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MEC

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA
Centro Federal De Educação Tecnológica Do Espírito Santo

Gerência De Apoio Ao Ensino

Coordenadoria De Recursos Didáticos

Curso de Formação Continuada


em Georreferenciamento Aplicado ao
Cadastro de Imóveis Rurais

GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

Coordenadoria de Geomática
2
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

MEC
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO ESPÍRITO SANTO

Geodésia & Cartografia

COORDENADORIA DE GEOMÁTICA

Adelson de Azevedo Moreira

Eng° Agrimensor, professor do CEFETES

João Henrique Fardin

Eng° Civil / Mecânico, professor do CEFETES

ABRIL - 2005

CEFETES/GEOMÁTICA
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GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

ÍNDICE ANALÍTICO

1 - GEODÉSIA.............................................................................................................. 18

1.1 - Conceito de Geodésia..........................................................................................................................................18

1.2 - Levantamentos Geodésicos................................................................................................................................ 19

1.3 - Métodos de levantamentos................................................................................................................................. 19


1.3.1 - Levantamento planimétrico........................................................................................................................... 19
1.3.2 - Levantamento Altimétrico.............................................................................................................................20
1.3.3 - Levantamento gravimétrico...........................................................................................................................20
1.3.4 - Posicionamento tridimensional por GPS.......................................................................................................21

2 - FORMA FÍSICA DA TERRA, GEÓIDE, ELIPSÓIDE E DATUM............................. 22

2.1 - Forma Física da Terra....................................................................................................................................... 22

2.2 - Geóide. ................................................................................................................................................................ 22

FIGURA 2.1 – RELAÇÕES GEÓIDE-ELIPSÓIDE (ILUSTRAÇÃO DOS EFEITOS DA


DISTRIBUIÇÃO IRREGULAR DE MASSAS DA CROSTA TERRESTRE)...................23

FIGURA 2.2 – OS EFEITOS DAS ANOMALIAS DE MASSA SOBRE O GEÓIDE.... 24

2.3 - Elipsóide.............................................................................................................................................................. 24

FIGURA 2.3 – ARCOS DE MERIDIANOS DE UM GRAU MEDIDOS NAS


PROXIMIDADES DO EQUADOR E NO CÍRCULO ÁRTICO........................................ 25

FIGURA 2.4 – ELEMENTOS E RELAÇÕES MÉTRICAS NO ELIPSÓIDE..................26

FIGURA 2.5 – ACHATAMENTO DA TERRA (F= +/-1/300) COMPARADO A


DIVERSOS ACHATAMENTOS..................................................................................... 27

2.4 - Importância das três Superfícies da Terra.......................................................................................................27

FIGURA 2.6 - SUPERFÍCIES DE REFERÊNCIA......................................................... 28

2.5 - Datum.................................................................................................................................................................. 28

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FIGURA 2.7 – ILUSTRAÇÃO, DE MANEIRA EXAGERADA, DE DOIS “DATA”


DISTINTOS.................................................................................................................... 29

3 - SISTEMAS DE COORDENADAS........................................................................... 32

3.1 - Coordenadas astronômicas................................................................................................................................ 32

FIGURA 3.1 – COORDENADAS ASTRONÔMICAS.................................................... 32

3.2 - Coordenadas Geodésicas.................................................................................................................................... 33


3.2.1 - Elipsóide de Revolução................................................................................................................................. 33

FIGURA 1 2 – GEOMETRIA DA ELIPSE..................................................................... 33

FIGURA 3.3 - GEOMETRIA DO ELIPSÓIDE............................................................... 34


3.2.2 - Determinação das coordenadas cartesinas.................................................................................................... 35
3.2.3 - Coordenadas Geocêntricas Cartesianas......................................................................................................... 38

FIGURA 3.4 – COORDENADAS GEOCÊNTRICAS CARTESIANAS......................... 38

FIGURA 3.5 – RELAÇÃO DAS COORDENADAS GEODÉSICAS E GEOCÊNTRICAS


CARTESIANAS............................................................................................................. 39

4 - MÉTODOS DE POSICIONAMENTO DO DATUM GEODÉSICO............................ 42

4.1 - Posicionamento Astronômico............................................................................................................................ 42

FIGURA 4.1 – ORIENTAÇÃO DO CENTRO DO ELIPSÓIDE EM RELAÇÃO AO


CENTRO DA TERRA.................................................................................................... 42

4.2 - Posicionamento Astro-Geodésico...................................................................................................................... 43

FIGURA 4.2 – DATUM DE ORIENTAÇÃO ASTRO-GEODÉSICO ............................. 44

4.3 - Posicionamento Gravimétrico........................................................................................................................... 44

FIGURA 4.3 – RESULTADO DO MÉTODO DE POSICIONAMENTO GRAVIMÉTRICO


....................................................................................................................................... 45

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5 - MUDANÇA DE DATUM........................................................................................... 46

5.1 - Introdução........................................................................................................................................................... 46

5.2 - Geometria do Problema..................................................................................................................................... 47

FIGURA 5.1 – REPRESENTAÇÃO DAS TRÊS ROTAÇÕES E AS TRÊS


TRANSLAÇÕES............................................................................................................ 47

5.3 - Sistemas de referência clássicos.........................................................................................................................47

5.4 - Sistemas de referência Modernos...................................................................................................................... 48

5.5 - Coordenadas Planas........................................................................................................................................... 49

5.6 - Sistema UTM.......................................................................................................................................................49

FIGURA 5.2 – MERIDIANO CENTRAL, LINHA DE SECÂNCIA E LINHA DE


SECÂNCIA.................................................................................................................... 51
5.6.1 - Características Técnicas do Sistema............................................................................................................. 52

5.7 - Ângulos a serem considerados na projeção UTM.......................................................................................... 52

FIGURA 5.3 - AZIMUTES............................................................................................. 53

5.8 - Convergência Meridiana.................................................................................................................................... 54

FIGURA 5.4 – NORTE GEOGRÁFICO E NORTE DA QUADRÍCULA E


CONVERGÊNCIA DA MERIDIANA.............................................................................. 54

5.9 - Redução à corda ou redução angular.............................................................................................................. 57

FIGURA 5.5 - REDUÇÃO ANGULAR......................................................................... 58

5.10 - Reduções ou Transformações Sofridas pelas Grandezas Geométricas na Geodésia................................. 58


5.10.1 - Introdução:.................................................................................................................................................. 58
5.10.2 - Reduções ou transformações a serem introduzidas nas distâncias:.............................................................58

5.11 - TRANSPORTE DE DISTÂNCIAS................................................................................................................. 59


5.11.1 - TRANSPORTE DE DISTÂNCIAS TOPOGRÁFICAS PARA DIFERENTESALTITUDES.................. 59
5.11.2 - TRANSPORTE DE DISTÂNCIA DA ALTITUDE " H" PARA O GEÓIDE.......................................... 59
5.11.3 - TRANSPORTE DE DISTÂNCIA AO ELIPSÓIDE.................................................................................. 59

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5.12 - Fator de escala................................................................................................................................................. 60

FIGURA 5.6 – AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO SISTEMA........................................... 61

5.13 - TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS PLANAS NO SISTEMA UTM EM COORDENADAS


GEODÉSICAS GEOGRÁFICAS..............................................................................................................................61
5.13.1 - Aplicação:....................................................................................................................................................61
5.13.2 - Fórmulas:.................................................................................................................................................... 62

5.14 - TRANFORMAÇÃO DE COORDENADAS GEODÉSICAS GEOGRÁFICAS EM COORDENADAS


UTM (E, N).................................................................................................................................................................. 66
5.14.1 - Aplicação..................................................................................................................................................... 66
5.14.2 - Cálculo de Abscissa.................................................................................................................................... 67
5.14.3 - Obtenção de p.............................................................................................................................................. 68

6 - CARTOGRAFIA...................................................................................................... 71

6.1 - DEFINIÇÃO DE CARTOGRAFIA..................................................................................................................71

6.2 - COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA........................................................................................................... 73

FIGURA 6.1 - SISTEMA DE COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA............................... 73

FIGURA 6.2 - MAPA IDEAL......................................................................................... 74

6.3 - HISTÓRICO DA CARTOGRAFIA................................................................................................................. 74

FIGURA 6.3 - O PROCESSO DE ERATÓSTENES..................................................... 75


6.3.1 - PRINCIPAIS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA CARTOGRAFIA BRASILEIRA
NO ÂMBITO GOVERNAMENTAL E O MAPEAMENTO SISTEMÁTICO...................................................... 77

6.4 - CAMPO DE ATUAÇÃO DA CARTOGRAFIA............................................................................................. 87

6.5 - DEFINIÇÃO DE MAPA.................................................................................................................................... 89

6.6 - DIVISÃO DA CARTOGRAFIA....................................................................................................................... 91

7 - ESCALA E ESCALAS............................................................................................. 93

7.1 - Conceito de escala............................................................................................................................................... 93

7.2 - Formas de Expressão de Escala........................................................................................................................ 93

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7.3 - Escala Gráfica.................................................................................................................................................... 96

FIGURA 7.1 - ESCALAS GRÁFICAS.......................................................................... 96

7.4 - Escala Gráfica Decimal...................................................................................................................................... 99

FIGURA 7.2 - ESCALA GRÁFICA DECIMAL.............................................................. 99

7.5 - Escalas Especiais................................................................................................................................................. 99

FIGURA 7.3 - ESCALA ESPECIAL............................................................................ 100

7.6 - Erro e Precisão Gráfica.................................................................................................................................... 100

7.7 - Escolha da Escala.............................................................................................................................................102

7.8 - Determinação de Escala de um Mapa.............................................................................................................103

7.9 - Transformação de Escala de Mapa................................................................................................................. 104

7.10 - Problemas de Escala...................................................................................................................................... 105

8 - ANÁLISE DE EXATIDÃO DE PRODUTOS CARTOGRÁFICOS......................... 107

8.1 - O conceito da mapa "exato"............................................................................................................................ 107

8.2 - Os Padrões de Exatidão Cartográfica............................................................................................................ 107


8.2.1 - Especificações da exatidão do mapa........................................................................................................... 108
8.2.2 - Os Padrões de Exatidão Cartográfica (PEC) no Brasil............................................................................... 109

9 - PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS........................................................................ 111

9.1 - O Conceito de Projeção................................................................................................................................... 111

9.2 - Escala Principal e Fator de Escala.................................................................................................................. 112

9.3 - O Conceito de Distorção...................................................................................................................................113

FIGURA 9.1 - REPRESENTAÇÃO TERRESTRE POR CORTES AO LONGO DOS


PARALELOS............................................................................................................... 114

FIGURA 9.2 - REPRESENTAÇÃO CONTÍNUA DA TERRA..................................... 114

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FIGURAS 9.3 A, B, C E D - DISTORÇÕES............................................................... 116

9.4 - Distorção Linear............................................................................................................................................... 116


9.4.1 - Distorção Nula............................................................................................................................................117

FIGURA 9.4 - ÁREAS DE DISTORÇÃO MÍNIMA, MÉDIA E ALTA NO PLANO.......118

FIGURA 9.5 - ÁREAS DE DISTORÇÃO NO CILINDRO............................................ 118

FIGURA 9.6 - ÁREAS DE DISTORÇÃO MÍNIMA NO CONE.................................... 118


9.4.2 - Escalas Específicas...................................................................................................................................... 119

9.5 - Propriedades Especiais das Projeções............................................................................................................ 119


9.5.1 - Conformidade.............................................................................................................................................. 120
9.5.2 - Equivalência............................................................................................................................................... 120

FIGURA 9.10 - CONSERVAÇÃO DE ÁREAS........................................................... 121


9.5.3 - Eqüidistância............................................................................................................................................... 121

9.6 - Classificação das Projeções............................................................................................................................. 121


9.6.1 - Quanto às Propriedades............................................................................................................................... 122
9.6.2 - Quanto à Superfície de Projeção................................................................................................................. 122

FIGURA 9.11 - SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO - TANGENTES............................... 123

FIGURA 9.12 - SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO - SECANTES..................................124

FIGURA 9.13 - PLANA NORMAL OU POLAR.......................................................... 124

FIGURA 9.14 - PLANA TRANNSVERAS OU EQUATORIAL.................................... 125

FIGURA 9.15 - PLANA HORIZONTAL OU OBLIGUA............................................... 125

FIGURA 9.16 - CILINDRICA NORMAL OU EQUATORIAL....................................... 125

FIGURA 9.17 - CILÍNDRICA TARNSVERSA............................................................. 126

FIGURA 9.18 - CILÍDRICA OBLIGUA........................................................................ 126

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FIGURA 9.19 - CÔNICA NORMAL............................................................................ 126

FIGURA 9.20 - CÔNICA TRANSVERSA................................................................... 127

FIGURA 9.21 - CÔNICA OBLIGUA............................................................................ 127


9.6.3 - Quanto ao Método de Traçado.................................................................................................................... 127

9.7 - A Aparência e Reconhecimento de uma Projeção......................................................................................... 128

10 - ESTUDO DAS PRINCIPAIS PROJEÇÕES......................................................... 130

10.1 - PROJEÇÕES PLANAS OU AZIMUTAIS.................................................................................................. 130

FIGURA 10.1 - ASPECTOS DA PROJEÇÃO AZIMUTAL......................................... 131

10.2 - PROJEÇÕES CILÍNDRICAS...................................................................................................................... 131

FIGURA 10.2.1 - SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO CILÍNDRICA.................................. 131

FIGURA 10.2.2 - ASPECTOS EQUATORIAL, TRANSVERSO E OBLIQUO............ 131


10.2.1 - Projeção de Mercator................................................................................................................................ 132

FIGURA 10.2.3 - PROJEÇÃO DE MERCATOR........................................................ 132


10.2.1.1. Características e Utilização................................................................................................................. 132

FIGURA 10.2.4 - LOXODRÔMICA OU LINHA DE RUMO......................................... 132

FIGURA 10.2.5 - COMPARAÇÃO DE DISTORÇÃO DA PROJEÇÃO DE MERCATOR


..................................................................................................................................... 133

FIGURA 10.2.6 - ESCALA VARÁVEL DE MERCATOR............................................ 133

FIGURA 10.2.7 - MAPA DE FUSOS HORÁRIOS...................................................... 134


10.2.2 - Cículos Máximos e Linhas de Rumo........................................................................................................ 134

FIGURA 10.2.8 - LINHA DE RUMO E CÍRCULO MÁXIMO NA PROJEÇÃO DE


MERCATOR................................................................................................................ 135

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FIGURA 10.2.9 - SOLUÇÃO PARA NAVEGAÇÃO EM UM CÍRCULO MÁXIMO..... 135


10.2.3 - Projeção de Mercator Transversa............................................................................................................. 136

FIGURA 10.2.10 - MERCATOR TRANSVERSA........................................................ 136

FIGURA 10.2.11 - APARÊNCIA DA PROJEÇÃO...................................................... 137


10.2.4 - Projeção Oblíqua de Mercator...................................................................................................................137

FIGURA 10.2.12 - APARÊNCIA DA PROJEÇÃO OBLIQUA DE MERCATOR.........138


10.2.5 - Projeção Cilíndrica Equivalente de Lambert............................................................................................ 139

11 - - PROJEÇÕES CÔNICAS................................................................................... 140

FIGURA 11.1 - .ASPECTOS DAS PROJEÇÕES CÔNICAS..................................... 140

FIGURA 11.2 - DESENVOLVIMENTO CÔNICO........................................................ 140

FIGURA 11. 3 - FORMA DE LEQUE.......................................................................... 141

12 - PROJEÇÃO UTM - O SISTEMA UTM................................................................ 142

12.1 - Introdução....................................................................................................................................................... 142

FIGURA 12. 1 - PROJEÇÃO TRANSVERSA DE MERCATOR COM CILINDRO


TANGENTE AO MERIDIANO DE HANNOVER.......................................................... 142

FIGURA 12.2 - MODIFICAÇÃO DE KRÜGER: CILINDRO TANGENTE E FUSOS DE


3O................................................................................................................................ 143

FIGURA 12. 3 - MODIFICAÇÃO DE TARDI: CILINDRO SECANTE E FUSOS DE 6O


..................................................................................................................................... 143

12.2 - Sistema Gauss-Krüger - (Gauss 3)................................................................................................................ 144

FIGURA 12. 4 - SISTEMA GAUSS 3 ......................................................................... 145

12.3 - Sistema Gauss-Tardi - (Gauss 6)................................................................................................................... 145

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FIGURA 12. 5 - CILINDRO SECANTE E FUSOS DE 6O ......................................... 145

FIGURA 12. 6 - SISTEMA GAUSS - TARDI.............................................................. 146

12.4 - Sistema UTM...................................................................................................................................................146

FIGURA . 12. 7 - DIVISÃO DOS FUSOS DO BRASIL............................................... 147

FIGURA 12. 8 - ÁREAS DE AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO........................................... 149

FIGURA 12. 9 - REGIÃO DE SECÂNCIA ................................................................. 150

FIGURA 12. 10 - SISTEMA UTM................................................................................ 151

FIGURA 12. 11 - ESQUEMA DE REPRESENTAÇÃO DAS COORDENADAS UTM 152


12.4.1 - Transformação de Coordenadas................................................................................................................ 152

13 - ARTICULAÇÃO SISTEMÁTICA DAS CARTAS................................................. 154

FIGURA 12.1 - CARTA INTERNACIONAL AO MILIONÉSIMO...............................155

FIGURA 13. 2 - SISTEMATIZAÇÃO ATÉ A ESCALA 1: 25.000............................... 156


13.1.1 - Cálculo de No de Fuso de uma Carta........................................................................................................ 156

14 - BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 158

15 - ANEXOS (1)........................................................................................................ 160

15.1 - Termos Comumente Usados na Geodésia.................................................................................................... 160

16 - ANEXOS (2)........................................................................................................ 161

17 - ANEXO (3)........................................................................................................... 162

18 - ANEXO (4)........................................................................................................... 163

19 - ANEXO (5).......................................................................................................... 164

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20 - ANEXO (6)........................................................................................................... 165

INDICE DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – RELAÇÕES GEÓIDE-ELIPSÓIDE (ILUSTRAÇÃO DOS EFEITOS DA


DISTRIBUIÇÃO IRREGULAR DE MASSAS DA CROSTA TERRESTRE)...................23

FIGURA 2.2 – OS EFEITOS DAS ANOMALIAS DE MASSA SOBRE O GEÓIDE..... 24

FIGURA 2.3 – ARCOS DE MERIDIANOS DE UM GRAU MEDIDOS NAS


PROXIMIDADES DO EQUADOR E NO CÍRCULO ÁRTICO........................................ 25

FIGURA 2.4 – ELEMENTOS E RELAÇÕES MÉTRICAS NO ELIPSÓIDE...................26

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FIGURA 2.5 – ACHATAMENTO DA TERRA (F= +/-1/300) COMPARADO A


DIVERSOS ACHATAMENTOS..................................................................................... 27

FIGURA 2.6 - SUPERFÍCIES DE REFERÊNCIA.......................................................... 28

FIGURA 2.7 – ILUSTRAÇÃO, DE MANEIRA EXAGERADA, DE DOIS “DATA”


DISTINTOS.................................................................................................................... 29

FIGURA 3.1 – COORDENADAS ASTRONÔMICAS..................................................... 32

FIGURA 1 2 – GEOMETRIA DA ELIPSE...................................................................... 33

FIGURA 3.3 - GEOMETRIA DO ELIPSÓIDE................................................................ 34

FIGURA 3.4 – COORDENADAS GEOCÊNTRICAS CARTESIANAS.......................... 38

FIGURA 3.5 – RELAÇÃO DAS COORDENADAS GEODÉSICAS E GEOCÊNTRICAS


CARTESIANAS............................................................................................................. 39

FIGURA 4.1 – ORIENTAÇÃO DO CENTRO DO ELIPSÓIDE EM RELAÇÃO AO


CENTRO DA TERRA.................................................................................................... 42

FIGURA 4.2 – DATUM DE ORIENTAÇÃO ASTRO-GEODÉSICO .............................. 44

FIGURA 4.3 – RESULTADO DO MÉTODO DE POSICIONAMENTO GRAVIMÉTRICO


....................................................................................................................................... 45

FIGURA 5.1 – REPRESENTAÇÃO DAS TRÊS ROTAÇÕES E AS TRÊS


TRANSLAÇÕES............................................................................................................ 47

FIGURA 5.2 – MERIDIANO CENTRAL, LINHA DE SECÂNCIA E LINHA DE


SECÂNCIA.................................................................................................................... 51

FIGURA 5.3 - AZIMUTES.............................................................................................. 53

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FIGURA 5.4 – NORTE GEOGRÁFICO E NORTE DA QUADRÍCULA E


CONVERGÊNCIA DA MERIDIANA.............................................................................. 54

FIGURA 5.5 - REDUÇÃO ANGULAR.......................................................................... 58

FIGURA 5.6 – AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO SISTEMA............................................ 61

FIGURA 6.1 - SISTEMA DE COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA................................ 73

FIGURA 6.2 - MAPA IDEAL.......................................................................................... 74

FIGURA 6.3 - O PROCESSO DE ERATÓSTENES...................................................... 75

FIGURA 7.1 - ESCALAS GRÁFICAS........................................................................... 96

FIGURA 7.2 - ESCALA GRÁFICA DECIMAL............................................................... 99

FIGURA 7.3 - ESCALA ESPECIAL............................................................................. 100

FIGURA 9.1 - REPRESENTAÇÃO TERRESTRE POR CORTES AO LONGO DOS


PARALELOS............................................................................................................... 114

FIGURA 9.2 - REPRESENTAÇÃO CONTÍNUA DA TERRA...................................... 114

FIGURAS 9.3 A, B, C E D - DISTORÇÕES................................................................ 116

FIGURA 9.4 - ÁREAS DE DISTORÇÃO MÍNIMA, MÉDIA E ALTA NO PLANO........118

FIGURA 9.5 - ÁREAS DE DISTORÇÃO NO CILINDRO............................................. 118

FIGURA 9.6 - ÁREAS DE DISTORÇÃO MÍNIMA NO CONE..................................... 118

FIGURA 9.10 - CONSERVAÇÃO DE ÁREAS............................................................ 121

FIGURA 9.11 - SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO - TANGENTES................................ 123

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FIGURA 9.12 - SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO - SECANTES...................................124

FIGURA 9.13 - PLANA NORMAL OU POLAR........................................................... 124

FIGURA 9.14 - PLANA TRANNSVERAS OU EQUATORIAL..................................... 125

FIGURA 9.15 - PLANA HORIZONTAL OU OBLIGUA................................................ 125

FIGURA 9.16 - CILINDRICA NORMAL OU EQUATORIAL........................................ 125

FIGURA 9.17 - CILÍNDRICA TARNSVERSA.............................................................. 126

FIGURA 9.18 - CILÍDRICA OBLIGUA......................................................................... 126

FIGURA 9.19 - CÔNICA NORMAL............................................................................. 126

FIGURA 9.20 - CÔNICA TRANSVERSA.................................................................... 127

FIGURA 9.21 - CÔNICA OBLIGUA............................................................................. 127

FIGURA 10.1 - ASPECTOS DA PROJEÇÃO AZIMUTAL.......................................... 131

FIGURA 10.2.1 - SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO CILÍNDRICA................................... 131

FIGURA 10.2.2 - ASPECTOS EQUATORIAL, TRANSVERSO E OBLIQUO............. 131

FIGURA 10.2.3 - PROJEÇÃO DE MERCATOR......................................................... 132

FIGURA 10.2.4 - LOXODRÔMICA OU LINHA DE RUMO.......................................... 132

FIGURA 10.2.5 - COMPARAÇÃO DE DISTORÇÃO DA PROJEÇÃO DE MERCATOR


..................................................................................................................................... 133

FIGURA 10.2.6 - ESCALA VARÁVEL DE MERCATOR............................................. 133

FIGURA 10.2.7 - MAPA DE FUSOS HORÁRIOS....................................................... 134

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FIGURA 10.2.8 - LINHA DE RUMO E CÍRCULO MÁXIMO NA PROJEÇÃO DE


MERCATOR................................................................................................................ 135

FIGURA 10.2.9 - SOLUÇÃO PARA NAVEGAÇÃO EM UM CÍRCULO MÁXIMO...... 135

FIGURA 10.2.10 - MERCATOR TRANSVERSA......................................................... 136

FIGURA 10.2.11 - APARÊNCIA DA PROJEÇÃO....................................................... 137

FIGURA 10.2.12 - APARÊNCIA DA PROJEÇÃO OBLIQUA DE MERCATOR..........138

FIGURA 11.1 - .ASPECTOS DAS PROJEÇÕES CÔNICAS...................................... 140

FIGURA 11.2 - DESENVOLVIMENTO CÔNICO......................................................... 140

FIGURA 11. 3 - FORMA DE LEQUE........................................................................... 141

FIGURA 12. 1 - PROJEÇÃO TRANSVERSA DE MERCATOR COM CILINDRO


TANGENTE AO MERIDIANO DE HANNOVER.......................................................... 142

FIGURA 12.2 - MODIFICAÇÃO DE KRÜGER: CILINDRO TANGENTE E FUSOS DE


3O................................................................................................................................ 143

FIGURA 12. 3 - MODIFICAÇÃO DE TARDI: CILINDRO SECANTE E FUSOS DE 6O


..................................................................................................................................... 143

FIGURA 12. 4 - SISTEMA GAUSS 3 .......................................................................... 145

FIGURA 12. 5 - CILINDRO SECANTE E FUSOS DE 6O .......................................... 145

FIGURA 12. 6 - SISTEMA GAUSS - TARDI............................................................... 146

FIGURA . 12. 7 - DIVISÃO DOS FUSOS DO BRASIL................................................ 147

FIGURA 12. 8 - ÁREAS DE AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO............................................ 149

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FIGURA 12. 9 - REGIÃO DE SECÂNCIA .................................................................. 150

FIGURA 12. 10 - SISTEMA UTM................................................................................. 151

FIGURA 12. 11 - ESQUEMA DE REPRESENTAÇÃO DAS COORDENADAS UTM. 152

FIGURA 12.1 - CARTA INTERNACIONAL AO MILIONÉSIMO................................155

FIGURA 13. 2 - SISTEMATIZAÇÃO ATÉ A ESCALA 1: 25.000................................ 156

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1 - GEODÉSIA

1.1 -CONCEITO DE GEODÉSIA

Geodésia é a ciência que estuda os métodos e procedimentos adotados para definir a forma e
a dimensão da Terra. Esses procedimentos envolvem a mensuração das forças que atuam na
Terra (geodésia física), a determinação das coordenadas geodésicas dos pontos da Terra
(geodésia geométrica) e da geometria das órbitas dos satélites artificiais e dos pontos
terrestres (geodésia por satélites).

Assim a Geodésia determina, através de observações, a forma e o tamanho da Terra, as


coordenadas dos pontos, comprimentos e direções de linhas da superfície terrestre e as
variações da gravidade terrestre.

Para fins de compreensão e estudo a Geodésia é dividida em três ramos.

O primeiro ramo, Geodésia geométrica, está relacionado com as dimensões e forma da Terra,
a determinação das coordenadas de pontos, comprimento e azimutes de linhas da superfície
terrestre.

O segundo ramo, geodésia física, estuda o campo de gravidade da Terra ou direção e


magnitude das forças que mantém os corpos na superfície e na atmosfera terrestres.

O terceiro ramo da geodésia é denominado de geodésia por satélite ou geodésia celeste..


Estuda a determinação de posições de pontos da superfície da Terra ou em volta desta,
através da observação de satélites artificiais.

Na acepção etimológica da palavra, do grego: geo = Terra; daisia = medição, geodésia é a


ciência da medição da Terra. No entanto, há uma definição aceita que diz: geodésia é a
ciência que tem por fim o estudo da forma e dimensão da Terra.

Embora a finalidade primordial da Geodésia seja cientifica, ela é empregada como estrutura
básica do mapeamento e trabalhos topográficos, constituindo estes fins práticos razão de seu
desenvolvimento e realização, na maioria dos países.

Uma boa analogia da relação entre a Geodésia e a Topografia pode ser vista na construção de
edifícios de concreto, que possuem uma estrutura resistente (lajes, vigas, pilares fundação) e
as partes complementares, de fechamento e acabamento (paredes, portas, janelas). A
geodésia procura então determinar vértices de amarração dispostas em cadeias que varrem
todo o território e que possuem coordenadas precisas; a Topografia e a Cartografia preenchem
os espaços intermediários, sustentando-se nos vértices geodésicos, e amarrando todos os

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acidentes geográficos e edificações (rios, rodovias, montanhas, lagoas) na rede existente de


maneira a poder produzir mapas confiáveis sem deformações exageradas.

1.2 -LEVANTAMENTOS GEODÉSICOS

Os levantamentos geodésicos compreendem o conjunto de atividades dirigidas para medições


ou observações que se destinam à determinação da forma e dimensões do nosso planeta
(geóide ou elipsóide). É a base para o estabelecimento do referencial físico e geométrico
necessário ao posicionamento dos elementos que compõem a paisagem territorial.

