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Universidade Rovuma
Nampula
2021
2
Manuel Marques
Supervisor:
Universidade Rovuma
Nampula
2021
ii
ÍNDICE
Índice de Tabelas.......................................................................................................................iv
Índice de Gráficos.......................................................................................................................v
Índice de Figuras........................................................................................................................vi
Declaração................................................................................................................................vii
Dedicatória...............................................................................................................................viii
Agradecimento...........................................................................................................................ix
Resumo.......................................................................................................................................x
Abstract.......................................................................................................................................x
Capítulo I: Introdução............................................................................................................11
6 Referências Bibliográficas...................................................................................................39
Apêndice...................................................................................................................................40
iv
Índice de Tabelas
Tabela 4: Variação das respostas das questões 02 e 03 do teste envolvendo o método chinês
proposto.....................................................................................................................................31
v
Índice de Gráficos
Índice de Figuras
DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra que esta monografia científica é resultado da minha inteira
investigação e das orientações do meu supervisor. O seu conteúdo é meramente original e
todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra Instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
__________________________________
viii
DEDICATÓRIA
ix
AGRADECIMENTO
x
RESUMO
A presente pesquisa com vista na obtenção do grau de licenciatura em ensino de Matemática fez um
estudo de caso, especificamente, os alunos da 4ª classe da Escola Comunitária São João de Deus, cita
no bairro Mutauanha (Piloto), objectivado a oferecer uma proposta de ensino do algoritmo da
multiplicação dos números naturais, a partir de conceitos estudados através da história da matemática
e que foram utilizados por antigas civilizações. Destaca-se, então, a utilização da história da
matemática no ensino do processo multiplicativo usado pelos chineses, o qual pode ser utilizado a
partir das séries iniciais da educação primária ou básica. Aqui são mostrados os processos como os
chineses multiplicavam utilizando varetas de bambus. Ao final do trabalho são apresentados e
analisados os resultados das experiências realizadas com os alunos da 4ª classe da escola supra citada
para a viabilização da proposta.
ABSTRACT
The present research with a view to obtaining a degree in Mathematics teaching made a case study,
specifically, the students of the 4th class of the São João de Deus Community School, quotes in the
Mutauanha (Piloto) neighborhood, aiming to offer a teaching the algorithm for the multiplication of
natural numbers, based on concepts studied through the history of mathematics and which were used
by ancient civilizations. It is noteworthy, then, the use of the history of mathematics in teaching the
multiplicative process used by the Chinese, which can be used from the initial grades of primary or
basic education. Here are shown the processes as the Chinese multiplied using bamboo sticks. At the
end of the work, the results of the experiments carried out with students of the 4th class of the
aforementioned school are presented and analyzed to make the proposal feasible.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A Matemática hoje, em algum momento, é vista pela maioria dos alunos como algo intangível
e de grandes dificuldades, o que pode trazer como consequência um desinteresse e,
consequente elevação de índices de reclamações e até mesmo de elevadas taxas de
reprovações e de evasão escolar. Entretanto, o papel da escola deve ser o de ofertar aos alunos
a oportunidade de aliar o conhecimento prático ao conhecimento teórico de forma crítica e
transformadora do meio em que vive, garantindo assim melhorias à sua condição social.
Diante dessa premissa, a Matemática deve ser compreendida não apenas como uma instituição
social, mas também como uma construção histórica e política, e com isso, deve-se buscar
meios de favorecer o seu ensino utilizando-se de recursos que priorizem alguns destes
factores: (1) a matemática como uma criação humana; (2) as razões pelas quais as pessoas
fazem a matemática; (3) as necessidades práticas, sociais, económicas e físicas que servem de
estímulo ao desenvolvimento de ideias matemáticas; (4) as conexões existentes entre
matemática e outras ciências.
É olhando na Matemática como um todo motivador que se percebe que dela pode se aprender
aprendendo com a sua história. Com isto desenvolve-se a presente pesquisa com vista a
ensinar os alunos de uma forma mais motivadora o algoritmo da multiplicação olhando como
os antigos chineses descobriram como resolver os seus problemas usando os bambus.
