55)


S S

176
Caso 2D


Se a função F depender de várias variáveis (x, y), por exemplo, temos as
seguintes integrais:
 
I 2   F ( x, y ).dA (8. 56)
S


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y )  Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj (8. 57)

E

A( x, y )  Ax ( x, y )iˆ  Ay ( x, y ) ˆj (8. 58)

Teremos:

I 2   [ Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj ].[dAx ( x, y )iˆ  dAy ( x, y ) ˆj ] (8. 59)


C

Ficamos com duas integrais independentes:

I 2   Fx ( x, y )dAx ( x, y )iˆ.iˆ   Fy ( x, y )dAy ( x, y ) ˆj. ˆj (8. 60)


S S

Ou

I 2 i   Fx ( x, y )dAx ( x, y )
S
(8. 61)
I 2 j   Fy ( x, y )dAy ( x, y )
S

177
Caso 3D

Se a função F depender de várias variáveis (x, y, z), por exemplo, temos as
seguintes integrais:

 
I 3   F ( x, y, z ).dA (8. 62)
S


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y, z )  Fx ( x, y, z )iˆ  Fy ( x, y, z ) ˆj  Fz ( x, y, z )kˆ (8. 63)

E

A( x, y )  Ax ( x, y )iˆ  Ay ( x, y ) ˆj  Az ( x, y )kˆ (8. 64)

Teremos:

I 3   [ Fx ( x, y )iˆ  F y ( x, y ) ˆj  Fz ( x, y ) kˆ].[ dAx ( x, y )iˆ  dA y ( x, y ) ˆj  dAz ( x, y ) kˆ]


C (8. 65)

Ficamos com três integrais independentes:

I 3   Fx ( x, y ) dAx ( x, y )iˆ.iˆ   Fy ( x, y )dA y ( x, y ) ˆj. ˆj   Fz ( x, y ) dAz ( x, y ) kˆ.kˆ


C C C (8. 66)

Ou

I 3 i   Fx ( x, y, z )dAx ( x, y, z )
C

I 3 j   Fy ( x, y, z )dAy ( x, y, z ) (8. 67)


C

I 3 k   Fz ( x, y, z )dAy ( x, y, z )
C

178
8.5.3 - Cálculo do Comprimento de Arco


dS  Ru du (8. 68)

179
8.5.4 - Cálculo de Área

 
dA  Ru  Rv dudv (8. 69)

180
8.5.5 - Cálculo de Volume

  
dV  Rw .Ru  Rv dudvdw (8. 70)

181
8. 6 – Integral de volume de funções escalares e vetoriais

8.6.1 – Integral de volume de funções escalares


Seja uma função escalar f(x) que varia ao longo de um volume, cuja integral é
dada por:

I1   f ( x)dV (8. 71)


B

Observe que esta integral corresponde a um hipervolume sob o volume f(x) dada por:
xB y B z B
I    f ( x)dxdydz . Observe ainda que para f ( x, y )  1 retornamos a integral do
xA y A z A

comprimento de arco.

V ( x, y, z )   dV (8. 72)


B

Se a função f depender de várias variáveis (x, y, z), por exemplo, temos as seguintes integrais:

I 2   f ( x, y )dV (8. 73)


B

I 3   f ( x, y, z )dV (8. 74)


B

182
8.6.2 – Integral de volume de funções vetoriais

Caso 1D

Considere agora uma função vetorial F que varia ao longo de um volume, cuja
integral é dada por:
 
I1   F ( x)dV (8. 75)
B


Observe que se a função F depende de da direção iˆ podemos escrever:

F ( x)  F ( x)iˆ (8. 76)

logo a integral se reduz a:



I1   F ( x)iˆdV (8. 77)
B

que se iguala ao caso escalar visto anteriormente.

183
Caso 2D


Se a função F depender de várias variáveis (x, y), por exemplo, temos as
seguintes integrais:

I 2   F ( x, y ).dV (8. 78)
B


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y )  Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj (8. 79)

V  V ( x, y , z ) (8. 80)

Teremos:

I 2   [ Fx ( x, y )iˆ  Fy ( x, y ) ˆj ].dV (8. 81)
B

Ficamos com duas integrais independentes:



I 2   Fx ( x, y )iˆdV   Fy ( x, y ) ˆjdV (8. 82)
B B

Ou

I 2 i   Fx ( x, y )iˆdV
S
 (8. 83)
I 2 j   Fy ( x, y ) ˆjdV
S

184
Caso 3D

Se a função F depender de várias variáveis (x, y, z), por exemplo, temos as
seguintes integrais:


I 3   F ( x, y, z ).dV (8. 84)
B


Observe que a se função F varia diferentemente nas direções iˆ e ˆj temos:

F ( x, y, z )  Fx ( x, y, z )iˆ  Fy ( x, y, z ) ˆj  Fz ( x, y, z )kˆ (8. 85)

V  V ( x, y , z ) (8. 86)

Teremos:

I 3   [ Fx ( x, y )iˆ  F y ( x, y ) ˆj  Fz ( x, y ) kˆ ]dV (8. 87)


B

Ficamos com três integrais independentes:

I 3   Fx ( x, y )iˆdV .   Fy ( x, y ) ˆjdV   Fz ( x, y )kˆdV (8. 88)


C C C

Ou

I 3 i   Fx ( x, y, z )iˆdV
B

I 3 j   Fy ( x, y, z ) ˆjdV (8. 89)
B

I 3 k   Fz ( x, y, z )kˆdV
B

185
8.6.3 - Cálculo do Comprimento de Arco


dS  Ru du (8. 90)

186
8.6.4 - Cálculo de Área

  
dA  Ru  Rv dudv (8. 91)

187
8.6.5 - Cálculo de Volume

  
dV  Rw .Ru  Rv dudvdw (8. 92)

188
8. 7 – Exemplos e Aplicações

189
8. 8 – Exercícios e Problemas

190
Capítulo – IX
TEORIA DO CAMPO ESCALAR E VETORIAL
E TENSORIAL DE FUNÇÕES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de .

9. 1 - Introdução

(9. 1)

(9. 2)

191
9. 2 - Gradiente de um Campo Escalar e Vetorial

Seja u  x, y, z  um campo escalar definido em uma região R. A natureza física de

u pode ser ignorada, mas por questão de definição vamos supor que u seja um campo de
temperaturas de um meio material, conforme mostra Figura - 9. 1.

Figura - 9. 1. Região B do volume envolvido por uma superfície S atravessado por um campo de
temperaturas u.

Focando nossa atenção sobre um ponto particular P   x, y, z  no meio, vamos

introduzir um volume de controle arbitrário ao redor de P, como mostra a Figura - 9. 1, e


vamos denotar este volume por B. Um volume de controle é somente uma região matemática
ao invés de um volume de presença física e este é introduzido para efeito de cálculos, de tal
forma que mantenhamos a trilha de alguma quantidade de interesse, tal como massa, carga
elétrica, ou calor, por exemplo.
Consideremos a seguinte integral de superfície que envolve o volume de controle
B, como sendo:

ˆ
I   nudA (9. 3)
S

onde n̂ é um vetor unitário normal dirigido para fóra em cada ponto sobre a superfície S,
conforme mostrado na Figura - 9. 1.

O vetor integral I representa o fluxo líquido para fóra porque nós tomamos o

vetor normal n̂ como sendo dirigido para fóra. Nós chamaremos I de uma integral de fluxo
de volume porque elas é dada pelo volume por unidade de tempo. Se por outro lado, o vetor

campo de velocidades v  x, y, z , t  possui um campo de densidade escalar   x, y, z , t 

192
associado, a integral I será chamado de integral de fluxo de massa por unidade de tempo, ou
seja:

 d
I  ˆ
  undA
dt S
(9. 4)


Vamos agora dividir o vetor integral I , por unidade de volume. Finalmente, nós

vamos encolher B para o ponto P e obter o vetor integral I por unidade de volume no ponto
P. Este resultado é chamado de gradiente de u no ponto P é definido como:

1
grad u  P   lim ˆ
nudA
B 0 V 
(9. 5)
S

onde B  0 significa que B encolhe para o ponto P de tal forma que a máxima dimensão
linear de B (“o diâmetro”) tende a zero ( B  0 ).
Observe que grad u  P  é um vetor em cada ponto P desde que n̂ , é vetor e dA e

v são escalares. Então, grad u é ele mesmo um campo vetorial associado com o dado campo
escalar u.
Observe que (9. 5) fornece uma definição do grad u intrínseca ou invariante
independente do sistema de coordenadas de referência.
.......
Pegar texto da apostila de Mecânica dos Fluidos

193
9.3.1 – Análise e Interpretação do Vetor Gradiente

Nós vimos na secção anterior a operação do operador nabla ou “del”    sobre



um campo vetorial v . Podemos imaginar qual seria o efeito do operador nabla sobre um
campo escalar u . Para isso nós devemos introduzir neste ponto o conceito da tão chamada
derivada direcional de um campo escalar u  x, y, z  porque esta nos ajudará a entender a

definição do gradiente de u .

9.3.1 – Derivada Direcional


Considere uma curva-C no espaço, dada pelas funções coordenadas
x  x  s  , y  y  s  e z  z  s  , ] as quais são parametrizada pela distância s, da seguinte

forma:

 x( s ); y ( s ); z ( s )
curva   (9. 6)
u ( x, y, z )

onde s é o comprimento de arco ao longo de C a partir de algum ponto de referência sobre C,


e nós desejamos computar a taxa de variação du / ds ao longo de C. Pela regra de derivação
da cadeia nós temos:

du u dx u dy u dz
ds
 x  s  , y  s  , z  s    
x ds y ds z ds
(9. 7)

cuja fórmula permanece porque nós temos suposto que u  x, y, z  seja de classe C1. Isto é, a

regra de derivação da cadeia, é essencialmente um fórmula de interpolação, onde du / ds é


computada como uma combinação linear das taxas de variação de u / x, u / y e u / z nas
direções coordenadas ortogonais. Para tal interpolação ser válida, nós seguramente
necessitamos de que as três derivadas parciais sejam contínuas no ponto em questão e isto é
porque nós supomos u  x, y, z  sendo de classe C1. De fato, tipicamente os campos escalares

que aparecem nas aplicações são realmente de classe C 1, talvez com rupturas e um ou mais
pontos isolados.
Continuando, observe que o lado direito de (9. 7) é um produto escalar do tipo:

du  u ˆ u ˆ u ˆ   dx ˆ dy ˆ dz ˆ 
 i  j  k  . i  j k (9. 8)
ds  x y z   ds ds ds 

194
Podemos reescrever como:

du  u ˆ u ˆ u ˆ   dx ˆ dy ˆ dz ˆ 
 i  j  k . i  j  k (9. 9)
ds  x y z   ds ds ds 

O primeiro vetor no lado direito é u , e o segundo é dR / ds , onde

R  s   x  s  iˆ  y  s  ˆj  z  s  kˆ (9. 10)

é o vator posição a partir da origem para o ponto P   x  s  , y  s  , z  s   sobre C. Observe



que dR / ds é um vetor tangente a C em P, e este é um vetor unitário porque,
 
dR R
 lim (9. 11)
ds s  0 s

logo
   
dR R R R
 lim  lim  lim 1 (9. 12)
ds s  0 s  s  0 s s  0 s

dado pela definição de comprimento de arco conforme mostra a Figura - 9. 2.

Figura - 9. 2.

Logo

du dR
 u. (9. 13)
ds ds

Se s for o comprimento ds  dR , logo

195

dR
 sˆ (9. 14)
ds

Se nós denotarmos que o vetor tangente unitário dR / ds como ŝ a equação (9. 13) torna-se

du dR
 u.  u.sˆ (9. 15)
ds ds

observe que o gradiente de u é um vetor e a derivada direcional é um escalar.


Portanto,

du
 u.sˆ (9. 16)
ds

Desta forma, o gradiente de um campo escalar,  é definido como sendo o


operador nabla aplicado a esse campo escalar da seguinte forma:

grad   (9. 17)

9.3.1 - Interpretação do Gradiente


Considere qualquer ponto P na região através da qual um campo escalar u de
classe C1 é definido. Suponha que u  0 em P e que existe em u  constante (superfície de
u constante) através de P e o plano tangente T conforme mostra a

Figura - 9. 3.

Por exemplo, u é um campo de temperatura então S é uma “superfície isoterma”. Se ŝ em P,


é escolhido como qualquer vetor no plano tangente T, então seguramente du/ds deve ser zero.
Desde que:
196
du
 u.sˆ  0 (9. 18)
ds

Para todo ŝ em P no plano tangente, e ambos u e ŝ são não nulos, segue-se que u é
normal ao plano tangente T e portanto também à superfície S em P.
Se dizemos que ŝ está no plano tangente nós sabemos que u é normal a S,
então para buscarmos a informação adicional sobre u parece lógico fazer ŝ está ao longo
da linha normal em P, e dizer que esta está na direção do aumento de u, por definição. Então
escrevendo du / dn e n̂ para du / ds e ŝ , respectivamente (9. 18) fornecerá:

du
 u.nˆ
dn (9. 19)
 u cos 

onde   0 , logo

du
 u (9. 20)
dn

tal que a magnitude do gradiente de u , ou seja, u é a derivada direcional de u ao longo

da linha normal a S na direção do aumento de u.


Em resumo nós podemos dizer isto sobre o gradiente de u, ou u , de um campo
escalar u  x, y, z  no ponto P:

Ssua direção é normal a superfície de u = constante através de P, na direção do


aumento de u, e sua magnitude é igual a derivada direcional du / dn naquela direção.
Suponhamos um campo de temperatura, u,

Figura - 9. 4.

197
Seja a derivada direcional na direção s, dada por:

du
 u.sˆ (9. 21)
ds

Podemos reescrever:

du
 u nˆ.sˆ (9. 22)
ds

Logo

du
 u cos (9. 23)
ds

Tomemos uma direção s, perpendicular ao gradiente, logo

du
 u.sˆ  0  u  sˆ (9. 24)
ds

E a derivada de u na direção normal é dada:

du
 u.nˆ  u (9. 25)
dn

Portanto,

du
 u cos (9. 26)
ds

Figura - 9. 5.

198
9.3.1 – Vetor normal a um ponto sobre uma superfície

Seja uma superfície z  f  x, y  , conforme mostra a Figura - 9. 6

Figura - 9. 6. Superfície z  f  x, y  em um sistema de coordenadas cartesianas.

Deseja-se calcular a direção do vetor normal nˆ   nx , n y , nz  erpendicular a

superfície no ponto P   xo , yo , zo  .

Para isso fazemos:

F  x, y , z   z  f  x , y   0 (9. 27)

Aplicando o gradiente da função F  x, y, z  obtemos:

F ˆ F ˆ F ˆ
F  x , y , z   i j k (9. 28)
x y z

Logo

f ˆ f ˆ z ˆ
F  x , y , z    i j k (9. 29)
x y z

O vetor normal a superfície é dado por:

 f   f   f   f   z  z  ˆˆ
F  x, y, z         iiˆˆ        ˆˆjj     kk
 x   x   y   y   z  z 
(9. 30)
 f   f   f  f   z   z 
F  x, y, z        1      1     1
 x   x   y  y   z   z 

ou

199
2 2 2
 f   f   z 
F  x, y , z            
 x   y   z 
2
(9. 31)
2
 f   f 
F  x, y, z           12
 x   y 

Portanto, o vetor normal n̂ ’é dado por:

 f ˆ f ˆ z ˆ 
  x i  y j  z k 
nˆ  x, y, z    
(9. 32)
2 2
 f   f  2
       1
 x    y 

Esta equação calcula os vetores normais a superfície f  x, y  em qualquer ponto. Portanto,

para o ponto particular P   xo , yo , zo  , basta substituir as coordenadas do ponto, da seguinte

forma:

 f  f  
   iˆ   ˆj  kˆ 
 x  x  x y  y  yo 
nˆ  xo , yo , zo    
o

2 2
(9. 33)
 f   f 
     12
 x  x  xo  y  y  y o

200
9. 3 - Divergente de um Campo Vetorial e Tensorial

Seja v  x, y, z  um campo vetorial definido em uma região R. A natureza física de
 
v pode ser ignorada, mas por questão de definição vamos supor que v seja um campo de
velocidades de um fluido, conforme mostra Figura - 9. 7.

Figura - 9. 7. Região B do volume envolvido por uma superfície S atravessado por um campo de

velocidades v .

Focando nossa atenção sobre um ponto particular P   x, y, z  no fluxo, vamos

introduzir um volume de controle arbitrário ao redor de P, como mostra a Figura - 9. 7, e


vamos denotar este volume por B. Um volume de controle é somente uma região matemática
ao invés de um volume de presença física e este é normalmente introduzido para efeito de
cálculos, de tal forma que mantenhamos a trilha do fluxo de alguma quantidade de interesse,
tal como massa, carga elétrica, ou calor, por exemplo.
Consideremos a seguinte integral de superfície que envolve o volume de controle
B, como sendo:

I   nˆ.vdA (9. 34)
S

onde n̂ é um vetor unitário normal dirigido para fóra em cada ponto sobre a superfície S,
conforme mostrado na Figura - 9. 7.
A integral I representa o fluxo líquido para fóra porque nós tomamos o vetor
normal n̂ como sendo dirigido para fóra. Nós chamaremos I de uma integral de fluxo de
volume porque elas é dada pelo volume por unidade de tempo. Se por outro lado, o vetor

campo de velocidades v  x, y, z , t  possui um campo de densidade escalar   x, y, z , t 

associado, a integral I será chamado de integral de fluxo de massa por unidade de tempo, ou
seja:

201
d 
I ˆ
   v .ndA (9. 35)
dt S

Vamos agora dividir a integral do fluxo por unidade de volume V de B para obter
o fluxo líquido por unidade de volume. Finalmente, nós vamos encolher B para o ponto P e

obter o vetor integral I por unidade de volume no ponto P. Este resultado é chamado de

divergente de v no ponto P é definido como:

 1 
div v  P   lim   v .ndA
ˆ (9. 36)
B 0 V
S

onde B  0 significa que B encolhe para o ponto P de tal forma que a máxima dimensão
linear de B (“o diâmetro”) tende a zero ( B  0 ).
 
Observe que div v  P  é um vetor em cada ponto P desde que n̂ , é vetor e dA e v

são escalares. Então, div v é ele mesmo um campo vetorial associado com o dado campo

vetorial v .

Observe que (9. 5) fornece uma definição do div v intrínseca ou invariante
independente do sistema de coordenadas de referência.

202
Considere a seguinte integral de superfície

I   nˆ.v dA (9. 37)
S

Conforme mostra a Figura - 9. 8

Figura - 9. 8.

Definimos o divergente de um campo vetorial como sendo:

 1 
div v ( P )  lim  nˆ.v dA (9. 38)
B 0 V
S

onde B é uma região do volume V e S é a superfície que cobre o volume.

Figura - 9. 9.

O operador nabla  é definido em coordenadas cartesianas como:

  
   , ,  (9. 39)
 x y z 

logo

 v v y v z
.v  x   (9. 40)
x y z

203
9.2.1 - Interpretação do Divergente
O divergente representa a conservação do volume, pois no caso de deformações
define-se a incompressibilidade como sendo dada por:

.v  0 (9. 41)

No caso de materiais sólidos a conservação do volume implica em um módulo de Poisson  =


0.5.

 0 rarefeito

.v  0 incompressível (9. 42)
 0 comprimido

204
9. 4 – Rotacional de um Campo Vetorial e Tensorial

O rotacional de um campo vetorial é definido como:

 iˆ ˆj kˆ 
    
rotv     v    (9. 43)
 x y z 
 v x vy v z 

Ou

  v v y   v x v z   v y v x  ˆ
  v   z  iˆ     ˆj    k (9. 44)
 y z   z x   x y 

205
9. 5 – Teorema da Divergência ou de Gauss

O teorema da divergência estabelece que:


 
 div v dV  ˆ
 dA
n .v (9. 45)
V S

 1 
div v ( P )  lim  nˆ.v dA (9. 46)
B 0 V
S

9.5.1 - Em 1D

 dv
div v  x (9. 47)
dx

b
 dv x
 div v dV   dx dx  v x (b)  v x (a) (9. 48)
a

9.5.2 - Aplicação
Considere um fluido dentro de um “volume de controle”

onde

dm  dV (9. 49)

m   dm    dV (9. 50)


m V

Logo

206
dm d
 dV
dt dt 
(9. 51)
V

Logo

d 
 dV     nˆ.v dA (9. 52)
dt V S

  
 t dV    nˆ.v dA   .v dV (9. 53)
V S V

Logo

 
 t dV   .  v dV (9. 54)
V V

Então,

   
 t  .v dV  0 (9. 55)
V 

Como o volume de controle é arbitrário temos:

 
 .v   0 (9. 56)
t

Ou

 
 v.   .v  0
t
 (9. 57)
d
dt

Logo

 
 v.   .v  0
t
 (9. 58)
d
dt

207
d 
 .v  0 (9. 59)
dt

d 
  v.   0 (9. 60)
dt t

Logo

.v  0 (9. 61)

Para um fluido incompressível temos:



.v  0 (9. 62)

208
9. 6 – Identidades de Green

Considere os escalares u e v onde uv é um campo vetorial. Usando o Teorema


da Divergência de Gauss.

 .uv dV   nˆ.uv dA (9. 63)
V S

onde

  v
.uv   u 2 v  u v .nˆ   u (9. 64)
n

i) Para uv temos:

v
.uv   u 
2
v dV   u dA (9. 65)
V S
n

A 1ª Identidade de Green.

ii) Para vu temos:

u
 .v u   v u 2
dV   ndA
v (9. 66)
V S

Subtraindo (9. 65) de (9. 66) temos:

 u v 
u 
2
v  v 2u dV    v  u dA (9. 67)
V S 
n n 

A 2ª Identidade de Green.

209
9. 7 – Teorema de Stokes

Considere a seguinte Integral de Linha:


 
I   v .dR  0 (9. 68)
C

Onde
   
I   v .dR    v .dR (9. 69)
ida volta

O Teorema de Stokes estabelece que:


  
 ˆ
n .rotv dA   .dR
v (9. 70)
S C

e
  
 ˆ
n .  v dA   .dR
v (9. 71)
S C

Prova para o Caso 2D

Aplicando o Teorema da Divergência 2D.


