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DIVERSIDADE LINGÜÍSTICA COM QUALIDADE: TESTAGEM LINGÜÍSTICA DE


INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS

MARIA CRISTINA PIRES PEREIRA


macripiper@gmail.com
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
CÁTIA DE AZEVEDO FRONZA
catiaaf@unisinos.br
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

RESUMO: No atual contexto de crescente aceitação da língua de sinais brasileira, Libras, e do


surgimento de legislação que sustenta práticas de acessibilidade à comunidade surda, a
necessidade de qualificar os serviços de interpretação interlingüística entre a Libras e a Língua
Portuguesa apresentam-se urgentes. Em razão disso, esta comunicação apresenta parte da
dissertação de mestrado “Proficiência Lingüística e Intérpretes de Libras: estudo sobre a admissão
a cursos de formação e ao exercício profissional autorizado“, na qual. são analisados testes
seletivos de bancas a cursos de formação e de admissão ao início da vida profissional de
interpretação de língua de sinais. Nossa meta é compreender como são executados os testes para
avaliar a proficiência lingüística de ouvintes, mais precisamente intérpretes de língua de sinais, e
se essa testagem é a mais adequada para avaliar as funções que este profissional desempenhará
em sua prática. Com esse objetivo, investigamos o Sign Communicative Proficiency Interview
(SCPI), testes aplicados no Rio Grande do Sul pela Federação Nacional de Educação e
Integração de Surdos (Feneis) e o Exame Nacional de Proficiência em Libras do MEC (Prolibras)
para refletir sobre quais as reais competências que deveriam ser testadas em intérpretes de língua
de sinais.
PALAVRAS-CHAVE: Língua de Sinais Brasileira – Libras. Tradução e Interpretação. Testagem
Lingüística. Intérprete de Língua de Sinais.

ABSTRACT: This paper presents part of the master degree thesis “Language Proficiency and
Libras Interpreters: a study about training courses admission and authorized professional life
beginning“. In the current context of increasing acceptance of Brazilian Sign Language, Libras, and
as legislation increases its bases that supports accessibility to the deaf community, the need to
characterize the services of interlingual interpreting between Libras and Brazilian Portuguese
Language are urgent. In this study, proficiency testing that gives access to training courses and
admission to the beginning of sign language professional life are analyzed. Our goal is to
understand how the tests are executed to evaluate hearing people linguistic proficiency,
specifically, sign language interpreters, and if this testing is adjusted to evaluate the day-by-day
tasks that this professional will perform. With this goal, we investigate Sign Communicative
Proficiency Interview (SCPI), tests applied in the State of Rio Grande do Sul (1997 and 2000) and
the National Proficiency Testing in Libras of the Education Ministery (MEC), called (Prolibras), to
reflect on which are the real abilities that would have to be assessed in sign language interpreters.
KEYWORDS: Brazilian Sign Language – Libras. Translation and Interpreting. Language testing.
Sign Language Interpreter.

O Decreto Federal 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamenta a Língua de Sinais


Brasileira, Libras. Porém, mesmo com o seu direito à diversidade lingüística reconhecido, os
falantes de Libras ainda não têm muitos instrumentos que verifiquem a qualidade na proficiência
lingüística de profissionais que est(ar)ão envolvidos com as pessoas surdas. Diante disto,
resolvemos investigar os testes (ditos como) de proficiência lingüística, aplicados a Intérpretes de
Língua de Sinais (ILS), para compreender melhor quais os objetivos, procedimentos e critérios
mais adequados a estes profissionais.
Analisamos situações de testagem lingüística que avaliam, implícita ou explicitamente, a
proficiência em Libras, e o momento de recorte da investigação é a admissão a cursos de
formação e a entrada autorizada à vida profissional.

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Atualmente, no Brasil, contamos somente com um exame de proficiência institucional, o


Prolibras do Ministério da Educação (MEC), recém lançado, em 2006. Os testes para a entrada
em cursos de formação ainda são feitos, no Rio Grande do Sul, de forma autônoma, sem
nenhuma padronização e vinculação com algum grupo de pesquisas ou instituição. Muitos desses
testes exigem, ainda, a demonstração de uma proficiência tradutória, sem antes avaliarem a
proficiência em Libras.
Nossos principais objetivos, com esta pesquisa, são: contribuir para uma qualificação da
seleção dos futuros intérpretes que atuarão, diretamente, com as pessoas surdas; promover
confiabilidade em testagem lingüística e, conseqüentemente, em acessibilidade de informação às
pessoas surdas, por meio de uma reflexão sobre as avaliações existentes.

