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QUÍMICA

apresentar, entre outras, as seguintes características:


01 – apresentar um potencial de oxidação maior que o
A vitamina C é muito utilizada como aditivo de alimentos alimento, de tal forma que essa substância seja
processados. Sua propriedade antioxidante se deve à oxidada em vez do alimento;
capacidade de ser oxidada pelo oxigênio do ar, protegendo – não reagir com o alimento, mantendo as propriedades
da oxidação outras substâncias presentes nos alimentos. do mesmo;
Um certo alimento processado, inicialmente embalado a – não ser tóxica ao ser humano;
vácuo, é aberto e armazenado sob duas condições – durante o processo de oxidação, não formar subs-
diferentes: tâncias nocivas.
I) em refrigerador a 4°C; 02
II) em armário fechado à temperatura ambiente (25°C).
a) Mostre em um gráfico como varia o teor de vitamina C A obtenção do peróxido de hidrogênio em escala industrial
com o tempo para cada uma dessas condições. é feita através da reação de oxidação pelo ar do 2-etilan-
Identifique as curvas e explique comparativamente o traquinol dissolvido em uma mistura de solventes orgâni-
comportamento delas. cos, formando-se 2-etilantraquinona e peróxido de hidro-
b) Além da capacidade de reagir com o oxigênio do ar, dê gênio. Este é extraído por adição de água à mistura de
duas outras características que uma substância deve reação. A 2-etilantraquinona é reduzida ao 2-etilantraquinol
apresentar para poder ser utilizada como substituto da por hidrogenação catalítica e reciclada no processo.
vitamina C em alimentos processados.
Resolução OH
a) C 2H 5
O2
hidrogenação

OH
catalítica

O
C 2H 5
O2
+ H 2O2

A mistura de solventes orgânicos empregada deve ter,


A vitamina C, atuando como antioxidante de alimentos, entre outras, as seguintes características:
reage com o oxigênio do ar, impedindo a oxidação dos I) dissolver tanto o 2-etilantraquinol quanto a 2-etilan-
mesmos. À medida que for passando o tempo, o teor traquinona,
de vitamina C no alimento vai diminuindo, até o seu II) ser imiscível com a água.
consumo total. a) Justifique cada uma dessas características que a mis-
Quanto maior a temperatura do sistema, maior a ener- tura de solventes deve apresentar, considerando em I
gia cinética média das partículas e conseqüentemente as etapas de oxidação e hidrogenação e em II a etapa
maior será a velocidade com que a oxidação da de separação do H2O2.
vitamina C irá ocorrer. A 25ºC, a oxidação será mais b) A mistura de solventes deve ser resistente ao processo
rápida que a 4ºC e o tempo para o consumo de vitamina de oxidação e ao de redução? Explique.
C será menor. Resolução
b) Para ser substituto da vitamina C, atuando como a) A mistura de solventes orgânicos, ao dissolver o 2-eti-
antioxidante do alimento, essa substância deverá lantraquinol, irá facilitar o contato entre os reagentes,

CURSO OBJETIVO 1 FUVEST 1998


facilitando a reação de oxidação. Essa mistura deve ser A 40°C e 1atm:
insolúvel em água para propiciar uma melhor extração 1 mol de N2 → 26L
da água oxigenada, que irá se solubilizar na mesma. Pa-
0,35 mol de N2 → yL
ra haver a reciclagem do processo, a 2-etilantraquinona
y = 9,1 L de N2
deve ser solúvel nessa mistura de solventes orgânicos,
facilitando o contato entre as substâncias reagentes no b) gráfico da concentração em mol/L em função do tempo
processo de hidrogenação.
b) A mistura de solventes não deve sofrer oxidação, nem
redução para não afetar o rendimento da reação, tanto
no processo de oxidação do 2-etilantraquinol, como no
processo de redução da 2-etilantraquinona.

03
O composto C6H5N2Cl reage quantitativamente com
água, a 40°C, ocorrendo a formação de fenol, ácido
clorídrico e liberação de nitrogênio:
C6H5N2Cl (aq) + H2O(l) → C6H5OH(aq) + HCl (aq) + N2(g)
Em um experimento, uma certa quantidade de C6H5N2Cl
foi colocada em presença de água a 40°C e acompanhou-
se a variação da concentração de C6H5N2Cl com o tempo.
A tabela abaixo mostra os resultados obtidos:

conc. / mol L–1 tempo / min

0,80 zero
vinst = tg no triângulo 1
1
0,40 9,0
mol
0,20 18,0 (0,60 –––––
L )
Aproximadamente temos:
0,10 27,0
mol
(0,80 – 0,40) ––––
a) Partindo-se de 500 mL da solução de C6H5N2Cl e L mol
vinst = ––––––––––––––––– ≅ 0,044 ––––––––
coletando-se o nitrogênio (isento de umidade) à pressão 1 (9,0 – 0,0) min L . min
de 1 atm e 40°C, qual o volume obtido desse gás
vinst = tg no triângulo 2
decorridos 27 minutos? Mostre com cálculos. 2

b) A partir dos dados da tabela pode-se mostrar que a mol


velocidade da reação é dada pela expressão: (
0,30 –––––
L )
v = k[C6H5N2Cl]
mol
Demonstre esse fato utilizando os dados da tabela. (0,40 – 0,20) ––––
Sugestão: calcule a velocidade média nas concen- L mol
vinst = ––––––––––––––––– ≅ 0,022 ––––––––
trações 0,60 e 0,30 mol/L. 2 (18,0 – 9,0) min L . min
Volume molar de gás a 1atm e 40°C = 26L/mol
Resolução conc. / mol . L–1 0,60 0,30
a) Após o tempo de 27 minutos reagiu
0,7 mol . L–1 de C6H5N2Cl.
mol
1L → 0,7 mol de C6H5N2Cl velocidade
( –––––––
L . min) 0,044 0,022

0,5 L → x mol de C6H5N2Cl


x = 0,35 mol de C6H5N2Cl Observando os dados obtidos, verificamos que, à medida
que a concentração se reduz à metade, o mesmo ocorre
1 mol de C6H5N2Cl → 1 mol de N2 com a velocidade, portanto a reação é de ordem 1 em
0,35 mol de C6H5N2Cl → 0,35 mol de N2 relação ao C6H5N2Cl, ou seja,
v = k . [C6H5N2Cl]

CURSO OBJETIVO 2 FUVEST 1998


que o Br2.
04 Então, concluímos que a ordem crescente de poder
Quando se adiciona ácido sulfúrico concentrado a um oxidante é:
frasco contendo NaCl sólido, forma-se HCl gasoso. Se o Br2 < H2SO4 < Cl2 < MnO2 / H+
frasco contiver também MnO2 sólido, forma-se Cl2 Item b: O cloreto de sódio não reage com bromo líquido,
gasoso. Entretanto, se o frasco contiver NaBr sólido (ao pois este é pior oxidante que o Cl2, de acordo com as
invés de NaCl) vai se formar Br2 líquido, tanto na reação justificativas apresentadas.
com ácido sulfúrico concentrado quanto na reação com 05
MnO2 e ácido sulfúrico concentrado.
a) Qual dos reagentes, H2SO4 ou MnO2 em meio ácido, Considere a estrutura cíclica da glicose, em que os
deve ser melhor oxidante? Explique seu raciocínio, átomos de carbono estão numerados:
com base nos experimentos relatados.
b) Cloreto de sódio reage com bromo líquido produzindo
brometo de sódio e cloro gasoso? Explique com base
nos fatos experimentais relatados.
Resolução
Item a: Os experimentos relatados sugerem as seguintes
reações:

I NaCl + H2SO4 → HCl + ................


Não é uma reação de oxidorredução. O H2SO4 não
oxida cloreto dando Cl2; logo, Cl2 é melhor oxidan-
te que o H2SO4.
redutor oxidante O amido é um polímero formado pela condensação de
{

H2SO4
{

II NaCl + MnO2 → Cl2 + .............. moléculas de glicose, que se ligam, sucessivamente,
através do carbono 1 de uma delas com o carbono 4 de
–1 0 outra (ligação “1-4”).
oxidação a) Desenhe uma estrutura que possa representar uma
parte do polímero, indicando a ligação “1-4” formada.
É uma reação de oxidorredução. O MnO2 reage b) Cite uma outra macromolécula que seja polímero da
com os cloretos formando Cl2; logo, é melhor glicose.
oxidante que o Cl2. Resolução
a) Na polimerização por condensação há eliminação de
redutor oxidante H2O. A ligação entre os carbonos 1 e 4 se dá através de
{
{

III NaBr + H2SO4 → Br2 + .............. um átomo de oxigênio (éter). A fórmula geral do amido
é (C6H10O5)n.
–1 0

[ ]
oxidação H OH H OH

OH H O OH H O
É uma reação de oxidorredução. O H2SO4 reage 4
1
com os brometos formando Br2; logo, é melhor H H
oxidante que o Br2. H O H H O H
H2COH H2COH
redutor oxidante n
{

H2SO4
{

IV NaBr + MnO2 → Br2 + .............. b) Um outro polímero da glicose é a celulose.

–1 0 06
oxidação O carbamato de amônio sólido, NH4OCONH2, se decom-
põe facilmente formando os gases NH3 e CO2. Em
É uma reação de oxidorredução. O MnO2 oxida recipiente fechado estabelece-se o equilíbrio:
NH4OCONH2(s) ← → 2NH (g) + CO (g)
brometo para Br2; logo, o MnO2 é melhor oxidante 3 2

CURSO OBJETIVO 3 FUVEST 1998


A 20°C, a constante desse equilíbrio, em termos de I) etileno + HCl → cloroetano
concentração mol/L, é igual a 4 x 10–9. AlCl3
II) cloroetano + benzeno → etilbenzeno + HCl
a) Um recipiente de 2L, evacuado, contendo inicialmen-
catalisador
te apenas carbamato de amônio na quantidade de III) etilbenzeno → estireno + H2
4 x 10–3mol foi mantido a 20°C até não se observar
a) Escreva as equações químicas que representam duas
mais variação de pressão.
das transformações acima usando fórmulas estruturais.
Nessas condições, resta algum sólido dentro do
b) No fluxograma abaixo, qual a matéria-prima X mais
recipiente? Justifique com cálculos.
provável da indústria A e qual pode ser o produto Y da
b) Para a decomposição do carbamato de amônio em
indústria C?
sistema fechado, faça um gráfico da concentração de
NH3 em função do tempo, mostrando a situação de
equilíbrio.
Resolução
a) Cálculo da quantidade de matéria (mols) no equilíbrio.
NH4OCONH2(s)→ ← 2NH3(g) + CO2(g) Resolução
a) As equações químicas citadas são:
início 4 x 10–3mol 0 0

reage e forma x 2x x

equilíbrio 4x 10–3 –x 2x x

A expressão da constante de equilíbrio em termos de


concentração (Kc) é dada por:

( )( )
2 1
2x x
Kc = [NH3]2 . [CO2]1 ⇒ 4 x 10–9 = –––– . ––– ⇒
2 2
⇒ x = 2 x 10–3 mol

Obs.: na expressão do Kc não entra sólido.