Os levantamentos geodésicos classificam-se em três grandes grupos:

1. Levantamentos geodésicos de alta precisão (âmbito nacional)

• Cientifico: Dirigido ao atendimento de programas internacionais de cunho científico e a


sistemas Geodésicos Nacionais;

• Fundamental (1a Ordem): Pontos básicos para amarração e controle de trabalhos


geodésicos e cartográficos, desenvolvidos segundo especificações internacionais,
constituindo o sistema único de referência.

2. Levantamentos geodésicos de precisão (âmbito nacional)

• Para áreas mais desenvolvidas (2a ordem): Insere-se diretamente no grau de


desenvolvimento sócio-econômico regional. É uma densificação dos Sistemas Geodésicos
Nacionais a partir da decomposição de figuras de 1a ordem.

• Para áreas menos desenvolvidas (3a ordem): Dirigido às áreas remotas ou aquelas em
que não justifiquem investimentos imediatos.

3. Levantamentos Geodésicos para fins Topográficos (Local)

Tem características locais. Dirigem-se ao atendimento dos levantamentos no horizonte


topográfico. Tem a finalidade de fornecer o apoio básico indispensável às operações
topográficas de levantamento, para fins de mapeamento com base em fotogrametria.

Os levantamentos irão permitir o controle horizontal e vertical através da determinação de


coordenadas geodésicas e altimétricas.

1.3 -MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS

1.3.1 -LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO

• Triangulação: Obtenção figuras geométricas a partir de triângulos formados através dos


ângulos subtendidos por cada vértice. Os pontos de triangulação são denominados vértices
de triangulação. É o mais antigo e utilizado processo de levantamento planimétrico.

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• Trilateração: Método semelhante à triangulação e, como aquele, baseia-se em


propriedades geométricas a partir de triângulos superpostos, sendo que o levantamento
será efetuado através da medição dos lados.

• Poligonação: É um encadeamento de distâncias e ângulos medidos entre pontos


adjacentes formando linhas poligonais ou polígonos. Partindo de uma linha formada por
dois pontos conhecidos, determinam-se novos pontos, até chegar a uma linha de pontos
conhecidos.

1.3.2 -LEVANTAMENTO ALTIMÉTRICO

Desenvolveu-se na forma de circuitos, servindo por ramais as cidades, as vilas e os povoados


às margens destes circuitos e distantes em até 20 km. Os demais levantamentos estarão
referenciados ao de alta precisão.

• Nivelamento Geométrico: É o método usado nos levantamentos altimétricos de alta


precisão que se desenvolvem ao longo de rodovias e ferrovias. No SGB, os pontos cujas
altitudes foram determinadas a partir de nivelamento geométrico são denominados
referências de nível.

• Nivelamento Trigonométrico: Baseia-se em relações trigonométricas. É menos preciso


que o geométrico, fornece apoio altimétrico para os trabalhos topográficos.

• Nivelamento Barométrico: Baseia-se na relação inversamente proporcional entre pressão


atmosférica e a altitude. É o de mais baixa precisão, usado em regiões onde não é
impossível utilizar os métodos anteriores ou quando se queira maior rapidez.

1.3.3 -LEVANTAMENTO GRAVIMÉTRICO

A gravimetria tem por finalidade o estudo do campo gravitacional terrestre, possibilitando, a


partir dos seus resultados, aplicações na área de Geociências como, por exemplo, a
determinação da forma e das dimensões da Terra, a investigação da crosta terrestre e a
prospecção de recursos de recursos minerais.

As especificações e normas gerais abordam as técnicas de medições gravimétricas vinculadas


às determinações relativas com o uso de gravímetros estáticos.

À semelhança dos levantamentos planimétricos e altimétricos, os gravímetros são desdobrados


em: alta precisão, média precisão e para fins de detalhamento.

Matematicamente, esses levantamentos são bastante similares ao nivelamento geométrico,,


medindo-se as diferenças de aceleração da gravidade entre pontos sucessivos.

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1.3.4 -POSICIONAMENTO TRIDIMENSIONAL POR GPS

Na coleta de dados de campo, as técnicas geodésicas e topográficas para determinação de


ângulos e distâncias utilizadas para a obtenção de coordenadas bidimensionais ou
tridimensionais sobre a superfície terrestre usando instrumentos ópticos e mecânicos,
praticamente, tornaram-se obsoletas. Sendo estes equipamentos mais usados na locação de
obras de engenharia civil e de instalações industriais. Posteriormente, sistemas eletrônicos de
determinações de distâncias por mira “laser” ou infravermelhas apresentaram uma grande
evolução.

A Geodésia por satélites baseada em Radar (NNSS), com freqüências de rádio muito altas
(bandas de microondas) foi desenvolvido pela Marinha dos Estados Unidos com a finalidade
básica de navegação e posicionamento das aeronaves americanas sobre a superfície, em
meados dos anos 60.

Atualmente o Sistema de Posicionamento Global (GPS) com uma constelação NAVSTAR -


Navegation System With Timing And Ranging (em português: Sistema de Navegação com
tempo e distância), totalmente completo e operacional, ocupa o primeiro lugar entre os
sistemas e métodos utilizados pela Topografia, Geodésia, Aerofotogrametria, navegação aérea
e marítima e quase todas as aplicações em geoprocessamento que envolvam dados de
campos (dados espaciais).

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2 - FORMA FÍSICA DA TERRA, GEÓIDE, ELIPSÓIDE E DATUM

2.1 -FORMA FÍSICA DA TERRA

A Terra, ao longo da história da humanidade, já foi concebida sob diversas formas, tendo,
inclusive, em torno do assunto, sido geradas grandes polêmicas. Sua forma já foi admitida
como uma superfície totalmente plana, como um disco plano circundado por água etc.

Evidentemente, a concepção de uma Terra esférica, defendida inicialmente por Pitágoras, é a


que mais se aproximava da realidade. Por ser um matemático, Pitágoras acreditava que os
deuses teriam criado a Terra esférica por ser esse sólido uma superfície matematicamente
perfeita.

Tanto a concepção da Terra plana como esférica, oferecem aproximações aceitáveis para
determinados fins. Dentro dos limites da Topografia, por exemplo, a Terra é considerada plana
e, por outro lado, para muitos cálculos astronômicos e de navegação, a Terra é considerada
uma esfera.

Entretanto, para os geodesistas, interessados na medida precisa de longas distâncias, por


vezes abrangendo continentes, a Terra é vista sob a forma real, a qual não é considerada
como superfície suscetível de tratamento matemático. Em última análise, o que se considera
como a “Forma Física da Terra” é a figura irregular representada por sua real superfície
topográfica, embora esta não seja apropriada para os desenvolvimentos matemáticos
necessários ao cálculo da posição exata de pontos. Assim é que, ao longo da história, foi
buscada a forma geométrica que mais se aproximasse da Terra.

2.2 - GEÓIDE.

Além da superfície física da Terra uma segunda superfície tem importância fundamental para a
Geodésia.

Essa superfície é definida a partir do conceito do campo gravitacional da Terra, sendo esta
considerada como formada por uma concentração de massas. Em torno desta concentração de
massas existem infinitas superfícies equipotenciais1. Cada superfície eqüipotencial, por
definição, é representada por pontos que têm o mesmo potencial gravitacional. Devido à
distribuição não homogênea das massas, essas superfícies são irregulares e, segundo a
Teoria do Potencial, são perpendiculares, em todos os seus pontos, às linhas de força do
campo, denominadas genericamente de verticais. Uma particular superfície dentre essas é
aquela cujo potencial gravitacional é igual ao de um ponto situado na posição média do nível

1
Superfície Eqüipotencial – Superfície que tem em todos seus pontos o mesmo potencial gravitacional.

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dos mares (NMM). A superfície eqüipotencial, assim definida, é denominada “Geóide” e é


usada como referência para os levantamentos altimétricos, influindo, portanto, nas reduções
das medições executadas diretamente sobre o terreno.

De modo não muito preciso, pode-se dizer que o geóide é representado pelo nível médio dos
oceanos, considerados hipoteticamente em repouso, e um imaginário prolongamento dos
destes oceanos através dos continentes.

As figuras 2.1 e 2.2 mostram os desvios que ocorrem entre as normais, ao elipsóide e o
geóide, num mesmo ponto. O geóide, pela definição de superfície eqüipotencial, é
perpendicular à vertical gravimétrica (direção do fio de prumo) em todos os pontos. Como se vê
nas figuras, esta vertical sofre influência da distribuição não homogênea de massas na Terra.

Figura 2.1 – Relações geóide- elipsóide (ilustração dos efeitos da distribuição irregular
de massas da crosta terrestre)

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Figura 2.2 – Os efeitos das anomalias de massa sobre o geóide

2.3 - ELIPSÓIDE

Uma vez ultrapassada a teoria de Aristóteles, que preconizava a total imobilidade da Terra,
pela de Copérnico, que lhe conferiu movimento roto-translatório, foi inferida por Newton uma
nova forma para o planeta. Segundo sua teoria, o giro em torno de um eixo polar acarretaria
um achatamento nos pólos e um alongamento na região equatorial da então esfera. Seriam
essas as primeiras insinuações no sentido de se admitir uma forma não exatamente esférica da
Terra.

Posteriormente, em 1718, o francês Cassini concluiu de seus estudos que seria mais provável
a ocorrência de um achatamento equatorial e um alongamento nos pólos, idéia frontalmente
antagônica à teoria de Newton.

Em 1735, então, visando dirimir a dúvida remanescente, forma levada a efeito expedições,
pelos franceses, as quais mediram nas proximidades do equador e no circulo ártico,
respectivamente, dois arcos de meridiano. A primeira definiu o valor de 110.614m para o arco
de 1o (um grau) próximo ao Equador, enquanto a Segunda atingiu o valor 111.949m para o
mesmo arco próximo ao circulo ártico, fato que veio comprovar as teorias newtonianas.

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Figura 2.3 – Arcos de meridianos de um grau medidos nas proximidades do equador e


no círculo ártico

Elipsóide é a forma geométrica que mais se aproxima da real forma da Terra. Então constada,
é o Elipsóide de revolução, figura gerada pela revolução de uma elipse em torno do seu eixo
menor, e a partir da qual evoluiu o estudo da Geodésia. A Geodésia se encarrega de referir os
pontos da superfície física da Terra á superfície do Elipsóide podendo, assim, relacioná-los
matematicamente.

No Brasil, os cálculos geodésicos são conduzidos atualmente sobre o Elipsóide de Referência


67. O elipsóide de Hayford foi durante muito tempo o elipsóide adotado no Brasil. Foi
recomendado pela Assembléia Geral da Associação Internacional de Geodésia, IAG, da União
Geodésia e Geofísica Internacional em Madri, no ano de 1924, como o Elipsóide de Referência
Internacional. Os parâmetros do Elipsóide de Hayford são:

a = 6 378 388,00 m

α = 1/297,00

O IBGE, a partir de 1976, passou a recomendar a utilização do Elipsóide de Referência


Internacional 1967 (ERI 1967), cujos parâmetros são:

a = 6 378 160,00 m

α = 1/298,25

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O Sistema Geodésico Brasileiro, SGB determinado já com uso dos satélites, é melhor
representado assim:

As relações geométricas no elipsóide são vistas a seguir:

Figura 2.4 – Elementos e relações métricas no elipsóide

Duas seções normais principais são definidas a partir de um ponto qualquer do elipsóide.
Considerada a reta normal ao elipsóide, a primeira seção é aquela obtida por um plano
contendo esta reta e perpendicular ao plano ZY ), chamada seção primeiro vertical, cujo raio de
curvatura é representado pela letra N, como visto na Fig. 2.4; a segunda seção é aquela obtida
por um plano contendo a reta normal e o semi-eixo menor do elipsóide, chamada seção
meridiana, cujo raio de curvatura é representado pela letra M, e que seria o raio da
circunferência que se aproximasse da seção (no caso uma elipse) nas proximidades do ponto
considerado.

Diversos elipsóides usualmente têm sido empregados em Geodésia para representar


geometricamente a forma aproximada da Terra. Seus achatamentos são da ordem de 1/300.
Como se pode ver na figura seguinte, um elipsóide com esse achatamento traria dificuldades

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para ser desenhado entre a esfera, que tem achatamento zero, e aquele de achatamento 1/50.
A Fig. 2.5 ilustra o quão próximos da esfera são os elipsóides usados em geodésica.

+
Figura 2.5 – Achatamento da Terra (f= /-1/300) comparado a diversos achatamentos

2.4 - IMPORTÂNCIA DAS TRÊS SUPERFÍCIES DA TERRA

As altitudes com as quais trabalhamos são referenciadas ao geóide (altura ortométrica).Mas,


como o geóide não é uma superfície geométrico, não se presta à condução de cálculo, como
transporte de coordenadas de um ponto a outro, a partir de observações (ângulo e distâncias).
Por isso os geodesistas adotaram um modelo geométrico da Terra – modelo da Terra normal –
um elipsóide de revolução. Muitas das observações que se realiza em geodésia, estão ligadas
ao geóide, como ocorre com as medidas dos ângulos horizontais e verticais e com a leitura de
miras verticais para nivelamento geométrico, por termos de nivelar os instrumentos de medidas
(nível e mira).

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O geodesista trabalha sempre com três superfícies diferentes, de relacionamento conhecido ou


determinado (Fig. 2.6):

• A superfície da Terra – sobre a qual se realizam as observações geodésicas e que se


deseja mapear;

• O geóide - Referencial de altitudes

• O elipsóide – Superfície que permite conduzir cálculos necessários para chegar aos mapas
e por isso referencial para posicionamento geodésico.

Figura 2.6 - Superfícies de Referência

2.5 - DATUM

Superfície de referência que consiste dos seguintes parâmetros:

Latitude e a Longitude de um ponto inicial, o azimute de uma direção que parte desse ponto e
duas constantes (a e b), indispensáveis para a definição do elipsóide terrestre. Forma-se,
assim, a base para o cálculo dos levantamentos de controle horizontal em que é levada em
conta a curvatura da terra.

Diferentes elipsóides, em diferentes posições, têm sido utilizados por geodesistas nos
diferentes países.

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Há interesse, na definição do “Datum” a ser adotado por um país ou continente, em que haja
uma boa adaptação entre o elipsóide e o geóide ao longo da área sobre a qual se estenderá a
rede geodésica. Esta boa adaptação, ou seja, a melhor aproximação entre o elipsóide e o
geóide, é importante para que sejam possíveis as reduções inerentes aos cálculos geodésicos
na distribuição da rede. Assim, um “Datum” definido para a rede geodésica, por exemplo, dos
Estados Unidos, provavelmente não proporcionará um bom “Datum” para o Brasil, ou seja, ao
se afastar da área de adaptação, o elipsóide e geóide podem perder a acomodação, o que
tornará impraticáveis as reduções geodésicas. Por exemplo, há uma diversidade grande de
“data2” adotados nos diferentes países. A Fig. 2.7 ilustra, de maneira exagerada, a adaptação
de dois “data” distintos.

Figura 2.7 – Ilustração, de maneira exagerada, de dois “data” distintos.

A partir da definição do Datum Geodésico é que se pode, então, imaginar a atribuição de


coordenadas a pontos da superfície física da Terra, ou seja, as coordenadas dependem da
posição em que está colocado o elipsóide. Desde já se pode também notar que, numa região
abrangida por dois “data” distintos, deve-se ter, para um mesmo ponto, coordenadas
diferentes, referidas aos dois diferentes “data”.

Assim é que os diversos países estabelecem suas redes geodésicas, representadas, por
conjuntos de pontos materializados no terreno, distribuídos de forma adequada, e referidos aos
respectivos “data”, nacionais ou continentais. No caso brasileiro, é atribuição do IBGE (Instituto

2
data – Plural de datum

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Brasileiro de Geografia e Estatística) implantar e manter esta rede de pontos, bem como
adensá-la, sendo responsável pela determinação das coordenadas de todos os seus pontos.
Isto é feito através de métodos geodésicos de alta precisão. Cabe também a este órgão
estudar e arbitrar sobre o “datum” a ser adotado oficialmente no país.

Atualmente (2006) convivemos com dois sistemas de referência oficiais, o SAD-69 e o


SIRGAS-2000. O SAD-69 é um sistema de referência topocêntrico que foi adotado oficialmente
no Brasil em 1978, mas que a partir do inicio de 2005 (ver texto do IBGE) perdeu essa
exclusividade com a adoção do sistema de referência geocêntrico SIRGAS-2000 (Sistema de
Referência Geocêntrico para as Américas). Hoje o SGB passa por um período transição, com
duração prevista para 10 anos, no qual o SAD-69 poderá ser usado em concomitância com
SIRGAS-2000 . A coexistência destes sistemas tem por finalidade oferecer à sociedade um
período de transição antes da adoção do SIRGAS-2000 em caráter exclusivo

O texto a seguir é a introdução do IBGE (R.PR- 1/2005) do documento que oficializa o Sistema
de Referência SIRGAS-2000

“Para o desenvolvimento das atividades geodésicas, é necessário o estabelecimento de um


sistema geodésico que sirva de referência ao posicionamento no território nacional. A
materialização deste sistema de referência, através de estações geodésicas distribuídas
adequadamente pelo país, constitui-se na infra-estrutura de referência a partir da qual os novos
posicionamentos são efetuados.

A definição do sistema geodésico de referência acompanha, em cada fase da história, o estado


da arte dos métodos e técnicas então disponíveis. Com o advento dos sistemas globais de
navegação (i.e. posicionamento) por satélites (GNSS – Global Navigation Satellite Systems),
tornou-se mandatória a adoção de um novo sistema de referência, geocêntrico, compatível
com a precisão dos métodos de posicionamento correspondentes e também com os sistemas
adotados no restante do globo terrestre.

Com esta finalidade, fica estabelecido como novo sistema de referência geodésico para o SGB
e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN) o Sistema de Referência Geocêntrico para as
Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000). Para o SGB, o
SIRGAS2000 poderá ser utilizado em concomitância com o sistema SAD 69. Para o Sistema
Cartográfico Nacional (SCN), o SIRGAS2000 também poderá ser utilizado em concomitância
com os sistemas SAD-69 e Córrego Alegre, conforme os parâmetros definidos nesta
Resolução. A coexistência entre estes sistemas tem por finalidade oferecer à sociedade um
período de transição antes da adoção do SIRGAS-2000 em caráter exclusivo. Neste período
de transição, não superior a dez anos, os usuários deverão adequar e ajustar suas bases
de dados, métodos e procedimentos ao novo sistema.”

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Alguns elipsóides em uso no Brasil.

DATUM SIRGAS-2000 WGS-84 SAD-69 C. ALEGRE

ELIPSÓIDE GRS-80 WGS-84 UGGI-1967 IAG-1924

a 6 378 137,00 6 378 137,00 6 378 160,00 6 378 388,00

1/f 298,257222101 298,2572235630 298,25 297,00

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3 - SISTEMAS DE COORDENADAS

3.1 - COORDENADAS ASTRONÔMICAS

A Latitude Astronômica de um ponto é definida pelo ângulo entre a vertical deste ponto e o
plano equatorial. Chama-se meridiano astronômico de um ponto ao plano que contém a vertical
e uma paralela ao eixo de rotação da Terra. A Segunda coordenada, a Longitude Astronômica,
é definida pelo ângulo diedro entre o meridiano do ponto e o meridiano de Greenwich,
considerado como zero das longitudes.

Devido à rotação irregular da Terra e o conseqüente movimento de seu eixo de rotação em


relação à própria Terra, fazendo com que os pólos mudem de posição ao longo do tempo, e
considerando que as coordenadas astronômicas referem-se a uma determinada posição
instantânea neste eixo, há que se admitir que as essas coordenadas, para um mesmo ponto,
variam em função do tempo. Portanto, as coordenadas astronômicas devem sofrer correções,
para que reduzi-las a uma posição média do eixo de rotação terrestre. Essas correções são
aplicadas quando se utiliza coordenadas astronômicas com objetivo astro-geodésicos, como
será visto a diante. De qualquer forma, devido às influências diversas sobre a vertical do ponto,
não se pode relacionar coordenadas astronômicas de diferentes pontos, ou seja, as
coordenadas astronômicas não se referem a nenhum “datum”. São definidas por ângulos,
contados a partir da vertical do ponto, não estando, portanto, referidas a nenhum elipsóide.

Figura 3.1 – Coordenadas Astronômicas

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3.2 -COORDENADAS GEODÉSICAS

3.2.1 -ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO

É um sólido geométrico gerado pela rotação de uma elipse em torno do seu eixo menor.

Figura 3.2 – Geometria da elipse

x2 + y2 z2
+ = 1
a2 b2
• Achatamento – É a relação entre a diferença entre o semi-eixo maior e semi-eixo menor e
semi-eixo maior.

a − b
f = (1)
a
• Excentricidade – É a relação entre a distancia focal e o semi-eixo maior.

c c2
e = ⇔ e =
2
(2)
a a2
Da geometria da elipse, tem-se:

a2 = c2 + b2 ⇔ c2 = a2 − b2 (3)

Substituindo a expressão 3 na expressão 1, tem-se:

a 2 − b2 b2
e =
2
⇔ e2 = 1 − (4)
a2 a2

• Relação entre semi-eixo maior e o semi-eixo menor

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Da equação (4), temos:

1 − e = 2 b2
a2
⇔ b2 = a2 (1 − e2 )

b = a 1 − e2 (5)

• Elementos da Geometria do Elipsóide

ϕ
ϕ

Figura 3.3 - Geometria do Elipsóide

QQ '' - Diâmetro equatorial;

PP '' - Diâmetro polar;

O - Centro do Elipsóide;

MH = N - Grande Normal;

MD = N ' - Pequena Normal;

ϕ - Latitude geodésica

Pelo ponto M, situado na linha meridiana passamos uma tangente. Uma norma a esta tangente
pelo ponto M cortará o eixo polar no ponto H e o eixo equatorial no ponto D.

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3.2.2 - DETERMINAÇÃO DAS COORDENADAS CARTESINAS

x2 z2 (6)
+ = 1
a2 b2

Derivando a expressão em relação a dx ; temos:


2x 2 z dz
+ = 0
a2 b 2 dx

dz 2 x b2 dz x ⋅ b2
= − 2 ⇔ = −
dx a 2z dx z a2

dz
Como = coeficiente angular da reta (tangente ao ponto M), temos:
dx

dz
dx
= tg π
2
+ ϕ ( ) ou
dz
dx
= − cot g ϕ

x ⋅ b2
= cot g ϕ
z a2

x ⋅ b2 = z a 2 ⋅ cot g ϕ

x ⋅ b 2 ⋅ tg ϕ
z =
a2
(7 )

Substituindo a expressão ( 7 ) na equação da elipse ( 1 ), temos:

2
 x ⋅ b 2 ⋅ tg ϕ 
 
x2  a2 
+ = 1
a2 b 2

x2 x 2 ⋅ b 2 ⋅ tg 2 ϕ
+ = 1
a2 a4

a 2 ⋅ x 2 + x 2 ⋅ b 2 ⋅ tg 2ϕ
= 1
a4

a 2 ⋅ x 2 + x 2 ⋅ b 2 ⋅ tg 2ϕ = a4

(
x 2 a 2 + b 2 ⋅ tg 2ϕ ) = a4

Substituindo a equação ( 5 ), b 2 = a2 (1 − )
e 2 na equação anterior, temos:

CEFETES/GEOMÁTICA
36
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

x2 (a2 + a2 (1 − e 2 ) ⋅ tg 2ϕ ) = a4

a2
x2 =
(1 + ( 1 − e 2 ) ⋅ tg 2ϕ )
Multiplicando por Cos 2ϕ

a 2 ⋅ Cos 2ϕ
x2 =
(1 + ( )
1 − e 2 ⋅ tg 2ϕ ) ⋅ Cos 2ϕ

a 2 ⋅ Cos 2ϕ
x2 =
Sen 2ϕ
2
(
Cos ϕ + 1 − e 2
) ⋅ ⋅ Cos 2ϕ
Cos 2ϕ

a 2 ⋅ Cos 2ϕ
x2 =
(Cos 2ϕ + ( 1 − e 2 ) ⋅ Sen 2ϕ )
a 2 ⋅ Cos 2ϕ
x2 =
( Cos 2ϕ + Sen 2ϕ − e 2 ⋅ Sen 2ϕ )
a 2 ⋅ Cos 2ϕ
x 2
=
(1 − e 2 ⋅ Sen 2ϕ )
a ⋅ Cos ϕ
x =
(1 − e 2 ⋅ Sen 2ϕ ) 1
2
(8)

Substituindo a equação ( 8 ) na equação ( 7), encontramos a expressão do eixo maior, a


excentricidade e latitude.

x ⋅ b 2 ⋅ tg ϕ
z =
a2

a ⋅ Cos ϕ b 2 ⋅ tg ϕ
z = ⋅
(1 − e 2 ⋅ Sen 2ϕ ) 1
2 a2

Cos ϕ b 2 ⋅ tg ϕ
z = ⋅
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2 a

Substituindo a equação ( 5 ) ( b = a
2 2
(1− e 2 ) ), na equação anterior

z =
Cos ϕ

a2 (1 − )
e 2 ⋅ tg ( ϕ )
,
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2 a

CEFETES/GEOMÁTICA
37
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

z =
(
a 2 1 − e2 ) ⋅ Sen ϕ
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2
(9)

• Cálculo da Grande Normal ( N )

x
Cos ϕ =
N

x
N =
Cos ϕ

Substituindo a equação ( 8 ) de X, temos:

a ⋅ Cos ϕ
N =
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2
⋅ Cos ϕ

a
N =
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2
( 10 )

• Cálculo da Pequena Normal ( N’ )

N ' = N ⋅ (1 − e 2 )

a ⋅ (1 − e 2 )
N' = ( 11 )
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2

• Cálculo do raio da curvatura da seção Meridiana ( M )

N'
M =
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ )
Substituindo a expressão de N´ (equação 11) na expressão anterior, temos:

a ⋅ (1 − e 2 ) 1
M = ⋅
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 1
2 (
1 − e ⋅ Sen 2 ϕ
2
)
a ⋅ (1 − e 2 )
M = ( 12 )
(1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ ) 3
2

• Valor médio - Rm

O valor médio do raio de curvatura equivale à média geométrica dos raios de curvaturas
principais (raio seção grande normal e raio da seção meridiana).

CEFETES/GEOMÁTICA
38
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

Rm = N ⋅ M

1
a ⋅ (1 − e 2 ) 2
Rm = ( 13 )
(
1 − e 2 ⋅ Sen 2 ϕ )

3.2.3 - COORDENADAS GEOCÊNTRICAS CARTESIANAS

Considerando-se o centro do elipsóide do datum adotado, pode-se definir, com origem no


mesmo centro, um sistema cartesiano de mão direita, cujo eixo dos X é a interseção entre o
plano meridiano de Greenwich e o plano equatorial, e cujo eixo dos Z coincide com o eixo
menor do elipsóide. É fácil notar que se um ponto qualquer da superfície física da Terra pode
ser definido por coordenadas cartesianas ou curvilíneas (geográficas), estes dois sistemas
devem relacionar-se matematicamente.

Figura 3.4 – Coordenadas Geocêntricas Cartesianas

Assim sendo, as coordenadas cartesianas geocêntricas podem ser deduzidas a partir das
geográficas, de acordo com a figura 3.5:

CEFETES/GEOMÁTICA
39
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

γ
ϕ

Figura 3.5 – Relação das coordenadas Geodésicas e Geocêntricas Cartesianas

Relações entre as coordenadas geocêntricas cartesianas e as coordenadas


geodésicas

P' P =h

O' P' = N

OB = O ' B ' = ( N + h) • Cos ϕ

λ ϕ
λ
X = OB • Cos λ ⇒ X = ( N + h) • Cos ϕ • Cos λ ( 14 )

Y =
OB •
Sen ⇒ (
Y =h)
N+•
Cos •
Sen ( 15 )

( )
Z = P" P ' + h • Sen ϕ

b2  b2 
P" P ' = N • Z =  N • 2
+ h  • Sen ϕ
a2  a 
 ( 16 )

Onde :

N - grande normal  normal ao elipsóide passando pelo ponto P - é o raio de


curvatura da seção normal no primeiro vertical.

CEFETES/GEOMÁTICA
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GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

a
N =
(1 − e 2 sen 2 ϕ ) 1
2

N’ - Pequena normal  normal ao elipsóide passando pelo ponto P, que vai do


ponto até o plano do equador

a ( 1 – e2)
N’ = ----------------------
( 1 – e2 sen2 ϕ )1/2

h - altura elipsoidal  distância, medida sobre a normal ao elipsóide, entre o


ponto e a superfície do elipsóide.