1 A Proficiência Lingüística

Para desenvolvermos a análise dos exames de proficiência de Libras, seguimos o


caminho que começa em uma apresentação sobre as línguas de sinais e suas especificidades,
logo após, uma descrição da tarefa dos intérpretes de língua de sinais e, concluindo, uma
sistematização sobre a testagem lingüística, a proficiência e sua diferenciação da fluência. Nesta
comunicação, por limitações de espaço, vamos nos concentrar em uma visão geral sobre a
proficiência lingüística.
Um dos modelos de proficiência lingüística mais difundidos é o de Canale e Swain (1980),
baseado no conceito de competência comunicativa (HYMES, 1972), mais tarde, aperfeiçoado por
Canale (1983), que possui as seguintes competências subjacentes:
• Competência Gramatical: o conhecimento das regras de uma língua e a habilidade de
utilizá-las.
• Competência Sociolingüística: é a produção e a compreensão das expressões nos
seus mais diversos contextos, levando em conta a situação dos participantes, as
intenções, as normas de intercâmbio lingüístico daquela comunidade, etc.
• Competência Discursiva: trata, especificamente, dos gêneros textuais que são
correntes em um grupo social e a habilidade de manipulá-los para combinar as
formas gramaticais e seus sentidos.
• Competência Estratégica: é a habilidade de, intencionalmente, modificar a forma da
linguagem que estamos utilizando para: suprir deficiências na comunicação devidas a
limitações da comunicação ou aumentar a eficácia da comunicação.
Se, a partir de Hymes (1972), a competência lingüística passa a ter um valor mais do que
gramatical, com os estudos da enunciação e da semiolingüística surge a importância dos sujeitos
localizados no ato de linguagem. Charaudeau (1984, 1992, 2001), um dos principais teóricos desta
linha, também vem desenvolvendo um modelo de competências para a linguagem que leva em
consideração os sujeitos envolvidos no momento da enunciação e institui outra complexa
subdivisão das competências. Nesta perspectiva, as competências situacional, semântica e
semiolingüística, sintetizadas a seguir, seriam a base para uma avaliação de proficiência.

1.1 Competência Situacional

É a competência em colocar-se no jogo de expectativas, na aposta (enjeu), de que o ato


de linguagem vai ser bem sucedido e de que o parceiro conversacional vai nos entender e atender
nosso propósito. É, também, ter a habilidade de adaptar-se, lingüisticamente, em função da
identidade dos parceiros, dos objetivos e do tópico em questão, e das condições de tempo, lugar
ou modo associadas ao ato de linguagem.

1.2 Competência Discursiva

É saber lidar com a imagem que os sujeitos da comunicação desejam projetar para os
parceiros e com a imagem que eles constroem uns dos outros; saber nomear e qualificar os entes
do mundo; saber descrever as ações dos atuantes de uma história; saber utilizar a seu favor a
argumentação para provar o seu ponto de vista e convencer; reconhecer e utilizar os saberes em
comum que são compartilhados em um ato de linguagem, seja o conhecimento enciclopédico ou
as crenças que circulam em um determinado grupo social.

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1.3 Competência semiolingüística

Habilidade de modelar o nosso discurso, utilizando-se das mais diversas formas do signo.
Esta competência compreende desde o emprego das formas gramaticais, ao uso adequado do
léxico, até a estruturação do texto.
É possível captar, de toda a evolução do conceito de proficiência lingüística, que houve
ênfases em aspectos diferenciados das competências para a linguagem. Primeiramente, com
Chomsky (1965), o foco foi a estrutura interna da gramática; em seguida, com Hymes (1972),
Canale e Swain (1980) e Canale (1983), abre-se a possibilidade de considerar o uso e a situação
contextual e, por fim, com Chareaudeau (1984, 1992, 2001) o sujeito da linguagem, antes não
cogitado, é considerado no modelo.
Podemos assumir que a proficiência lingüística abrange um conjunto de competências que
representam os aspectos motores e temporais da fluência, o conhecimento metalingüístico e
gramatical e o uso apropriado desse conhecimento, com outros falantes, em contexto
sociocultural.
Considerando que os ILS lidam, prioritariamente, como intermediadores entre sujeitos
surdos e ouvintes, e essa intermediação pressupõe interação, ou seja, uso e contexto, as
testagens lingüísticas seriam mais bem sucedidas com uma abordagem que considerasse, além
de aspectos gramaticais, a linguagem que utilizamos na negociação dinâmica e interativa de
significados pretendidos entre duas ou mais pessoas em situações reais.