Para melhor compreensão do presente trabalho este, está estruturado em cinco (5) Capítulos
onde: no Capítulo I, estão enquadradas os seguintes itens: delimitação do tema de pesquisa, a
justificativa da pesquisa, a problematização, os objectivos gerais e específicos a alcançar no
12
A escola lecciona o ensino primário, nos seus dois ciclos (1ª a 7ª classes) e o primeiro ciclo do
ensino secundário (8ª a 10ª classes).
Devido ao novo normal imposto pela pandemia da covid-19 (o vírus saars cov-2), a escola
lecciona as suas aulas em turnos restritos, intercalando os seus horários, cabendo ao ensino
primário, apresentar-se a escola uma vez por semana. Esta pandemia foi a motivação que
levou na escolha desta escola para a realização da pesquisa, uma vez que as escolas públicas
não teriam começado a leccionar as classes sem exame e o tema em estudo abrangia alunos da
4ª classe, sendo um tema que é desenvolvido a partir da 3ª classe e sendo dado continuidade
nas classes subsequentes.
Este estudo teve o seu começo, após a descoberta do problema, em Junho de 2019 e teve o seu
término em Dezembro de 2020 com a redacção e supervisão do presente relatório de pesquisa
– monografia para obtenção do grau de Licenciatura em Ensino de Matemática pela
Universidade Rovuma.
13
E, usar a história da matemática como instrumento do PEA pode permitir aos professores e
alunos a desfrutarem da vivência de um mundo em que conceitos e definições matemáticas
faziam parte das necessidades quotidianas daquela época, ou seja, antes de serem fonte de
estudo eram fonte de sobrevivência. Isso nos permite afirmar que o ensino também deve
evoluir utilizando-se sempre de novas ferramentas e metodologias que permitam aos alunos
um aprendizado cada vez mais significativo e eficaz.
Portanto, o professor não deve se conter em apenas trabalhar o conceito formalizado e sim
problematizar o conteúdo envolvendo metodologias, experiências práticas e quotidianas de
vida, fazendo uma reaproximação do pensamento com a experiência.
É olhando na diversificação dos métodos a serem usados pelos professores requerida em sala
de aula, que levanta-se o presente estudo com vista a experimentar e avaliar a técnica chinesa
nas operações de multiplicação para os alunos da 4ª classe. Dai que se levanta a seguinte
pergunta de pesquisa: que impacto terá o método histórico chinês como proposta
metodológica alternativa para a melhoria do PEA do algoritmo de multiplicação no 1º grau
do ensino primário?
14
Uma abordagem sobre alguns métodos antigos para multiplicar diferente do método
convencional1 será de grande importância, pois facilitará e dará suporte na aprendizagem do
aluno. O nosso objecto de estudo é desenvolver actividades em sala de aula que trabalham a
técnica chinesa no algoritmo da multiplicação com a intenção de subsidiar e aprofundar a
compreensão da criança nas operações básicas do algoritmo da multiplicação.
De acordo com D’Ambrósio (1998) “é muito difícil motivar com factos e situações do mundo
actual uma ciência que foi criada e desenvolvida em outros tempos em virtude dos problemas
de então, de uma realidade, de percepções, necessidades e urgências que nos são estranhas
(D'AMBRÓSIO, 1998:31)”.
Desta forma, se o professor permitir que o aluno vivencie a história da matemática através de
aulas que retornam cálculos utilizados há anos, séculos ou até há milénios, este estará dando
um significado prático e talvez até criando um novo marco no aprendizado de seus educandos
que passarão a perceber a matemática do ponto de vista crítico, se permitindo comparar o que
se ensina hoje nos livros didácticos ao que se praticava a partir de necessidades quotidianas ao
longo da história.
1
Considere-se por método convencional o método que é orientado pelos programas de ensino para a
multiplicação de números naturais e que neste trabalho passa a ser chamado por método tradicional.