 
.V dA  ˆ .Vds
N
  (9. 72)
S C

para

 V x V y 
  x  y dA   N xVx  N yV y ds (9. 73)
S C

Definindo

Vx ,V y    v y , v y  (9. 74)

210
 v y v x 
  x  y dA   v x , v y .  N y , N x ds (9. 75)
S C

Figura - 9. 10

logo

 v y v x  
  x  y dA   v . ds (9. 76)
S C

Portanto,
  
   v .nˆdA   .dR
v (9. 77)
S C

O Teorema da Divergência é para superfície fechada enquando o Teorema de Stokes é para a


Superfície Aberta.

211
9. 8 – Teorema de Green

Considere o Teorema de Stokes:


  
   v .nˆdA   .dR
v (9. 78)
S C

O Teorema de Green é deduzido a partir do Teorema de Stokes supondo:



v  P ( x, y )iˆ  Q( x, y ) ˆj (9. 79)

logo

 Q P 
  x  y dA   Pdx  Qdy  (9. 80)
S C

212
9. 9 – Campos Irrotacionais

213
9. 10 – Teorema Equivalentes

214
9. 11 – Exemplos e Aplicações

215
9. 12 – Exercícios e Problemas

216
Capítulo – X
SEQUÊNCIAS, SÉRIES DE FUNÇÕES E SUAS
TRANSFORMADAS
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de seqüência e série de funções,
como uma forma de expressar uma determinada função em uma base de funções ortogonais
de dimensão infinita denominado de espaço de Hilbert .

10. 1 -Introdução

O espaço de funções é isomorfo (possui a mesma forma) do espaço vetorial.


Logo, qualquer função pode ser escrita em termos de uma base de funções. Normalmente uma
base de funções possui infinitos termos a qual define uma seqüência de funções que quando
utilizadas para expressar uma função particular nesta base dá origem a uma série chamada de
Serie de funções.
Dentre a série de funções que pode ser utilizadas como uma base para expressar
uma função particular tem: a Série de Potências, a Série de Laplace, e a Série de Fourier.
Cada uma delas pode gerar o que chamamos de transformadas, quando expressamos os
coeficientes destas séries em termos da função particular original.

217
10. 2 - Definição de Seqüências, Séries e Transformadas de
Funções

218
10. 3 – Seqüência e Sériede e Transformadas de Funções
Ortogonais

10.3.1 - Sequência de Funções Ortogonais


Seja a seguinte sequência

n   o ,1 ,...,n ,... (10. 1)

onde

n  n (x) (10. 2)

uma seqüência de funções definidas em [a,b]. Esta sequência é dita ortogonal se n  0


para todo n e n ,m   0 para todo n  m .
Usamos também a notação n  m para significar n ,m   0 . No caso
n  1 para todo n a sequência é dita ortonormal.
Dada uma sequência ortogonal n  resulta que a seqüência  n , onde
n ( x)
 n   , (10. 3)
n ( x)

é ortonormal.

Exemplos:
A seqüência

n ( x)  1, cos nx , s en nx  (10. 4)


 L L  n1, 2,...

E  l  x  l, l  0 , é ortogonal

219
10.3.2 - Serie de Funções Ortogonais
Seja a seguinte série

n , n  n ( x), a xb (10. 5)

uma seqüência de funções ortogonais.


Seja f(x) definida em [a,b]. A Série de Fourier de f(x) relativamente à seqüência
ortogonal n  é por definição a série

 cnn ( x) (10. 6)
n 0

onde

 f ,n 
cn  2
, (10. 7)
n ( x)

Os cn são chamados os coeficientes de Fourier de f(x) relativamente à sequência


n . Usaremos a notação

f ( x) ~  cnn ( x) (10. 8)
n 0

220
10.3.3 - Transformada de Funções Ortogonais

Seja n (x) numa série de funções linearmente independentes formando uma
base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo podemos
expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das funções da
base, ou seja:

f ( x)  ao  a11 ( x)  a 22 ( x)  ...  a nn ( x)  ... (6. 110)

ou


f ( x)   ak  k ( x) (6. 111)
k  

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
Multiplica-se a série em ( ) por l e integra-se desde zero até infinito,
  

 f ( x)l dx   l  akk dx (6. 112)


  k 

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  

 f ( x)l dx  r
 
ak  lk dx (6. 113)
 

Como as funções l e k são ortogonais exceto para o caso de l = k, temos:


 

 f ( x)l dx   ak  kl (6. 114)


 k  

Logo para l = k temos:


ak   f ( x)l dx (6. 115)


221
10. 4 - Série e Transformada de Potência

  numa série de polinômios linearmente independentes formando uma


Seja x
n

base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo podemos
expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das funções da
base, ou seja:

f ( x)  ao  a1 x  a2 x 2  ...  an x n  ... (10. 9)

ou


f ( x)   an x n (10. 10)
n 0

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
m
Multiplica-se a série em ( ) por x e integra’-se desde zero até infinito,

  

 f ( x) x dx   x m  ai x n dx
m
(10. 11)
0 0 i 0

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  

 f ( x) x m dx   am  x m x n dx (10. 12)
0 m 0 0

m n
Como as funções x e x são ortogonais exceto para o caso de i = n, temos:

 
m
 f ( x) x dx   am nm (10. 13)
0 i 0

Logo para n = m temos:


an   f ( x) x n dx (10. 14)
0

222
10. 5 - Série e Transformada de Laplace

Seja e   numa série de polinômios linearmente independentes formando uma


 st

base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo podemos
expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das funções da
base, ou seja:

f (t )  ao  a1e t  a 2 e 2t  ...  an e  nt  ... (10. 15)

ou


f (t )   a s e st (10. 16)
s 0

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
 rt
Multiplica-se a série em ( ) por e e integra’-se desde zero até infinito,

  

 f (t )e dt   e rt  a s e st dt
rt
(10. 17)
0 0 s 0

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  

 f (t )e rt dt   a s  e rt e st dt (10. 18)


0 s 0 0

 rt  st
Como as funções e ee são ortogonais exceto para o caso de r = s, temos:

 
rt
 f (t )e dt   a s sr (10. 19)
0 s 0

Logo para r = s temos:


a s   f (t )e st dt (10. 20)
0

223
10. 6 - Série e Transformada de Gauss

Seja x e k  kx 2
 numa série de polinômios linearmente independentes formando
uma base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo
podemos expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das
funções da base, ou seja:
2 2 2
f ( x)  ao  a1 xe  x  a2 x 2 e 2 x  ...  an ex n e nx  ... (10. 21)

ou

 2
f ( x)   ak x k e kx (10. 22)
k 0

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
i ix 2
Multiplica-se a série em ( ) por x e e integra’-se desde zero até infinito,

  
i ix 2 i ix 2 2

 f ( x) x e dx   x e  ak x k e kx dx (10. 23)


0 0 k 0

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  
i ix 2 2 2

 f ( x) x e dx   a k  x i e ix x k e kx dx (10. 24)


0 k 0 0

i ix 2 k  kx 2
Como as funções x e e x e são ortogonais exceto para o caso de i = k, temos:

 
i ix 2
 f ( x) x e dx   ak  ik (10. 25)
0 k 0

Logo para i = k temos:


2
ak   f ( x) x k e kx dk (10. 26)
0

224
10. 7 - Série e Transformada de Fourier

10.7.1 - Série de Fourier

Seja e   numa série de polinômios linearmente independentes formando uma


 ikx

base para um espaço vetorial de funções o qual possui de dimensão infinita. Logo podemos
expressar qualquer função do espaço em termos de uma combinação linear das funções da
base, ou seja:

f ( x)  ao  a1e  ix  a2 e i 2 x  ...  a n e  inx  ... (10. 27)

ou


f ( x)   ak e ikx (10. 28)
k  

Esta é a chamada série de potências e os coeficientes desta série são calculados da seguinte
forma:
 irx
Multiplica-se a série em ( ) por e e integra-se desde zero até infinito,

  

 f ( x)e irx dx   e irx  ak e ikx dx (10. 29)


  k  

Como a integração e a somatória são operadores lineares, podemos trocar a ordem das
operações

  
irx
 f ( x )e dx   ak  e irx e ikx dx (10. 30)
 r   

 irx  ikx
Como as funções e ee são ortogonais exceto para o caso de r = s, temos:

225
 
irx
 f ( x )e dx   ak  kr (10. 31)
 k  

Logo para r = k temos:


ikx
ak   f ( x )e dx (10. 32)


226
10.7.2 – Integral de Fourier
A Série de Fourier se aplica a Funções Periódicas. Contudo, quando uma função
não é periódica como a função gaussiana, por exemplo, como podemos expressar essa função
em termos de senos e cossenos?
A resposta a essa pergunta está em se considerar um período infinito da seguinte
forma:
Seja a Série:


  n   n 
f ( x)   a n cos x   bn sen x  (10. 33)
n 0   L   L 

O conjunto de frequências na série é dado pela freqüência angular:

n
 (10. 34)
L
Para n = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6..são:

 2 3 4
  0, , , , ,.... (10. 35)
L L L L
O espectro de freqüência.
Vejamos o que ocorre quando aumentamos L:

n
L  :  0,1,2,3,4,....
L
n
L  2 :  0,0.5,1.0,1.5,2.0,....
L (10. 36)
:
n
L  10 :  0,0.1,0.2,0.3,0.4....
L

ou seja, quando L   , o espectro vai sendo preenchido, tornando-se uma variável


n
contínua. A soma no índice n passa a ser uma integral em  , logo
L

f ( x)   a n cosx   bn sen x d (10. 37)
0

e d   / L   , onde
227

1
a ( )   f ( x) cosx dx
 
(10. 38)
1 
b( )   f ( x) sen x dx
 

228
10.7.3 – Transformada de Fourier
Considere a seguinte integral de Fourier:


f ( x)   a n cosx   bn sen x d (10. 39)
0

e d   / L   , onde


1
a ( )   f ( x) cosx dx
 
(10. 40)
1 
b( )   f ( x) sen x dx
 

Seja

1   
f ( x)     f ( ) cos cosx d  d
 0   
 
(10. 41)
1 1 
    f ( ) sen x d sen x  d
 0    

Ou

 
1  
f ( x)     f ( )cos cosx   sen  sen x d  d (10. 42)
 0   

Ou ainda

1
f ( x)    f ( )cos cosx   sen  sen x d d (10. 43)
 0 

Logo

1
f ( x)    f ( ) cos (  x) d d (10. 44)
 0 

Usando a representação eponenecial temos:

229
1 1
 0  2

f ( x)    f ( ) e i (  x )  e i (  x ) d d  (10. 45)

Ou

 
1
  f ( )e 
i  (  x )
f ( x)   e i (  x ) d d (10. 46)
2 0 

Ou ainda

   
1 1
  f ( )e    f ( )e d d
i  (  x ) i (  x )
f ( x)  d d  (10. 47)
2 0 
2 0 

Trocando  por   por:


   
1 1
  f ( )e    f ( )e d d
i (  x ) i (   x )
f ( x)  d (d ) 
2 0 
2 0 
(10. 48)

Invertendo os limites de integração temos:

0   
1 1
  f ( )e    f ( )e d d
i (  x ) i (  x )
f ( x)  d d  (10. 49)
2  
2 0 

Logo

 
1
  f ( )e d d
i (  x )
f ( x)  (10. 50)
2  

Separando temos:

 
1  1 i  ix
f ( x)    f ( ) e d   e d (10. 51)
2   2  

Chamando de


1
fˆ ( )   f ( )e
i
d (10. 52)
2 

Portanto,

230

1
 fˆ ( )e
ix
f ( x)  d (10. 53)
2 

Voltando de   x temos:
A Transformada de Fourier Direta


1
 fˆ ( )e
ix
f ( x)  d (10. 54)
2 

E a Transformada de Fourier Inversa


1
fˆ ( )   f ( x )e
i
dx (10. 55)
2 

Seja uma função f(x) a qual associamos uma outra função F(k). Definimos a
Transformada de Fourier de uma função f(x) como sendo a função F(k), dada por:


1 ikx
F (k )   f ( x )e dx (10. 56)
2 

Onde

 f ( x) dx   (10. 57)


E a transformação inversa de


1 ikx
f ( x)   F ( k )e dx (10. 58)
2 

231
10.7.4 – Propriedades da Transformada de Fourier

232
10. 8 - Exemplos e Aplicações

10.8.1 - Exemplo – 1
Considere a viga de uma ponte com cargas descontínuas conforme mostra a
Figura - 10. 1

Figura - 10. 1

Qual é o resultado da deformação da viga com relação a essa carga?

233
10.8.2 - Exemplo – 2
Considere um oscilador harmônico forçado com uma função F(t) na forma de uma
onda retangular, conforme mostra a Figura - 10. 2

Figura - 10. 2

A equação diferencial do problema é:

mx  cx  kx  F (t ) (10. 59)

onde m = 1; c = 0,04; k = 15.

x  0.04 x  15 x  F (t ) (10. 60)

Solução
Considerando a função F(t) na forma de Série de Fourier temos:


 n 
F (t )  ao   a n cos t (10. 61)
n 1  L 

Para L   temos:


F (t )  ao   a n cosnt  (10. 62)
n 1

Onde

x
1
ao   F (t )dt (10. 63)
2 

234
1a 1 1
ao   dt 
 0 2a 2
(10. 64)
1
ao 
2
E

1  2a 1
an   F (t ) cosnt dt   cosnt dt
   0 2a
(10. 65)
1 sen na 
an 
a n
Portanto,

1 
sen na 
F (t )   cosnt  (10. 66)
2 n1 na

Portanto, a solução x é do tipo:

x  xh  x p1  x p 2  ...  x pN (10. 67)

Onde:

xh  0.04 x h  15 xh  0 (10. 68)

Onde

x h ~ e t (10. 69)

2  0,04  15  0 (10. 70)

Com

 0,04  0,042  60 (10. 71)


1 
2
e

235
a  bi
1   (10. 72)
a  bi

Onde

xh  e at  A cos(bt )  B sen(bt ) (10. 73)

Para o forçante:

F (t )  cosnt  (10. 74)

temos:

1 sen na 
x  0.04 x  15 x  cosnt  (10. 75)
a n

x p  B1 cos(nt )  B2 sen(nt ) (10. 76)

cuja solução geral é:

236
10.8.3 - Exemplo – 3
Considere a viga infinita de fundação elástica com cargas descontínuas conforme
mostra a Figura - 10. 1,

Figura - 10. 3

Qual é o resultado da deformação da viga com relação a essa carga?


cuja equação é:

EIu
 ''''  p ( x)

Força Interna
(10. 77)
Força Externa

Para

p ( x)  w( x)  ku ( x) (10. 78)

torna-se:

EIu ( x)' ' ' ' ku ( x)  w( x) (10. 79)

Onde

wo 2 wo  sen n / 2   n 
w( x) 
2
  n cos a x 
 n1
(10. 80)

Com período T  4a
Supondo


 n 
u ( x)  ao   an cos x (10. 81)
n 1  2a 

Substituindo na Equação Diferencial temos:

237
 4 
 n   n   n  wo
EIao  EI  a n   cos x   kao  k  an cos x  
n 1  2a   2a  n 1  2a  2
(10. 82)
2 wo  sen n / 2   n 
  n cos a x 
 n1

Examinado os coeficientes temos:

wo
kao 
2
  n  4  (10. 83)
 2 wo  sen n / 2 
 EI   k  an   
  2 a      n

Logo

wo
ao 
2k
 2 w  sen n / 2 1 (10. 84)
an   o 
   n   n  4 
 EI    k
  2a  

Portanto,

wo  2 wo  4  sen n / 2   n 
u ( x)   a  cos x
2k    n 1   n  4   2a  (10. 85)
n  EI    k
  2a  

Ou

wo  32wo a 4   sen n / 2   n 


u ( x)     cos x (10. 86)
2k     4
 n1 n EI n   16wo a k
4
 2a 
Ou aproximadamente:

wo  32wo a 4   n 
u ( x)    cos
  2a x  (10. 87)

2k   EI 4  16wo a 4 k  

238
10.8.4 - Exemplo - 4
Considere uma carga de intensidade wo que atua sobre uma viga, conforme mostra
a Figura - 10. 4.

Figura - 10. 4

cuja deformação e dada pela equação:

EIu ( x)' ' ' ' ku ( x)  w( x) (10. 88)

Onde

wo ; x  1
w( x)   (10. 89)
0; x  1

Ou usando a função de Heaviside, H ( x  xo ) :

w( x)  wo H ( x  1)  H ( x  1)  (10. 90)

Figura - 10. 5

239
A função w(x) pode ser escrita em termoa da integral de Fourier como:

1
w( x)   a( ) cos(x)  b( ) sen(x)d (10. 91)
0

onde b( )  0 logo

1
w( x)   a ( ) cos(x)d (10. 92)
0

1 1
a ( )   wo cos(x)dx 
 1
(10. 93)
2 wo 1  2 w  sen( )
 cos(x)dx   o 
 0    

logo

1   2 wo  sen( ) 
w( x)     cos(x)d (10. 94)
 0     

Ou


 2 w  sen( )
w( x)   2o   cos(x)d (10. 95)
  0 

sabemos que u(x) deve ser par, logo:

1
u ( x)    A( ) cos(x)d (10. 96)
0

1
 
u ' ' ' ' ( x)   A( ) 4 cos(x) d
0
(10. 97)

logo

240
 
1 1
 
EI  A( ) 4 cos(x) d  k   A( ) cos(x)d 
0 0

(10. 98)
 2 w  sen( )
  2o   cos(x)d
  0 

Portanto,

1   2 w  sen( ) 
  EIA( ) 4  kA( )   o   cos(x)d  0 (10. 99)
 0     

x , então:

 2 w  sen( )
EIA( ) 4  kA( )   o  0 (10. 100)
   

Logo:

 2 w  sen( )
A( )   o  (10. 101)
 4
   EI  k  
Portanto a solução da Equação Diferencial é:


 2 wo   sen( ) 
u ( x)   2    cos( x ) d (10. 102)
 4
   0  EI  k   

241
10. 9 – Exemplos e Aplicações

242
10. 10 - Exercícios e Problemas

243
Capítulo – XI
INTRODUÇÃO AS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

11. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

11. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

244
11. 3 – Equações Diferenciais, Definição e Classificação

11.3.1 – Definição de Equações Diferenciais


Uma equação diferencial é uma relação que envolve uma função incógnita e suas
derivadas ou diferenciais dessa função

Exemplos:
1)

y (t )  f (t ) (11. 1)

2)

y(t )  y (t )  0 (11. 2)

3)

y(t )  ( sent ) y(t )  5ty (t )  0 (11. 3)

4)

 2 u ( x, t )  2 u ( x, t )
 0 (11. 4)
x 2 t 2
5)

M ( x, y )dx  N ( x, y )dy  0 (11. 5)

245
11.3.2 – Classificação das Equações Diferenciais

i) Quanto as Variáveis Independentes

a) Equação Diferencial Ordinária (E.D.O.) – A função incógnita depende apenas de uma


variável independente: y = f(x).
b) Equação Diferencial Parcial (E.D.P.) – A função incógnita depende de duas ou mais
variáveis independentes: y = f(x, y, z, t).

Exemplo:

d 4u
EI q (11. 6)
dx 4

Figura - 11. 1.Problema de uma viga bi-apoiada e flexionada sobre seu próprio peso.

ii) Quanto a Ordem

A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada que aparece
na equação. Por exemplo, a equação diferencial em (11. 6) é de quarta ordem.

Exemplos:

1) u  u ( x ) ou u  u (t )
EDO de 1ª Ordem

u'  1  u (11. 7)

EDO de 2ª Ordem

246
u ' '4u  x (11. 8)

EDO de 2ª Ordem

mu  cu  Ru  f (t ) (11. 9)

iii) Quanto ao Grau

O grau de uma equação diferencial é a potência a que se acha elevada a derivada


de ordem mais alta.

Exemplos:

EDO de 1ª Ordem e do 2º Grau

(u ' ) 2  u '2u  x 2 (11. 10)

2) u = u(x, y, z)
EDP de 2ª Ordem e 1º Grau

 2u  2u  2u
  0 (11. 11)
x 2 y 2 z 2

ou

 2u  0 (11. 12)

onde o operador 2 é chamado de Laplaciano.

2 2 2 2
    (11. 13)
x 2 y 2 z 2

iv) Quanto aos Coeficientes das Derivadas

a) Lineares – Os coeficientes dependem das variáveis independentes.

247
b) Quase-Lineares – Os coeficientes dependem das variáveis independentes e/ou das variáveis
dependentes, mas não de suas derivadas.

c) Não-Lineares – Os coeficientes dependem das derivadas das variáveis dependentes

Exemplos:

Linear:

df
a( x)  b( x ) f  c ( x )  0 (11. 14)
dx
Quase-Linear:

df
f ( x)  b( x ) f  c ( x )  0 (11. 15)
dx
Não-Linear:

 f   2 f  f   2 f
  2    2  d ( x, y )  0 (11. 16)
 y  x  x  y

OBS: Uma equação linear é sempre do primeiro grau, uma equação do primeiro grau não e
necessariamente linear.

v) Quanto ao Tipo

Serão consideradas equações diferenciais parciais de 2ª ordem (são as que mais


aparecem na prática).
Seja a forma geral de uma E.D.P. de 2ª ordem com duas variáveis independentes.

 2u  2u  2u u u
a  2h b 2 2f  2g  eu  0 (11. 17)
x 2 xy y x y

onde a, h, f, g, e e podem ser constantes ou funções das variáveis x e y.


Por analogia com a forma de uma secção cônica geral:

ax2 + 2hxy +by2 + 2fx +2gy + e = 0 (11. 18)

248
que representa uma elipse quando (a.b – h2 > 0), uma parábola quando (a.b – h2 = 0), uma
hipérbole quando (a.b – h2 < 0). Uma classificação semelhante é adotada para as E.D.P.

