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Cristo espera-nos cada dia na Sagrada Eucaristia. Está ali verdadeira, real e
substancialmente presente, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Encontra-se ali com todo o resplendor da sua glória, pois Cristo ressuscitado já
não morre3. O Corpo e a Alma permanecem inseparáveis e unidos para
sempre à Pessoa do Verbo. Todo o mistério da Encarnação do Filho de Deus
está contido na Hóstia Santa, em toda a riqueza profunda da sua Santíssima
Humanidade e na infinita grandeza da sua Divindade, ambas veladas e ocultas.
Na Sagrada Eucaristia encontramos o mesmo Jesus Cristo que disse ao
leproso: Quero, fica limpo, o mesmo que é contemplado e louvado pelos anjos
e santos por toda a eternidade.
Adoro-vos com devoção, Deus escondido, que sob estas aparências estais
presente. A Vós se submete o meu coração por inteiro, e ao contemplar-vos se
rende totalmente.
A vista, o tato, o gosto enganam-se sobre Vós, mas basta o ouvido para crer
com firmeza. Creio em tudo o que disse o Filho de Deus; nada de mais
verdadeiro que esta palavra de verdade.
Esta maravilhosa presença de Jesus entre nós deveria renovar a nossa vida
cada dia. Quando o recebemos, quando o visitamos, podemos dizer em sentido
estrito: Hoje estive com Deus. Tornamo-nos semelhantes aos Apóstolos e aos
discípulos, às santas mulheres que acompanhavam o Senhor pelos caminhos
da Judéia e da Galiléia. “Non alius sed aliter”, não é outro, mas está de outro
modo, costumam dizer os teólogos5. Encontra-se aqui connosco; em cada
cidade, em cada vilarejo. Com que fé o visitamos? Com que amor o
recebemos? Como preparamos a nossa alma e o nosso corpo quando vamos
comungar?
II. SÃO TOMÁS DE AQUINO6 ensina que o Corpo de Cristo está presente
na Sagrada Eucaristia tal como é em si mesmo, e a Alma de Cristo está
presente com a sua inteligência e vontade; excluem-se apenas aquelas
relações que dizem respeito à quantidade, pois Cristo não está presente na
Hóstia Santa do modo como uma quantidade está localizada no espaço7. Está
presente com o seu Corpo glorioso de um modo misterioso e inexplicável.
O nosso grande fracasso, o maior erro da nossa vida, seria que em algum
momento pudessem aplicar-se a nós aquelas palavras que o Espírito Santo
pôs na pena de São João: Veio aos que eram seus e os seus não o
receberam9, porque estavam ocupados nas suas coisas e nos seus trabalhos –
podemos acrescentar –, em assuntos que sem Ele não têm a menor
importância. Mas fazemos hoje o propósito firme de permanecer com um amor
vigilante: alegrando-nos muito quando vemos a torre de uma igreja, fazendo
durante o dia muitas comunhões espirituais, actos de fé e de amor,
manifestando o nosso desejo de desagravar o Senhor por aqueles que passam
ao seu lado sem lhe dirigirem um pensamento sequer.
III. SENHOR JESUS, bom pelicano, limpai-me a mim, imundo, com o vosso
Sangue, com esse Sangue do qual uma só gota pode salvar do pecado o
mundo inteiro10.
(1) Mc 1, 40-45; (2) São Beda, Comentário ao Evangelho de São Marcos; (3) Rom 6, 9; (4)
Hino Adoro te devote; (5) cfr. M. M. Philipon, A nossa transformação em Cristo, pág. 116; (6)
cfr. São Tomás, Suma Teológica, III, q. 76, a. 5, ad. 3; (7) cfr. ib., III, q. 81, a. 4; (8) Jo 1, 26; (9)
Jo 1, 11; (10) Hino Adoro te devote; (11) cfr. São Tomás, op. cit., I, q. 3, a. 79; (12) Mt 11, 28;
(13) cfr. Jo 6, 37; (14) Missal Romano, Praeparatio ad Missam; (15) São Josemaría
Escrivá, Sulco, n. 680.