Relações entre as coordenadas geodésicas e as coordenadas geocêntricas


cartesianas

Já o cálculo das coordenadas geográficas e a altura elipsoidal, em função das


coordenadas geocêntricas, envolve uma reiteração, como se vê a seguir:

• Cálculo da Latitude ( ϕ )

Z Z
Sen ϕ = ⇔ Sen ϕ = ( 17 )
N' + h N ⋅ (1 − e 2 ) + h

X2 + Y2
Cosϕ = ( 18 )
N + h

Dividindo a expressão (17) pela expressão ( 18 ), temos:

Z N + h
tg ϕ = ⋅
N ⋅ (1 − e 2 ) + h X2 + Y2

• Cálculo aproximado da latitude (supondo N = N + h)

Z 1
tg ϕ ′ = ⋅ ( 19 )
(1 − e 2 ) + h X 2
+ Y2

Z
Sen ϕ =
N' + h

Sen ϕ ′
tg ϕ = ( 20 )
1 − Sen 2ϕ ′

Faz a reiteração da Eq. (20) até a convergência, ou seja, até que a expressão do primeiro
termo e segundo termo desta expressão sejam iguais.

CEFETES/GEOMÁTICA
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• Cálculo da Longitude ( λ )

Y
tg λ = ( 21 )
X
• Cálculo da altura elipsoidal (h)

X2 + Y2
h = − N
Cos ϕ ( 22 )

CEFETES/GEOMÁTICA
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4 - MÉTODOS DE POSICIONAMENTO DO DATUM GEODÉSICO

Considerando a definição de “Datum” Geodésico, cabe esclarecer, resumidamente, de quais


métodos se vale a Geodésia para posicionar um determinado elipsóide em relação à Terra
física.

4.1 - POSICIONAMENTO ASTRONÔMICO

Escolhido o elipsóide de referência, diz-se que um datum geodésico é estabelecido por


posicionamento astronômico quando se define astronomicamente, para um determinado ponto
da superfície física da Terra, chamado ponto de origem, as coordenadas e o azimute para um
outro ponto do terreno, e as coordenadas astronômicas deste ponto são sumariamente
consideradas como geodésicas, ou seja, referidas ao elipsóide, o qual fica, desse modo, fixado
em relação à Terra. Neste ponto consideram-se, ainda, sumariamente nulos o ângulo de desvio
entre a vertical do ponto e a normal ao elipsóide. Em outras palavras, é forçada a condição de
tangência entre o geóide e elipsóide, neste ponto, e com a orientação dada pelo azimute
astronômico inicial, é expandida a rede geodésica.

Figura 4.1 – Orientação do Centro do elipsóide em relação ao centro da Terra

Este método não prevê qualquer correção às coordenadas astronômicas iniciais, o que vai
provocar deslocamentos da rede geodésica em relação ao eixo de rotação da Terra, muito
embora as posições calculadas sejam corretas entre si. Isto não é significativo para uso local

CEFETES/GEOMÁTICA
43
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

das posições determinadas, mas poderá produzir erros sistemáticos à medida que for
expandida a rede. Ao se afastar do ponto de origem, poderão acontecer também grandes
separações entre o geóide e o elipsóide, o que provocará erros nas reduções geodésicas.
Além disto, este tipo de orientação apresenta o inconveniente de que as posições deduzidas de
diferentes data assim definidos, não são comparáveis entre si em qualquer cálculo geodésico.

Como exemplo de datum assim estabelecido pode-se citar o de Córrego Alegre, adotado no
Brasil anteriormente ao SAD-69.

4.2 - POSICIONAMENTO ASTRO-GEODÉSICO

Segundo o método astro-geodésico, são observados os desvios da vertical, de modo a permitir


posterior ajustamento pelo método dos mínimos quadrados. Dessa forma, ficam definidos os
desvios da vertical ajustados, inclusive para o ponto inicial do datum, não sendo forçada
nenhuma condição ideal neste ponto. Em vários pontos da rede é observada a condição de
Laplace, que permite a reorientação da mesma através de observações astronômicas de
precisão reduzidas ao eixo médio de rotação da Terra (através de correções comentadas no
item 2.1).

Assim sendo, em lugar de um desvio da vertical nulo na origem, como é o caso do


posicionamento puramente astronômico, há um desvio ajustado, bem como um desnível,
também ajustado, entre o geóide e o elipsóide. Ainda, com a aplicação da condição de
Laplace, o elipsóide é re orientado, de modo que fica estabelecida uma melhor adaptação entre
o geóide e o elipsóide. Conseqüentemente, um datum com posicionamento astro-geodésico é
largamente aplicável sobre grandes extensões, podendo abranger um continente (como é o
caso do, SAD-69).

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Figura 4.2 – Datum de orientação astro-geodésico

4.3 - POSICIONAMENTO GRAVIMÉTRICO

Este método baseia-se em estudos das anomalias da gravidade sobre extensas áreas, com
objetivo de bem identificar as ondulações do geóide em relação a um elipsóide de referência
escolhido, cujo centro é posicionado coincidentemente com o centro de massa da Terra.
Devem ser considerados os valores absolutos dos desvios da vertical e dos desníveis geoidais.

A utilização eficaz deste método depende da disponibilidade de dados gravimétricos na área de


adaptação, bem como de um conhecimento geral das anomalias da Terra inteira.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Figura 4.3 – Resultado do método de posicionamento gravimétrico

O “datum” WGS-84, utilizado no posicionamento dos satélites de GPS, foi estabelecido pela
aplicação dos métodos gravimétricos.

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5 - MUDANÇA DE DATUM

5.1 - INTRODUÇÃO

Foi em 1975, de acordo com Projeto de Recomendação da Sociedade Brasileira de


Cartografia, realizado por ocasião do 7o Congresso Brasileiro de Cartografia, que a Fundação
IBGE iniciou o ajustamento da rede Geodésica fundamental ao “datum”, o SAD-69 (South
American of Datum de 1969). Concluído o ajustamento, no inicio de 1978, passou então, a ser
adotado oficialmente pelo Brasil o como Datum.

Até então, a rede geodésica brasileira estava referida ao “datum” Córrego Alegre, considerando
o elipsóide Internacional de Hayford e como origem, o Vértice Córrego Alegre. Posteriormente
foram realizados, pela Dra. Irene Fisher do IAGS - Inter American Geodetic Survey, da DMA
(Defense Mapping Agency dos Estados Unidos), estudos para a definição de um novo ponto
origem para a adaptação de um possível novo datum à superfície da América do Sul. Os
estudos iniciais levaram ao estabelecimento de um datum provisório, o PASAD-56 (Provisional
South American Datum of 1956), com origem no Vértice La Canoa, na Venezuela, cuja
adaptação ao território sul-americano não foi considerada a melhor possível. Nesta primeira
etapa foi estabelecida a rede de trilateração HIRAN na parte setentrional do continente.

Posteriormente, foi escolhido o ponto físico denominado Chuá, determinado astronomicamente


e considerado como origem do que se chamou Chuá Astro Datum. Este datum foi definido,
convencionalmente, com o desnível geoidal3 e o desvio vertical nulos na origem, ou seja, foi
“forçada” a condição de “tangência” entre o elipsóide (Internacional de Hayford) e o geóide.
Volumoso estudo gravimétrico foi realizado, em seguida, em torno da região e referido ao novo
elipsóide Internacional de 1967, resultando do ajustamento final, os valores dos desvios da
vertical e desnível geoidal, bem como as coordenadas ajustadas, no novo elipsóide, do mesmo
ponto físico, considerado como origem agora denominado Vértice Chuá.

Este novo elipsóide, posicionado da maneira, descrita acima, proporcionou o que se pode
chamar de uma “boa adaptação” para a América do Sul e, conseqüentemente, para o território
brasileiro. O novo datum foi denominado, então, South American Datum of 1969 – SAD69.

A partir do inicio de 2005, datum oficial do Brasil passou a ser o SIRGAS-2000, embora o SAD-
69 possa ser usado concomitantemente pelos próximo 10 anos (período de transição).

Com o advento dos satélites artificiais para posicionamento e, posteriormente GPS (Global
Positiong System), com sua efetiva utilização como ferramenta importante no Brasil, surgiu um
problema novo para o geodesista brasileiro, qual seja, a “transformação de datum”. As
3
desnível geoidal - desnível entre o geóide e o elipsóide.

CEFETES/GEOMÁTICA
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GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

coordenadas fornecidas pelo emprego de GPS, particularmente aquela processadas com


efemérides transmitidas, referem-se ao datum WGS-84 (Word Geodetic System 1984), um
datum definido, a partir de um modelo geocêntrico adequado par atender toda a superfície da
Terra, uma vez que a mesma é totalmente coberta pelo sistema GPS, através de sua
constelação de 24 satélites.

5.2 -GEOMETRIA DO PROBLEMA

Em termos de coordenadas cartesianas, o que acontece quando se tem um ponto da superfície


física da Terra em dois data distintos está mostrado na Fig. 5.1, considerado o caso genérico
de posição relativa entre os referidos data.

α

∆ ∆
α

Figura 5.1 – Representação das três rotações e as três translações

Estão representadas na figura três rotações e três translações entre os sistemas. Na relação
matemática abaixo, que traduz a geometria do problema, é incluído, ainda, um sétimo
elemento, que representa a diferença de escala entre os dois sistemas e que, na verdade,
engloba todas as possíveis distorções entre os mesmos.

CEFETES/GEOMÁTICA
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5.3 - SISTEMAS DE REFERÊNCIA CLÁSSICOS

Historicamente, antes das técnicas espaciais de posicionamento, as referências geodésicas,


conhecidas pela denominação de “datum astro-geodésicos horizontal” – DGH eram obtidos
através das seguintes etapas:

1) Escolha de um sólido geométrico (elipsóide de revolução), cujos parâmetros definidores


são o achatamento ( f ) e semi-eixo ( a ). Este sólido por sua vez representará de uma
maneira aproximada as dimensões da Terra, no qual serão desenvolvidos os cálculos
geodésicos.

2) Definições do posicionamento e orientação do referencial, feita através de 6 parâmetros


topocêntricos: as coordenadas do ponto de origem ( 2 ), a orientação ( 1 – azimute
inicial), a separação geóide-elipsóide (ondulação geoidal) e as componentes dos desvio
da vertical (meridiana e primeiro vertical). Estas informações têm objetivo, assegurar
uma boa adaptação entre a superfície do elipsóide a do geóide na região onde o
referencial será desenvolvido. Sendo assim, o centro do elipsóide não está localizado
no geocêntro (centro da Terra).

3) A realização (ou materialização) é feita através de cálculo de coordenadas dos pontos a


partir de observações geodésicas de distâncias, ângulos e azimutes, ou seja,
observações de origem terrestre.

Os itens 1 e 2 abordam os aspectos definidores do sistema, enquanto o item 3 aborda


aspectos práticos na sua obtenção. Deste modo, as coordenadas geodésicas estão sempre
associadas a um determinado referencial, mas não o definem.

O conjunto de pontos ou estações terrestres forma as chamadas redes geodésicas, as quais


vêm a representar a superfície física da Terra na forma pontual. O posicionamento 3D de um
ponto estabelecido por métodos e procedimentos da Geodésia Clássica (triangulação,
poligonação e trilateração) é incompleta, na medida em que as redes verticais e horizontais
caminham separadamente. No caso de redes horizontais, algumas de suas estações não
possuem altitudes, ou as altitudes são determinadas por procedimentos menos precisos. Um
exemplo de DGH em no Brasil é SAD69.

O procedimento clássico de definição de um elipsóide de referência corresponde à antiga


técnica de posicionamento astronômico, na qual se arbitra que a normal ao elipsóide e a
vertical no ponto de origem são coincidentes, bem como as superfícies do geóide e elipsóide,
induzindo assim, a coincidência das coordenadas geodésicas e astronômicas. O mesmo pode
ser dito para os azimutes geodésico e astronômico.

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5.4 -SISTEMAS DE REFERÊNCIA MODERNOS

Os sistemas de Referencia Terrestres, concebidos na era da Geodésia Espacial, possuem


características diferentes dos referenciais (ex: DGH) relatados anteriormente, mas a sua
essência é a mesma no sentido de possuir uma parte definidora, e atrelada a ela, uma
materialização. As etapas necessárias na obtenção destes sistemas terrestres são:

Adoção de uma plataforma de referência que venha a representar a forma e dimensões da


Terra em caráter global. Estas plataformas de referência, os chamados Sistemas Geodésicos
de Referência – SGR, conforme abordado anteriormente, estão fundamentados em um CTS
(espaço abstrato), sendo, portanto, geocêntricos. Estes são derivados de extensas
observações do campo gravitacional terrestre a partir de observações de satélites, fornecendo
assim, o fundamento preciso para a organização de toda informação pertinente à Terra. Eles
são definidos por modelos e parâmetros e constantes (ex.: um sistema de coordenadas
cartesianas geocêntrico – CTS e constantes do GRS80). De tempos em tempos é adotado um
SGR pela Internacional Union of Geodesy and Geophisics – IUGG, sendo este baseado nas
ultimas informações coletadas sobre o campo gravitacional terrestre. Atualmente o SGR
adotado pela IUGG é GRS80.

O SIRGAS-2000, adotado no Brasil e países da América do Sul, Central e do Norte é


geocêntrico e definido conforme descrito acima.

5.5 -COORDENADAS PLANAS

É o par de coordenadas E e N (ou X e Y), correspondentes a qualquer ponto da superfície


física da Terra (definido por suas ordenadas cartesianas ou geográficas), projetado sobre um
plano.

No entanto, para reduzir as grandes ampliações que se apresentam nas bordas do fuso no
sistema de Gauss, adotou-se o sistema UTM, o artifício de considerar, como superfície de
projeção, um cilindro secante ao elipsóide, ao invés de tangente. Desse modo, o meridiano
central deixa de ser representado em verdadeira grandeza, passando a sofrer uma redução,
enquanto as bordas do fuso sofrem ampliações bem menores do que no sistema de Gauss.

5.6 -SISTEMA UTM

Após a 2ª Guerra Mundial, os aliados (NATO) decidiram livrar-se de todas as diferentes


projeções constantes dos mapas militares dos vários países. Muitos problemas formam
causados pelo uso sistemas de projeções não compatíveis, bem como, a adoção de
diferentes elipsóides pelos países em questão. Foi desenvolvido, então o sistema de projeção

CEFETES/GEOMÁTICA
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mundial, UTM (Universal Transverso de Mercator), que poderia ser usado por todos os países
do mundo.

O sistema de projeção UTM foi recomendado pela União Geodésica e Geofísica Internacional
(UGGI) na IX Assembléia de Bruxelas, 1951. Trata-se de um sistema conforme, ou seja, que
conserva a forma ou ângulos, e as deformações lineares são pequenas. Esta foi a principal
razão de sua rápida adoção por quase todos os países do mundo. No Brasil este sistema vem
sendo aplicado pelos órgãos oficiais do IBGE e SGE desde 1955 para o mapeamento
sistemático do país.

A projeção UTM baseia-se no cilindro transverso secante ao elipsóide terrestre. Os paralelos e


meridianos são representados ortogonalmente segundo linhas retas.

As linhas de contacto do cilindro com o elipsóide são paralelas ao meridiano central e ao longo
das quais a projeção é eqüidistante4, sendo que no meridiano central esta propriedade não é
válida.

Considerando uma região compreendida entre os meridianos extremos que dão origem a ∆ λ
(figura 20), ocorrerá que entre as linhas de secância, haverá redução e entre as linhas de
secância e os limites extremos ter-se-á uma ampliação.

Este sistema foi concebido inicialmente por Gauss, foi reestudado pelo geodesista Kruger que
estabeleceu o sistema de fusos. No sistema UTM o elipsóide é dividido em 60 fusos de 6º
cada, ficando assim a representação constituída de diversos sistemas parciais. Cada fuso terá
um meridiano central que na interseção com o Equador será a origem do sistema. Os fusos
são limitados por duas longitudes múltiplas de 6º e os limites da latitude vão de 80º N a 80ºS.
Com este limites de latitude, observa-se que o sistema não é utilizado para representar regiões
polares.

4
eqüidistante – Sem deformação linear, isto é, o fator de escala é igual a 1.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Figura 5.2 – Meridiano Central, Linha de Secância e Linha de Secância

CEFETES/GEOMÁTICA
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5.6.1 -CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO SISTEMA

Na realidade, o sistema de projeção UTM adota a projeção cilíndrica de Gauss, apenas com a
modificação do módulo (ou coeficiente) de redução de escala para 0.9996, no meridiano central
(ao invés de 1.000), o que torna, analiticamente, o cilindro secante ao elipsóide e não mais
tangente.

Na construção das malhas, para evitar coordenadas negativas no sistema de projeção UTM,
em cada zona é dado um translado falso ao leste de 500.000 metros. Para valores norte, o
Equador é usado como linha básica. Para fazer a grade das zonas no hemisfério norte ao
equador é dado um valor norte de (zero) metros.

Em resumo, as principais características do sistema UTM são as seguintes:

a) Projeção conforme, transversa de Gauss;

b) Decomposição em sistemas parciais, correspondentes aos fusos de 6º de


amplitude, limitados pelos meridianos múltiplos desse valor, ou seja, meridianos
centrais múltiplos ímpares de 3º;

c) Fusos numerados de 1 a 60, contados a partir do antimeridiano de Greenwich no


sentido leste;

d) Limitação do sistema até as latitudes de + 84° Norte e - 80º Sul;

e) Origem de coordenadas no cruzamento das transformadas do equador e


meridiano central do fuso, acrescidos os valores de 10.000.000 m no eixo norte-
sul e 500.000 m no eixo leste-oeste;

f) Abscissas indicadas pela letra E (East) e ordenada indicadas pela letra N (north),
ambas sem sinal algébrico;

g) Zona de superposição de fusos de 30’;

h) Coeficiente de redução de escala Ko=0.9996 = (1 - 1/2500);

5.7 -ÂNGULOS A SEREM CONSIDERADOS NA PROJEÇÃO UTM

Quando trabalha-se com coordenadas UTM é necessário considerar vários tipos de


elementos angulares. Os principais elementos são:

- Azimute plano ou azimute da quadrícula;

- Azimute geodésico projetado;

- Azimute geodésico;

- Convergência meridiana;

CEFETES/GEOMÁTICA
53
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

- Redução à corda.

Ψ4
−3

α
Ψ 3−4

Figura 5.3 - Azimutes

O azimute plano ou azimute da quadrícula é o ângulo, na projeção, entre o Norte da quadrícula


UTM e a linha reta que une os dois pontos a serem considerados.

AZUTM =arc tag ΔE/ΔN

O azimute geodésico projetado é o ângulo, na projeção, entre o Norte da quadrícula e a


tangente ao arco representativo da distância projetada entre os dois pontos a serem
considerados.

AZproj = AZUTM + ψ

O azimute geodésico é o ângulo\, na projeção, entre o meridiano que passa pelo ponto inicial e
a tangente ao arco representativo da distância projetada entre os dois pontos considerados

AZgeod = AZUTM ± α ± ψ

Onde,

CEFETES/GEOMÁTICA
54
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

α = convergência meridiana (cmp);

Ψ = ângulo de redução à corda (Ra).

5.8 -CONVERGÊNCIA MERIDIANA

Os ângulos medidos no elipsóide estão referidos ao Norte Geográfico (NG), cuja


representação, na projeção UTM, é dada por uma linha curva, côncava em relação ao
meridiano central. As quadrículas UTM, por outro lado, formam um sistema de coordenadas
retangular, com a direção Y (NQ) na direção Norte-Sul. As duas linhas formam, portanto, um
ângulo variável para cada ponto, denominado Convergência meridiana. A figura representada a
seguir mostra uma representação gráfica da convergência meridiana, para hemisfério Sul.

Figura 5.4 – Norte geográfico e Norte da Quadrícula e Convergência da Meridiana

A convergência meridiana, no hemisfério sul, é positiva para os pontos situados a Oeste


do meridiano central e negativo, para os pontos situados a Leste do meridiano central.

Cálculo da Convergência Meridiana

Em função das coordenadas geodésicas

a) Fórmula:

C = (XII) . p + (XIII) . p3 + (C’5) . p5

b) Exemplo:

Latitude = -16º23’30,7554”

Longitude = -54º51’22,1918”

CEFETES/GEOMÁTICA
55
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

Cálculo de p

p = 0,77178082

p3 = 0,459707876

p5 = 0,273822989

Cálculo de Coeficientes

Desse modo,

(XII) = 2822,054639

(XIII) = 2,073025180

(C’5) = 0,002

Como ponto se situa no hemisfério sul

(XII) = -2822,054639

(XIII) = -2,073025180

(C5’) = -0,002

Cálculo de C:

(XII) . p = -2178,007643

(XIII) . p3 = -0,952986002

+ (C’5) . p5 = -0,000547646

C = -2178,961177” → C = -00º36’18,961”

Em função das coordenadas UTM

a) Fórmulas:

C = (XV) . q – (XVI) . q3 + (F’5) . q5

b) Exemplo:

N = 8186501,119m

E = 728965,994m

CM = -57

- Cálculo de q

q = 0,228965994

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q3 = 0,012003640

q5 = 0,000629296

Cálculo de φ1

φ1 = 16º24’10,110”

Cálculo dos Coeficientes

(XV) = 9520,943884

(XVI) = 84,30684983

(F’5) = 0,9

Como o ponto de situa no hemisféril sul

(XV) = -9520,943884

(XVI) = -84,30684983

(F’5) = -0,9

- Cálculo de C:

(XV) . Q = -2179,972380

-(XVI) . Q3 = + 1,011989064

+ (F’5) . Q5 = 0,000566366

C= -2178,960957” → C = - 00º36’18,961”

Um cálculo aproximado do valor da convergência meridiana pode ser dado pela seguinte
fórmula:

C = Δλ sen φ

Onde:

C = convergência meridiana;

Δλ = difernça de longitude entre o ponto dado e a longitude do meridiano central;


(LONG Mc – long Pto)

CEFETES/GEOMÁTICA
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φ = latitude do ponto dado

Para o exemplo dado acima, ter-se-ia, neste caso, um convergência meridional igual a:

φ = 16º23’30,7554”

λ = 54º 51’22,1918”

MC = 57º

C = 2º08’37,8082” . sen 16º23’30,7554”

0º36’18,007”

5.9 - REDUÇÃO À CORDA OU REDUÇÃO ANGULAR

Uma linha unindo dois pontos na superfície de referência esférica é representada no


plano (na projeção) como linha curva (arco). Para as dimensões dos trabalhos topográficos,
entretanto, a curvatura dessa linha é muito pequena e, em muitos casos, pode ser
desconsiderada, aceitando-se a corda que une dois pontos como a referência para calcular a
distância e o azimute entreeles. O ângulo formado pela corda e pela tangente à curva é
denominado ângulo de redução à corda ou ângulo de redução angular, e é representado
pela letra graga δ.

As fómulas para obtenção do ângulo Ψ são obtidas a partir das coordenadas planas
UTM dos vértices considerados. Para dois vértices A e B, tem-se:

Ψ A” = 6.8755.10-8. (XVIII) . (N4 -N3 ) . (2E3 + E4 )

Ψ B” = 6.8755.10-8 . (XVIII) . (N4 -N3 ) . (2E3 + E4 )

Onde,

XVIII – é o coeficiente indicado na série de fórmulas apresentada acima.

E '3 = E3 - 500.000,00

E '4 = E4 - 500.000,00

O cálculo acima indica o valor absoluto de Ψ. Para conhecer o sinal de Ψ é conveniente


nalisar a situação de cada vértice. A figura apresentada a seguir mostra a localização do
ângulo Ψ, para o hemisfério Sul.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Ψ 2
−1

Ψ
4−
α − 3

3
Ψ 2
−2
Ψ 3

Ψ 3−4
1
−2
α

figura 5.5 - Redução angular

5.10 -REDUÇÕES OU TRANSFORMAÇÕES SOFRIDAS PELAS GRANDEZAS GEOMÉTRICAS NA GEODÉSIA

5.10.1 -INTRODUÇÃO:

Nas atividades práticas das ciências geodésicas, as grandezas geométricas, ou seja,


distâncias, ângulos e diferenças de nível, podem estar em diferentes situações ou posições. O
presente trabalho tem por objetivo estudar exatamente o (s) caminho(s) que estas grandezas
sofrem para atingir um dado objetivo. As transformações ou reduções serão tratadas em
separado:

5.10.2 -REDUÇÕES OU TRANSFORMAÇÕES A SEREM INTRODUZIDAS NAS DISTÂNCIAS:

As distâncias podem ser obtidas de diferentes formas, podem ainda ser calculadas ou
medidas. Suponha inicialmente, a distância medida eletronicamente. Neste caso, aquela
distância medida entre distanciômetro eletrônico e anteparo (prisma) é a inclinada, e neste
caso as reduções a serem introduzidas na mesma são as seguintes:

• Distância Horizontal em Distância Geodésica

• Distânica Geodésica em Distância Elipsoidal

• Distânica Elipsoidal em Distância Plana UTM

CEFETES/GEOMÁTICA
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5.11 -TRANSPORTE DE DISTÂNCIAS

5.11.1 -TRANSPORTE DE DISTÂNCIAS TOPOGRÁFICAS PARA


DIFERENTESALTITUDES

A variação de uma distância (ΔS) em diferentes altitudes é dada por.

S '× ∆ H
∆ S = S '− S =
RM + H + ∆ H
onde:

ΔS = variação da distância devido à mudança de altitude em m.

S' = distância na altitude H + ΔH em m.

S = distância na altitude H em m.

ΔH = diferença de altitudes em m.

RM = Raio médio.

5.11.2 - TRANSPORTE DE DISTÂNCIA DA ALTITUDE " H" PARA O GEÓIDE

 RM 
s 0 = s 
 RM + H 
onde:

S0 = distância reduzida ao geóide em m.

S = distância na altitude H em m.

RM = raio médio em m.

H = altitude ortométrica em m.

5.11.3 -TRANSPORTE DE DISTÂNCIA AO ELIPSÓIDE.

 RM 
S 0 = S  
R
 M + H + N 
onde:

S0 = distância reduzida ao elipsóide.

S = distância na altitude H em m.

H = altitude ortométrica em m.

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RM = raio médio em m.

N = ondulação geoidal em m.

5.12 - FATOR DE ESCALA

Para se obter a distância plana entre dois pontos A e B, é necessário, inicialmente,


corrigir a distância medida na superfície topográfica, em relação aos fatores metereológicos e
erros instrumentais, em seguida reduzi-la ao elipsóide de referência e, finalmente, reduzi-la a
superfície plana. Para a redução da superfície de referência à superfície plana, utiliza-se um
fator de escala, representado pela letra K.

A distância plana é obtida multiplicando-se a distância esférica (sobreo elipsóide


de referência) pelo fator de escala K.

SUTM = K . Selip

a) Cálculo do fator de escala

O fator de escla K pode ser calculado a partir das coordenadas geodésicas ou


a partir das coordenadas UTM. A seguir apresenta-se o cálculo do fator de
escala a partir das coordenadas UTM.

b) Cálculo do fator de escla a partir das coordenadas UTM

Cálculo do fator de escla

- Fórmulas:

K = Ko . (1+ (XVIII) . q2 + 0,00003 . q4 )

Ko = 0,9996

- Exemplo:

N = 8186501,119m

E = 728965,994m

- Cálculo de q (q1 = E1' - 500.000,00 x 10-6 e q2 = E2' - 500.000,00 x 10-6)

q2 = 1/3 ( q1 x q2 + q12 + q22)

q = 0,228965994

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q2 = 0,052425426

q4 = 0,002748425

- Determinação do coeficiente (XVIII)

(XVIII) = 0,012370

- Cálculo de K

(XVIII) . q2 = 0,000648503

0,00003. q4 = 0,000000082

K = 0,9996 . (1 + 0,000648503 + 0,000000082) →K = 1,0002483

Como já comentado nas características técnicas do sistema, partes de uma faixa da Terra são
reduzidas na projeção, e outras são ampliadas, conforme figura 19.

Figura 5.6 – Ampliação e Redução do Sistema

5.13 -TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS PLANAS NO SISTEMA UTM EM


COORDENADAS GEODÉSICAS GEOGRÁFICAS.

5.13.1 -APLICAÇÃO:

Comumente necessita-se conhecer não só as coordenadas UTM (N,E), mas


também as correspondentes coordenadas geográficas (φ e λ). Como por exemplo
pode-se citar a amarração a rede geodésica de pontos m aeroportos, portos, estação
de rádios e televisão, etc...