No início tínhamos 4 x 10–3 mol de NH4OCONH2(s), como
reagiram 2 x 10–3mol durante a decomposição, restará no
equilíbrio 2 x 10–3mol de carbamato de amônio sólido.
b) No início da decomposição a quantidade de matéria de
amônia (NH3) é igual a zero. A concentração em mol/L
de amônia no equilíbrio é calculada a seguir: b) A matéria-prima X mais provável é o petróleo, de onde
n (2x)mol 2 x 2 x 10–3mol pode-se obter benzeno por reforma catalítica do hexano
[NH3] = –– = –––––––– = ––––––––––––––– = 2 x 10–3mol/L e o etileno, que pode ser obtido por craqueamento de
V 2L 2L
O gráfico abaixo mostra a variação da concentração de cadeias maiores.
amônia em função do tempo: O produto Y pode ser o poliestireno.
Concentração (mol/L) 08
Um tipo de bafômetro usado pela polícia rodoviária para
medir o grau de embriaguez dos motoristas consiste em
uma pilha eletroquímica que gera corrente na presença de
–3 [NH3]
álcool (no ar expirado) devido à reação:
2x10 •
2CH3CH2OH(g) + O2(g) → 2CH3CHO(g) + 2H2O(l)
O “suspeito” sopra através de um tubo para dentro do
aparelho onde ocorre, se o indivíduo estiver alcoolizado, a
tempo
0 t oxidação do etanol à etanal e a redução do oxigênio à
água, em meio ácido e em presença de catalisador
07 (platina).
a) Sabendo-se que a semi-reação que ocorre em um dos
Uma indústria utiliza etileno e benzeno como matérias-
eletrodos é:
primas e sintetiza estireno (fenileteno) como produto,
CH3CH2OH → CH3CHO + 2H+ + 2e–
segundo a rota esquematizada a seguir:

CURSO OBJETIVO 4 FUVEST 1998


escreva a semi-reação que ocorre no outro eletrodo. Resolução
o o
b) Sendo E1 e E2, respectivamente, os potenciais padrão a)
de redução, em meio ácido, dos eletrodos (CH3CHO, O O

=
CH3CH2OH) e (O2, H2O), para que a reação da pilha → R—C
o 1 R—C + H — O* → + H — O — R’
ocorra é necessário que E1 seja maior ou menor do que


o O — R’ H O* — H
E2? Explique.
Resolução O O

=
a) A reação que ocorre no outro eletrodo deve ser a rea- 2 R—C → R—C
+ H — O* → + H — O* — R’


ção de redução: O — R’ H O—H

1
–– O2 + 2H+ + 2 e– → H2O
2 Pode-se identificar qual das duas ligações C — O foi
o o
b) E1 deve ser menor que E2. quebrada, verificando-se qual o produto que contém o
Para que a reação seja espontânea, o valor de ∆V deve oxigênio marcado.
apresentar sinal positivo, isto é, a substância que sofre Se o oxigênio marcado estiver na estrutura do ácido
redução é aquela de maior potencial de redução. carboxílico, indica que foi rompida a ligação C — O do
o
∆V = Ereduz– E oxida
o grupo carboxila.
o o o o Se o oxigênio marcado estiver na estrutura do álcool, a
∆V = E2 – E1 > 0 ∴ E2 > E1
ligação C — O rompida foi do grupo O — R’.
09 b)
Em determinadas condições, ésteres sofrem reação de O

=
hidrólise formando ácido e álcool: R—C O

=

O →
O + 2 H — O — R’ → 2R—C + H2 O
O
=


=

R—C → R—C
+ H2O → R—C O — R’
+ R’OH
=

O — R’ OH O

Como se deseja o benzoato de etila, o radical R será o


R, R’ = radicais
alquila ou arila fenil e o R’ será o etil. Então, deve-se partir do anidrido
benzóico.
Hipoteticamente, tanto a ligação C — O do grupo carboxila O
=

quanto a ligação C — O do grupo O — R’ poderiam ser


—C
quebradas para dar origem aos produtos. Sabe-se, no

O + 2 HO — CH2 — CH3 →

entanto, que uma delas é preferencialmente quebrada.

—C
a) Usando como exemplo a reação de hidrólise do
=

benzoato de etila (C6H5COOC2H5), explique por que O


fazendo a reação com água marcada H2O* (água com O
=

isótopo oxigênio-18) poder-se-ia identificar qual das → —C + H2O


→ 2

duas ligações C – O é quebrada.


O — CH2 — CH3
b) Os ésteres podem ser obtidos a partir da reação do
anidrido do ácido com o álcool apropriado. Para se obter
o benzoato de etila, deve-se partir do anidrido acético 10
ou do anidrido benzóico? Explique, dando a equação da Em 1986 foi sintetizada uma nova variedade alotrópica do
reação correspondente. carbono que apresenta uma estrutura esférica oca
semelhante à de uma bola de futebol. Sua fórmula
O O
molecular é C60 e os átomos de carbono estão ligados
=

H3C — C —C entre si de modo a formar faces hexagonais e faces


anidrido acético: O anidrido benzóico: O pentagonais, com os carbonos nos seus vértices. Ao

H3C — C —C contrário do diamante, esse novo alótropo, “futeboleno”,


=
=

O O é macio (bem menos duro) e solúvel em solventes


aromáticos, tais como benzeno e tolueno.

CURSO OBJETIVO 5 FUVEST 1998


Estrutura parcial Resolução
do “futeboleno” O diamante apresenta uma estrutura cristalina bastante
Correlacione essas propriedades compacta, pois é um sólido covalente; isto é, temos uma
macroscópicas do diamante e do grande quantidade de ligações covalentes C — C fortes
“futeboleno” com os tipos de intramoleculares formando uma macromolécula.
ligação química presentes em O futeboleno apresenta entre as moléculas de C60 fracas
cada um desses alótropos. forças intermoleculares (Van der Waals) e fortes ligações
Especifique, quando for o caso, covalentes C — C intramoleculares, produzindo uma es-
se a ligação é do tipo inter ou trutura cristalina macia e solúvel em solventes aromá-
intramolecular. ticos.

Comentário de Química

A prova de Química da 2ª fase da Fuvest realmen-


te irá selecionar os melhores entre os melhores. Foi uma
prova difícil, conceitual, com questões apresentando
enunciados longos e de interpretação nada fácil. Houve
uma predominância de questões de Físico-Química.

História
Resolução
01 O Renascimento Comercial e Urbano da Baixa Idade Mé-
Comente a especificidade da estrutura social espartana, dia caracterizou-se, entre outros aspectos, pela eman-
no contexto da cidade-estado grega clássica. cipação das cidades já existentes, em relação à tutela feu-
Resolução dal, e também pelo surgimento de novas cidades (bur-
A estrutura social da cidade-Estado grega clássica apre- gos). Em ambos os casos, a vida de seus habitantes apre-
sentou, no contexto geral, uma certa flexibilidade que fa- sentava um grau de liberdade e de perspectivas de as-
voreceu a evolução para a democracia. Já em Esparta, a censão econômica e social que contrastava fortemente
propriedade estatal das terras e dos escravos, em bene- com as condições de servidão ainda vigentes no campo.
fício da minoria dominante, deu origem a uma estrutura
social extremamente rígida, dividida em espartíatas (aris- 03
tocratas), periecos (homens livres sem direito a cidadania)
e hilotas (escravos do Estado). Diferentemente das de- A partir da época moderna observa-se, em países da
mais cidades gregas, as mulheres espartanas gozavam de Europa ocidental, um progressivo fortalecimento das mo-
uma maior liberdade, exercendo certas funções que os narquias nacionais. Descreva as principais características
homens, voltados sobretudo para as práticas militares, se políticas e econômicas desse processo entre os séculos
viam impedidos de executar. XVI e XVII.
Resolução
Características políticas: concentração nas mãos do rei de
02 todos os instrumentos de poder (justiça, exército, admi-
“O ar da cidade torna um homem livre”. nistração e, eventualmente, até a religião), caracterizando
Analise o significado desse adágio popular, no quadro do o absolutismo.
desenvolvimento das cidades européias, a partir da Baixa Características econômicas: incentivo do Estado ao co-
Idade Média. mércio e à acumulação metalista, através de medidas
protecionistas e monopolistas, visando proporcionar

CURSO OBJETIVO 6 FUVEST 1998


maiores recursos ao rei e caracterizando o mercantilismo. pelo ferrenho anticomunismo. Politicamente, limitaram o
poder da classe política, eliminaram a participação da so-
ciedade civil, impuseram uma legislação de exceção, con-
04 trolaram totalmente os meios de comunicação e reprimi-
Qual a relação entre a Primeira Guerra Mundial e os acon- ram brutalmente as manifestações contrárias ao regime,
tecimentos políticos que ocorreram na Rússia entre feve- notadamente na Argentina e Chile.
reiro e outubro de 1917?
Resolução
As desastrosas derrotas russas na Primeira Guerra Mun- 07
dial evidenciaram as deficiências do Estado Czarista, bem Sobre a maior mobilidade espacial dos habitantes de São
como sua incapacidade de implantar um processo de Paulo, no século XVII, Sergio Buarque de Holanda, em O
modernização. A insatisfação popular, as manifestações e extremo oeste:
motins obrigaram o czar Nicolau II a abdicar, em fevereiro “Apartados das grandes linhas naturais de comunicação
de 1917. Instalou-se um governo provisório liberal com o Reino e sem condições para desenvolver de ime-
burguês cujo líder principal, Kerensky, recusou-se a fazer diato um tipo de economia extrovertida [para o exterior],
reformas sociais e a retirar a Rússia da guerra. Em outu- que torne compensadora a introdução de africanos, [os
bro, os bolcheviques (socialistas radicais), chefiados por paulistas] devem contentar-se com as possibilidades mais
Lenin e apoiados nos sovietes de operários, camponeses modestas que proporciona o nativo, o ‘negro’ da terra, co-
e soldados, tomaram o poder e instauraram um governo mo sem malícia costumam dizer, e é para ir buscá-lo que
socialista com o slogan “Paz, Pão e Terra”. correm o sertão.”
Comente e interprete este texto.
Resolução
05 O texto explica o bandeirismo paulista em função da au-
Qual o significado da expressão “guerra fria” e a que pe- sência de outras possibilidades econômicas para São Pau-
ríodo da história das relações internacionais ela se refere? lo. E trata justamente do primeiro ciclo bandeirístico: o da
Resolução caça ao índio, responsável pela destruição de missões
Trata-se do confronto entre as duas superpotências jesuíticas espanholas em MS, oeste do PR e centro do
emergidas da Segunda Guerra Mundial — EUA e URSS — RS, contribuindo assim para alargar os domínios portu-
envolvendo a disputa da hegemonia mundial entre ambas, gueses além da Linha de Tordesilhas. Os índios captu-
sob um pretexto ideológico (capitalismo x socialismo). A rados eram escravizados e, em sua maior parte, vendidos
expressão “Guerra Fria” se deve ao fato de que não para os senhores-de-engenho do Nordeste.
chegou a haver enfrentamento armado entre os dois
adversários, mesmo quando ocorreram conflitos locali-
zados (guerras da Coréia, do Vietnã e do Afeganistão). 08
Considera-se que a Guerra Fria começou com a formu- O artigo 5º da Constituição do Império do Brasil, datada de
lação da Doutrina Truman (1947) e terminou com a crise 1824, dizia o seguinte:
do Bloco Socialista, simbolizada pela queda do Muro de “A religião católica apostólica romana continuará a ser a
Berlim (1989). religião do Império. Todas as outras religiões serão per-
mitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas
para isso destinadas, sem forma alguma exterior de tem-
06 plo”.
Os regimes militares impostos no Cone Sul, nas décadas Comente o texto constitucional em função:
de 1960 e 1970, apresentaram algumas características a) das relações entre Igreja católica e Estado, durante o
políticas e ideológicas comuns. Discorra sobre elas. Império;
Resolução b) da situação das demais religiões no mesmo período.
As ditaduras militares implantadas no Cone Sul, a partir Resolução
dos golpes de 1964 no Brasil e na Bolívia, contaram com a) As relações entre a Igreja Católica e o Estado, no Brasil
o apoio dos setores conservadores locais e também do Império, foram definidas pelo regalismo (subordinação
governo norte-americano, na medida em que bloqueavam da Igreja ao Estado). Seus aspectos fundamentais eram
o avanço dos movimentos populistas, de conotação cres- o padroado (influência do Estado no preenchimento
centemente esquerdista. Ideologicamente, esses regi- dos cargos eclesiásticos) e o beneplácito (aprovação
mes militares caracterizaram-se pelo conservadorismo e do governo aos decretos do papa para que fossem

CURSO OBJETIVO 7 FUVEST 1998


cumpridos pelo clero brasileiro). Resolução
b) As demais religiões eram toleradas pelo Estado, mas O primeiro governo militar instaurado após o Golpe de 64
sua prática era permitida apenas em caráter particular. foi o do marechal Castelo Branco, que procurou consolidar
o regime através de Atos Institucionais. O AI-2, que ex-
tinguiu o pluripartidarismo, criou condições para aglutinar
09
as forças políticas em apenas dois partidos: a Aliança
Sobre a chegada dos imigrantes a São Paulo, no fim do Nacional Libertadora (ARENA), governista, e o Movimento
século XIX, José de Souza Martins, em O cativeiro da ter- Democrático Brasileiro (MDB), oposicionista. Conseqüên-
ra, escreveu que havia: cias: embora fosse mantida uma aparência democrática, o
“dificuldades nas relações de trabalho, derivadas basica- governo pôde reforçar seu poder através de um maior
mente do fato de que o fazendeiro, tendo subvencionado controle político sobre as oposições.
a vinda do imigrante, considerava o colono propriedade
sua.” Comentário de História
Analise e desenvolva esta afirmativa.
Resolução A prova de História do vestibular Fuvest 98, em sua
Com efeito, a mentalidade senhorial, resultante de sé- segunda fase, dividiu-se em três núcleos, dentro da se-
culos de escravidão, foi um dos grandes óbices ao desen- guinte distribuição: cinco questões de História Geral, uma
volvimento das relações assalariadas de produção, basea- de História da América e quatro de História do Brasil. As
das no trabalho livre do imigrante europeu. Para o senhor dez questões foram objetivas, privilegiando os pontos
de terras, o trabalhador, independente da origem ou da principais da extensa programação oficial apresentada e
cor, era seu “escravo” e, portanto, merecia o mesmo tra- exigiram do candidato a compreensão da História enquan-
tamento, não se descartando inclusive os castigos corpo- to processo.
rais. Aliás, na correspondência de imigrantes italianos a
seus parentes na Europa, são comuns as queixas contra a
violência e os desmandos dos fazendeiros brasileiros.