2 Os Exames de Proficiência Lingüística

Nesta investigação, primeiramente, quatro exames de proficiência lingüística em língua de


sinais foram analisados e foram escolhidos por serem utilizados por instituições reconhecidas por
sua seriedade e experiência: os testes de admissão a cursos de língua de sinais validados pela
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), regional do Rio Grande do
Sul, dos anos 1997 e 2006; o Prolibras (2006) e o Sign Communicative Proficiency Interview
(SCPI), aplicado nos Estados Unidos. Cada teste será analisado e os resultados serão,
posteriormente, comparados. A meta é descrever os testes e traçar paralelos de similitudes e
diferenças, refletindo sobre sua coerência quanto a seus objetivos. A segunda etapa se
caracteriza pela busca do que representa a proficiência lingüística para os potenciais avaliadores
de intérpretes de língua de sinais, ou seja, quais os critérios, até hoje não explicitados, que guiam
a seleção das pessoas consideradas capacitadas para exercerem a interpretação em um nível
considerado adequado a um intérprete. Dentre esses avaliadores, destacamos a presença das
pessoas surdas que não só dão o seu aval a quem consideram aptos a começar a sua formação
como ILS, mas também podem ser usuárias dos serviços de interpretação. Para definirmos que
esperamos dos ILS, em termos de proficiência lingüística em Libras, temos que compreender,
afinal, o que é levado em conta em sua avaliação.

3 Testes de 1997 e 2000 no Rio Grande do Sul

Escolhemos os testes aplicados no Rio Grande do Sul por ser este Estado um pioneiro na
formação mais planejada e sistemática de intérpretes de língua de sinais no Brasil. O primeiro
objetivo era analisar dois testes, o de 1997 e o de 2000, mas encontramos vários obstáculos: o
principal deles foi a falta de documentação e registro. Do teste de 1997 conseguimos, somente, a
fita VHS da prova e nenhum registro filmado ou escrito, além desse. Do teste de 2000, nada foi
localizado, nem as fitas VHS ou, tampouco, algum material escrito. Tivemos que nos contentar
com os dados existentes e, no caso do teste de 2000, procuramos um dos
entrevistadores/avaliadores para uma entrevista.
Em 1997, as fitas de vídeo da entrevista de seleção para o curso de preparação de
intérpretes de língua de sinais mostram que dois ouvintes, um ILS experiente, formador de ILS, e
uma ILS lingüista, filha de surdos, fizeram a primeira entrevista, a partir da segunda entrevista, os
dois surdos, um homem e uma mulher, instrutores de língua de sinais, assumiram a função de
entrevistadores e continuaram assim até o fim das filmagens. O conteúdo das filmagens parece
apontar para uma abordagem conversacional das habilidades lingüísticas dos candidatos. Na
seqüência das entrevistas, que parecem ter um foco semi-estruturado, existem algumas perguntas