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5.13.2 - FÓRMULAS:

Cálculo da latitude:

φ = φ1 + Δ φ
Δ φ” = - VII q2 + VIII q4 – D q6
sendo:
q = E’ x 10-6 e E’ = I 500.000 – E I

φ1 é a latitude correspondente de um arco de meridiano com origem no Equador e


comprimento N’. Pode ser obtido de duas formas:

a) Quando os cálculos são feitos utilizando-se tabelas

Neste caso o φ1 é obtido na tabela que permite a obtenção do I, por meio de


uma interpolação inversa. Vai-se na tabela o valor de N’e obtém-se φ 1 correspondente
ao valor tabelado para o (I) imediatamente inferior a N’ e φ1= φ’1 + (N’ – ( I ) ) / dif. 1”

b) Quando os cálculos são feitos utilizando as expressões que permitem a obtenção dos
coeficientes:

Neste caso o φ1 é obtido por um processo iterativo. Para fazer as interações faz-se uso
inverso da expressão que permite obter o arco de meridiano de um ponto até o equador em
função da latitude, ou seja, sabendo-se o valor do arco calcula-se a latitude.

A fórmula que dá um arco de meridianos do Equador até o ponto é:

Sφ = a (1 – e2 ) I A φ – ½ B sen 2 φ + ¼ C sen 4 φ – 1/6 D sen 6 φ + ...Ird (1)

Numa primeira iteração obtem-se um primeiro valor φ1 ,


considerando inicialmente

Sφ = N’ / 0,9996, por:

φ1 = Sφ / (A a (1 – e2)) (φ1 em radianos)

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Sabendo-se φ1 , entra-se na fórmula (1) e calcula-se Sφ1, com este obtém-se uma
segunda aproximação para φ, em :

φ 2 = φ1 + (Sφ - Sφ1) / A a (1 – e2 )

Numa 3ª iteração, com φ2 entra-se na fórmula (1), e calcula-se um novo Sφ2, e obtém-se
uma nova aproximação para φ, em:

φ3 = φ2 + (Sφ - Sφ2 ) / ( Aa (1 – e2))

Faz-se iterações, repetindo os procedimentos anteriores até uma iteração n onde Sφn se
tornar, dentro da precisão desejada, igual a Sφ , e então quando isto acontecer, tem-se o valor
do φ1 desejado para entrar nas fórmulas de VII, VIII e D.

VII = [ tg φ1 ( 1 + m12 ) 1012 ] / [ 2 N12sen1”Ko2 ] sendo m1 = e’cos φ1

VIII =[tg φ1(5+3tg2 φ1+6m12- 6e’2sen2φ1– 3m13–9m12 e’2sen2 φ1) 1024 ] / [24 N14 sen 1” Ko4 ]

D = [tg φ1 (61+ 90 tg 2 φ1+ 45 tg4 φ1 +107 m12 – 162 e’2 sen2 φ1 –- 45 e’2 tg2 φ1 sen2 φ1 ) 1036 ] /
[720N16 sen1” Ko6 ]

Cálculo da longitude

λ = λo + Δ λ

Δ λ” = Ixq – Xq3 + Eq5

sendo:

Δ λ positivo se o ponto estiver a oeste do meridiano central (ou E < 500.000), e negativo se o
ponto estiver a leste do meridiano central ( ou E > 500.000)

λo = longitude do meridiano central

IX = 106 / [ N1 cos φ1 sen1” Ko ]

X = [( 1+ 2tg 2 φ1 + e’2 cos2 φ1 1018 ] / [ 6 N13 cos φ1 sen1” Ko3 ]

E = [ séc φ1 ( 5+ 28tg 2φ1+24tg 4 φ1+ 6 e’2 cos2 φ1 + 8 e’2 sen2 φ1) 1030 ] / [ 120 N15 sen1” Ko5 ]

lembrando que:

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e’2 = = ( a2 – b2 ) / b2; Ko = 0,9996 ; e2 = (a2 – b2 ) / a2 ; N = a / (1- e2 sen2 φ1)1/2

Para o elipsóide de referência 1967, tem:

a = 6.378.160,000 m

b = 6.356.774,719 m

Exemplo Numérico

Dadas as coordenadas planas no sistema UTM de um ponto P, pede-se calcular as


correspondente coordenadas geográficas.

Dados:

Ordenada (N) = 7.690.321,155 m

Abscissa (E) = 710.592,109 m

a) Cálculo da latitude (φ )

φ = φ1 + Δ φ

Δ φ = - VII q2 + VIII q4 + D q6

q = E’ . 10-6 = 210.592,109 . 10-6 = 0,210.592109

Obtenção da latitude φ1 :

Como os cálculos estão sendo feitos utilizando-se tabelas, deve-se ir na coluna


de I com o valor de N’ = 10.000.000 – N’ = 2.309.678,845m e tomar I imediatamente
inferior ( I = 2.309.243,882 com DIF 1” = 30.74214) que corresponde a uma latitude
aproximada φ1’ = 20º53’, e φ1 = 20º 53’+ (N’- I ) / DIF 1”

φ1 = 20º53’14,149”

Obtenção de VII:

Faz-se uma interpolação simples

VII = 972,877 + (0,01412 x 14,149”)

VII = 973,0767839

Obtenção de VIII e D:

Não é necessário interpolar.

VIII = 10.831

D = 0,122619

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e então:

- VII . q2 = - 43,155

VIII . q4 = 0,021

D . q6 = 0,000

Δ φ = - 43,134”

Logo

φ = φ1 + Δ φ = 20º52’31,015”

b) Cálculo da longitude

λ = λo + Δ λ

Δ λ = Ixq – Xq3 + Eq5

Sendo λo = 45º a longitude do Meridiano Central

Obtenção de IX:

Faz-se uma interpolação usando como argumento Δ φ = 20º53’14,149”

IX = 34612,145 + ( 0,06368 x 14,149”) + 0,000

IX = 183,932

Obtenção de X:

Não é necessário interpolar

E = 1,677606

e então:

IX q = 7.289,234

-Xq3= - 1,718

Eq5= 0,000
Δ λ = 7.287,517” = 2º 01’27,517”
Como E é maior que 500.000, o Δ λ é negativo ou

λ = λo - Δ λ

λ = 45º - 2º 01’27,517”

λ = 42º 58’32,483”

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5.14 -TRANFORMAÇÃO DE COORDENADAS GEODÉSICAS GEOGRÁFICAS EM


COORDENADAS UTM (E, N)

5.14.1 -APLICAÇÃO

Em regiões onde não há redes geodésicas, é necessário a implantação de um ponto


cujas as coordenadas geográficas são determinadas por rastreamento de satélites ou por
astronomia convencional.

Os levantamentos topográficos apoiados neste ponto, devem ser efetuadas no plano


topográfico, neste caso necessitam das coordenadas planas no sistema UTM, coordenadas
estas que são obtidas a partir das coordenadas geográficas.

As fórmulas serão apresentadas sem dedução, já que o desenvolvimento matemático


para tal é bastante extenso e exigirá um tempo não disponível nesta disciplina. No lugar de
utilizar as fórmulas pode-se também, com mais facilidade, utilizar tabelas preparadas para tal,
sem conseqüência na precisão.

Fórmulas:

Cálculo de ordenada:

N’ = I + II p2 + III p4 + A p6 e N = N’ ( no Hemisfério Norte)

N= 10.000.000 – N’ (no Hemisfério Sul)

sendo que expressões analíticas que possibilitam obter os coeficientes são:

I = Ko . B. sendo Ko = 0.9996 e B. o arco de meridiano contado no meridiano central que


corresponde à distância entre o Equador e o ponto considerado.

II = ½ N sen φ cos φ sen2 1”. Ko . 108

III = 1/24 N sen φ cos3 φ (5 + 9 e’2 cos2 φ + 4 e’4 cos4 φ - tg2 φ) sen4 1”. Ko . 1016

A = 1/720 N sen φ cos5 φ (61 – 58 tg2 φ + tg4 φ + 270 e’2 cos2 φ – 330 e’2 sen2 φ). Ko . 1024 .
sen6 1 “

P = 0.0001 I Δ λ “I

Δ λ “ = λ - λo

λo = longitude do meridiano central

e’ = 2ª excentricidade, e’2 = (a2 – b2 ) / b2

B. = a ( 1 – e2 ) [ A φ” sen 1” – ½ B sen2 φ + ¼ C sen4 φ – 1/6 D sen 6 φ + ...]

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A = 1 + ¾ e2 + 45/64 e4 + 175/256 e6 + 11025/16384 e8 + ...

B = ¾ e2 + 15/16 e4 + 525/512 e6 + 2205/2048 e8 + ...

C = 15/64 e4 + 105/256 e6 + 2205/4096 e8 + ...

D = 35/512 e6 + 315/2048 e8 + ....

e = primeira excentricidade, e2 = (a2 – b2 )/ a2

a = semi-eixo maior do elipsóide

b= semi-eixo menor do elipsóide

N = raio da seção 1º vertical,

N= a

(1 - e2 sen2 φ)1/2

Os coeficientes A,B,C e D da fórmula de B. são constantes para o mesmo elipsóide.


Para o elipsóide de referência internacional 1967, tem-se:

A = 1,0050526248

B = 0,0050632321

C = 10,628107 x 10-6

D = 20,821897 x 10-9

5.14.2 -CÁLCULO DE ABSCISSA

E’= IV p + V p3 + B . p5 e E = 500.000 + E’( a leste do M.C.)

E= 500.000 – E’ (a oeste do M.C.)

e as expressões analíticas são:

IV = N cos φ sen 1”. Ko . 104

V = 1/6 N cos3 φ (1 – tg2 φ + e’2 cos2 φ) sen 1”. Ko . 1012

B = 1/120 Ncos5φ(5 – 18 tg2 φ+ tg4 φ+14 e’2 cos2 φ – 58 e’2 sen2 φ)sen5 1”.Ko.1020

Exemplo Numérico:

Dadas as coordenadas geográficas de um ponto P, pede-se calcular as


correspondentes coordenadas planas no sistema UTM.

Dados: Latitude (φ) = 20º52’31,015”S

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Longitude (λ) = 42º58’32,483”W

Pela longitude do ponto P é fácil verificar que ele esta situado no fuso que tem por
meridianos extremos λ = 42° e λ = 48° múltiplos de 6, tendo então o meridiano central igual a λ
= 45°

a) Cálculo da ordenada (N)

N’ = I + II p2 + III p4 + A p6

Os coeficientes I, II, III e A podem ser obtidos utilizando-se as correspondentes fórmulas


ou simplesmente fazendo uso de tabelas. Devido a facilidade nos nossos exemplos numéricos
serão utilizados as tabelas.

5.14.3 -OBTENÇÃO DE P

Δ λ = Iλ – λoI = I 42º58’32,483” - 45° I = 2º01’27,517”

Δ λ” = 7287,517”

P = 0,0001 x I Δ λ”I

P = 0,0001 x 7287,517”

P = 0,7287517

Coeficientes:

Obtenção de I:

Tem-se que fazer uma interpolação tendo-se como argumento a latitude. Na tabela e para φ =
20º52’ tem-se I = 2307399,357 e sendo que a variação de I para a variação de 1” em φ é de
30,74208, então para latitude desejada φ = 20º52’31,015” terá:

I = 2307399,357 + ( 30,74208 x 31,015”)

I = 2308352,823

Obtenção de II:

Faz-se interpolação de forma análoga.

II = 2494,890 + ( 0,02714 x 31,015”)

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II = 2495,732

Obtenção de III e A:

Não é necessário interpolar

III = 2,094

A = 0,001573

e então:

I = 2.308.352,823

II p2 = 1.325,431

III p4 = 0,591

A p6 = 0,000

N’ = 2.309.678,845 m

e como o ponto está no hemisfério sul

N = 10.000.000,00 - N’

N = 7.690.321,155 m

b) Cálculo da abscissa (E):

E’ = IV p + V p3 + B p5

Coeficientes:

Obtenção de IV:

Neste caso faz- se a interpolação da seguinte forma:

Para φ = 20º52’ tem-se IV = 288.947,793 e sendo que a variação de I para a variação


de 1” em φ é de –0,53108.

Surge neste caso, uma correção (2 DIF) devido se considerar a interpolação como
sendo linear. Esta correção é obtida entrando com os segundos (31”) na primeira coluna
chegando então até a coluna de 2 DIF. Neste exemplo para 31” 2 DIF = 0,003. Assim:

IV = 288.947,793 + ( - 0,53108 x 31,015”) + 0,003

IV = 288.931,325

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Obtenção de V:

Faz-se uma interpolação simples

V = 85,052 + (-0,00089 x 31,015”)

V = 85,024

Obtenção de B:

Não é necessário interpolar.

B = 0,024727

e então:

IV p = 210.559,194

Vp3 = 32,906

Bp5 = 0,005

E’ = 210.592,105

e como o ponto esta a leste do meridiano central

E = 500.000 + E

E = 710.592,105 m

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6 - CARTOGRAFIA

6.1 -DEFINIÇÃO DE CARTOGRAFIA

A definição elaborada pela ONU em 1949, estabelece que a "Cartografia é a ciência que trata
da elaboração de todos os tipos de cartas, incluindo todas as fases do trabalho , dos primeiros
levantamentos até a sua impressão".

A análise etimológica do vocábulo cartografia mostra que é uma derivação do grego


"graphein"- escrita ou descrita e do latim "charta"- papel, mostrando uma estreita ligação com a
apresentação gráfica da informação, através da sua descrição em papel.

A definição apresentada, atribui à cartografia um vasto domínio, que inclui a Geodésia, a


Topografia e a Fotogrametria e ainda o estudo da exploração de fotografias aéreas e os
métodos e técnicas utilizados na elaboração de todos os tipos de cartas, como também
observações e levantamentos estatísticos.

Por outro lado, esta definição evita tratar o aspecto de produção, negligencia o estudo da
representação cartográfica e se omite, igualmente, em relação ao problema da concepção e da
sua utilização dos documentos cartográficos.

Em relação a esta definição, pode-se concluir que:

- Só trata do aspecto da elaboração da carta;

- Não caracteriza o aspecto científico da cartografia;

- Não leva em consideração o usuário e

- Não diferencia o aspecto não científico do científico, (aspectos de beleza, atratividade


artística) que faz com que a leitura da carta possa ser realizada sem legendas.

A carta como uma imagem tem que ser traduzida, lida e entendida pelo seu aspecto visual, ou
seja, tem que falar por si só.

Por outro lado deve-se evitar confundir a Cartografia com Topografia. A Topografia - Topos =
lugar, do latim - incumbe-se de representar todos os detalhes da configuração de uma região,
através de uma projeção ortogonal cotada, sobre um plano horizontal. À esta projeção ou
imagem figurada do terreno, dá-se o nome de plano topográfico.

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Existe no entanto um domínio sensivelmente semelhante no que se refere à representação do


espaço geográfico, mas uma diferença bem característica em relação à área e os métodos
utilizados para a representação do terreno.

Visando esclarecer as deficiências levantadas, em 1966 a Associação Cartográfica


Internacional (ACI), endossada pela UNESCO, elaborou a sguinte definição: "Conjunto de
estudos e operações científicas, estatísticas e técnicas, realizadas a partir dos estudos de
observações diretas, ou de exploração de documentos, visando a elaboração de cartas,
plantas e outros meios de expressão (cartogramas, gráficos e diagramas), bem como a sua
utilização".

Pode-se distinguir por esta definição 3 fases bastante distintas, que se sucedem
cronologicamente:

- concepção ou elaboração

- produção

- utilização

A concepção ou elaboração, em termos de Cartografia, compreende o estudo teórico das leis e


princípios que regem a linguagem gráfica; estudo e análise dos dados componentes da
informação (fotografias ou outros meios de veiculação da informação - imagens); pesquisa das
formas eficazes para a percepção desses dados e a sua forma de representação.

A produção comporta uma fase de preparação, que compreende a coleta e seleção dos dados
da base, escolha da escala e formato, divisão em folhas, adequação e adoção de um sistema
de projeção e de referência.

Seguem-se as fases de redação, que definirá a legibilidade do documento cartográfico e a


reprodução, que trata da impressão do documento, ou seja, da visualização do documento em
forma gráfica.

A utilização de mapas e cartas é um aspecto praticamente desconsiderado pelos usuários da


Cartografia. Geralmente é estabelecida através de manuais distintos, destinados a leitores que
dispõem de uma formação cartográfica limitada.

Em 1973, a ACI, através da Comissão II, estabeleceu no Dicionário Multilingue de Termos


Técnicos em Cartografia a seguinte definição:

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"A arte, ciência e tecnologia de construção de mapas, juntamente com seus estudos como
documentação científica e trabalhos de arte. Neste contexto mapa deve ser considerado como
incluindo todos os tipos de mapas, plantas, cartas, seções, modelos tridimensionais e globos,
representando a Terra ou qualquer outro corpo celeste".

Apesar desta definição ser menos abrangente que a definição anterior, ela estabelece muito
bem e sem limitações, o objeto da Cartografia, inclusive estendendo-se à representação de
outros corpos celestes.

6.2 - COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

A Cartografia é, em princípio, um meio de comunicação gráfica, exigindo portanto, como


qualquer outro meio de comunicação (escrita ou oral), um mínimo de conhecimentos por parte
daqueles que a utilizam. A linguagem cartográfica é praticamente universal: um usuário com
uma boa base de conhecimentos, será capaz de traduzir satisfatoriamente qualquer documento
cartográfico, seja sob qual forma esteja se apresentando.

Considerando-se a Cartografia como um sistema de comunicação, pode-se verificar que a


fonte de informações é o mundo real, que é codificado através do simbolismo do mapa, sendo
que o sinal ou o vetor entre a fonte e o mapa é caracterizado pelo padrão gráfico bidimensional
definido pelos símbolos.

Figura 6.1 - Sistema de Comunicação Cartográfica

Na realidade, de uma forma simplificada, o sistema de informação está restrito ao mundo real,
ao cartógrafo e ao usuário, gerando três realidades diferentes, como se fossem conjuntos
separados. Quanto maior a interseção destas três realidades, mais se aproxima o mapa ideal
para a representação de um espaço geográfico em qualquer dos seus aspectos

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Figura 6.2 - Mapa Ideal

6.3 -HISTÓRICO DA CARTOGRAFIA

O histórico da Cartografia é tão extenso quanto a própria história da humanidade. Não se sabe
quando o primeiro "cartógrafo" elaborou o primeiro mapa. Não há dúvidas porém que este seria
uma representação bastante bruta em argila, areia ou desenhada em uma rocha.

Na Antiguidade, um dos mapas mais antigos conhecidos, data de aproximadamente 5000


AC,mostrando montanhas, corpos d`água e outras feições geográficas da Mesopotâmia,
gravadas em tábuas de argila.

Datam desta época também mapas com a mesma estrutura, do vale do Rio Eufrates e do rio
Nilo.

Aos fenícios são atribuídas as primeiras cartas náuticas, que serviam de apoio à navegação,
bem como as primeiras sondagens e levantamentos do litoral.

Na Grécia, à época de Aristóteles (384-322 AC), a Terra foi reconhecida como esférica pelas
evidências da diferença de altura de estrelas em diferentes lugares, do fato das embarcações
aparecerem "subindo o horizonte" e até mesmo pela hipótese de ser a esfera a forma
geométrica mais perfeita.

Por volta de 200 AC, o sistema de latitude e longitude e a divisão do círculo em 360( já era bem
conhecida.

Estimativas do tamanho da Terra foram realizadas por Eratóstenes (276-195 AC) e repetido por
Posidonius (130-50 AC), através da observação angular do Sol e estrelas.

O processo de Eratóstenes consistia em medir a diferença da vertical do Sol ao longo do


meridiano que unia Alexandria a Syene (atual Aswan)

Sabendo-se que a distância entre as duas cidades - 5000 estádias (1st = 185m), verificou-
seque a diferença entre a posição do Sol nas duas cidades - 7(12' equivalia a 1/50 do círculo

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completo, logo ter-se-ia como o valor da circunferência terrestre cerca de 46250 km, ou seja,
valor apenas 15% maior do que o real, o que para os métodos da época são valores bastante
razoáveis.

Figura 6.3 - O processo de Eratóstenes

Eratóstenes errou por duas razões: a distância entre a s duas cidades não era exatamente de
5000 st, nem as duas cidades estavam situadas no mesmo meridiano. Caso isto tivesse
ocorrido, o seu erro estaria em torno de 2% da medida real!

Pelas referências existentes, os mapas eram documentos de uso corrente para os gregos,
como pode ser verificado pela edição de 26 mapas, trabalhados por Claudius Ptolomeu (90-
160 DC), em seu tratado simplesmente entitulado GEOGRAFIA.

Os romanos interessavam-se pela Cartografia apenas com fins práticos: cartas administrativas
de regiões ocupadas e representações de vias de comunicação, como pode ser observado nas
tábuas de PEUTINGER.

Na Idade Média, como praticamente ocorreu em toda a humanidade, há um retrocesso no


desenvolvimento da Cartografia. Existem poucas referências, e as que existem carecem de
qualquer base científica. São apenas esboços e croquis desprovidos de beleza e
funcionalidade. O de melhor representação são devido aos árabes. Os europeus são pobres,
sem nenhuma base científica.

Com o Renascimento inicia-se também o ciclo das grandes navegações. As descobertas


marítimas dos Escandinavos não acrescentam nenhum material novo ao conhecimento do
mundo, exceto a descoberta da bússola a partir do século XIII.

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Ao fim da Idade Média e início da Moderna, surgem os PORTULANOS, cartas com a posição
dos portos de diferentes países, bem como indicação do Norte e Sul (Rosa dos Ventos),
voltadas para a navegação e comércio. As cartas passam a ser artisticamente desenhadas,
surgindo a impressão das primeiras cartas com Gutemberg, em 1472 ( Etmologia de Isidoro de
Sevilha / 1560 - 1632).

Desenvolve-se neste período primeiro sistema de projeção cartográfica, devido a Gerhardt


Kremer dito Mercator. Deve-se a Abraham Oertel dit Ortelius (1527 - 1598) a edição do
primeiro ATLAS em 1570 sob o nome de THEATRUM ORBIS TERRARUM.

A Idade Moderna trás com a política de expansão territorial e colonial a necessidade de


conhecimentos mais precisos das regiões. Surgem as primeiras triangulações no século XVIII
com os franceses e italianos, estabelecendo-se um modelo matemático geométrico perfeito de
representação terrestre.

Cassini desenvolve o primeiro mapa da França, com auxílio da astronomia de posição (escala
de 1/86400), em 1670.

Os processos de cálculo, desenho e reprodução são aprimorados. Nomes como Clairout,


Gauss, Halley, Euler desenvolvem base matemática e científica da representação terrestre.

Utiliza-se correntemente a Topografia, Geodésia e Astronomia de precisão nos


desenvolvimentos de mapas.

Os sistemas transversos de Mercator, aperfeiçoados por Gauss e Krüger sào criados e


aplicados no mapeamento da Alemanha.

No século XX, muitos fatores ajudam a promover uma aceleração acentuada no


desenvolvimento da Cartografia. Pode-se incluir o aperfeiçoamento da litografia, a invenção da
fotografia, da impressão a cores, o incremento das técnicas estatísticas, o aumento do
transporte de massas.

A invenção do avião foi significante para a Cartografia. A junção da fotografia com o avião,
tornou possível o desenvolvimento da fotogrametria, ciência e técnica que permite o rápido
mapeamento de grandes áreas, através de fotografias aéreas, gerando mapas mais precisos
de grandes áreas, a custos menores que o mapeamento tradicional. Desenvolvem-se técnicas
de apoio que incrementam a sua utilização.

Surgem os equipamentos eletrônicos para determinação de distâncias, aumentando a precisão


das observações, assim como a rapidez na sua execução.

O emprego de técnicas de fotocartas, ortofotocartas e ortofotomapas geram documentos


confiáveis e de rápida confecção.

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A utilização de outros tipos de plataformas imageadoras para a obtenção da informação


cartográfica, tais como radares (RADAM, SLAR), satélites artificiais imageadores (LANDSAT,
TM e SPOT), satélites RADAR (RADARSAT), vem modernamente revolucionando as técnicas
de informação cartográfica para o mapeamento, abrindo novos e promissores horizontes,
através de documentos tanto confiáveis como de rápida execução..

6.3.1 -PRINCIPAIS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA


CARTOGRAFIA BRASILEIRA NO ÂMBITO GOVERNAMENTAL E O
MAPEAMENTO SISTEMÁTICO

Por Rosely S. Archela e Edison Archela - Departamento de Geociências – CCE-UEL

A cartografia brasileira basicamente originou-se a partir da cartografia portuguesa do


século XVI. Devido à necessidade de elaboração de mapas das rotas de navegação, de cuja
precisão dependia o sucesso das expedições, e o domínio dos territórios descobertos, havia
uma intensa produção de mapas. Nesta época, era fundamental para a navegação poder
calcular suas rotas, dominar a orientação das correntes e dos ventos predominantes, como
também possuir as informações sobre as terras recém descobertas. Muitos mapas deste
período inicial da Cartografia foram elaborados por holandeses, franceses, ingleses e
espanhóis, além dos portugueses.

Alguns destes mapas, tão importantes na História do Brasil, foram apresentados em coletâneas
no início do século XX, retratando as primeiras fases da cartografia brasileira. Taunnay (1922)
apud Moraes Rego (1936) propôs a seguinte classificação para os mapas produzidos até o
inicio do século XX. Ele apresentou uma classificação dividida em quatro fases: 1ª fase -
mapas organizados com informações de pioneiros. 2ª fase – mapas resultantes comissões de
limites. 3ª fase – cartografia documentária - mapas em escalas pequenas - mapas de conjunto
elaborados na fase anterior pelas comissões de limites. 4ª fase - cartas em escalas grandes.

No início do século XVII, grande parte da Amazônia foi mapeada pelos portugueses.
Devido à necessidade de ocupação a fim de evitar a presença dos franceses, foram levantadas
as primeiras informações sobre esta região. A maior parte dos mapas elaborados no período
entre 1600- 1700. Entre eles, podemos citar o Mapa das Minas, São Paulo e Costa do Mar que
lhe pertence de 1612, e a Planta do Amazonas de 1637. Estes mapas são característicos da 1ª
fase da cartografia brasileira, quando ainda não se faziam levantamentos em campo e os
mapas eram organizados com informações dos desbravadores.

As preocupações políticas e a necessidade de conhecer para dominar, deram origem a


uma cartografia regional, produzida pelo contato direto dos desbravadores com o ambiente
geográfico, pois havia uma grande preocupação da Coroa Portuguesa com o controle do
interior do país e a contribuição significativa das bandeiras paulistas.

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Os trabalhos das Comissões de Limites deram um grande impulso a cartografia brasileira.


Estes trabalhos eram realizados pelos militares, comissários gerais de limites e chefes de
brigadas de campo, e tinham a colaboração de profissionais civis, que ao longo do tempo
recebiam patentes de oficiais.

Com a descoberta de ouro em Minas Gerais no século XVIII, D. João V determinou que
fosse realizado um levantamento da geografia de seus domínios e que fossem construídos
mapas que representassem a realidade.

Para a construção desses mapas, foram retomados alguns estudos dispersos,


contratados astrônomos-matemáticos e adquiridas obras cartográficas realizadas pela
execução de levantamentos anteriores. O objetivo dessas providências era obter mapas
precisos com informações verdadeiras, indispensáveis à defesa e administração do território,
visando também definir melhor suas fronteiras. A elaboração destes mapas, concentrou-se na
região centro-sul do país e marcam a segunda fase da cartografia brasileira, a chamada
cartografia das comissões de limites, como o Mapa das sete divisões, de 1766.

A partir de 1808, com a chegada do rei de Portugal Dom João VI ao Brasil, foi dado um
grande impulso aos empreendimentos artísticos e científicos, sobretudo as artes gráficas, com
a criação da Imprensa Régia. A partir daí foram elaborados mapas com o objetivo de fixar
fronteiras, com maior produção para as áreas costeiras. Os mapas da 3ª fase, eram elaborados
em escalas pequenas com muita generalização, construídos a partir daqueles elaborados pelas
comissões de limites. Podemos exemplificar esta fase, com o Mapa Müller, de 1837, que serviu
de base para a elaboração de outros mapas que proporcionaram um melhor conhecimento do
território brasileiro.

Em 1857, Manoel Antônio Vital de Oliveira apud Bakker (1968) deu início às atividades
das Companhias Hidrográficas da Marinha do Brasil, mapeando, até 1859, desde o Rio Grande
do Norte até o limite sul de Alagoas. Segundo Bakker, alguns hidrógrafos franceses também
contribuíram para a construção de cartas náuticas de todo o litoral brasileiro. A cartografia
náutica teve grande participação, devido principalmente à extensão do litoral brasileiro.

Em 1874 foi criada a Imperial Comissão Geológica, organizada por Charles Frederic
Hartt, um geólogo americano, que teve como auxiliares Yeaux Carpenter e Orville Derby,
também geólogos. Carpenter apud Coelho (1969) escreveu sobre as explorações geográficas e
seus mapas também serviram de base para o planejamento. No entanto, esta Comissão não
chegou a concretizar muitos de seus projetos porque logo foi extinta. Depois disso, Orville
Derby permaneceu no Brasil trabalhando em São Paulo, onde contribuiu para a criação da
Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, em 1886.