15
Avaliar o método chinês como proposta metodológica alternativa para a melhoria do PEA do
algoritmo de multiplicação no primeiro grau do ensino primário.
A importância desse estudo se prende pela intenção de se querer aprofundar o estudo das
operações básicas da multiplicação e de apresentar subsídios, orientando os professores
quotidianamente, para trabalhar com estas operações de forma significativa, objectivado na
superação das dificuldades de aprendizagem por parte dos alunos.
Para aprender bem a matemática em qualquer nível, é preciso entender as questões relevantes
antes que você possa esperar que as respostas façam sentido. Entender uma questão, muitas
das vezes, depende de saber a história da ideia. De onde veio? Por que é ou era importante?
(BERLINGHOFF & GOUVÊA, 2008).
Facto este que vem a reforçar a ideia de que o ensino da matemática e a construção histórica
de seus conceitos e propriedades estão intimamente ligados através de um vínculo que permite
que este ensino se torne compreensível e prazeroso quando associado aos conhecimentos de
sua história.
O ensino das operações ainda é trabalhado de forma mecanizada, o aluno é instigado a utilizar
o algoritmo da operação sem compreender o desenvolvimento do seu processo, com retenção
e formalização precoce de conceitos e pelo grau elevado de treino de habilidades. As
operações são apresentadas como técnicas, procedimentos e acções que leva a buscar apenas o
resultado da conta, descartando a atribuição do seu significado (Idem, 2008).
Na abordagem tradicional, ao introduzir uma operação ou conceito novo, o ritual passa pela
apresentação do conceito (algo que parece cair pronto do céu), das propriedades, do algoritmo
a eles relativo para, ao final, propor uma série de problemas para ilustrar a operação, a
fórmula ou o procedimento matemático trabalhado. A tarefa do aluno geralmente se resume
em descobrir a conta, fórmula ou procedimento algorítmico.
Nesse sentido, essa maneira de ensinar favorece a alienação em vez de combate-la porque
restringe, ou mesmo nega, oportunidades aos alunos de agir criativamente na tentativa de
solucionar desafios.
Para a compreensão verdadeira e significativa dos processos envolvidos nas operações básicas
da matemática é necessário que o professor não só permita que seus alunos conheçam e
tenham acesso às diversas formas de cálculo, mas também, os incentivem a criar suas próprias
estratégias, e que os ensinem a usá-las em situações diferentes dependendo das necessidades
que se tem (MUCHANGA, SIMONE, & LEITÃO, 2017).
17
“É muito difícil motivar com factos e situações do mundo actual uma ciência que foi
criada e desenvolvida em outros tempos em virtude dos problemas de então, de uma
realidade, de percepções, necessidades e urgências que nos são estranhas. Do ponto
de vista de motivação contextualizada, a matemática que ensina hoje nas escolas é
morta. Poderia ser tratada como um facto histórico” (D’AMBRÓSIO, 1998:31).
Desta forma, se o professor permite que o aluno vivencie a história da matemática através de
aulas que retornam cálculos utilizados há anos, séculos ou até há milénios, este estará dando
significado prático e talvez até criando um novo marco no aprendizado de seus educandos que
passarão a perceber a matemática do ponto de vista crítico, se permitindo comparar o que se
ensina hoje nos livros didácticos ao que se praticava a partir de necessidades quotidianas ao
longo da história.
18
Tomemos como exemplo: O João ajudou a sua avó a colher batata-doce. O João encheu 6
cestos e cada cesto tem 8 kg, portanto, a quantidade que ele colheu pode ser encontrada pela
expressão: 8+ 8+8+8+ 8+8, cuja soma é 48. Portanto, o João colheu 48 kg de batata-doce.
Tem-se a multiplicação como “uma operação que representa a adição sucessiva de parcelas
iguais” (Idem; 2017:24).
O número de pés de ananás pode ser encontrado pela multiplicação de 118 por 84, isto é,
118 ×84 .