10
O Ato Institucional nº 2, baixado em outubro de 1965 pelo
regime militar brasileiro, extinguiu os partidos políticos en-
tão existentes, abrindo caminho para a instituição do bi-
partidarismo.
Aponte as características básicas do bipartidarismo e suas
principais conseqüências.

CURSO OBJETIVO 8 FUVEST 1998


FÍSICA
2) O tempo de subida (ts) é dado por:
01 Vy = Voy + γy t
Estamos no ano de 2095 e a “interplanetariamente” fa- V0 sen θ
0 = V0 sen θ – g ts ⇒ ts = –––––––––
mosa FIFA (Federação Interplanetária de Futebol Amador) g
está organizando o Campeonato Interplanetário de Fute-
bol, a se realizar em MARTE no ano 2100. Ficou estabele- 3) O alcance horizontal D é dado por:
cido que o comprimento do campo deve corresponder à ∆x = Vox . T onde T = 2ts
distância do chute de máximo alcance conseguido por um
bom jogador. Na TERRA esta distância vale LT = 100m. 2V0 sen θ
Suponha que o jogo seja realizado numa atmosfera seme- D = V0 cos θ . –––––––––
g
lhante à da TERRA e que, como na TERRA, possamos des-
2
prezar os efeitos do ar, e ainda, que a máxima velocidade V0
D = –––– . sen 2θ
que um bom jogador consegue imprimir à bola seja igual g
à na TERRA. Suponha que MM/MT = 0,1 e RM/RT = 0,5,
onde MM e RM são a massa e o raio de MARTE e MT e RT
são a massa e raio da TERRA. O alcance é máximo para sen 2θ = 1
a) Determine a razão gM/gT entre os valores da aceleração 2
V0
da gravidade em MARTE e na TERRA. Dmax = –––
b) Determine o valor aproximado LM, em metros, do com- g
primento do campo em MARTE.
c) Determine o valor aproximado do tempo tM, em segun- Para o mesmo V0 temos:
dos, gasto pela bola, em um chute de máximo alcance, LM gT LM 1
–––– = –––– ⇒ –––– = –––– ⇒ LM = 250m
para atravessar o campo em MARTE (adote gT = 10m/s2). LT gM 100 0,4
Resolução
a) Desprezando efeitos de rotação temos:
P = FG c) 1) O valor de gM é dado por:

GMm GM gM gM
mg = ––––––– ⇒ g = ––––––– –––– = 0,4 ⇒ –––– = 0,4 ⇒ gM = 4,0m/s2
R2 R2 gT 10

A razão gM /gT é dada por:


gM MM RT 2 2) O valor de V0 é dado por:
–––– = ––––
gT MT ( )
––––
RM V0
Dmax = –––
2

gM gM g
–––– = 0,1 (2)2 ⇒ –––– = 0,4
gT gT
2
V0 2
b) 1) Para uma velocidade de lançamento de módulo V0 e 250 = –––– ⇒ V0 = 1000
4,0
inclinada de θ, em relação à horizontal, temos:

0y V0 = 10 10 m/s
0

Vox = Vo cos θ
3) O tempo total de vôo, para um chute de alcance
Voy = Vo sen θ máximo (θ = 45°), é dado por:
θ
2 V0 sen θ 2 . 10 10 . 2 / 2
tM = –––––––––––= –––––––––––––––––– (s)
0x
g 4,0

CURSO OBJETIVO 1 FUVEST 1998


Q=mL
tM = 2,5 . 20 (s) = 5,0 5s
1200 = 50 . LB ⇒ LB = 24cal/g
Para 5 ≅ 2,2 vem tM ≅ 11s
b) Para a determinação da temperatura de equilíbrio usare-
Respostas: a) 0,4 b) 250m c)11s mos o seguinte roteiro:
(1) Cálculo dos calores específicos sensíveis das
substâncias A e B:
02
Q Pot ∆t
As curvas A e B na figura representam a variação da c = –––––– = ––––––––
m ∆θ m ∆θ
temperatura (T) em função do tempo (t) de duas subs-
tâncias A e B, quando 50 g de cada uma é aquecida sepa- 20 . 70
cA = –––––––––––––– (cal/goC) ⇒ cA = 0,10cal/goC
radamente, a partir da temperatura de 20°C, na fase só- 50 . (300 – 20)
lida, recebendo calor numa taxa constante de 20 cal/s. 20 . 30
cB = –––––––––––––– (cal/goC) ⇒ cB = 0,20cal/goC
Considere agora um experimento em que 50 g de cada 50 . (80 – 20)
uma das substâncias são colocadas em contato térmico
(2) Cálculo da energia térmica liberada pela substância
num recipiente termicamente isolado, com a substância A
A, ao ser esfriada de 280oC até 80oC.
na temperatura inicial TA = 280°C e a substância B na tem-
peratura inicial TB = 20°C. | QA | = mA cA | ∆θA |
T(°C) | QA | = 50 . 0,10 . | 80 – 280 | (cal)
| QA | = 1000cal
320
(3) Cálculo da energia térmica que a substância B
A
precisa receber para atingir a temperatura de 80oC.
280
QB = mB cB ∆θB
240 QB = 50 . 0,20 . (80 – 20) (cal)
QB = 600cal
200
(4) Observando os itens (2) e (3), notamos que a fusão
160
da substância B será feita com as 400 calorias
B restantes.
120 Q=mL
400 = m . 24
80 50
m = ––– g
3
40
A fusão de B é parcial.
0 t (s) Assim, a temperatura final de equilíbrio térmico entre
0 20 40 60 80 100 120 140
A e B será: θf = 80oC
a) Determine o valor do calor latente de fusão LB da subs-
tância B. c) Usando a resolução do item b, podemos afirmar que no
b) Determine a temperatura de equilíbrio do conjunto no final teremos:
final do experimento. 100
c) Se a temperatura final corresponder à mudança de fase sólido → m’B = ––––– g
3
de uma das substâncias, determine a quantidade da
mesma em cada uma das fases. 50
líquido → m”B = –––– g
Resolução 3
a) O calor latente de fusão da substância B é calculado Resposta:
por: Q = Pot . ∆t a) O calor latente de fusão de B = 1200cal.
Do gráfico, vem: O calor específico latente de fusão de B = 24cal/g.
b) 80oC
Q = 20 . (90 – 30) ⇒ Q = 1200cal 100
c) Fase sólida: –––– g
3
O calor específico latente de fusão da substância B é 50
determinado por: Fase líquida: ––– g
3

CURSO OBJETIVO 2 FUVEST 1998


c)
Nx Nx
03 tg θ = –––
Ny
Duas cunhas A e B, de massas MA e MB respectivamen-
te, se deslocam juntas sobre um plano horizontal sem atri-
→ θ
to, com aceleração constante a, sob a ação de uma força

horizontal F aplicada à cunha A, como mostra a figura. A

cunha A permanece parada em relação à cunha B, apesar MB | a |
de não haver atrito entre elas. tg θ = –––––––

MA | g |
Ny
a N


Respostas: a) (MA + MB) | a |
F
A b) → →
(MB | a |)2 + (MA | g |)2
g
θ
B →
MB | a |
c) –––––––

MA | g |


a) Determine a intensidade da força F aplicada à cunha A.

b) Determine a intensidade da força N, que a cunha B apli-
04
ca à cunha A.
c) Sendo θ o ângulo de inclinação da cunha B, determine
a tangente de θ.
Resolução R3
a) Como as cunhas se movem juntas, elas se comportam
como um corpo único.
Aplicando a 2ª lei de Newton, vem: +
G R1 i1
→ R2
F = (MA + MB) | a | –

+
b) A componente horizontal da força de interação entre as 12V B

cunhas tem intensidade NX dada por:


Nx = MB | a |
Fig.1

A componente vertical da força de interação entre as


cunhas tem intensidade Ny dada por: No circuito mostrado na Fig. 1, os três resistores têm va-
lores R1 = 2Ω, R2 = 20Ω e R3 = 5Ω. A bateria B tem ten-
→ são constante de 12V. A corrente i1 é considerada positiva
Ny = MA | g |
no sentido indicado. Entre os instantes t = 0s e t = 100s,
A intensidade N da força de interação é dada por: o gerador G fornece uma tensão variável V = 0,5t (V em
volt e t em segundo).
N2 = N2x + N2y a) Determine o valor da corrente i1 para t = 0s.
b) Determine o instante t0 em que a corrente i1 é nula.
→ → c) Trace a curva que representa a corrente i1 em função do
N2 = (MB | a |)2 + (MA | g |)2
tempo t, no intervalo de 0 a 100s. Utilize os eixos da
figura adiante indicando claramente a escala da corren-
→ → te, em ampère (A).
N= (MB | a |)2 + (MA | g |)2
d) Determine o valor da potência P recebida ou fornecida
pela bateria B no instante t = 90s.

CURSO OBJETIVO 3 FUVEST 1998


15 – 0,5t
7,5 i1 = 15 – 0,5t ∴ i1 = –––––––––––
i1 (A) 7,5

a) Para t = 0, vem: i1 = 2A

0 b) Para i1 = 0, vem: t = 30s


0 20 40 60 80 100 t(s)

15 – 0,5 t
c) De i1 = –––––––––––– concluímos
7,5

que o gráfico i1 x t é retilíneo.


Para t = 100s, temos i1 ≅ – 4,7A
Assim, temos o gráfico:

i1 (Α)

3
Resolução
2
i

+ i 1

R 3 =5Ω 0
0 20 40 60 80 100 t(s)
i i2

−1
A i2

+ R 1 =2Ω +
G −2
V
– i1 R 2 = 20Ω
i β + −3
+ –
12V −4
– α
−5

Nó A: i + i1 = i2  d) Para t = 90s, temos:


7,5 i1 = 15 – 0,5 . 90
Malha α: R2 . i2 – 12 + R1 i1 = 0
i1 = – 4A
20 . i2 – 12 + 2 i1 = 0
i1 + 10 i2 = 6 
Portanto, a bateria B funciona, neste instante, como
Malha β: – R1 i1 + 12 – V + R3 i = 0 receptor e a potência recebida será:
– 2 i1 + 12 – V + 5i = 0 P = U . i1
5i – 2 i1 = V – 12  P = 12 . 4 (W)

 em : P = 48W
i1 + 10 (i + i1) = 6
11 i1 + 10i = 6 Respostas:
5,5 i1 + 5i = 3  a) 2A;
b) 30s;
 – : 7,5 i1 = 15 – V c) gráfico acima
d) 48W

CURSO OBJETIVO 4 FUVEST 1998


05
Na figura abaixo, em escala, estão representados uma len-
te L delgada, divergente, com seus focos F, e um espelho
plano E, normal ao eixo da lente. Uma fina haste AB está
colocada normal ao eixo da lente. Um observador O, pró-
ximo ao eixo e à esquerda da lente, mas bastante afas-
A1
tado desta, observa duas imagens da haste. A primeira,
A1B1, é a imagem direta de AB formada pela lente. A
segunda, A2B2, é a imagem, formada pela lente, do refle-
F’
xo A’B’ da haste AB no espelho E.

De acordo com o enunciado, a segunda imagem, A2B2, é


a imagem formada, pela lente, do reflexo A’B’ da haste AB
no espelho plano E. Para obter-se tal imagem, é
necessário, primeiramente, obter a imagem A’B’,
simétrica e do mesmo tamanho da haste AB em relação
a) Construa e identifique as 2 imagens: A1B1 e A2B2. ao espelho plano E. A imagem A’B’ (virtual) comportar-se-
b) Considere agora o raio R, indicado na figura, partindo de á como objeto (real) para a lente delgada divergente L e,
A em direção à lente L. Complete a trajetória deste raio portanto, temos:
até uma região à esquerda da lente. Diferencie clara-
mente com linha cheia este raio de outros raios auxilia-
res.
Resolução
a) Como o observador O está próximo ao eixo da lente e
muito afastado desta, consideram-se válidas as
condições de Gauss.
Para a construção das imagens A1B1 e A2B2, serão
utilizados os seguintes raios notáveis:
1) todo raio de luz paraxial que incide na lente, numa
direção paralela ao seu eixo óptico principal, emerge
numa direção que passa pelo seu foco imagem
principal (F’);
2) todo raio de luz paraxial que incide na lente, numa
direção que passa pelo seu centro óptico (O),
emerge sem sofrer desvio. b) Lembrando que os raios de luz que partem do objeto
De acordo com o enunciado, a primeira imagem, A1B1, é (haste AB) e incidem sobre a lente devem,
necessariamente, emergir numa direção que passe
a imagem direta de AB, formada pela lente delgada
pela imagem A1B1, temos:
divergente L e, portanto, temos:

CURSO OBJETIVO 5 FUVEST 1998



P = força da gravidade (pe-
so);


Fe = força elástica exerci-
3
da pela mola;


E = empuxo exercido pela
06 água.