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O Estado de São Paulo teve um papel muito importante no desenvolvimento


cartográfico do país, principalmente após a criação da Comissão Geográfica e Geológica, em
1886. Esta Comissão foi pioneira nos levantamentos oficiais regulares em grande escala e
tinha por objetivos realizar os trabalhos de levantamento das cartas topográficas, geográficas,
geológicas, agrícolas, meteorológicas e botânicas.

Os mapas característicos da 4ª fase da cartografia brasileira, restringiram-se a regiões


limitadas, com levantamentos regulares, apoiados em triangulações e produção de cartas em
escalas grandes. Com a criação da Comissão Geográfica e Geológica em São Paulo (1886),
foi adotada uma escala 1:100.000 para todo o mapeamento. Também adotou-se critérios
únicos para os levantamentos de campo, com base na metodologia utilizada pela United States
Geological Survey, nos Estados Unidos.

Em âmbito mundial, havia uma preocupação visando a elaboração do mapa


internacional na escala de 1: 1.000.000, estabelecida a partir da reunião realizada em Londres
no ano de 1909, para a elaboração da Carta Internacional do Mundo - CIM com a participação
de representantes de diversos países, inclusive do Brasil.

A necessidade deste mapeamento foi reforçada durante a Primeira Guerra Mundial.


Alemães, austríacos, franceses e ingleses procuravam a melhor qualidade e eficácia para as
representações gráficas. Durante a Guerra, algumas tropas foram acompanhadas de vagões
transformados em gabinetes de desenho e oficinas para a impressão de mapas, devido à
urgência de sua aplicação no campo de batalha. A aerofotogrametria também avançou com a
Guerra.

A primeira operação estereofotogramétrica no Brasil realizada no Rio de Janeiro em


1914, marca o início de uma nova fase do mapeamento brasileiro

As primeiras fotografias foram feitas a partir de um levantamento de 22 vôos realizados em 16


dias, num percurso aéreo de 748 km, a uma altura de 2.500 metros, cobrindo uma área de
aproximadamente 1.345km2. A partir deste levantamento, foi elaborada a primeira Carta do
Distrito Federal, na escala 1:50.000.

Com o fim da Primeira Guerra, alguns técnicos austríacos foram convidados pelo
governo brasileiro para trabalhar na reorganização do Serviço Geográfico do Exército – SGE,
criado em 1890, como também para pesquisar sobre o sistema de projeção cartográfica mais
indicado para o mapeamento de todo o país. Suas contribuições foram significativas para o
desenvolvimento da cartografia brasileira. Estes profissionais trouxeram técnicas desenvolvidas
na Europa, principalmente durante a Primeira Guerra Mundial, como a introdução das técnicas
de levantamento topográfico, de impressão de cartas em off-set e métodos fotogramétricos.

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No entanto, enquanto eram realizados os mapeamentos no Rio de Janeiro, Minas


Gerais e São Paulo, as outras regiões não apresentavam ainda nenhum mapeamento de base
que tivesse alguma qualidade. Neste sentido, Moraes Rego (1936) relata que a área abrangida
pelos levantamentos regulares - centro-sul - ainda era muito limitada, e que para as demais
nem sempre se encontravam mapas aceitáveis, mesmo em pequena escala baseados em
posições astronômicas e levantamentos expeditos.

O estado de São Paulo realizou o primeiro recobrimento aerofotogramétrico, em 1929,


quando a Societá Anonima de Rivelamenti Aerofotometrice – SARA, realizou vôos na cidade
de São Paulo, produzindo fotografias nas escalas 1:5.000, 1:12.000 e 1:20.000, para o
mapeamento cadastral.

No interior brasileiro - como por exemplo na região Amazônica - devido às dificuldades de


penetração na floresta, a fase da cartografia documentária iniciou-se bem mais tarde. A
primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Limites foi criada em 1928, assinalando o
surgimento de uma cartografia documentária que tinha por objetivo a demarcação das áreas de
fronteira. As dificuldades eram muito grandes.

Nesta região, os demarcadores subiam o Rio Amazonas e seus afluentes em barcos e


depois em canoas. Finalmente penetravam na floresta a pé, carregando todo o equipamento,
além dos alimentos necessários à sobrevivência do grupo. Ficavam expostos a perigos e
sujeitos às doenças. Estes grupos de trabalho envolviam até mil homens, entre chefe de
expedição, topógrafos, radiotelegrafistas, mateiros e auxiliares, em expedições que duravam
de sete a nove meses.

Diante de tantas dificuldades, o processo de levantamento topográfico era um processo muito


lento e tecnicamente problemático. Nos anos trinta, o governo implementa algumas ações para
o mapeamento sistemático.

Foram implementadas algumas instituições de pesquisa importantes para o


desenvolvimento do país. Foi criado o Instituto Nacional de Estatística e, em 1937, o Conselho
Brasileiro de Geografia – CNG, que a partir de 1967 foi transformado no atual Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, para coordenar as atividades estatísticas,
censitárias e geográficas desenvolvidas no país, visando sobretudo neste momento, preparar-
se para o recenseamento de 1940.

Por volta de 1938, quando o IBGE começou a atuar nesta direção, em decorrência desse
acordo estabelecido entre o governo federal e os estaduais, seus técnicos se depararam com a
seguinte situação, relatada por Zarur (1948):

1 - A maior parte do país era ainda desconhecida física e culturalmente, apesar do trabalho
cartográfico empreendido pelos diversos órgãos federais e estaduais. A maioria das cidades e

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vilas não estavam localizadas com precisão. A área, a forma e a configuração dos municípios
eram desconhecidas dos funcionários municipais.

2 - Não obstante os diversos censos realizados anteriormente e as diversas tentativas de


realizarem uma divisão territorial sistemática do país, o quadro que se apresentava era de
confusão e total desordem. Os municípios eram tidos como divisões dos estados, e os distritos
como subdivisões dos municípios. Os municípios não estavam delimitados, e as divisas
conhecidas não eram permanentes - dificilmente eram reconhecidos in loco. Muitas vezes, elas
eram traçadas com base em velhas divisões eclesiásticas ou em limites de propriedades
privadas que se alteravam, quando estas eram vendidas ou herdadas.

3 - A ausência de continuidade nas áreas incluídas no foro dos municípios resultava em


extraterritorialidade municipal, pois muitos municípios estendiam a sua jurisdição a territórios
de outros municípios. Não havia uniformidade no critério de classificação para cidade, vila e
povoado. Era precária a coordenação entre as divisões judiciais e administrativas e não se
dispunha de definições claras dos termos geográficos. Esse estado confuso e desordenado,
não possibilitava o estabelecimento de um programa sistemático de delimitação das áreas
urbanas e rurais.

O Conselho Nacional de Geografia (IBGE) propôs ao Governo Federal uma operação chamada
de Campanha dos Mapas Municipais, através da qual fixava um prazo para a apresentação
dos mapas das áreas pertencentes às prefeituras, visando resolver os problemas existentes.

Esta campanha foi proposta pelo Conselho Nacional de Geografia (IBGE) ao Governo
Federal através de uma operação chamada de Campanha dos Mapas Municipais, na qual
fixava um prazo para a apresentação dos mapas das áreas pertencentes às prefeituras,
visando resolver os problemas existentes, que durou cerca de dois anos. O encerramento da
campanha ocorreu em 24 de maio de 1940 com a inauguração simultânea da Exposição
Nacional dos Mapas Municipais, na qual foram expostos os mapas dos 1.574 municípios
brasileiros, em todas as capitais estaduais.

A mobilização possibilitou a identificação da linha de contorno de cada município e das


sedes municipais, além das principais elevações do terreno, da rede hidrográfica, das rodovias
e da localização das principais propriedades agrícolas, contribuindo sobretudo para uma
melhor administração municipal, estadual e federal.

Outro empreendimento do IBGE, também da mesma época, foi a formação de uma


comissão técnica, em 1939, para estudar as Bases da Uniformização Cartográfica Brasileira.
Os estudos previam o estabelecimento de normas técnicas quanto ao sistema de projeção,
escala, convenções e adequação das folhas entre outros, para a Carta do Brasil ao
Milionésimo, que deveria obedecer às convenções internacionais da CIM.

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Esta Comissão também deveria estabelecer normas técnicas para a carta corográfica
na escala 1:250.000 e para as cartas topográficas, nas escalas de 1:100.000 e 1:50.000.

Sobre este assunto Castro (1940) escreve com muita expectativa: ... próximo está o dia,
venturoso para nossa cultura, em que no Brasil teremos a conveniente apresentação
cartográfica dos trabalhos geográficos e topográficos realizados, de tal forma que contribuam
efetiva e diretamente para o preparo das cartas brasileiras de conjunto, embora esses
trabalhos abranjam parcelas do território nacional e sejam executados por instituições
diferentes.

Estes empreendimentos tinham por objetivo a atualização da Carta Geográfica do Brasil


ao Milionésimo, publicada pela primeira vez em 1922. A atualização foi determinada pelo
Governo Federal em 1938, e deveria servir de base para o recenseamento que ocorreria em
1940.

A contribuição da Campanha dos Mapas Municipais também possibilitou o


enriquecimento do material cartográfico necessário aos trabalhos preliminares da Carta
Geográfica do Brasil como foi planejada. Assim, até 1940, o Conselho Nacional de Geografia
coordenou quatro grandes empreendimentos: a Campanha dos Mapas Municipais, o
estabelecimento da Uniformização Cartográfica, o levantamento das Coordenadas Geográficas
e a Campanha Altimétrica, visando atualizar a Carta Geográfica do Brasil ao Milionésimo.

Este foi um período de grandes preocupações técnicas, relacionada à formação de


profissionais bem preparados para o mapeamento No entanto, a grande mudança na
elaboração dos mapas só aconteceu de fato durante a Segunda Guerra Mundial, quando os
mapas passaram a ser elaborados e impressos com maior rapidez.

Entre 1926 e 1942, os norte-americanos fotografaram cerca de 7,5 milhões de km2 de


sua área, visando a elaboração de mapas planimétricos e altimétricos para geologia,
classificação e inventários florestais, classificação de terras, planejamentos de uso dos solos,
levantamento de áreas de pastagens, mapas de solos, cálculos de áreas com diferentes
produtos agrícolas, entre outros. Mas o recobrimento fotográfico não se restringiu apenas
aquele país.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, através da Força Aérea


Americana - USAF realizou uma extensa cobertura aerofotogramétrica, pelo Sistema
Trimetrogon, em países não-desenvolvidos. Segundo Sisam (1947) apud Coelho (1972), após
a Guerra, dois terços do espaço brasileiro estavam fotografados.

Esta documentação fotográfica foi colocada à disposição do Brasil. Em 1962, a Diretoria


de Serviço Geográfico do Exército - DSG realizou em Curitiba - Paraná a exposição sobre
Terras Meridionais do Brasil, onde foi assinado no Estado Maior das Forças Armadas - EMFA,

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o acordo cartográfico Brasil - Estados Unidos, que disponibilizou as fotografias aéreas na


escala de 1:50.000 executados pela USAF. Essas fotos foram restituídas pelo Serviço
Geográfico do Exército e pelo IBGE e deram origem as cartas do Mapeamento Sistemático
Nacional.

Durante a Guerra, foi criado no Nordeste Brasileiro, um Destacamento Especial do


Serviço Geográfico do Exército - SGE para mapeamento. Coelho (1946) comenta que:... devido
às necessidades militares do momento, julgou-se indispensável e urgente melhorar e completar
a documentação cartográfica que existia sobre o satélite norte-oriental brasileiro, que
compreende o litoral dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e parte do
Ceará, porque nessa região necessariamente se verificariam acontecimentos de ordem militar,
defensivos ou ofensivos...

Djalma Poli Coelho, que foi chefe desse Destacamento Especial do Serviço Geográfico
do Exército no Nordeste de 1941 a 1944, escreve que tratava-se de executar
aerolevantamentos rápidos e progressivos de modo que a tropa, encarregada da defesa
daquele trecho da costa brasileira, pudesse dispor de informações cartográficas atualizadas e
mais detalhadas do que as que existiam e eram representadas por alguns mapas parciais que
o SGE elaborou, a partir da compilação de mapas municipais, e cartas da Inspetoria Federal de
Obras Contra as Secas.

Neste período, para atender às necessidades de defesa nacional, a cartografia


brasileira fez grandes progressos, principalmente com a utilização das técnicas da
aerofotogrametria. Foi sobretudo nesta região estratégica do Nordeste brasileiro que se
trabalhou mais. Impulsionado pelo desenvolvimento da aerofotogrametria, o Brasil elaborou
uma série de mapas na escala de 1:50.000, abrangendo uma faixa litorânea de cerca de 50
quilômetros de largura. Porém, estes mapas não foram colocados à disposição da sociedade.
Porém, segundo Monbeig (1946), a distribuição desses documentos cartográficos foi
extremamente limitada.

Uma das primeiras medidas adotadas imediatamente após a Guerra, foi realizada em
1946, através do Decreto-lei n.º 9.210, que estabelecia Normas para a Uniformização da
Cartografia Brasileira. Esta medida atingia diretamente todos os trabalhos de levantamento,
operações geodésicas, topográficas e cartográficas, realizadas no Brasil.

A partir daí, as instituições envolvidas com a Cartografia deveriam estabelecer normas


técnicas para se adequarem à lei em vigor, respeitando as convenções internacionais e os
compromissos assumidos em relação à geografia e à cartografia americanas. Assim, coube ao
CNG estabelecer as normas técnicas referentes às cartas gerais de escala inferior a 1:250.000.
O SGE ficou incumbido de preparar as normas gerais para as operações de levantamentos e

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elaboração de cartas topográficas em escala 1:250.000, e maiores. As demais instituições -


como a Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha, Diretoria de Rotas da Aeronáutica,
Divisão de Geologia e Mineralogia e Serviço de Meteorologia do Ministério da Agricultura -
deveriam estabelecer as normas técnicas referentes ao preparo das cartas hidrográficas e
aeronáuticas e fixar normas técnicas para as cartas geológicas e climatológicas,
respectivamente.

Também fica evidente uma preocupação com a linguagem técnica da cartografia.


Aparece na bibliografia, trabalho técnicos traduzidos como o de Deetz (1948), Cartografia - Um
estudo e normas para a construção e emprego de mapas e cartas, publicado no Boletim
Geográfico, cujo objetivo era apresentar bases da Cartografia visando uma melhor capacitação
técnica dos cartógrafos, pois apresentava os princípios fundamentais para a construção de
mapas, mostrando ao mesmo tempo um perfil das instituições produtoras de mapas nos
Estados Unidos.

Neste mesmo ano, vários trabalhos técnicos foram divulgados no Boletim Geográfico.
Também foram realizadas palestras que tratavam de questões relacionadas às experiências
resultantes das pesquisas e práticas desenvolvidas em trabalhos de campo, por técnicos do
Conselho Nacional de Geografia.

Embora em nível nacional não tenham sido criadas outras instituições cartográficas, os
estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Paraná foram se modernizando
através da introdução de técnicas atualizadas em suas instituições cartográficas. Em São
Paulo, por exemplo, foi realizado, no período de 1953 a 1959, o segundo levantamento
aerofotogramétrico da cidade de São Paulo.

Podemos verificar na bibliografia disponível uma grande preocupação com o ritmo do


mapeamento no Brasil, principalmente com o desenvolvimento de técnicas que possibilitassem
mapear todo o território brasileiro no menor tempo possível.

O relato de Barbosa (1961) caracteriza muito bem o quadro brasileiro: ... no momento, o
Brasil tem cerca de 442.933 quilômetros quadrados do território mapeados sistematicamente
nas escalas topográficas de 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000... O Brasil tem 8.513.844
quilômetros quadrados portanto, somente 5,2% do seu território estão mapeados nestas
escalas. A média de produção anual, reunindo-se todas as folhas daquelas três escalas, em
área equivalente a 1:100.000, executadas por todas as entidades, federais, estaduais e
particulares, desde 1920 até 1960, é de 3,9 folhas. Ele ressalta que haveria necessidade de
769 anos para mapear todo o país em escala topográfica, se as técnicas de mapeamento não
fossem atualizadas.

CEFETES/GEOMÁTICA
85
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

Os anos 60 marcam um período de transição do estágio de elaboração de mapas de


compilação em pequenas escalas, para o do mapeamento topográfico em grandes e médias
escalas. As atribuições do CNG passaram para a competência da Fundação do Instituto
Brasileiro de Geografia, substituindo o Conselho em 1967 e visando criar uma estrutura que
pudesse atender às exigências do desenvolvimento econômico-social e de segurança nacional.

Estabelecidas as normas da legislação cartográfica brasileira, através do decreto-lei n.º


243/67, regulamentando as Diretrizes e Bases da Cartografia e da Política Cartográfica
Nacional - ainda em vigor.

A partir dos anos 70 inicia-se no Brasil uma nova etapa para a cartografia, auxiliada
pelo sensoriamento remoto.

Este período, para a cartografia brasileira, praticamente se confunde com o


desenvolvimento do sensoriamento remoto no Brasil, apoiado em novas tecnologias
desenvolvidas nos EUA e na Europa, como o lançamento dos satélites do sistema ERTS-A,
Landsat e Spot, desenvolvimento do sistema GPS e desenvolvimento industrial do SIG.

Também foram iniciados estudos para uso dos dados obtidos por sistemas sensores
colocados em plataformas espaciais americanas. Para a obtenção de imagens Landsat no
Brasil, foi instalada uma estação de recepção direta de dados em Cuiabá no estado de Mato
Grosso, e uma estação de processamento eletrônico e fotográfico em Cachoeira Paulista, no
estado de São Paulo. O INPE mantém todos os dados recebidos num banco de imagens. Com
exceção dos dados do sensor MSS do Landsat, recebidos entre 1973 e 1985, todos esses
dados estão disponíveis para processamento e geração de produtos fotográficos e digitais.

A partir da criação do INPE, em substituição ao CNAE e da implantação do Projeto


RADAM em 1970, o IBGE deixou de ser o único orgão responsável por grande parte de suas
atividades de mapeamento.

Como conseqüência das mudanças tecnológicas promovidas pela criação do INPE e


implantação do projeto RADAM, a produção cartográfica e as preocupações com o
mapeamento brasileiro, evidenciadas nas publicações do IBGE, deixam de aparecer. O Boletim
Geográfico encerra suas publicações em 1978, mas já vinha diminuindo as publicações de
assuntos relacionados ao mapeamento brasileiro desde 1969. A Revista Brasileira de
Geografia também do IBGE, a partir deste momento diminuiu o número de publicações
relacionadas ao mapeamento, passando a dedicar-se mais à geografia quantitativa, em
evidência até o final dos anos setenta.

A partir deste período, passam a ser realizados eventos específicos em sensoriamento


remoto, mapeamento sistemático, geodésia, agrimensura, planejamento, computação gráfica,

CEFETES/GEOMÁTICA
86
GEORREFERENCIAMENTO APLICADO AO CADASTRO DE IMÓVEIS RURAIS GEODÉSIA & CARTOGRAFIA

além dos tradicionais eventos de Cartografia e Geografia, contribuindo para imprimir novos
rumos à cartografia brasileira.

Historicamente, verificamos que a preocupação com o mapeamento sistemático


brasileiro por parte do governo federal foi maior em momentos como o do Estado Novo, sob o
governo de Vargas, com o mapeamento na escala 1:1.000.000; e no Período
Desenvolvimentista, com Kubitschek, em que os mapeamentos foram executados para atender
aos interesses econômicos e políticos. Posteriormente, eles foram realizados esporadicamente
e em locais estratégicos, visando a segurança nacional.

O último grande investimento no mapeamento nacional foi viabilizado através do Plano


de Dinamização da Cartografia, efetivado no período de 1975 a 1981. A partir daí, o governo
não estimulou novas políticas para o setor e o resultado tem sido a falta de informações nas
escalas 1:50.000 e maiores e a total desatualização do mapeamento existente.

Mendes (1988) apresentou um quadro sobre a situação do mapeamento brasileiro


naquele momento (quadro 1 ). Dez anos após, pudemos verificar que a situação deficitária do
mapeamento brasileiro continuava em pauta nas discussões.

Área mapeada Área não mapeada Totais

Escala N de Área em % N de Área em % N de Área em


folhas
km2 folhas km2 folhas km2

1:500.000 91 5.274.000 57,6 71 3.876.000 42,4 162 9.150.000

1:250.000 370 6.300.000 68,9 187 2.850.000 31,1 557 9.150.000

1:100.000 1.992 5.976.000 65,3 1.058 3.174.000 34,7 3.050 9.150.000

1:50.000 1.540 1.155.000 13,1 10.222 7.665.500 86,9 11.762 8.821.500

1:25.000 2.000 375.000 4,3 44.250 8.296.875 95,7 46.250 8.671.875

Quadro 1 - Situação do mapeamento brasileiro - 1988

Tânia Mendes, 1988

Em 1998 foi organizado um debate para discutir a situação do mapeamento brasileiro,


reunindo autoridades da comunidade cartográfica.

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Foi apontado naquele debate, realizado em 1998 – Forum Brasil de Mapeamento, que uma das
causas do quadro atual, seria a defasagem da legislação em vigor, que se pauta no Decreto-lei
n.243 de 1967. De acordo com a legislação, o Serviço Geográfico do Exército e o IBGE
continuam responsáveis pelo mapeamento sistemático do país. As cartas oficiais nas escalas
1:25.000 até 1:1.000.000 são autorizados por uma destas duas instituições.

Entre as sugestões discutidas visando a solução dos problemas relacionados ao


mapeamento, foi proposta uma descentralização do trabalho, que seria dividido com os
estados e municípios. Foram apresentadas algumas alternativas para a realização do
mapeamento brasileiro.

Embora ainda existam problemas, atualmente, com auxilio tecnológico disponível –


imagens e instrumentos de alta precisão, podemos dizer que o mapeamento brasileiro pode ser
atualizado com maior rapidez.

Estas são as principais etapas do desenvolvimento histórico da cartografia brasileira no


âmbito governamental voltado para a cartografia de base que influencia diretamente toda a
produção cartográfica brasileira como um todo.

6.4 -CAMPO DE ATUAÇÃO DA CARTOGRAFIA

Pelo histórico apresentado, é fácil ver que a Cartografia é uma atividade bastante antiga,
porém pode-se perfeitamente delimitar aplicações específicas ao longo da sua história.
Inicialmente como apoio às explorações, especialmente os mapas de navegação e aplicação
comercial. Poucas eram as aplicações que fugiam a esses objetivos. Por outro lado eram
poucos os que se dedicavam à elaboração e construção de mapas, isto no decorrer de
séculos, praticamente até o século XIX.

No decorrer do século XIX e início do século XX, conforme o aumento da demanda de mapas
para fins mais específicos, foram criadas instituições que se dedicam exclusivamente à
elaboração de cartas e mapas, tanto com propósitos gerais, como com propósitos definidos.

Hoje em dia a maior parte dos países possuem organizações governamentais dedicadas à
construção de cartas, com as mais diversas finalidades. Existem outras organizações, públicas
e privadas, com finalidades semelhantes, para atuação cartográfica apenas nas suas áreas
específicas.

Os avanços técnicos nos processos de construção de cartas, a necessidade crescente de


informação georeferenciada, tanto para a educação, pesquisa, como apoio para tomada de
decisões, à nível governamental ou não, caracteriza o mapa como uma ferramenta importante,

CEFETES/GEOMÁTICA
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tanto para análise de informações, como para a sua divulgação, em quaisquer áreas que
trabalhem com a informação distribuída sobre a superfície terrestre.

- Caracterizar uma tabela com uma distribuição de ocorrência de cólera.

- Mostrar a tabela e um mapa.

- Definir o que se pode obter com a visualização do mapa.

- A tabela oferece uma visão quantitativa do fenômeno.

- O mapa oferece tanto esta visão, como a distribuição espacial, permitindo cruzamento de
outros tipos de informações e a conseqüente análise deste cruzamento.

Por Ex:

- Ocorrência c/ águas poluídas

- Ocorrência c/ consumo de pescado

- Ocorrência c/ favelas

- Ocorrência c/ migração

Dividir a Cartografia em áreas de aplicação é tão difícil quanto classificar os tipos de cartas e
mapas.

Normalmente usa-se caracterizar duas classes de operações para a Cartografia:

- preparação de mapas gerais, utilizados para referência básica e uso operacional. Esta
categoria inclui mapas topográficos em grande escala, cartas aeronáuticas hidrográficas.

- preparação de mapas usados para referência geral e propósitos educacionais e pesquisa.


Esta categoria inclui os mapas temáticos de pequena escala, atlas, mapas rodoviários, mapas
para uso em livros, jornais e revistas e mapas de planejamento.

Dentro de cada categoria existe uma considerável especialização, podendo ocorrer nas fases
de levantamento, projeto, desenho e reprodução de um mapa topográfico.

A primeira categoria trabalha inicialmente a partir de dados obtidos por levantamentos de


campo ou hidrográficos, por métodos fotogramétricos ou de sensores remotos.

São fundamentais as considerações sobre a forma da Terra, nível do mar, cotas de


elevações, distâncias precisas e informações locais detalhadas.

Utilizam-se instrumentos eletrônicos e fotogramétricos complexos e o Sensoriamento remoto


tem pêso importante na elaboração dos mapas.

Este grupo inclui as organizações governamentais de levantamento.

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No Brasil são as seguintes:

- Fundação IBGE

- Diretoria de Serviço Geográfico

- Diretoria de Hidrografia e Navegação

- Instituto de Cartografia Aeronáutica

A outra categoria que inclui a Cartografia Temática, trabalha basicamente com os mapas
elaborados pelo primeiro grupo, porém está mais interessada com os aspectos de
comunicação da informação geral e a delineação gráfica efetiva dos relacionamentos,
generalizações e conceitos geográficos.

O domínio específico do assunto pode ser extraído da História, Economia, Planejamento


Urbano e Rural, Sociologia, Engenharias e outras tantas áreas das ciências físicas e sociais,
bastando que exista um georeferenciamento, ou seja uma referência espacial para a
representação do fenômeno.

Órgãos que no Brasil dedicam-se à elaboração de mapas temáticos:

- Fundação IBGE

- DNPM / CPRM -Mapas geológicos

- EMBRAPA - solos, uso de solos, pedologia

- Institutos de Terras -planejamento rural

- Governos Estaduais e Municipais (incipiente)

- DNER -mapas rodoviários

6.5 - DEFINIÇÃO DE MAPA

A apresentação visual de um mapa pode variar de uma forma altamente precisa e


estruturada, até algo genérico e impressionista, como um esboço ou croquis.

Devido a esta variedade de representações, não é fácil definir o termo MAPA, muito embora
o seu significado seja claro em todos os contextos.

Por outro lado, a palavra "mapa" possui algumas características significantes restritivas, seja
qual for a forma que se apresente:

- A representação é dimensionalmente sistemática, uma vez que existe um relacionamento


matemático entre os objetos representados. Este relacionamento, estabelecido entre a
realidade e a representação, é denominado escala.

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- Um mapa é uma representação plana, ou seja, esta sobre uma superfície plana. Uma
exceção é a representação em um globo.

- Um mapa pode mostrar apenas uma seleção de fenômenos geográficos ,que de alguma
forma foram generalizados, simplificados ou classificados. É diferente de uma fotografia ou
imagem, que exibe tudo que afetou a emulsão do filme ou foi captado pelo sensor.

Recentemente, a conversão dos dados de mapas para a forma digital, criou o termo "mapa
digital" ou "mapa numérico", diferenciando do mapa comum que é uma representação
analógica do terreno. (Carta Eletrônica)

Por outro lado é comum o termo "carta" para referenciar um mapa.

Procurando fornecer um conceito e não uma definição formal, pois no contexto geral ambos
tem significados semelhantes, os mapas são caracterizados por uma escala pequena, menor
do que 1: 1000000, não pertencendo a um conjunto. Representam um todo geográfico. Por
exemplo: mapa de Minas Gerais na escala 1: 2500000; Mapa do Brasil em escala 1:5 000 000.

As cartas por sua vez são obrigatoriamente divididas em folhas. São caracterizadas por uma
escala média. Por exemplo: Carta do Brasil em 1:100 000, 1:250 000, etc. O conjunto de todas
as folhas caracterizam a representação do todo geográfico que se quer mapear.

Por outro lado existem ainda a definição de PLANTAS, que são caracterizadas por grandes
escalas, maiores que 1/10 000. São cartas locais e normalmente não exijem métodos
geodésicos para sua elaboração, utilizando a topografia para a sua elaboração.

O Brasil está enquadrado na Carta do Mundo ao Milionésimo. A partir deste enquadramento


foram estabelecidas as cartas de mapeamento sistemático. O quadro abaixo fornece as
escalas, o número de folhas de cada escala

Escala N° Total de N° de Folhas % Mapeada


Folhas Executadas

1/1.000.000 46 46 100,00

1/500.000 154 68 44,00

1/250.000 556 529 95,1

1/100.000 3049 2087 68,4

1/50.000 11928 1641 13,7

1/25.000 47712 548 1,2

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Estes dados referem-se apenas ao mapeamento realizado pelo IBGE e DSG. Não estão
computados os levantamentos realizados pelos Institutos Estaduais.