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que se repetem para todos os candidatos, tais como: “Por que queres ser ILS?; Já interpretastes
em algum lugar e qual?; Qual teu contato com os surdos e como aprendeu a língua de sinais?”.
Estas perguntas sugerem uma grande preocupação da comunidade surda com o engajamento
social dos intérpretes de língua de sinais.
Quanto ao teste de 2000, entramos em contato com um dos participantes da banca que
nos concedeu uma entrevista, pois não foi localizado nenhum registro escrito sobre como esse
1
processo foi planejado e executado. Seu depoimento serviu de base no exame dos objetivos,
procedimentos e critérios desse teste. As perguntas tiveram que ser feitas por correio eletrônico, já
que a pessoa está, atualmente, morando fora do Rio Grande do Sul, e nossos horários de trabalho
impossibilitaram uma conversa telefônica.
Apresentamos, então, os questionamentos e as respostas obtidas.
“PERGUNTA: Qual o objetivo dos testes: avaliar proficiência em língua de sinais ou
proficiência tradutória (interpretativa)? Os avaliadores estavam conscientes desta diferença na
época? Os objetivos estavam claros para todos?
RESPOSTA: Os dois! Porém, a proficiência em língua de sinais não era mais importante
do que a tradutória...na verdade, dava-se mais importância na capacidade do candidato em
perceber (have the gap to) o sentido e passar para a melhor interpretação. Muitas vezes, você não
precisa ter/saber todos os sinais...mas sim a capacidade de interpretar o sentido daquela situação.
Não acredito que nós avaliadores tínhamos ciência da diferença entre ambas...não na
profundidade de hoje...talvez tínhamos uma noção geral...mas não clara, profunda, própria do que
era um e outro. E por isso, os objetivos não estavam claros para ninguém!
PERGUNTA: O teste consistia em uma entrevista, uma interpretação da língua de sinais
para língua oral e de outra da língua oral (texto lido) para a língua de sinais. Como chegaram a
este modelo?
RESPOSTA: Eu não sei precisar por que chegamos a este modelo, forma...Vi alguns
2 3
testes do RID (ainda anos 80 nos EUA), li sobre isto e discutia com a Ronice ...mas não me
lembro claramente como chegamos a este modelo. PORÉM, algo tinha que ser feito .A Feneis
aceitou este modelo, então.
PERGUNTA: Como eram avaliados os candidatos? Quais os critérios utilizados? Era
considerado apto o candidato que preenchesse quais condições?
RESPOSTA: MUITO COMPLICADO...mas estava claro para a equipe/banca toda: as
expressões faciais eram importantes, o jogo do corpo, os sinais em si...enfim, a média dos itens
acima teria que sair uma interpretação (pelo mínimo), razoável. O suficiente para o padrão mais
simples possível....já que alguns não eram da capital...vinham do interior e haviam sinais
diferentes dos nossos. Respeitávamos isso.”
Diante do pioneirismo, os elaboradores do teste tiveram uma forte influência de um exame
de proficiência tradutória aplicado nos Estados Unidos. O RID tem seu próprio exame, mas é uma
certificação profissional que inclui um teste de proficiência tradutória e outras provas sobre ética e
assuntos correlatos à interpretação de língua de sinais. O depoimento apenas reflete o esforço em
começar uma seleção mais consistente de ILS, porém sem contar com pesquisas anteriores que
pudessem dar um suporte à construção do teste. Não faz parte de nossos objetivos a crítica sem
propósitos, mas sim mapear a evolução dos testes de seleção de ILS.
Ainda precisa ser feita uma análise mais aprofundada do material filmado, a fim de
apreciar de uma maneira mais minuciosa como as interações se processaram, mas, a partir dos
dados coletados até aqui, podemos presumir que, além de uma abordagem conversacional, um
dos critérios que obteve grande valoração foi como o candidato estabelecia interação com uma
pessoa surda e sua postura diante da comunidade surda.

4 Prolibras

Foi lançado em setembro de 2006, o edital do exame Nacional de Certificação de


Proficiência em Língua Brasileira de Sinais - Libras e Exame Nacional de Certificação de

1
Informação por correio eletrônico, texto autorizado.
2
Register for the Interpreters of the Deaf, entidade dos Estados Unidos encarregada de fazer o registro profissional dos
intérpretes de língua de sinais daquele país.
3
Referência à Profa. Dra. Ronice Müller de Quadros, lingüista, ILS e filha de pais surdos, que foi uma das precursoras nos
estudos da área da língua de sinais no Estado do Rio Grande do Sul.