1 1 8
× 8 4
❑
1 1 8
× 8 4
4 7 2
19
1 1 8
× 8 4
4 7 2
9 4 4
1 1 8
× 8 4
4 7 2
+9 4 4 0
9 9 1 2
Com base no exemplo, vê-se que ao multiplicar números naturais cujo factor de baixo tem
dois dígitos, escreve-se os números verticalmente alinhados para a direita e, então, calcula-se
os produtos parciais do segundo factor (multiplicando) e adiciona-se os resultados.
Na China a multiplicação era feita com um método muito prático, sendo ensinado como uma
forma lúdica de multiplicar, com o auxílio de varetas de bambu. As varetas que ficam
dispostas na horizontal representam o multiplicador, e na vertical as que representam o
multiplicando. Para chegar ao produto os pontos de intersecção das varetas são levados em
consideração e contados.
Inicialmente vamos considerar um número n de varetas, onde todas elas são colocadas
sobrepostas, nas posições horizontal e vertical, representando em cada posição, o
multiplicador e o multiplicando e cada digito desses factores será representado por certo
20
número de varetas (soma dos algarismos do factor), devendo ser dados espaços maiores entre
as varetas tanto na horizontal quanto na vertical para separar as varetas que irão representar o
algarismo das unidades, dezenas, centenas e assim sucessivamente, como mostrado nas
representações a seguir.
Os pontos de intersecção das varetas são contados em cada região, começando pela direita,
seguida da central e da esquerda (figura 1) – eles representam as mesmas multiplicações
encontradas na gelosia. Para melhor entendermos o método chinês, vamos desenvolver um
exemplo para esclarecer o raciocínio chinês multiplicando 118 ×84 . Primeiro temos que
representar com varetas o multiplicando e o multiplicador, conforme a figura 1:
1 1 8
32
21
1 1 8
68 32
1 1 8
12 68 32
1 1 8
12 68 32
Em cada contagem de um conjunto de pontos onde esta atingir ou ultrapassar a contagem das
dezenas, o algarismo das dezenas deverá ser adicionado à contagem dos pontos da diagonal
imediatamente à sua esquerda.
8 12 68 32
Logo temos
9 9 1 2
Este tipo de estudo é desenvolvido com objectivo de proporcionar visão geral, de tipos
aproximativos a cerca de determinados factos. Este tipo de pesquisa não é imperiosa aos
procedimentos de amostragem e técnica quantitativa de colecta de dados.
24
Para o ambiente em que foram colectados os dados, bem como as formas de controlo das
variáveis envolvidas (procedimentos da pesquisa), a presente pesquisa foi um estudo de caso.
De acordo com YIN citado por GIL (2008:58) o estudo de caso “é um estudo empírico que
investiga um fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre
o fenómeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes
de evidência”.
De acordo com GIL (2008:10) o método indutivo “é um método que parte do particular e
coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de colecta de dados
particulares”, e “a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a
partir da observação de casos concretos suficientemente confirmados dessa realidade”.
Tendo em vista aos procedimentos metódicos do tratamento dos dados ou colecta dos dados
(métodos que indicam os meios técnicos da investigação), destacaram-se os métodos
observacionais, experimental e comparativo.
Esta técnica facilitou o rápido acesso aos dados sobre a problemática em pesquisa
possibilitando o acesso a informações que os alunos consideravam de domínio particular e
captar as palavras de esclarecimento que acompanharam o comportamento dos observados ao
longo dos experimentos realizados ao longo do estudo.
A pesquisa teve como outra técnica os testes; que são “instrumentos utilizados com a
finalidade de obter dados que permitam medir o rendimento, a frequência, a capacidade ou a
conduta de indivíduos, de forma quantitativa” (LAKATOS & MARCONI, 1992, p. 107).
De seguida os dados foram tabelados e graficados para posterior análise e interpretação para
fornecer respostas da viabilidade deste algoritmo como alternativas ao método tradicional no
PEA da multiplicação dos números naturais na 4ª classe.