Exemplos:

1) Equação de onda unidimensional

 2u 1  2u
2
 2 2
0 (11. 19)
x c t
Esta equação de onda é do tipo hiperbólica porque: a = 1; h = 0; b = -1/c2 logo a.b – h2 = -
1/c2 < 0

2) Equação de Difusão (condução do calor)

 2u 1 u
 0 (11. 20)
x 2  t
Esta equação de difusão é do tipo parabólica porque: a = 1; h = 0; b = 0 logo a.b – h2 = 0

3) Equação de Laplace

 2u  2u
 0 (11. 21)
x 2 y 2

Esta equação de laplace é do tipo elíptica porque: a = 1; h = 0; b = 1 logo a.b – h2 = 1 > 0


Uma vez que se sabe reconhecer e classificar uma equação diferencial, vamos ao
capítulo seguinte onde daremos início ao primeiro método numérico de solução baseado na
própria definição de derivada, chamado de Método das Diferenças Finitas.

249
11. 4 – Propriedades das Equações Diferenciais

11.4.1 – Existência e Unicidade das Soluções


Seja f : [ a, b]  R contínua, então pelo Teorema Fundamental do Cálculo a
função:
t
F (t )   f ( )d , a  t  b (11. 22)
a

é diferenciável em (a,b) e F’(t) = f(t) para todo t  (a,b).


Logo F(t) é uma solução da equação diferencial ordinária de 1ª ordem

y (t )  f (t ) a  t  b (11. 23)

e ainda F(a) = 0. Neste caso dizemos que F(t) é uma solução do Problema de valor Inicial.

 y (t )  f (t )
 at b (11. 24)
 y ( a )  0

Logo o P.V.I., neste caso, tem solução, mas surge a pergunta:


Será que F(t) é a única solução deste P.V.I.?
Neste caso a resposta é positiva, pois se G(t) fosse uma outra solução teríamos
que:

d ( F  G )(t )
G (t )  f (t )  F (t )   0  ( F  G )(t )  constante (11. 25)
dt

mas

( F  G )(a )  F (a )  G (a )  0  0  0
(11. 26)
 G (t )  F (t ) para todo t  (a, b)

250
11.4.2 - Exemplos
i) Considere o seguinte Problema de Valor Inicial:

 y  y 1/ 2
 (11. 27)
 y (0)  0

não tem unicidade de soluções, pois

y1 (t )  0 (11. 28)

é solução e

 y  3 y 2 / 3
y 2 (t )  (11. 29)
 y (0)  0

Também é solução (verifique). Portanto temos duas soluções


ii) Vemos ainda que o P.V.I.

 y  3 y 2 / 3
 (11. 30)
 y (0)  0

também não tem unicidade de soluções, pois y (t )  0 é solução e observamos que qualquer

c  R a função yc : R  R dada por:

(t  c) 3 , t  c
yc (t )   (11. 31)
0 , t c

também é solução, e portanto temos infinitas soluções.

251
11.4.3 – O Problema de Valor Inicial
Dado o problema de valor inicial

 y  f (t , y )
 (11. 32)
 y (t 0 )  y0

onde f é uma função definida em um aberto A do R2, surgem as seguintes questões:


1. Como sabemos que um P.V.I. tem de fato uma solução sem exibi-la
explicitamente?
2. Como sabemos que existe somente uma solução de um P.V.I.? Talvez existam,
duas, três ou mesmo infinitas soluções.
3. Qual a utilidade de determinados se um P.V.I. têm uma única solução se não
somos capazes de exibi-la?
Para esta última questão, podemos dizer que o fato de sabermos que o P.V.I. têm
uma única solução é muito importante, pois a partir disto podemos usar técnicas
computacionais para obter aproximações da solução y(t).
Para responder a primeira questão usaremos o Método de Picard. Para isto
observemos que y(t) é solução do P.V.I se e somente se

t
y (t )  y0   f ( s, y ( s ))ds (11. 33)
t0

Consideremos, agora, a sequência y n (t ) , dada da seguinte forma:

y 0 (t )  y 0
t
y1 (t )  y0   f ( s, y0 ( s ))ds
t0
t
y 2 (t )  y0   f ( s, y1 ( s ))ds (11. 34)
t0

:
t
y n (t )  y0   f ( s, y n 1 ( s ))ds
t0

252
As funções yn (t ) são chamadas de iteradas de Picard. Pode-se mostrar que

y n (t )  y (t ) , quando n   , para t num intervalo conveniente. Esse processo é


conhecido por Método de Picard.
Observação: As soluções de Equações Diferenciais, em geral, podem não existir
para todo t real, como por exemplo:

 
y (t )  tg  t   (11. 35)
 4

É solução do P.V.I.

y (t )  1  y 2 (t ),
(11. 36)
y ( 0)  1

 3  
E está definida somente em   , 
 4 4
 3  
De fato: se t   ,  , então
 4 4

   
y (t )  sec 2  t    1  tg 2  t    1  y 2 (t )
 4  4
(11. 37)
 
y (0)  tg    1
4

Por este fato não podemos esperar que as iteradas de Picard convirjam para todo t.

253
11. 5 – Exemplos e Aplicações

254
11. 6 – Exercícios e Problemas

255
Capítulo – XII
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição de equações diferenciais de uma forma geral,
sua classificação quanto ao grau, a ordem, as variáveis, etc. A análise de um sistema de
equações diferencias pela teoria de auto-valores será feita e utilizando também a linearização
pelo processo de Lyapunov como também a análise de seu espaço de fase

12. 1 – Introdução

256
12. 2 - Equações Diferenciais Ordinárias Lineares

(12. 1)

(12. 2)

Ás relações que envolvem funções incógnitas e suas derivadas damos o nome de


equações diferenciais.
Quando as funções incógnitas dependem apenas de uma única variável, as
equações diferenciais recebem o nome de equações diferenciais ordinárias (E. D. O.).
Uma equação diferencial é chamada ordinária (E.D.O.) se a função incógnita
depende apenas de uma variável.
Por exemplo, a equação de Newton, para o movimento de um oscilador
unidimensional amortecido, é a seguinte equação diferencial ordinária:

d 2x dx
m 2
  kx   (12. 3)
dt dt

Em (12. 3) a função incógnita é a posição x(t ) do oscilador, e a variável independente é o


tempo, t.
Quando a função incógnita depende de mais de uma variável, à equação
diferencial dá-se o nome de equação diferencial a derivadas parciais.
Se a função incógnita depender de mais de uma variável, temos uma equação a
derivadas parciais (E. D. P.), é o caso da equação (4).
Por exemplo,

 2V  2V  2V
 2V  x, y, z     0 (12. 4)
x 2 y 2 z 2

Esta equação diferencial a derivadas parciais é a equação de Laplace para a função potencial
V  x, y, z  do campo eletrostático (ou gravitacional), que é função das 3 variáveis x, y, z que

determina a posição no espaço 3-dimensional.

257
12.2.1 - Exemplos
As equações (1), (2), (3) e (5) acima são E.D.O.
A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada da função
incógnita.

y ' axy  b( x) (12. 5)

Os termos y’e y são de primeira ordem.


Portanto, (1) é uma equação de primeira ordem, (2) é de segunda ordem e (3) é de
terceira ordem.
Uma solução de uma equação diferencial é uma função que juntamente com suas
derivadas, satisfaz a equação dada. Por exemplo, a função

y(t) = sen(t) (12. 6)

é uma solução da E.D.O. de segunda ordem

y(t )  y (t )  0 (12. 7)

Pois,

d 2 [ sen(t )]
 sen(t )  0
dt 2
d [cos(t )] (12. 8)
 sen(t )  0
dt
 sen(t )  sen(t )  0

kt
Verifique que a função y (t )  ce é solução da E.D.O. de primeira ordem

y  ky e que y (t )  ct é a solução da E.D.O. de segunda ordem y  0 .

258
12. 3 - Propriedades das Equações Diferenciais Ordinárias
Lineares e Homogêneas

i) Se x1(t) é solução, então y1 = Cx1(t) também é solução para qualquer constante C.

 
y1  o 2 y1  0  Cx1  o 2Cx1  C x1  o 2 x1  0 (12. 9)

x1  o 2 x1  0 (12. 10)

ii) Se x1(t) e x2(t) são soluções, então x1(t) + x2(t) também é solução da equação:

x1  o 2 x1  0
x2  o 2 x2  0 (12. 11)
2
( x1  x2 )  o ( x1  x2 )  0

Como

x  x1  x2


(12. 12)
x  x1  x2

Temos:

x  o 2 x  0 (12. 13)

259
12.3.1 - Teorema
A solução geral de uma equação não-homogênea é igual a solução geral da
homogênea associada a uma solução particular da não-homogênea.

Prova
Seja a equação diferencial dada por:

y  a (t ) y  b(t ) y  c(t ) (12. 14)

A equação homogênea associada é:

yh  a (t ) y h  b(t ) y h  0 (12. 15)

onde yh é a solução geral da homogênea.


A equação particular associada é dada por:

y p  a (t ) y p  b(t ) y p  c(t ) (12. 16)

Onde yp é a solução particular da não-homogênea.


Somando as equações ( ) e ( ) temos:

yh  y p  a (t )( y h  y p )  b(t )( y h  y p )  c(t ) (12. 17)

Logo a solução geral é dada por:

y g  yh  y p (12. 18)

Satisfazendo ( ).

260
12. 4 - Equações Diferenciais Lineares com Coeficientes
Constantes e Variáveis

Equações Diferenciais Lineares são aquelas que não apresentam termo de


potência maior ou igual a dois.
Equações Diferencias Lineares Homogêneas, são aquelas equações que não
apresentam termo independente.
As equações que estudaremos no MHS apresentam-se na forma de equações
diferenciais homogêneas

a ( x) y ' 'b( x) y  0 (12. 19)

Trataremos também das equações diferenciais lineares não homogêneas, porém em geral com
uma mudança de variável ela poderá ser transformada em uma equação homogênea.
A equação não homogênea é da forma:

a ( x) y ' 'b( x) y  c( x) (12. 20)

261
12. 5 - Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente
Constantes

Neste caso vamos estudar somente as equações diferenciais ordinárias. Na


verdade o nosso estudo estará limitado a uma classe restrita de equações diferenciais
ordinárias: as equações diferenciais lineares e com coeficientes constantes (E.D.O.L.C.C.).
Isto quer dizer que as equações que vamos estudar são da forma:

dny d n1 y dy
an n  a n1 n1  ...  a1  ao y  g ( x ) (12. 21)
dx dx dx

A função incógnita y(x) depende de uma única variável independente x. Todos os


termos são lineares (i. e. do 1ª grau) em y(x) e nas derivadas, donde a denominação de linear.
Os coeficientes ao , a1 , a2 ,...a n são todos constantes (números reais). No 2º
membro de (12. 21) a função y(x) é uma função dada da variável independente x. Quando y(x)
 0 a equação diferencial diz-se homogênea. A derivada de ordem mais alta que aparece em
(12. 21) é n (supondo an  0): dizemos então que a equação (12. 21) é de ordem n. Damos a
seguir alguns exemplos:

dy
 2y  x (12. 22)
dx

E.D.O.L.C.C. de 1ª ordem não-homogênea (“N-H”)

d3y dy
3
2  y 0 (12. 23)
dx dx

E.D.O.L.C.C. de 3ª ordem homogênea (“H”)

d2y dy
2
k  my  sen( x) (12. 24)
dx dx

E.D.O.L.C.C. de 2ª ordem não-homogênea (“N-H”)


Esta limitação a equações diferenciais lineares e com coeficientes constantes é
decorrência da grande dificuldade que cerca a solução de equações diferenciais. Ainda hoje
não existe uma teoria geral para a solução de equações diferenciais ordinárias não-lineares.
Esta teoria existe, no entanto, para as equações lineares.

262
Por outro lado, quando os coeficientes da equação diferencial ordinária forem
todos constantes, será possível empregar métodos algébricos elementares para resolvê-las, o
que não se dá quando os coeficientes da E.D.O.L. forem funções da variável independente.

263
12.5.1 – Metodologia de Solução das Equações Diferenciais Homogêneas com
Coeficiente Constantes
Vamos a partir de agora adotar uma notação que será de utilidade no nosso
estudo. Introduzimos o operador:

d
D (12. 25)
dx

para representar a “operação” de tomar a derivada de uma função.


Assim

dy
Dy  (12. 26)
dx

As potências inteiras n de D são derivadas de ordem n:

d2y
D 2  D.D ; D 2 y  D.Dy  x  
dx 2
d3y
D 3  D.D.D ; D3 y  D.Dy  x   3 (12. 27)
dx
dny
D n  D.D...D ; D n y  D.D... y  x   n
dx

A E.D.O. L. C. C. N. H. de ordem n será emitir, em termos de D, doseguinte


modo:

an D n y  an 1 D n 1 y  ...  a1 D1 y  a0 D 0 y  g  x 
(12. 28)
an D n y  an 1 D n 1 y  ...  a1 D y  a0 y  g  x

que também pode ser escrita deste modo:

 an D n  an 1 D n 1  ...  a1 D  a0  y  x   g  x  (12. 29)

Usando uma propriedade elementar da distribuição das derivadas.


O método que vamos desenvolver vai concentrar-se no “polinômio” em D que
aparece no 1º membro da equação (12. 29). Designando-o pó Pn  D  .

Pn  D   an D n  an 1 D n1  ...  a1 D  a0 (12. 30)

(onde, sem perda de generalidade supomos an  1 ), podemos também escrever (12. 29) na
forma mais sintética:

264
Pn  D  y  x   g  x  (12. 31)

Pelo teorema fundamental da álgebra (Teorema de Gauss) o polinômio Pn  D  , imaginamos D

como uma variável algébrica, sempre poderá ser expresso na forma:

Pn  D    D  r1  D  r2  ...  D  rn  (12. 32)

Onde r1 , r2 ,..., rn são as raízes (reais ou complexas) da equação:

Pn  Dx   an x n  an 1 x n 1  ...  a1 x  a0  0 (12. 33)

Usando este fato reescrevemos a equação (12. 31) numa forma muito útil”

Pn  D    D  r1  D  r2  ...  D  rn  y  x   g  x  (12. 34)

265
12.5.2 – Solução de algumas das Equações Diferenciais Elementares
Antes de introduzir o conceito de solução geral de uma E.D.O. vamos examinar
alguns casos elementares por meio dos quais ganharemos intuição sobre a natureza geral das
soluções das equações diferenciais ordinárias. Vamos examinar as equações:

Dn y  x   0 ; n  1, 2,3,...," H " (12. 35)

D n y  x   g  x  ; n  1, 2,3,...," NH " (12. 36)

i) Comecemos pelo caso n  1 da equação (12. 35). Temos a E.D.L.C.C. de 1ª ordem


homogênea mais simples possível:

Dy  x   0 (12. 37)

A solução desta equação é uma função que, substituída na equação, a satisfaz identicamente.
Assim vê-se, sem dificuldade, que a solução desta equação é uma função cosntante.

y  x  A (12. 38)

onde A é uma constante arbitrária. É a solução mais geral possível. Mas é claro que soluções
particulares podem ser obtidas dando à constante arbitrária A valores particulares, por
exemplo, A = 0, A = 1, A = 2, etc. A representação geométrica da solução (14. 12) é uma
família infinitas de retas paralelas ao eixo Ox :

Figura - 12. 1.

266
Em resumo, a solução mais geral da equação (12. 37), que é uma E.D.O.L. de 1ª ordem “H”, é
a função dada em (14. 12); esta solução (mais) geral representa uma família de curvas (retas)
a um parâmetro, ilustrada na Figura - 12. 1. Qualquer reta particular dessa família representa
uma solução particular de (12. 37)
ii) Passemos agora ao caso n  2 da equação (12. 35). Temos a E.D.L.C.C. de 2ª ordem
homogênea muito simples:

D2 y  x   0 (12. 39)

É evidente que a solução (14. 12) serve. Mas integrando (14. 13) membro a membro obtemos
sucessivamente:
1ª Integração

2
 D y  x  dx  0  Dy  x   A 1 (12. 40)

2ª Integração

 Dy  x  dx   A dx  y  x   A x  A
1 1 2 (12. 41)

De modo que a solução mais geral de (14. 13)

y  x   A1 x  A2 (12. 42)

Em que comparece agora duas constantes arbitrárias A1 , A2 . Qualquer função obtida de (12.

42) dando a A1 e a A2 valores particulares quaisquer será também solução, isto é, satisfará
(12. 39) identicamente. Exemplos de imediata verificação são as seguintes soluções
particulares de (12. 39):

y  x  1 ; A1  0 ; A2  1
y  x   x  1 ; A1  1 ; A2  0 (12. 43)
y  x   3x  2 ; A1  3 ; A2  2

etc.
A solução geral ( ) pode ser representado graficamente. Obtivemos ainda uma
família infinita de retas, mas a 2 parâmetros: A1 indicando o coeficiente angular variável e A2

O ponto de corte do eixo Oy também variável. Por exemplo:

267
Figura - 12. 2.

A Figura – 11. representa a “sub-familia” A2  0 , constituída por todas as retas


que passam pela origem, com coeficiente angular arbitrário. Na Figura – 11. esta representada
outra sub-familia, a de todas as retas que passam pelo ponto 1; 0  . A família toda,

representada por ( ) será a superposição de todas as sub-familias particulares obtidas fazendo-


se A1 e A2 em ( ) assumirem, separadamente, todos os valores reais. É fácil ver que se

obtivermos assim a família de todas as retas do plano Oxy . Em resumo, a equação ( ), E.D.O.
de 2ª ordem, admita a função ( ) como solução geral, e esta solução geral representa uma
família de curvas do plano (retas) a 2 parâmetros.
Consideremos agora o caso n  3 da equação ( ). Trata-se agora de uma
E.D.O.L.C.C. de 3ª ordem, homogênea, a mais simples possível.

D3 y  x   0 (12. 44)

Pelo mesmo procedimento obtemos sem dificuldade a seguinte

y  x   A1  A2 x  A3 x 2 (12. 45)

que depende de 3 cosntantes arbitrárias. A função ( ), substituída em ( ) a satisfaz


identicamente. Qualquer outra função particular obtida dando qualquer uma das consatntes
A1 , A2 , A3 em valor particular será também uma solução particular. Por exemplo, verifica-se
facilmente que as funções:

268
y  x   x2 ; A3  1 ; A2  0 ; A1  0
y  x  1 ; A3  0 ; A2  0 ; A1  1 (12. 46)
y  x   A  x  x 2 ; A3  1 ; A2  1 ; A1  1

Todas satisfazem a equação ( ). São soluções particulares.


A representação geométrica da solução geral ( ) é uma complicada família de
parábolas a 3 parâmetros. Qualquer curva desta família é uma solução particular de ( ). Em
resumo, aqui também podemos dizer que a solução mais geral de ( ) que é uma E.D.O.L.C.C.
de 3ª ordem “H”, é a função dada em ( ), que representa uma família de curvas planas
(parábola) a 3 parâmetros.
De um modo geral, a equação:

Dn y  x   0 (12. 47)

que é o caso mais simples de E.D.O.L.C.C. de ordem n homogênea (“H”), tem como solução
geral a função:

y  x   A1  A2 x  A3 x 2  ...  An x n1 (12. 48)

que é uma função de x e de n constantes arbitrárias A1 , A2 , A3 , An . A sua representação


geométrica é um família, a n parâmetros, de curvas planas de ordem n-1.
Passemos agora a estudar as equações não-homog6eneas ( ), tomando
sucessivamente n  1, 2,3,... . O caso n  1 corresponde a seguinte E.D.O.L.C.C. de 1ª ordem
“N-H”,

Dy  x   g  x  (12. 49)

A função g  x  é uma função dada, conhecida, da variável independente x. Esta equação se

ïntegra” facilmente, integrando-a membro a membro:

 Dy  x  dx   g  x  dx  A (12. 50)

ou seja

y  x   A   g  x  dx (12. 51)

Estqa é a solução geral. Qualquer valor particular que se de à constante arbitrária A produzirá
uma solução particular. A representação geométrica de ( ) é uma família a um parâmetro de

269
curvas planas cuja natureza depende da função g(x). Por exemplo, se g  x   1 , será uma

família de retas; se g  x   x , uma família de parábolas, etc. Observe-se que a solução ( ) é a

soma de duas funções:

yGH  x   A e yPNH  x    g  x  dx (12. 52)

de modo que y  x  de ( ) é também dada por:

y  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 53)

Onde, mais uma vez

yGH  x   A (12. 54)

yPNH  x    g  x  dx (12. 55)

Reconhecemos em ( ), yGH  x   A , a solução geral da equação ( ), ou seja, da equação

homogênea que se obtém de ( ) fazendo-se g  x   0 . A esta equação homogênea damos o

nome de equação (diferencial) homogênea associada à equação não homogênea dada.


A solução yPNH  x  em ( ) é uma solução particular de ( ), obtida fazendo-se

A  0 em ( ).
O caso n  2 produz a seguinte E.D.O.L.C.C. de 2ª ordem N-H:

D2 y  x   g  x  (12. 56)

Integrando membro a membro sucessivamente duas vezes obtemos:

y  x   A1  A2 x     g  x  dx dx (12. 57)

É uma função da variável independente de x e de suas constantes arbitrárias A1 , A2 e que


satisfaz identicamente a equação ( ) homogênea ( ) (que se obtém de ( ) fazendo-se
g  x   0 ), associada de ( ); e a função ( ) é uma solução particular de ( ), obtida de ( )

fazendo-se A1  A2  0 .
Não há nenhuma dificulade em generalizar os resultados obtidos. A solução geral
de:

270
Dn y  x   g  x  (12. 58)

é a função

y  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 59)

em que

yGH  x   A1  A2 x  A3 x 2  ...  An x n 1 (12. 60)

É a solução geral da equação homogênea associada a ( ) e

yPNH  x    dx  dx... dx  g  x  dx
   (12. 61)
n vezes

é uma solução particular da equação ( ).

Em resumo:
i) A equação homogênea

D n y ( x)  0 (12. 62)

Tem como solução geral a função:

yGH  x   A1  A2 x  A3 x 2  ...  An x n 1 (12. 63)

ii)A equação não-homogênea

D n y ( x)  g ( x) (12. 64)

Tem como solução geral a função:

yGNH  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 65)

onde yGH  x  : Solução geral da homogênea associada; yPNH  x  : Solução particular da não-

homogênea.
Estes resultados foram obtidos a partir de uma classe simples de equações. Mas
eles podem ser generalizados, e é o que faremos em seguida.

