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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – prova discursiva 2013

DIREITO PROCESSUAL PENAL


Prof.: Ana Cristina Mendonça

TREINANDO PEÇAS PROFISSIONAIS


aula 1

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Diferença entre despacho, ofício, auto, termo, portaria, relatório e petição. Estrutura e redação.
2. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Portaria de instauração de inquérito
3. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Autos
3.1. Auto de Prisão em Flagrante Delito
3.2. Auto de Utilização de Algemas
3.4. Auto de apreensão
3.5. Auto de restituição de coisas apreendidas
4. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Despachos
4.1. Saneamento de inquérito
4.2. Desobediência de servidor público subordinado
4.3. Restituição de coisas apreendidas
5. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Ofícios
5.1. Ofício de renovação de prazo de inquérito (pedido de novo prazo de inquérito com justificativas prontas)
5.2. Ofício para requisitar exame de corpo de delito
5.3. Ofício aos bancos para requisitar imagens
5.4. Ofício a autoridades acerca de foro privilegiado
6. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Termos
6.1. Nota de culpa
6.2. Modelo genérico de Termo Circunstanciado de Ocorrência
6.3. Termo de Destruição de Material Apreendido
6.4. Termo de representação do ofendido
7. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Relatório de conclusão do inquérito
7.1. Relatório (básico)
7.2. Relatório cumulado com pedido de devolução de autos para continuidade da investigação
7.3. Relatório cumulado com representação por medida cautelar

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8. Apresentação de casos com elaboração de modelos de Representação por possíveis cautelares de:
8.1. prisão temporária;
8.2. prisão preventiva;
8.3. cautelares não prisionais do art. 319 do CPP;
8.4. interceptação telefônica;
8.5. quebra de sigilo de dados telemáticos;
8.6. busca e apreensão;
8.7. sequestro de bens
8.8. ação controlada Leis 9.034/95 e 11.343/06;

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ATOS OFICIAIS

Classificação:

a) Atos Deliberativo-Normativos;
b) Atos de Correspondência;
c) Atos Enunciativo-Esclarecedores;
d) Atos de Assentamento;
e) Atos Comprovativo-Declaratórios;
f ) Atos de Pacto ou Ajuste (bilaterais).

Atos deliberativo-normativos são as decisões de órgãos colegiados, bem como as regras, resoluções e
normas imperativas promulgadas por autoridade administrativa.
Compreendem as seguintes espécies:
ATO DECLARATÓRIO, MEDIDA PROVISÓRIA, CARTA DE RATIFICAÇÃO, NORMA DE EXECUÇÃO, DECISÃO,
ORDEM-DE-SERVIÇO, DECRETO, PORTARIA, ESTATUTO, REGULAMENTO, INSTRUÇÃO NORMATIVA,
RESOLUÇÃO, LEI e VETO.

Os atos de correspondência são atos de comunicação com um destinatário declarado, podendo ter natureza
individual ou pública.

Compreendem as seguintes espécies:


ALVARÁ, MENSAGEM, AVISO, NOTA DIPLOMÁTICA, CARTA, NOTA MINISTERIAL, CARTA CREDENCIAL,
NOTIFICAÇÃO, CARTA DIPLOMÁTICA, OFÍCIO, CARTA MEMORIAL, OFÍCIO-CIRCULAR, CARTA DE PLENOS
PODERES, PAPELETA, CARTA REVOGATÓRIA, RELATÓRIO, CIRCULAR, REPRESENTAÇÃO, EDITAL,
REQUERIMENTO, EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, TELEGRAMA, INTIMAÇÃO, TELEX, MANIFESTO, FAC-SÍMILE,
(FAX, XEROX), MEMORANDO, CÓPIA HELIOGRÁFICA e CÓPIA FOTOSTÁTICA.

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Os atos enunciativo-esclarecedores são esclarecimentos ou manifestações opinativas acerca de assuntos


administrativos ou processuais, com o fito de subsidiar uma decisão futura.
Compreendem as seguintes espécies:
INFORMAÇÃO, PARECER e VOTO.

Os atos de assentamento destinam-se ao registro de atos administrativos.