Deste modo, trabalhou-se com uma amostra de 40 alunos divididos em duas turmas. A
escolha destes alunos foi numa forma aleatória para permitir que fossem abrangidos o maior
número de características duma forma probabilística.
26
Como mencionado anteriormente, a pesquisa teve lugar na Escola Comunitária São João de
Deus e trabalhou-se com 40 alunos da 4ª classe, divididos em duas turmas.
Numa primeira fase, os alunos foram testados em matéria das operações de multiplicação
envolvendo até 2 (dois) dígitos, usando o método habitual, método tradicional, ensinado pelo
professor. Esta actividade se levou a cabo com a realização de exercícios de aplicação nos
cadernos dos alunos seguido da sua demonstração, por parte de alguns alunos, no quadro
preto para a verificação dos resultados. Esta actividade permitiu diagnosticar quais as
principais dificuldades enfrentadas pelos alunos para a utilização do algoritmo da
multiplicação3.
Nesta questão, verificou-se que quase mais que a metade dos alunos tinham conhecimentos
sólidos da tabuada e alguns, encaravam dificuldades quando se trata-se de números maiores
2
De salientar que não houve alteração das questões existentes no teste 1 e teste 2.
3
Vide nos apêndices I a ficha de exercício referente a estas actividades.
27
que 5. Poucos alunos, 7,50%, não dominavam a tabuada. A tabela a seguir mostra como
variaram as respostas.
Questão 1
Acerto total 31
Acerto parcial 6
Nenhum acerto 3
Fonte: o autor.
90.00%
80.00% 77.50%
70.00%
60.00%
50.00%
40.00%
30.00%
20.00%
15.00%
10.00% 7.50%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
Para não estarem fora do objectivo geral da pesquisa, os alunos com nenhum acerto e a
aqueles que parcialmente encaravam dificuldades na questão 01, lhes foi autorizado a usar a
tabuada presente nas capas dos seus cadernos com conselhos de como devem fazer para
memorizarem, de forma fácil, o mesmo.
Questão 2 Questão 3
Acerto total 4 1
Acerto parcial 7 3
Nenhum acerto 29 36
Fonte: O autor.
Gráfico 2: Variação percentual das respostas das questões 2 e 3 da ficha de exercício de diagnóstico.
100.00%
90.00%
90.00%
80.00%
72.50%
70.00%
60.00%
50.00% Questão 2
Questão 3
40.00%
30.00%
20.00% 17.50%
10.00%
10.00% 7.50%
2.50%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
4.1.1 Apresentação e análise dos resultados do teste envolvendo o método histórico chinês
proposto (teste 2)
O teste foi aplicado após a realização de uma aula expositiva-explicativa, onde se efectuou a
apresentação da metodologia proposta em sala de aula, e visava verificar o efeito que teria nos
alunos para a resolução dos exercícios usando o método histórico chinês e se houve evolução
do uso do algoritmo na multiplicação dos números naturais.
29
Como foi verificado, no teste diagnóstico, que alguns alunos encaravam dificuldades com a
tabuada, a aula abarcou a metodologia de resolução dos exercícios da tabuada mesmo não
sendo muito importante; pois é de carácter obrigatório que o aluno tenha em mente a tabuada.
Foi incrível e rapidamente percebido pelos alunos, apesar do tempo que pode levar para a
contagem dos pontos de intercepção das linhas verticais e horizontais, quando se trata de
números maiores que 5. Mas a medida que os alunos iam praticando, as respostas dos
problemas eram dados com maior rapidez.
Tabela 3: Variação das respostas da questão 01 do teste envolvendo o método chinês proposto.
Questão 1
Acerto total 40
Acerto parcial 0
Nenhum acerto 0
Fonte: o autor.
Gráfico 3: Variação percentual das respostas da questão 1 do teste envolvendo o método chinês proposto.