271
12.5.3 – Solução Geral, Solução Particular, Teorema Estratégico
Os resultados que obtivemos no parágrafo 11.6. , ao estudarmos equações
diferenciais particularmente simples, são na verdade bem gerais, e valem para equações
lineares em geral. Chama-se solução geral de uma equação diferencial ordinária de ordem n
(linear ou não) uma função y  x; A1 , A2 ,..., An  dependente da variável x e de n constantes

arbitrárias de integração independentes que satisfaça identicamente a equação diferencial. O


número de constantes arbitrárias é igual à ordem da equação diferencial. As constantes que
aparecem na solução geral são independentes e seu número é inevitável. Assim, por exemplo,
a função:

y  x   A1e x  A2 e x (12. 66)

é solução geral mda equação diferencial ordinária de 2ª ordem homogênea.

D 2

1 y  x   0 (12. 67)

A solução

y  x   A1e x   A2  A3  e  x (12. 68)

contém 3 constantes, mas duas delas A2 , A3 aparecem na combinação A2  A3 e podem,

portanto, ser substituídas por uma única constante arbitrária C  A2  A3 , dando a solução a
forma ( ).
Uma solução particular é obtida dando às constantes A1 , A2 ,..., An valores
particulares. Assim por exemplo, a equação ( ) admite como soluções particulares as seguintes
funções:

y  x  ex ; A1  1 ; A2  0
x
y  x  e ; A1  0 ; A2  1 (12. 69)
y  x   e x  e  x ; A1  1 ; A2  1

é fácil verificar que estas funções satisfazem ( ).

272
12.5.4 – Equação Diferencial a partir da Solução Geral
Dada por sua vez, uma função dependendo de x e de um número n de constantes
arbitrárias independentes, podemos determinar qual a equação diferencial ordinária de ordem
n que admite a função dada como solução geral. Vamos dar exemplos dessa técnica.
Suponhamos que fosse dada a função ( ), e que quiséssemos determinar qual a E.D.O. que
admite ( ) por solução geral. A idéia é eliminar as constantes arbitrárias em termos de
y  x  , Dy  x  , D 2 y  x  , etc. Assim:

y  x   A1e x  A2e  x
Dy  x   A1e x  A2e  x (12. 70)
2 x x
D y  x   A1e  A2 e

Comparando ( ) e ( ) concluímos que:

D2 y  x   y  x  (12. 71)

ou

D 2

1 y  x   0 (12. 72)

Que é justamente ( ). Outro exemplo:


Dada a função:

y  x   A1e x  A2e 2 x (12. 73)

Determinar a E.D.O. que admite y  x  de ( ) como solução geral. Derivando, obtemos:

Dy  x   A1e x  2 A2e 2 x (12. 74)

D 2 y  x   A1e x  4 A2 e2 x (12. 75)

Eliminando A1e x e A2e 2 x pelas equações ( ), obtemos:


A1e x   D 2 y  2 Dy 
1 2 (12. 76)
A2 e2 x 
2

D y  2 Dy 
Substituindo em ( ) obtemos:

273
1 2

y  x    D 2 y  2 Dy  2
D y  2 Dy  (12. 77)

que depois de simplificada se transforma em:

D 3

 3D  2 y  x   0 (12. 78)

que é a equação procurada. Nos exemplo dados as equações obtidas foram lineares mas nem
sempre isso acontece (ver Lista de Exercícios).
Vamos agora demonstrar um teorema que ocupa um lugar central no método que
vamos desenvolver para resolver E.D.O.L.C.C. N-H. de ordem qualquer. O teorema vale para
uma equação linear qualquer, com coeficientes variáveis.

274
12.5.5 – Teorema Estratégico

A solução geral yGNH  x  da equação diferencial ordinária linear não-homogênea

Pn  D  y  x   g  x  (12. 79)

se escreve como uma soma:

yGNH  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 80)

na qual yGH  x  é a solução geral da equação homogênea

Pn  D  y  x   0 (12. 81)

e yPNH  x  é uma solução particular de ( ) satisfazendo:

Pn  D  yPNH  x   g  x  (12. 82)

Prova:
A demonstração é trivial, e se faz primeiro observando que yGNH  x  dada em ( )

satisfaz a equação ( ). De fato:

Pn  D  yGNH  x   Pn  D   yGH  x   yPNH  x    Pn  D  yGH  x   Pn  D  y PNH  x 


(12. 83)

Mas usando ( ) e ( ), obtemos:

Pn  D  yGNH  x   0  g  x   g  x  (12. 84)

Em seguida observa-se que yGNH  x  depende de n constantes arbitrárias por intermédio de

yGH  x  , que é por hipótese a solução geral de uma E.D.O. de ordem n homogênea ( ), e que

portanto depende de n constantes arbitrárias. Então yGNH  x  definida em ( ) satisfaz todas os

requisitos de solução geral. Q.E.D.


A partir deste teorema fica definida a nossa estratégia para resolver uma
E.D.O.L.C.C. N-H. de ordem qualquer.

Pn  D  y  x   g  x  (12. 85)

275
i) Determina-se a solução geral da equação homogênea associada, yGH  x  :

Pn  D  yGH  x   0 (12. 86)

ii) Determina-se uma solução particular da equação dada (N-H) yPNH  x  :

Pn  D  yPNH  x   g  x  (12. 87)

iii) Define-se a solução geral yGNH  x  da equação dada (N-H) pela soma:

yGNH  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 88)

276
12.5.5 – Condições Iniciais

Nos problemas práticos, em cuja solução y  x  estamos interessados, e que

satisfaz uma equação do tipo:

Pn  D  y  x   g  x  (12. 89)

Não há, em geral, lugar para constantes arbitrárias. Estamos interessados numa
solução sem ambigüidade; as constantes arbitrárias devem ser eliminadas. Em geral essa
eliminação se faz utilizando condições prévias do problema, e às quais a solução procurada
deve satisfazer. São as chamadas condições iniciais.
Num problema com condições iniciais são dados os valores da função e das suas
(n-1) primeiras derivadas num valor particular x0 (às vezes x0  0 ) da variável independente,
isto é, são dados os valores:

y  x0   y0
y '  x0   y1
(12. 90)
..................
y ( n 1)  x0   yn1

Dada então uma solução geral de ( ) na forma:

yGNH  x     x, A1 , A2 ,..., An  (12. 91)

Substituímos nos primeiros membros de ( ) y  x  por   x, A1 , A2 ,..., An  de ( ), e obtemos um

sistema de n equações algébricas a n incógnitas A1 , A2 ,..., An . A solução (quando existe)

fornece A1  A1  y0 , y1 , y2 ,..., yn1  , A2  A2  y0 , y1 , y2 ,..., yn 1  , etc., e então a solução

particular (específica) do problema em estudo é:

y  x   y  x, y0 , y1 , y2 ,..., yn 1  (12. 92)

Onde já não há mais nenhuma constante arbitrária, e que satisfaz ( ) identicamente. Nos

problemas de Mecânica, onde a função incógnita é a posição r  t  de uma partícula, e a

variável independente é o tempo t, a equação de movimento é a equação de Newton, que é


uma E.D.O. de 2ª ordem. As duas constantes arbitrárias da solução geral são eliminadas

dando-se as “condições iniciais” do problema: a posição inicial r  0  e a velocidade inicial

r  0  .

277
12.5.5 – Propriedade do Operador  D  k 

No parágrafo 4, equação ( ) fizemos a observação segundo a qual o operador


Pn  D  , que comparece no 1º memebro da E.D.O.L.C.C. mais geral ( ), poderia ser fatorado

na forma:

Pn  D    D  r1  D  r2  ...  D  rn  (12. 93)

onde r1 , r2 ,..., rn são raízes (reais ou complexas) da equação característica

Pn  x   0 ou x n  an 1 x n1  ....  a1 x  a0  0 (12. 94)

associada ao operador Pn  D  . Somos, assim levados a estudar os operadores  D  k  e seus

produtos  D  k  D  k ' ...

Por definição:

dy
 D  k  y  x   k. y  x  (12. 95)
dx

O produto  D  k1  D  k2  é definido por:

 D  k1  D  k2  y  x    D  k1   D  k2  y  x    D  k1   Dy  k2 y  
(12. 96)
  D 2   k1  k2  D  k1k2  y  x 

onde usou a propriedade evidente

d dy
D  ky  x     ky  x    k  kDy  k  cte  (12. 97)
dx dx

Desenvolvendo formalmente o produto  D  k1  D  k2  (isto é, como se D não fosse

operador, mas um número) obtemos:

 D  k1  D  k2   D 2   k1  k2  D  k1k2   D  k2  D  k1  (12. 98)

Obtendo o resultado

 D  k1  D  k2    D  k2  D  k1  (12. 99)

k1 , k2  cte .

278
Toda função f  x  pode ser considerada como um operador no espaço das

funções com que estamos lidando (i. e. o espaço das funções continuamente diferenciáveis até
ordem n): é o operador que a toda função y  x  associa a função f  x  y  x  :

f  x  : y  x   f  x .y  x  (12. 100)

Podemos combinar os operadores D e f  x  para formar novos operadores. Por exemplo:

D  f  x  ; Df  x  ; f  x  D (12. 101)

O primeiro, D  f  x  , é definido assim:

 D  f  x   y  x   D y  x   f  x  y  x  ; y  x  (12. 102)

O operador f  x  D não apresenta dificuldades:

dy
f  x  Dy  x   f  x  . ; y  x  (12. 103)
dx

Mas o operador Df  x  deve ser examinando com cuidado. Há que se distinguir a derivada

D  f  x   do Df  x  resultante do produto dos operadores D e f  x  . Para evitar

ambiguidades convencionaremos:
df
i) D  f  x   é a derivada de f  x  :
dx
ii) Df  x  é o operador definido por:

d
Df  x  : y  x    Df  x   y  x    f  x  y  x  ; y  x  (12. 104)
dx 

Por exemplo:

d
D  x  x 1 (12. 105)
dx

d dy
Dx : operador : y  x    Dx  y  x    xy  x    y  x   x (12. 106)
dx dx

ou seja:

279
 Dx  y  x   1  xD  y  x  ; y  x  (12. 107)

Esta relação entre funções é equivalente à relação entre operadores

Dx  1  xD (12. 108)

Um caso de particular importância para o nosso estudo é aquele em que f  x  é a função

exponencial.
Consideremos, então, o operador De kx . Aplicado a uma função y  x  qualquer do

espaço dá:

 De  y  x   e  D  k  y  x  ; y  x 
kx kx
(12. 109)

A relação entre operadores, equivalente a ( ) é:

De kx  e kx  D  k  ; k  cte (12. 110)

Vamos considerar alguns Exemplos:

i) Simplificar o operador  D  1 e x usando ( ), teremos, por definição, usando a

distribuitividade:

 D  1 e x  e x  D  1  e x  e x D (12. 111)

ii) Considere a equação  D  k  y  x  g  x . Para aplicar ( ), multipliquemos ambos os

memebros por ekx :

ekx  D  k  y  x   e kx g  x  (12. 112)

Usando ( ), vem:

 
D e kx y  x   ekx g  x  (12. 113)

Esta equação já é nossa conhecida (of. equação ( )), e a sua solução geral é:

ekx y  x   A   e kx g  x dx (12. 114)

que simplificada dá:

280
y  x   Ae  kx  e  kx  ekx g  x dx (12. 115)

Uma questão de grande interesse é a possibilidade de se definir o operador inverso


1
D  k do operador  D  k  . Enquanto “inverso” ele tem a propriedade :

1
D  k  D  k  1 (12. 116)

1
Mas nós não sabemos ainda o efeito de  D  k  sobre um função qualquer y  x  :

1
D  k  y  x  ? (12. 117)

Se nós soubéssemos o resultado da operação do 1º memebro de ( ), então poderíamos


encontrar uma solução particular da equação:

 D  k  y  x  g  x (12. 118)
1
De fato, aplicando  D  k  a ambos os membros de ( ), obteríamos:

1 1
 D  k   D  k  y  x   D  k  g x (12. 119)

E usando ( ) vem:
1
y  x   D  k  g  x (12. 120)

que é obviamente uma solução particular de ( ).


Ajuntando a ( ) a função yGH  x  , a solução geral da equação homogênea

 D  k  yGH  x   0 (12. 121)

Então teremos a solução geral de ( )


1
yGNH  x   yGH  x    D  k  g  x  (12. 122)

No próximo parágrafo, utilizando a solução geral da E.D.O.L.C.C. de 1ª ordem não-


1
homogênea que vamos estabelecer, vamos poder definir  D  k  .

281
12. 6 - Equações Diferenciais Ordinárias Linear com Coeficiente
Constantes de 1ª Ordem N-H:

Consideremos a equação diferencial ordinária linear de 1ª ordem, com


coeficientes constantes, não-homogênea:

 D  k  y  x  g  x (12. 123)

No 2º membro de ( ), a função g  x  é uma função dada de x , e no 1º membro k é uma

constante real dada:

1
12.6.1 – Definição do Operador  D  k 

Vamos aplicar a ( ) a propriedade ( ). Multipliquemos ambos os memebros de ( )


por ekx :

ekx  D  k  y  x   e kx g  x  (12. 124)

Usando ( ), vem:

D  ekx y  x    e kx g  x  (12. 125)

Integrando ( ), obtemos:

ekx y  x   A   e kx g  x  dx (12. 126)

onde A é uma constante arbitrária. Explicitando y  x  , obtemos finalmente:

y  x   Ae kx  e kx  e kx g  x  dx (12. 127)

Esta é a solução geral de ( ): satisfaz a equação e depende de uma constante arbitrária (a


equação ( ) é de 1ª ordem).
Tal como está escrita, a solução geral ( ) é a soma de dois termos. O primeiro
deles é Ae  kx , que reconhecemos ser a solução geral yGH  x  da equação homog6enea

associada a ( ):

 D  k  y  x  0 (12. 128)

282
yGH  x   Ae kx (12. 129)

Pelo “Teorema Eestratégico”, o termo que resta em ( ) é uma solução particular yPNH  x  da

equação ( ). De fato, aplicando  D  k  à função:

yPNH  x   e  kx  ekx g  x  dx (12. 130)

obtemos:

 D  k  yPNH  x    D  k  e  kx  ekx g  x  dx 
(12. 131)
 e  kx D  ekx g  x  dx  e kx e kx g  x 

ou seja:

 D  k  yPNH  x   g  x  (12. 132)

O que demonstra a nossa afirmação:


Em resumo, a solução geral yGNH  x  da equaçào ( ) é escrita como:

yGNH  x   yGH  x   yPNH  x  (12. 133)

onde:

yGH  x   Ae kx (12. 134)

yPNH  x   e  kx  ekx g  x  dx (12. 135)

Comparanado ( ), ( ) com ( ) concluímos quadraticamente:


1
D  k g  x   e  kx  e kx g  x  dx (12. 136)

1
Esta será a definição do inverso  D  k  do operador  D  k  que vamos adotar nesse curso.

283
12.6.2 – Exemplos
1
(i) Determinar uma solução particular da equação  D  k  y  x   x . Aplicando  D  k  a

ambos os membros, obtemos:


1
yPNH  x    D  k  x (12. 137)

Usando ( ) obtemos (fazendo k =1):


1
D  k x  e  x  e x xdx (12. 138)

A integral  e x xdx é elementar, e o resultado é:

x x
 e xdx  e  x  1 (12. 139)

OBS: Não é necessária a mconstante de integração na integral indefinida porque estamos


querendo uma solução particular.
Juntando os resultados obtemos a solução particular procurada:

yPNH  x   e x e x  x  1   x  1 (12. 140)

Verificando:

 D  1 .  x  1   D  1 .  x    D  1 . 1  1  x  0  1  x (12. 141)

ii) Determinar uma solução particular da equação  D  2  y  x   e  x


1
Usando a mesma técnica, aplicamos a ambos os membros o operador  D  2  :

1 1
 D  2  . D  2 y  x   y  x    D  2 e x
(12. 142)
 e2 x  e 2 x e x dx  e  x

Então a solução particular pedida é:

yPNH  x   e x (12. 143)

Verificando:

 D  2  e x  e x  2e x  e x (12. 144)

iii) Determinar a solução geral da equação

284
dy
 y  sen  x  (12. 145)
dx

Na “notação D” escrevemos:

 D  1 y  sen  x  (12. 146)

Pelo “teorema estratégico”, a solução geral desta equação é a soma da solução qual da
equação homogênea associada:

 D  1 y  0 (12. 147)

Com uma solução particular da equação dada (NH), que sabemos que é:
1
yPNH  x    D  1 sen  x  (12. 148)

A solução geral da equação homogênea

 D  1 y  0 (12. 149)

é:

yGH  x   Ae x (12. 150)

A solução particular yPNH  x  é:

1
yPNH  x    D  1 sen  x   e x  e  x sen  x  dx (12. 151)

Pela tabela de integrais achamos:

1
e
x
sen  x  dx  
2
 sen  x   cos  x   e x (12. 152)

Então a solução geral procurada é:

1
yGNH  x   Ae x 
2
 sen  x   cos  x   (12. 153)

A verificação fica por conta do laborioso estudante.

285
12. 7 - Problemas que surgem E.D.O. Lineares de 1ª Ordem

Vamos agora apresentar alguns problemas a partir dos quais surgem as equações
diferenciais.

12.7.1 – Problema Geométrico


Determine uma curva que seja definida pela condição de ter em todos os pontos
dy
(x,y) a inclinação igual ao dobro da soma das coordenadas do ponto.
dx
Se y  y (x ) é a equação da curva, então, para resolver este problema devemos
resolver a equação diferencial.

dy
 2( x  y ) (12. 154)
dx

286
12.7.2 – Problema Químico
100 gramas de açúcar de cana, em água, estão sendo transformadas em dextrose
numa razão que é proporcional à quantidade não transformada. Deseja-se saber quanto açúcar
foi transformado após t minutos.
Se q é o número de gramas convertido em t minutos e k é a constante de
proporcionalidade, então, a equação deste problema é dada por:

dq
 k (100  q ) (12. 155)
dt

Sabendo q(0) = 100.

287
12.7.3 – Problemas Físicos
Considere o Circuito Elétrico RL mostrado na

Figura - 12. 3

onde R é a resistência elétrica do circuito, I é a intensidade de corrente elétrica, L é a


indutância, E a força eletromotriz.
Sabe-se que a queda de potencial através da risitência R é VR = RI e através da
dI
indutância L é VL  L . Segue da Lei de Kirchoff, isto é, a queda total de potencial no
dt
circuito deve ser contrabalanceada pela força eletromotriz aplicada, e que a corrente num
instante t qualquer, é dada pela equação diferencial.

dI
L  RI  E (12. 156)
dt

Que é uma equação linear de 1ª ordem.

288
12. 8 - Equações Diferenciais Ordinárias Linear com Coeficiente
Constantes de 2ª Ordem N-H:

O próximo caso em ordem de crescente complexidade é o das equações


diferenciais ordinárias lineares com coeficientes constantes, de 2ª ordem, que pode ser pasta
na forma geral:

 
P2  D  y  x   D 2  aD  b y  x   G  x  (12. 157)

ou

 D  r1  D  r2  y  x   G  x  (12. 158)

em que G  x  é uma função conhecida da variável independente x , e as constantes r1 , r2 são

as raízes da equação característica, equação ( ):

P2  x  y  x 2  ax  b  0 (12. 159)

Sendo a equação característica, equação ( ), uma equação alg’’ebrica do 2º grau com


coeficientes reais, três situações podem ocorrer:
(i) As raízes r1 , r2 são reais e distintas  a 2  4b  0  ;

(ii) As raízes r1 , r2 são reais e iguais  a 2  4b  0  ;

(iii) As raízes r1 , r2 são complexas  a 2  4b  0  ;

Vamos, em seguida, estuda cada situação separadamente, pois o carácter da


solução geral da equação ( ) depende essenciamente da natureza das raízes da equação
característica.
(i) Raízes reais e distintas
A equação diferencial a ser resolvida é:

D 2

 aD  b y  x   G  x  (12. 160)

A equação carcterística, equação ( ). é:

x 2  ax  b  0 (12. 161)

na qual

a 2  4b  0 (12. 162)

289
Isto quer dizer que a equação característica admite duas raízes reais e distintas r1 , r2 dadas
por:

1
r1 
2
 a  a 2  4b  (12. 163)

1
r2 
2
 a  a 2  4b  (12. 164)

Podemos, então, “fatorar”o operador D 2  aD  b na forma:

D 2  aD  b   D  r1  D  r2  (12. 165)

De modo que a equação ( ) toma a forma ( ), ou seja:

 D  r1  D  r2  y  x   G  x  (12. 166)

De acordo com o “Teorema Estratégico, a solução geral y  x GNH da equação ( ) se escreve na

forma:

y  x GNH  y  x GH  y  x  PNH (12. 167)

na qual y  x GH é a solução geral da equação homogênea associada a ( ), isto é:

 D  r1  D  r2  y  x GH 0 (12. 168)

e y  x  PNH é uma solução particular da equação ( ):

A solução geral da equação

290
12. 9 - Algumas Importantes Equações Diferenciais Ordinárias de
2ª Ordem

12.8.1 – O Movimento Harmônico Simples (MHS)


Seja um corpo de massa m ligado horizontalmente a uma mola presa a uma parede
vertical, cujo sistema está deslocado da sua posição de equilíbrio e sujeito a uma força
restauradora do tipo F = -kx, conforme mostara a Figura - 12. 4.

291
Figura - 12. 4. Oscilador Harmônico simples.

A partir da 2ª Lei de Newton nós temos a seguinte equação de movimento dada


por:

ma   kx (12. 169)

Como a  dv / dt temos:

dv
m   kx (12. 170)
dt

Ou ainda v  dx / dt temos:

d 2x
m 2  kx (12. 171)
dt

Considere o movimento Harmônico Simples de um sistema massa mola.