Compreendem as seguintes espécies:
APOSTILA, ATA, AUTO DE INFRAÇÃO e TERMO.

Os atos comprovativo-declaratórios são usados para declarações de fim comprobatório.


Compreendem as seguintes espécies:
ATESTADO, CERTIDÃO, CERTIFICADO, TRASLADO OFICIAL, CÓPIA AUTENTICA e CÓPIA IDÊNTICA.

Os atos de pacto ou ajuste são usados na exteriorização de um acordo mútuo.


Compreendem as seguintes espécies:
TRATADO, CONVÊNIO, CONTRATO e TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA.

AUTO
Definição: Documento que descreve detalhadamente determinado acontecimento e suas circunstâncias.
Quando usado no plural, indica um conjunto de peças de um processo forense. Enquanto na terminologia
jurídica possui sentido de ação pública com a finalidade de se cumprir uma ordem legal, na redação oficial é a
narração judicial ou administrativa, escrita por escrivão ou tabelião, e lavrada para comprovar uma ocorrência.

Características:
1. Título com numeração.
2. Texto: deve constar o desenrolar dos acontecimentos com detalhes, nome do autuada, motivo da autuação,
indicação da penalidade e prazo para apresentação de defesa.
3. Data: local e data em que foi lavrado o auto.
4. Assinatura.

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DESPACHO
Definição: É espécie do gênero ato administrativo ordinatório.
Os despachos podem ser informativos (ordinatórios ou de mero expediente) ou decisórios.
Podem ter conteúdo de mera informação dando prosseguimento a um processo ou expediente ou conter uma
decisão administrativa.

O Despacho não deve ser exarado na mesma folha do original submetido à autoridade, e sim em folha
separada, para permitir o correto arquivamento dos autos.
A publicação do Despacho é o princípio que tem por objetivo assegurar moralidade administrativa, excetuados
os Despachos considerados sigilosos.

Características:
1. Titulo e origem.
2. Data (pode aparecer antes ou após o texto).
3. Texto.
4. Assinatura.

OFÍCIO
Definição: Documento expedido para tratar de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre
si e com particulares.
É comunicação externa. Embora alguns governos e prefeituras municipais utilizam o modelo "Carta", o
correto, segundo as normas de Redação Oficial, seria o uso de ofício ao se escrever para fora do órgão.
No cabeçalho do documento deve constar além do endereço do órgão remetente, também telefone e/ou correio
eletrônico.

Características:
1. Identificação do documento e numeração.
2. Data.
3. Endereçamento.
4. Assunto.

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5. Vocativo.
6. Texto.
7. Fecho.
8. Assinatura.

ORDEM DE SERVIÇO
Definição: Ato por que se baixam instruções a respeito de normas de serviço ou de administração de pessoal.
São objeto de ordens de serviço, datadas e numeradas, as determinações administrativas de caráter específico
e as decisões relativas a pessoal, desde que não sejam estas objeto de portarias.

Características:
1. Título com numeração e data por extenso.
2. Preâmbulo (segue o modelo da instrução normativa)
3. Texto.
4. Local e data.
5. Assinatura sem indicação do cargo.

PORTARIA
Definição: Ato pelo qual as autoridades competentes (titulares de órgãos) determinam providências de caráter
administrativo, visando a estabelecer normas de serviço e procedimentos para o(s) órgão(s), bem como definir
situações funcionais e medidas de ordem disciplinar.

Características
1. Título com numeração e data da assinatura.
2. Preâmbulo (segue o modelo da instrução normativa)
3. Texto.
4. Local e data.
5. Assinatura sem indicação do cargo.

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RELATÓRIO
Definição: É a exposição circunstanciada de atividades levadas a termo por funcionário, no desempenho das
funções do cargo que exerce, ou por ordem de autoridade superior.
E geralmente feito para expor: situações de serviço, resultados de exames, eventos ocorridos em relação a
planejamento, prestação de contas ao término de um exercício, etc.

Características:
1. Título.
2. Assunto (opcional).
3. Vocativo.
4. Texto composto de introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução se enuncia o propósito do
relatório; no desenvolvimento — corpo do relatório — a exposição detalhada dos fatos; e, na conclusão, o
resultado ou síntese do trabalho, bem como a recomendação de providências cabíveis.
5. Fecho.
6. Local e data.
7. Assinatura.