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Proficiência em Tradução e Interpretação da Libras/Língua Portuguesa - Prolibras. Ambos foram


realizados em duas fases: uma prova objetiva e uma prova prática.
O exame de proficiência em Libras do MEC é uma iniciativa há muito tempo necessária
que vem, em um momento oportuno, desencadear um cuidado maior na qualidade dos intérpretes
de língua de sinais que estão atuando no Brasil, principalmente nas instituições educacionais.
Vamos focalizar o exame de proficiência em Libras, embora a prova para ILS existisse, era
denominada de proficiência em tradução e interpretação, que ultrapassa nosso recorte de
pesquisa atual.
O Prolibras é voltado para usuários da Libras, surdos ou ouvintes, com escolaridade de
nível médio ou superior. Os Exames do Prolibras foram realizados em duas etapas. A primeira
etapa, prova objetiva com duração mínima de uma hora e máxima de duas horas: 10 (dez)
questões objetivas sobre Compreensão de Libras formuladas em Libras e envolveu
conhecimentos acerca da Libras, legislação específica da Libras; as questões objetivas continham
4 alternativas (de “a” a “d”), das quais apenas 1 (uma) alternativa era correta. A segunda etapa do
Prolibras foi uma prova prática individual, sobre um ponto (tema) designado de acordo com a
ordem de classificação de cada participante. A prova prática consistiu de uma aula expositiva em
Libras, valendo dez pontos, assim distribuídos:
a. Fluência: nota máxima 4;
b. Plano de aula: nota máxima 1;
c. Contextualização dos temas: nota máxima 2;
d. Utilização adequada do tempo de aula (15 minutos): nota máxima 1;
e. Domínio do conteúdo: nota máxima 2 (PROLIBRAS, 2006).
O exame de proficiência em Libras, segundo o Edital, avalia dois aspectos, a seguir: “a
competência lingüística (fluência em Libras) e a competência metodológica para o ensino da
Libras (PROLIBRAS, 2006).”
O aspecto marcante do Prolibras é sua evidente característica de uma certificação
profissional, e não um teste de proficiência, embora contenha (ou alegue conter) uma avaliação de
proficiência lingüística em Libras. A prova prática, uma aula expositiva, demonstra que, para os
elaboradores, se deve ter um fim profissional para a Libras, pois testar a proficiência da língua em
si e por si não foi contemplado. A visão de que a Libras deve “servir para algum propósito prático”,
para o ensino ou para a interpretação, aparece, mesmo que a intenção inicial e consciente dos
organizadores não seja essa. Uma hipótese é de que os elaboradores do exame tenham feito um
equívoco terminológico ao nomear o teste como “de proficiência em Libras”, e o objetivo fosse,
realmente, ser uma certificação profissional que contivesse, entre suas tarefas, uma avaliação de
proficiência lingüística. Contudo, uma aula expositiva, sem público, não parece ser o procedimento
mais adequado para esta verificação pois, como vimos, os estudos recentes sobre proficiência
apontam, cada vez mais, para o aspecto essencialmente interacional da linguagem.
3.12.2 - Os certificados obtidos por meio do Prolibras poderão ser aceitos por Instituições
de Ensino Superior- IES e Instituições de Educação Básica como documentos que comprovam a
competência no uso e no ensino da Libras ou na tradução e interpretação dessa língua,
conforme determina o Decreto 5626/05 (PROLIBRAS, 2006).[grifo nosso]
No entanto, a “competência para o uso”, certificada pelo Prolibras, não pode ser
adequadamente sustentada pelos procedimentos adotados na testagem e deveria ser revista por
seus elaboradores. Apesar disto, é inegável a contribuição que o Prolibras deu, em nosso país,
para a qualificação da testagem lingüística em Libras. Assim como outros testes de proficiência,
ainda temos muitos anos pela frente para aperfeiçoá-lo, sem cair na idéia equivocada de que
estará, algum dia, perfeito.

5 Sign Communication Proficiency Interview (SCPI)

O Sign Communication Proficiency Interview (SCPI), ou entrevista de proficiência em


comunicação sinalizada, é um teste de proficiência desenvolvido nos Estados Unidos, na década
de oitenta, que tem como referencial um teste de língua oral, o Language/Oral Proficiency
Interview (L/OPI). Alguns grupos de pesquisa se empenharam em sua adaptação à língua de
sinais americana (ASL), principalmente os grupos da Universidade de Gallaudet, do College of
Staten Island e do National Technical Institute for the Deaf (NTID). Os autores, membros do NTID,
resumem, a seguir, como o teste foi desenvolvido:
1. um estudo cuidadoso da bibliografia da L/OPI,

