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("Reengineering Work: Don´t Automate, Obliterate " de Michael Hammer), optámos por fazer
uma síntese de vários publicados acerca do tema "Reengenharia".
Hammer ao escrever aquele primeiro paper, não fazia ideia do impacto que viria a ter no
meio empresarial. É na sequência desse impacto que mais tarde, em 1993, publica, em
conjunto com James Champy, o livro "Reengineering the Corporation: a Manifesto for
Bussiness Revolution".
A restante bibliografia analisada consiste em artigos de jornais e revistas, que abordam por
um lado, os sucessos e insucessos da implementação desta nova filosofia essencialmente
em empresas dos Estados Unidos, e por outro, o impacto no tecido empresarial Português
desta nova buzzword.
1 - As "buzzwords" constituem fatores críticos de sucesso para os "Best Sellers". Neste caso a palavra-chave é
"reengenharia".
O Conceito De acordo com o ponto de vista de Michael Hammer, apesar das profundas alterações
ocorridas nos últimos tempos, as empresas, à entrada da década de 90, ainda não se
encontravam preparadas para enfrentar os desafios que se adivinhavam para este fim de
século.
O problema principal não está na velocidade dos processos, mas nos processos em si. As
nossas organizações funcionam com base em conceitos, estruturas, mecanismos de
controlo que são anteriores à revolução tecnológica dos computadores. Elas foram pensadas
tendo em vista a eficiência e o controle. No entanto as palavras chave da nova década
são inovação e rapidez, serviço e qualidade.
A solução está em "deitar fora" os atuais processos e começar de novo, utilizando o poder
da moderna tecnologia da informação para redesenhar completamente os processos, por
forma a alcançar profundos melhoramentos na sua performance.
A Ford estava bastante contente com o plano até olhar para a Mazda. Enquanto que a Ford
aspirava a 400 pessoas, a Mazda conseguia que na totalidade do departamento de
contabilidade trabalhassem apenas 5 empregados. Mesmo olhando ao tamanho da Mazda,
que é bastante mais pequena, proporcionalmente a Ford tinha 5 vezes mais empregados do
que deveria ter. Para isso, em primeiro lugar foi analisado o sistema existente:
Quando o departamento de compras da Ford emite uma nota de encomenda, manda uma
cópia para o departamento de contabilidade. Mais tarde, quando nos armazéns são
recebidas as encomendas o encarregado envia a fatura respectiva para a contabilidade. É
serviço da contabilidade verificar se realmente foi feito o pedido da encomenda, esperar pela
ordem de pagamento, averiguar todos os documentos respectivos e só então é mandado o
pagamento à respectiva entidade.
A Ford não se contentou com aumentos modestos que planeou no início. Optou por
mudanças radicais e conseguiu melhorar drasticamente. Quando a Ford implementou o novo
processo, conseguiu 75% de redução nas suas despesas e não os 20% que conseguiria com
um programa convencional.
A MBL foi uma das empresas que utilizou, com bastante sucesso, a reengenharia nos seus
processos.
Esta seguradora tinha um modo de funcionamento idêntico a todas as outras. Uma aplicação
tinha cerca de 30 passos, passando por 5 departamentos e envolvendo 19 pessoas. Na
melhor das hipóteses, a MBL processava uma aplicação em 24 horas, embora normalmente
demora-se entre 5 a 24 dias.
Um segurador estimou que embora uma aplicação demorasse 22 dias a ser processada,
apenas era "trabalhada" 17 minutos, sendo a maior parte do tempo gasto na passagem de
informação de departamento para departamento.
O presidente da MBL perante este cenário resolve então incumbir uma equipa de tentar
aumentar a performance da empresa em cerca de 60% na produtividade. A equipa, depois
de ter olhado primeiramente para as tecnologias de informação como forma de atingir o
objetivo, facilmente concluiu que, através de bases de dados partilhadas e redes de
comutadores poderiam tornar disponíveis, a uma única pessoa, uma grande variedade de
informação. Além disso, sistemas periciais poderiam ajudar pessoas com pouca experiência
a tomar decisões.
A MBL decide então eliminar uma série de posições de trabalho e cria uma nova posição
chamada "Case Manager". Este case manegers têm total responsabilidade por uma
aplicação, isto é, executam todas as tarefas associadas a uma aplicação, utilizando para isso
poderosas Workstations correndo sistemas periciais e ligadas a uma Mainframe.
Apenas em alguns casos o case manager recorre, por exemplo, à ajuda de um médico que
apenas funcionará como um consultor ou aconselhador.
Uma aplicação passou então a poder ser processada, na melhor das hipóteses, em apenas
4 horas, demorando normalmente entre 2 a 5 dias. Desta forma a MBL consegui um aumento
estrondoso na sua produtividade.
Todos os negócios estão repletos de regras implícitas criadas há várias décadas. "Os
trabalhadores não reparam o seu próprio equipamento.", "Decisões de objetivos de
mercado só são tomadas pelo órgão de administração na sede da empresa." Estas regras
de trabalho são baseadas em suposições sobre a tecnologia, pessoas, e objetivos das
organizações que já não são válidas. O reportório contemporâneo de informação sobre
tecnologia é vasto e extremamente dinâmico, em constante progresso.