→ → → →
Na situação de equilíbrio: Fe + P + E = 0
3
→ → →
Representando as intensidades de Fe , P e E por T,
3
P e E, respectivamente, temos:
T + P = E ⇒ T + mg = ρágua S hg
L0
L1 Sendo:
m = 750g = 0,75kg; g = 10m/s2; ρágua = 1,0g/cm3 =
= 1,0.103kg/m3; S = 300cm2 = 3,0.10–2m2 e
h = 12,5cm = 12,5.10–2m, vem:
T + 0,75 . 10 = 1,0.103 . 3,0.10–2 . 12,5.10–2 . 10

T = 30N
Considere uma mola ideal de comprimento L0 = 35cm b) Na situação da figura 2, o recipiente está submetido a
presa no fundo de uma piscina vazia (Fig. 1). Prende-se so- duas forças:
bre a mola um recipiente cilíndrico de massa m = 750g, al-
tura h = 12,5cm e secção transversal externa S = 300cm2,
ficando a mola com comprimento L1 = 20cm (Fig. 2).

Quando, enchendo-se a piscina, o nível da água atinge a P = força da gravidade (peso);
altura H, começa a entrar água no recipiente (Fig. 3).
Dados: ρágua = 1,0g/cm3; g= 10m/s2.
a) Qual o valor da tensão T na mola, em N, quando
começa a entrar água no recipiente?

b) Qual o valor da altura H em cm? Fe = força elástica exercida pela
2
Resolução mola.
a) Na situação da figura 3, três forças agem no recipi-
ente, conforme ilustra a figura:

CURSO OBJETIVO 6 FUVEST 1998


→ → do quadrado, com velocidade de módulo constante v.
Na situação de equilíbrio, as intensidades de Fe e P são
2 Suponha que as únicas forças atuantes sobre as esferas
iguais.
são devidas à interação eletrostática. A constante de per-
Fe = P ⇒ kx2 = mg
2 missividade elétrica é ε0. Todas as grandezas (dadas e
solicitadas) estão em unidades SI.
Observando que a compressão x2 da mola pode ser
obtida por x2 = L0 – L1 ou x2 = 35 – 20 (cm) = 15cm a) Determine a expressão do módulo da força eletros-

ou x2 = 15.10–2m, calculemos a constante elástica K: tática resultante F que atua em cada esfera e indique
K . 15.10–2 = 0,75.10 ⇒ K = 50N/m sua direção.

Na situação da figura 3, b) Determine a expressão do módulo da velocidade tan-



a distensão x3 da mola pode ser calculada por: gencial v das esferas.
K x3 = T ⇒ 50 x3 = 30 Resolução
Em cada uma das quatro esferas há três forças
x3 = 0,60m = 60cm
eletrostáticas atuando, devido à ação das outras três
esferas. A figura indica essas forças:
Mas, x3 = L3 – L0 ⇒ 60 = L3 – 35
L3 = 95cm

A altura H, fica então determinada por:


H = h + L3 ⇒ H = 12,5 + 95 (cm)

H = 107,5cm

Respostas: a) 30N; b) 107,5cm.

07

Tendo em vista a simetria da figura, podemos determinar


o módulo da força resultante em apenas uma das quatro
esferinhas. Isolemos a esferinha 1 da figura e façamos:
→ → →

| F 41 | = | F 21 | = F e | F 31 |= F’

Quatro pequenas esferas de massa m estão carregadas


com cargas de mesmo valor absoluto q, sendo duas ne-
gativas e duas positivas, como mostra a figura. As esferas
estão dispostas formando um quadrado de lado a e giram
numa trajetória circular de centro O, no plano?

CURSO OBJETIVO 7 FUVEST 1998


Aplicando a Lei de Coulomb para as cargas das esferinhas
(1) e (2), temos:
→ →
|–q|.|+q|
a 2
V2 = –––––– .
2m ( 2 2–1
––––––––
2 )(.
1 q2
–––––– . –––––
4πε0 a2 )
| F 21 | = | F 12 | = F = K0 . –––––––––––––
a2
(4 – 2) . q2 q (4 – 2)
V2 = –––––––––––––– ⇒ V = –– . –––––––––––
q2 16 m . π . ε0 . a 4 a . m . π . ε0
F = K0 –––– (1)
a2
Respostas:
Aplicando a Lei de Coulomb para as cargas das esferinhas
(1) e (3) temos:
→ →
|–q|.|–q|
|

a) F res |= (2 2 –1
–––––––––
2 )(.
1 q2
–––––– . ––––
4πε0 a2 )
| F 31 | = | F 13 | = F’ = K0 . –––––––––––––
2a2
q (4 – 2)
b) V = –– . –––––––––––
q2 4 a . m . π . ε0
F’ = K0 –––– (2)
2a2
08
Na esferinha (1) temos:

F’res = F . 2 e Fres = F’res – F’ (3)

Substituindo (1) e (2) na equação (3), vem:


q2 q2
Fres = K0 . –––– . 2 – K0 . ––––
a2 2a2

( ) q2
1 1
Fres = 2 – –– . K0 . –––– , onde K0 = ––––––
2 a2 4πε0

(
2 2–1
)
1 q2
Fres = –––––––– . ––––– . ––––
2 4πε0 a2

b) Para calcular o módulo da velocidade de cada


esferinha, basta lembrar que a força eletrostática Duas fontes sonoras F1 e F2 estão inicialmente separadas
resultante faz o papel de força centrípeta. Logo de 2,5m. Dois observadores A e B estão distantes 10m da
→ mV2 fonte F1, sendo que o observador A está no eixo x e o
| F res | = –––––
R
, onde o raio da circunferência descrita
observador B no eixo y, conforme indica a figura. As duas
é metade da diagonal do quadrado. fontes estão em fase e emitem som numa freqüência fixa
f = 170Hz. Num dado instante, a fonte F2 começa a se
deslocar lentamente ao longo do eixo x, afastando-se da
a 2
R = –––––– fonte F1. Com este deslocamento, os dois observadores
2 detectam uma variação periódica na intensidade do som
resultante das duas fontes, passando por máximos e míni-
m . V2 2 m V2 →
→ a 2 . F res | | mos consecutivos de intensidade. Sabe-se que a veloci-
|F res| = –––––––––– = –––––––– ⇒ V2 = –––—–––––––(6)
dade do som é 340m/s nas condições do experimento.

( a 2
––––––
2 )a 2 2m
Levando em conta a posição inicial das fontes, determine:
a) a separação La entre as fontes para a qual o observador
→ A detecta o primeiro mínimo de intensidade.
| |
Substituindo a equação de F res , obtida no item anterior, b) a separação Lb entre as fontes para a qual o observador
em (6): B detecta o primeiro máximo de intensidade.

CURSO OBJETIVO 8 FUVEST 1998


Resolução Aplicando Pitágoras, calculamos a separação entre as
Calculemos, inicialmente, o comprimento de onda λ emiti- partes, Lb.
do por F1 e F2. (12)2 = (10)2 + L2 ⇒ Lb ≅ 6,6m
b
V = λ f ⇒ 340 = λ 170 ⇒ λ = 2,0m
Respostas: a) 3,0m; b) 6,6m
a) Para que o observador A detecte mínimos de inten-
sidade, as ondas provenientes de F1 e F2 que atingem
A devem sofrer INTERFERÊNCIA DESTRUTIVA e 09
para que isso ocorra, a diferença de percursos entre No anel do Lab. Nac. de Luz Sincrotron em Campinas, SP,
elas (∆xa) deve ser múltiplo ímpar de meio com- representado simplificadamente na figura, elétrons (e) se
primento de onda. movem com velocidade v ≈ c ≈ 3 x 108 m/s formando um
λ feixe de pequeno diâmetro, numa órbita circular de raio
∆xa = I ––––– (I = 1, 3, 5...)
2 R = 32m. O valor da corrente elétrica, devido ao fluxo de
A solução para I = 1 não convém, pois, neste caso, elétrons através de uma seção transversal qualquer do
∆xa = 1,0m. Observemos que ∆xa > 2,5m. feixe, vale 0,12A.
Para I = 3, temos:
tubo com vácuo
2,0
∆xa = 3 –––– (m) ⇒ ∆xa= 3,0m
2
O comprimento ∆xa é a separação entre as partes (La).

La = ∆xa ⇒ La= 3,0m R=32m

e–
b) Para que o observador B detecte máximos de
intensidade, as ondas provenientes de F1 e F2 que p+
atingem B devem sofrer INTERFERÊNCIA CONS-
d = 1cm
TRUTIVA e para que isso ocorra, a diferença de
percursos entre elas (∆xb) deve ser múltiplo par a) Calcule o número total n de de elétrons contidos na
de meio comprimento de onda. órbita.
λ b) Considere um feixe de pósitrons (p), movendo-se em
∆xb = P –––– (P = 0, 2, 4...) sentido oposto no mesmo tubo em órbita a 1 cm da
2
dos elétrons, tendo velocidade, raio e corrente iguais
A solução para P = 0 não convém, pois, neste caso, F1 as dos elétrons.

estaria superposta a F2. Determine o valor aproximado da força de atração F ,
de origem magnética, entre os dois feixes, em N.
Para P = 2, vem:

2,0 1) Pósitrons são partículas de massa igual à dos


∆xb = 2 –––– (m) ⇒ ∆xb = 2,0m
2 elétrons com carga positiva igual em módulo à
dos elétrons. →
O esquema a seguir ilustra a situação para P = 2. 2) Como R > > d, no cálculo de F , considere que o
y campo produzido por um feixe pode ser
calculado como o de um fio retilíneo.
3) Carga de 1 elétron q = – 1, 6 x 10–19 coulomb.
4) Módulo do vetor indução magnética B, criado a
uma distância r de um fio retilíneo percorrido por
uma corrente i, é: B = 2 x 10–7i/r sendo B em
tesla (T), i em ampère (A) e r em metro (m).

x Resolução
a) A intensidade de corrente elétrica (i) determinada pelo
feixe de elétrons através de uma secção transversal no

CURSO OBJETIVO 9 FUVEST 1998


Q
interior do tubo é dada por: i = –––
∆t
10
Um brinquedo é constituído por um cano (tubo) em forma
Para calcularmos a quantidade de carga Q na órbita
de 3/4 de arco de circunferência, de raio médio R,
circular, devemos observar que o intervalo de tempo ∆t
posicionado num plano vertical, como mostra a figura. O
é igual ao período de movimento das partículas T.
desafio é fazer com que a bola 1, ao ser abandonada de
Assim:
uma certa altura H acima da extremidade B, entre pelo
2πR
V = –––––– cano em A, bata na bola 2 que se encontra parada em B,
T ficando nela grudada, e ambas atinjam juntas a extre-
2π . 32 midade A. As massas das bolas 1 e 2 são M1 e M2,
3 . 108 = ––––––––
T respectivamente. Despreze os efeitos do ar e das forças
de atrito.
64π
T = ––––––– s
3 . 108 bola 1

Q
portanto, i = –––– bola 2
T
Q H
0,12 = –––––– B
64π
–––––––
3 . 108
g
Q = 2,56π . 10–8C
R
Mas, Q = n . e
A
2,56π . 10–8 = n . 1,6 . 10–19

n ≅ 5,0 . 1011

b) Considerando que o campo produzido pelo feixe pode


ser calculado como o de um fio retilíneo, temos o
seguinte esquema:

a) Determine a velocidade v com que as duas bolas


grudadas devem sair da extremidade B do tubo para
atingir a extremidade A.
b) Determine o valor de H para que o desafio seja
vencido.
– Resolução
a) 1) De B para A o tempo de queda é dado por:

A intensidade da força magnética Fmag, na situação, é γy


∆y = V0y t + ––– t2 ( ↓ 
+)
dada por: 2
Fmag = B i l
g 2 2R
i R = ––– t ⇒ tQ = ––––
onde B = 2 . 10–7 –– e l = 2πR 2 Q g
r

0,12 2) Para atingir a extremidade A devem ter:


Assim: Fmag = 2.10–7 . –––––– . 0,12 . 2π . 32 (N)
0,01 ∆x = V t
Fmag ≅ 5,8 . 10–5 N
R=V. 2R g
Respostas: ––– ⇒ V = R –––
g 2R
a) 5,0.1011
b) 5,8.10–5 N

CURSO OBJETIVO 10 FUVEST 1998


Respostas:
V= gR
––– gR
2 a) –––
2

R M2 2
b) 1) Usando a conservação da energia mecânica da bola
1 entre a posição inicial (0) e a posição B temos:
b) –––
4 (1 + ––––
M1 )
EB = E0

(referência em B) COMENTÁRIO DE FÍSICA


Em primeiro lugar, ressaltemos o elevado
M V
2 nível das questões, mesmo considerando que a prova era
1 B
––––––– = M1 g H ⇒ VB = 2gH dirigida para um grupo de alunos específicos: exatas e
2
biológicas.
Em sua maioria, as questões foram literais
2) Usando a conservação da quantidade de movimento
e extremamente trabalhosas, o que dificultou, em muito,
total na colisão entre as bolas (1) e (2) vem:
as resoluções, exigindo do aluno muita concentração. O
Qapós = Qantes enunciado de algumas questões deixou a desejar,
chegando a confundir os dados do próprio enunciado com
(M1 + M2) V = M1VB a figura apresentada (questão 03).

gR
(M1 + M2) ––– = M . 2g H
2 1

( ) M2
1 + –––
M1
gR
. –––– = 2 g H
2

2
R
4 (
M
H = ––– 1 + –––2
M1 )

CURSO OBJETIVO 11 FUVEST 1998


BIOLOGIA
Resolução
01 a) O mofo é um tipo de fungo.
O esquema representa o ciclo de vida da samambaia. A b) Alimentos mofados podem combater infecções por-
letra A representa a célula haplóide que faz a transição da que determinados fungos são capazes de produzir
fase esporofítica para a fase gametofítica; a letra B substâncias antibióticas.
representa a célula diplóide que faz a transição da fase Um exemplo famoso de fungo produtor de antibiótico
gametofítica para a fase esporofítica. é o Penicillium sp, que produz a penicilina.