120.00%
100.00%
100.00%
80.00%
60.00%
40.00%
20.00%
0.00% 0.00%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
30
Tabela 4: Variação das respostas das questões 02 e 03 do teste envolvendo o método chinês proposto.
Questão 2 Questão 3
Acerto total 30 25
Acerto parcial 5 8
Nenhum acerto 5 7
Fonte: O autor.
Gráfico 4: Variação percentual das respostas das questões 2 e 3 do teste envolvendo o método chinês proposto.
90.00%
80.00% 77.50%
70.00%
62.50%
60.00%
50.00%
Questão 2
40.00% Questão 3
30.00%
20.00%
20.00% 17.50%
15.00%
10.00% 7.50%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
De igual modo, como aconteceu no teste 01, com o aumento do grau de dificuldade no
algoritmo da multiplicação, verificou-se um gradual aumento das dificuldades por parte dos
alunos, com maior incidência na questão 03. Os índices de erros foram aumentando na
questão 3 em relação a questão 2. Verificou-se uma ligeira descida no número de alunos que
totalmente acertaram a questão 3 (62,50%) em relação a questão 2 (75,00%).
31
Olhando os resultados encontrados na ficha de exercícios diagnóstico, deu para perceber que,
apesar das dificuldades encaradas pelos alunos na memorização da tabuada, pressuposto
importantíssimo para o algoritmo da multiplicação, conclui-se que a maior parte dos alunos já
a dominam. Os alunos que encararam dificuldade não foram significativos e usando os
métodos propostos pelo pesquisador para o seu domínio, verificou-se que de forma mais
simples estes multiplicassem os valores da tabuada sem dificuldades.
4.2.2 Interpretação dos resultados do teste envolvendo o método histórico chinês proposto
(teste 2)
Após a intervenção feita em sala de aula usando o método histórico chinês para a resolução
dos exercícios envolvendo a multiplicação, observa-se que há uma evolução significativa no
número de acertos, o que mostra a eficácia do método proposto, levando a crer que se este
método for utilizado com tempo e planejamento adequado e ainda sendo trabalhado por mais
tempo pode-se aumentar ainda mais o percentual de acertos, já que ainda ocorrem erros
mesmo para exercícios com baixo nível de dificuldade.
É de notar que a maior parte dos erros cometidos pelos alunos estão ligados a falta de
concentração no momento da contagem dos pontos de intersecção, verificando-se com maior
frequência quando estão perante operações que envolvem números maiores que 5.
32
Poucos foram os casos em que os alunos não dominaram as regras emanadas pelo método
proposto, tal como a colocação das linhas (verticais e horizontais, para indicar o multiplicador
e o multiplicando respectivamente) e a separação dos espaços maiores entre as linhas para
separar as linhas que irão representar o algarismo das unidades, dezenas, centenas e assim
sucessivamente tanto na vertical como na horizontal.
Outro factor, foi o elevado tempo gasto na resolução destes dois últimos números, por parte
pode ser devido a complexidade dos algarismos, principalmente na questão 3 e por outra
parte, devido a não memorização da tabuada e alguma dificuldade das operações envolvendo
um dígito no multiplicando, caso da questão 2, onde o aluno tinha que representar uma linha
descontinua que representa o zero antecedido pelo algarismo multiplicador, como mostra a
representação esquemática a seguir para o exemplo 32 ×2=64 .
32 x 02 = 64
4
6
Fonte: O autor.
Após a aplicação de ambos testes, os resultados são apresentados para análise e interpretação
comparativa da evolução do uso do método do algoritmo de multiplicação. Para melhor
percepção da evolução, os resultados foram inseridos num gráfico único para cada questão.
120.00%
100.00%
100.00%
80.00% 77.50%
60.00% Teste 1
Teste 2
40.00%
20.00% 15.00%
7.50%
0.00% 0.00%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
Olhando no gráfico fica notavelmente visível o impacto positivo que o método histórico
chinês empreendeu na percepção dos alunos na resolução dos exercícios envolvendo a
tabuada. 0% de erros e 100% nos acertos; os alunos acertaram em todas as alíneas que
envolviam o número 01 do teste 2.