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2. discussões com os profissionais que trabalhavam com a L/OPI,


3. participação em oficinas preparatórias para a L/OPI,
4. participação em um encontro estimulante e informativo com nossos colegas no
Educational Testing Services - ETS, em 1983, para discutirmos a aplicação das
técnicas da L/OPI a um teste de língua de sinais, e
5. desde 1982, mais de 60 oficinas de preparação e treino para o SCPI nos Estados
4
Unidos (e Nova Escócia) (Caccamise; Newel, 2005).
Esta análise está concentrada no SCPI do grupo de pesquisas do NTID, liderado pelo Dr.
Frank Caccamise e pelo Dr. William Newel. Vale ressaltar que é o teste mais conhecido, divulgado
e utilizado para avaliações de proficiência em língua de sinais de ouvintes nos Estados Unidos.
O objetivo desse teste é tratar as habilidades lingüísticas, em língua de sinais, por meio de
uma abordagem conversacional. O SCPI avalia a capacidade de utilizar a língua de sinais para as
necessidades comunicativas específicas que o candidato precisa, sejam elas para o trabalho
(professores e intérpretes) ou para nivelação (língua de sinais em contexto escolar).
O SCPI é caracterizado, basicamente, do seguinte modo (NEWEL, 1983; CACCAMISE;
NEWEL, 1995, 1999a, 1999b):
a. O teste consiste em uma conversa face-a-face entre um entrevistador e um
candidato.
b. Toda a interação é filmada para a posterior avaliação por dois ou três avaliadores,
dependendo da instituição contratante, de suas disponibilidades financeiras e de
tempo. Os nomes dos avaliadores são confidenciais, ou seja, o candidato não sabe
por quem será avaliado.
c. Existem oficinas para a formação dos avaliadores e entrevistadores, e esses devem
passar por uma reciclagem a cada dois ou três anos para manterem atualizadas suas
habilidades como entrevistadores e avaliadores.
d. Os critérios utilizados no SCPI são baseados em itens necessários para o uso da
sinalização na vida cotidiana, especialmente para a conversação. O candidato é
avaliado em como usa a língua para, por exemplo: perguntar e responder questões;
nomear objetos e coisas; descrever pessoas, lugares e coisas; fazer uma narrativa;
hipotetizar, elencar possibilidades; argumentar; utilizar recursos conversacionais,
adaptados à língua de sinais: tomar o turno, dar o feedback usando sinais não-
manuais, estratégias para chamar a atenção e manter contato visual; saber como se
dirigir à pessoa que está falando, ou seja, suas habilidades pragmáticas e
conhecimento sociolingüístico; formar corretamente os sinais em sua configuração de
mão, locação no corpo, movimento e orientação; realizar o alfabeto manual
5
(datilológico) de uma forma adequada e em uma posição apropriada; sinalizar em
ritmo e velocidade considerados normais e com pausas aceitáveis, ou seja, com
fluência; utilizar apropriadamente os recursos de uma gramática espacial, ordem e
simultaneidade dos sinais considerando tópicos, verbos e ações, agentes e sujeitos,
tempo, uso do espaço, classificadores e sinais não manuais (expressões faciais,
movimentação do tronco, etc.) e verificar a que velocidade e ritmo o candidato
consegue compreender ou não uma sinalização fluente.
e. O SCPI possui, ainda, uma entrevista pós-teste em que os candidatos, após o exame,
voltam ao local da prova e têm um retorno sobre seus pontos fracos e seus pontos
fortes na língua de sinais e um aconselhamento sobre como melhorar as suas
habilidades lingüísticas.
O SCPI, por ser utilizado há mais de duas décadas nos Estados Unidos, poderia nos dar
um embasamento para a elaboração não de um, mas de vários testes adaptados aos tipos de
interações que serão exigidas dos diversos profissionais que trabalham com a população surda:
intérpretes de língua de sinais, professores ouvintes de surdos, profissionais de área técnicas
(fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais), monitores de alunos surdos em classes
inclusivas, etc. Além disto, podemos pensar em uma adaptação do SCPI à realidade brasileira,
assim como ele foi uma adaptação de um teste de língua oral. Como podemos ver, o SCPI tem a
vantagem de ter sido elaborado, aplicado e revisado regularmente por várias equipes de
pesquisadores e pode ser considerado uma referência qualificada para a elaboração de testes de
proficiência lingüística de língua de sinais para ouvintes no Brasil.