A definição formal de mapa, apresentada pela Sociedade Brasileira de Cartografia e aceita


no Brasil é:

"É a representação cartográfica plana dos fenômenos da natureza e da sociedade


observados numa área suficientemente extensa, para que a curvatura da Terra não possa ser
desprezada e algum sistema de projeção tenha que ser adotado, para traduzir com fidelidade a
forma ou as dimensões das minúcias cartografadas".

Para as plantas tem-se a definição:

"É a representação cartográfica plana, dos fenômenos da natureza e da sociedade,


observados em uma área tão pequena que os erros cometidos nessa representação,
desprezada a curvatura da Terra, são negligenciáveis".

6.6 -DIVISÃO DA CARTOGRAFIA

A Cartografia pode ser dividida quanto à natureza em:

- Topográfica

- Temática

- Especial

A Topográfica se propõe a representar os aspectos físicos da superfície terrestre.


Enquadram-se todas as cartas topográficas. Normalmente serve de base à múltiplos usuários.
É incluído aqui todo o mapeamento sistemático.

A Cartografia Temática propõe-se a visualizar um tema, expressando conhecimentos para


determinados especialistas. É dividida em:

- Inventário - mostra o potencial qualitativo de fenômenos a representar. Apenas qualifica o


fenômeno pela representação da sua ocorrência geográfica.

- cartas geológicas, vegetação, minerais, uso de solo.

- Estatísticas ou Analíticas - indicam os dados e informações que caracterizam uma evolução


ou movimento, bem como a quantificação do fenômeno a representar.

- Carta de produção agrícola

- Carta de migração de povos

- Síntese

- Ilustração de relacionamentos ou inter-relacionamentos de atos ou fenômenos.

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São cartas de relações, bastante complexas.

A Cartografia Especial: destina-se a objetivos específicos, servindo praticamente a um único


tipo de usuário.

- Cartografia náutica, Aeronáutica, cartas sinóticas do tempo etc.

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7 - ESCALA E ESCALAS

7.1 -CONCEITO DE ESCALA

O conceito de escala em termos cartográficos é essencial para qualquer tipo de representação


espacial, uma vez que qualquer visualização gráfica é elaborada segundo uma redução do
mundo real. Genericamente pode ser definido de uma forma bem simples:

Escala é a relação entre a dimensão representada do objeto e a sua dimensão real. É portanto
uma razão entre as unidades da representação e do seu tamanho real.

Em termos lineares, planares ou volumétricos, dispõe-se então das relações adimensionais de


escala linear, de área e de volume:

EL = d/D Ep = a/A Ev = v/V

Sendo d = medida linear da representação; D medida linear real

a = medida de área (planar) da representação; A medida planar real.

v = medida de volume da representação; medida de volume real.

A razão é adimensional, por relacionar quantidades físicas idênticas, acarretando a ausência


de dimensão.

O inverso da relação de escala D/d , A/a e V/v , denomina-se número da escala ( N ), podendo
então a representação numérica da escala ser estabelecida pela relação

E = 1/N ou 1: N ou 1/N ( NL , Na , Nv )

Quando a dimensão do objeto representado é menor que o objeto real, tem-se uma escala de
redução. O contrário estabelece uma escala de ampliação.

E = 1/20000 - redução (uma unidade linear equivale a 20 000 unidades lineares no terreno)

E = 20/1 - ampliação (20 unidades lineares na carta equivalem a uma unidade linear no
terreno)

7.2 -FORMAS DE EXPRESSÃO DE ESCALA

Uma escala pode ser expressa das seguintes formas:

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- fração representativa ou numérica;

- em palavras e

- gráfica ou escala de barras.

A expressão numérica de escala é dada pelo relacionamento direto entre medidas


lineares,planares ou volumétricos na representação (mapa) e no superfície terrestre (da
definição de escala)

El = d / D Ea = a/A Ev = v/V

A apresentação da razão no entanto é feita normalmente mostrando o numerador unitário e o


denominador expressando um valor:

E=1/N= A este valor N denomina-se número da escala e a E dá-se o nome de


fração representativa ou fator de escala, e tanto pode ser dada pela fração como pela razão
representativa: 1/100.000 ou 1:100.000, dizendo-se por exemplo, "um para cem mil", neste
caso.

Formalmente esta razão expressa que uma unidade no mapa, equivale ao número de escala
de unidades no terreno, ou seja

1 mm na carta = 100.000 mm no terreno

1 cm na carta = 100.000 cm no terreno

1 dm2 na carta = 100.000 dm2 no terreno

1 m3 na carta = 100.000 m3 no terreno

Esta forma de expressar uma escala estabelece a segunda maneira de mostrar a relação, a
forma escrita. Normalmente esta expressão é dada em termos de uma unidade coerente para
as observações no mapa (mm ou cm em termos lineares, cm2 , cm3 ), para unidades também
coerentes em termos de terreno (quilômetros, quilometros quadrados ou cúbicos).

1:100.000 - 1 cm = 10 km = 10.000 m

1 mm = 1 km = 1.000 m

1:25.000 - 1 cm = 0,25 km

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4 cm = 1 km

Área - 1/ 250 000 - 1 cm2 = 25 m2

Volume - 1/ 1 000 000 000 = 1cm3 = 1000 m3

A conversão de uma forma é simples, bastando efetuar uma transformação de unidades.

Deve-se estar atento para mapas ou cartas antigas, principalmente oriundos de países que
adotavam o sistema inglês. Por exemplo a expressão de

1 m = 1 milha, fornece um fator de 1 / 63360.

1 / 2 = 1 milha = 1 / 253440

4" = 1 milha = 1 / 15840

Recordando: 1" = 2,54 cm

1 mi n = 1852 m

1 ft = 30, 48 cm

1 yd = 1, 093613 m

A tabela abaixo mostra as escalas mais comuns e equivalências:

A tabela abaixo mostra as escalas mais comuns e equivalências:

Escala 1 cm 1 km 1 in (pol) 1 mi

1:2.000 20 m 50 cm

1:5.000 50 m 20 cm

1:10.000 0,1 km (100 m) 10 cm

1:20.000 0,2 km 5 cm

1:25 000 0,25 km 4 cm

1:31.680 0,317 km 3,16 cm 0,5 m 2

1:50.000 0,5 km 2,0 cm

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1:63 360 0,634 km 1,58 cm 1,0 1

1:100.000 1.0 km 1 cm

1:250.000 2,5 km 4 mm

1:500.000 5,0 km 2 mm

1:1.000.000 10 km 1 mm

Pode-se verificar que quanto maior o número da escala, menor será a escala, e inversamente;
quanto menor o número da escala, maior a escala. Uma escala maior acarreta portanto um
maior grau de detalhamento dos objetos cartografados, sendo aplicada em áreas menores e
vice versa.

7.3 - ESCALA GRÁFICA

A escala gráfica ou de barra é forma de apresentação da escala linear, sendo apresentada por
uma linha, normalmente fazendo parte da legenda da carta, dividida em partes, mostrando os
comprimentos na carta, diretamente em termos de unidades do terreno.

Figura 7.1 - Escalas Gráficas

A figura mostra algumas formas de apresentação de escalas gráficas.

Este tipo de escala permite que as medidas lineares obtidas na carta sejam comparadas
diretamente na escala, já se estabelecendo o valor no terreno.

As escalas podem ser simples ou duplas (a) e (c), isto é, calibradas em mais de um sistema de
medida linear.

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Normalmente a escala gráfica apresenta-se dividida em duas partes, a partir da origem: a


escala propriamente dita e o talão (parte menor), sendo que o talão, é subdividido em
intervalos menores da maior graduação da escala, para permitir uma medição mais precisa.

A escala propriamente dita inicia do zero para a direita e o talão do zero para a esquerda. O
tamanho do talão corresponde a uma unidade da escala.

A escala gráfica, por razões de espaço e funcionalidade, não deve ter menos do que 6 divisões
e no máximo 12 divisões (incluindo o talão), dependendo da escala que está representando.

A divisão do talão deve seguir o sistema de unidades. Com o sistema métrico normalmente
divide-se em 10 partes. Para uma escala de milhas, tomam-se 8 divisões e para uma escala
horária tomam-se 6 divisões (10 min).

Construção de uma escala gráfica

A construção de uma escala gráfica é por vezes necessária, ou pela carta não o ter ou para
prover uma escala para uso em diversos mapas de mesma escala. Sua construção é simples,
não necessitando de muitos cálculos. O exemplo abaixo mostra toda a seqüencia de
elaboração de uma escala gráfica. Considerar uma escala numérica de 1/ 24 000.

1 - Calcular o comprimento total da escala gráfica a representar, na escala considerada. Levar


em consideração o comprimento da escala propriamente dita e do talão, número de divisões
mínimo e máximo, a unidade de cada divisão da escala e do talão, bem como o comprimento
que a escala gráfica terá ao final do traçado.

Neste exemplo, tomando-se 1 km como a unidade da escala, com a divisão do talão em 100 m,
o comprimento da unidade será dada por

, d = 1/24 = 0,041667 m = 4,167 cm = 41,67 mm

Ponderando o comprimento da unidade com o comprimento total da escala gráfica, tomando-se


a escala com 3 divisões para a escala gráfica e mais um para o talão, o comprimento total; da
escala será definido pelo valor

4 (3 da escala + 1 do talão) x 41,67 mm = 166,7 mm

Marcar este comprimento total na folha de papel, sem se preocupar em dividir pelas unidades.

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- traçar uma linha auxiliar por uma das extremidades da reta, e sem compromisso de
comprimento correto, dividi-la com o auxílio do compasso, no número de divisões que se divide
a escala ( 4 no exemplo):

- Unindo-se a extremidade da ultima divisão marcada com a extremidade da reta da escala,


traçam-se paralelas à esta reta, pelas marcações das demais divisões da reta auxiliar,
determinando-se então as divisões corretas da escala.

- O talão é dividido de forma semelhante, no número de divisões que o caracterizará. No


exemplo, em dez divisões, cada uma delas representando 100 m.

- Apagam-se as linhas auxiliares para evitar confusão com a escala.

Este processo gráfico tem por finalidade evitar a propagação de erros de medição, que
ocorrem se as divisões da escala forem marcadas diretamente pelo compasso.

O processo de obtenção de uma distância através da escala gráfica, é direto, não necessitando
de cálculo. Apenas é efetuada a medição da distância a determinar sobre o mapa, com o
auxílio de um compasso.

Transfere-se esta distância para a escala gráfica, a partir da origem da escala propriamente
dita, marcando-se o ponto que alcançou. Com isto tem-se a valorização em unidades inteiras
da escala, mais uma fração da unidade.

A partir da unidade inteira determinada, mede-se agora em direção ao talão, assim a fração
estará inteiramente sobre o talão, podendo então ser estimada o seu comprimento total.

Deve ser observado, que a precisão da escala gráfica é determinada pela divisão do talão,
sendo estimado os valores inferiores. Por exemplo: se a divisão é de 100 m, a estimativa fica
em torno de valores múltiplos de 10m (10, 20, 30, 40m ... etc).

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7.4 -ESCALA GRÁFICA DECIMAL

A escala gráfica decimal é uma escala mais precisa que a escala gráfica comum, pois permite
que as medidas sejam efetuadas com uma precisão maior que a determinada pela escala
gráfica comum. Esta precisão é alcançada por um processo gráfico que permite subdividir as
divisões do talão em quantas partes sejam possíveis. No caso da escala gráfica decimal,
divide-se em 10 partes. Logo, se a precisão da escala gráfica for de 100 m, com estimativa de
10m, a precisão da escala gráfica decimal será de 10m de leitura direta e estimativa de 1 m.

Construção de uma escala gráfica decimal:

- traçar a escala gráfica para a escala numérica com as divisões do talão ;

- levantar perpendiculares à escala, para cada uma das marcações e dividir em 10 partes
iguais de tamanho arbitrário;

- traçar paralelas à escala gráfica por estas divisões;

- unir transversalmente o talão, do 0 da primeira escala ao 1 da última escala (de baixo para
cima ou vice versa).

Figura 7.2 - Escala Gráfica Decimal

7.5 -ESCALAS ESPECIAIS

As fotografias aéreas e grande parte das projeções cartográficas não possuem escalas
constantes, elas são variáveis dependendo de uma sérei de fatores inerentes ao processo de
elaboração da projeção.

As fotografias aéreas, por serem uma projeção central. a escala é variável do centro da foto
para a periferia, sendo tanto menor quanto mais próximo das bordas.

Para determinadas projeções porém, a escala pode ser constante apenas segundo condições
que são ditadas pela própria projeção, valendo a escala nominal ou principal (Ep), apenas para
uma área do mapa, também ditada pela projeção.

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Quando a escala for grande, não ocorrerão muitos problemas pois os erros serão desprezíveis,
o que já não ocorrerá em escalas pequenas, podendo ser constante ao longo dos paralelos e
variável ao longo dos meridianos, ou vice-versa. Depende do tipo de projeção e da sua
estrutura projetiva.

Na projeção de Mercator por exemplo, a escala é variável, constante ao longo dos paralelos e
variável ao longo dos meridianos, variando com a latitude, quanto maior a latitude, maior a
escala. No equador tem-se a escala nominal, aumentando-se a medida caminha-se para os
polos, onde a escala é infinita.

Figura 7.3 - Escala Especial

É obrigatória nas pequenas escalas a citação da área de validade da escala principal,


complementando-se com gráficos variáveis ou ábacos de variação de escala.

7.6 -ERRO E PRECISÃO GRÁFICA

A escala de representação está ligada a um conceito de evolução espacial e precisão de


observação.

O olho humano permite distinguir uma medida linear de aproximadamente 0,1 mm. Um ponto
porém, só será perceptível com valores em torno de 0,2 mm de diâmetro em termos médios.
Este valor de 0,2mm é adotado como a precisão gráfica percebida pela maioria dos usuários e
caracteriza o erro gráfico vinculado à escala de representação. Dessa forma, a precisão gráfica
de um mapa está diretamente ligada a este valor fixo de 0,2 mm, estabelecendo-se assim, em
função direta da escala a precisão das medidas da carta, por exemplo:

E = 1/20000 -------- 0.2mm = 4000 mm = 4 m

E = 1/10000 -------- 0,2mm = 2000 mm = 2 m

E = 1/40000 -------- 1,2mm = 8000 mm = 8 m

E = 1/100000 ------- 0,2mm = 20000 mm = 20 m

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Em observações lineares, estas são as precisões alcançadas pelas escalas mostradas. Quanto
menor a observação, maior o erro relativo associado.

Em geral, quando se parte para a representação de uma parte da superfície terrestre, entende-
se que a escala a ser aplicada à área será uma escala de redução, ou seja, a superfície a
representar será reduzida de forma a estar contido na área do mapa.

Esta redução tráz o erro gráfico aplicado a escala de representação. Tome-se que o erro
gráfico já é o componente final de todos os erros inerentes ao processo de construção do
mapa. Desta forma, todas as medições e observações estarão com uma precisão inerentes a
propagação de erros de todas as fases da construção de uma carta: campo, aerotriangulação,
restituição, gravação e impressão.

O processo automatizado de construção de cartas tem também algumas dessas fases


embutidas, também com prescrições de precisão bem definidas.

Já a aquisição de dados para SIG, Geoprocessamento e mesmo trabalhos de cartografia


temática de síntese, pode ser realizada através de documentos cartográficos já existentes. Do
momento que se adquire dados a partir de um documento já existente, verificam-se os
seguintes pontos:

- o documento já possue um erro gráfico inerente à sua escala de representação, e nada vai
fazer com que esse erro diminua;

- o documento está em uma escala pré-definida .

Surge então a questão de que esses dados só poderão servir à essa escala de aquisição, não
podendo ser trabalhados para outras representações em outras escalas, o que evidentemente
é um disperdício em um sistema de armazenamento de dados.

Em termos de utilização desses dados para uma redução, não existe nenhuma restrição de
utilização. Através do exemplo, pode-se facilmente verificar isso:

Suponha-se a aquisição de dados para uma região, através de folhas de carta na escala de 1/
250 000. Deseja-se fazer a redução de representação para a escala de 1/ 1 000 000. O erro
gráfico da primeira escala corresponde a 50m e para a segunda escala, de 200m, ou seja
quatro vezes menor.

Em termos de uma ampliação, ocorrerá o problema inverso. Supondo-se aquisição na escala


de 1/ 1 000 000 e uma ampliação para a escala de 1/ 250 000, o erro de 200 m terá uma

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ampliação de quatro vezes passando para 800m o que na realidade corresponde não a quatro
vezes, mas a dezesseis vezes maior que o erro gráfico permitido para aquela escala, que é de
50 m. Para uma ampliação de um mapa, da escala de 1/ 100 000 para 1/ 20 000, o erro gráfico
inerente à primeira escala é igual a 20 m e para a segunda, igual a 4 m. Ao se ampliar a
informação gráfica, o erro será também ampliado, passando para 100 m, uma vez que a
ampliação submentida foi de 5 vezes. Comparando-se esse valor com o erro gráfico da escala
final, verifica-se que é 25 vezes maior que o erro permitido para a escala de 1/ 20 000.

Podem ocorrer casos que os erros oriundos de uma ampliação não sejam relevantes para uma
determinada representação. Com todos a s restrições, é possível até aceitar-se, mas em
princípio, as ampliações não são consideradas em termos cartográficos.

7.7 - ESCOLHA DA ESCALA

As condicionantes básicas para a escolha de uma escala de representação são:

- dimensões da área do terreno que será mapeado;

- tamanho do papel que será traçado o mapa;

- a orientação da área;

- erro gráfico;

- precisão do levantamento e/ou das informações a serem plotadas no mapa.

Pelas dimensões do terreno e do tamanho do papel, pode-se fazer uma primeira aproximação
para a escolha da escala ideal de representação. Desta primeira aproximação deve-se então
arredondar-se a escala para que fique a mais inteira possível.

Deve-se considerar em relação ao papel, locais para a colocação de margem e legendas para
o mapa. Isto fará com que a área do papel seja menor que as dimensões iniciais.

Supor que se deseje editar um mapa do Estado do Rio de Janeiro em tamanho A4. Para se
definir a escala ideal de representação, devem ser seguidos os seguintes passos:

a) Tamanho do papel

A4 - 21,03 x 29,71 cm

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b) Dimensões do Estado

± 450 km na linha de maior comprimento

c) Tomando-se uma margem de 1 cm por borda, a área útil será diminuída para 19,03cm x
27,71cm » 18cm x 26cm (margem de segurança) área útil

d) Orientando de forma que a área fique com a base voltada para a margem inferior,
desenvolvem-se os seguintes cálculos para a determinação das escalas

1:1.700.000 ® 26,47 cm ¾ 450 km OK

300 km (1:1.700.000) -> 17,64 cm OK

Escala determinada = 1:1.700.000

7.8 -DETERMINAÇÃO DE ESCALA DE UM MAPA

Quando por algum motivo não é fornecida a escala de um mapa pode-se, obter uma escala
aproximada, através da medição do comprimento de um arco de meridiano entre dois
paralelos.

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O comprimento médio de um arco de meridiano é de 111, 111 km, bastando então dividir a
distância encontrada no mapa por este valor.

E=

Desejando-se valores mais precisos, pode-se consultar uma tabela de valores de arco
meridiano para as diversas latitudes.

Latitude Comprimeneto Latitude Comprimento

0-1 110.567,3 km 50-51 111.239,0 km

10-11 110.604,5 km 60-61 111.423,1 km

20-21 110.705,1 km 70-71 111.572,2 km

30-31 110.857,0 km 80-81 111.668,2 km

40-41 111.042,4 km 89-90 111.699,3 km

7.9 -TRANSFORMAÇÃO DE ESCALA DE MAPA

Frequentemente é necessário alterar o tamanho de um mapa, isto é, reduzi-lo ou ampliá-lo.


Uma ampliação acarretará também uma ampliação dos erros existentes. O problema é então,
passar de um fator de escala para outro. Uma vez determinado o novo fator, basta efetuar a
transformação de todas as medidas para a nova unidade.

Exemplo

E1 = 1 / 25.000 E2 = 1 / 125.000

FR =

As transformações podem ser efetuadas também por processos mecânicos ou instrumentos


ótico-mecânicos, por exemplo, com a utilização de pantógrafos, ou de um aerosketchmaster..

Um processo gráfico de uso bastante comum é o gradeamento do desenho original e o


desenho de uma grade com o fator de escala definido, passando-se o desenho de um para
outro.

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7.10 - PROBLEMAS DE ESCALA

1) Tendo-se medido uma distância na carta igual a 2 mm, sabendo-se que a distância no
terreno é igual a 1.200 m, calcular a escala da carta.

E=

2) Tendo-se uma carta na escala 1/40.000, e medido-se uma distância na carta igual a 4 mm,
determinar a distância correspondente no terreno.

E = 1/40.000 d = 4 mm

E = d/D D = d/E D = = 160 m.

3) Tendo-se a escala da carta igual a 1/50.000, e a distância no


terreno de 5,5 km, determinar a distância na carta.

E = d = E x D = 5,5 x 1/50.000 = 5.500.000/50.000 = 110 mm

4) Sendo dada a escala de uma carta igual a 1/80.000, e uma distância medida na carta
igual a 5 cm, pede-se verificar qual a escala de uma carta em que a mesma distância foi
medida por 2,6667 cm.

Existem dois caminhos:

a) E = d/D 1/80.000 = 5/D \ D = 5 x 80.000 = 400.000

D = 4.000 m = 4 km

E' =

b) Pelo fator de redução

FR =

E' =

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8 - ANÁLISE DE EXATIDÃO DE PRODUTOS CARTOGRÁFICOS

8.1 -O CONCEITO DA MAPA "EXATO"

A palavra exatidão ("accuracy" ) é frequentemente empregada pelos produtores e


usuários de mapas. Na análise da qualidade de um produto tão complexo quanto o
cartográfico, o termo exatidão não pode ser assumido literalmente. O problema é sintetizado
por HARLEY (1975) apud MAILING (1989): exatidão é um conceito mais relativo do que
absoluto no que diz respeito a Cartografia. Não pode ser adotado como uma definição rígida tal
como " conformidade exata com a realidade" ou " livre de erros ou defeitos" , pois além dos
mapas serem generalizações da realidade ou " modelos representativos do mundo real", todos
os levantamentos e processos de produção de um mapa inevitavelmente introduzem erros em
algum estágio. Tanto o usuário quanto o produtor de mapas devem estar interessados pelo
estudo sistemático dos erros que afeta-os, estabelecendo suas causas, variabilidades e
parâmetros estatísticos que caracterizam cada erro.

Para ARONOFF (1989), exatidão é um termo amplamente usado e geralmente mal


interpretado. Exatidão é a probabilidade que uma previsão tem de ocorrer. No caso de mapas,
é a probabilidade da posição de um ponto determinado no mapa ser verdadeira, isto é, a maior
proximidade que esta posição tiver da posição determinada através de meios mais precisos,
tais como levantamentos de campo. Classificação da exatidão é a probabilidade que a classe
apontada para a posição no mapa seja a classe encontrada no campo.

Um mapa não pode ser 100% exato, pois está suscetível a erros nas diversas fases de
sua produção. A exatidão de um mapa pode ser estabelecida por um valor que relaciona as
posições encontradas no mapa com as do campo (supostamente verdadeiras). Pôr exemplo,
na parte prática pode ser analisadas discrepâncias entre coordenadas obtidas a partir do
sistema GPS e de meios digitais. Associados a estas discrepâncias estão os desvios padrão
das mesmas e a probabilidade de ocorrência destes.

Existem critérios e padrões estabelecidos para determinar e quantificar a exatidão de


um mapa, que abrangem desde parâmetros divulgados oficialmente, até a escolha e
tratamento estatístico dos dados, que serão relacionados nos tópicos seguintes.

8.2 -OS PADRÕES DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA

MERCHANT ( 1982) relata que nos EUA o National Map Accuracy Standard é usado
como padrão para os mapas de escala pequena (atlas). Já, os mapas de escala grande são

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preparados atendendo as exigências do usuário. Salienta ainda, que especificações quanto a


exatidão devem ser comuns para os usuários e o produtor do mapa. Assim, deve-se definir um
procedimento para testar um mapa e este teste deve ser conduzido de acordo com as normas
vigentes e mencionado no produto final do mapa.

Afim de facilitar a comunicação entre os produtores e usuários, o National Map


Accuracy Standard teceu as seguintes considerações antes de apresentar as especificações
quanto a exatidão de um mapa:

a) Estas especificações estão relacionadas a mapas topográficos de escalas 1:20000 e


maiores.

b) A exatidão é obtida da relação entre as coordenadas terrestres e as coordenadas do


mapa na escala da carta, ou, a relação entre as elevações e as interpolações das
curvas de nível.

c) A exatidão é relativa aos tipos de erros geralmente compreensíveis pelo usuário do


mapa.

d) Mapas devem ser testados para assegurar a exatidão através de procedimentos ou


levantamentos de campo consagrados e métodos estatísticos. Falhas nos testes de
extidão podem levar a rejeição da base cartográfica.

8.2.1 -ESPECIFICAÇÕES DA EXATIDÃO DO MAPA

A exatidão de um mapa, segundo MERCHANT (1982) é verificada a partir da


comparação das coordenadas do terreno com as do mapa, pelo menos vinte pontos bem
definidos.

Para levantamentos de campo, são tabelados os erros máximos permitidos de acordo


com a escala do mapa e no tipo de teste em questão os erros encontrados não devem exceder
1/3 do erro máximo estabelecido.

Pôr exemplo, em uma carta na escala 1:1000, o erro permitido no levantamento é de


0,25 m nas coordenadas X e Y. Para atender a esta exatidão, os procedimentos de campo no
teste não devem exceder a 1/3 de 0,25 m.

No que diz respeito às coordenadas no mapa, tem-se que, 90% dos pontos bem
definidos devem ter erro menor do que 2,146 do erro permitido. Este valor (2,146) foi
determinado empiricamente e é relativo ao Circular Map Accuracy Standard ( CMAS).

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8.2.2 -OS PADRÕES DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA (PEC) NO BRASIL

No Brasil, o Decreto 89.817/84 - Instruções reguladoras da Normas Técnicas da


Cartografia Nacional nas suas Especificações Gerais classificam as cartas quanto à exatidão:

"Art.8º As cartas quanto à sua exatidão devem obedecer ao Padrão de Exatidão Cartográfica -
PEC, segundo o critério abaixo indicado:

1. Noventa por cento dos pontos bem definidos numa carta, quando testados no terreno, não
deverão apresentar erro superior ao Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico -
estabelecido.

2. Noventa por cento dos pontos isolados de altitude, obtidos por interpolação de curvas-de-
nível, quando testados no terreno, não deverão apresentar erro superior ao Padrão de Exatidão
Cartográfica - Altimétrico - estabelecido.

§1º Padrão de Exatidão Cartográfica é um indicador estatístico de dispersão, relativo a 90% de


probabilidade, que define a exatidão de trabalhos cartográficos.

§2º A probabilidade de 90% corresponde a 1,6449 vezes o ErroPadrão - PEC = 1,6449 EP.

§3º O Erro-Padrão isolado num trabalho cartográfico, não ultrapassará 60,8% do Padrão de
Exatidão Cartográfica.

§4º Para efeito das presentes Instruções, consideram-se equivalentes as expressões Erro-
Padrão, Desvio-Padrão e Erro-Médio-Quadrático.

Seção 2

Classes de Cartas

Art.9º As cartas, segundo sua exatidão, são classificadas nas Classes A, B e C, segundo os
critérios seguintes:

a- Classe A

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,5 mm, na escala da carta, sendo de 0,3
mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.

2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: metade da eqüidistância entre as curvas-de-


nível, sendo de um terço desta eqüidistância o Erro-Padrão correspondente.

b- Classe B

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,8 mm na escala da carta, sendo de 0,5


mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.

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2. Padrão de Exatidão Cartografica - Altimetrico: três quintos da eqüidistância entre as curvas-


de-nível, sendo de dois quintos o Erro-Padrão correspondente.

c- Classe C

1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 1,0 mm na escala da carta, sendo de 0,6


mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.

2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: três quartos da eqüidistância entre as curvas-


de-nível, sendo de metade desta eqüidistância o Erro-Padrão correspondente.

Art.10 É obrigatória a indicação da Classe no rodapé da folha, ficando o produtor responsável


pela fidelidade da classificação.

Parágrafo único

Os documentos cartográficos, não enquadrados nas classes especificadas no artigo anterior,


devem conter no rodapé da folha a indicação obrigatória do Erro-Padrão verificado no processo
de elaboração.

Art.11 Nenhuma folha de carta será produzida a partir da ampliação de qualquer documento
cartográfico.