REQUERIMENTO
Definição: Documento pelo qual o interessado solicita ao Poder Público algo a que se julga com direito, ou
para se defender de ato que o prejudique.

Características:
Vocativo: forma de tratamento, cargo e órgão a que se dirige. Não se pode usar o nome da pessoa ou alguma
outra forma de saudação. É comum deixar entre o vocativo e o texto de 7 a 10 espaços.
2. Texto com a identificação do requerente (nome, filiação, naturalidade, estado civil, profissão, residente -
sendo funcionário do próprio órgão, apresentar apenas os dados de identificação interna). Após a
identificação, faz-se o pedido, de forma clara e objetiva, citando o fundamento legal que permite a só licitação.
3. Fecho (pode empregar "Nesses termos, pede deferimento", "Nesses termos, espera deferimento", "Pede

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deferimento" ou semelhantes, sem exageros).


4. Local e data.
5. Assinatura.

Delegado da Bahia – prova discursiva (DP/BA_CESPE_2013)


(realizada em 07.03.13)

COMENTÁRIOS À QUESTÃO DA PROVA - PEÇA CAUTELAR

Enunciado:
Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0h50min, Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por três disparos de arma
de fogo quando se encontrava em frente à casa de sua namorada, Fernanda..., na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa
Prudência, em Salvador -BA. A ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor prata, placa
ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida
de Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido dias antes, sem efetuar o devido pagamento.

Foi instaurado o competente inquérito policial, tombado, no 21o. Distrito Policial, sob o n. 0021/2012, para apurar a
autoria e as circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de 16/9/2012, por volta das 21
h, a vítima se encontrou om a namorada, Fernanda, e, após passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a
casa de Fernanda, no bairro Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário de cor branca, placa
JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 0h40min, quando já estavam parados em
frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que cobraram
Douglas pelo "bagulho" e ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros para o alto, momento
em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de
Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda
no local e os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro.

Nos autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela
do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA)
e a descrição física dos quatro indivíduos.

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Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente,
conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira.
Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhava armas:
Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo
Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou
desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, se fosse necessário. Ao final,
noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e,
com o rosto coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia.Em complementação à
apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano
na ocasião dos fatos.

Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local do morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis
de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual
foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a
Ricardo Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima , no qual se constata a retirada de três projéteis de
calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Durante as diligências apurou-se que o veículo sedã de cor prata,
placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida
Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador-BA, onde morava na companhia dos filhos.
Nos registros criminais de Cristiano, constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes
criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios.
Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram localizados, tampouco seus familiares
forneceram quaisquer notícias de seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na residência de seu tio,
Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador-BA. Ambos foram indiciados nos
autos como incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2o., II e IV, do CP. O inquérito tramitou pela delegacia, em diligências,
durante vinte e cinco dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a complementação
de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a condutas dos
indiciados.

Em face do relato acima apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao
Poder Judiciário, representando pela(s) medidas(s) pertinentes(s) ao caso. Fundamente suas explanações e não crie fatos novos.

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Sugestão de peça e comentários

Endereçamento:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO ___ TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR – BA

Peça:

O candidato deveria elaborar um RELATÓRIO CUMULADO COM A REPRESENTAÇÃO PELA PRISÃO de Cristiano e Ricardo

Espécie de prisão cautelar:


Na hipótese, encontro argumentos tanto para a PRISÃO PREVENTIVA quanto para a PRISÃO TEMPORÁRIA.
Contudo, acredito encontrarem-se sólidos os elementos a justificar a prisão preventiva dos indiciados, pelos motivos a
seguir expostos.

Dispõe o enunciado da questão que "Na ocasião, foram apresentadas foram apresentadas fotografias de possíveis
suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, uma vez que o enunciado da questão assim dispõe:

- "Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhava
armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de
Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a
vítima"
- "Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira"
- "Durante as diligências apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome
da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira“

Da mesma forma, flagrante a presença do periculum libertatis a justificar a preventiva (art. 312 do CPP), uma vez que o
enunciado indica que:
- Fernanda "noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência, um rapaz
descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia
o que sabia", o que justificaria a prisão por conveniência da instrução criminal.