Fazendo

dx
 x (12. 172)
dt

d 2x
 x (12. 173)
dt 2
Temos:

292
mx  kx  0 (12. 174)

Dividindo tudo por m temos:

k
x  x0 (12. 175)
m

chamando de

k
o  (12. 176)
m

Temos:

x  o 2 x  0 (12. 177)

Esta é uma Equação Diferencial Linear Homogênea,

Solução
Considere a seguinte equação diferencial dos osciladores harmômicos

d 2x 2
2
  o x  f ( x, t ) (12. 178)
dt
Esta é uma equação geral com f(x,t) qualquer.
Nós podemos considerar que como:

293
d  dx 
x    (12. 179)
dt  dt 

Nós podemos chamar:

dx
v (12. 180)
dt

Onde sempre vale:

d 2 x dv dv dx
  (12. 181)
dt 2 dt dx dt
Logo de (12. 180) temos:

d 2 x dv dv
  v (12. 182)
dt 2 dt dx
Usando ( ) em ( ) passamos a:

dv
v   2 x  f ( x, t ) (12. 183)
dx

Multiplicando tudo por dx temos:

vdv   2 xdx  f ( x, t )dx (12. 184)

v2
   2 xdx   f ( x, t )dx  C1 (12. 185)
2
Logo

v 2   f ( x, t )dx    2 xdx  C1 (12. 186)


v    f ( x, t )dx    2 xdx  C1 
1/ 2
(12. 187)

mas de ( ) temos que:

294
dx
dt

   f ( x, t )dx    2 xdx  C1
1/ 2
 (12. 188)

Colocando só de um lado os termos em x e do outro os termos em t temos:

dx
  dt (12. 189)
 f ( x, t )dx    2
xdx  C1 
1/ 2

Integrando os dois lados temos:

dx
  t  t o  (12. 190)
 f ( x, t )dx    2
xdx  C1 
1/ 2

i) Para o caso de   constante temos:

dx
  t  t o  (12. 191)
 f ( x, t )dx   2
 xdx  C1 
1/ 2

dx
 1/ 2
 t  t o 
2 2
 x  (12. 192)
  f ( x, t )dx   C1 
 2 

ii) Para o caso de   constante e f ( x, t )  f (t ) independente de x temos:

dx
 1/ 2
 t  t o 
2 2
 x  (12. 193)
 f ( t )  dx   C1
 2 

dx
 1/ 2
 t  t o 
2 2
 x  (12. 194)
 f (t ) x   C
 2 

295
dx
 1/ 2
 t  t o 
2 2
2 f (t ) x   x  (12. 195)
  C 
 2 

dx
2  t  t o  (12. 196)
2 f (t ) x   2 2
x C 1/ 2

Mas podemos escrever:

f 2 (t ) f 2 (t )
2 f (t ) x   2 x 2  C    2 f (t ) x   2 2
x  C (12. 197)
2 2
E

2
2 2  f (t )  f 2 (t )
2 f (t ) x   x  C    ix   C (12. 198)
 i  2

Substiutindo ( ) em ( ) temos:

dx
2 1/ 2
 t  t o 
2
 f (t )  f (t ) 2 (12. 199)
  ix    C 
 i  2 

Chamando de:

f (t )
u  ix  du  idx (12. 200)
i

Logo ( ) passa a ser:

2 du
 t  t o 
i   2
f (t ) 
1/ 2
(12. 201)
2
u   C 
 2 

Chamando de:

296
f (t ) f (t ) 2
u tan   du  sec d (12. 202)
 
Então

f (t ) 2
sec d
2   t  t o 
i  f (t ) tan 2   1  C 1 / 2
(12. 203)

 
E

2 sec 2 d
 t  t o 
i  sec 2   C 1/ 2
(12. 204)
 
Considerando C = 0 temos:

2 sec 2 d
 t  t o  (12. 205)
i  sec

2
secd  t  t o  (12. 206)
i 

Multiplivcando e divindindo ( ) por

2 sec sec  tan  


d  t  t o 
i  sec  tan  
(12. 207)

2 sec 2   sec tan 


d  t  t o 
i  sec  tan  
(12. 208)

Chamando de:

v  sec  tan   dv  sec tan   sec 2  (12. 209)

Então ( ) passa a ser:

297
2 dv
 t  t o  (12. 210)
i  v

Portanto,

2 v
ln   t  t o  (12. 211)
i  vo 

Ou

v i
ln    t  t o  (12. 212)
v
 o 2

Exponenciando tudo temos:

i
 t to 
v  vo e 2 (12. 213)

Substituindo v de ( ) temos:

i
 t to 
sec  tan   vo e 2 (12. 214)

E de ( ) temos que:

 2u 2
sec   1  tan 2    1  (12. 215)
f (t ) 2

Logo ( ) fica:

i
 2u 2 u 
2
t to 
 1   v o e (12. 216)
f (t ) 2 f (t )

Mas de ( ) nós temos que:

u f (t ) ix i 2 x
   i  (12. 217)
f (t ) f (t )i f (t ) f (t )

Quadrando temos:

298
2
 2u 2  i 2 x  2 2 x  4 x 2

 i   1   (12. 218)
f (t ) 2  f (t )  f (t ) f (t )

Logo ( ) fica sendo:

i
2 2 x  4 x 2 i 2 x  t to 
 1 1   i  vo e 2 (12. 219)
f (t ) f (t ) f (t )

i
2 2 x  4 x 2 i 2 x   t  to 
  i  vo e 2 (12. 220)
f (t ) f (t ) f (t )

Reescrevendo ( 0 temos:

i
2 2 x  4 x 2 i 2 x   t  to 
  i  vo e 2 (12. 221)
f (t ) f (t ) f (t )

Quadrando os dois lados temos:

2 i
2 2 x  4 x 2  i 2 x   i 2 x   2 t to  2i t to
   i    2 i  vo e  vo e 
f (t ) f (t )  f (t )  f (t )  (12. 222)

Logo
i
2 2 x  4 x 2  2 x  4 x2  i 2 x   2 t  t o  2i t to 
  1  2  
 2 i  
 vo e  vo e 
f (t ) f (t ) f (t ) f (t ) 2
 f (t )  (12. 223)

i i
2i 2 x  t to   t to 
2i t to 
vo e 2  1  2ivo e 2  vo e  (12. 224)
f (t )

Portanto,

299
i
e t to  2i t to 
f (t ) 2ivo 2 f (t ) vo e  f (t )
x i
 i
 i (12. 225)
  t t o   t to    t t o 
2 2 2 2 2 2
2i vo e 2i vo e 2i vo e

i i
if (t )  2
t  to  f (t ) f (t )e  2i t  to   2
t  to 
x e  2  e (12. 226)
2 2 vo  2i 2

 1 
i  i t  to  2  
 t  to   2
if (t ) 2 f (t ) f (t )e (12. 227)
x e  
2 2 vo 2 2i 2

Logo

 i t to 
 i 
f (t )  i  t  t o  e 2

x 2  e 2   1 (12. 228)
 2vo 2i
 
 
E

i  i t  to 
f (t )  i  2 t  to  i 2

x 2  e  e  1 (12. 229)
  2vo 2 

Chamando de:

i
i  2
to
A e
2vo
(12. 230)
i
i  to
2
B e
2
Nós ficamos com:

300
i  i
f (t )   2 t 2
t 
x  2  Ae  Be  1 (12. 231)
  

Ou no caso geral temos que:

i i
f (t )  2
t  t 
x  2  Ae  Be 2  1 (12. 232)
  

onde:

2E
A (12. 233)
m

v  o A 2  x 2 (12. 234)

301
12.8.2 – MHS com Movimento Vertical
Um corpo de massa m sob a ação da gravidade em um meio que oferece
resistência proporcional à velocidade do corpo. Deseja-se conhecer a posição do corpo num
instante t.
Seja x = x(t) a posição do corpo no instante t. Consideremos o sentido positivo do
movimento, isto é, para baixo. As forças que atuam sobre o corpo de massa m são: O peso P
dx
= mg devido a gravidade (no sentido do movimento) e F  k devido a resistência do
dt
meio (no sentido contrário ao movimento).
Segue da 2ª Lei de Newton (F = ma) que a equação de movimento é dada por:

dx 2 dx
m 2  mg  k (12. 235)
dt dt

Conhecendo-se x (0)  x0 e x (0)  0 , determinamos a posição do corpo em qualquer


instante.

302
Considere o oscilador harmônico na posição vertical sujeito a ação do campo
gravitacional na direção das oscilações, onde:

y  a (12. 236)

my  mg  ky (12. 237)

ou

k
y  g  y (12. 238)
m

Logo

k
y  yg 0 (12. 239)
m

ou

y  o 2 y  g  0 (12. 240)

Calculando o ponto de energia mínima temos:

dV
 kyo  mg  0
dy
(12. 241)
mg
yo 
k
Logo

1 m2 g 2 m2 g 2 1 2 m2
Vmin  k 2   g (12. 242)
2 k k 2 k

Fazendo-se uma mudança de variáveis para transformar a Equação Diferencial Não-


Homogênea em uma Equação Diferencial Homogênea.

h  y  yo
h  y (12. 243)
h  y

Logo

303
k
y  yg 0 (12. 244)
m

k mg 
y  y 0 (12. 245)
m k 

Portanto,

k
y   y  yo   0 (12. 246)
m

logo

k
h  h  0 (12. 247)
m

ou

h  o h  0
2
(12. 248)

Podemos enunciar o seguinte teorema com base nos dois exemplos anteriores.

304
12.8.3 – Oscilador Harmônico Forçado
Considere o seguinte oscilador harmônico forçado

mx  Fo cos( wt )  kx (12. 249)

Chamando de

k
o 2  (12. 250)
m

logo

Fo
x  o 2 x  cos(wt ) (12. 251)
m

305
12.8.4 – O Movimento de um Pêndulo Simples
O pêndulo simples consiste em uma massa m presa a um fio de comprimento l e
massa desprezível com uma extremidade presa a um ponto fixo. Quando deslocado de um
ângulo  de sua posição de equilíbrio e solto, inicia-se um movimento pendular (este
movimento é peródico e oscilatório).
Considere as forças que atuam em um corpo de massa m suspenso por um fino fio
(ou haste) inextensível de comprimento l e massa desprezível, sujeito a uma tensão T em
oposição a força vertical, P = mg, devido a ação da gravidade. Se  é o deslocameto angular
do fio a partir de vertical, a 2ª Lei de Newton nos fornece as equações:

my  mg  T cos
(12. 252)
mx  T sen 
Eliminando-se T e lembrando que:

x  l sen 
(12. 253)
y  l cos

Obtemos a equação do pêndulo:

g
  sen   0 (12. 254)
l

Que é uma equação diferencial de 2ª ordem.

306
12.8.5 – Circuito Elétrico RLC
Dado o circuito

Figura - 12. 5

onde R, I, L e E é definido de forma idêntica ao problema anterior acima e C é a capacitância.


Q
Sabe-se que a queda de potencial através da capacitância C é VC  , onde Q é a carga na
C
capacitância. Pela lei de Kirchoff temos:

dI Q
L  RI   E (12. 255)
dt C

Mas

dQ
I (12. 256)
dt

Então

d 2Q dQ Q
L 2 R  E (12. 257)
dt dt C

que é uma equação linear de 2ª ordem.

307
12. 10 - Equações Diferenciais Homogêneas com Coeficiente
Variáveis

308
12.6.1 – Metodologia de Solução das Equações Diferenciais Homogêneas com
Coeficiente Variáveis

309
12. 11 - Método das Funções de Green

310
12. 12 - Equações de Sturm-Liouville

Um problema de Sturm-Liouville é caracterizado por uma equação diferencial do


tipo:

d  d 
 p ( x )   x    s ( x )  x    r ( x )  x   0 (12. 258)
dx  dx 

O operador de Sturm-Liouville é portanto definido como:

d  d 
L  
dx 
p ( x)   s ( x)
dx 
(12. 259)

onde

L   x    r ( x )  x  (12. 260)

e  são os auto-valores e    x  as auto-funções.

Considerando,

1  2  3  ...n  ... (12. 261)

Chamamos de espectro de L .
O operador de Sturm-Liouville é um operador auto-adjunto o que implica que
seus auto-valores são reais, ou seja as grandezas a eles relacionados são observáveis. Pois
considera-se que números imaginários puros são grandezas não-observáveis.

311
12.10.1 - Teorema - 1

Considere    x  uma família livre de funções formando por um conjunto de

auto-funções ortogonais, onde

   x  ,   x    A     
' ' (12. 262)

Então

   x  r  x    '  x  (12. 263)

Se

 ' (12. 264)

Prova
Consideremos duas funções quaisquer onde vale:
i)  m  x 

L  m  x   m r ( x ) m  x  (12. 265)

e
ii)  n  x 

L  n  x   n r ( x) n  x  (12. 266)

Multiplicando a primeira equação por  n  x  e a segunda equação por  m  x  e subtraindo as

equações resultantes

 n  x  L  m  x   m  x  L  n  x    n  x  m r ( x) m  x   m  x  n r ( x) n  x 
(12. 267)

e integrando em um intervalo de  a; b temos:

b b

  n  x  L  m  x   m  x  L  n  x dx    n  x  m r ( x) m  x   m  x  n r ( x) n  x  dx


a a (12. 268)

ou
b b
(12. 269)
  n  x  L  m  x   m  x  L  n  x dx   m r ( x) n  x  m  x   n r ( x) m  x  n  x  dx
a a

312
ou ainda
b b

   x  L   x    x  L   x dx   
a
n m m n m  n   r ( x) n  x  m  x dx
a
(12. 270)

Como as funções são ortogonais entre si podemos escrever a partir de ( ) que:


b b

   x  L   x    x  L   x dx   
a
n m m n m  n   r ( x) nm dx
a
(12. 271)

Integrando o lado esquerdo por partes temos:

   x  L   x    x  L   x dx 
a
n m m n

b
d  x  b
d  x  d m  x 
 n  x p  x m   p  x n (12. 272)
dx a a dx dx
b
d  x  b
d  x  d n  x 
 m  x  p  x  n   p  x m
dx a a dx dx

Substituindo ( ) em ( ) temos:
b
d m  x  b
d  x  d m  x 
 n  x p  x   p  x n
dx a a dx dx
b
(12. 273)
d n  x  b
d m  x  d n  x  b
 m  x  p  x   p  x   m  n   r ( x) nm dx
dx a a dx dx a

Escolhendo as condições de contorno:


1) DIRICHLET (homogênea)

 n  a    n  b   0 n (12. 274)

Então:
b
0   m  n   r ( x) nm dx (12. 275)
a

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313
 n  x  r  x   n  x  (12. 276)

2) NEUMANN (homogênea)

d n  a  d n  b 
  0 n (12. 277)
dx dx

Então:
b
0   m  n   r ( x) nm dx (12. 278)
a

logo

 n  x  r  x   n  x  (12. 279)

3) MISTA (não-homogênea)

d n  a  
 n a  0 
dx
 n (12. 280)
d n  b  
 n b   0
dx 

Então:
b
0   m  n   r ( x) nm dx (12. 281)
a

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 n  x  r  x   n  x  (12. 282)

4) COMPLETA= DIRICHLET + NEUMANN (homogênea)

 n  a    n b 

d n  a  d n  b  
  n (12. 283)
dx dx 
p  a   p b 

Então:

314
b
0   m  n   r ( x) nm dx (12. 284)
a

logo

 n  x  r  x   n  x  (12. 285)

Teorema - 2

Se um conjunto de funções  n  x  são ortogonais entre si e são conjunto

completo. Logo as funções  n  x  ' s formam uma base  n  x  de um espaço funcional

(espaço vetorial de funções)

315
12. 13 - Método de Taylor

Suponhamos uma equação diferencial do tipo:

A  x  y ''  x   B  x  y '  x   Cy  x   0 (12. 286)

onde A  x  , B  x  são polinômios.

Chamando de:

B  x C
p  x  e q  x  (12. 287)
A x A x

teremos:

y ''  x   p  x  y '  x   q  x  y  x   0 (12. 288)

Se o novo polinômio p  x  não apresenta singularidade de 1ª ordem (pólo de 1ª ordem) e

q  x  não apresenta pólo de 2ª ordem então esta equação diferencial pode ser resolvida por

expansão em série de potências ou melhor dizendo em Série de Taylor, da seguinte forma:



n
y  x    an  x  xo  (12. 289)
n 0

316
12.11.1 – Equação Diferencial de Euler
Suponhamos que a equação diferencial que satisfaz as condições acima seja uma
equação do tipo:
2
 x  xo  y ''  x   po  x  xo  y '  x   qo y  x   0 (12. 290)

chamada de equação de Euler.


Nós podemos analisar os limites de:
2
lim  x  xo  p  x  e lim  x  xo  q  x  (12. 291)
x  xo x  xo

vemos que neste caso temos:

lim po  po e lim qo  qo (12. 292)


x  xo x  xo

os polinômios são analíticos em x  xo pois os limites são finitos e bem determinados.


Resolvendo a equação diferencial por Série de Taylor temos:

n
y  x    an  x  xo  (12. 293)
n 0

onde as derivadas são:



n 1
y '  x    nan  x  xo  (12. 294)
n0

e

n2
y ''  x    n  n  1 an  x  xo  (12. 295)
n 0

Substituindo ( ), ( ) e ( ) na equação ( ) temos;


  
2 n2 n 1 n
 x  xo   n  n  1 an  x  xo   po  x  xo   nan  x  xo   qo  an  x  xo   0
n0 n0 n0 (12. 296)

reescrevendo temos:
  
n n n
 n  n  1 a  x  x 
n 0
n o  po  nan  x  xo   qo  an  x  xo   0
n 0 n0
(12. 297)

317
Para que a soma destes termos seja nula é preciso que a soma dos coeficientes
correspondentes de cada potência de x também seja nula, logo:

n
  n  n  1 a
n 0
n  po nan  qo an   x  xo   0 (12. 298)

logo

n  n  1 an  po nan  qo an  0 (12. 299)

ou ainda

n  n  1  po n  qo  0 (12. 300)

logo teremos uma equação indicial que será válida para toda equação do tipo Euler.

n 2  1  po  n  qo  0 (12. 301)

Resolvendo esta equação indicial temos:

2
 1  po   1  po   4.1.qo
n (12. 302)
2

teremos três casos a considerar:


Quando as raízes da equação acima forem:
1) n1  n2 teremos:

2
1  po   4.1.qo  0 (12. 303)

logo
n n2
y1  x   C1  x  xo  1 e y2  x   C2  x  xo  (12. 304)

Com

F  n    n  n1  n  n2   0 (12. 305)

Portanto, o Wronskiano de y1 , y2 será:

r  r2
W  y1 , y2    r2  r1  x  xo  1 0 (12. 306)

Pois r1  r2 , portanto, y1  x  e y2  x  são L. I. logo a solução geral será:

318
n n2
y  x   C1  x  xo  1  C2  x  xo  (12. 307)

2) n1  n2   teremos:

2
1  po   4.1.qo  0 (12. 308)

logo
 
y1  x   C1  x  xo  e y2  x   C2  x  x  xo  (12. 309)

com
2
F  n    n  n1  n  n2    n     0 (12. 310)

onde C2  x  é calculado pelo método da variaçào das constantes ou Método de Abel. Onde

x
1  p  x  dx
C  x   2
e  dx (12. 311)
0  y1  x  

como

po
p  x  (12. 312)
 x  xo 
então:
x
po
 p  x  dx   0  x  xo 
dx  po ln  x  xo  (12. 313)

logo
 po

C  x  
x
1
e
 po ln  x  xo 
dx  
 x  xo  dx
2 2 (12. 314)
0  y1  x    x  xo 

e
 po  2 
C  x     x  xo  dx (12. 315)

mas
2
1  po   4.1.qo  0 (12. 316)

319
1  po 
 (12. 317)
2

logo

1  po   1
 po  2 (12. 318)
2

Então

dx
C  x    ln  x  xo  (12. 319)
 x  xo 
Portanto,

y2  x   ln  x  xo  x  xo  (12. 320)

Portanto, a solução geral será:


 
y1  x   C1  x  xo   C2 ln  x  xo  x  xo  (12. 321)

3) n1  n2 * (raízes complexas) teremos:

2
1  po   4.1.qo  0 (12. 322)

logo
 i  i 
y1  x   C1  x  xo  e y2  x   C2  x  x  xo  (12. 323)

com
2
F  n    n  n1  n  n2    n    i   (12. 324)

Portanto a solução geral será:


 i  i 
y  x   C1  x  xo   C2  x  x  xo  (12. 325)

Ou ainda

 i  i
y  x    x  xo  C1  x  xo   C2  x  x  xo   (12. 326)
 

Ou

320
  i  log  x  xo   i  log  x  xo 
y  x    x  xo  C1e  C2  x  e  (12. 327)

Usando a fórmula de Euler temos:



y  x    x  xo   C1  C2  cos   log  x  xo    i  C1  C2  sen   log  x  xo   
(12. 328)

Ou

y  x    x  xo   A cos   log  x  xo    iB sen   log  x  xo    (12. 329)

321
12. 14 - Método de Frobëniüs

Agora vamos estudar um método mais geral para solução de equações diferenciais
do tipo:

A  x  y ''  x   B  x  y '  x   C  x  y  x   0 (12. 330)

onde A  x  , B  x  e C  x  são polinômios.

Chamando de:

B  x C  x
p  x  e q  x  (12. 331)
A x A x

teremos:

y ''  x   p  x  y '  x   q  x  y  x   0 (12. 332)

322
12.12.1 - Teorema de Fucks

Nesta equação diferencial onde o polinômio p  x  pode apresentar no máximo

uma singularidade simples (pólo de 1ª ordem) e o polinômio q  x  pode apresentar no

máximo um pólo de 2ª ordem para que seja solúvel pelo “Método de Frobenuis”
A equação diferencial pode ser resolvida por expansão em série de potências do
tipo:

r n
y  x    x  xo  a x  x 
n o (12. 333)
n0

Que é chamado de Método de Frobenius desde que encontramos os limites:


2
lim  x  xo  p  x  e lim  x  xo  q  x  (12. 334)
x  xo x  xo

com valores finitos


Portanto, se xo é ponto singular regular usa-se o método de Frobenius. Mas se

por outro lado, p  xo  e q  xo  são finitos, logo xo é ponto ordinário então emprega-se o

Método de Taylor. Conclui-se, portanto, que este método é uma extensão de resolução por
Série de Taylor. Ou seja, o Método de Frobenius coloca apenas explicitamente a singularidade
sob a forma de potência e faz uma expansão em série em torno dela. Portanto, vale os
seguintes casos:
1) y  x  é analítica em um ponto x  xo e é diferente de zero. Portanto, r  0 , recaindo no

Método de Taylor.
2) y  x  é analítica em um ponto x  xo e possui zero de ordem m. Portanto, r  m (inteiro

positivo).
3) y  x  possui pólo de ordem m em um ponto x  xo . Portanto, r  m (inteiro negativo).