80.00%
75.00%
72.50%
70.00%
60.00%
50.00%
40.00% Teste 1
Teste 2
30.00%
20.00% 17.50%
12.50% 12.50%
10.00%
10.00%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
100.00%
90.00%
90.00%
80.00%
70.00%
62.50%
60.00%
50.00% Teste 1
Teste 2
40.00%
30.00%
20.00%
20.00% 17.50%
7.50%
10.00%
2.50%
0.00%
Acerto total Acerto parcial Nenhum acerto
Fonte: O autor.
A mesma evolução se registou na questão 3, um pouco mais complexa que a questão 2, mas
com uma taxa ligeiramente baixa em relação aos acertos totais registados na questão 2,
75,00% no teste 2 e 62,50% na questão 3, uma queda de 12,50% comparativamente.
De forma alguma esta ligeira descida pode desanimar a funcionalidade do método histórico
chinês na aplicação do algoritmo da multiplicação, pois olhando o gráfico 7 verifica-se uma
grande diferença de acertos totais em relação ao teste 1 onde os alunos usavam o método
tradicional, um parcial de 2,50% no teste 1 e 62,50% no teste 2, correspondente a 60,00% de
diferença.
36
Verificou-se que o método histórico chinês para a multiplicação dos números naturais aqui
apresentado como proposta metodológica do método tradicional torna-se uma alternativa de
efeito positivo no PEA do algoritmo de multiplicação de números naturais.
Vemos então que o PEA deve ocorrer de maneira que produza resultados satisfatórios,
entretanto, este processo se dá desde a formação do professor, e que deve buscar nesta, meios
para que sua acção pedagógica abra inúmeras possibilidades para a sua prática docente.
Com base nos resultados das análises e interpretações dos gráficos de desempenho das duas
turmas observadas, percebeu-se uma melhoria significativa no índice de acertos totais com a
utilização do método histórico chinês comparativamente ao método tradicional, o que permite
a conclusão de que o uso da história da matemática como ferramenta de ensino permite que o
educando possa vivenciar a construção de determinados conceitos e algoritmos, podendo
assim, tirar suas próprias conclusões sobre a necessidade do conhecimento matemático e, com
isso, ser instigado a buscar mais e tornar-se um aluno motivado e pesquisador.
Como foi verificado a quando da aplicação do método por parte dos alunos, foram
descobertos algumas limitações:
É mais viável para casos de multiplicação de números naturais com até dois
algarismos, a cima destes exige mais domínio e complexidade nas intercepções para indicar as
unidades, dezenas, centenas e milhares, e para um aluno da 4ª classe pode ser mais complexo.
O conhecimento da história dos conceitos matemáticos precisa fazer parte da formação dos
professores para que tenham elementos que lhes permitam mostrar aos alunos a Matemática
como ciência que não trata de verdades eternas, infalíveis e imutáveis, mas como ciência
dinâmica, sempre aberta à incorporação de novos conhecimentos.
Quando a complexidade da resolução dos exercícios envolvendo números maiores que 5, para
o método proposto, encontra o seu enquadramento na 4ª classe, pois até este nível, é mais
indicado a multiplicação de números naturais até três unidades. E, pela simplicidade para
casos envolvendo dois dígitos, este pode ser usado como factor motivador, se apoiando pelo
seu lado lúdico.
38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERLINGHOFF, W. P., & GOUVÊA, F. (2008). A matemática através dos tempos: um guia
fácil e prático para professores e entusiastas. São Paulo: Edgard Blucher.
2 CERVO, A. L., & BERVIAN, P. A. (2002). Metodologia científica. São Paulo: Atlas.
8 SMOLE, K. S., DINIZ, M., & CÂNDIDO, P. (2007). Cadernos do Mathema: jogos de
matemática de primeiro e quinto ano. Porto Alegre: Artmed.
APÊNDICE
TESTE 01 E 02
FIM