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ADAMS, Douglas. O guia do mochileiro das galáxias. v. 1. São Paulo: Arqueiro, 2011. pp.: 155
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Me pergunto até onde chega a ser ficção mesmo...
dificulta a vida de um cientista social pois ao contrário da questão para o sentido da vida, do
universo e tudo mais, não temos uma resposta já pré-estabelecida, tão pouco apenas uma
pergunta a fazer.
Ainda assim, tal como na obra, no intento pela questão definitiva, foram necessários
milhares de anos, bilhares de seres humanos com infinitas sinapses, vivências, concepções,
culturas, tecnologias, associações, para proporcionar a um deles, o fundamento correto para a
grande pergunta.
Em nosso caso, mesmo não crendo que possamos chegar a um modelo teórico que
abarque todas as relações, é justamente pela multiplicidade de indivíduos e de sociedades - e
quando dito isto leia-se todo o constructo teórico pelas diversas áreas do conhecimento
engendrado por toda a nossa história é que em um panorama geral conseguimos compreender
que esta amplitude epistemológica somente contribui para a renderização da tela de nós
enquanto humanidade. Não se trata de nós como partícipes da natureza, se trata de nós nos
relacionando com tudo e como isto se dá.
Se as teorias desenham o esboço em carvão, os conceitos são as cores básicas e as
temáticas contornam os detalhes na tessitura da realidade. No entanto a realidade é
movimento, e devemos estar dispostos a não só ficar presos em uma tela infinitamente na
busca inalcançável da transposição da vida para abstração mas aprendermos a analisar o que
já foi feito, e onde precisamos chegar.
Isto me leva a um ponto bem relevante sobre a ciência, o experimentar para prever. Em
uma palestra Noam Chomsk é bem categórico em dizer que para ele não existe teoria em
Ciências Sociais que o que existe é observação da vida comum e entendimento, este processo
hermenêutico de observação da nossa vida não é algo intelectualizante, mas sim um
movimento que nos aproxima da nossa própria “programação” que é composta de matéria
diferente do mundo natural, apesar de parte dele. Ele retira do senso comum a
descredibilidade no âmbito científico e o coloca como pedra fundamental do pensar em nós
como sociedades.
(...) primeiro, não existe teoria, eu não sei de teoria nenhuma nas ciências
sociais eu não acho que o termo teoria deve ser usado em áreas tão pouco
intectualizadas como as ciências sociais existe apenas a observação do senso comum
o que é verdade, eu acho que a maior parte disto é apenas senso comum mas se não
existe teoria, qual é o sentido disto? teoria é muito diferente de entendimento, a
maior parte de nossas vidas nós vivemos muito bem sem nenhuma teoria sobre as
outras pessoas e nós não temos teorias sobre os outros mas nós conseguimos levar,
acertamos o caminho e assim por diante existem muitas poucas áreas da vida
humana onde existe algo que possamos chamar teoria em algumas áreas.(...) no
mundo dos assuntos humanos eu não acho que exista muito espaço para a teoria, eu
acho que a mensagem deve ser: use o bom senso, olhe para a história, pense nas
coisas óbvias ultrapasse as imagens cridas pela propaganda, lembre-se de que as
instituições tentam lhe doutrinar tenha isto em mente compense isto, e se você fizer
estas coisas você deve conseguir entender o mundo tão bem quanto qualquer outra
pessoa.3
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CHOMSKY, Noam. Palestra, 1998. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Sc9CLEG Zdgc
sagacidade, é que nada que ele diz é em vão. Alguns teóricos literários relacionam o grande
apreço de Adams por linguagem de sistemas o número 42. Na linguagem ASCII o 42 é a
codificação para o asterisco (*) que por sua vez significa em programação “tudo” ou
“qualquer coisa”.
E nesta perspectiva eu me reservo ao direito de não utilizar qualquer teórico social para
dar esta resposta. Hoje estou concordando com o Adams, não sei se esta é a pergunta para 42 -
e se for, provavelmente a terra será explodida por uma nave Worg para a construção de uma
autoestrada intergaláctica em qualquer minuto…ou não.
A teoria social para mim serve para qualquer coisa, desde uma abstração que nos
distancia de nossas potencialidades enquanto seres humanos, tentando nos encaixar em
elucubrações objetivadas e científicas, ou até apaziguar os ânimos entre os conhecimentos
alinhavando nossa colcha de retalhos de entendimentos, histórias, vivências e nos mostrando
que temos mais à colaborar do que em competir.
Referências
ADAMS, Douglas. O guia do mochileiro das galáxias. v. 1. São Paulo: Arqueiro, 2011.
CHOMSKY, Noam. Palestra, 1998. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v
=Sc9CLEGZdgc
Palestra: Para que serve a Teoria Social Março/2019