03
a) Relacione a abertura e o fechamento dos estômatos
com o grau de turgor das células estomáticas.
b) Por que é vantajoso para uma planta manter seus
Fase Fase
estômatos abertos durante o dia e fechados à noite?
Esporofítica Gametofítica Resolução
a) Os movimentos de abertura e fechamento dos estô-
matos dependem da variação de turgor nas células
estomáticas.
Assim, o aumento de turgor (ganho de água) leva à
abertura estomática, e a diminuição de turgor (perda
a) Descreva resumidamente a aparência das plantas que de água) ao fechamento dos estômatos.
representam a fase esporofítica e a fase gametofítica. b) A abertura estomática durante a exposição à luz solar
b) Quais são os nomes das células representadas pelas traz como vantagens:
letras A e B? • Aumento da difusão do CO2 para o interior da planta.
Resolução O dióxido de carbono será utilizado no fenômeno da
a) A fase esporofítica é representada pela própria sa- fotossíntese.
mambaia (esporófito). Esse vegetal é clorofilado, dura- • Aumento da transpiração, acarretando o movimento
douro, diplóide e constituído por raízes, caules e fo- de água e nutrientes minerais através do xilema e,
lhas. As folhas, na época da reprodução, produzem os conseqüentemente, a absorção de água e minerais
soros, onde serão formados os esporos. do solo.
A fase gametofítica é o prótalo, vegetal clorofilado, O fechamento durante a noite, na verdade, não ocorre;
transitório, haplóide e constituído por uma lâmina que melhor seria dizer que existe uma redução no grau de
cresce achatada sobre o solo úmido, ao qual se fixa abertura. Mesmo à noite a planta continua respirando
através de rizóides. e obtendo do meio ambiente o oxigênio necessário
b) A representa o esporo. para a sua respiração. Por esse motivo, não é
B representa o zigoto. vantajoso fechar completamente os estômatos no
período noturno.
02 04
O molho de soja mofado vem sendo usado na China, há
As leveduras podem viver tanto na presença quanto na
mais de 2.500 anos, no combate a infecções de pele. ausência do gás oxigênio.
Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros russos a) Que processos de obtenção de energia as leveduras
das prisões alemãs, que aceitavam comer pão mofado, realizam em cada uma dessas situações?
sofriam menos infecções de pele que os demais b) Em qual das situações a atividade metabólica das
prisioneiros, os quais recusavam esse alimento. leveduras é mais alta? Por quê?
a) O que é mofo? Resolução
b) Por que esses alimentos mofados podem combater as a) As leveduras (exemplo: Saccharomyces cerevisiae)
infecções de pele? são fungos que podem obter energia (ATP) na pre-

CURSO OBJETIVO 1 FUVEST 1998


sença ou na ausência do oxigênio livre. Na presença
desse gás realizam a respiração aeróbia, que pode ser 06
resumida na seguinte equação: Se as usinas elétricas utilizam madeira em lugar de
\ |/ combustíveis fósseis e se novas árvores são plantadas
C6H12O6 + 6O2 + 6H2O → 6CO2 + 12H2O + – e – constantemente para substituir aquelas queimadas
/ |\ nas usinas, não é liberado dióxido de carbono
Na ausência de O2, realizam a respiração anaeróbia ou adicional.
fermentação, que pode ser resumida na seguinte (Folha de S. Paulo, 18/10/97)
equação:
a) O que são combustíveis fósseis? Dê um exemplo.
\ |/ b) Por que a queima da madeira não liberaria dióxido de
C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 + – e –
etanol ou / |\ carbono adicional para a atmosfera, desde que novas
álcool etílico árvores fossem constantemente plantadas?
Resolução
b) A atividade metabólica será mais intensa na respiração a) Combustíveis fósseis são substâncias formadas pela
aeróbia porque é um processo mais complexo. Ele decomposição incompleta de seres vivos. É o caso,
apresenta as seguintes etapas: por exemplo, do petróleo e do carvão.
1º) Glicólise b) Porque as novas árvores plantadas realizariam fotos-
2º) Ciclo de Krebs síntese, absorvendo o dióxido de carbono produzido
3º) Cadeia respiratória ou transportadora de elétrons pela usina durante a combustão da madeira.
Na respiração anaeróbia, ocorre apenas a via glicolítica
e, conseqüentemente, o lucro energético é menor. 07
05 Em uma gravidez gemelar, o par de gêmeos é do sexo
A tabela a seguir reúne algumas características de quatro masculino.
animais não-cordados A, B, C e D. a) Estes gêmeos devem ser monozigóticos ou dizigó-
ticos? Por quê?
Ani- Sistema Sistema Sistema Sistema b) Se um dos gêmeos herdou o alelo dominante A de sua
Hábitat mãe heterozigótica Aa, qual é a probabilidade de que
mal digestivo circulatório respiratório excretor
esse alelo também esteja presente no outro gêmeo?
incom- solenó- aquá- Resolução
A ausente ausente
pleto cito tico a) Estes gêmeos podem ser monozigóticos ou dizigóti-
cos. Gêmeos monozigóticos originam-se a partir de
ausen- ausen- ausente ausente aquá-
B tico um mesmo ovo e, conseqüentemente, possuem o
te te
mesmo sexo.
comple- aberto traqueal túbulo de terres- Gêmeos dizigóticos originam-se a partir de ovos dife-
C Malpighi tre
to rentes. Podem ou não apresentar o mesmo sexo. Dois
óvulos diferentes podem ter sido fecundados por dois
D comple- fechado ausente nefrídrio terres- espermatozóides que apresentaram o cromossomo
to tre
sexual Y e originaram dois indivíduos de sexo mascu-
Quais podem ser, respectivamente, os animais A, B, C e lino.
D?
b) Sendo monozigóticos, a probabilidade do outro gêmeo
Resolução
de ter herdado o gene A é de 100%, porque é pro-
O animal A pode ser uma planária. Ela pertence ao filo veniente do mesmo ovo. Sendo dizigóticos a proba-
dos platielmintos e à classe dos turbelários. bilidade será de 50%, porque a mãe é heterozigótica
O animal B pode ser uma esponja. Ela pertence ao filo (Aa).
dos poríferos ou espongiários.
O animal C pode ser um mosquito. Ele pertence ao filo 08
dos artrópodos e à classe dos insetos. Em uma espécie de planta a forma dos frutos pode ser
O animal D pode ser uma minhoca. Ela pertence ao filo alongada, oval ou redonda. Foram realizados quatro tipos
de cruzamento entre plantas dessa espécie e obtidos os
dos anelídeos e à classe dos oligoquetos.
seguintes resultados:

CURSO OBJETIVO 2 FUVEST 1998


com disfunção de que órgão? Qual é a doença causada
Cruzamento Tipos de planta
Descendência obtida pela deficiência de insulina?
cruzados
Resolução
Fruto longo a) A insulina é um hormônio que aumenta a permeabi-
I x 100% fruto oval lidade da plasmalema, facilitando a entrada de glicose
fruto redondo nas células. O excesso desse hormônio no sangue
ocasiona uma hipoglicemia, induzindo o coma na
Fruto longo jovem.
50% fruto longo: 50%
II x b) A insulina é produzida pelos ribossomos das células β
fruto oval fruto oval das ilhotas de Langerhans do órgão denominado pân-
creas.
Fruto redondo A deficiência de insulina ocasiona a Diabetes
50% fruto redondo:
III x
50% fruto oval mellitus, que se caracteriza pelo excesso de glicose
fruto oval no sangue e, conseqüentemente, também na urina
(glicosúria).
Fruto oval 25% fruto longo: 50%
IV x fruto oval: 25% fruto 10
fruto oval redondo. Mariposas da espécie Biston betularia de cor escura
a) Formule uma hipótese consistente com os resultados (melânicas) eram raras em Manchester, Inglaterra, por
obtidos para explicar a herança da forma dos frutos volta de 1895. Predominavam os espécimes de cor clara,
nessa espécie. que se camuflavam sobre os liquens das cascas das
b) Represente os alelos por letras e indique os genótipos árvores. Em 1950, porém, verificou-se que quase 90%
dos indivíduos parentais e dos descendentes no cruza-
das mariposas eram melânicas nas áreas que se tornaram
mento IV.
industriais, onde a fuligem negra produzida pelas fábricas
Resolução
recobriu o tronco das árvores.
a) Trata-se de um caso típico de herança intermediária ou
a) Explique esse aumento das mariposas melânicas entre
co-dominância, assim caracterizado:
1895 e 1950 com base na seleção natural.
1º) na F1 aparece um caráter intermediário, caracte-
b) Por que é possível afirmar que a coloração dessas
rizado pelo cruzamento I;
mariposas é um caráter determinado geneticamente?
2º) na F2 a proporção típica é 1 : 2 : 1, de acordo com
Resolução
o cruzamento IV.
a) A partir do desenvolvimento industrial, a fuligem que
b) Alelos: L(longo) e R(redondo)
recobriu as cascas das árvores fez com que as mari-
Fenótipos Genótipos posas de coloração escura ficassem camufladas aos
seus predadores, justificando o aumento populacional.
Longo LL b) De acordo com o neodarwinismo ou “teoria sintética”,
as variações são submetidas à ação do meio ambiente
Redondo RR no processo de seleção natural. Essas variações sur-
gem através da recombinação gênica e pelas muta-
Oval LR
ções, ou seja, mudanças no material genético.
Cruzamento IV: LR x LR
L R Comentário
A prova de Biologia foi relativamente fácil,
L LL LR por abordar conceitos fundamentais da matéria. Questões
com enunciados claros, exigindo respostas curtas e
imediatas.
R LR RR

09
Uma jovem que sempre foi saudável chegou a um
hospital em estado de coma. O histórico da paciente
revelou que ela recebera erroneamente injeção de uma
dose excessiva de insulina.
a) Por que a injeção de insulina induziu o coma na jovem?
b) A insulina é normalmente administrada a pacientes

CURSO OBJETIVO 3 FUVEST 1998


Matemática
01
a) Expresse sen 3α em função de sen α.
b) Resolva a inequação sen 3α > 2 sen α para 0 < α < π.

{ P(x) ≡ (x – 1) (x – 2) . Q(x) + ax + b
P(1) = 2
P(2) = 1

Resolução
a) sen (3α) = sen (2α + α) =
⇒ { P(1) = a + b = 2
P(2) = 2a + b = 1
⇒ { a = –1
b=3
= sen 2α . cos α + cos 2α . sen α =
= 2 . sen α . cos2 α + (1 – 2 sen2 α) . sen α = Portanto, o resto da divisão de P(x) por D(x) é
= 2 . sen α . (1 – sen2 α) + sen α – 2 . sen3 α = R(x) = ax + b = –x + 3.