4
Todas as citações desta seção, sobre o SCPI, são traduções livres de Mª Cristina P. Pereira.
5
Alfabeto manual ou alfabeto datilológico: configurações de mão que representam as letras do alfabeto da língua oral,
neste caso, da língua portuguesa.

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O seguinte quadro comparativo é um resumo dos itens que constam em todos os testes
analisados mas, por limitações de tempo, alguns aspectos ainda não foram suficientemente
pesquisados.

Tabela 1 Quadro comparativo de testes de proficiência de língua de sinais

RS RS Prolibras SCPI
TESTES
(1997) (2000) (desde 2006) (década de 80)

2 entrevistadores
2 entrevistadores, surdos, 1
ENTREVISTADORES surdos, instrutores filmador/leitor Não há. Um.
de Libras ouvinte e intérprete
experiente.
TREINAMENTO PARA
Informação não Sim. E oficinas de
OS
Não houve. Não houve. disponibilizada, dita reciclagem a cada
ENTREVISTADORES e
sigilosa. dois.
AVALIADORES
Surdos e ouvintes, Surdos e ouvintes, Uma dupla. Havendo
AVALIADORES em número em número discrepância nas De dois a três.
indeterminado. indeterminado. notas, outra dupla

Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação imediata e


PROCEDIMENTOS
postergada postergada postergada postergada

CRITÉRIOS Não explicitados. Não explicitados. Explicitados. Explicitados.

MEDIDAS DE Explicitados e
Não explicitados. Não explicitados. Não explicitados.
AVALIAÇÃO descritos.
1 Entrevista e 2
AMOSTRA PARA Simulação de aula
Entrevista filmada. interpretações Entrevista filmada.
AVALIAÇÃO expositiva filmada.
(LS<=>LO) filmadas.
PÓS-TESTE Não houve. Não houve. Não há. Sempre há.

Os dois primeiros testes, realizados no Rio Grande do Sul, apresentam,


surpreendentemente, alguns aspectos que poderíamos considerar avançados, aproximando-o do
SCPI, tais como uma abordagem conversacional na forma de entrevistas filmadas, contando com
dois entrevistadores. Ainda nos testes do RS, notamos grande similitude entre eles, apenas
diferindo na inserção de um entrevistador ILS em 2000 e de duas interpretações, sendo uma da
Língua de sinais para a língua oral e outra na direção reversa, neste mesmo ano. Os dois testes
institucionalizados, o Prolibras e o SCPI, no entanto, possuem grandes diferenças em suas
abordagens. Enquanto no Prolibras existem diversos pontos ainda não explicitados, o treinamento
para entrevistadores e avaliadores, por exemplo, no SCPI todos os procedimentos e
embasamento teórico é disponibilizado amplamente, tanto no site como para que quer que solicite
material aos elaboradores do exame estadunidense de proficiência em língua de sinais.
Obviamente, conta o pouco tempo de existência do Prolibras em suas falhas, mas não podemos
deixar que isto seja a justificativa para não procurarmos uma constante qualificação e revisão do
teste.

6 A proficiência lingüística vista pelos potenciais avaliadores

O próximo passo, em nossa pesquisa, foi baseado no experimento descrito no artigo


Fluency in American Sign Language, de Linda Lupton (1998), em que pessoas surdas, que
utilizam a língua de sinais como sua língua principal, foram filmadas narrando um acontecimento e