4) y  x  possui ponto de ramificação em um ponto x  xo . Portanto, r é racional ou

irracional.

323
12. 15 - Equações, Polinômios e Funções Especiais que são
Soluções de Equações Diferenciais

12.13.1 - Função de Hipergeométrica


Em muitos problemas de Física encontramos equações diferenciais que foram
estudadas por, Bessel, Legendre, Laguerre, Hermite, as quais podem ser escritas de forma
genérica numa única equação diferencial chamada de Equação Diferencial Hipergeométrica,
da seguinte forma:

x (1  x) y ''  x         1 x  y '  x    y ( x)  0 (12. 335)

da qual as outras equações poderão ser deduzidas bastando apenas escolher convenientemente
os valores para as constantes,  ,  e  . Vejamos:
A equação de Bessel aparece quando trabalhamos em coordenadas cilíndricas, e
pode ser escrita a partir da Equação Hipergeométrica bastando apenas escolher:

324
12.13.2 - Equações, Polinômios e Funções de Lagrange

325
12.13.3 - Equações, Polinômios e Funções de Legendre

326
12.13.4 - Equações, Polinômios e Funções de Laguerre

327
12.13.5 - Equações, Polinômios e Funções de Hermite

328
12.13.6 - Equações, Polinômios e Funções de Gauss

329
12.13.7 - Equações, Polinômios e Funções de Laplace

330
12.13.8 - Equações, Polinômios e Funções de Bessel
A equação diferencial de Bessel aparece quando expressamos alguns problemas
da Física (Onda, Difusão, etc) na forma de equações diferenciais em coordenadas cilíndricas.
O termo das equações diferenciais responsáveis pelo aparecimento da chamda “Equação
Diferncial de Bessel”em coordenadas cilíndricas é o Laplaciano (2).
Em coordenadas cilíndricas:

1     1  2  2
2
 r    (12. 336)
r r  r  r 2  2 z 2

Desnvolvendo o termo dependente de r:

 2 1  1  2  2
2
 2    (12. 337)
r r r r 2  2 z 2

Multiplicando tudo por r2 temos:

2 2  2  2    2 2
2  
r    r 2
r  r (12. 338)
 r r   2 z 2

Como na maioria das equações diferenciais temos termos proporcionais a função


 (3) então aparecerá para a coordenada r a seguinte equação:

 2 
r
r
2
2
r
r

 r 2  v2   0  (12. 339)

Chamada de “Equação de Bessel”.


Para resolvê-la basta aplicar o “Método de Frobenius”, ou seja, tentar uma solução
do tipo:

 (r )  r s  an r n (12. 340)
n 0

Fazendo as derivadas temos:

3
As equações diferenciais que aparecem na Física algumas delas podem ser reduzidas a equação Helmholtz
 2  k 2
331
 (r )
  n  s an r n s 1 (12. 341)
r n0

 2 (r )
2
  n  s  1n  s a n r n s 2 (12. 342)
r n 0

Substituindo na equação diferencial

r 2  n  s  1n  s a n r n s 2  r  n  s a n r n  s 1  r 2  v 2   a r n
n s
0
n 0 n 0 n 0 (12. 343)

Reescrevendo temos:

 n  s  1n  s an r n s   n  s a n r n s   a n r n s  2  v 2  a n r n s  0
n0 n0 n0 n 0 (12. 344)

Expandindo os dois primeiros termos, das duas primeiras séries e da última:

s  1sa o r s  s( s  1)a1r s 1   n  s  1n  s a n r n s  sa o r s  ( s  1)a1r s1 


n2

  n  s a n r n s
 ...   a n r n  s  2  v 2 a o r s  v 2 a1 r s 1  v 2  a n r n s  0 (12. 345)
n 2 n0 n 0

Fazendo n = m + 2, ou seja, m = n – 2 temos:

s  1sao r s  s(s  1)a1r s 1   m  2  s  1m  2  s a m 2 r m 2 s 


m 0
s
 sa o r  ( s  1)a1 r s 1
  m  2  s a m 2 r m 2 s  ... (12. 346)
m 0

  a n r n  s  2  v 2 a o r s  v 2 a1 r s 1  v 2  a m 2 r m  2  s  0
n0 m 0

Como m é um índice de soma, podemos retornar ao índice n, ficando com:

s  1sao r s  s( s  1)a1r s 1   n  2  s  1n  2  s an2 r n2 s 


n0
s
 sao r  ( s  1)a1r s 1
  n  2  s a n  2 r n  2 s  ... (12. 347)
n0

  a n r n  s  2  v 2 ao r s  v 2 a1r s 1  v 2  a n  2 r n  2 s  0
n 0 n0

332
Como as funções potenciais são ortogonais (Linearmente Independentes) a soma de cada
potência deve ser nula, portanto:

s  1s  s  v a  0  s  v a  0 (n  0)
2
o
2 2
o

s(s  1)  (s  1)  v a  0  (s  1)  v a  0
2
1
2 2
1 (n  1) (12. 348)
n  1  s n  2  s   n  2  s   v a  a  0
2
n2 n ( n  2)

Logo, cancelando os coeficientes ao e a1 e reescrevendo temos:

s2  v2 ( n  0)
s 2  2s  1  v 2  0 (n  1) (12. 349)
n  2  s n  1  s   1  v 2 an2  an  0 ( n  2)

ou

s2  v2 ( n  0)
s 2  2s  1  v 2  0 (n  1) (12. 350)
n  2  s  2

 v 2 an2  a n  0

Como ao pode ser escolhido arbitráriamente igual a unidade, ao = 1, e as raízes


serão:

s1  v 
 p /( n  0) (12. 351)
s 2  v 

Logo, da segunda equação termos que para a1=0,

s 2  2s  1  v 2  0 (n  1)
 2  4  4.1.(1  v 2 )
s
2
 2  4  4(1  v 2 )
s
2 (12. 352)
 2   4v 2
s
2
s  1  v 2
s  1  v

Vejamos agora os coeficientes das outras potências de r onde teremos uma


fórmula de recorrência para para os an’s da solução da equação diferencial:

333
 an
an2  (12. 353)
n  2  s 2  v 2
Pela fórmula de recorrência concluímos que para todos os índices ímpares os an
serão nulos, porque dependem de a1 que foi escolhido igual a zero. Portanto, só termos os na
com índices pares. Logo, fazendo n = 2m, podemos escrever:

 a2m
a 2 m 2  (12. 354)
2m  2  s 2  v 2
i) Tomando em primeiro lugar a raiz s1  v temos:

 a2m
a 2 m 2  (12. 355)
2m  2  v 2  v 2
Ou ainda

 a2m
a 2 m 2  (12. 356)
2m  2  v  v 2m  2  v  v 
Logo

 a2m
a2 m 2  (12. 357)
2m  2  2v 2m  2 
ou

 a2m
a2 m 2  (12. 358)
2 m  1  v m  1
2

Desenvolvendo temos:

1 1 1
a2 m 2  ...
2 m  1  v m  1 2 m  v m  2 m  1  v m  1
2 2 2
(12. 359)
1
2 1  v 
2

Logo podemos escrever:

a2 m 2 
 1m
(12. 360)
2 2 m m  1  v !m  1!

Portanto a solução para s1  v é:

334
v

 1n
 (r )  r  2 2n n  1  v !n  1!r 2n (12. 361)
n 0

ii) Tomando em primeiro lugar a raiz s1  v temos:

 a2m
a 2 m 2  (12. 362)
2m  2  v 2  v 2
Ou ainda

 a2m
a2 m 2  (12. 363)
2m  2  v  v 2m  2  v  v 
Logo

 a2m
a2 m 2  (12. 364)
2m  2  2v 2m  2
ou

 a2m
a2 m 2  (12. 365)
2 m  1  v m  1
2

Desenvolvendo temos:

1 1 1
a2 m 2  ...
2 m  1  v m  1 2 m  v m  2 m  1  v m  1
2 2 2
(12. 366)
1
2 2 1  v 

Logo podemos escrever:

m
a2 m 2  2 m
 1
(12. 367)
2 m  1  v !m  1!

Portanto a solução para s1  v é:

 (r )  r v 

 1n r 2n (12. 368)
n0 2 n  1  v !n  1!
2n

Concluindo a solução geral da equação diferencial de Bessel é:

335
 (r )  C1v (r )  C 2 v (r ) (12. 369)

No caos de v  Z temos que representar o termo n  1  v ! Pela função Gama. Isto pode
ser feito porque ao é arbitrário e pode ser escolhido como:

1
ao  (12. 370)
 (v  1)

Logo a solução será:

v

 1n
  v (r )  r  2 2n n  1! n  1  v r 2n (12. 371)
n 0

336
12.13.9 - Fórmula de Rodrigues para a Função de Bessel
A fórmula de Rodrigues para a função de Bessel é dada por:

n
J n 1 ( x)  J n ( x )  J ' n ( x) (12. 372)
x

Logo
i) Para n = 0 temos:

J 1 ( x)   J '0 ( x ) (12. 373)

ii) Para n =1 temos:

1
J 2 ( x)  J 1 ( x)  J '1 ( x) (12. 374)
x

Usando ( ) em ( ) temos:

1
J 2 ( x)   J 0 ( x)  J ' '0 ( x) 
x
1 d  d  d 
J 2 ( x)   J 0 ( x)     J 0 ( x )  (12. 375)
x dx  dx  dx 
 1 d  d  d 
J 2 ( x)       J 0 ( x )
 x dx  dx  dx 

Vamos calcular o seguinte produto de operadores:

 1 d  1 d  1  d  1  d 1  d  d 
           
 x dx  x dx  x  dx  x  dx x  dx  dx 
(12. 376)
1  1  d 1  d  d 
   2     
x  x  dx x  dx  dx 

Se multiplicarmos tudo por x2 temos:

2
 1 d  1 d  x  1  d 1  d  d 
x2           
 x dx  x dx  x  x 2  dx x  dx  dx 
(12. 377)
 1  d  d  d 
       
 x  dx  dx  dx 

Portanto,

337
2  1 d  1 d 
J 2 ( x)   1 x 2    J o ( x) 
 x dx  x dx 
2 (12. 378)
2 2 1d 
J 2 ( x)   1 x   J o ( x)
 x dx 

Por indução temos:

n
n n 1
d 
J n ( x)   1 x   J o ( x) (12. 379)
 x dx 

338
12.13.10 - Fórmula Integral para a Função de Bessel

Partindo da equação ( ) e somando J n1 ( x ) dos dois lados desta equação temos:

n
J n 1 ( x)  J n 1 ( x)  J n ( x)  J ' n ( x)  J n 1 ( x) (12. 380)
x

Como

n
J n 1 ( x)  J n ( x )  J ' n ( x) (12. 381)
x

339
12. 16 – Exemplos e Aplicações

340
12. 17 - Exercícios e Problemas

341
Capítulo – XIII
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
ORDINÁRIAS LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição de equações diferenciais de uma forma geral,
sua classificação quanto ao grau, a ordem, as variáveis, etc. A análise de um sistema de
equações diferencias pela teoria de auto-valores será feita e utilizando também a linearização
pelo processo de Lyapunov como também a análise de seu espaço de fase

13. 1 - Introdução

Para se resolver equações diferenciais, ou sistemas de equações diferenciais, não


existem um único método definido. Portanto, dependendo do tipo de equação diferencial
adota-se um método cuja função solução da equação diferencial, corresponda a uma expansão
em uma série de funções conhecidas, ou cujas funções que são soluções do sistema de
equações diferenciais, correspondam a expansão em uma série de funções conhecidas, tais
como, a Série de Potências, a Série de Laplace, a Série de Fourier. Isto de tal forma que o
sistema original de equações diferenciais seja transformado em um sistema algébrico cuja
solução possui métodos definidos.

342
13. 2 - Definição de Sistema de Equações Diferenciais Ordinárias
Lineares

343
13. 3 -Aplicação do Problema de Auto-Valor na Solução de
Sistemas de Equações Diferenciais

Vamos a partir de agora resolver alguns problemas de equações diferenciais


importantes, utilizando o método de solução por auto-valores e auto-vetores.

13.3.1 - O Pêndulo Simples


Seja uma partícula de massa m suspensa por um fio inextensível de comprimento
l, sob a ação da força gravitacional, conforme mostra a Figura - 13. 1.

Figura - 13. 1.

De acordo com a 2ª Lei de Newton, temos:

 
d 2r
 F k  m dt 2 (13. 1)


Tendo em vista o comprimento fixo do fio, a posição r da partícula é dada apenas pela
coordenada  correspondente ao ângulo de inclinação do pêndulo. Logo,

r  xiˆ  yˆj (13. 2)

Considerando as coordenadas polares temos:

x  l cos
(13. 3)
y  l sen 

Onde

r  x 2  y 2  l 2 (cos 2   sen 2  )
(13. 4)
r l
Em coordenadas polares temos:

344
( x, y )  (r  l , ) (13. 5)

Logo

r  lrˆ (13. 6)

Figura - 13. 2.

Portanto, a velocidade do pêndulo é:



dr drˆ
l (13. 7)
dt dt

Como drˆ / dt  ˆ temos:



dr
 lˆ (13. 8)
dt

E a aceleração é:
 
 dv d 2 r
a  2  lˆ (13. 9)
dt dt

Portanto,

T  mg cos  0
 (13. 10)
mg sen   ml

Simplificando temos:

T  mg cos

  g (13. 11)
  l sen 

Transformando essa equação diferencial em um sistemas de equações diferenciais temos:

345
x    x  y  
 
  g (13. 12)
 y    
y  sen x  
  l

Este sistema de equações possui solução elíptica (a solução depende dela mesma),
portanto ele deve ser linearizado em torno dos seus pontos críticos (ou também chamados de
pontos fixos).

Determinação dos Pontos Críticos

Os pontos críticos são “pontos de equilíbrio dinâmico” obtidos quando as


derivadas primeiras são nulas, portanto:

 x  0  x  y  0  x  n
  
  g  ,n Z (13. 13)
 y  0  
y  sen x  0 y  0
 l 

Portanto, esses pontos são dados pelo conjunto:

(0,0); ( ,0);(2 ,0); (3 ,0);...(n ,0);, n  Z (13. 14)

A partir dessas informações podemos desenhar o espaço de fase:

Figura - 13. 3.

Para linearizar a equação devemos expandir as funções f(x,y) e g(x,y) em série de


Taylor da seguinte forma:

f  f 
f ( x, y )  f ( xo , y o )   ( x  xo )   ( y  yo ) 
x  xo ,yo y  x
o , yo

1 2 f  1 2 f  1 2 f  (13. 15)
 ( x  xo ) 2   ( y  yo ) 2   ( x  xo )( y  yo )  ....
2 x 2  xo ,yo 2 y 2  xo ,yo 2 xy  x ,y
o o

346
Linearizando em torno do Ponto (0,0)

O resultado da expansão fornece:

 x  y  

 g g (13. 16)
 y  l [ x   ( x )]  l x
3

Supondo uma solução do tipo:

 x  q1e rt  x  rq1e rt  q2 e rt
 
  g (13. 17)
 y  rq2 e  q1e
rt rt
 rt
 y  q2e  l

Cancelando os termos semelhantes e rearranjando esses termos temos:

rq1  q 2 0q1  q2  rq1


 
 g  g (13. 18)
rq2  l q1  l q1  0q2  rq2

Colocando em forma de matrizes temos:

 0 1  q   q 
 g  1 r 1 (13. 19)
 0  q2  q2 
 l 

Aplicando o problema de auto-valores o determinante é dado por:

0  r 1 
det  g   r2  q/l  0
  0  r 
 l  (13. 20)
2
r  q/l
r  i q / l

Logo, os auto-valores imaginários são:

r1  i q / l
(13. 21)
r2  i q / l

347
Observe que quando os auto-valores são imaginários as soluções do problema são do tipo
oscilatórias ( e vice-versa)
Portanto,

 x  q1e i g / lt
 q1e i g / lt
 2q1 cos( g / l t )
 (13. 22)
 y  q 2 e i g / lt
 q 2 e i g / lt
 2q2 cos( g / l t )

Linearizando em torno do Ponto (0,)

Expandindo novamente em Série de Taylor agora em torno do ponto (,0), temos:

 f ( x, y )  0  ........................  y
 (13. 23)
 g ( x, y )  0  ( g / l )( x   )  ...  ( g / l )( x   )

Fazendo uma transformação de variáveis onde

  x  ; x   x (13. 24)

Temos:

  y  x  y
  (13. 25)
 y  ( g / l )  y  ( g / l ) x

Com auto-valores reais com sinais opostos

r1   q / l
(13. 26)
r2   q / l

Estes auto-valores determinam um ponto de sela.


Finalmente desenhado o Espaço de fase temos;

348
13.3.2 - O Modelo de Lotka-Volterra
O modelo de Lotka-Volterra é um modelo do tipo predador-presa

 x'   (1  y ) x  f ( x, y )
 (13. 27)
 y '  v(1  x) y  g ( x, y )

Seus pontos fixos são dados por:

 (1  y ) x  0
 (13. 28)
 v(1  x) y  0

Os quais são os pontos: (0,0) e (1,1):

I) Linearizando em torno do Ponto (0,0)

Expandindo as funções f(x, y) e g(x, y) em Série de Taylor temos:

 f ( x, y )  0  x  0   ( x 2 , y 2 )  ...  x
 (13. 29)
 g ( x, y )  0  vy  0   ( x 2 , y 2 )  ...  vy

Logo podemos propor a seguinte solução:

 x'  x  x  q1e  t
  (13. 30)
 y '  vy  y  q 2 e t

Obtendo e simplificando os termos

q1e t  q1e t q1  q1


   (13. 31)
q2 e t  vq2 e t q 2  vq2

Colocando na foram matricial

 0   q1  q 
       1  (13. 32)
0  v  q 2  q 2 

Cujo determinante

349
   0 
det   0  (    )(v   )  0
 0  v    (13. 33)
2  (   v)  v  0

os auto-valores são:

1   ; 2  v (13. 34)

Cálculo do auto-vetores para os auto-valores 1 e 2 no ponto crítico (0,0)

- Para o auto-valor 1

1  
(13. 35)
q1  q1 ;  vq2  q2

O auto-vetor é do tipo:

1 
eˆ1     (13. 36)
0 

- Para o auto-valor 2

2  v
q1  vq1  q1  0 (13. 37)
 vq2  vq2  q 2  q2 q2  R

O auto-vetor é do tipo:

0 
eˆ2     (13. 38)
1 

Portanto a solução é:

 x 1 t 0 vt


 y     0  e   1  e (13. 39)
     

Cujo espaço de fases fornece:

350
Figura - 13. 4.

II) Linearizando em torno do Ponto (1,1)

Expandindo as funções f(x, y) e g(x, y) em Série de Taylor temos:

 f ( x, y )  0   ( y  1)  0   ( x 2 , y 2 )  ...    ( y  1)
 (13. 40)
 g ( x, y )  0  v( x  1)  0   ( x 2 , y 2 )  ...  v( x  1)

Fazendo

x  1  x
 (13. 41)
y 1 y

Logo podemos propor a seguinte solução:

 t
 x'   x  x  q1e
  (13. 42)
 y '  vy  y  q2 e t

Obtendo e simplificando os termos

q1e t   q 2 e t q1   q2


   (13. 43)
q2 e t  vq1e t q2  vq1

351
Colocando na foram matricial

 0     q1  q 
       1  (13. 44)
 v 0  q 2  q 2 

Cujo determinante

0    
det   0  2  v  0 (13. 45)
 v 0  

os auto-valores são:

1  i v ; 2  i v (13. 46)

Cálculo do auto-vetores para os auto-valores 1 e 2 no ponto crítico (0,0)

- Para o auto-valor 1

1  i v
(13. 47)
 q2  i vq1 ; vq1  i v q2

O auto-vetor é do tipo:

 1 
eˆ1    i v  (13. 48)
  

- Para o auto-valor 2

1  i v
(13. 49)
 q2  i v q1 ; vq1  i v q2

O auto-vetor é do tipo:

 1 
eˆ2   i v  (13. 50)
 
 

Portanto a solução é:
352
 1   1 
 x   t   vt
 y     i v  e     i v  e (13. 51)
   
 

Ou ainda podemos simplificar

 x  1  t  1  vt
 y    i  e    i  e (13. 52)
     

e wt  cos(wt )  isen( wt )


(13. 53)
e vt  cos(wt )  isen( wt )

Cujo espaço de fases fornece:

Figura - 13. 5.

Os sistemas caóticos são extremamente sensíveis as condições iniciais. E para


sistemas contínuos, o caos só ocorre se este sistema é tridimensional 3D.

353
13.3.3 - O Sistema de Massas e Molas Acopladas
Considere o exemplo do sistema massa-mola dado por:

Figura - 13. 6.

k1  k 2  k12  1
(13. 54)
m1  m2  1

Aplicando a 2ª Lei de Newton temos:


 
  ma
F (13. 55)

No corpo 1

m1 x1  k1 x1  k12 ( x1  x2 ) (13. 56)

No corpo 2

m2 x2   k12 ( x2  x1 )  k 2 x2 (13. 57)

Montando o sistema de equações temos:

 x' '1 2 x1  x2  0  x  q1e  t


  (13. 58)
x '
 2 1 '  x  2 x 2  0  y  q 2 e t

Temos:

2 q1  2q1  q2  0 2q1  q2  2 q1


 2  (13. 59)
 q 2  2q1  2q2  0  q1  2q2  2 q 2

354
Colocando na forma matricial temos:

 2  1  q1  q 
     2  1  (13. 60)
  1 2  q2  q 2 

Calculando o determinante do problema de auto-valor temos:

 2  2 1 
det   (2  2 ) 2  1 (13. 61)
2
 1 2 

Chamando de:

2  
(13. 62)
  i 
Logo

(2   ) 2  1   2  4  3
4  16  12  1  3 (13. 63)
 
2  2  1

retornando a  temos:

 11  i
3    i 3  2
 1  i
 2   (13. 64)
 12  i 3
1    i  2
 2  i 3

Os auto-valores para 1 =1 são:


1  1
eˆ1     ou eˆ1     (13. 65)
1  1

Os auto-valores para 2 =3 são:


1  1
eˆ2     ou eˆ2     (13. 66)
 1 1

Logo a solução é:

 x1  1 it 1 it 1 i  1


 x   1 1 e   2 1 e  1 1 e
3t
  2   e i 3t
(13. 67)
 2    1

355
Onde 1, 2, 1 e 2 arbitrários

Os autovalores de problemas dinâmicos vibratórios estão sempre associados a


freqüências naturais do fenômeno.