= 2 sen α – 2 . sen3 α + sen α – 2 . sen3 α =


= 3 . sen α – 4 . sen3 α
b) Sendo 0 < α < π, temos sen α > 0 e, portanto:
b)
{
P(x) ≡ (x – 1) (x – 2) . Q(x) – x + 3
P(0) = 8 (pois o termo independente de P é 8)

sen (3α) > 2 . sen α ⇔ 3 . sen α – 4 . sen3 α > 2 . sen α ⇔ ⇒ P(0) = (–1) . (–2) . Q(0) – 0 + 3 ⇒ 8 = 2Q(0) + 3 ⇒
⇔ 4 . sen3 α – sen α < 0 ⇔ 5
⇒ Q(0) = ––
⇔ sen α . (2 . sen α + 1) . (2 . sen α – 1) < 0 2

1 5 .
Portanto, o termo independente de Q(x) é Q(0) = ––
⇔ 2 . sen α – 1 < 0 ⇔ sen α < –– 2
2
Respostas:
π 5π a) –x + 3 5
b) ––
⇔ 0 < α < –– ou –– < α < π 2
6 6
Assim:
03
π 5π
{
V = α ∈ IR | 0 < α < –– ou –– < α < π
6 6 } 500 moedas são distribuídas entre três pessoas A, B e C,
sentadas em círculo, da seguinte maneira: A recebe uma
Respostas: moeda, B duas, C três, A quatro, B cinco, C seis, A sete, e
a) sen (3 α) = 3 . sen α – 4 . sen3 α assim por diante, até não haver mais moedas suficientes
para continuar o processo. A pessoa seguinte, então,
π 5π
{
b) V = α ∈ IR | 0 < α < –– ou –– < α < π
6 6 } receberá as moedas restantes.
a) Quantas foram as moedas restantes e quem as
recebeu? (Deixe explícito como você obteve a
02 resposta.)
P(x) é um polinômio de grau ≥ 2 e tal que P(1) = 2 e b) Quantas moedas recebeu cada uma das três pessoas?
P(2) = 1. Sejam D(x) = (x – 2) (x – 1) e Q(x) o quociente da Resolução
divisão de P(x) por D(x). 1) Até não haver moedas suficientes para continuar o pro-
a) Determine o resto da divisão de P(x) por D(x). (1 + n) . n
cesso, A, B e C recebem 1 + 2 + 3 + 4 + ... + n = ––––––––– .
b) Sabendo que o termo independente de P(x) é igual a 8, 2
determine o termo independente de Q(x).
Resolução (1 + n) . n
2) O maior inteiro n que satisfaz ––––––––– ≤ 500 é n = 31,
a) De acordo com o enunciado, temos: 2

{ |
P(x) (x – 1) (x – 2) e a soma das moedas é
–––––––––––––
ax + b | Q(x)
P(1) = 2 ⇒ (1 + 31) . 31
1 + 2 + 3 + 4 + ... + 31 = ––––––––––– = 496.
P(2) = 1 2

CURSO OBJETIVO 2 FUVEST 1998


3) As moedas foram distribuídas entre as pessoas A, B e
x 2
C da seguinte maneira: x – 1 > 0 e 1 – –––––– > 0
2
A 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31
x 2
B 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 4 Assim: x > 1 e ––––– < 1 ⇔ x > 1 e x < 2 ⇔
2
C 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
⇔ 1<x< 2
(1 + 31) . 11
4) A recebeu 1 + 4 + 7 + ... + 31 = ––––––––––– = 176
2 b)
moedas.
5) B recebeu 2 + 5 + 8 + ... + 29 + 4 =
(2 + 29) . 10
= ––––––––––– + 4 = 159 moedas.
2

(3 + 30) . 10 =
6) C recebeu 3 + 6 + 9 + ... + 30 = –––––––––––
2
= 165 moedas.
Respostas: Para que a circunferência intercepte os lados do ângulo
a) B recebeu as 4 moedas restantes. reto em exatamente dois pontos, deve-se ter:
b) A recebeu 176, B recebeu 159 e C recebeu 165
x 2 x 2
moedas. (1 – x > 0 e ––––– ≥ 0) ou ––––– = 1 ⇔ (x < 1 e x ≥ 0)
2 2

04 ou x = 2 ⇔ 0 ≤ x < 1 ou x = 2
Considere um ângulo reto de vértice V e a bissetriz desse
ângulo. Uma circunferência de raio 1 tem o seu centro C Observação:
nessa bissetriz e VC = x. 1) Para x = 1, a circunferência intercepta os lados do
a) Para que valores de x a circunferência intercepta os ângulo reto em exatamente três pontos, um dos quais
lados do ângulo em exatamente 4 pontos? é o próprio vértice V do ângulo reto.
b) Para que valores de x a circunferência intercepta os
lados do ângulo em exatamente 2 pontos?
Resolução

2) Para x > 2 , a circunferência não intercepta os lados


do ângulo reto.

Respostas:

a) Para que a circunferência intercepte os lados do ângulo a) 1 < x < 2


reto em exatamente quatro pontos, deve-se ter, simul-
taneamente: b) 0 ≤ x < 1 ou x = 2

CURSO OBJETIVO 3 FUVEST 1998


II) ∆BDC ~ ∆NDJ pelo critério (LAL~) e a razão de
05 semelhança é 2 : 1.
No quadrilátero ABCD, temos AD = BC = 2 e o prolon-
gamento desses lados forma um ângulo de 60°. Assim:

BC 2
JN = –––– ⇔ JN = ––– ⇔ JN = 1
2 2

c) De acordo com as semelhanças do item (b), temos:


–– –– –– ––
JM // AD e JN // BC e, portanto,
^ ^
A EB = M J N = 60°.

^ ^ ^ ^ A solução apresentada decorre da figura sugerida no


a) Indicando por A, B, C e D, respectivamente, as
enunciado.
medidas dos ângulos internos do quadrilátero de A frase “o prolongamento desses lados forma um ângulo
^ ^ ^ ^ de 60°” permite uma outra possibilidade, a seguir
vértices A, B, C e D, calcule A + B e C + D.
— — apresentada:
b) Sejam J o ponto médio de DC, M o ponto médio de AC

e N o ponto médio de BD . Calcule JM e JN.
^
c) Calcule a medida do ângulo MJ N.
Resolução

Para esta situação, as respostas, obtidas de maneira


análoga, são:
^ ^ ^ ^
A + B = 60° e C + D = 300°

JM = JN = 1
^
MJN = 120°
Respostas:
^ ^ ^ ^
a) A + B = 120° e C + D = 240°
b) JM = JN = 1
Seja E o ponto de intersecção do prolongamento dos ^
–– –– c) MJN = 60°
lados AD e BC.
ou
a) I) No triângulo ABE temos:
^ ^ ^ ^
^ ^ ^ ^ a) A + B = 60° e C + D = 300°
A + B + 60° = 180° ⇔ A + B = 120°
II) No triângulo DCE temos: b) JM = JN = 1
^ ^ ^ ^ ^
D + C + 120° = 360° ⇔ D + C = 240° c) MJN = 120°
––
b) Como J é o ponto médio de DC, M é o ponto médio de
–– ––
AC e N é o ponto médio de BD, temos: 06
I) ∆DCA ~ ∆JCM pelo critério (LAL~) e a razão de Numa classe com vinte alunos as notas do exame final
semelhança é 2 : 1. podiam variar de 0 a 100 e a nota mínima para aprovação era
Assim: 70. Realizado o exame, verificou-se que oito alunos foram
reprovados. A média aritmética das notas desses oito
AD 2
JM = –––– ⇔ JM = ––– ⇔ JM = 1 alunos foi 65, enquanto que a média dos aprovados foi 77.
2 2 Após a divulgação dos resultados, o professor verificou

CURSO OBJETIVO 4 FUVEST 1998


que uma questão havia sido mal formulada e decidiu
y
atribuir 5 pontos a mais para todos os alunos. Com essa
decisão, a média dos aprovados passou a ser 80 e a dos D

reprovados 68,8. C
a) Calcule a média aritmética das notas da classe toda
antes da atribuição dos cinco pontos extras. M
b) Com a atribuição dos cinco pontos extras, quantos 2

alunos, inicialmente reprovados, atingiram nota para


1 x
aprovação? A(– 3; –1)
Resolução
B
Se r1, r2, … , r8 são as notas dos alunos inicialmente re-
provados, e a1, a2, … , a12 são as notas dos alunos
inicialmente aprovados, então: –––
1) O ponto M é ponto médio da diagonal AC.

{
r1 + r2 + … + r8 –3 + xC
1) –––––––––––––––––– = 65 ⇒ r1 + r2 + … + r8 = 520 –––––––– =1 ⇔ xC = 5
8 2

a1 + a2 + … + a12 –1 + yC
2) –––––––––––––––––– = 77 ⇒ a1 + a2 + … + a12 = 924 –––––––– =2 ⇔ yC = 5 , então C (5; 5).
12 2

r1 + r2 + … + r8 + a1 + a2 + … + a12 520 + 924


3) –––––––––––––––––––––––––––––– = –––––––––– = 72,2 2) A equação da circunferência é (x – 1)2 + (y – 2)2 = 25,
20 20
pois r = dAM = (1 + 3)2 + (2 + 1)2 = 5.
Ao atribuir 5 pontos a mais a todos os alunos, a média
aritmética aumenta 5 pontos, e se R1, R2, … , Rn são as ––– ––
3) A diagonal BD do quadrado pertence à mediatriz de AC.
notas dos alunos reprovados, e A1, A2, … , A20 – n são as 5+1 3 –4
notas dos alunos aprovados, então: a) mAC = ––––––– = ––– ⇒ mBD = ––– ,
5+3 4 3
R1 + R2 + … + Rn ––– ––
4) –––––––––––––––––– = 68,8 ⇒ R1 + R2 +…+ Rn = 68,8 . n pois BD ⊥ AC
n

b) Equação da reta BD.
A1 + A2 + … + A20 – n
5) ––––––––––––––––– –– = 80 ⇒ A1 + A2 + … + A20 – n = 80(20 – n)
20 – n –4
y – 2 = ––– . (x – 1) ⇔ 4x + 3y – 10 = 0
3
R1 + R2 + … + Rn + A1 + A2 + … + A20 – n
6) –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– = 4) Os vértices B e D são as intersecções entre a circunfe-
20 ↔
rência e a reta BD, assim:
68,8 . n + 80(20 – n)
(x – 1)2 + (y – 2)2 = 25
= –––––––––––––––––––– = 72,2 + 5 ⇔ n = 5
20
{ 4x + 3y – 10 = 0
⇔ { x=4ey=–2
ou
x=–2ey=6
Logo, dos 8 alunos inicialmente reprovados, 5 continuam
portanto, as coordenadas dos pontos B e D são (4; –2)
reprovados, ou seja, 3 atingiram nota para aprovação.
e (–2; 6).
Respostas:
Resposta:
a) 72,2 b) 3
Os outros vértices do quadrado são (4; – 2), (5; 5) e (–2; 6).

07 08
Um quadrado está inscrito numa circunferência de centro Num torneio de tênis, no qual todas as partidas são
(1, 2). Um dos vértices do quadrado é o ponto (– 3, – 1). eliminatórias, estão inscritos 8 jogadores. Para definir a
Determine os outros três vértices do quadrado. primeira rodada do torneio realiza-se um sorteio casual
Resolução que divide os 8 jogadores em 4 grupos de 2 jogadores
Sendo M (1; 2) o centro da circunferência, e o ponto cada um.
A (–3; –1) um dos vértices do quadrado, temos: a) De quantas maneiras diferentes pode ser constituída a
tabela de jogos da primeira rodada?
b) No torneio estão inscritos quatro amigos A, B, C e D.