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- "Nos registros criminais de Cristiano, constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de
antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os
quais dois homicídios", ou seja, existem elementos nos autos que demonstram a probabilidade na reiteração criminosa,
ensejando a prisão por garantia da ordem pública.
- "Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram localizados, tampouco seus
familiares forneceram quaisquer notícias de seus paradeiros", e aqui se justifica a prisão para assegurar a aplicação da
lei penal.Mas, apesar de toda argumentação favorável à preventiva, ao final, a questão abre uma grande brecha para a
temporária, no momento em que indica que o delegado deve concluir as investigações indicando a necessidade de
"complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas
provas, a condutas dos indiciados".

Fosse apenas a identificação dos demais infratores, a preventiva ainda seria a opção ideal, mas quando a questão traz
à tona a necessidade de "evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados" a temporária passaria a uma
opção inclusive com maior amplitude temporal, já que o prazo seria de 30 dias, enquanto o da preventiva seria de
apenas 10...
Enfim, temos argumentos para as duas, embora evidentes os pressupostos da preventiva. Assim, o candidato que
defendeu a preventiva, deveria demonstrar sua necessidade com base nos pressupostos do art. 312 do CPP, através
dos argumentos acima expostos; e os que defenderam a temporária, deveriam sustentar sua imprescindibilidade para a
investigação, em especial para a identificação dos demais envolvidos e realização das diligências restantes (art. 1o., inc. I, Lei
7.960/89), bem como no fato de que não vem a autoridade localizando o paradeiro dos indiciados (art. 1o., inc. II, Lei 7.960/89).

Cabível ainda a representação pela busca e apreensão em dois domicílios: 1) do automóvel na residência da genitora
dos meliantes; 2) na residência do tio dos mesmos, onde provavelmente se encontram os dois, para fim do cumprimento do
mandado de prisão e apreensão de objetos utilizados na conduta delituosa.

Não poderia ainda o candidato deixar de requerer a devolução dos autos à delegacia, para a continuidade da
investigação e realização das novas diligências.

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MODELO PEÇA

(PROVA DELEGADO CIVIL BAHIA 2013)

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO ____ TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR - BA

INQUÉRITO POLICIAL n° 0021/2012 - 21o. DP


A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE _________, por intermédio do Delegado de Polícia Civil subscritor, matrícula
n°_________, titular da ___ Delegacia de Polícia, no uso de suas atribuições legais e constitucionais, com base no art.
1º., I e III, da lei 7.960/89, vem a presença de Vossa Excelência apresentar:

REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA


cumulada com pedido de BUSCA E APREENSÃO

em desfavor de RICARDO MADEIRA, (qualificação completa), e CRISTIANO MADEIRA, (qualificação completa),


ambos com endereço na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador-BA, indiciados no Inquérito
Policial em epígrafe, em razão dos fundamentos fáticos e jurídicos adiante indicados:

DOS FATOS
Conforme consta no Inquérito Policial acima referenciado, os indiciados, na companhia de outros dois indivíduos ainda
não identificados, na madrugada do dia 17/9/2012, abordaram a vítima Douglas Aparecido da Silva e, após cobrança
de uma dívida, na presença de Fernanda..., namorada da vítima, em frente à casa desta, na rua Serafim, casa 12, no
bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, efetuaram disparos de arma de fogo que foram suficientes para causar a
morte da vítima. Segundo informações colhidas até o presente momento, referida dívida decorria do fornecimento de
crack que teria sido adquirida pela vítima dias antes. Os indiciados encontravam-se, juntamente aos outros dois
envolvidos, num veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, tendo abordado o casal, ameaçando a vítima pelo
pagamento do “bagulho”, momento em que um dos indiciados, identificado posteriormente pelas testemunhas como
sendo Cristiano Madeira, deu dois para o alto, o que fez com que ambos deitassem no chão.