356
13. 4 - Matrizes Simétricas (AT = A)

Uma matriz é dita simétrica quando Aij  A ji

 
Αx  x (13. 68)

1) Se A é simétrica  os auto-valores são reais (’s  R)


2) Se A tem  de multiplicidade K  seus auto-vetores geram sub-espaço de dimensão K.
3) Se A possui auto-valores distintos  os auto-vetores são ortogonais entre si.

i) Se

1  2  3  v1  v2  v3 (13. 69)

ii) Se

1  2  3  v1  v3 ; v2  v3 mas v1  v2 (13. 70)

iii) Se

1  2  3  v1  v3  v2 (13. 71)

Figura - 13. 7.

357
13.4.1 - Teorema
Se os auto-valores j e k são distintos seus auto-vetores associados são
perpendiculares entre si.

Prova:
   
Ae j   j e j Aek  k ek
       
ek .( Ae j )  ek . j e j ( Aek ).e j  k ek .e j
T  T    T 
ek . Ae j   j ek .e j ( Aek )T .e j  k ek .e j
T  T  T  T 
ek . Ae j   j ek .e j ek AT .e j  k ek .e j
mas mas
A  AT A  AT
T  T 
ek . A e j   j  k j ek A.e j  k  k j
T  T  T 
ek A.e j  ek A.e j  (k   j )ek .e j  0
Mas
   
 k   j  ek  e j  0  e k  e j (13. 72)

358
13. 5 - Solução de Auto-Valores de Equações Diferenciais Não-
Homogêneas

Considere a seguinte equação vetorial


  
Ax  x  c (13. 73)

onde  é um parâmetro. Sabendo que:

 n   n 
x   a je j ; c  c je j (13. 74)
j 1 j 1

temos:

n
 n
 n

A a j e j    a j e j   c j e j (13. 75)
j 1 j 1 j 1

Supondo que A tem auto-valores ’s

n
 n
 n

A a j e j   a j Ae j   a j  j e j (13. 76)
j 1 j 1 j 1

Fica

n
 n

 j
(    ) a e
j j   c e (13. 77)
j 1  1

Então

( j   ) a j  c j
(13. 78)
j  1,2,3..., n

Com os seguintes casos:


i) Nenhum j = 

cj
aj   solução única (13. 79)
( j   )

ii) Existe um k =  (Multiplicidade 1)

ii.1)

359

cj c (13. 80)
ck  0  ak   k   ak
( k   ) 0

nenhum valor de ak satisfaz

0.ak  c1  não tem solução (sistema impossível) (13. 81)

ii.2)

0
ck  0  a k   ?  número ak satisfaz (13. 82)
0

(k  )a k  ck  a k é arbitrário


   (13. 83)
0 0

Portanto,

  n cj 
x  a k ek   (  )
ej
(13. 84)
j * 2 j

j*  1,2,...k  1, , k  1,...n

iii) k =  com multiplicidade p ( 1  2  .... p   ) se  c1 ,..., c2  0 não há solução

iv) Se

c1  c2  ...  0 (13. 85)

logo

    n cj 
x  a1e1  a2 e2  ...  a p e p  ...   (  )
ej (13. 86)
j *2 j

Solução indeterminada com p graus de liberdade (no. incógnitas > no. equações). Ver
exemplo 3 do livro no Capítulo - 11.

Ex.

360
13. 6 - Diagonalização

Vejamos o seguinte problema:


 
x '  Ax (13. 87)

Onde a matriz A é acopla as soluções das equações diferenciais. Vamos escolher uma
transformação Q, tal que:
 
x  Q~
x (13. 88)

Tal que substituindo em ( ) temos:


 
Q~x '  AQ~x (13. 89)

Logo
 
Q~
x '  AQ~
x (13. 90)

Pois queremos que exista uma transformação Q-1 de tal forma que:
 
Q 1Q~
x  Q 1 AQ~
x (13. 91)

Logo
 
Q 1Q~
x '  Q 1 AQ~
x (13. 92)

Portanto,
 
I~
x '  D~
x (13. 93)

Onde

D  Q 1 AQ (13. 94)

361
13.6.1 - Teorema
1) Uma matriz An x n é diagonalizável se e somente se A possui n auto-vetlores L. I.
2) Se uma matriz A possui auto-vetores L. I., eˆ1 , eˆ2 , eˆ3 ,...eˆn logo fazendo

Q  [eˆ1 eˆ2 eˆ3 ...eˆn ] temos que, D  Q 1 AQ é uma matriz diagonal e os auto-valores de A
são os valores da diagonal.

Prova
Se A é diagonalizável então A possui n auto-vetores L. I.

d11 0 .. 0 
0 d 22 .. 0 
D  Q AQ  
1  (13. 95)
 : : .. 0 
 
0 0 .. d nn 

Onde

 q11 q12 .. q1n  d11 0 .. 0 


q q22 .. q2 n   0 d 22 .. 0 
AQ   21   (13. 96)
 : : .. 0   : : .. 0 
  
 qn1 qn 2 .. qnn   0 0 .. d nn 

Ou

 q11d11 q12 d 22 .. q1n d nn 


q d .. q2 n d nn  
q 22 d 22
  q1d11  
AQ   21 11 q 2 d 22 .. qn d nn  (13. 97)
 : : .. 0 
 
 qn1d11 q n 2 d 22 .. qnn d nn 

Logo
     
AQ  Aq1 q2 .. qn    Aq1 Aq 2 .. Aq n  (13. 98)

Onde

362
 
Aq1  d11q1
 
Aq2  d 22 q2
(13. 99)
:
 
Aqn  d nn q n
  
Se os qi ’s são diferentes de zero ( qi  0 ) para i = 1, 2, ...., n então q são auto-vetores e são
 
L. I. porque Q possui inversa (não pode existir qualquer vetor qi  0 ). Se os qi ’s são L. D.
1
então não existe a inversa de Q ( 
Q QI)

A prova da volta da parte 1 do teorema.

Se A possui auto-vetores L. I. então A é diagonalizável.

Podemos definir Q  [eˆ1 eˆ2 eˆ3 ...eˆn ] a matriz Q é formada pelos vetores êi nas
colunas. Logo
     
AQ  Ae1 e2 .. en    Ae1 Ae2 .. Aen  (13. 100)

Por hipótese temos um problema de auto-vetores.


     
AQ  Ae1 e2 .. en   1e1 2 e2 .. n en   (13. 101)

Ou
1d11 2 d 22 .. n d nn   e11 e12 .. e1n  1 0 .. 0
 d 2 d 22 .. n d nn  e21 e22 .. e2 n   0 2 .. 0 
AQ   1 11   
 : : .. 0   : : .. 0   : : .. 0  (13. 102)
    
1d11 2 d 22 .. n d nn  en1 en 2 .. enn   0 0 .. n 

ou
AQ  QD (13. 103)

Multiplicando os dois lado por Q-1, temos:

Q 1 AQ  D (13. 104)

363
13.6.2 – Exemplo: Cinética Química
Considere duas espécies químicas X1, X2

k12

x1 
x2 (13. 105)
k 21

A cinética das reações são dadas por:

x'1   k 21 x1  k12 x2
(13. 106)
x'2  k 21 x1  k12 x2

A qual pode ser escrita de forma resumida


 
x '  Ax (13. 107)

Onde

 k k12 
A   21 (13. 108)
 k 21  k12 

Fazendo

~ 
x '  Qx (13. 109)

Logo
 
x '  Q 1 AQx (13. 110)

Onde

 
~ 0
x  1  (13. 111)
 0 2 

Calculado o determinante de A  I  0 temos:

(k 21   )(k12   )  k12 k 21  0
2  (k12  k 21 )  0
(13. 112)
[  (k12  k 21 ]  0
1  0 ; 2  (k12  k 21 )

364
 k  
1  0 : e1    12  
k 21    k12 1 
Q    (13. 113)
  1  k 21  1
2  (k12  k 21 ) : e2     
 1 

Logo
~
x '1  1~x1  0
~ (13. 114)
x ' 2  2 ~
x2  (k12  k 21 ) ~
x2

E
~
x1  C1
~ (13. 115)
x  C e ( k12 k21 )t
2 2

Portanto,

  x  k 1  C1 
x   1    12 (13. 116)
 x2  k 21  1 C2 e ( k12  k21 )t 

 x1   k12  C2 e  ( k12  k21 )t 


x    ( k  k ) t  (13. 117)
 2  C1k 21  C2 e 12 21 

Considerando que:

x1  1  x2 (13. 118)

Temos:

k12  C 2 e  ( k12  k21 )t  1  [C1k 21  C 2 e  ( k12  k21 )t ] (13. 119)

Logo

k12  1  C1k 21 (13. 120)

365
13.6.3 – Exemplo: Sistema Mecânico
Considere o sistema mecânico da Figura - 13. 8.

Figura - 13. 8.

O sistema de equações diferenciais que rege o movimento do sistema mecânico é


dado por:

k2 k
mx  (k1  )x  2 y (13. 121)
2 2

k2 k
my   x 2 y (13. 122)
2 2
e podemos escrever:
 
x ' ' Ax  0 (13. 123)

Onde

 2k1  k 2 k2 
 2m 
A   2m (13. 124)
k2 k2 
 
 2m 2m 

Fazendo

k1  3 ; k 2  4 ; m  1 (13. 125)

Temos:

6  4 4

A 2 2    5 2 (13. 126)
4 4  2 2
 
 2 2

Cujos auto-valores e auto-vetores são:

366
1 1 
1  1 ; eˆ1   
5   2
(13. 127)
1  2
2  6 ; eˆ1   
5 1 

E a matriz Q que diagonaliza A é dada por:

 1 2 
 5
Q 5 (13. 128)
2 1 
 
 5 5 

Então ficamos com:



~ 
x ' ' D~
x 0 (13. 129)

~x '' ~ x ~x  A1sen(t  1 )


~ ~   ~ (13. 130)
 y ' '  6 y  y  A2 sen( 6t  2 )

Portanto,

 1   2 
 5 sen (t  1 )   5 sen ( 6t   2 ) 
 x
 y  A1    A2   (13. 131)
  2 1
 sen(t  1 )   sen( 6t  2 )
 5   5 

Cujos modos normais de vibração são:

367
13. 7 - Formas Quadráticas

Seja a função

f ( x1 , x2 )  a11 x12  2a12 x1 x2  a22 x22 , (13. 132)

esta é chamada de forma quadrática em x1 e x2. Em geral temos:


 
f ( x1 , x2 ,..., xn )  x T Ax , (13. 133)

Se A éuma matriz diagonal, a forma quadrática é chamada de “canônica”. Há



casos em que é interessante transformar f na forma canônica. Considere a nova variável ~
x
onde:
 
x  Q~
x, (13. 134)

onde Q é uma matriz de transformação de coordenadas, logo


  
f ( x )  (Q~
x )T A(Q~
x), (13. 135)

E ainda
 T T   T ~
f (x)  ~
x (Q AQ ) ~
x~
x Dx , (13. 136)

Se A for simétrica então ao auto-vetores de A podem ser usados para formar Q onde:

1 0 .. 0
0  .. 0 
  
Q  e1 e2 .. en  e D 2  (13. 137)
: : : 
 
0 0 0 n 

Portanto,

f ( x )  1 ~
x12  2 ~
x22  ...  n ~
xn2 , (13. 138)

368
13.7.1 – Exemplo:
Considere a seguinte forma quadrática

f ( x1 , x2 )  3 x12  2 x1 x2  3 x22 , (13. 139)

Onde

3 1
A , (13. 140)
1 3

Cujos auto-valores e auto-vetores são:

1 1
1  4 ; eˆ1  
2 1
(13. 141)
1 1
2  2 ; eˆ1   
2  1

 1 1 
    ~
x
x   1   2 2   x1  (13. 142)
 x2   1 1   ~ 
  x2 
 2 2 

Portanto,

f (~
x1 , ~
x2 )  1 ~
x12  2 ~
x22 , (13. 143)

369
13.7.2 – Definição
T 
A função f ( x1 , x 2 ) é positiva (ou negativa) definida se x Ax  0 (< 0) para

x  0 . Observe que a matriz A é que comanda o sinal da forma quadrática.

13.7.3 – Teorema
Seja A uma matriz simétrica então A é positiva definida (ou negativa definida) se
todos os seus auto-valores são positivos (ou negativos).

13.7.4 – Exemplo – 4 (Flambagem)


Considere o sistema mecânico mostrado na Figura - 13. 9

Figura - 13. 9.

A energia potencial do sistema é dado por:

1 2 1 2 1 ( x  y) 2
V  kx  ky   pz , (13. 144)
2 2 2 2
Considerando o seguinte vínculo de:

z  L cos  L cos   L cos   3L , (13. 145)

Para  pequenos temos:

2
1 x 
cos  1   
2 L
2
1 y 
cos   1    , (13. 146)
2 L
2
1 x  y
cos   1   
2 L 

370
Portanto,

 5k P   5k P  k P
V ( x, y )     x 2     y 2     xy , (13. 147)
 8 L  8 L 4 L

Coma matriz A associada dada por:

 5k P k P
8 L 
8 2L  ,
A (13. 148)
k P 5k P 
   
 8 2L 8 L

Onde

3k  1 P  k3 P 
1     ; 2     , (13. 149)
2  3 kL  2  2 kL 

f é definida positiva se e somente se:

P 1
 , (13. 150)
kL 3

371
13. 8 – Exemplo e Aplicações

372
13. 9 – Exercícios e Problemas

373
Capítulo – XIV
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

NÃO-LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição de equações diferenciais de uma forma geral,
sua classificação quanto ao grau, a ordem, as variáveis, etc. A análise de um sistema de
equações diferencias pela teoria de auto-valores será feita e utilizando também a linearização
pelo processo de Lyapunov como também a análise de seu espaço de fase

14. 1 - Introdução

Para se resolver equações diferenciais, ou sistemas de equações diferenciais, não


existem um único método definido. Portanto, dependendo do tipo de equação diferencial
adota-se um método cuja função solução da equação diferencial, corresponda a uma expansão
em uma série de funções conhecidas, ou cujas funções que são soluções do sistema de
equações diferenciais, correspondam a expansão em uma série de funções conhecidas, tais
como, a Série de Potências, a Série de Laplace, a Série de Fourier. Isto de tal forma que o
sistema original de equações diferenciais seja transformado em um sistema algébrico cuja
solução possui métodos definidos.

374
14. 2 - Equações Diferenciais Não-Lineares

375
14. 3 – Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª Ordem

14.3.1 - Caso - 1
A Equação Diferencial é um polinômio em y’.

a ( x) y ' 2 b( x) y 'c( x) y  0 (14. 1)

Achar as raízes y '1 , y ' 2 ,... e procurar integrar cada uma delas. Vejamos o exemplo:

y ' 2 ( x  y ) y ' xy  0 (14. 2)

Resolvendo a equação do 2º grau pela fórmula de Báskara em y’temos:

( x  y )  ( x  y ) 2  4 xy ( x  y )  ( x  y ) (14. 3)
y'  
2 2
As duas raízes são:

y '1  x y '2  y (14. 4)

com soluções

x2
y1  C y 2  Ce x (14. 5)
2
Uma solução pode ser composta de ramos pertencentes a y1 e y2, bastando que se escolha as
constantes de forma que y1 ( xo )  y 2 ( xo ) e y '1 ( xo )  y ' 2 ( xo ) , isto é, no ponto xo as duas
soluções se unem de forma suave (com a mesma tangente).

Exemplos:

376
14.3.2 - Caso - 2
A Equação Diferencial é da forma

F(y’) = 0. (14. 6)

Então y’ é igual a cada constante ki solução de F(y’) = 0. Assim

dy
 ki (14. 7)
dx

ou

y  ki x  C (14. 8)

ou

yc
ki  (14. 9)
x

como

F (ki )  0 (14. 10)

Então

 y c
F 0 (14. 11)
 x 

É a solução geral.

Exemplos:

377
14.3.3 - Caso - 3
A Equação Diferencial é da forma:

x  f ( y' ) . (14. 12)

Faz-se,

y '  t ou y '  g (t ) (14. 13)

sendo g escolhido convenientemente. Então

x  f (t ) ou x  f ( g (t )  h(t ) , (14. 14)

Englobando ambos os casos. Daqui se tira

dx  h' (t )dt (14. 15)

E tem-se

dy  g (t )dx  g (t )h' (t )dt (14. 16)

Com o que

y   g (t )h' (t )dt  C , (14. 17)

Portanto, x e y são expressos parametricamente em termos de t.

Exemplos:

378
14.3.4 - Caso – 4
A Equação Diferencial é da forma:

y  f ( y') (14. 18)

Põe-se

y'  t (14. 19)

ou

y '  g (t ) (14. 20)

conforme se acha mais conveniente. Então

y  f (t ) ou y  f ( g (t ))  h(t ) (14. 21)

dy  h' (t )dt (14. 22)

Daqui tira-se que:

dy  g (t )dx (14. 23)

Ou

dy h' (t )dt
dx   (14. 24)
g (t ) g (t )

Integrando vem

h' (t )
x dt  C (14. 25)
g (t )

Que juntamente com

y  h(t ) (14. 26)

fornece a solução geral.

Exemplos:

379
14. 4 - Equações Diferenciais Lineares de 2ª Ordem

Se a Equação Diferencial é daquelas que se reduzem a 1ª ordem, conforme os


seguintes tipos:

 d 2 y dy 
  2 ,   0
 dx dx 
 d 2 y dy 
  2 , , x   0 (14. 27)
 dx dx 
 d 2 y dy 
  2 , , y   0
 dx dx 

Sua solução pode ser obtida por substituição

 dv 
 ,v   0
 dx 
 dv 
  , v, x   0 (14. 28)
 dx 
 dv 
  v , v, y   0
 dy 

que são de 1ª ordem em v. Supondo que v pode ser obtido, uma integração posterior levará à
solução do problema.
Note que: em , a sbstituição é:

d 2 y dv dv dy dv
   v (14. 29)
dx 2 dx dy dx dy

Exemplos:

380
1) Caso :

dy d 2 y
2a 1 (14. 30)
dx dx 2

Pondo-se

dy
v (14. 31)
dx

Obtém-se:

dv
2av 1 (14. 32)
dx

ou

d (v 2 ) 1
 (14. 33)
dx 2a

x
v2   C1 (14. 34)
2a

Sendo C1 a 1ª constante de integrassão (haverá uma segunda). Então:

x
v  C1 (14. 35)
2a

Mas

dy
v (14. 36)
dx

E assim

x
dy    C1 dx (14. 37)
2a

381
x
y    C1 dx  C2 (14. 38)
2a

Eis a segunda constante. Fazendo a integral

3/ 2
4a  x 
y   C1   C2 (14. 39)
3  2a 

382
2) Caso:

d2y dy
1 x
dx
2
2

 x 0
dx
(14. 40)

Faz-se

dy
v (14. 41)
dx

E então tem-se:

dv x
 v0 (14. 42)
dx 1  x 2  
Portanto,

dv xdx
 (14. 43)
v 1  x2  
Integrando outra vez


log v   log 1  x 2  C '1  (14. 44)

Ou

dy C1
v  (14. 45)
dx 1  x2

Integrando-se outra vez chega-se a

y  C1 senh 1 x  C 2 (14. 46)

383
3) Caso:

2
d2y  dy 
y 2 1   (14. 47)
dx  dx 

Com

dy
v (14. 48)
dx

d2y dv
 v (14. 49)
dx 2 dy

E então

dv
yv  1  v2 (14. 50)
dy

Ou

vdv dy
2
 (14. 51)
1 v y

Integrando temos:

1
 
 log 1  v 2  log y  C
2
(14. 52)

Ou


y  C1 1  v 2 
1 / 2
(14. 53)

Quadrando temos:

2

y 2  C1 1  v 2 
1
(14. 54)

Ou

y 2  C1
v (14. 55)
y2

384
E

dy y 2  C1
 (14. 56)
dx y2

ou

y dy
  dx (14. 57)
2
y  C1 dx

Integrando,

y 2  C1   x  C2 (14. 58)

Que é a solução.

385
14. 5 – Exemplos e Aplicações

386
14. 6 – Exercícios e Problemas

387
Capítulo – XV
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ORDINÁRIAS NÃO-LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a definição de equações diferenciais de uma forma geral,
sua classificação quanto ao grau, a ordem, as variáveis, etc. A análise de um sistema de
equações diferencias pela teoria de auto-valores será feita e utilizando também a linearização
pelo processo de Lyapunov como também a análise de seu espaço de fase

15. 1 - Introdução

Para se resolver equações diferenciais, ou sistemas de equações diferenciais, não


existem um único método definido. Portanto, dependendo do tipo de equação diferencial
adota-se um método cuja função solução da equação diferencial, corresponda a uma expansão
em uma série de funções conhecidas, ou cujas funções que são soluções do sistema de
equações diferenciais, correspondam a expansão em uma série de funções conhecidas, tais
como, a Série de Potências, a Série de Laplace, a Série de Fourier. Isto de tal forma que o
sistema original de equações diferenciais seja transformado em um sistema algébrico cuja
solução possui métodos definidos.

388
15. 2 - Sistema de Equações Diferenciais Ordinárias Não-Lineares

389
15. 3 - Exemplos e Aplicações

390
15. 4 - Exercícios e Problemas

391
Capítulo – XVI
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS
LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

16. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

16. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

392
16. 3 - Equações Diferenciais Parciais

393
16.3.1 – Comentários sobre o Método da Separação de Variáveis
Na solução de muitas equação diferenciais a derivadas parciais é usual empregar-
se o método de separação de variáveis, que consiste em admitir a função incógnita digamos
V  x, y, z  , seja um produto de funções de uma única variável.

V  x, y , z   X  x  Y  y  Z  z  (16. 1)

Com issom a equação a derivadas parciais original se transforma em tantas equações


ordinárias quantas forem as variáveis independentes; em muitos casos de interesse prático as
equações ordinárias obtidas não-lineares. Este comentário serve apenas para mostrar a
relevância do estudo de equações diferenciais ordinárias.