CURSO OBJETIVO 5 FUVEST 1998


Nenhum deles gostaria de enfrentar um dos outros
logo na primeira rodada do torneio. Qual é a proba- 09
bilidade de que esse desejo seja satisfeito? –– ––
No cubo de aresta 1, considere as arestas AC e BD e o
c) Sabendo que pelo menos um dos jogos da primeira ––
ponto médio, M, de AC .
rodada envolve 2 dos 4 amigos, qual é a probabilidade ^
a) Determine o cosseno do ângulo BAD.
condicional de que A e B se enfrentem na primeira ^
rodada? b) Determine o cosseno do ângulo BM D.
^ ^
Resolução c) Qual dos ângulos, BA D ou BM D, é o maior? Justifique.
a) Para definir o primeiro jogo da primeira rodada,
escolhe-se, casualmente, um jogador que poderá jogar
com qualquer um dos sete jogadores restantes.
Para definir o segundo jogo da primeira rodada, esco-
lhe-se, entre os seis jogadores que sobraram, um joga-
dor que poderá jogar com qualquer um dos cinco joga-
dores restantes.
Para definir o terceiro jogo da primeira rodada, esco- Resolução
lhe-se, entre os quatro jogadores que sobraram, um
jogador que poderá jogar com qualquer um dos três
jogadores restantes.
O quarto jogo da primeira rodada pode ser definido de
uma só forma.
Assim, o número de maneiras diferentes de se
constituir a tabela de jogos da primeira rodada é
7 . 5 . 3 . 1 = 105.
b) Como nenhum dos amigos A, B, C e D gostaria de se
enfrentar na primeira rodada, então:
– o amigo A pode escolher seu adversário de 4 formas
diferentes; O triângulo ABD é retângulo em B, e tal que:
– o amigo B pode escolher seu adversário de 3 formas BD = a = 1
diferentes;
– o amigo C pode escolher seu adversário de 2 formas AB = a 2 = 2
diferentes e;
AD = a 3 = 3.
– o amigo D só tem 1 forma de escolher seu adver-
sário. ^ AB 2 6
Assim, existem 4 . 3 . 2 . 1 = 24 formas dos quatro Portanto: cos BAD = ––– = –––– = –––– .
AD 3 3
amigos não se enfrentarem na primeira rodada do
torneio, e a probabilidade de que isso ocorra é –––
24 8 b) Sendo M o ponto médio de AC e N o ponto médio de
–––
–––– = –––– . BD,
105 35
c) Das 105 maneiras diferentes de compor a primeira
rodada, 81 (105 – 24) delas têm pelo menos um dos
jogos envolvendo dois dos quatro amigos. A e B se
enfrentam na primeira rodada em 5 . 3 . 1 = 15 destas
maneiras.
Assim, a probabilidade condicional de que A e B se en-
frentem na primeira rodada, sabendo que pelo menos
um dos jogos envolve dois dos quatro amigos, é:
15 5
––––– = ––––––
81 27
Respostas:
8 5
a) 105 b) –––– c) –––
35 27

CURSO OBJETIVO 6 FUVEST 1998


tem-se que os triângulos MNB e MND são congruentes e 2º) com centro no ponto P e mesmo raio do arco C1, tra-
retângulos em N. çamos o arco C2, que intercepta o arco C1 no ponto Q;
No triângulo MNB, temos: →
3º) a semi-reta AQ intercepta a reta s no ponto B;
2 ––
MN =
1
2 , NB = –– e MB =
2
( 2) +
2
( )
1
––
2
3
= ––
2
4º) com centro em A e raio AB, traçamos o arco C3, que
intercepta a reta r no ponto C.

^ MN 2 2 2 Justificação das construções:


Assim, cos BMN = cos θ = –––– = –––– = –––––
MB 3 3 1º) como C1 e C2 têm mesmo raio, o triângulo PAQ é
–– ^
2 eqüilátero e, portanto, PAQ = 60°;
––
2º) como C3 tem centro A e raio AB , temos:

( )
2
^ 2 2 7
e cos BMD = cos (2θ) = 2.cos2 θ – 1 = 2 . ––––– – 1 = –– . –– ––
3 9 AB ≅ AC e, portanto, o triângulo ABC é eqüilátero,
–– –– ^ ^
c) Como pois AB ≅ AC e CAB = PAQ = 60°.

{
Observação:
^ 6 54
cos BA D = ––––– = ––––– Existe uma segunda solução, com o ponto C’ à direita do
3 9 ponto A, como mostra a figura a seguir.
^ 7 49 C3’
cos BMD = –– = –––––
9 9 C1’

r A’ P’ C’
tem-se:
^ ^ ^ ^
cos BA D > cos BMD ⇒ BA D < BMD, pois a função cos-
Q’
seno é decrescente para ângulos agudos. C2’
s
10 B’

a) Dadas as retas paralelas r e s e um ponto A em r,


construa um triângulo eqüilátero com um vértice em A,
outro vértice em r e o terceiro vértice em s.

COMENTÁRIO
• Com quatro questões de Álgebra, duas de Geo-
metria, uma de Trigonometria, uma de Geometria Ana-
lítica, uma de Geometria e Trigonometria e uma de Geo-
metria e Geometria Analítica, a Fuvest apresentou uma
b) Descreva e justifique as construções feitas. prova de matemática muito bem organizada. A abran-
Resolução gência do conteúdo programático especificado no Manual
do Candidato não ficou prejudicada se considerarmos o
a) C3
C1
que foi exigido na primeira fase. O conjunto das questões
mesclou perguntas clássicas com perguntas criativas.
r C P A Além disso, ao dispor as questões mais difíceis em forma
de itens, a Fuvest certamente conseguiu elaborar uma
prova que selecionará os candidatos mais bem prepa-
C2 Q
rados.

s
B

b) Descrição das construções:


1º) com centro no ponto A e raio qualquer, traçamos o
arco C1, que intercepta a reta r no ponto P;

CURSO OBJETIVO 7 FUVEST 1998


Português
a) Baseando-se nesta definição de Roland Barthes,
01 transcreva o trecho do texto I em que houve balbucio.
Segundo a ONU, os subsídios dos ricos prejudicam o b) Nota-se que o entrevistado repetiu duas vezes a palavra
Terceiro Mundo de várias formas: 1. mantêm baixos “Temos”, cada vez com um complemento diferente.
os preços internacionais, desvalorizando as Explique a relação semântica que o contexto lingüístico
exportações dos países pobres; 2. excluem os pobres (os dois períodos em seqüência) permite estabelecer
de vender para os mercados ricos; 3. expõem os entre os dois complementos utilizados.
produtores pobres à concorrência de produtos mais Resolução
baratos em seus próprios países. a) Ocorre “balbucio”, na acepção que lhe dá Roland
(Folha de S. Paulo, 02/11/97, E-12) Barthes, em: “Não o MST, a política de assentamento,
Neste texto, as palavras sublinhadas rico e pobre de pequena economia familiar.”
pertencem a diferentes classes de palavras, conforme o b) Os dois complementos utilizados são “saídas” e “um
grupo sintático em que estão inseridas. setor agrícola imenso”. A relação semântica que se
a) Obedecendo à ordem em que aparecem no texto, estabelece entre eles é que o “setor agrícola” serve
identifique a classe a que pertencem, em cada de exemplificação, como uma das várias “saídas” que
ocorrência sublinhada, as palavras rico e pobre. o presidente julga haver para o Brasil.
b) Escreva duas frases com a palavra brasileiro,
empregando-a cada vez em uma dessas classes. 03
Resolução
a) Ricos é substantivo em “... ricos prejudicam”; Ele voltou – e veio bravo. El Niño, a inversão térmica
pobres é adjetivo em “países pobres”; pobres é que esquenta parte das águas do Oceano Pacífico e
substantivo em “os pobres”; ricos é adjetivo em muda o clima de quase todo o planeta, atingiu na
“mercados ricos”. semana passada a temperatura mais alta desde os
b) Há inúmeras possibilidades de construção de frases. O anos 80.
importante é que a palavra seja usada ora como (Veja, 27/08/97, p.42)
substantivo, ora como adjetivo. a) Observe que o texto começa com o pronome “ele” e
Exemplos: só depois designa o fenômeno a que esse pronome se
O brasileiro admira muito futebol. (substantivo) refere. Explique o efeito que o texto procura produzir no
O futebol brasileiro revela, constantemente, grandes leitor, ao empregar tal recurso.
jogadores. (adjetivo) b) Reescreva o trecho, mantendo os períodos na ordem
apresentada e fazendo apenas as adaptações neces-
sárias para que a expressão “El Niño” seja enunciada
02 anteriormente ao pronome.
I. Temos saídas. Temos, por exemplo, um setor Resolução
agrícola imenso. Nesse sentido, o MST tem razão. a) Os efeitos decorrentes do adiamento da referência
Não o MST, a política de assentamento, de pequena pronominal, no início do texto, são: personificação,
economia familiar. suspensão e surpresa. A personificação (ou suges-
(Presidente Fernando Henrique Cardoso, tão de prosopopéia) deve-se a que o leitor é levado a
em entrevista concedida à revista imaginar que o pronome se refira a uma pessoa ou, no
“Veja”, 10/09/97, p.25) mínimo, a um ser animado, pois lhe são atribuídos os
II. Ao falar, não posso usar borracha, apagar, anular; predicados “voltou” e “bravo”. A identificação, no
tudo que posso fazer é dizer “anulo, apago, entanto, fica suspensa até o segundo período, quando
retifico”, ou seja, falar mais. Essa singularíssima ocorre a surpresa: trata-se, não de uma pessoa ou ser
anulação por acréscimo, eu a chamarei de animado, mas de um fenômeno da natureza.
“balbucio”. b) El Niño voltou — e veio bravo. Ele — a inversão
(Roland Barthes) térmica que esquenta parte das águas do Oceano
Pacífico e muda o clima de quase todo o planeta —

CURSO OBJETIVO 1 FUVEST 1998


atingiu na semana passada a temperatura mais alta b) As formas verbais do perfeito (“concluiu-se”,
desde os anos 80. “apareceram”, “ficou”) indicam ações concluídas, ou
seja, ações que terminaram antes do momento pre-
sente, que é o momento da enunciação, como se no-
04 tou no item a.
Tentei rir, para mostrar que não tinha nada. Nem por
isso permitiu adiar a confidência, pegou em mim,
levou-me ao quarto dela, acendeu vela, e ordenou-me 06
que lhe dissesse tudo. Então eu perguntei-lhe, para Auriverde pendão de minha terra,
principiar, quando é que ia para o seminário. Que a brisa do Brasil beija e balança,
– Agora só para o ano, depois das férias. Estandarte que a luz do sol encerra
(Machado de Assis, Dom Casmurro) E as promessas divinas da esperança...
Neste excerto, que narra um fato ocorrido entre Bentinho Tu, que da liberdade após a guerra,
e sua mãe, observa-se o emprego do discurso direto e do Foste hasteado dos heróis na lança,
discurso indireto. Antes te houvessem roto na batalha,
a) Transcreva os trechos em que é empregado o discurso Que servires a um povo de mortalha!...
indireto. (Castro Alves)
b) Transponha esses trechos para o discurso direto, a) Reescreva o quinto e o sexto versos, colocando os
efetuando as necessárias adaptações. termos em ordem direta.
Resolução b) Justifique o uso do pronome pessoal “tu”, levando em
a) O discurso indireto aparece nas passagens: “que lhe conta seus referentes.
dissesse tudo”; “quando é que ia para o seminário”. Resolução
b) Esses trechos, transpostos para o discurso direto, a) Tu, que foste hasteado na lança dos heróis após a
adquirem a seguinte forma: guerra da liberdade.
“… e ordenou-me: b) O pronome tu, nesses versos de Castro Alves, refere-
– Diga-me tudo.” se ao “auriverde pendão”, ao “estandarte”, ou seja, à
“Então eu perguntei-lhe, para principiar: bandeira do Brasil. Trata-se de uma apóstrofe (figura
– Quando é que vou para o seminário?” freqüente neste poeta), na qual a bandeira, tratada co-
As orações que constituem o discurso direto poderiam mo interlocutora do eu-lírico, é personificada. O em-
vir entre aspas, tirando-se o travessão. prego do pronome tu, além da personificação, sugere
proximidade afetiva.

05
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não 07
preciso descrevê-la. As partes principais apareceram A personagem José Dias, de Dom Casmurro, é
ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode apresentada como um agregado.
interessar aos arquitetos, homens que provavelmente a) Defina a condição social dessa personagem, situando-a
não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. no meio em que vive.
(Graciliano Ramos, São Bernardo) b) Indique duas características da mesma personagem
No excerto, observa-se o emprego de diferentes tempos que se devam a essa sua condição social, explicando-
verbais, todos pertencentes ao modo indicativo. as sucintamente.
a) Justifique o emprego das formas do presente. Resolução
b) Justifique o emprego das formas do perfeito, a) O agregado era, na estrutura social brasileira do
relacionando-as com as formas do presente. Segundo Reinado, o homem “livre”, colocado entre os
Resolução escravos e as classes mandantes, das quais dependia
a) As formas do presente do indicativo (“julgo”, “não diretamente, em troca de pequenos serviços que o
preciso descrevê-la”, “é”, “pode interessar”) referem- tornavam útil e muitas vezes necessário no seio das
se ao momento da enunciação, isto é, ao momento famílias abastadas. Essa condição de dependência
em que o texto está sendo escrito, sem embargo de obriga o agregado a um comportamento ajustável às
uma dessas formas poder ser interpretada, também, situações, necessidades e opiniões da família à qual
em sentido atemporal, indicando uma verdade geral serve. Daí decorre a subserviência e o caráter
(“o resto… apenas pode interessar aos arquitetos”). camaleônico de José Dias, homem que “… não