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Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos
em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. A vítima faleceu ainda no local e os autores se evadiram
logo após a conduta.
Além da testemunha Fernanda, foram ouvidas duas outras testemunhas que se encontravam, na ocasião dos fatos, na
janela do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor
prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos.
Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram
formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, os dois indiciados como envolvidos nos fatos.
Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhava
armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de
Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a
vítima. Fernanda afirmou ainda desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, se
fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência, um
rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que
sabia. Em complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito até a presente data, os
outros dois envolvidos.O laudo de exame de local do morte violenta, evidenciou terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis
de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual
foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a
Ricardo Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima , no qual se constata a retirada de três
projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Apurou-se que o veículo sedã de cor prata,
placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria
Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador-BA, onde morava na
companhia dos indiciados. A folha penal dos indiciados demonstra antecedentes, contudo, até o presente momento os
indiciados, procurados para esclarecimento dos fatos, não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram
quaisquer notícias de seus paradeiros, embora haja nos autos informações de que eles estariam na residência de seu tio,
Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador-BA. Às fls. ...., foram os
suspeitos indiciados como incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2o., II e IV, do CP. Encontrando-se o presente
inquérito em fase de conclusão, demonstram-se ainda necessárias inúmeras diligências de complementação, visando
principalmente a identificação dos outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a condutas dos
indiciados.

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DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA E DA


BUSCA E APREENSÃO

Conforme determina o art. 1o. da Lei 7.960/89, caberá prisão temporária: I – quando imprescindível para as
investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);


No caso vertente, verifica-se a prática da conduta inserta no art. 121, § 2o., II e IV, do CP, demonstrando-se,
irrefutavelmente, a presença da prova da infração e havendo fundadas razões da autoria por parte dos indiciados,
preenchido, portanto, o fumus comissi delicti, já que preenchido o inciso III do art. 1o. da Lei.
Da mesma forma, as insistentes recusas dos indiciados em responder às intimações desta autoridade policial, não
comparecendo para prestar os necessários esclarecimentos, o que vem obstando o prosseguimento das diligências,
demonstrando-se assim a custódia temporária imprescindível ao avanço das investigações, em especial na
identificação dos demais indiciados. Assim, a prisão temporária dos indiciados demonstra-se em harmonia também
com o inciso I do art. 1o. da Lei 7.960/89, uma vez que imprescindível ao término das investigações preliminares e,
ainda, para a completa elucidação do crime e conclusão das investigações. Além disso, demonstra-se necessária a
decretação da busca e apreensão domiciliar especificamente nas residências da genitora dos indiciados, Maria Aparecida
Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador-BA, de forma a buscar e apreender o veículo
de sua propriedade sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, bem como buscar as armas utilizadas na prática da infração, além de
outras evidências vinculadas ou relacionadas à conduta ora investigada; e ainda na residência do tio dos indiciados, Roberval
Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador-BA, para fins do cumprimento do mandado
de prisão, bem como para buscar as armas e outros objetos que levem à conclusão das investigações.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, contemplados que estão os pressupostos legais, representa esta autoridade policial a V. Exa. pela:

1) DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de RICARDO MADEIRA e CRISTIANO MADEIRA, pelo período de 30 (trinta) dias,
prorrogáveis caso haja necessidade, na forma da Lei 8.072/90, resultando, assim, na expedição do competente mandado de
prisão em desfavor dos referidos indiciados.

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2) PELA EXPEDIÇÃO DE MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO, na forma do art. 240 do CPP, a serem cumpridos,
especificamente:

2.1) no domicílio de Maria Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador-BA, de
forma a buscar e apreender o veículo de sua propriedade sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, bem como buscar as armas
utilizadas na prática da infração, além de outras evidências vinculadas ou relacionadas à conduta ora investigada;

2.2) no domicílio de Roberval Madeira, onde provavelmente encontram-se escondidos os indiciados, situada na rua Bom
Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador-BA, para fins do cumprimento do mandado de prisão, bem como para
buscar as armas e outros objetos que levem à conclusão das investigações.

Nestes termos,

pede deferimento.

Local e data.

DELEGADO DE POLÍCIA

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