Exemplo

Suponhamos que a equação para a função incógnita V  x, y  seja a equação de

Laplace em duas dimensões:

 2V  2V
 2V  x, y    0 (16. 2)
x 2 y 2

Pelo método de separações de variáveis ordinárias supomos que V  x, y  passa a ser escrita na

forma:

V  x, y   X  x  Y  y  (16. 3)

Substituindo na equação ( ) obtemos:

2 X  2Y
Y  y  X  x  0 (16. 4)
x 2 y 2

Divindindo ( ) por X  x  Y  y  , obtemos:

1 2 X 1  2Y
 0 (16. 5)
X  x  x 2 Y  y  y 2

Ou

1 2 X 1  2Y
  (16. 6)
X  x  x 2 Y  y  y 2

394
Mas em ( ) o 1º membro é função apenas de x, enquanto que o 2º memebro depende apenas de
y. Sendo x e y independente, isso só é possível se cada um dos membros de ( ) for igual a uma
constante, k. Então obtemos as duas equações diferenciais ordinárias:

1 2 X
k
X  x  x 2
(16. 7)
1  2Y
 k
Y  y  y 2

395
16. 4 - Equação de Difusão

i) Caso 1D
Considere a temperatura u(x,t) em uma barra de comprimento, L.

Figura - 16. 1.

O fluxo de calor é proporcional ao gradiente de temperatura (Lei de Fourier), ou


seja,

T
q   2 (16. 8)
x

Figura - 16. 2

 (udx)
 q  (q  dq) (16. 9)
t

logo

 (u )
dx  dq
t
(16. 10)
 (u ) q
dx   dx
t x
Substituindo a equação (16. 8) em (16. 10) temos:
396
u  ( 2 u / x)

t x
(16. 11)
u  2u
2 2
t x

ii) Caso 2D e 3D
Para o caso bi e tridimensional temos:

u
  2 2u (16. 12)
t

Para resolver esta equação vamos utilizar o “Método da Separação de Variáveis”.


Este método so vale para problemas finitos ( (0  L ) . Nele supõe-se que:

u  X ( x)T (t ) (16. 13)

E substitui-se na equação:

 X ( x)T (t )
  2  2  X ( x)T (t ) (16. 14)
t

Logo

XT '   2 X ' 'T (16. 15)

Multiplicando tudo por  2 / XT

1 T ' X ''
  cte (16. 16)
2 T X
2
Suponde que a constante de proporcionalidade é tipo   k , onde k  R logo:

1 T ' X ''
2
  k 2 (16. 17)
 T X

Logo, ficamos com duas equações diferenciais:

397
T ' k 2 2T  0
(16. 18)
X ' ' k 2 X  0

A solução deste sistema de equações diferenciais parciais é:

 D  Ex, p / k  0
X  (16. 19)
 A cos(kx)  B sen(kx), p/k  0

e para T temos:

G, p / k  0
T   k 2 2t (16. 20)
 Fe , p/k  0

i) Para k = 0
A solução geral da equação diferencial da difusão para u(x,t) é:

u ( x, t )  G D  Ex  (16. 21)

ii) Para k  0
A solução geral da equação diferencial da difusão para u(x,t) é:
2 2
u ( x, t )  Fe k  t
A cos(kx)  B sen(kx) (16. 22)

A solução totalmente geral para qualquer k para u  X ( x )T (t ) é dada por:

2 2
u ( x, t )  G D  Ex   Fe k  t
A cos(kx)  B sen(kx) (16. 23)

ou
2 2
u ( x, t )  H  Ix  J cos(kx)  K sen(kx)e k  t
(16. 24)

de posse da solução geral vamos agora aplicar as condições de contorno.


i) Condições de contorno em x = 0, u = u1
2 2
u ( x  0, t )  H  Je k  t  u1 t  H  u1 e J 0 (16. 25)

ou ainda

398
2 2
H  u1 .1  Je k  t  0 L.I .t  H  u1 e J 0 (16. 26)

Logo, retornando a equação


2 2
u ( x, t )  u1  Ix  K sen(kx)e k  t
(16. 27)

ii) Condições de contorno em x = L, u = u2


2 2
u ( x  L, t )  u1  IL  K sen(kL)e k  t  u 2 (16. 28)

Como as funções são L. I. temos:


2 2
u1  u 2  IL   K sen(kL)e k  t  0
     (16. 29)
0 0

Temos:

I
u1  u 2 
L (16. 30)
K sen(kL)  0

Logo

kL  n
n (16. 31)
k , n  1,2,...
L
Portanto,
2
 n  2
u ( x, t )  u1 
u1  u 2  x  K sen( n x)e 
 L 
  t
(16. 32)
L L
Observe que K varia para diferentes k, que por sua vez dependem de diferentes n,
Logo, precisamos supor que a combinação linear de todas as solu;coes com K diferentes
também é solução, logo,
2
 n  2
u1  u 2  x  
n 
 L 
  t
(16. 33)
u ( x, t )  u1 
L
 K n sen( L x )e
n 1

399
Observe que a solução (12. 357) representa uma solução em Série de Fourier e
não foi especificada nenhuma condição inicial para a solução (12. 357). Isto significa que esta
solução pode representar qualquer função que possa ser expressa em termos de uma Série de
Fourier. Portanto, devemos especificar qul é a condição inicial para poder restringir a Série de
Fourier da Solução (12. 357) para uma solução que represente uma função f(x) dada pela
condição inicial, onde:

u1  u 2  x  
n
u ( x, t  0)  u1 
L
 K n sen( L x)  f ( x ) (16. 34)
n 1

Logo

u1  u 2  x  
n
f ( x)  u1 
L
 K n sen( L x)  (16. 35)
n 1

com período 2L.

Chamando de F ( x)  f ( x)  u1 
u1  u 2  x , logo,
L

n
F ( x)   K n sen( x) (16. 36)
n 1 L

Onde,

1 L n
K n   F ( x) sen( x)dx (16. 37)
L L L

400
Exemplo

Considere o problema de Difusão de Calor onde u1  u 2  0 e f ( x )  100 e

L  10 , logo para a solução:


2
 n  2
u1  u 2  x  
n 
 L 
  t
(16. 38)
u ( x, t )  u1 
L
 K n sen( L x )e
n 1

temos:
2
  n  2
n    t
u ( x, t )   K n sen( x )e  L  (16. 39)
n 1 L


n
u ( x, t  0)   K n sen( x)  100 (16. 40)
n 1 L

onde

1 L n 2L n
K n   F ( x) sen( x)dx  100 sen( x)dx (16. 41)
L L L L0 L

Logo

L
 200 n
Kn  cos( x) (16. 42)
n L 0

cujas soluções são:

i) Para n ímpar

 200
Kn  cos(n )  cos(0) 
n
(16. 43)
 200
 cos(n )  1   200  1  1   200 (2)
n n n
Logo

401
400
Kn  (16. 44)
n

ii) Para n par

 200
Kn  cos(n )  cos(0) 
n
(16. 45)
 200
 cos(n )  1   200 1  1  0
n n
logo

Kn  0 (16. 46)

Portanto, a solução final é:


2
 n  2
400  1 n    t
L  (16. 47)
u ( x, t )   sen( x )e 
 n1 n L

Na prática a barra se resfria de 100ºC até 0oC.

Figura - 16. 3

Observe que para n   estes modos decem mais rápido, ou seja o calor
dissipa-se mais rápido (freqüências mais altas dissipam mais rápido).

402
Exemplo
Considere o problema no domínio

Figura - 16. 4

 2u xx  ut (  x  ;0  t  )
(16. 48)
u ( x,0)  f ( x) (  x  ; p / t  0)

Aplicando a Transformada de Fourier em ambos os lados da equação diferncial


temos:

 
F  2 u xx  F ut  (16. 49)

Aplicando a Transformada de Fourier:

 2 F u xx   F ut  (16. 50)

Temos:

 2 (i ) 2 uˆ  uˆt (16. 51)

ou


2 2 u ix
 (i ) uˆ   e dx (16. 52)

t

d 
2
   uˆ  2
 u ( x, t )e ix dx (16. 53)
dt 

403
duˆ
  2 2 uˆ  (16. 54)
dt

Logo

duˆ
  2 2 uˆ  0 (16. 55)
dt

Integrando temos:

duˆ
  2 2 dt (16. 56)

Logo

ln uˆ   2 2 (t  t o ) (16. 57)

Exponenciando temos:
2 2
uˆ  uˆ ( )e   ( t  to )
(16. 58)

Vamos usar a condição inicial:


F u ( x,0)  u ( )  F  f ( x)  fˆ ( ) (16. 59)

A partir de (12. 352) podemos ver que para t  t o temos:

2 2
uˆ  uˆ o e   ( t  to )
 uˆo  fˆ ( ) (16. 60)

Mas

u ( x, t )  F 1 uˆ
 2 2
u ( x, t )  F 1 uˆ o e   (t to )  (16. 61)
 2 2

u ( x, t )  F 1 u o * F 1 e   (t to ) 
Portanto,

u ( x, t )  f ( x) * F 1 e   2 2
 ( t to )
 (16. 62)
u ( x, t )  f ( x ) * g ( x )

Onde

404

g ( x)  F 1 e 
2 2
 (t to )
 F 1
g ( ) (16. 63)

Logo
2
  ( x  )
1 2
u ( x, t )  f ( x ) * e 4 t d (16. 64)
2 t 

 ( x  )2
1 
4 2t (16. 65)
u ( x, t )  f ( x ) * g ( x ) 
2 t  f ( )e d


Ou


u ( x, t )  f ( x ) * g ( x )   f ( ) g ( x   )d (16. 66)


Exemplo:
Para uma função f(x):

F ; x  0
f ( x)    F .H ( x) (16. 67)
0; x  0

ou

F x 
u ( x, t )  1  erf (16. 68)
2  2 t 

Onde:
2
  
2 2 t
erf ( x)  e d (16. 69)
 

405
16. 5 - Equação de Onda

i) Caso 1D
Considere o seguinte caso unidimensional com domínio infinito:

Figura - 16. 5

c 2 u xx  utt (16. 70)

Onde a condição inicial é dada por:

u ( x,0)  f ( x) (16. 71)

E a derivada no tempo:

ut ( x,0)  g ( x) (16. 72)

Como o problema é de domínio finito, vamos resolver a equação pelo Método da


Separação de Variáveis

406
Para resolver esta equação vamos utilizar o “Método da Separação de Variáveis”.
Este método so vale para problemas finitos ( (0  L ) . Nele supõe-se que:

u  X ( x)T (t ) (16. 73)

E substitui-se na equação:

 2  X ( x)T (t ) 2   X ( x )T (t )
2
  (16. 74)
t 2 x 2
Logo

c 2 X ' 'T  XT ' ' (16. 75)

2
Multiplicando tudo por c / XT

1 T '' X ''
  cte (16. 76)
c2 T X
2
Suponde que a constante de proporcionalidade é tipo   k , onde k  R logo:

1 T '' X ''
2
  k 2 (16. 77)
c T X

Logo, ficamos com duas equações diferenciais:

T ' ' k 2 c 2T  0
(16. 78)
2
X ' ' k X  0
A solução deste sistema de equações diferenciais parciais é:

 A  Bx, p / k  0
X  (16. 79)
 D cos(kx)  E sen(kx), p/k  0

e para T temos:

 H  Ix, p / k  0
T  (16. 80)
 J cos(kct )  K sen(kct ), p/k  0

i) Para k = 0
A solução geral da equação diferencial da difusão para u(x,t) é:

407
u ( x, t )   A  Bx H  It  (16. 81)

ii) Para k  0
A solução geral da equação diferencial da difusão para u(x,t) é:

u ( x, t )  D cos( kx)  E sen( kx)J cos( kct )  K sen( kct ) (16. 82)

A solução totalmente geral para qualquer k para u  X ( x )T (t ) é dada por:

u ( x, t )   A  Bx H  It  
(16. 83)
 J cos(kct )  K sen(kct )D cos(kx)  E sen(kx)

ou

u ( x, t )  C1  C 2 x  C3t  C 4 xt 
(16. 84)
 D cos( kx )  E sen( kx )J cos( kct )  K sen( kct )

de posse da solução geral vamos agora aplicar as condições de contorno.


i) Condições de contorno em x = 0, u = 0:

u ( x  0, t )  C1  C3t  D cos(kx)J cos(kct )  K sen(kct )  0


(16. 85)
t  C1  C3  D  0

ou ainda

u ( x  0, t )  C1 .1  C3t  D cos(kx)J cos(kct )  K sen(kct )  0


(16. 86)
L.I .t  C1  C3  D  0

Logo, retornando a equação

u ( x, t )  C 2 x  C 4 xt 
(16. 87)
 E sen( kx)J cos( kct )  K sen( kct )

ii) Condições de contorno em x = L, u = 0:

u ( x, t )  C 2 L  C 4 Lt  E sen( kL)J cos( kct )  K sen( kct )  0


(16. 88)
t  C 2  C 4  0 e sen( kL )  n

Logo

408
kL  n
n (16. 89)
k , n  1,2,...
L
Como as funções são L. I. temos:

C2  C4 t L  Esen(kL)J cos(kct )  K sen(kct )  0


   (16. 90)
0 0

Temos:

C2  C4  0
(16. 91)
Esen(kL)  0

Logo, retornando a equação

n  n n 
u ( x, t )  E sen( x )  J cos( ct )  K sen( ct )  (16. 92)
L  L L 
ou

n  n n 
u ( x, t )  sen( x )  R cos( ct )  S sen( ct )  (16. 93)
L  L L 
Observe que K varia para diferentes k, que por sua vez dependem de diferentes n,
Logo, precisamos supor que a combinação linear de todas as solu;coes com K diferentes
também é solução, logo,


n  n n 
u ( x, t )   sen( x)  Rn cos( ct )  S n sen( ct )  (16. 94)
n 1 L  L L 
Observe que a solução (12. 357) representa uma solução em Série de Fourier e
não foi especificada nenhuma condição inicial para a solução (12. 357). Isto significa que esta
solução pode representar qualquer função que possa ser expressa em termos de uma Série de
Fourier. Portanto, devemos especificar qul é a condição inicial para poder restringir a Série de
Fourier da Solução (12. 357) para uma solução que represente uma função f(x) dada pela
condição inicial, onde:


n
u ( x, t  0)   Rn sen( x) (16. 95)
n 1 L

409
Logo


n
f ( x)   Rn sen( x)  (16. 96)
n 1 L

com período 2L, logo,


n
f ( x)   Rn sen( x) (16. 97)
n 1 L

Onde,

1  n
Rn   f ( x) sen( x)dx (16. 98)
L  L

Como a função está definida apenas no intervalo [  L; L]

1 L n
Rn   f ( x) sen( x)dx (16. 99)
L L L

Ou ainda podemos escrever

(16. 100)

iii) Usando a condição inicial t = 0, ut ( x,0)  g ( x) :


n  nc 
u ( x, t  0)   sen( x )  Rn sen( 0)  S n cos(0) 
n 1 L  L 

(16. 101)
n  nc 
u ( x, t  0)   sen( x )  Rn .0  S n .1
n 1 L  L 
logo


 nc  n
u t ( x , 0)   S n   sen( x)  g ( x ) (16. 102)
n 1  L  L

onde

410
1   nc  n
S n   g ( x)  sen( x)dx (16. 103)
L   L  L

Como a função está definida apenas no intervalo [  L; L]

1 L  nc  n
S n   g ( x)  sen( x)dx (16. 104)
L L  L  L

Ou ainda podemos escrever

2L  nc  n
S n   g ( x)  sen( x)dx (16. 105)
L0  L  L

Exemplo
Considere o problema de Equação de Onda onde g ( x )  0 , logo para a solução:


n  n n 
u ( x, t )   sen( x)  Rn cos( ct )  S n sen( ct )  (16. 106)
n 1 L  L L 
Logo


n  nc 
u ( x, t  0)   sen( x )  Rn sen( 0)  S n cos( 0) 
n 1 L  L 

(16. 107)
n  nc 
u ( x, t  0)   sen( x )  Rn .0  S n .1  g ( x )  0
n 1 L  L 
logo


 nc  n
u t ( x , 0)   S n   sen( x)  0 (16. 108)
n 1  L  L

Logo S n  0 . Portanto,


n n
u ( x,t)   R n sen( L
x ) cos(
L
ct ) (16. 109)
n 1

Mas

411
1
sen( a ) cos(b)  sen( a  b)  sen(a  b) (16. 110)
2
Logo


1   n   n 
u ( x, t )   Rn sen  ( x  ct )   sen  ( x  ct )   (16. 111)
n 1 2  L   L 

Ou seja:

1
u ( x, t )   f ( x  ct )   f ( x  ct ) (16. 112)
2

412
ii) Caso 2D e 3D
Para o caso bi e tridimensional temos:

c 2  2 u  utt (16. 113)

Figura - 16. 6

Solução de D’Alambert
Consideremos o problema unidimensional:

c 2 u xx  utt (16. 114)

Vamos fazer a seguinte transformação de coordenadas

  x  ct ;   x  ct (16. 115)

Logo

[] []  [] 


  (16. 116)
x  x  x

[] []  [] 


  (16. 117)
t  t  t

Mas

 
 1 (16. 118)
x x

413
 
 c ;  c (16. 119)
t t

logo

[] [] []


  (16. 120)
x  

[] [] []


 c c (16. 121)
t  

Portanto,

[] []  [] []  [] [] 


c2  c2      (16. 122)
x x       

[] []  [] []  [] [] 


  c  c   c c  (16. 123)
t t       

Logo

2 2 [u ]  2 [u ]
c  (16. 124)
x 2 t 2
Ou

 [] []  [] []   [] []  [] [] 


c2     u    c  c   c  c u (16. 125)
             

Após algumas manipulações algébricas temos:

[] []
4 u0
  (16. 126)
u  0

Logo

414
u   0  A( ) (16. 127)

u   A( )  F ( )  G ( )
(16. 128)
u  F ( )  G ( )

Portanto,

u  F ( x  ct )  G ( x  ct ) (16. 129)

Este é um resultado absolutamente geral para a Equação de Onda em coordenadas cartesianas


Considerando o caso onde a condição inicial é dada por:

u ( x,0)  f ( x) (16. 130)

e a derivada no tempo:

ut ( x,0)  g ( x) (16. 131)

temos:

f ( x  ct )  g ( x  ct ) 1 x ct
u  g ( )d
2c xct
(16. 132)
2

415
16. 6 - Exemplos e Aplicações

1) Dada a seguinte equação diferencial,



 2 2    d (r , t )
  ( r , t )  V ( r , t )  ( r , t )  i , (16. 133)
2m dt

válida para a Mecânica Quântica. Classifique-a quanto as variáveis, à ordem, ao grau, quanto
ao coeficiente das suas derivadas e quanto ao tipo.

Solução:
i) Quanto as variáveis: Equação Diferencial Parcial;
ii) Quanto a ordem: de Segunda Ordem
iii) Quanto ao grau: Primeiro grau
iv) Quanto aos coeficientes das derivadas: Linear
Quanto ao tipo: Elíptica

Exemplo
Encontre uma solução para o P.V.I.

 y  y
 (16. 134)
 y (0)  1

Usando o Método de Picard.

416
16. 7 – Exercícios e Problemas

417
Capítulo – XVII
SISTEMA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
PARCIAIS LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

17. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

17. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

418
17. 3 - Sistema de Equações Diferenciais Parciais Lineares

419
17. 4 – Exemplos e Aplicações

420
17. 5 – Exercícios e Problemas

421
Capítulo – XVIII
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS NÃO-
LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

18. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

18. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

422
18. 3 - Equações Diferenciais Parciais Não-Lineares

423
18. 4 – Exemplos e Aplicações

424
18. 5 – Exercícios e Problemas

425
Capítulo – XIX
SISTEMA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
PARCIAIS NÃO-LINEARES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

19. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

19. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

426
19. 3 - Sistema de Equações Diferenciais Parciais Não-Lineares

427
19. 4 – Exemplos e Aplicações

428
19. 5 – Exercícios e Problemas

429
Capítulo – XX
TEORIA GERAL DAS DISTRIBUIÇÕES
RESUMO
Neste capítulo será visto a introdução do conceito de Equações Diferenciais e os
diferentes tipos de equações diferenciais e sua classificação, quanto ao número de variáveis
independentes, ordem, grau, coeficientes das derivadas, etc.

20. 1 - Objetivos do Capítulo

i) Saber reconhecer uma equação diferencial.


ii) Saber classificar uma equação diferencial, quanto ao número de variáveis
independentes, quanto a ordem, quanto ao grau, etc.
O objetivo deste capítulo é mostrar alguns métodos de resolução de alguns tipos
de equações diferenciais que aparecem mais frequentemente.

20. 2 - Introdução

Quase todos os problemas em ciências físicas e engenharia podem ser reduzidos a


uma equação diferencial. Por esta razão saber reconhecer uma equação diferencial dentro de
um problema específico é muito importante, para a busca de sua solução. Da mesma forma,
saber classificar uma equação diferencial é o primeiro passo na busca de sua solução, pois
apesar de não existir um método único para se resolver todas as equações diferenciais, a
classificação delas ajuda a escolher o método mais adequando de solução.

430
20. 3 - Teoria Geral das Distribuições

431
20. 4 – Exemplos e Aplicações

432
20. 5 – Exercícios e Problemas

433
Referências Bibliográficas
ALVES, Lucas Máximo, “Notas de Estudos Pessoais” 2007.
REDONDO, Djalma Mirabelli, “Apostila de Introdução a Física Matemática”. Notas de Aulas
do Curso de Bacharelado em Física do Instituto de Física de São Carlos, vol. 01, p. 01-74,
1985.
GOBBI, Maurício, Notas de Aulas de Tópicos Avançados em Matemática para a Engenharia
do Curso de Pós-Graduação em Métodos Numéricos em Engenharia, 2007.
DIAS, Nelson Luis, Notas de Aulas de Tópicos Avançados em Matemática para a Engenharia
do Curso de Pós-Graduação em Métodos Numéricos em Engenharia, 2008.

434
Apêndices
A. 1 – Estudo de Somatórios

435
A. 2 – Estudo de Produtórios

436
A. 3 – Estudo da Relação entre Somatórios e Produtórios

437
Anexos
An. 1 – Título do seu primeiro Anexo

438

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