CURSO OBJETIVO 2 FUVEST 1998


abusava, e sabia opinar obedecendo” e “Tinha o b) Os sentimentos dos dois narradores por suas esposas
dom de se fazer aceito e necessário; dava-se por — sentimentos de amor e ódio — decorrem, em gran-
falta dele, como de pessoa da família”. de medida, das relações de dominação que se esta-
b) Agregado à família pelo pai de Bentinho, José Dias belecem entre homens ricos e mulheres de condição
manteve sua situação quando, falecido o patriarca, sua social inferior (Capitu) ou carentes de recursos (Mada-
viúva, D. Glória, assumiu os negócios familiares. A lena). O amor que aproxima essas personagens conver-
dependência econômica agudizou o traço de subser- te-se em seu oposto em razão de as mulheres não se
viência do agregado, primeiramente face a Dona Gló- submeterem à dominação dos maridos — dominação
ria e, mais tarde, a “sinhozinho” Bento Albuquerque que eles julgam legítima, dada sua superioridade social.
Santiago, quando os projetos de vida do filho, apaixo-
nado por Capitu, discrepam do destino eclesiástico 09
que sua mãe já lhe havia imposto, desde o nascimen-
a) Designe as principais personagens negras que apa-
to. As “démarches” para contornar a promessa de
recem em 1. Fogo Morto, 2. São Bernardo e 3. “Cam-
Dona Glória e tirar Bentinho do seminário são um
po Geral”, indicando-lhes sucintamente as caracterís-
exemplo da atuação ambígua e habilidosa de José
ticas mais marcantes.
Dias: confidente e conselheiro, ele joga o tempo todo,
b) Compare brevemente o modo pelo qual os negros são
dissimula e controla a todos, para cada um tem uma
representados no conjunto dessas narrativas, de um
forma de tratamento. É uma síntese entre o homem
lado, e em Dom Casmurro, de outro.
cheio de ambições e ao mesmo tempo acomodado,
Resolução
“mau-caráter” e amável, exemplo acabado de um
a) Em Fogo Morto devem ser mencionados:
“malandro”, numa sociedade moralista, beata e
• José Passarinho, cantador, dado à bebida, inocente,
hierarquizada, na qual até os malandros submetem-se
de bom coração, representa o folclore nordestino, os
às normas, especialmente as de etiqueta.
repentistas, cantadores dos ABCs. Seu apelido
A intenção de “impressionar” leva o ex-médico ho-
“Passarinho” é uma alusão a suas habilidades.
meopata José Dias a valer-se de uma retórica exage-
• Floripes, “negro do catimbó” é o “místico” que se
rada, de um discurso redundante, recheado de clichês,
vale dos ritos africanos e do imaginário religioso do
lugares-comuns, adjetivos e advérbios inexpressivos;
povo como instrumentos de influência junto ao cel. Lu-
o “homem dos superlativos”, cuja expressão verbal
la, decadente, inadaptado e vulnerável a uma postura
anacrônica e caricata estabelece uma perfeita ho-
mística, ditada pelo desespero.
mologia com o imobilismo de sua condição social.
Podem-se mencionar ainda o negro Macário, que, a
despeito da Abolição, continua como boleeiro do
08 engenho Santa Fé, o Pedro Boleeiro, a quem cabe
conduzir o cabriolé do Cel. Lula, signo de sua
a) Os narradores-personagens de Dom Casmurro e de
superioridade social e o preto Domingos que,
São Bernardo assumem, ou não, alguma responsa-
resgatando a herança dos antigos quilombolas, foge à
bilidade pelos fatos que lhes sucederam? Compare-os
suserania dos senhores.
sucintamente sob esse aspecto.
Em São Bernardo, a preta Margarida é a mulher
b) Explique brevemente a relação entre o fato de ambos
miserável que criou Paulo Honório, abandonado pelos
serem homens ricos e os sentimentos que vieram a
pais ainda na primeira infância. Um dos poucos
desenvolver por suas respectivas esposas.
referenciais da afetividade embotada do dono da
Resolução
fazenda São Bernardo, a velha cozinheira mais tarde,
a) Bentinho, em Dom Casmurro, parece não atribuir a si
será objeto da gratidão do “filho”, que a localiza e
mesmo nenhuma responsabilidade por seu drama: o
recolhe na fazenda.
mal que lhe sucedeu seria, em seu entendimento,
Em Campo Geral são mencionadas:
decorrente da transgressão da esposa. Tal transgres-
Mãitina, preta velha, presumivelmente ex-escrava,
são, para ele, é inteiramente da responsabilidade dela,
que, às vezes, quando bebia, relembrava rezas ou ritos
Capitu.
primitivos, em língua estranha, presumivelmente
Paulo Honório, em São Bernardo, parece ter
africana e que se associa fortemente a Miguilim, no
consciência de alguma responsabilidade na cadeia de
episódio da morte do irmão Dito.
acontecimentos que culminou no suicídio de Madalena,
• Maria Pretinha, agregada à propriedade de Nhô
mas tal consciência é nebulosa, pois ele não chega a
Bero, acaba fugindo com o vaqueiro Jé.
qualquer compreensão das razões do ocorrido.
b) Em D. Casmurro, cuja ação é anterior à Abolição, o

CURSO OBJETIVO 3 FUVEST 1998


negro é reduzido à condição de escravo doméstico ou a) Que momento característico é esse? Defina-o,
trabalhador no eito. explicando sucintamente.
O narrador menciona ainda que o aluguel de alguns b) Aponte, no trecho, expressões e recursos de cons-
escravos era fonte substancial dos rendimentos de trução textual que configurem esse momento narrativo,
sua família. explicando brevemente.
Em qualquer dessas situações é sempre escravo e Resolução
sempre anônimo. a) Há nesse fragmento aquilo que a crítica chama
Fogo Morto, São Bernardo e Campo Geral fulguração do instante, alumbramento, revelação
envolvem condições mais diversificadas, mas sempre epifânica. São momentos “mágicos”, sublimes e
subalternas, em maior ou menor escala. Nos três ro- efêmeros do cotidiano, captados pela sensibilidade do
mances os negros tem uma participação mais indivi- cronista, numa linguagem coloquial.
dualizada, são nominalmente identificados e algumas Conforme afirma Davi Arrigucci, no prefácio de Os
dessas personagens, como José Passarinho, Floripes Melhores Contos de Rubem Braga, neste cronista “a
e Mãitina são razoavelmente desenvolvidos. Não há, fulguração do instante é breve e fugidia: um mostrar-se
contudo, nenhuma personagem negra que refuja aos repentino e rápido daquilo que logo se esvai no
estereótipos comuns: cantadores, bêbados e macum- esquecimento. Por isso, há sempre realmente alguma
beiros. coisa de vão no gesto que busca fixá-la, como o
cronista, movido pela iluminação de um momento, mas
imobilizado na atitude de sombras passageiras”.
10 b) O “momento narrativo” em questão configura-se, no
Foi apenas um instante antes de se abrir um sinal texto, nas seguintes passagens: “Foi apenas um
numa esquina, dentro de um grande carro negro, uma instante”; “uma figura de mulher que nesse instante
figura de mulher que nesse instante me fitou e sorriu me fitou e sorriu com seus grandes olhos de azul
com seus grandes olhos de azul límpido e a boca fres- límpido e a boca fresca e viva”; ... “e se perdeu, a um
ca e viva; que depois ainda moveu de leve os lábios arranco do carro, na confusão do tráfego”.
como se fosse dizer alguma coisa – e se perdeu, a um A reiteração do termo instante ou equivalente (“a um
arranco do carro, na confusão do tráfego da rua arranco do carro”) revela a efemeridade do
estreita e rápida. Mas foi como se, preso na penumbra deslumbramento. Além disso, a oposição do penúltimo
da mesma cela eternamente, eu visse uma parede se período (“preso na penumbra” x “visse uma parede
abrir sobre uma paisagem úmida e brilhante de todos se abrir sobre uma paisagem úmida e brilhante de
os sonhos de luz. Com vento agitando árvores e todos os sonhos de luz”) corrobora o conflito entre o
derrubando flores, e o mar cantando ao sol. cotidiano monótono e persistente e o êxtase fugidio.
(Rubem Braga) Deve-se lamentar a redação um tanto imprecisa da
Este trecho que finaliza o texto “Visão”, de Rubem Braga, pergunta e a ausência da vírgula após a primeira
apresenta de modo flagrante um momento muito ocorrência da palavra trecho.
característico da prosa desse autor.

Redação
A partir da leitura dos textos abaixo, redija uma usurpador que se assenhoreia do governo dos nossos
DISSERTAÇÃO em prosa, discutindo as idéias neles nervos, da direção do nosso querer; que é esse
contidas. estranho espírito, esse espírito invasor que faz as
vezes de nosso espírito, e que de fora, a nossa alma,
(…) o inferno são os Outros. mísera exilada, contempla inerte a tirania violenta
(Jean-Paul Sartre) dessa alma, outrem, que manda nos seus domínios,
(…) padecer a convicção de que, na estreiteza das que rege as intenções, as resoluções e os atos muito
relações da vida, a alma alheia comprime-nos, diferentemente do que fizera ela própria (…)
penetra-nos, suprime a nossa, e existe dentro de nós, (Raul Pompéia)
como uma consciência imposta, um demônio
— “Os outros têm uma espécie de cachorro farejador,
CURSO OBJETIVO 4 FUVEST 1998
dentro de cada um, eles mesmos não sabem. Isso A percepcão dessas visões divergentes deveria ter levado
feito um cachorro, que eles têm dentro deles, é que o candidato a adotar um posicionamento a respeito da
fareja, todo o tempo, se a gente por dentro da gente questão. Haveria, nesse caso, três possíveis caminhos: o
está mole, está sujo ou está ruim, ou errado… As primeiro consistiria em defender a tese de Sartre,
pessoas, mesmas, não sabem. Mas, então, elas ficam Pompéia e Guimarães Rosa, a saber, as relações humanas
assim com uma precisão de judiar com a gente…” são pautadas pela inconveniência da influência infernal
(João Guimarães Rosa) dos outros; para o segundo, a beleza da vida reside na
(…) convivência com o outro, que, por enriquecedora,
experimentar contribui para humanizar e alegrar o homem; no terceiro,
colonizar seria possível defender a conciliação das duas idéias: os
civilizar outros, ora são nosso inferno, ora nosso paraíso; ora nos
humanizar alienam de nós mesmos, ora nos sustentam na
o homem estruturação de nossa identidade.
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver. COMENTÁRIO E GRÁFICO DE PORTUGUÊS
(Carlos Drummond de Andrade)
Há um certo desnível ou heterogeneidade nesta prova
O filósofo e psicólogo William James chamou a da FUVEST: ao lado de questões claras, simples e bem
atenção para o grau em que nossa identidade é formuladas, há questões em que ou não é bem claro, ou
formada por outras pessoas: são os outros que nos é muito complexo o que se exige do candidato.
permitem desenvolver um sentimentos de identidade, Encontram-se esses defeitos nas questões 5, 8, 9 e 10.
e as pessoas com as quais nos sentimos mais à Na questão 5, não se define claramente, no quesito b, o
vontade são aquelas que nos “devolvem” uma que se quer ao pedir que se relacionem as formas do
imagem adequada de nós mesmos (…) perfeito com as do presente. Na questão 8, a vaga
(Alain de Botton) expressão “alguma responsabilidade” abre-se a várias
possibilidades de entendimento. A questão 9 pede como
COMENTÁRIO DA REDAÇÃO resposta um pequeno tratado, fundado num vasto registro
de memória. A questão 10, além do erro de português
Como em exames anteriores, a FUVEST solicitou do consistente na falta de vírgula depois da primeira
candidato a produção de um texto dissertativo sobre tema ocorrência da palavra “trecho”, utiliza de forma arbitrária a
a ser depreendido da leitura de cinco textos, apresentados palavra “momento”, que não é termo crítico e que, tal
como base para uma discussão. como aparece nas perguntas, causa confusão e mesmo
Dispondo os textos em duas colunas, a Banca Exa- perplexidade. Outro problema desta prova é a excessiva
minadora induziu o candidato a observar a contraposição dependência relativamente a certos críticos: as questões
de conteúdos: de um lado, três fragmentos: o do filósofo 7 e 8 saem das páginas de Roberto Schwarz (cujas
Jean-Paul Sartre (“O inferno são os outros.”), seguido de análises de Machado de Assis não são acessíveis a estu-
dois trechos, de Raul Pompéia e Guimarães Rosa, que dantes secundaristas), assim como a questão 10 deriva
reafirmam a visão sartriana, de que os “outros” — inteiramente de trabalho do crítico Davi Arrigucci Jr.
referidos nos textos como “consciência imposta”,
“espírito invasor”, “cão farejador” — atuam sobre nós
como agentes de opressão, que regem nossas intenções,
obrigando-nos a agir de modo contrário à nossa real
vontade, com uma “precisão de judiar com a gente”.
Do lado oposto, os dois fragmentos transcritos (o
primeiro, de Drummond; o segundo, de Alain de Botton)
apresentam uma visão absolutamente positiva das
relações humanas: ao explorar suas “entranhas”, o
homem descobriria, em vez da “alma mísera exilada”, a
“insuspeitada alegria de con-viver”. Longe de suprimir
nossa alma, os outros nos “permitem desenvolver um
sentimento de identidade”, alguns até nos “devolvendo
uma imagem adequada de nós mesmos”.
CURSO OBJETIVO 5 FUVEST 1998

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