Qualidade, inovação e o serviço são agora mais importantes que o custo, aumento do
rendimento e controlo. Uma grande percentagem da população é educada e capaz de
assumir responsabilidade, esperando por isso ter uma palavra a dizer sobre como dirigir o
negócio.
Uma maneira de nos assegurarmos que a reengenharia tem uma visão funcional, é juntar
e criar uma equipa de vários elementos que façam parte de cada etapa do processo. A
equipa deve analisar e descrever o processo existente até que percebam o que de verdade
o processo tenta conseguir. Terão de questionar e pôr em causa a importância de todos os
passos, tirando e modificando todos os possíveis.
A reengenharia não pode ser planeada meticulosamente nem levada a cabo através de
passos pequenos e cautelosos! Ela é uma proposta de "tudo-ou-nada" com resultados
incertos!
Felizmente, os gestores dos nossos dias podem obter alguma ajuda já existem suficientes
casos de sucesso de reengenharia em empresas que lhes fornecem alguns princípios por
onde se podem guiar. Passamos a descrevê-los:
De acordo com este princípio é preferível termos uma pessoa a desempenhar todos os
passos de um processo, concebendo o trabalho dessa pessoa à volta de um objetivo ou de
um resultado.
Através da aplicação deste princípio podem evitar-se os erros causados pela passagem de
informação de tarefa para tarefa o que, além de atrasar o processo total, obrigava muitas
vezes à repetição de tarefas mal executadas por não cumprirem os requisitos da tarefa que
se lhes seguia.
Até aqui, por falta de confiança, por falta de tempo, ou ainda por motivos relacionados com
a especialização das tarefas, as empresas criavam departamentos que apenas processavam
a informação que outros geravam. Com as novas tecnologias e com colaboradores mais
informados, é hoje possível e desejável colocar o próprio processamento da informação nas
mãos de quem a cria.
Este princípio sugere que se criem ligações entre funções paralelas de modo a poder-se
coordena-las enquanto as suas atividades decorrem.
Isto evita que o resultado de uma tarefa efetuada por um departamento não encaixe com o
resultado da tarefa paralela efetuada por outro departamento, eliminando-se assim os custos
do redesenho.
Segundo este princípio, as pessoas que fazem o trabalho devem poder tomar as decisões e
o processo pode ter o controlo implícito.
Este princípio permite que os níveis piramidais de gestão sejam comprimidos e que as
organizações se tornem mais "planas".
Hoje em dia, quando se recolhe uma peça de informação, ela pode ser imediatamente
arquivada numa base de dados para ficar disponível a qualquer um que dela necessite.
Os processos que devem ser alvo da reengenharia são aqueles que são estratégicos e que
geram valor acrescentado para a organização.
Talvez uma melhor forma de compreender a reengenharia seja através da comparação com
outras teorias, com as quais por vezes é confundida. Assim, Manganelli e Klein propõem o
seguinte quadro comparativo:
A Apesar de ser um conceito relativamente recente, a reengenharia parece já ter chegado até
experiência nós, ao ponto de já estar a produzir resultados. Assim, e de acordo com um estudo 3 realizado
pela empresa de consultoria Deloitte & Touche, às 500 maiores empresas Portuguesas
portuguesa (segundo a revista Exame) estas pareciam já estar a par deste novo conceito.
Mas não só estavam a par como já os estavam a implementar. 43% destas empresas já tinham
implementado programas de reengenharia e 55% estavam em fase de implementação.
Apenas 2% ainda não tinham apanhado a 'onda'.
Apesar dos resultados surpreendentes deste estudo, é preciso ter em conta que as empresas
inquiridas pertencem a um grupo que não representa de forma alguma o universo empresarial
Português.
Por outro lado, como poderemos constatar mais adiante, muitos dos programas ditos
de reengenharia não o são de facto. Este é, aliás, um dos motivos de insucesso de alguns
programas de pseudo-reengenharia.
Em relação ao futuro as perspectivas indicam que cerca de 62% das empresas inquiridas
tencionava avançar com novos programas.
E destes, que tencionam avançar com novos programas, a grande maioria, 88% espera
implementá-los já no próximo ano.
Os resultados patentes nos gráficos desta página são igualmente surpreendentes. O nível de
satisfação atinge os 68%, não havendo a registar nenhum caso de grande insatisfação.
Quanto aos processos objeto de reengenharia, é interessante verificar que 20% das empresas
dizem ter sido 'toda a organização'.
Igualmente interessantes são os resultados deste último gráfico. Foi possível a 36% das
empresas implementar programas de reengenharia recorrendo apenas a recursos internos.
Para além de que 8% conseguiram o mesmo recorrendo apenas a consultores externos.
Como podemos ver, a par de outras surpresas, fica-se a ainda a saber que os gestores
portugueses são grandes entusiastas da reengenharia e que os graus de conhecimento e
satisfação são esmagadoramente positivos.
3 - "Os frutos em Portugal" - Exame Executive Digest (Janeiro 1995) ©Deloitte & Touche
Conclusão Não há duvida que é necessário repensar a forma de funcionamento das nossas
organizações. As constantes mutações a que assistimos obrigam a um novo tipo de
organizações, mais flexíveis, mais ágeis, que respondam de forma mais adequada às
solicitações do mercado.
Desta forma, é cada vez mais importante que as empresas portuguesas concentrem os seus
esforços em processos de mudança que sejam realmente capazes de alcançar o aumento de
produtividade necessário para assegurar a sua sobrevivência.