§1º Excepcionalmente, quando isso se tornar absolutamente necessário, tal fato deverá
constar explicitamente em cláusula contratual no termo de compromisso,

§2º Uma carta nas condições deste artigo será sempre classificada com exatidão inferior à do
original, devendo constar obrigatoriamente no rodapé a indicação "Carta ampliada a partir de (.
.. documento cartográfico) em escala (... tal)".

§3º Não terá validade legal para fins de regularizacão fundiária ou de propriedade imóvel, a
carta de que trata o "caput" do presente artigo. "

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9 - PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

9.1 - O CONCEITO DE PROJEÇÃO

Uma projeção de mapa ou um sistema de projeção cartográfica pode ser definido como sendo
"qualquer representação sistemática de paralelos e meridianos retratando a superfície da
Terra, ou parte dela, considerada em uma esfera ou esferóide, sobre um plano de referência".

Toda projeção é uma forma de representação de coordenadas sobre um plano; a rede de


coordenadas geográficas, a gratícula, deve ser locada por coordenadas cartesianas ou polares,
assim como qualquer outro meio, que represente coordenadas na projeção. Dessa forma,
pode-se estabelecer que as projeções são transformações projetivas, que permitem
transformar a superfície tridimensional da superfície terrestre em uma representação plana, ou
seja bidimensional.

Cada ponto da superfície terrestre de coordenadas geográficas ou geodésicas (φ, λ), deve ser
definido em um plano por um único ponto de coordenadas (x, y) cartesianas ou (r, θ ) polares.

Em uma forma funcional, o relacionamento deve ser expresso como:

x = f1 (φ, λ ),

y = f2 (φ, λ),

r = f3 (φ, λ),

θ = f4 (φ, λ).

Em que fi são funções que determinam cada uma das coordenadas na representação do mapa.
Assim, fica estabelecido que cada ponto da superfície terrestre terá um e apenas um ponto
correspondente na carta ou mapa, ou seja, existirá uma correspondência um-para-um entre o
mapa e a superfície terrestre, ou seja, x e y (ou r e θ ), são funções de (φ, λ).

Este relacionamento na realidade poderá ser até questionado mais tarde, uma vez que
algumas projeções mostram o mesmo meridiano duas vezes, ou os polos são representados
por linhas ou alguma parte da superfície terrestre não seja representada. Mas isso são
características intrísecas à determinados tipos de projeções, que exigem representações
duplas de mesmos meridianos ou paralelos, ou mesmo por relacionamenmtos matemáticos
que não permitam a visualização de determinada porção terrestre. O principal motivo destes

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problemas é exatamente a superfície contínua da esfera ter de ser representada sobre um


plano limitado.

Estas particularidades geralmente ocorrem nas bordas das projeções e devem ser tratadas
como casos excepcionais ou pontos singulares. De qualquer forma, dentro do contexto das
projeções cada ponto da superfície terrestre é representado apenas uma vez, e portanto a idéia
de pontos correspondentes pode ser aplicado.

A correspondência entre a superfície e o mapa não pode ser exata por dois motivos básicos:

- Alguma transformação de escala deve ocorrer porque a correspondência 1/1 é fisicamente


impossível.

- A superfície curva da Terra não pode ajustar-se a um plano sem a introdução de alguma
espécie de deformação ou distorção, equivalente a esticar ou rasgar a superfície curva.

Estas deformações serão tanto maiores quanto maior for a área projetada, e quanto mais
afastada for do centro da projeção. O centro de projeção caracteriza o local onde a distorção
é nula. A área em torno do centro de projeção, onde as distorções são inferiores a certos
valores limites, estabelecidos a priori em função da finalidade da projeção, caracteriza o
campo de projeção. O termo deformação não é muito bem aplicado podendo levar à idéia do
desconhecimento de formas e estruturas aplicadas. Já o termo distorção estabelece que existe
um conhecimento prévio do comportamento da deformação.

9.2 -ESCALA PRINCIPAL E FATOR DE ESCALA

A definição de escala aplicada ao globo terrestre, pode ser caracterizada pela razão entre a
distância no mapa, globo ou seção vertical e a distância real que representa. De uma forma
genérica, se AB é o comprimento no terreno e ab o comprimento no mapa

E = representa a razão de escala para o mapa.

Esta definição pode ser usada para caracterizar a escala de um globo que
representa a Terra. Neste caso, a comparação é efetuada pelo comprimento de dois arcos de
círculo máximo AB na Terra e ab no globo. O comprimento de um arco de círculo máximo é
dado por:

AB = R α e ab = r α , sendo α o arco subentendido entre A e B e a e b. Relacionando:

ou E =

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Assume-se que o globo gerado dessa forma é uma réplica exata da Terra à escala considerada
e a escala principal é definida como sendo "a escala de redução para um globo,
representando a esfera ou esferóide, definida pela relação fracionária de seus
respectivos raios".

Estabelece-se ainda que esta escala, por ser representativa da réplica perfeita da Terra à
escala do mapa, é isenta de variação. Assim, define-se a escala principal como tendo um fator
de escala µ 0 = 1.0, e as distorções que venham a ocorrer serão avaliadas como frações de
unidade ou múltiplos da unidade.

A escala principal é equivalente à fração representativa impressa no mapa.

Fator de escala µ = 1.0 = µ 0 , não há distorção. Se houver dilatação ou ampliação de escala, o


fator de escala µ > µ 0 e se houver compressão ou diminuição de escala o fator de escala µ < µ
0.

O fator de escala µ pode ser então definido como o valor adimensional determinado pelo
relacionamento entre a escala na área considerada e a escala principal.

Assim um fator de escala igual a 2, caracteriza uma ampliação de escala de duas vezes a
escala principal, por exemplo, se a escala principal for igual a 1/ 20 000 e a escala de área
igual a 1/ 10 000. Da mesma forma um fator de escala igual a 0,5, caracteriza uma redução de
escala também de duas vezes, ou seja, se a escala principal é igual a 1/ 20 000, a escala de
área será de 1/40 000.

9.3 -O CONCEITO DE DISTORÇÃO

O exame de um globo representativo da superfície terrestre mostra que a sua superfície não
poderá ser transformada em um plano. É possível porém, para um globo de dimensões de uma
bola de futebol, ajustar-se um pedaço de papel, como por exemplo um selo, sem deformá-lo ou
rasgá-lo. Se este mesmo selo for colocado sobre a superfície de uma bola de ping-pong,
dificilmente será conseguida a adaptação à superfície sem esticá-lo ou rasgá-lo, ou seja, sem
uma deformação ser aplicada.

As distorções ou deformações são tanto maiores quanto maior a área representada, e terão
características próprias segundo a forma de relacionamento entre a superfície terrestre e a
representação plana correspondente, caracterizando a projeção adotada.

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A figura abaixo apresenta uma representação plana da Terra pelo corte da superfície esférica
ao longo dos paralelos de +150 , + 450 e + 750 e ao longo do meridiano de Greenwich.
Aproxima-se do corte de uma laranja. É possível desta forma, realizar-se uma planificação
razoável.

Figura 9.1 - Representação Terrestre por cortes ao longo dos paralelos

Esta representação faz com que alguns paralelos sejam mostrados duas vezes, gerando uma
descontinuidade do mapa e deixando vazios entre os paralelos.

Figura 9.2 - Representação contínua da Terra

Desejando-se evitar estes vazios, ou seja, o mapa mostrar a superfície de forma contínua,
deve-se fechar os vazios esticando-se cada zona em uma direção ao longo dos meridianos até
a coincidência dos paralelos, conforme mostra a figura abaixo.

Comparando-se as figuras. pode-se verificar que a deformação cresce à medida que se


aproxima das bordas do mapa. A quantidade de distorção pode ser visualizada pela
deformação dos círculos na figura anterior, para as elipses da figura.

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Uma notável ilustração de distorções e deformações pode ser vista nas figuras. Um rosto foi
desenhado sobre a projeção globular, sendo depois transportado para as projeções ortográfica,
estereográfica e de Mercator.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Figuras 9.3 a, b, c e d - Distorções

Isto não quer dizer que uma projeção é melhor que outra, por que a figura pode ser desenhada
em outra projeção e transportada para a inicial, gerando também distorções.

9.4 -DISTORÇÃO LINEAR

A distorção descrita para a elaboração do mapa contínuo da figura 5.2, é definida como uma
distorção linear ao longo dos meridianos.

O resultado gráfico mostra que o comprimento entre dois paralelos aumenta do meio para as
extremidades do mapa, ou seja, os comprimentos entre os meridianos sucessivos variam
apenas em função da latitude.

Considerando-se porém o espaçamento entre os meridianos ao longo de um paralelo qualquer,


verifica-se que é quase constante e praticamente igual ao da figura anterior, significando que a
distorção linear nesta projeção, ocorreu em uma direção apenas.

Esta distorção porém, irá influenciar a representação de ângulos e áreas no mapa, conforme
pode ser demonstrado da seguinte forma:

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Considerando-se o ponto P de coordenadas (10,10), o ângulo YOP é de 450 e a área é de 100


unidades quadradas.

Fazendo-se a escala ao longo do eixo dos Y dobrar, enquanto que no eixo dos X continua a
mesma.

Assim P’ = (10,20) Y’OP’ = 300 e a área do retângulo Y’OX’P’ = 200.

À diferença angular  = Y’OP’ - YOP denomina-se deformação angular e à alteração na área A


= Y’OX’P’ - YOXP, denomina-se deformação de área (exagero superficial).

Em um sistema de projeção estas deformações não podem ser facilmente definida por gráficos
planos, mas a característica principal é perfeitamente definida: ambas as deformações
dependem da deformação linear e em conseqüência podem ser definidas através delas.

Quando a escala de um mapa é conhecida, supõe-se que ela seja constante para toda a área
do mapa, em três aspectos:

- que a razão de escala seja aplicada à todos os comprimentos e distâncias e linhas medidas
no mapa;

- que razão de escala seja constante para todas as partes dos mapas;

- que a razão de escala seja independente de direção de aplicação.

Isto parece ser axiomático em muitos tipos de mapas, mas a suposição de que a escala é
constante para todas as distâncias, em todos os lugares e em qualquer direção, não é
verdadeira.

Qualquer representação plana do globo, envolve variação de escala em alguns ou em todos os


três aspectos.

9.4.1 - DISTORÇÃO NULA

É claramente impossível criar um mapa perfeito, onde a escala principal seja preservada em
todos os pontos. É fácil porém, manter a escala principal ao longo de certas linhas ou pontos
no mapa, onde a escala é constante e igual à escala principal, ocasionando uma distorção é
nula.

Linhas de distorção nula, são linhas em uma projeção, ao longo das quais a escala principal é
preservada e correspondem a determinados círculos máximos ou pequenos círculos na esfera
ou elipsóide.

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Pontos de distorção nula são os pontos onde a escala principal é preservada. Os planos
tangentes à superfície da Terra gerarão sempre um ponto de distorção nula.

Figura 9.4 - Áreas de distorção mínima, média e alta no plano

Qualquer plano secante à superfície terrestre irá gerar uma linha de distorção nula, que será
sempre identificada como um pequeno círculo.

Figura 9.5 - Áreas de distorção no cilindro

Um cilindro ou cone tangente à superfície terrestre gerará uma linha de distorção nula,
igualmente um pequeno círculo.

Figura 9.6 - Áreas de distorção mínima no cone

Um cilindro ou um cone, secante à superfície terrestre, gerará duas linhas de distorção nula,
também pequenos círculos.

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9.4.2 -ESCALAS ESPECÍFICAS

As escalas específicas de interesse para o estudo das projeções e em conseqüência das


deformações e distorções causadas pela variação de escala, são as seguintes:

- escala ao longo de um meridiano (h);

- escala ao longo de um paralelo (k);

- escala máxima em um ponto (a);

- escala mínima em um ponto (b).

A escala ao longo de uma direção qualquer segundo um azimute determinado existe, porém
não será importante para o estudo da maior parte das projeções.

As escalas ao longo dos meridianos e paralelos, são funções da projeção que esteja sendo
empregada, da latitude e da longitude.

As escalas máxima e mínima são funções das escalas ao longo dos paralelos e meridianos, e
representam a variação máxima e mínima de escala em um ponto.

9.5 -PROPRIEDADES ESPECIAIS DAS PROJEÇÕES

Apesar do fato da escala principal ser preservada em algumas linhas ou pontos em uma
projeção e as escalas específicas serem variáveis em posição e direção no mapa, é possível
criar combinações de escalas específicas que podem ser mantidas por todo o mapa, exceção
feita apenas nos pontos singulares, onde não se mantêm as características projetivas.

Estas combinações são denominadas propriedades das projeções ( ou propriedades


especiais) e podem ser definidas como as propriedades de uma projeção que surgem do
relacionamento entre as escalas máxima e mínima em qualquer ponto e são preservadas
em todo o mapa, exceto em seus pontos singulares.

As mais importantes dessas propriedades são:

- Conformidade

- Equivalência

- Eqüidistância

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9.5.1 -CONFORMIDADE

Uma projeção conforme é uma projeção em que a escala máxima é igual à mínima em todas
as partes do mapa (a = b).

Um pequeno círculo na superfície terrestre se projetará como um círculo na projeção,


caracterizando uma deformação angular nula.

Assim as pequenas formas são preservadas e os ângulos de lados muitos curtos também
são preservados. Isto é uma característica necessária aos mapas que servirão a propósitos de
medição de ângulos ou direções. Ou seja, os ângulos em torno de um ponto são mantidos.
Incorretamente esta propriedade é referenciada como uma projeção de formas verdadeiras. Na
realidade só a forma de pequenas áreas são preservadas. Grandes áreas, de caracteristicas
regionais ou globais são distorcidas em sua configuração geral.

A variação de escala é constante em todas as direções em torno de um ponto qualquer. Fora


do centro de projeção podem existir grandes alterações.

Não havendo deformação angular, as intercessões da gratícula (paralelos e meridianos) são


ortogonais, independendo da natureza dos paralelos e meridianos mapeados, mas não quer
dizer que todas as projeções que tenham esta característica sejam conformes.

Serve para todos os empregos relativos a direção dos ventos, rotas, cartas topográficas, etc.

9.5.2 - EQUIVALÊNCIA

As escalas máxima e mínima são recíprocas: a.b = 1, mantendo uma escala de área uniforme.
Deforma muito em torno de um ponto, porque a escala varia em todas as direções.

O princípio da equivalência é a manutenção das áreas de tamanho finito. Um aspecto


importante das projeções equivalentes é a sua habilidade de que todo ou parte do globo, pode
ser mapeado em um quadrado, retângulo, círculo ou elipse, ou outra figura geométrica
qualquer, tendo a mesma área da parte do globo.

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Figura 9.10 - Conservação de áreas

Devido às suas deformações não interessa à cartografia de base, porém é de muito interesse
para a cartografia temática.

9.5.3 -EQÜIDISTÂNCIA

Uma escala específica é mantida igual à escala principal ao longo de todo o mapa. Por
exemplo:

a escala ao longo de um meridiano h = 1.0. Assim sob certas condições, as distâncias são
mostradas corretamente. A equidistância porém não mantida em todo omapa, a escala linear é
correta apenas ao longo de determinadas linhas ou a partir de um ponto específico.

É menos empregada que as projeções conforme ou equivalentes, porque raramente é


desejável um mapa com distâncias corretas em apenas uma direção.

No entanto os mapas eqüidistantes são bastante usados em Atlas, mapas de planejamento


estratégico e representações de grandes porções da Terra onde não é necessário preservar as
outras propriedades, pelo fato do aumento da escala de área ser mais lento dos que nas
projeções conformes e equivalentes.

9.6 - CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES

As projeções cartográficas podem ser classificadas segundo diversos tipos de características.

- Propriedades

- Superfície de projeção

- Método de traçado

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9.6.1 -QUANTO ÀS PROPRIEDADES

Quanto às propriedades, é uma repetição do item anterior, podem ser dividsidas em:

- Conformes

- Equivalentes

- Eqüidistantes

- Afiláticas

Nenhuma dessas propriedades podem coexistir, por serem incompatíveis entre si. Uma
projeção terá uma e somente uma dessas propriedades.

As projeções afiláticas não conservam área, distância, forma ou ângulos, mas podem
apresentar alguma outra propriedade específica que justifique a sua construção.

9.6.2 -QUANTO À SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO

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Figura 9.11 - Superfícies de projeção - tangentes

A superfície de projeção é a figura geométrica que estabelecerá a projeção plana do mapa.

Podem ser:

- Planas ou Azimutais: quando a superfície for um plano.

- Cilíndricas: quando a superfície for um cilindro.

- Cônicas: quando a superfície for um cone.

Conforme o contato da superfície de projeção com o globo, podem ainda ser classificadas em:

- Tangentes, mostradas nas três figuras anteriores e

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Figura 9.12 - Superfícies de projeção - secantes

- Secantes, mostradas nas três figuras seguintes.

Ainda em relação à superfície de projeção, quanto a posição relativa ao Equador e Pólos, cada
uma dessas superfícies de projeção tem uma outra classificação.

As projeções planas são classificadas em:

- Normais ou Polares: plano tangente ao pólo (paralelo ao Equador).

Figura 9.13 - Plana normal ou polar

- Transversa ou Equatorial: plano tangente ao Equador.

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Figura 9.14 - Plana Trannsveras ou equatorial

- Horizontais ou Oblíquas: plano tangente a um ponto qualquer.

Figura 9.15 - Plana horizontal ou obligua

As projeções cilíndricas são classificadas em:

- Equatoriais ou Normais: o eixo do cilindro é perpendicular ao Equador (paralelo ao eixo


terrestre).

Figura 9.16 - Cilindrica normal ou equatorial

- Transversa ou Meridianas: o eixo do cilindro é perpendicular ao eixo da Terra.

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Figura 9.17 - Cilíndrica tarnsversa

- Horizontais ou Oblíquas: o eixo do cilindro é inclinado em relação ao eixo terrestre.

Figura 9.18 - Cilídrica obligua

As projeções cônicas por sua vez também podem ser classificadas em:

- Normais: quando o eixo do cone é paralelo ao eixo da Terra (coincide).

Figura 9.19 - Cônica normal

- Transversais: quando o eixo do cone é perpendicular ao eixo terrestre.

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Figura 9.20 - Cônica transversa

- Horizontais ou Oblíquas: quando o eixo do cone é inclinado em relação ao eixo da Terra.

Figura 9.21 - Cônica obligua

9.6.3 -QUANTO AO MÉTODO DE TRAÇADO

Segundo a forma de traçar (desenhar ou criar as projeções) podem ser classificadas em:

- Geométricas: São as que podem ser traçadas diretamente utilizando as propriedades


geométricas da projeção.

- Analíticas: São as que podem ser traçadas com o auxílio de cálculo adicional, tabelas ou
ábacos e desenho geométrico próprio.

- Convencionais: São as que só podem ser traçadas com o auxílio de cálculo e tabelas.

As projeções geométricas possuem ainda uma subdivisão, caracterizando ou não a existência


de um ponto de vista ou centro de perspectiva:

- Perspectiva: possuem um ponto de vista.

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- Pseudo-perspectivas ou Não-perspectivas: possuem um ponto de vista fictício ou não


possuem.

Conforme a posição do ponto de vista, podem ser ainda mais uma vez subdivididas em:

FIGURA 9.22 - POSIÇÃO DO PONTO DE VISTA

- Ortográficas: o ponto de vista está no infinito.

- Estereográficas: o ponto de vista está no ponto diametralmente oposto à tangência do plano


de projeção

- Gnomônica: o ponto de vista está no centro da Terra.

9.7 -A APARÊNCIA E RECONHECIMENTO DE UMA PROJEÇÃO

Após a classificação das projeções, pode-se verificar que a quantidade de formas de


representação da Terra é muito grande e diversa.

Uma pergunta pode então ser feita. "Como reconhecer uma projeção?"

Visando a resposta a esta pergunta, serão colocadas sete elementos diagnóstico, sob os quais
deverão ser examinadas as projeções.

1) - A Terra está mapeada como uma feição contínua ou existem descontinuidades no mapa?

2) - Que tipo de figura geométrica é formada pelo limite do mapa, seja ele do mundo ou do
hemisfério?

Retângulo, círculo, elipse ou figuras mais complicadas.

3) - Como estão os continentes e oceanos dispostos em relação aos limites e eixos do mapa?

Isto é uma verificação da convenção do Equador e meridiano de Greenwich e localização dos


pólos. Alguma coisa diferente do que se está acostumado a ver, Equador e Greenwich como
eixos centrais e os pólos acima e abaixo, possivelmente causarão estranheza a um leigo.

4) - Os meridianos e paralelos são retilíneos ou curvos?

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5) - As interseções dos meridianos e paralelos em qualquer ponto do mapa são ortogonais ou


ocorrem interseções de gratícula oblíquas, em alguma parte do mapa?

6) - Os meridianos ou paralelos curvos são formados por círculos, arcos de círculos ou arcos
de curvas de ordem superior (elipses, hipérboles). Se os arcos forem circulares são
concêntricos?

7) - O espaçamento entre os meridianos sucessivos é uniforme ou variável? Se é variável, o


espaçamento dos paralelos aumenta ou diminui do Equador para os Pólos? Em relação aos
meridianos aumenta ou diminui do centro do mapa para as bordas?

Todas essas variáveis podem ajudar a identificar uma projeção e maior parte delas pode ser
usada de alguma forma para verificar a sua classificação.

A aparência de uma projeção é de valor menor para a definição de uma ou outra propriedade,
por exemplo, se uma projeção tem as gratículas oblíquas, pode-se inferir que não seja
conforme, porém a recíproca não é verdadeira.

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10 - ESTUDO DAS PRINCIPAIS PROJEÇÕES

10.1 -PROJEÇÕES PLANAS OU AZIMUTAIS

As projeções planas ou azimutais constituem-se num importante grupo de projeções, algumas


das quais conhecidas há mais de dois mil anos. São caracterizadas pela projeção da superfície
terrestre em um plano tangente à superfície e pelo fato de que o azimute do centro da projeção
a qualquer direção é mostrado corretamente, daí serem chamadas também de azimutais.

Na hipótese esférica, todos os grandes círculos que passam pelo centro de projeção são
apresentados como linhas retas. Portanto, o caminho mais curto do centro da projeção a
qualquer ponto serão sempre retas.

As cinco principais projeções planas são as seguintes:

- Ortográficas

- Estereográficas

- Gnomônicas

- Equivalente Azimutal de Lambert

- Azimutal Eqüidistante

Como características gerais das projeções azimutais ou planas, pode-se citar:

- apresentam a Terra redonda (esférica) exceto as gnomônicas (qualidade estática);

- a forma mais simples são as polares, em que os meridianos são retas irradiadas do centro e
os paralelos círculos concêntricos;

- possuem um ponto de contato, sendo as distorções mais amplas à medida que se afasta do
centro da projeção.

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Figura 10.1 - Aspectos da Projeção Azimutal

10.2 -PROJEÇÕES CILÍNDRICAS

Correspondem às projeções que têm a superfície de um cilindro como superfície de projeção.


O seu desenvolvimento transforma-a em um retângulo em qualquer dos aspectos
considerados.

Figura 10.2.1 - Superfície de projeção cilíndrica

Figura 10.2.2 - Aspectos equatorial, transverso e obliquo

Geometricamente são parcialmente desenvolvidas por um cilindro tangente ou secante ao


globo terrestre, em seus três aspectos: equatorial, transverso e oblíquo.

Nas projeções equatoriais, os meridianos e paralelos são sempre representados por retas
ortogonais, sendo que o Equador sempre estará em verdadeira grandeza.

Nos demais casos, geralmente nem os meridianos nem os paralelos são retas, ocorrendo isto
apenas em casos especiais.

As principais projeções cilíndricas que serão analisadas são as seguintes:

- Projeção de Mercator;

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- Projeção Transversa de Mercator;

- Projeção Equivalente de Lambert;

- Projeção Oblíqua de Mercator.

10.2.1 -PROJEÇÃO DE MERCATOR

Figura 10.2.3 - Projeção de Mercator

10.2.1.1.Características e Utilização

Os meridianos da projeção de Mercator são retas verticais paralelas, igualmente espaçadas,


cortadas ortogonalmente por linhas retas representando os paralelos, que por sua vez são
espaçados a intervalos maiores, à medida que se aproxima dos polos. Este espaçamento é tal
que permita a conformidade, e é inversamente proporcional ao coseno da latitude.

A característica mais importante da projeção de Mercator, é a sua capacidade de mostrar a


loxodrômica entre dois pontos como uma linha reta. A loxodrômica é uma linha de azimute
constante.

Figura 10.2.4 - Loxodrômica ou linha de rumo

A loxodrômica possui um comprimento sempre maior que a ortodrômica, só havendo


coincidência das duas no Equador ou sobre um meridiano.

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Devido a esta capacidade de apresentar as loxodrômicas, uma das suas principais aplicações
são as cartas de navegação.

A grande distorção de área de projeção pode levar a concepções erradas por leigos em
Cartografia. A comparação clássica é estabelecida entre a América do Sul e a Groelândia. Esta
aparece maior, apesar de realmente ser 1/8 do tamanho da América do Sul.

Figura 10.2.5 - Comparação de distorção da projeção de Mercator

O polo Norte e Sul não podem ser mostrados por serem pontos singulares, estão no infinito,
podendo dar a impressão de serem inacessíveis.

Apesar das desvantagens, é uma projeção conforme, em consequência as direções em torno


de um ponto são conservadas, logo as formas de pequenas áreas também o são.

Figura 10.2.6 - Escala varável de Mercator

Praticamente todas as cartas de navegação marítima são desenvolvidas na projeção de


Mercator.

Devido às distorções, a escala da projeção é uma escala variável. É constante ao longo dos
paralelos, variando porém em função da latitude, é inversamente proporcional ao coseno da
latitude.

É ainda bastante empregada em Atlas e cartas que necessitem mostrar direções (cartas
magnéticas e geológicas). Praticamente todas os mapas de fusos horários são impressas na
projeção de Mercator.

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Figura 10.2.7 - Mapa de fusos horários

10.2.2 -CÍCULOS MÁXIMOS E LINHAS DE RUMO

A linha mais curta entre dois pontos dados na superfície de uma esfera é o menor arco do
círculo máximo que os une. Na esfera define-se como a ortodrômica entre estes pontos. Se
for considerado o esferóide, a linha mais curta é definida pela linha geodésica entre os dois
pontos, que é a linha mais curta em uma superfície curva qualquer. Entetanto é possível
considerar a superfície terrestre como uma esfera e esta aproximação ser suficientemente
precisa para uma grande quantidade de aplicações.

Uma linha de rumos ou uma loxodrômica, é a linaha que corta os meridianos segundo um
azimute constante. Assim, será sempre possivel de qualquer ponto da superfície terrestre
chegar até o polo, apenas percorrendo esta linha. A navegação entre dois pontos utilizando a
loxodrômica não necessita de correção de direção.

A única projeção que apresenta uma loxodrômica como uma linha reta é a projeção de
Mercator, enquanto que a única que apresenta as ortodrômicas como retas é a projeção
gnomônica. Porém, o que é representado como reta em uma não o é na outra, colocando-se
uma opção para se determinar uma navegação entre dois pontos, se pela ortodrômica ou pela
loxodrômica. Evidente que cada uma delas possue suas vantagens características.

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Figura 10.2.8 - Linha de rumo e círculo máximo na projeção de Mercator

A solução do problema é estabelecida por uma seleção de pontos ao longo do curso de


navegação de uma ortodrômica, definindo-se a orientação pela loxodrômica entre este pontos
intermediários. Assim parte da navegação será desenvolvida pela ortodrômica e parte pela
loxodrômica.

Figura 10.2.9 - Solução para navegação em um círculo máximo

Resumo

- É uma projeção cilíndrica;

- É conforme, mantem as as direções em torno de um ponto e as pequenas formas;

- Os meridianos são igualmente espaçados e representados por linhas retas;

- Os paralelos são desigualmente espaçados, representados por retas e cortam os meridianos


ortogonalmente;

- A escala é verdadeira ao longo do Equador no caso tangente, ou ao longo de dois paralelos


equidistantes do Equador em caso de secância;

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- A loxodrômica, linhas de mesmo rumo são representadas por retas;

- Não é perspectiva;

- Polos ao infinito, gerando distorções na região polar;

- Utilizada para Navegação e mapas mundiais;

- Apresentada por Mercator em 1569.

10.2.3 - PROJEÇÃO DE MERCATOR TRANSVERSA

Características Gerais

Os meridianos e paralelos são curvas complexas, exceção ao Equador, ao meridiano central e


cada meridiano afastado de 90 , que são retas,.

A forma esférica é conforme e o erro da escala é apenas função de distância do meridiano


central, como é função da distância do Equador na projeção de Mercator regular. O esquema
da projeção de Mercator funciona como esquema de distorção de escala aplicada a projeção
transversa.

A forma elipsóidica é também conforme mas a escala é afetada por outros fatores além da
distância do meridiano central.

