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26/06/2020 Midia Jur | O poder público no enfrentamento ao novo desafio, a falta de medicamentos

Cuiabá, Sexta-Feira 26 de Junho de 2020

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ARTIGOS / GUILHERME MALUF Tamanho do texto A- A+


24.06.2020 | 11h42

O poder público no enfrentamento ao novo


desafio, a falta de medicamentos
A maioria não consegue os medicamentes e quando consegue é por preços exorbitantes

GUILHERME MALUF
ARTIGOS
A cena que mais se vê ultimamente na Grande Cuiabá é a
fila nas farmácias. Uma busca alucinada por medicamentos
RODRIGO FURLANETTI
que supostamente tem sucesso no combate ao coronavírus.
Audiência Virtual A maioria não consegue os medicamentes e quando
O que para muitos, era consegue é por preços exorbitantes, cinco a dez vezes
um sonho distante, já
maiores que os de seis meses atrás. Um problema que afeta
está fazendo parte da
realidade do nosso tempo o cidadão comum e toda a rede hospitalar pública e privada.

VICTOR MAIZMAN As filas e o desabastecimento de medicamentes são reflexos


STF em foco da atuação insuficiente do poder público e do oportunismo

No sistema republicano, criminoso de alguns fornecedores. Em plena pandemia, hospitais aqui e em todo o país registram falta de
o Supremo Tribunal insumos básicos, alguns fundamentais, como os medicamentos utilizados por pacientes que estão nas UTIs. Os
Federal exerceu um estoques estão se esgotando e quando os medicamentos são encontrados, tem preços astronômicos, como é o
papel importante
caso dos anestésicos usados para sedação e dos bloqueadores neuromusculares para as intubações. Sem eles, a
ventilação mecânica não pode ser feita de forma adequada e o paciente corre maior risco de morrer.
GUILHERME MALUF
O poder público no Está claro que existem especuladores, empresários desonestos se valendo da pandemia para ganhar dinheiro.
enfrentamento ao
Em situações de emergência, infelizmente, há sempre os oportunistas de plantão. Contra estes, a legislação atual
novo desafio, a falta
de medicamentos é suficiente, desde que seja duramente aplicada.

A maioria não consegue os


medicamentes e quando consegue é Hoje já sabemos qual é a prioridade de medicamentos úteis no combate ao Covid-19. Precisamos abastecer a
por preços exorbitantes população internada e a que vem sendo tratada ambulatoriamente, mas com preços justos e sempre a partir do
acompanhamento médico. Os pacientes do SUS precisam dispor da mesma oferta de medicamentos existente na
VINÍCIUS SEGATTO E JOÃO rede privada, em todas as fases do tratamento. A assistência farmacêutica é uma garantia constitucional e um
VIEIRA
dos pilares do Sistema Único de Saúde e não pode ser relegada a um segundo plano.
A reafirmação do
dever de
Especuladores à parte, é certo que existe um desabastecimento real e precisamos de medidas urgentes para
fundamentação no
combatê-lo. Em virtude de alta demanda por medicamentos da terapia intensiva, a indústria não tem conseguido
processo penal
produzir com a necessária rapidez para atender as novas necessidades. Secretarias estaduais de Saúde
A necessidade de justificação é ainda
mais essencial quando se trata do informaram uma alta de mais de 700% na utilização desses medicamentos desde o início da pandemia. Hoje, a
processo criminal maioria deles é comprada diretamente pelos Estados e municípios ou pelos hospitais. Penso que a intervenção do
ministério da Saúde junto à Anvisa e aos fabricantes também poderia facilitar estas compras.

Pessoas estão adoecendo e morrendo em escala sem precedentes, agravada pela falta de medicamentos e não
podemos nos conformar com esta situação. Urge adotar também medidas que estimulem a produção destes
medicamentos essenciais, a começar pela redução de tributos para produção e importação. Os legisladores
podem dar uma contribuição importante neste aspecto. Se não tivermos indústrias suficientes, vamos usar as
farmácias de manipulação, que funcionam como pequenas indústrias.

É louvável a atitude de alguns prefeitos que estão ajudando a população com medicamentos, mas eles precisam
x de ajuda dos governos estadual e federal e não podem distribuir remédios sem receita médica. Também não
podemos permitir o surgimento de um mercado negro para os medicamentos do combate ao Covid. Por isso é
fundamental que todos fiscalizem e denunciem, do cidadão comum aos gestores públicos e as instituições. A
Ouvidoria do Tribunal de Contas também está à disposição para receber as denúncias sobre a falta de
medicamentos.

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26/06/2020 Midia Jur | O poder público no enfrentamento ao novo desafio, a falta de medicamentos

A partir desta semana o TCE passa a quantificar e acompanhar o abastecimento dos estoques de medicamentos
nas UTIs. Vamos entrar em contato com as 141 comissões de saúde dos municípios e os controladores internos e
externos, para que nos auxiliem nesta fiscalização. É importante também estreitar a comunicação entre os
hospitais públicos e privados para um amplo levantamento dos estoques disponíveis na Capital e no interior,
estudando as possibilidades de remanejamento emergencial entre as instituições.

O poder público é fundamental na orientação da população para que não faça estoque de medicamentos e não
use remédios sem receita. Mais uma vez chamo a atenção dos gestores para que usem a rede básica de saúde
para controle e estratégia desta logística. As equipes de atenção básica e o exército de agentes comunitários de
saúde e de combate à endemias podem ajudar nesta importante missão .

Se já era difícil conviver com a falta de UTIs, respiradores e EPIs, agora temos o novo desafio da falta de
medicamentos. Precisamos reagir e agora é ainda mais importante a união de todas as esferas do poder público,
setor privado e sociedade organizada para que, juntos, possamos superar esta pandemia. A questão maior, o que
realmente interessa, é a vida de cada cidadão.

GUILHERME MALUF é presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT).

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