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sua sinalização foi apresentada para ser avaliada por um grupo de surdos profundos a fim de que
estes julgassem o grau de “fluência” dos primeiros.
Em nosso estudo, o objetivo está na proficiência em seu mais amplo aspecto, e não só na
fluência (ritmo, pausas e velocidade) em língua de sinais. Os sujeitos filmados foram candidatos,
recém aprovados, para um curso de interpretação de língua de sinais, em narrações de situações
de risco e perigo vividas, em interação conversacional, em duplas. Posteriormente, a filmagem foi
mostrada a surdos e ouvintes, usualmente habilitados a compor bancas de seleção para cursos de
interpretação de língua de sinais. Não foram dadas notas pelo desempenho dos candidatos, mas
sim um parecer, sinalizado ou escrito, sobre os elementos que, na sinalização desses ILS,
demonstravam se eles estavam prontos, ou não, para iniciar a sua formação.
Intérpretes de língua de sinais, ouvintes, adultos, que estejam em processo de admissão
ou cursando a formação específica para tradução/interpretação de língua de sinais, foram os
participantes filmados neste experimento.
Para a análise das filmagens, obtivemos a colaboração de potenciais avaliadores de
bancas de seleção a cursos de interpretação de língua de sinais, ou seja, intérpretes experientes e
pessoas surdas instrutoras ou professoras de Libras.
Na primeira análise, os seguintes resultados merecem destaque como aspectos negativos
recorrentes que diminuem a proficiência de um sinalizador, segundo a opinião dos potenciais
avaliadores:
• Execução de parâmetros da Libras ou, até mesmo, o sinal completo repetidas vezes
(repetição demasiada).
• Falta de expressão facial.
• Pouca utilização de classificadores.
• Configuração de mão pouco nítida e frouxa.
• Utilização da estrutura do Português (aproximação do português sinalizado).
• Falta de referenciação ou não se mantêm os referentes.
• Por outro lado, foram apontados como aspectos positivos na sinalização, seja,
caracterizando uma pessoa proficiente em língua de sinais, os seguintes itens:
• Fluência na sinalização.
• Entonação expressa por meio da expressão facial.
• Sinalização clara, com atenção aos parâmetros bem executados.
• Utilização de classificadores.
• Expressão facial condizente com a narrativa.
Existem, ainda, mais dados a serem analisados sobre os depoimentos dos potenciais
avaliadores. Esses dados serão sistematizados no decorrer da pesquisa, podendo ser a base de
possíveis critérios para um futuro teste de proficiência lingüística.

7 Considerações finais sobre a Testagem Lingüística de Libras

Ainda temos um longo percurso para nos qualificarmos em testagem lingüística de língua
de sinais. Começamos a trilhar um caminho de qualificação com o lançamento do Prolibras, pois o
apoio de um órgão como o Ministério da Educação, e dos grupos de pesquisa a ele vinculados, é
essencial para uma constante reavaliação do teste. Já não estamos mais nos tempos dos
primeiros testes feitos no Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, ainda estamos longe de uma
qualidade, organização e base teórica consistente demonstradas no SCPI. A direção que
apontamos é um investimento maior em pesquisas para dar base metodológica coerente com o
aporte teórico da testagem e manter um grupo permanente de investigação para a revisão e
depuração do Prolibras. As possibilidades que o Prolibras poderia ter são muitos, dentre os quais:
• ser adaptado e desdobrado para as diversas necessidades dos profissionais e
estudantes da área da surdez e da língua de sinais: professores, intérpretes,
acadêmicos de cursos de extensão de Libras, etc.;
• uma aplicação mais freqüente do que apenas uma vez ao ano, pois isso evitaria o
grande volume de fitas de vídeo a analisar de uma só vez: com três ou quatro edições
anuais, as avaliações poderiam ser muito mais meticulosas;
• com uma freqüência maior de aplicação dos exames, seria possível pensar na
implantação do aconselhamento pós-teste para os candidatos que assim declarassem
na inscrição;

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• promover não só as categorias ‘aprovado’ e não-aprovado’, mas sim níveis de


proficiência em Libras para que os candidatos fossem incentivados a empreender um
investimento cada vez maior em seu aprendizado da língua para alçarem níveis mais
altos;
• pensar nas vantagens de adotar uma abordagem conversacional e fazer a devida
distinção entre a certificação profissional e os testes de proficiência em Libras.
O estudo sobre a testagem lingüística de língua de sinais não termina aqui; ao contrário,
pretendemos que esta investigação seja apenas um trabalho de colaboração entre as várias
possibilidades que ainda estão carentes de embasamento teórico e metodológico.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos, de modo especial, ao Prof. Dr. Frank Caccamise, pela gentil e desprendida
atitude de compartilhar o material original do SCPI conosco.

REFERÊNCIAS

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de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098,
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