A escala ao longo do meridiano central é tomada como verdadeira ou ligeiramente menor, para
que todo o mapa fique como uma escala média. Dessa forma o cilindro será secante à Terra,
criando-se duas linhas de escala verdadeira.

Utilização

- Mapeamentos Topográficos;

Figura 10.2.10 - Mercator transversa

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Figura 10.2.11 - Aparência da projeção

- Base para a projeção UTM (Universal Transversa de Mercator).

Resumo

- É cilíndrica em posição transversa;

- Conforme;

- O meridiano central e cada meridiano a ± 90º do meridiano central e o Equador são retas;

- Os demais meridianos e paralelos são curvas complexas;

-A escala é verdadeira ao longo do meridiano central, ou ao longo de linhas retas equidistantes


do meridiano central e paralelos a ele;

- A escala é infinita a ± 90º do meridiano central;

- Utilizada para mapas sistemáticos.

10.2.4 -PROJEÇÃO OBLÍQUA DE MERCATOR

Características Gerais

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É uma projeção semelhante à projeção regular de Mercator, onde o cilindro é tangente a um


círculo máximo que não o Equador ou um meridiano.

Figura 10.2.12 - Aparência da projeção obliqua de Mercator

O mapa da oblíqua de Mercator lembra a projeção regular com as massas continentais


rotacionadas para os polos. Duas linhas a 90º do grande círculo escolhido como centro de
projeção estão no infinito.

Normalmente é utilizada para mostrar a região próxima à linha central. Sob essas condições
parece similar aos mapas da mesma área em outras regiões, à exceção das medidas de
escala, que mostrarão diferenças.

Utilização

- Foi a projeção mais capaz de projetar imagens de satélite no sistema Landsat (HOM - Hotime
Oblique Mercator).

- Serviu de para a elaboração da projeção SOM (Space Oblique Mercator).

- Mapeamento de regiões que se estendem em uma direção oblíqua (Alaska, Madagascar).

- Base para a projeção SOM (Space Oblique Mercator).

Resumo

- Cilíndrica;

- Conforme;

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- Dois meridianos diametralmente opostos são retas: o meridiano da tangência e seu


antimeridiano;

- Os demais meridianos e paralelos são curvas complexas;

- A escala na forma esférica é verdadeira ao longo da linha central (o círculo máximo tangente
ao cilindro), ou ao longo de linhas retas parelelas à linha central, no caso de secância;

- Escala é infinita a 90º da linha central;

- Mapeamento de regiões que se estendem em uma direção oblíqua (Alaska, Madagascar).

- Base para a projeção SOM (Space Oblique Mercator).

10.2.5 -PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQUIVALENTE DE LAMBERT

Resumo e Características

- É uma projeção cilíndrica, equivalente e equatorial;

- A escala sobre o Equador é verdadeira;

- Os paralelos são representados com o mesmo comprimento do Equador;

- A escala sobre os meridianos é reduzida na proporção inversa do aumento sobre os paralelos


h= cos φ ;

- A ampliação da escala nos paralelos é proporcional a sec φ h = sec φ

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11 - - PROJEÇÕES CÔNICAS

Enquanto as projeções cilíndricas são usadas para representar mapas mundiais, ou uma faixa
estreita ao longo do Equador, meridiano ou círculo máximo, as projeções cônicas são utilizadas
para mostrar uma região que se estenda de este para oeste em zonas temperadas.

Figura 11.1 - .Aspectos das projeções cônicas

A superfície de projeção agora é definida pela superfície de um cone, que pode ser tangente ou
secante à superfície terrestre, sendo então planificada. Apresenta-se igualmente em três
aspectos: equatorial, transverso e obliquo.

Figura 11.2 - Desenvolvimento cônico

As projeções cônicas normais distinguem-se pelo uso de arcos de círculos concêntricos para a
representação dos paralelos e raios desses círculos, igualmente espaçados, para representar
os meridianos. Os ângulos entre os meridianos são menores que a diferença real em longitude.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Figura 11. 3 - Forma de Leque

Os arcos circulares podem ou não ser igualmente espaçados, dependendo das características
da projecão.

O nome cônica origina-se do fato das projeções mais elementares serem derivadas de um
cone colocado no topo do globo. O eixo do cone coincidindo com o eixo terrestre e seu lado
tangente ao globo, descrevendo um paralelo padrão, onde a escala é real e sem distorções.

Os meridianos são traçados no cone do vértice para os pontos do meridiano correspondente no


globo, através do paralelo padrão.

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12 - PROJEÇÃO UTM - O SISTEMA UTM

12.1 -INTRODUÇÃO

Ao fim do século XVIII, tendo por fim o levantamento do território de Hannover, Gauss
estabeleceu um sistema de projeção conforme para a representação do elipsóide: Gauss
Hannovershe Projektion.

Esta projeção tinha as seguintes características:

- cilindro tangente a Terra;

- cilindro transverso, tangente ao meridiano de Hannover.

Figura 12. 1 - Projeção Transversa de Mercator com cilindro tangente ao meridiano de


Hannover

Aproveitando os estudos de Gauss, outro geodesista alemão, Krüger, definiu um sistema


projetivo, no qual o cilindro era rotacionada, aproveitando-se fusos de 3º de amplitude, ficando
este sistema conhecido pelo nome de Gauss-Kruger.

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Figura 12.2 - Modificação de Krüger: cilindro tangente e fusos de 3o

Após a 1a Grande Guerra Mundial (1914-1918), as exigências militares fazem com que as
projeções conformes sejam largamente empregadas na confecção de cartas topográficas.

Um outro geodesista, francês, chamado Tardi, introduz novas modificações ao sistema de


Gauss, criando o sistema Gauss-Tardi.

Este passa a ser aplicado a fusos de 6º de amplitude, idênticos à da carta do mundo ao


milionésimo, e os meridianos centrais são múltiplos de 6º (36º , 42º ...). O cilindro passa a ser
secante, criando-se duas linhas de distorção nula.

Figura 12. 3 - Modificação de Tardi: cilindro secante e fusos de 6o

Este sistema foi proposto pela UGGI em 1935 como um sistema universal, numa tentativa de
unificação dos trabalhos cartográficos.

O antigo Serviço Geográfico do Exército (SGE), em 1932 adotou o sistema Gauss-Krüger, em


fusos de 3º (1,5º para cada lado do meridiano central).

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Em 1943 o SGE adotou o sistema de Gauss-Tardi. Os meridianos centrais são múltiplos de 6º ,


não coincidindo com a carta ao milionésimo.

Em 1951 a UGGI (União Geodésica e Geofísica Internacional) recomendou o emprego em


sentido mais amplo para o mundo inteiro, o sistema UTM (Universal Transversa de Mercator), o
qual foi adotado a partir de 1955 pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército.

Especificações

Serão apresentadas aqui as especificações de todos os sistemas (G. Kruger, Tardi e UTM),
devido ao fato de ainda existirem em circulação cartas que foram impressas nesses sistemas.
Isto pode confundir o leigo, uma vez que as coordenadas desses sistemas não são
compatíveis. Mesmo tratando-se de sistemas teoricamente semelhantes, são diferentes em
conteúdo.

12.2 -SISTEMA GAUSS-KRÜGER - (GAUSS 3)

-Projeção conforme de Gauss;

- Decomposição em fusos de 3° de amplitude;

- Meridiano central múltiplo de 1º 30’ ;

- Cilindro tangente no meridiano central;

- Ko coeficiente de escala (fator de escala) = 1 no meridiano central;

- Existe ampliação para as bordas do fuso;

- Constante do Equador - 0;

- Constante do meridiano central = 0;

- Coordenadas planas:

x - abcissa sobre o meridiano;

y - ordenada sobre o Equador;

(Inversão do sistema matemático)

Desenho

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É um sistema de aplicação mais local. Inspirou a criação dos sistemas LTM (Local Transversa
de Mercator).

Figura 12. 4 - Sistema Gauss 3

12.3 -SISTEMA GAUSS-TARDI - (GAUSS 6)

- Projeção conforme de Gauss, cilíndrica, transversa e secante;

- Fusos de 6º de amplitude (3º para cada lado);

- Meridiano central múltiplo de 6º . Para o caso brasileiro, os MC são: 36º, 42º, 48º, 54º, 60º,
66º e 72º ;

O fator de escala (coeficiente de redução de escala) ko = 0,999333...

Figura 12. 5 - Cilindro secante e fusos de 6o

Existe portanto um miolo de redução, até a região de secância, aonde k = 1.0. Até as bordas do
fuso haverá ampliação;

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- Origem dos sistemas parciais no cruzamento central, acrescidas as constantes:

5.000 km para o Equador,

500 km para o meridiano central;

- Estas constantes visam não existir coordenadas negativas o que aconteceria com o sistema
Gauss-Krüger;

- Existência de uma zona de superposição de 30' além do fuso. Os pontos situados até o limite
da zona de superposição são colocados nos dois fusos (próprio e subsequente), para facilitar
trabalhos de campo.

Figura 12. 6 - Sistema Gauss - Tardi

12.4 -SISTEMA UTM

O sistema UTM foi adotado pelo Brasil, em 1955, passando a ser utilizado pela DSG e IBGE
para o mapeamento sistemático do país.

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Figura . 12. 7 - Divisão dos fusos do Brasil

Gradativamente foi o sistema adotado para o mapeamento topográfico de qualquer região,


sendo hoje utilizado ostensivamente em quaisquer tipo de levantamento.

- Utiliza a projeção conforme de Gauss como um sistema Tardi;

- O cilindro é secante, com fusos de 6º, 3º para cada lado;

- Os limites dos fusos coincidem com os limites da carta do mundo ao milionésimo;

- Os fusos de 6 são numerados a partir do antimeridiano de Greenwich, de 1 até 60, de oeste


para leste (esquerda para a direita, desta forma coincidindo com a carta do mundo; pela figura
7.5.7 pode ser verificado a divisão do país em fusos.

A tabela a seguir, mostra o número de fusos, seu meridiano central e os meridianos extremos
dos fusos brasileiros.

Fusos Meridiano Central Meridianos Limites

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-78o
18 -75o
-72o

-72o
19 -69o
-66o

-66o
20 -63o
-60o

-60o
21 -57o
-54o

-54o
22 -51o
-48o

-48o
23 -45o
-42o

-42o
24 -39o
-36o

-36o
25 -33o
-30o

- Para evitar coordenadas negativas, são acrescidas as seguintes constantes:

- 10.000.000,00 m para o Equador,

- 500.000,00 m para o meridiano central.

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Obs.: A constante de 10.000.000,00 refere-se apenas ao hemisfério sul.

- O coeficiente de redução de escala (fator de escala) no meridiano central é k0 = 0,9996

O cilindro sofre uma redução, tornando-se secante ao globo terrestre, logo, o raio do cilindro é
menor do que a esfera modelo.

A vantagem da secância é o estabelecimento de duas linhas de distorção nula, nos pontos de


secância, ou seja, k = 1.0

Estas linhas estão situadas a aproximadamente 180 km a leste e a oeste do meridiano central
do fuso. Pelo valor arbitrado ao meridiano central, as coordenadas da linha de distorção nula
estão situadas em 320.000 m e 680.000 m aproximadamente.

A figura mostra a representação esquemática da variação da distorção na projeção. A partir do


meridiano central, existe um núcleo de redução, que aumenta de 0,9996 até 1,0, quando
encontra a linha de secância. A partir da linha de secância, até a extremidade do fuso existe
uma ampliação, até o valor de k < 1,0004.

Figura 12. 8 - áreas de ampliação e redução

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Figura 12. 9 - Região de secância

Deve ser observado, que o limite de fuso deve sempre ser preservado. A ampliação cresce de
tal forma após a transposição de fusos, que não respeitar o limite traz distorções
cartograficamente inadmissíveis.

A simbologia adotada para as coordenadas UTM é a seguinte:

N - coordenada ao longo do eixo N-S,

E - coordenada ao longo do eixo L-O.

As coordenadas são dimensionadas em metros, sendo normalmente definidas até mm, para
coordenadas de precisão.

As coordenadas E variam de aproximadamente 150.000 m a 850.000 m, passando pelo valor


de 500.000 m, no meridiano central.

As coordenadas N, acima do Equador são caracterizadas por serem maiores do que zero e
crescem na direção norte.

Abaixo do Equador, que tem um valor de 10.000.000,00 m, são decrescentes na direção sul.

Um ponto qualquer P, será definido pelo par de coordenadas UTM E e N de forma P (E;N).

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Exemplo

Figura 12. 10 - Sistema UTM

- P1 (640 831,33 m; 323, 285 m). É um ponto situado à direita do meridiano central e no
hemisfério norte.

- P2 (640 831,33 m; 9 999 676, 615 m). É um ponto simétrico do ponto anterior em relação ao
Equador.

- P3 (359 168,67 m; 9 999 676, 715 m). É um ponto simétrico em relação ao anterior, em
relação ao meridiano central.

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Figura 12. 11 - Esquema de representação das coordenadas UTM

É importante observar que cada fuso será responsável por um conjunto igual de coordenadas,
ou seja, o que irá diferenciar o posicionamento de um ponto, será a indicação do meridiano
central ou do fuso que contém o ponto ou conjunto de pontos.

Pelo esquema apresentado na figura, pode-se verificar que as coordenadas, não têm os
valores das constantes do Equador e do meridiano central. Estas constantes são adicionadas
para evitar coordenadas negativas.

- O sistema UTM é utilizado entre as latitudes de 84° e - 80° . As regiões polares são
complementadas pelo UPS (Universal Polar Estereographic).

12.4.1 -TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS

A transformação de coordenadas da projeção UTM para o elipsóide e vice-versa, foge do


objetivo deste curso. No entanto, deve ser salientado algumas recomendações para não se cair
em erros que possam colocar a perder todo um trabalho que porventura esteja sendo
realizado.

A latitude e longitude de cartas topográficas em projeção UTM, estarão sempre referidas a um


elipsóide de revolução. São portanto latitudes e longitudes geodésicas e não geográficas
(referidas à esfera).

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Até 1977, o sistema cartográfico brasileiro utilizava o elipsóide de internacional de Hayford,


sendo o datum (origem) do sistema Córrego Alegre. A partir de 1977 todo o sistema foi
modificado, passando-se a utilizar o SAD - 69 (South American Datum) composto do elipsóide
de Referência de 67 e o datum CHUÁ.

Os dados relativos aos dois elipsóides são mostrados abaixo:

Hayford: a = 6 378 388 m

f = 1 / 297

Referência de 67 a = 6 378 160 m

f = 1 / 298,25

Cartas mais antigas podem mostrar não só sistemas de projeção diferentes (Gauss-Krüger,
Gauss-Tardi) como também estarem relacionando outros data e elipsóides.

Deve-se ter a atenção ao se retirar coordenadas de cartas antigas.

A transformação de coordenadas pode ser efetuada por cálculo manual, utilizando-se tabelas e
manuais de transformação desenvolvidos pela DSG e IBGE, ou através de rápido cálculo em
calculadora de bolso ou programas de computadores.

Tais programas são capazes de calcular também a convergência meridiana e coeficiente de


redução de escala para o ponto considerado.

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13 - ARTICULAÇÃO SISTEMÁTICA DAS CARTAS

De modo a permitir a uniformidade dos levantamentos executados no país, o


mapeamento nacional, é regulamentado pelo SCN (Sistema Cartográfico Nacional). Este
sistema, especifica a forma de articulação das cartas e seu sistema de coordenadas,
posicionando todos os trabalhos de mapeamento de maneira global, ou seja, é uma
continuidade das especificações adotadas pela Conferência Técnica das Nações Unidas,
realizada em Bonn em 1962.

A sistemática para sua montagem, parte da carta Internacional do Mundo ao


Milionésimo (CIM), confeccionada à escala de 1:1.000.000, sendo subdividida até atingir escala
1: 25.000. A utilização de escala maiores, como 1:10.000, 1:2.000, etc., não são
sistematizadas, porém, nota-se que a maioria dos trabalhos de mapeamento atuais, procuram
manter a mesma padronização.

Cada CIM abrange uma área de 6o em longitude por 4o de latitude, e são representados
por uma letra e um número, procedidos de N ou S, conforme situem-se no Hemisfério Norte ou
Sul, respectivamente. As letras designam a faixa de 4o em latitude, contados a partir do
Equador e os números, as zonas em longitude, contados a partir do antimeridiano de
GreenWich, por leste.

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Figura 12.1 - Carta Internacional ao Milionésimo

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Figura 13. 2 - Sistematização até a escala 1: 25.000

13.1.1 -CÁLCULO DE N O
DE FUSO DE UMA CARTA

Dadas as coordenadas geodésica de um determinado ponto P, podemos calcular em que


carta do milionésimo ele pertence, isto é, qual o número do fuso e a zona onde ele se encontra.

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Exemplo: Dada as coordenadas:

ϕ = 07o 45’ 17” N

λ = 43 o 29’ 56” W

Número do fuso (N) = 30 - λ / 6  N = 30 – 43/6  30 –7 = 23

Letra da Zona (Z) = ϕ / 4 +1  Z = 7/4 +1 = 2

Sendo o hemisfério Norte resulta: NB- 23

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14 - BIBLIOGRAFIA

AQUINO, M. H. O., MACHADO, O. R., PEREIRA, S. M. - Noções de Geodésia e Cartografia –


Aplicações na Petrobrás – Rio de Janeiro – 1983 – 2a Edição.

IBGE – Noções Básicas de Cartografia – Rio de Janeiro - 1999

ARCHELA, Rosely S. Análise da cartografia brasileira: bibliografia da cartografia na geografia


no período de1935-1997. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo.

BAKKER, Múcio P. R. Introdução ao estudo de Cartografia. Boletim Geográfico, Rio de Janeiro,


v.27, n.205, p.92-105, jul./ago. 1968.

BARBOSA, Rodolpho P. Programa da Divisão de Cartografia. Boletim Geográfico, Rio de


Janeiro, v.19, n. 163, p. 445-446, jul./ago. 1961.

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Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.462-470, 1940.

COELHO, Djalma P. O Serviço Geográfico do Exército no Nordeste. Boletim Geográfico, Rio de


Janeiro, v. 4, n. 44, p.941-942, nov. 1946.

COELHO, Arnaldo G. S. Noções básicas sobre sensores remotos e suas aplicações no


levantamento global dos recursos terrestres. Caderno de Ciências da Terra, Geografia-USP,
São Paulo, n. 2, p. 1-15, 1969.

DEETZ, Charles H. Cartografia: um estudo e normas para a construção e emprego de mapas e


cartas (I). Boletim Geográfico, Rio de Janeiro, v.6, n. 62, p.145-154, maio, 1948.

DEETZ, Charles H. Cartografia: um estudo e normas para a construção e emprego de mapas e


cartas (II). Boletim Geográfico, Rio de Janeiro, v.6, n. 63, p.229-256, jun. 1948.

DEETZ, Charles H. Cartografia: um estudo e normas para a construção e emprego de mapas e


cartas (III). Boletim Geográfico, Rio de Janeiro, v.6, n. 64, p.347-378, jul. 1948.

GRIPP JR, Joel - O sistema UTM: Operações Principais - Apostila no prelo, UFV, Viçosa - MG,
1994.

MONBEIG, Pierre. Publicações cartográficas recentes. Boletim Geográfico, Rio de Janeiro, v.


4, n.39, p.265-268, jun. 1946.

MORAES REGO, Luiz F. A Cartografia de São Paulo. Boletim Instituto de Engenharia, São
Paulo, n.122, p.153-162, mar./abr. 1936.

CEFETES/GEOMÁTICA
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Duarte, Paulo Araújo. (1994). “Fundamentos de Cartografia”.Editora da UFSC.

LIbault, André. (1975). “Geocartografia”. Companhia Editora Nacional. EDUSP.

Loch, Carlos & Cordini, Jucilei (1995). “Topografia Contemporânea. Planimetria”. Editora da
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Moura, J. Filho. (1997). Elementos de Cartografia – Técnica e História”. Vol. I e II. Editado por
J. Moura Filho. Belém, PA.

Silva, Irineu da; Segantine, Paulo C.L. (2001). “Introdução à Geomática”.

SILVEIRA, L.C. - Cálculos Geodésicos no Sistema UTM Aplicados a Topografia - SC - 1990.

Veronez, Maurício Roberto. (1998). “Proposta de parâmetros de transformação entre os


sistemas WGS84 e o SAD69, para a região de São Carlos, SP”. Dissertação de Mestrado.
Área de Pós-Graduação do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de
São Carlos – EESC/USP.

ZARUR, Jorge. Geografia e Cartografia para fins censitários na América Latina. Revista
Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.10, n. 4, p. 561-598, 1948.

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15 - ANEXOS (1)

15.1 -TERMOS COMUMENTE USADOS NA GEODÉSIA

• Geóide

• Elipsóide

• DATUM

• Desvio da Vertical

• Convergência Mediana Plana

• Redução Angular

• Azimute Geodésico

• Azimute UTM ou de Quadricula

• Azimute Geodésico Projetado

• Distância Geodésica

• Distância Elipsoidal

• Distância Plana UTM

• Fator de Escala

• Meridiano Central

• Coordenadas Geodésicas Geográficas

• Coordenadas Astronômicas

• UTM – Universal Transverso de Mercator

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16 - ANEXOS (2)

CÁLCULO DE AZIMUTE GEODÉSICO PROJETADO (Azgp)

POLIGONAL: DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO 0 : ESTAÇÃO I :
A PARTIR DO AZIMUTE GEODÉSICO - Azg A PARTIR DO AZIMUTE PLANO - Azp
* λ 1 ( long ) *N 0

* MC * NI
( ) ( )
∆ λ = λ 1 - MC ∆N= N 0 - NI
∆ λ" *E0
-4
p = ∆ λ " . 10 * EI
2 ( )
p ∆E= E0-EI
( )
* ϕ 1 ( lat ) Tg az = ∆E/∆N
I 4 Az
XII = ( senϕ . 1 0 )
( ) 5
TAB XIII ; f ( ϕ ) Azp (I -0)
2
XIII . p2 E' 0
( )

XIIIp2 + XII E' I


( )

g = ( XIIIp2 + XII ) .p 2 E' I


( )

3 ( ) ( )
GRÁFICO Cs ; f ( ∆ λ ) d' I = 2 E' I + E' 0
-4 ( )
CMp" ( g + Cs ) d I = 2 d' I . 10
4 ( )
CMp TAB XVIII ; f ( N )
( )
* Azg (I -0) ∆ N . XVIII
6 ( )
Azg (I -0) + 180º C
( ) ( )
- CMp Ra = C . dI
Azg ( I - 0 ) Azgp (I -0)

Azgp (I -0) = Azg ( I - 0) + 180º - CMP Azgp (I -0) = Azg ( I - 0) + Ra (I -0)


1 4
XII = senϕ . 10 Ra = Redução Angular
2 2 6
ATÉ ∆ λ = 1'40" XIII . p = 0 C = ∆ N XVIII . 6,8755 . 10-4
3
ATÉ ∆ λ = 2º30' Cs = 0 E' = E - 500.000,00
4
SINAL DE ∆ λ
5
Se ∆ N (+) e ∆ E (+) ; Azp = Az
∆ N (+) e ∆ E (-) ; Azp = 360º - Az
∆ N (-) e ∆ E (-) ; Azp = 180º + Az * DADOS
∆ N (-) e ∆ E (+) ; Azp = 180º - Az

CMp = Convergência Meridiana Plana

CALCULISTA:

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17 - ANEXO (3)

TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS
SERVIÇO:
LOCAL: ESTAÇÃO:
PLANAS - SISTEMA UTM EM GEOGRÁFICAS
N= q= E=
(-) 2
Cte = q = Cte =
3
N' = q = E' =
4
(I)= q = ( IX ) =
(+ ) 5
∆ (I)= q = ∆ ( IX ) =
6
ϑ'= q = IX .q =

( VII ) = ( X) =

∆ ( VII ) = ∆ ( X) =
VII = X=

VII .q2 = X .q3 =

VIII = E' 5 =

VIII .q 4= E'5 .q5 =

∆ λ" =
D' 6 ∆λ =
6
D' 6 .q = λ 0 =

ϑ = λ =

FÓRMULAS:
q = 0,000001 E'
2 4 6
ϑ = ϑ ' - VII .q + VIII .q - D' 6 .q
3 5
∆ λ = IX .q - X .q + E' 5 . Q
ARGUMENTOS DAS TABELAS - ϑ '

CALCULISTA :

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18 - ANEXO (4)

TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS
SERVIÇO:
LOCAL: ESTAÇÃO:
GEOGRÁFICAS EM PLANAS - SISTEMA UTM
ϑ = p= λ =
2
(Ι )= p = λ 0 =
3
∆ (I)= p = ∆λ =
(I)= 4
p = ∆ λ" =
5
p =
( ΙΙ ) = p6= ( IV ) =
∆ ( II ) = D ( IV ) =
( II ) = ( IV ) =
II .p 2 = IV .p 2 =

( III ) = (V)=
4
III .p = ∆V=
(V)=
A' 6 = V .p 3 =
A' 6 . P 6 =
B' 5 =
N' = B' 5 .p 5 =

Cte = E' =
N' = Cte =

N= E =

FÓRMULAS:
p = 0,0001 ∆ λ ' ( sempre positivo )
N' = I + II .p 2 + III .p 4 + A' 6 .p 6
E' = IV .p + V .p 3 + B' 5 .p 5
ARGUMENTOS DAS TABELAS - ϑ

CALCULISTA :

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19 - ANEXO (5)

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20 - ANEXO (6)

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TRANSPORTE DE COORDENADAS PLANAS - SISTEMA UTM

ESTAÇÃO 0 : DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO I : ESTAÇÃO 2 :
* NI * E'
h = Azgp ( I - 0 ) Azgp ( I - 2 )

∗ α
Azgp (I-2)= (h+α )
* ( distância geodésica) dg
( ∆ E ) = dg .sen Azgp (I-2) ( ∆ N ) = dg .cos Azgp (I-2)
2
E'I q
( E'2 ) = E'I + ( ∆ E ) q4
qI = E'I . 10 -6 a = 3q4 . 10 -5
q2 = E'2 . 10 -6 TAB XVIII
qI .q2 b = XVIII .q 2
q I2 a+b+I
2
q2 K=(a+b+I).K0
( qI .q2 ) + qI2 + q22
* ( distância reduzida ) dr = dg . K
( ∆ N ) . XVIII C
2 E' 2 E'2
d'I = 2 E'I + E'2 d'2 = 2 (E' 2 ) + E'I
dI = d'I . 10 -4 d2 = d'2 . 10 -4
Ra ( I - 2 ) = c . dI Ra ( 2 - 1 ) = c . d2
Azp ( I - 2 ) = Azgp ( I - 2 ) - Ra ( I - 2 ) =
∆ N = dr .cos Azp ∆ Ε = dr .sen Azp
N2 = NI + ∆ N E2 = EI + ∆ E
Azp (2-I) = Azgp ( I - 2 ) - Ra ( 2 - I ) + 180º =

* DADOS
K0 = 0,9996 E' = E - 500.000,000
q2 = 1/3 ( qI .q2 + q12 + q22 ) K = fator de redução linear
C = ∆ N . XVIII . 6,8755 . 10 -4 α = 0 2

CALCULISTA:

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TRANSPORTE DE COORDENADAS PLANAS - SISTEMA UTM

ESTAÇÃO 0 : DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO I : ESTAÇÃO 2 :
* NI * E'
h = Azgp ( I - 0 ) Azgp ( I - 2 )

∗ α
Azgp (I-2)= (h+α )
* ( distância geodésica) dg
( ∆ E ) = dg .sen Azgp (I-2) ( ∆ N ) = dg .cos Azgp (I-2)
2
E'I q
( E'2 ) = E'I + ( ∆ E ) q4
qI = E'I . 10 -6 a = 3q4 . 10 -5
q2 = E'2 . 10 -6 TAB XVIII
qI .q2 b = XVIII .q 2
q I2 a+b+I
2
q2 K=(a+b+I).K0
( qI .q2 ) + qI2 + q22
* ( distância reduzida ) dr = dg . K
( ∆ N ) . XVIII C
2 E' 2 E'2
d'I = 2 E'I + E'2 d'2 = 2 (E' 2 ) + E'I
dI = d'I . 10 -4 d2 = d'2 . 10 -4
Ra ( I - 2 ) = c . dI Ra ( 2 - 1 ) = c . d2
Azp ( I - 2 ) = Azgp ( I - 2 ) - Ra ( I - 2 ) =
∆ N = dr .cos Azp ∆ Ε = dr .sen Azp
N2 = NI + ∆ N E2 = EI + ∆ E
Azp (2-I) = Azgp ( I - 2 ) - Ra ( 2 - I ) + 180º =

* DADOS
K0 = 0,9996 E' = E - 500.000,000
q2 = 1/3 ( qI .q2 + q12 + q22 ) K = fator de redução linear
C = ∆ N . XVIII . 6,8755 . 10 -4 α = 0 2

CALCULISTA:

CEFETES/GEOMÁTICA

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